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Tema: A Bíblia – A Palavra de Deus.


Texto: Sl 119.89.

Informações gerais sobre a Bíblia


A essência da fé cristã repousa solidamente nas Sagradas Escrituras, o conjunto de textos
que compõem o Velho e o Novo Testamentos, conhecido como a Bíblia, considerada a Palavra
de Deus. Em nossos Símbolos de Fé, a Igreja Presbiteriana reafirma que seus princípios
fundamentais têm como base as Sagradas Escrituras, reconhecendo-as como a divina revelação
transmitida por homens piedosos, inspirados pelo Espírito Santo. Estes escritos, abrangendo tudo
o que é essencial para a salvação, são proclamados como a única e suficiente regra de fé e prática
para os cristãos.
A Bíblia é designada como a Palavra de Deus, pois nela encontramos o registro das
comunicações divinas aos homens piedosos ao longo da história. Ler a Bíblia é, portanto,
considerado um ato de ouvir a voz de Deus. A Igreja Presbiteriana, desde seus primórdios, tem
mantido e difundido a doutrina que confirma a Bíblia como a Palavra de Deus. Embora sua
linguagem seja humana, seus ensinamentos são tidos como divinos. Assim como a pessoa de
Jesus Cristo, a Bíblia é compreendida como uma obra divino-humana, um mistério que
transcende a razão, sendo aceito pela fé.
A variedade de estilos literários presentes na Bíblia destaca sua riqueza e complexidade.
Ela abarca diferentes gêneros, preservando as características individuais de cada escritor. Os
autores bíblicos foram designados como servos de Deus, escolhidos especialmente por Ele para a
nobre tarefa de registrar Sua revelação. Dessa forma, a Bíblia não apenas revela verdades
divinas, mas também reflete a diversidade e autenticidade dos indivíduos escolhidos por Deus
para transmitir Sua mensagem ao mundo.

A Palavra de Deus

A Bíblia, fruto da inspiração do Espírito Santo (II Pe 1.21), continua a operar sob a
influência constante desse mesmo Espírito.
Ela representa um dos instrumentos empregados pelo Espírito Santo para a conversão dos
pecadores, abrangendo a extensão da Igreja, e para alimentar e edificar os santos, conforme
destacado em Lucas 24.45-47 e II Timóteo 3.14-17.
Ao longo da história, Deus escolheu a Bíblia como meio para a revelação de:
1) Seus feitos poderosos (Gênesis 1.1-31).
2) Sua autorrevelação (Êxodo 3.14-15).
3) A comunicação de Sua vontade aos seres humanos (Êxodo 20.1-21).

O Cânon

A palavra Cânon é da língua grega e significa regra – medida – vara de medir. O termo,
quando usado em relação às Escrituras Sagradas, quer dizer: não a regra, não a medida, mas o
que está de acordo com a medida, o que está de acordo com a regra. “E a todos quantos andarem
conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus” (Cânon, Gl 6.16).
No transcorrer do quarto século da era cristã, o termo "cânon" começou a ser atribuído às
Sagradas Escrituras, caracterizando-as como uma norma de conduta reconhecida a ser seguida
pelos cristãos. Nesse período, a igreja cristã, guiada pelo Espírito Santo, reconheceu a natureza
sagrada de cada livro que compõe a Bíblia, sendo direcionada divinamente no processo de
incorporação desses escritos ao cânon. É crucial enfatizar que não foi a igreja que arbitrou quais
livros seriam considerados canônicos; ao contrário, a igreja simplesmente reconheceu a
autoridade intrínseca dos textos que eram inspirados pelo Espírito Santo.

Estudo bíblico ministrado na Segunda Igreja Presbiteriana de Samambaia, DF – 21/01/2024 – Soli Deo Gloria
A autenticidade e inspiração divina de cada livro da Bíblia foram discernidas pela igreja,
que se submeteu às ordens do Espírito Santo nesse processo crucial. A inclusão de um livro no
cânon não foi uma decisão arbitrária da igreja, mas sim uma resposta sensível à orientação divina
que revelou a santidade e relevância desses escritos para a fé cristã. Portanto, a formação do
cânon não foi uma imposição humana, mas sim uma resposta da comunidade cristã à voz divina
que ecoou através das Escrituras, reconhecendo nelas uma guia confiável e inspirada para a vida
e a conduta cristãs.

No decorrer da análise relacionada à inspiração divina e à autenticidade histórica, diferentes


componentes emergiram, esboçando o alicerce robusto sobre o qual repousa a confiabilidade das
Sagradas Escrituras:a) A intervenção do Espírito Santo, cuja atuação desempenhou um papel
crucial na produção das Escrituras, conforme delineado nas passagens de II Pedro 1.16-21. Esta
ação divina, manifestada através da inspiração, tornou-se a força propulsora que deu origem e
sustentou a autenticidade dos textos sagrados.
b) A narrativa oral desempenhou um papel significativo, destacando-se através dos
relatos daqueles que testemunharam os eventos e suas implicações na vida da comunidade
religiosa. A transmissão oral, conforme prescrita em Deuteronômio 6.6-9, foi uma prática vital
que permitiu a preservação e a comunicação eficaz dos acontecimentos sagrados de uma geração
para outra, consolidando assim a base da tradição religiosa.
c) O processo de coleta e preservação dos livros sagrados iniciou-se precocemente, como
evidenciado em diversas passagens bíblicas. Indícios encontram-se em Deuteronômio 31.9-13,
24 e 26; Josué 24.26; 1 Samuel 10.25; 1 Crônicas 29.29-30; Salmo 72.20, e em Daniel 9.2, onde
se menciona o entendimento obtido por meio da leitura dos livros. Este meticuloso
colecionamento de textos contribuiu para a formação do cânon, fortalecendo a autenticidade e a
integridade dos escritos ao longo do tempo.

Versões da Bíblia em português

Por ordem e com o suporte financeiro de Dona Leonor, esposa de D. João II, de Portugal,
foram publicados, em 1505, os atos dos apóstolos, e as Escrituras universais de Tiago, Pedro,
João e Judas, traduzidas do latim por Frei Bernardo de Brinega.
No século 17, João Ferreira de Almeida traduziu para o português quase toda a Bíblia. O
VT até o capítulo 48 de Ezequiel e todo o NT. Entre os anos de 1778 e 1790 apareceu a tradução
de toda a Bíblia, feita por Antônio Pereira de Figueiredo, a partir da Vulgata Latina. As versões
de Almeida e de Figueiredo colocaram a luz das Escrituras à disposição dos brasileiros.
Posteriormente, a tradução de Almeida foi atualizada para o português corrente. As
versões mais conhecidas são Almeida Revista e Corrigida e Almeida Revista e Atualizada. Além
dessas versões, foram editadas: Revisada de Almeida (1967), a Almeida Século 21 (2008) e a
Nova Almeida Atualizada (2017).
Outras traduções da Bíblia: Tradução Brasileira (1917), Nova Tradução na Linguagem de
Hoje (2000), a Nova Versão Internacional (2001) e a Nova Versão Transformadora (2017).

Três palavras importantes

Há três vocábulos que nos ajudam a compreender alguns aspectos relacionados como o
registro e o ensino da Bíblia como Palavra de Deus. São os seguintes:

a. Revelação

É o ato pelo qual Deus se deu a conhecer ao homem. Se Deus não houvesse tomado a
iniciativa de revelar-se ao homem, ele, por si mesmo, jamais chegaria a conhecê-Lo. “Os vossos
pecados fazem separação entre vós e Deus” (Is 59.2). “O salário do pecado é a morte” (Rm
2
6.23). Não seria possível ao ser humano, expulso do Éden em virtude do pecado e, por isso,
espiritualmente morto, conseguir, por si mesmo, conhecer seu Criador. No sentido mais comum,
a palavra revelação significa descobrir, desvendar, tirar o véu. No sentido bíblico, refere-se ao
ato pelo qual Deus manifestou a sua pessoa e o seu plano salvador à criatura.
As formas e manifestações da revelação foram múltiplas e variadas, mas foi em Cristo
que elas alcançaram sua expressão suprema (Hb 1.1 e 2). Deus revelou-se por meio de visões,
sonhos, anjos e outras manifestações especiais, revela-se também por meio da consciência, da
natureza e da história.

b. Inspiração

É o ato pelo qual Deus, mediante o Espírito Santo, influenciou e guiou os escritores
sagrados para que registrassem fielmente os atos e as palavras de seu plano de salvação (II Tm 3.
16 e 17) e (II Pe 1.21).
A Bíblia é inspirada num sentido único e divino, e não no sentido literário e poético.
Convém notar, também, que nem tudo o que foi inspirado é Palavra de Deus mesmo.
Encontramos na Bíblia palavras de anjos, de homens bons e maus e até palavras do diabo. Todo
o registro, porém, foi feito por inspiração de Deus e para o nosso ensino e proveito espiritual
(Rm 15.4).

c. Iluminação

Por meio da iluminação, Deus, pela ação do Espírito Santo, esclarece os leitores da
Bíblia, capacitando-os a compreender a verdade salvadora revelada. Sem a revelação, o pecador
jamais chegaria a conhecer Deus. Sem a iluminação, jamais chegaria a conhecer a verdade
revelada (I Co 2.14) e (I Co 1.18).
Uma das funções é ensinar o crente (Jo 14.26). Esta é a razão por que devemos orar,
quando lemos a Bíblia e quando nos encontramos no templo para prestar culto a Deus e ouvir a
leitura e a exposição de Sua Palavra. O Espírito Santo não só atua sobre a nossa inteligência,
ajudando-nos a compreender, mas também sobre a nossa vontade, ajudando-nos a obedecer aos
ensinamentos de Deus.

2. A Suficiência da Bíblia

As Igrejas Reformadas, incluindo a Igreja Presbiteriana, sustentam que a “Bíblia é a regra


única e infalível de fé e prática” do cristão. Isto significa que nela encontramos toda a orientação,
tanto para a nossa fé, quanto para nossa conduta. É a base da doutrina e da vida do crente. É o
padrão único e suficiente do que cremos e praticamos. Notemos por quê:

a. Ela fala em nome de Deus

“Ouvi, ó céus, e dá ouvido, ó terra, porque fala o Senhor” (Is 1.2). “Jesus, porém,
respondeu: não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt
4.4).

b. Jesus e os apóstolos apelaram para as Escrituras

“Respondeu Abraão: eles têm Moisés e os profetas: ouçam-nos” (Lc 16.29). Outros
textos: Lc 10.25-28 e II Tm 3.14-17.

c. Ela está acima das tradições dos homens

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Os fariseus foram repreendidos por Jesus por darem maior valor às suas tradições (Mc
7.6-8).

d. Acréscimos e decréscimos são rigorosamente proibidos

“Nada acrescentareis à Palavra que vos mando; nem diminuireis dela” (Dt 4.2) e (Ap 22.
18 e 19).
Em resumo, podemos dizer que a suficiência da Bíblia está firmada nas seguintes palavras de
João 20.31: “Estes (sinais), porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho
de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.

3. A leitura da Bíblia

A leitura da Bíblia é fator seguro para se avaliar a vida espiritual do crente.


Alguns princípios devem ser aplicados aos crentes que ainda não adquiriram certa
familiaridade com o uso da Bíblia, mas devem ser observados principalmente pelos
principiantes.

a. Ler regularmente a Bíblia

Todos os dias, com certeza! (Mt 4.4). Se buscamos, diariamente, o pão para alimento do
corpo, devemos nos lembrar de que a vida espiritual é mais importante do que a material, por
isso, não devemos passar um dia sem a leitura da Bíblia.

b. Ler metodicamente a Bíblia

Comece com oração. Peça ao Senhor para abrir os olhos do seu coração, o seu
entendimento espiritual, para que você possa aprender a aprender as verdades espirituais. Davi
orou: “desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei”.
Depois de orar tome a Bíblia, escolha o texto (+/- 10 versículos) e leia várias vezes a
passagem escolhida, se possível, em voz alta.

1. Procure as seguintes coisas no texto e as anote:


a. A divisão natural da passagem.
b. Dê um título para cada divisão que expresse o conteúdo.
c. Encontre a verdade central do texto.
d. Marque e memorize o verso chave ou o que você achar melhor.

2. Aplicação: há de ser muito mais prático. É necessário então que você faça as seguintes
perguntas ao texto:
a. Quais são os ensinos deste texto para eu crer e como isto mudará minha vida?
b. Qual o pecado indicado aqui que eu devo evitar?
c. Que ordem há neste texto que devo obedecer?
d. Está aqui uma promessa que Deus o faz? Que diferença ela fará em minha vida?

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Perguntas

1 – Em que sentido a Bíblia é um livro “divino-humano?”


2 – Os escritores da Bíblia escreveram voluntariamente, isto é, por mera e exclusiva decisão
pessoal? Justifique a resposta.
3 – Quais são as três palavras importantes que nos auxiliam a compreender melhor o registro da
Palavra de Deus?
4 – O que é a Bíblia para os reformados? O que significa “regra única e infalível de fé e prática?”
Por que afirmamos que a Bíblia é suficiente para levar o pecador à salvação?
5 – Que relação existe entre a leitura da Bíblia e a vida espiritual do crente?
6 – Mencione e explique alguns princípios básicos que nos devem orientar na leitura da Bíblia.
Você considera realmente importante adquirir o hábito da leitura da Bíblia?

Bibliografia

a) Básica:

▪ Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do
Brasil, 1999.

b) Complementar:

▪ ALMEIDA, A. Curso de doutrina bíblica. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985 –
3° edição.
▪ BOYER, Orlando. Pequena enciclopédia bíblica. São Paulo: Editora Vida – 7° edição.
▪ Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1994.
▪ RIBEIRO, Américo J. Iniciação Doutrinária. Volumes I, II e III. Campinas – SP: Luz
Para o Caminho Publicações. 1996.

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