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2.1 Teofania
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"Eu Sou Javé, o SENHOR, teu Deus" (Bíblia King James, BKJ), também "Eu sou o
SENHOR vosso Deus" (BJ, WEB), (hebraico: ֱֹלהיָך
ֶ֑֔ ְהוה א
ָ֣ ָֽאנ ִ ִֹ֖כי י, transliteração neolatina:
Ānōḵî Yahweh 'ĕlōheḵā, que traduzido temos: "Eu Sou Javé Teu Deus".
Em Gênesis 18:1-2, Deus aparece a Abraão na forma de três homens. Não se trata de
anjos pois eles não recebem adoração, e nesta passagem bíblica Abraão os adora
inclinando-se à terra. Contudo, essa interpretação está equivocada. Vejamos o que
dizem os versículos:
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É importante, neste momento, dizer que o cristianismo parte da premissa que a Bíblia
Sagrada é um compendio de livros nos quais o próprio Deus se revelou ao ser humano,
no antigo testamento vemos claramente a figura do Deus-Pai e no novo testamento
vemos a figura do Deus-Filho-Jesus. A Bíblia, portanto, é o axioma fundamental para
àqueles que creem em Deus de Abraão, Isaque e Jacó, ou seja, o Deus dos judeus, bem
como, o Deus dos cristãos, pois toda a visão teológica parte, primeiramente, da Bíblia
Sagrada como sendo a palavra de Deus, seja pela visão parcial veterotestamentária,
seja pela visão Cristo Centrica.
Outra premissa fundamental para uma boa formação teológica versa sobre o conceito
de revelação, pois o objeto da teologia é Deus infinito e inacessível, ou seja, impossível
de ser colocado em uma bancada de experimentação científica própria do modelo
racional-científico para ser pesquisado.
O Deus da Bíblia, o Deus dos cristãos, o Deus dos Hebreus, o Deus criador e
sustentador de todas as coisas não foi encontrado pelo ser humano, não foi pensado
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pelo ser humano, pois segundo a literatura sagrada, veio na direção dos seres
humanos e se auto revelou.
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Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus
lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de
Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente,
sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais
homens são indesculpáveis. (Bíblia NVI).
“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos
antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por
meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de
quem fez o universo.” (MATHISON, s.d., s.p.).
Vejamos o que o autor James W. Sire (1933-2018) diz sobre a revelação geral e a
revelação especial:
Por mais que a revelação geral nos forneça dados sobre Deus, ainda é
pouco. Como afirmou Tomás de Aquino, nós podemos saber que Deus existe
por meio da revelação geral, mas jamais saberíamos que ele é trino exceto
por uma revelação especial. A revelação especial é Deus se manifestando de
formas sobrenaturais. Ele não só se revelou ao aparecer de formas
espetaculares como a sarça ardente que não era consumida, como também
falou às pessoas em suas próprias línguas. (SIRE, 2009, p. 40).
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Moraes e Moraes (2018) descrevem sobre os meios de revelação nos quais Deus se faz
conhecer aos seus filhos no Antigo Testamento, pontuam também que a revelação
geral é denominada universal ou histórica. Nela Deus Se faz conhecido por meio de
Sua ação, tanto na criação como na própria história.
E, no livro do profeta Isaías, capítulo 40, versículo 26, afirma-se: “Ergam os olhos e
olhem para as alturas. Quem criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela
do seu exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é o seu poder e tão
imensa a sua força, que nenhuma delas deixa de comparecer!” (Bíblia NVI).
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Martins (2015, p. 26) diz que a forma de Deus se manifestar-se à humanidade é por
meio da Criação, ou seja, das coisas criadas, do céu, da terra e tudo que se alcança
com os olhos. Pela sua criação, Deus demonstra inúmeras coisas a respeito de Si
mesmo: Sua divindade, Seu poder eterno, Seus atributos não visíveis, Sua glória e
imensidão, Suas obras criadas e Sua tenra bondade para com o ser humano.
Além desse vislumbre divino com base nas obras criadas, a história também testifica
que a humanidade não se desenrola ao léu, sem orientação ou ao acaso. A história
testemunha sobre alguém maior, conforme descrito no livro de Jó, capítulo 36, dos
versículos 26 ao 33, que diz:
Deus se revelou de forma muito peculiar com Jó, que aprendeu aspectos profundos
sobre Deus chegando a dizer que “Antes o conhecia de ouvir falar e depois passou a
dizer que o conhecia de com ele andar”. Em momentos de dor, sofrimento e aflição, Jó
entendeu que Deus se manifestou por meio de revelação especial em sua própria vida,
em uma espécie de relação pessoal.
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Deste modo podemos também mencionar o autor Martins (2015) que descreveu as
camadas da forma com que Deus se revelou ao ser humano:
[...] Uma forma de Deus se manifestar é por meio da Criação. Por ela, Deus
demonstra inúmeras coisas a respeito de Si mesmo: Sua divindade, Seu
poder eterno, Seus atributos não visíveis, Sua glória e imensidão, Suas obras
criadas e Sua tenra bondade para com o ser humano. (MARTINS, 2015, p.
25-26).
Portanto, tudo aquilo que podemos conhecer de Deus, Ele mesmo apresentou em sua
auto manifestação, ou seja, não conhecemos Deus como um cientista estuda um
objeto em um tubo de ensaio, fazendo experimentações, mas sim, à partir daquilo que
Ele permitiu conhecermos através de sua revelação especial (na bíblia e com Jesus) e
geral (através de sua criação).
A Inspiração, por outro lado, versa sobre a maneira pela qual Deus proporcionou sua
revelação secundária, já que a primária ocorreu no evento histórico de sua revelação.
Ou seja, a maneira pela qual os fatos histórico-bíblicos foram mantidos no ideário do
povo judeu e posteriormente foram grafados em códigos próprios do idioma hebraico,
recebeu o nome de inspiração.
O próprio texto bíblico traz esta assertiva na II Carta de Paulo à Timóteo, no capitulo 3,
versículo 16 e 17 quando diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o
ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o
homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (Bíblia NVI).
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Martins (2015) explicita a dinâmica pela qual ocorreu o processo de revelação de Deus
ao homem e o processo de escrita do texto sagrado, ou seja, pela receptividade
humana do conjunto de escrita necessários e suficiente:
Martins aprofunda o tema, inclusive descrevendo a maneira pela qual Deus usa o texto
para se apresentar ao homem:
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A premissa inicial sobre o assunto foi tratada nos tópicos anteriores, pois foi no texto
sagrado que Deus se revelou especialmente e traz o conceito sobre a revelação geral
de Deus. O item que tratou da inspiração fez com que o estudante de teologia
compreendesse a natureza dos escritos bíblicos. Mas é essencial abranger a maneira
pela qual o ser humano percebe Deus nas escrituras sagradas, bem como assimila ser
pecador e carecedor de um salvador. É, portanto, através do processo de ‘iluminação’,
que o leitor compreende o texto sagrado como um texto puramente humano, que o
texto surte o efeito salvífico no sujeito. Portanto, sem o toque divino o texto bíblico se
mantém ‘fechado’ para o espírito humano, permanecendo como mero escrito
histórico, perdendo a essência divina da qual creem os cristãos.
Atualmente, por vezes o conceito de iluminação acaba ficando de lado, mas descobrir
que o “significado da Escritura envolve não apenas a análise do resultado do autor no
contexto escrito, mas também a obra realizada pelo Espírito Santo de iluminar a mente
do leitor para interpretar o texto” (DOCKERY, 2005. p.172).
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Quem não é salvo não escolhe a verdade das Escrituras porque ela atinge
em cheio sua natureza pecaminosa... Uma pessoa que não é salva, em quem
o Espírito Santo não habita, pode entender mentalmente o que a Bíblia diz,
mas ela rejeita a mensagem e se recusa a assimilá-la e praticá-la. (ZUCK,
1994, p.24).
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Para o antigo testamento nós temos, inicialmente, os intérpretes judaicos, que por
mais diversos que fossem tinham pontos em comum:
Ocorre que, com o advento da vinda de Jesus Cristo, juntamente com os seus
apóstolos, o enfoque hermenêutico foi modificado:
No século II o enfoque passa a ser outro, pois a fé precisava ser protegida e defendida,
tamanha a quantidade de heresias surgidas no período. O pensamento era o seguinte:
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[...]
Dockery (2005, p.173) vai concluir sua abordagem dizendo que: “[...] a variedade e o
desenvolvimento das abordagens hermenêuticas da igreja primitiva refletem-se na
diversidade representada pelas abordagens hermenêuticas contemporâneas”.
O autor (2009, p. 29), ainda diz que: o objetivo da hermenêutica evangélica é bem
simples: descobrir a intenção do Autor/autor (autor=agente humano inspirado;
Autor=Deus, que inspira o texto)”.
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Portanto, esmere-se no estudo, pois interpretar o texto sagrado é olhar para o texto
bíblico e prestar respostas condizentes às necessidades e respostas do tempo
presente, ou seja, é ser rico de informações do ambiente histórico-gramatical-social
bíblico e conseguir fazer a transposição segundo às demandas sócio histórico
contemporâneo, dando, portanto, significado à vida humana e ressignificação dos
problemas humanos.
Conclusão
Até o presente momento foi trabalhado o tema da vida humana em relação com o
divino, ou seja, a maneira pela qual Deus se revelou à humanidade, seja de maneira
geral, seja de maneira especial. Tratamos ainda, de temas teológicos como teofania,
revelação, inspiração e iluminação. Esses temas se relacionam com o livro sagrado dos
cristãos, pois é o fator fundador da fé cristã.
E, por fim, apresentamos um panorama histórico do desenvolvimento hermenêutico
para que o estudante consiga compreender e empregar na interpretação do texto
sagrado.
REFERÊNCIAS
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