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O que é teologia?

Primeiro, temos que diferenciar a religião da teologia. A religião é um conjunto


de práticas religiosas de seres humanos em ambientes específicos, a teologia
é o estudo de Deus. Pode parecer que não, mas há uma grande diferença
entre estudar as apreensões humanas sobre Deus e estudar o caráter
revelado de Deus.
Um seminário, faculdade ou professor que deseja ensinar teologia tem que
estar comprometido com o fato de que a verdade suprema sobre todas as
outras verdades é a verdade de Deus. Estudamos matemática, ciência e
filosofia baseados na verdade da Palavra de Deus. A teologia deve ser a
“rainha das ciências”. Infelizmente, em nossa era, ela foi deposta de seu trono
e até mesmo exilada de seu reino.

Teologia definida

A teologia sistemática, que é um estudo ordenado das principais doutrinas da


fé cristã, será o tipo de teologia usado por Sproul nesse livro.

Teo-logia

O sufixo vem da palavra grega logos que podemos encontrar em João 1:

¹ No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν, καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος.

Seu significado é “lógica”, a lógica da vida. Antropologia, por exemplo, vem


do grego anthropos, que significa homem. Portanto, a antropologia seria a
lógica sobre os humanos. Teologia é a lógica sobre Deus. Theos (deus).
Teologia é uma palavra abrangente, pois não se refere somente ao ser divino
em si, mas todas as verdades que ele nos revelou. Por exemplo, temos a
hamartiologia, que é o estudo do pecado.

Influência da filosofia

Uma visão filosófica que domina nossos dias é o existencialismo, que não
acredita que a verdade possa ser entendida de uma forma ordenada, pois o
mundo é caótico e sem significado ou propósito.
Também temos o relativismo, que prega que a única verdade absoluta é que
não existe verdade absoluta (o que não há lógica, pois ele negam a verdade
absoluta com uma verdade absoluta).
A filosofia também tem causado um grande impacto na teologia quando os
filósofos tentam enquadrar a verdade de Deus em seus anseios e crenças
pessoais. Um mito que explica bem isso é o de Procusto. Ele tinha duas
camas em sua pousada: uma cama curta e outra cama longa. Ele convidava
os viajantes a ficar em sua pousada e os obrigava a deitar em uma das
camas. Se um viajante fosse mais alto do que a cama curta, ele o amarrava e
o esticava violentamente para que se ajustasse à cama. Se o viajante fosse
mais baixo do que a cama longa, ele o mutilava ou decepava partes do corpo
para fazê-lo caber na cama maior. Em ambos os casos, os viajantes
enfrentam sofrimento e mutilação.
Ou seja, ao invés de colocar cada visitante em uma cama adequada para sua
estatura, ele tentava forçar a pessoa a caber na cama. Assim faz a filosofia
muitas vezes com a teologia.

Premissas da teologia sistemática

1. Deus revelou-se a si mesmo na natureza e nas Escrituras Sagradas, por


meios dos profetas, apóstolos e de Seu Filho.
2. Deus revela-se de acordo com seu próprio caráter e natureza. Deus criou o
cosmos de uma forma ordenada, pois não há confusão em sua mente.
3. A revelação das Escrituras manifesta as qualidades de seu caráter. Há
uma unidade na Palavra de Deus.

O escopo e o propósito da teologia

Teologia é uma ciência!


A comunidade científica vai negar esse fato, pois vai afirmar que ciência é
aquilo que aprendemos por meio de inquirição e investigação empírica,
enquanto que teologia é apenas uma paixão inflamada de pessoas religiosas.

Teologia e ciência

Os cristãos acreditam que por meio da revelação divina podemos chegar ao


conhecimento de Deus, o que enquadraria a teologia como ciência. A ciência
da biologia é uma busca pelo conhecimento das coisas vivas, a física uma
busca pelo conhecimento dos fenômenos físicos. A teologia é uma tentativa
de obter um conhecimento coerente e consistente de Deus.
Uma questão que é importante diferenciar entre a teologia e as demais
ciências é a das anomalias. Se você abrir um livro de física da década de 20
você irá encontrar muitas teorias que foram abolidas do meio acadêmico por
seu grande número de anomalias (questões não respondidas). A teologia não
é assim, pois o material usado por eruditos e teólogos ao longo dos anos
continua sendo o mesmo: o cânon bíblico. Por isso que nos apegamos às
Escrituras, pois elas guiaram a igreja durante estes dois mil anos, os
fundamentos dos apóstolos sempre foram a base da fé revelada por Cristo.
Desde a reforma continuamos pregando as mesmas verdades baseadas na
“Sola Scriptura”. Portanto, temos que ter cuidado para não sermos tentados a
criar novas ideias só para parecermos originais. Quando se trata de teologia,
não quero novidades.

²¹ (Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma


outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade).
Atos 17:21

As fontes da teologia sistemática

A principal fonte da teologia sistemática é a Bíblia, assim como a teologia


bíblica e a teologia histórica.
A teologia bíblica se concentra em mostrar as verdades bíblicas de através
de sua gradativa revelação ao longo dos anos de sua história. O perigo está
quando alguém estuda os temas de maneira isolada (teologia de Pedro,
teologia de Paulo) sem compreender que todos são verdades inspiradas.
A teologia histórica analisa a história da igreja, principalmente tempos de
crise e luta contra as heresias.
A teologia sistemática analisa tanto as Escrituras quanto o desenvolvimento
do conhecimento da igreja por meio de seus concílios, credos e confissões de
fé.

O valor da teologia

“Não preciso de teologia, só preciso de Jesus” é uma frase equivocada. Deus


escreveu um livro para nós e tenho certeza que não foi para ficar empoeirado
na prateleira, mas para ser lido, examinado e estudado.
¹⁶ Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção e para a instrução na justiça,
¹⁷ para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para
toda boa obra 2 Timóteo 3:16,17
É normal que as pessoas leiam a Bíblia de forma crítica, criticando ela, mas o
correto é quando a Bíblia nos critica, quando ela expõe nosso pecado.
A Escritura também é proveitosa para corrigir nosso falso viver quanto ao
falso crer.
E por último, mas não menos importante, o estudo da teologia não é para
satisfazer nosso intelecto, mas para que cresçamos em maturidade e
santidade.

Revelação geral e teologia natural

Deus é a fonte de toda a verdade. Nossa realidade, segundo Agostinho, seria


como um quarto escuro cheio de coisas belas que temos a capacidade de
enxergar, pois somos dotados de olhos, porém não conseguimos enxergar
pois necessitamos da luz para iluminar todas as coisas, essa luz seria a
revelação de Deus.

Eu acredito no Cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não
apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor.
(C. S. Lewis)

Os cientistas não podem entender nada a partir de um tubo de ensaio se não


fosse a revelação do Criador que os capacitasse a aprenderem por meio da
observação da natureza.

A revelação de Deus

1. Revelação geral porque o conhecimento é dado por Deus a todas as


pessoas da terra.

¹ Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das


suas mãos.
Salmos 19:1

Deus concedeu também (para não livrar aqueles que não tem visão dessa
revelação) um senso de certo e errado.
¹⁹ Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou.
²⁰ Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o
seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se
vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis;
Romanos 1:19,20

2. Revelação geral pois é do tipo geral, ou seja, ele não consegue nos
dar os detalhes necessários para nossa salvação

Ninguém pode estudar as ondas sonoras e descobrir por elas o plano de


redenção de Deus em Jesus Cristo, a Bíblia é quem pode fazer isso.

Aprendendo por meio da natureza (teologia natural)

A teologia natural é o que os homens fazem com a revelação natural dada


por Deus.
No nosso estado caído nós não temos o discernimento espiritual sobre as
coisas de Deus. Isso é para mostrar que todos necessitam do evangelho de
Jesus Cristo para serem salvos e cheguem ao pleno relacionamento com
Deus.
Todos nós rejeitamos Deus por não reconhecer sua autoridade através de
suas obras perfeitas da natureza ao nosso redor.

¹⁸ Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e


injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
¹⁹ Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou.
²⁰ Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o
seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se
vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis;
²¹ Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o
seu coração insensato se obscureceu.
Romanos 1:18-21
Não vemos o Deus invisível, mas vemos o mundo visível, e isso traz para nós
a revelação de Deus.

Revelação geral mediata e imediata

O que vimos foi a revelação mediata, mas há também a revelação imediata


que Paulo nos adverte:

¹⁵ Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações,


testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos,
quer acusando-os, quer defendendo-os;
Romanos 2:15

Foi isso que Calvino chamou de sensus divinitatis ou senso do divino. Deus
plantou no homem o discernimento manifesto em sua consciência, ele vem
diretamente de Deus para nós. Por isso que vemos em povos isolados a ideia
de que matar e roubar são errados.

Revelação especial

A revelação mostra a nós o plano de Deus. Ela fala sobre sua redenção, a
cruz e a ressurreição de Cristo para o perdão de nossos pecados e nossa
salvação, coisas que não podem ser aprendidas por meio da natureza.

A epistemologia, a ciência do conhecimento, analisa as maneiras que o ser


humano pode chegar ao conhecimento. Um deles seria por intermédio da
mente, a abordagem racional. Outra seria a abordagem empírica, por meio do
ouvir, ver, saborear, tocar e cheirar.
A questão é que o conhecimento teológico vai muito além disso, pois ele vem
daquilo que Deus nos dá. Pois não podemos chegar ao entendimento do
evangelho observando a natureza ou pensando, carecem da revelação de
Deus.

Nos tempos antigos Deus se revelou de muitas formas:

● Sonhos e sinais específicos


● Lançando sortes
● Teofanias - O Deus invisível se fazendo visível

Profetas e apóstolos

Os profetas eram pessoas como nós, com linguagem e raciocínio humanos,


mas eles recebiam informação da parte de Deus, o que eles falavam era
considerado palavras do próprio Deus, por isso que eles sempre falavam:
“Assim diz o Senhor:” antes de começar uma profecia. E essas palavras
escritas se tornaram Escrituras Sagradas.
Os profetas e os apóstolos formaram juntos o fundamento da igreja.

²⁰ Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que


Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
Efésios 2:20

Assim como os profetas, a principal marca dos apóstolos era o fato de terem
sido chamados e recebido autoridade do próprio Deus e Cristo. (o apóstolo é
aquele que é enviado ou comissionado com a autoridade daquele que o
envia).
Paulo parece ser o único que não tinha as credenciais para ser apóstolo, pois
não foi testemunha da ressurreição, mas recebeu a autoridade dos apóstolos
e do próprio Cristo.

Outra marca dos profetas e dos apóstolos eram os milagres.


Por intermédio dos profetas e dos apóstolos nós recebemos o relato escrito
da revelação especial de Deus, sua Palavra.

A Palavra encarnada

Este é aquele sobre quem a Palavra escrita fala. Em Cristo conhecemos a


plenitude da revelação do Pai, e é somente pela Escritura que conhecemos a
Cristo.
¹ Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho,
² A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
³ O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua
pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados,
assentou-se à destra da majestade nas alturas
Hebreus 1:1-3

A inspiração e a autoridade da Escritura

Autoridade e autoria

O autor supremo das Escrituras não foi Paulo, Isaías, João ou outro homem,
mas Deus. Os autores humanos serviram como os seus porta-vozes.

¹⁶ Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,


para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;
¹⁷ Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído
para toda a boa obra.
2 Timóteo 3:16,17

graphḗ – Se refere a Escritura no grego, ou seja, Paulo está dizendo que


tanto o Antigo testamento quando o novo são inspirados por Deus.

Inspirada

Uma curiosidade, o termo grego theópneustos seria melhor traduzido por


“expiração” e não “inspiração”. Pois sua tradução para o portugués é
“soprado por Deus”, algo que Deus revela, sopra para fora.
O foco aqui é afirmar que a origem suprema da Escritura é o próprio Deus. O
Espírito Santo em sua obra veio sobre diferentes pessoas ao longo dos anos
e os ungiu com seu poder para escreverem a sua Palavra.
Tudo o que os escritores humanos escreveram foi sob a supervisão de Deus.
Cada palavra

¹⁸ Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem
um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
Mateus 5:18

Jesus quer nos mostrar que cada palavrinha das Escrituras tem poder e
significado em sua obra, nenhum é sem importância e está aberta a
negociação.
A Escritura não é apenas um testemunho da verdade, mas é a própria
verdade de Deus exposta aos homens.

Infalibilidade e inerrância

Definindo termos
A palavra infalível significa “incapacidade de cometer erros”, o que a torna
superior ao termo “inerrante”, pois um aluno poderia acertar todas as 10
questões de uma prova (o que o tornaria inerrante), mas ainda assim haveria
possibilidade de erros. Com a Escritura não é assim. Ela não tem a
possibilidade de cometer erros.

“A Bíblia é a única regra infalível de fé e prática para a igreja”.

Ou seja, ela é a única regra de fé para tudo o que fazemos e cremos.

A. A autoridade de Cristo

Qual era a opinião de Jesus sobre as Escrituras?

¹⁸ Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um
jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
Mateus 5:18

³⁵ Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi


dirigida, e a Escritura não pode ser anulada,
João 10:35

¹⁷ Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.


João 17:17

Os críticos a essa verdade vão argumentar que Cristo tinha lacunas em seu
conhecimento, pois sendo o Deus que se encarnou ele abriu mão em sua
vida terrena da onisciência que tinha:

³⁶ Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas
unicamente meu Pai.
Mateus 24:36

Mas a questão aqui era a sua santidade, Jesus não pode pecar. Então se um
teólogo afirmar que Jesus estava errado acerca dessas afirmações da
Palavra de Deus então ele estaria pregando algo que não sabia, portanto,
estaria mentindo. Seguindo essa lógica poderíamos considerar a afirmação
que Jesus estava enganado como uma blasfêmia, pois está o acusando de
ter pecado.

Canonicidade

A palavra cânon é obtida da palavra grega kanon, que significa “vara de


medir”, ou seja, os 66 livros do novo e antigo testamentos funcionam como a
vara de medir ou a autoridade suprema da igreja. Ela é a normans et sine
normativa: “a norma das normas e sem normas” Ela não está sujeita ao
julgamento de nenhuma outra norma padrão.

Extensão do cânon

A maioria dos livros foram aceitos com grande facilidade pela igreja enquanto
muitos outros eram desconsiderados, pois eram obviamente fraudulentos. Os
livros que demoraram um pouco mais de tempo foram os de Hebreus, 2 e 3
João, 2 Pedro e Apocalipse.

O cânon estabelecido

Muitos se opõem ao cânon pois ele só foi formado no século IV depois de


Cristo, mas isso não significa que a igreja ficou até esse período sem os livros
inspirados.
Os livros que usamos hoje dos apóstolos já estavam em uso desde o
momento que foram escritos. Pois eles tinham a autoridade apostólica e por
isso a igreja os aceitaram.
As marcas da canonicidade

1. Sua origem apostólica

Ele precisa ter sido escrito por um apóstolo ou sob a sanção direta e imediata
de um deles. A carta de Romanos e os evangelhos de João e Mateus não
foram questionados, pois foram escritos por apóstolos de Jesus. O evangelho
de Lucas também não foi questionado porque foi escrito por um companheiro
de Paulo que viajava com ele em todas as viagens missionárias.

2. Recepção por parte da igreja primitiva

As epístolas de Paulo desde sempre se mostraram com cunho geral para a


igreja de Cristo e não somente para as igrejas e pessoas as quais elas foram
enviadas.

¹⁶ Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos


difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as
outras Escrituras, para sua própria perdição
2 Pedro 3:16

Pedro se refere às cartas de Paulo como Escrituras Sagradas.

3. Controvérsias

Hebreus quase não foi aceito por conta do capítulo 6 que estaria se referindo
a perda de salvação (o que seria contraditória com o restante das Escrituras).
O que ajudou foi o fato de terem a noção de que Paulo poderia ser o seu
autor.

A igreja católica aceitou os livros apócrifos, enquanto que nós reformados


não. Já que eles não foram aceitos pela igreja primitiva e continham ideias
contrárias ao restante das Escrituras Sagradas. O argumento da igreja
católica é que a igreja é inerrante quando se trata disso, pois o que ela fala é
norma. Já nós reformados acreditamos que a igreja pode falhar, por isso
confiamos que é Deus quem age com misericórdia para garantir que sua
palavra seja preservada.
A Escritura e a autoridade

Somente a Escritura é a autoridade dada por Deus para nos ensinar,


fortalecer, convencer e disciplinar. As tradições da igreja e seus materiais
teológicos não tem a mesma autoridade que a Escritura tem de reger a igreja.
A igreja tem sim autoridade, mas ela não segue em pé de igualdade com a
autoridade bíblica, qualquer autoridade afirmada pela igreja está subordinada
à autoridade da Escritura.
Porém a crise que existe nos nossos dias não é sobre a inerrância e
infalibilidade da Escritura, mas seu conteúdo. Pois não adianta provarmos a
sua autoridade e incapacidade de errar se os crentes não a leem ou estudam.

O conhecimento de Deus

Deus é incompreensível, mas não em um sentido absoluto. A teologia


acredita que Deus é eterno e infinito em si mesmo, por isso o homem (um ser
finito) não pode compreendê-lo por completo. Imagine tentar colocar toda a
água do pacifico em um copo de 200ml, mas em contrapartida o copo
consegue armazenar certa quantidade de água do oceano. Ou seja, nosso
conhecimento acerca dele sempre será limitado.

⁸ Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os


vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.
⁹ Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.
Isaías 55:8,9

Deus revelado

Deus fala conosco através de nossa linguagem humana. Vemos isso desde a
nossa origem:

¹⁵ E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar


e o guardar.
¹⁶ E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim
comerás livremente,
Gênesis 2:15,16

Deus nos dotou de uma linguagem para que pudéssemos nos comunicar com
Ele. É como um pai falando com seu filho de 2 anos, ele não fala da forma
como ele falaria com seu chefe do trabalho, mas com uma linguagem simples
para que a criança entenda. Deus faz dessa maneira conosco.

Antropomorfismo

Esta é uma forma de escrita que é usada nas Escrituras. É dar atributos
físicos a Deus para que o homem consiga entender seu caráter revelado.

¹ Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus
pés
Isaías 66:1

¹⁰ Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de


montanhas.
Salmos 50:10

Deus não está literalmente sentado em um trono no céu nem cuidando de


gado (até porque Deus é espírito). Esta é uma figura de linguagem indicando
a soberania dele sobre todas as coisas.
Na verdade, Deus não recebe apenas atributos físicos, mas emocionais. Por
exemplo, “Deus se arrependeu” indicando uma imensa tristeza por sua
criação, Deus é descrito com características humanas pois é a única maneira
do homem entendê-lo.
Mas eu diria que a linguagem teológica é bem melhor que a linguagem
antropomórfica, pois é melhor falar “Deus é soberano” do que “Deus possui
animais aos milhares sobre as montanhas.

Deus descrito

1. Via de negação - aquilo que Deus não é

● Deus não muda


● Deus não mente
● Deus não volta atrás com suas promessas

2. O caminho da iminência - conceitos humanos com grau supremo

● Deus é onipotente, ou seja, o homem pode ter força e poder, mas


somente Deus tudo pode fazer.
● Deus é onisciente, ou seja, o homem tem conhecimento, mas somente
Deus tudo sabe e nada está oculto a Ele.

3. Caminho da afirmação - aquilo que Deus é

● Deus é justo
● Deus é santo
● Deus é amoroso
● Deus é gracioso
● Deus é misericordioso

O princípio fundamental aqui é que mesmo não podendo conhecer totalmente


a Deus, nós temos a capacidade de compreender e crer naquilo que ele
revelou sobre si mesmo.

Um em essência

Se nos dias de hoje as nações estão cada dia mais se afastando da


religião e das práticas religiosas pelo advento racional e científico, nos
tempos antigos os povos tinham uma lista imensa de divindades em seus
panteões. Os gregos, romanos, babilônios, persas, astecas, entre outros. E
era nisso que os judeus se diferenciavam desses povos.

⁴ Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.


⁵ Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todas as tuas forças.
Deuteronômio 6:4,5

Tanto que as maiores crises, invasões e exílios de Israel foi por conta de sua
idolatria a outros deuses. Israel precisava se lembrar que não existia outro
Deus, somente Adonai.
Não havia opção de colocar o Senhor como Deus supremo e adorar outros
deuses menores, ele sozinho reina como Rei do universo.

A trindade

Nós confessamos a fé em um Deus trino. O novo testamento fala de


Deus como o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

¹ No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
João 1:1

O Verbo (Jesus) estava “com Deus”. Este “com” é usado pelo gregos: pros
que forma a base de outra palavra, prosopon, que significa “face”. Um
relacionamento face a face, ou seja, o Verbo está em um relacionamento com
Deus da maneira mais íntima possível.
O Verbo é diferenciado de Deus, mas ele também é Deus.

²⁷ Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a
tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.
²⁸ E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
João 20:27,28

Jesus aceitou a adoração de Tomé.

⁷ Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão
Deus?
Marcos 2:7

¹⁰ Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para
perdoar pecados (disse ao paralítico),
¹¹ A ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
¹² E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos [...]
Marcos 2:10-12

Jesus fez algo que somente Deus poderia fazer: perdoar pecados. E ele
comprova seu poder ao curar ao homem, não podia ser uma blasfêmia, pois
ele comprovou sua autoridade com sinais e maravilhas, como Deus fez ao
longo da história.

³ Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
⁴ Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
João 1:3,4

Jesus é identificado como Criador de todas as coisas.

O Espírito Santo também recebe atributos divinos ao longo das Escrituras.

³¹ Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens;


mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.
Mateus 12:31

Só se pode blasfemar contra Deus.

¹⁴ Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si


mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras
mortas, para servirdes ao Deus vivo?
Hebreus 9:14

O Espírito Santo é eterno, atributo que pertence a Deus.

Três em pessoa

A fórmula da trindade é paradoxal, mas não é, de modo alguma, contraditória.


Deus é um em pessoa e, ao mesmo tempo, três em pessoa.
Paradoxo

A palavra paradoxo se refere a algo que, colocado ao lado de outra coisa,


parece ser contraditório até que um exame minucioso revela que não é. Deus
é em essência três pessoas.

Essência e pessoa

O que distingue um ser humano de um cachorro ou de uma pedra? O que


distingue uma uva de Deus? É a sua essência, seu ousios, uma palavra
grega que significa “ser” ou “substância”. Isso significa que Deus não está em
parte aqui e em outro lugar, de forma parcial. Deus é um único ser.

Subsistência e existência
Cada pessoa da trindade subsiste ou existe sob a presença da deidade.
Todas as pessoas da Divindade têm todos os atributos divinos.
Em questão da existência, Platão usa o termo em relação a um ser puro que
não depende de nada quanto a sua capacidade de existir. Nós, como
criaturas, existimos em um sentido diferente de Deus. Pois nós crescemos e
mudamos com o tempo. Por isso nós dizemos que Deus é. Ele não está
mudando ou se tornando algo, ele sempre foi, sempre é e sempre será.

Há diferenças dentro da divindade, mas não há diferença na essência da


própria divindade. Um ser, três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo.

Atributos incomunicáveis

Os atributos incomunicáveis de Deus são aqueles que não podem ser


transferidos para suas criaturas, características que só pertencem a Deus.
Afirmamos que Deus é um ser simples, Deus é seus atributos. Seus atributos
definem uns aos outros.
Deus é santo, justo, imutável e é onipotente, mas sua onipotência é sempre
santa, imutável e justa. Assim como a sua eternidade é eternamente imutável,
sua santidade é eternamente justa.

Asseidade

Deus é independente. Ele é em si mesmo. Chamamos isso de Asseidade, “de


si mesmo”. Nós vivemos, nos movemos e existimos em Deus, somos
totalmente dependentes de sua provisão, mas ele não depende de nada ou
alguém para existir.
Ele não precisa de uma causa, pois não é um efeito, ele tem seu ser em si
mesmo. É eterno e auto existente.
Ele não criou a si mesmo, pois não é auto criado. Ele é auto existente.
Deus é eterno, qualquer coisa que tenha sua origem no tempo é não eterna e
temporal, mas Deus é o Criador até mesmo do tempo.

Digno de louvor

Isso tudo o torna digno de todo louvor, pois somente ele sustenta todas as
coisas por meio de si mesmo.
Atributos comunicáveis

¹ Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;


² E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo
por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.
Efésios 5:1,2

Santidade

Deus é santo em dois sentidos: Deus é santo pois transcende toda a criação
e está acima de tudo, neste sentido, nenhuma criatura pode ser santa como o
Criador. Mas as Escrituras também afirmam que Deus é santo em excelência
moral e ética.
Os cristãos são habitação do Espírito Santo e é Ele quem realiza a nossa
santificação progressiva para que nos assemelhamos a Deus até o dia da
glorificação.

Amor

Deus é amor, a verdadeira definição do amor. E somente conhece a Deus


aquele que ama. O amor de Deus é um atributo que pode ser imitado e
somos chamados a fazer isso.

Bondade

Deus é totalmente bom. Os crentes são chamados para praticar boas obras,
continuamos pecadores, mas agora temos o Espírito que opera em nosso
interior e nos molda para podermos praticar boas obras.

Justiça e retidão

Ele sempre age de acordo com a retidão. Ele sempre faz o que é correto.
Mas algo interessante é sua misericórdia e graça, pois não são consideradas
atributos de justiça, pois Deus está deixando de punir pecadores, porém
também não se enquadra como atos de injustiça, pois Deus realizou a
punição justa pelos pecados em Cristo, substituindo os pecadores por ele.
Deus não deixa de ser justo quando age com graça e misericórdia.
A justiça é necessária à retidão, mas graça e misericórdia são ações
realizadas por Deus de forma espontânea. Por isso não clamamos a Deus
por sua justiça em nosso favor, pois a justiça dele nos lançaria no inferno,
pois merecemos condenação, clamamos por sua graça e misericórdia, pois
ele cumpriu sua justiça na cruz para nos salvar.

Sabedoria

A sabedoria é um atributo divino que o homem é convidado a praticar. Deus


nunca age com insensatez e nunca toma decisões tolas.
Nós, contudo, somos falhos e cheios de insensatez, mas Deus nos convida a
pedirmos por sabedoria e ele até mesmo nos dá o principio dela: o temor ao
Senhor.

A vontade de Deus

²⁹ As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as


reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta lei.
Deuteronômio 29:29

Coisas secretas e coisas reveladas

Como nós vimos na revelação de Deus, há limites do nosso conhecimento


sobre ele.
O primeiro aspecto sobre a vontade de Deus é a vontade decretiva, que se
refere ao fato de que Deus faz acontecer soberanamente tudo o que ele quer.
Às vezes, isto é chamado de vontade absoluta ou a vontade eficaz.
Um exemplo disso é a crucificação de Jesus. Deus decretou tudo o que ia
acontecer, desde o local, a hora, o dia, as pessoas que o matariam, seu
traidor, até mesmo detalhes como suas pernas não terem sido quebradas, os
soldados terem tirado sortes com seu manto.

Há também a vontade preceptiva de Deus, não somente podemos resistir a


ela como resistimos o tempo todo. Ela se refere a Lei de Deus e seus
mandamentos. “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20.3).
A maioria daqueles que perguntam “qual é a vontade de Deus para mim?”
querem respostas para ocasiões muito específicas. Porém, entender que a
Palavra de Deus é a revelação dele sobre a sua vontade é um trabalho e um
esforço que vai levar a vida inteira. Pois a questão é que Deus tem um plano
oculto e secreto para nossa vida que não cabe a nós sabermos, mas ele quer
guiá-lo pelo caminho. Mesmo que você não veja o fim do caminho, Ele
ilumina cada passo.
É por isso que Deus é tão severo com aqueles que usam de ocultismo para
adivinhar o futuro, ele só pertence ao Senhor.

Vivendo a vontade de Deus

³ Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais


da fornicação;
1 Tessalonicenses 4:3

Quando uma pessoa perguntar se deve aceitar um trabalho em outro estado


ou com quem deve se casar, a resposta tem que ser sempre “estude a Lei do
Senhor” para que aprendam os princípios pelos quais devem conduzir suas
vidas. (Claro que a resposta não será tão simplista, mas ela é a base).

A respeito de quem ela deve casar, o que ela deve fazer é estudar a Palavra
de Deus e entender que tipo de pessoa agrada ao Senhor, e ele encontrará!
(uma pessoa que realmente crê em Cristo e em sua obra). “Mas há várias
pessoas assim”. Então cabe a você escolher uma e pronto. Não precisa ficar
sem dormir a noite por conta disso.

A única maneira de saber a vontade decretiva de Deus é esperando pelo


amanhã. Geralmente queremos saber a vontade de Deus em relação ao que
vai acontecer no futuro, quando o foco é o hoje, e seguimos a vontade de
Deus quando obedecemos os seus mandamentos.

³⁴ Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Mateus 6:34

Nossa alegria e nossa satisfação está no fato de que Deus deseja revelar sua
vontade a nós e já fez isso. Muitas vezes perguntamos qual é a vontade de
Deus para nós, mas raramente perguntamos como podemos conhecer Sua
Lei.

¹⁰⁵ Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.
Salmos 119:105

A vontade de Deus é que obedecemos todas as palavras que saem de


sua boca!

Providência

²⁸ E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem


daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito.
Romanos 8:28

Deus por nós

Nos nossos dias de grande avanço científico e tecnológico, as pessoas se


acostumaram a enxergar que os eventos históricos, sociológicos se
desenvolvem por meio do acaso ou de eventos naturais. Porém nós cristãos
deveríamos ser aqueles que vão de contra a essa visão tão reducionista.
Cremos que nada escapa das mãos soberanas do Senhor que nos garante
que TUDO coopera para o bem daqueles que o amam.
Paulo está nos dizendo na carta aos romanos que nada que enfrentemos
pode nos afastar do poder e da providência do nosso Deus.

²⁵ "Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas,


quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto
ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo
mais importante do que a roupa?
Mateus 6:25

Jesus não estava advogando uma abordagem negligente da vida. Estava


falando de ansiedade. Não devemos ficar temerosos ou desesperados com a
provisão de Deus, pois ele garante em sua Palavra que é um bom Pai, mas
Deus confia aos chefes da família que provem o que sua família necessita.

⁷ Isaque disse a seu pai Abraão: "Meu pai!" "Sim, meu filho", respondeu
Abraão. Isaque perguntou: "As brasas e a lenha estão aqui, mas onde
está o cordeiro para o holocausto? "
⁸ Respondeu Abraão: "Deus mesmo há de prover o cordeiro para o
holocausto, meu filho". E os dois continuaram a caminhar juntos.
Gênesis 22:7,8

Providência e asseidade

Tudo o que Deus cria ele sustenta. Asseidade define melhor essa idade, pois
somente Deus possui esse atributo, só ele pode existir por si mesmo. Todos
nós nascemos, nos movemos e existimos por meio Dele.
Deus está o tempo todo cuidando e provendo a sua criação, ele não é o deus
dos filósofos, que se mantém distante de todos. As leis naturais tão
endeusadas nos nossos dias são apenas um reflexo da maneira normal que
Deus cuida e sustenta sua criação.

Até nossas doenças e perdas neste mundo estão sob a providência de Deus,
que é uma boa providência. Esse conhecimento deve nos trazer consolo, pois
Deus está no controle de todas as coisas e cuida de nós sempre.

Simultaneidade

Até mesmo nossos pecados acontecem por meio da vontade de Deus. Esse
é o grande mistério da teologia, pois mesmo assim Deus não é o autor do
pecado, embora todo o pecado seja cometido sob a autoridade soberana de
Deus.

¹⁹ José, porém, lhes disse: "Não tenham medo. Estaria eu no lugar de


Deus?
²⁰ Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para
que hoje fosse preservada a vida de muitos.
Gênesis 50:19,20

Deus transformou a impiedade dos irmãos de José para o bem de todas as


nações do mundo.
Judas planejou com impiedade e ganância traição de Jesus, mas Deus
transformou em bem, pois isso resultou no cumprimento da profecia de que o
Messias teria que ser traído.

Creatio Ex Nihilo

1. Houve um princípio;
2. Há um Deus;
3. Há uma criação.

Ex nihilo nihil fit

Para que algo se crie, ele tem que existir e ao mesmo tempo não existir, o
que é algo que viola a própria lei da não contradição. Alguns vão dizer que
seria o acaso a força criadora do universo, mas o acaso não é algo, mas
apenas um conceito intelectual que descreve as possibilidades matemáticas.
Por isso afirmamos: “do nada, nada se cria”.

Ex nihilo

Deus é transcendente, ou seja, ele está acima do universo, referente a sua


natureza, caráter, ser eterno e dependência de toda a criação em relação a
ele. Deus é auto existente, ele sempre existiu e por isso ele é a explicação
para origem de todas as coisas, pois ele é o seu Criador. Do nada, Deus
trouxe à existência todas as coisas.

Imago dei

²⁶ Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a


nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves
do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os
pequenos animais que se movem rente ao chão".
Gênesis 1:26

O ser humano foi criado à imagem e semelhança do Senhor (que são duas
palavras que significam a mesma coisa). Mesmo depois da queda ainda
temos esse atributo dado por Deus, mesmo que ele esteja corrompido.

Essa imagem se refere principalmente ao julgamento moral que o homem


tem, nós não colocaremos hamster em um tribunal para julgá-los por terem
devorados seus filhotes que não podiam alimentar, fazemos esse julgamento
moral somente com o ser humano, que é o único que tem essa capacidade.

A natureza do pecado
Pecado é tudo aquilo na criatura que ofenda ou vá de contra o caráter santo
do Criador. É errar o alvo, que é a obediência à Palavra de Deus, mas além
de errar o alvo é acertar o lugar errado, nisso vemos toda corrupção e
maldade humana desde a queda.

Privatio e negatio

Privação é uma falta de algo. Em nossa presente realidade caída, estamos


privados da santidade e da justiça de Deus.
O mal é um sanguessuga que precisa de um hospedeiro para existir. E ele é
algo que estamos em profunda, íntima relação, totalmente envolvidos.

O pecado original

O pecado original se refere às consequências da queda: nossa natureza


pecaminosa e inimiga de Deus. Ele se refere à condição caída da
humanidade. Como punição por seus pecados, Deus entregou Adão e Eva e
todos os seus descendentes às suas inclinações ímpias.

Incapacidade moral

Adão e Eva foram criados com duas características: a primeira era sua
capacidade de pecar. Eles foram feitos bons por Deus, mas tinha a escolha
de pecar. Tanto que assim fizeram; a segunda era a sua capacidade de não
pecar, em consequência da primeira característica.
Agora, porém, após a queda nós somos incapazes de não pecar. Isso não
significa que não possamos praticar a lei de uma forma externa. Por exemplo,
as pessoas não roubam porque sabem que podem ser presas; outras
realizam grandes gestos de caridade para receberem aplausos dos homens,
ou seja, eles realizam essas obras pela motivação errada. Chamamos isso de
“virtude cívica”.
O que mostra que os homens pecam em seus atos, pois desobedecem o
maior mandamento: “Amarás ao teu Deus de toda tua alma, de toda tua força
e de todo o teu entendimento”. As pessoas não realizam essas boas obras
por amor a Deus.

O padrão de Deus
Ninguém consegue seguir o padrão que Deus exige, Jesus disse que
ninguém pode vir a ele sem que o Pai não tenha chamado, não porque Deus
quer distância, mas porque ninguém pode vir por vontade própria. Não
estamos doentes, estamos mortos em pecado.

Transmissão do pecado

Adão era nosso representante diante de Deus, assim como os políticos são
os representantes do povo. Poderíamos argumentar que Adão não foi
escolhido por nós ou que se fosse outro (até nós mesmos) teria sido
diferente. Mas temos que lembrar que não foram homens que falharam o
tempo todo ao escolher um representante político, mas o próprio Deus
escolheu Adão. Um Deus santo e sem nenhuma marca de injustiça.
Por isso que o pecado de Adão é imputado a nós, pois somos iguais a Adão.
Mas da mesma forma que Adão pecou e todos se tornaram pecadores, pelo
ato de justiça de Cristo todos os que creem podem ser salvos.

As alianças

Houveram muitas alianças ao longo da narrativa bíblica:

● Adâmica
● Noêmica
● Abraâmica
● Mosaica

Mas a aliança de Cristo é superior, pois nela Deus fez muito mais que falar
sua Palavra, ela encarnou.

Estrutura da aliança

1. Aliança da redenção

Deus fez uma aliança consigo mesmo. Um acordo pactual entre as três
pessoas da trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

● O Pai iniciou o plano de redenção;


● O Filho realizou a redenção por nós;
● O Espírito nos regenera e aponta para Cristo.

2. Aliança de obras e da graça

Na aliança de obras o destino da humanidade foi decidido com base em


desempenho, especificamente, com base na obediência de Adão e Eva.
A aliança da graça foi realizada por Jesus em nosso lugar.

Uma pessoa, duas naturezas

As duas naturezas não são mescladas de modo a produzir um semideus ou


uma divindade inferior. Cristo não deixou de lado qualquer atributo divino. Sua
natureza divina é imutável e eterna. Sua natureza humana é finita e restrita
ao espaço e ao tempo.
Sua encarnação é um mistério, assim como a trindade.

Os nomes de Cristo

Cristo

Cristo é um título, quando chamamos Jesus de Cristo estamos afirmando que


ele é o Messias.

Senhor

Kyrios. É o nome dado a Deus no antigo testamento “Adonai, o Senhor”.


Cristo é Adonai para a glória de Deus Pai.

Filho do homem

Filho do homem é uma pessoa celestial que desce à terra com autoridade
para julgar.

Expiação vicária
Remoção do pecado

No antigo testamento a remoção do pecado do povo era realizada por meio


de dois animais. O primeiro, um bode expiatório que “recebia” os pecados do
povo e levava para longe deles no deserto. O segundo, era o cordeiro que era
sacrificado no lugar do povo. Era como se Deus dissesse a eles: “seus
pecados devem ser punidos com morte, mas como eu não quero que vocês
morram aceitarei o sacrifício do cordeiro no lugar de vocês”.

⁴ pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados.


Hebreus 10:4

Temos que ter em mente que esses sacrifícios só tinham eficiência porque
apontavam para Cristo, eles sacrificavam os animais olhando para obra
perfeita do Cristo que haveria de vir.

O derramamento de sangue aqui é a vida da pessoa. Cristo morreu para


pagar nossa dívida de sangue.

Expiação e propiciação

Expiação é a remoção da culpa de alguém, o pecado do povo era transferido


para o bode e ele os levava para longe deles. Nossos pecados são
transferidos para nosso Cordeiro perfeito, Cristo.

⁴ Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si


levou as nossas doenças,
Isaías 53:4
Já a propiciação é quando a ira de Deus é apaziguada, quando sua justiça é
satisfeita. Deus ficou totalmente satisfeito com o sacrifício do nosso
substituto: Cristo. Ele satisfez a justiça de Deus de uma vez por todas na
cruz, não há mais condenação para os que creem em Cristo, pois ele pagou
nossa dívida!

Estrutura da aliança

As alianças têm seções duplas, elas trazem as obrigações que devemos


praticar e a punição pela desobediência. Nesta lógica, todos nós estamos
amaldiçoados por quebramos a aliança com o nosso Criador.
E maldição aqui não é uma magia, ser maldito para Deus é ser excluído de
sua presença e bênção. Por outro lado, ser bendito é estar perto dele e ter a
luz de sua presença.

Cristo nos livrou da maldição da lei se tornando maldição por nós.

¹⁰ Já os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição, pois está
escrito: "Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as
coisas escritas no livro da Lei".
Gálatas 3:10

¹³ Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em


nosso lugar
Gálatas 3:13

A extensão da expiação

² Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos


nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo.
1 João 2:2

Sim, os pecados de pessoas de todas as partes do mundo, que é maneira


que as Escrituras se referem ao mundo. Temos que lembrar que o contexto
da igreja primitiva era os dilemas dos gentios entrarem na família da fé e por
isso o foco dos apóstolos é anunciar que Jesus está salvando pessoas de
todas as nações da terra.
E também estaríamos afirmando que o sacrifício de Cristo não seria eficaz,
pois muitos nunca creram em seu ato de amor.
E eu acredito que a partir do momento que o homem tem a escolha de se
salvar ou não, a salvação deixa de ser um ato de Deus e passa a ser também
humano. Claro que as discussões sobre isso são muito mais complexas, mas
eu creio que sim, Cristo morreu pelos seus eleitos, pela graça.

O Espírito Santo no antigo testamento


O Espírito Santo é uma Pessoa divina. Ele tem vontade, conhecimento e
afeições — inclusive o dom criativo.
O universo é cosmo, não caos. Ele é ordem, não é caos. Essa diferença entre
a luz e as trevas em Gênesis 1. O Espírito Santo envolvia esse caos antes da
criação do universo, assim como a galinha envolve seus ovos a fim de
produzir vida, assim o Espírito produz vida a partir do nada.

Espírito de poder

A palavra Charisma está ligada à capacitação. Um exemplo disso é no antigo


testamento, o Espírito vinha sobre os juízes para lhes dar poder para realizar
as missões dadas por Deus. Assim também acontecia com os sacerdotes e
profetas. Mas Deus prometeu por meio do profeta Joel que um dia ele
enviaria o Espírito para habitar para sempre em seu povo e é isso que
aconteceu em pentecostes.

O Espírito Santo no novo testamento

O Espírito de vida

Jesus falou sobre nos dar vida em abundância, essa vida não é a vida
biológica, mas a vida espiritual que vem por meio do Espírito Santo. Todo
cristão é nascido de novo e regenerado pelo Espírito.

Nutridor santo

O Espírito não apenas nos ressuscita, mas santifica e finalmente glorifica. Ele
cria e sustenta a vida.
Ele estava na criação e está na nova criação; Ele nos dá a vida natural e a
vida espiritual; Está presente na santificação e na glorificação.

Mestre santo

O Espírito Santo é aquele que inspirou as Escrituras sagradas e também é


aquele que ilumina nossas mentes para entendermos e crermos no
evangelho, por isso que a mensagem da cruz é loucura para os que se
perdem, mas é o poder de Deus para nós que fomos regenerados pelo
Espírito.
O paracleto

Ele prometeu o Espírito Santo que será nosso advogado, atuando por nós
como ajudador permanente. Ele nos encorajará, defenderá e fortalecerá em
meio às batalhas. Esse é o sentido de consolador dado por Jesus, o Espírito
não é somente aquele que enxuga nossas lágrimas quando fracassamos,
mas é aquele que nos fortalece para enfrentar as dificuldades.

O batismo no Espírito Santo

Todo crente nascido de novo é batizado no Espírito Santo, não há um


intervalo de tempo entre a fé e o recebimento do Espírito, a fé do pecador
implica a regeneração do Espírito Santo.
E a evidência da habitação do Espírito não são os dons espirituais somente,
mas os frutos do Espírito.

Os dons do Espírito Santo

Um corpo, mas vários dons

²⁹ Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos


doutores? são todos operadores de milagres?
³⁰ Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam
todos?
1 Coríntios 12:29,30

A resposta para isso é “não”, pois Paulo constrói seu argumento no


fundamento de que mesmo sendo todos de um só corpo temos dons
diferentes para compor o ministério de Cristo na terra.

⁷ Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
⁸ Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro,
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
⁹ E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os
dons de curar;
¹⁰ E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o
dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro
a interpretação das línguas.
1 Coríntios 12:7-10

Ou seja, nem todos foram dotados do dom de línguas.

O dom de profecia

O apóstolo nos informa que o dom do amor é superior a todos os outros:

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;

Mas o que seria o dom da profecia? Segundo Paulo, ele seria a capacidade
de articular a verdade Deus. Um pastor pregando a Palavra e um cristão
individual dando testemunho de sua fé estão profetizando, mas não da
mesma forma que os profetas do antigo testamento ou os apóstolos no novo
testamento, pois não há novas revelações. A ênfase não está na previsão do
futuro, mas na exposição da verdade de Deus.

O dom de línguas

⁴ O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que


profetiza edifica a igreja.
1 Coríntios 14:4

Paulo quer mostrar que não há qualquer vantagem para o povo de Deus se o
conteúdo das línguas não é interpretado para as pessoas. Nesse versículos
ele não está dizendo que as línguas são más e a profecia é boa, o argumento
é na verdade a ideia de “bom e melhor”, pois falar em línguas edifica quem
fala, mas a profecia edifica quem escuta.

Os frutos do Espírito

“Por causa desta tendência para nos inclinarmos em direção ao que é


empolgante, tendemos a focalizar-nos mais nos dons do Espírito do que no
fruto do Espírito.” R. C. Sproul.

Nós não seremos julgados por nossos dons, mas pelos nossos frutos.
Mansidão

Uma pessoa mansa não é alguém fraco, mas é alguém que restringe o uso
da força.
Porém isso não significa que somos mansos com todos ou em todas as
situações, pois Jesus foi forte contra os fortes, firme contra os poderosos,
mas gentil e manso com os fracos.
Mansidão é saber moderar a sua força.

Alegria

A alegria de Deus não impede a tristeza ou a experiência de sofrimento e


aflição. Podemos sim perder pessoas, sofrer com doenças e dificuldades,
mas o foco da Palavra de Deus é nos mostrar que o motivo da nossa alegria
está baseado no fato de que a perda de um ente querido, doenças e as
dificuldades nunca farão com que nós percamos nossa salvação em Cristo
Jesus.

Longanimidade

Temos que ser como Senhor: tardio para se irar.

Os milagres são para hoje?

Definição de milagres

Alguns vão dizer que o nascimento de um bebê é um milagre (mas isso é


algo comum, todos os dias milhões acontecem pelo mundo) ou que a cura de
uma doença que foi tratada com medicações é um milagre, mas não é bem
isso.
Milagres são manifestações do poder divino, atos que desafiam as leis
naturais.

O propósito dos milagres

O milagre aponta para algo superior a ele mesmo, pois Deus confirma a
verdade de sua Palavra por meio deles
Eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa”. 12 Ele se
levantou, pegou a maca e saiu à vista de todos, que, atônitos,
glorificaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada igual!”

Milagres hoje?

Milagre no sentido amplo se refere à atividade sobrenatural de Deus na vida


de seu povo — suas respostas às orações, o derramamento de seu Espírito e
a transformação de nossa alma. Certamente, estas coisas acontecem nos
dias de hoje.

Satanás e milagres

Afirmar que o Diabo é capaz de realizar milagres iguais a Deus é sem sentido
e sem lógica, pois quem poderá garantir que a ressurreição de Cristo e seus
milagres não foram obras malignas assim como afirmaram os fariseus? Os
famosos mágicos não eram feiticeiros, mas ilusionistas.

Graça

Pela lógica da salvação, Deus nos salva dele mesmo, em um sentido mais
amplo, somos salvos de encará-lo em sua ira no dia do juízo. Deus é ao
mesmo tempo nosso salvador e de quem somos salvos.
Teologia é graça, do começo ao fim é a graça, a salvação é do Senhor.

Graça definida

Justiça é algo que merecemos ou ganhamos por nossas obras, ela está
totalmente relacionada com o mérito. A graça é imerecida.
Deus não tem nenhuma obrigação para com o homem, ele não tem que
salvá-lo e abençoá-lo, pois ele é pecador, por isso não podemos adotar uma
postura de exigir de Deus condições financeiras boas ou coisas que
queremos, ele não tem que nos dar nada, apenas a condenação.

Graça comum
A graça comum é a misericórdia e bondade de Deus derramada sobre todas
as pessoas do planeta.

⁴⁵ para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus.
Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre
justos e injustos.
Mateus 5:45

O cristãos são chamados a serem iguais a Deus, portanto, também temos


que agir de acordo com a graça comum. Nós cristãos também somos
chamados para nos preocuparmos com o bem-estar mundial. Devemos nos
preocupar com pobreza, fome e com o suprimento das necessidades básicas
da vida, além da evangelização.
Francis Schaeffer, certa vez, disse que nas questões de graça comum os
cristãos devem se aliar com outros grupos, marchar em favor dos direitos dos
bebês não nascidos, contra o racismo e o preconceito. Mas não irei para um
culto satanista ou orarei com um muçulmano, pois isso abrange a graça
especial.

Graça especial

Temos que diferenciar o amor de benevolência de Deus e seu amor de


complacência.

O amor de complacência de Deus tem a ver com o seu amor redentor


focalizado em seu Filho amado, que transborda para os que o seguem.

Eleição e reprovação

César decretou que as pessoas deveriam se registrar em suas cidades de


nascimento, o que acabou resultando no nascimento de Jesus em Belém,
mas antes mesmo de César nascer, Deus decretou que o Messias nasceria
em Belém.

Predestinação

⁴ Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para


sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.
⁵ Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio
de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade,
Efésios 1:4,5

Na visão da presciência, Deus não foi ativo na predestinação, ele apenas


olhou pelos corredores do tempo e viu quem acreditaria nele, mas vemos ao
longo das escrituras que ele nos amou primeiro e só assim pudemos amá-lo.
Deus faz o que faz para a sua glória. E ele não faz uma escolha má ou
qualquer coisa injusta, é por isso que Paulo louva a Deus pela eleição.

A misericórdia de Deus

¹¹ Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa


boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição
permanecesse,
¹² não por obras, mas por aquele que chama — foi dito a ela: "O mais
velho servirá ao mais novo"
Romanos 9:11,12

Tanto a injustiça quanto a misericórdia estão fora da justiça de Deus, apesar


da injustiça ser má e a misericórdia ser boa.
Quando Deus decidiu escolher alguns entre uma raça inteira de seres
malignos para serem salvos ele não agiu com injustiça, no exemplo de Jacó e
Esaú ele tratou Esaú com justiça e Jacó com misericórdia. Deus nunca pune
inocentes, mas redime culpados. A eleição está baseada unicamente na
vontade soberana de Deus.

Chamada eficaz

Monergismo, não sinergismo

Monergismo, ao contrário do sinergismo declara que Deus muda sozinho o


coração do homem. Nós éramos mortos antes de sermos salvos por Cristo,
por isso não podíamos fazer nada para sermos salvos, mortos não tomam
decisões, não andam, não agem.

Dupla predestinação
Somos justificados pela fé, mas até a fé que temos não é algo que
produzimos, mas é um dom de Deus. Podemos apresentar o evangelho;
podemos argumentar em favor do evangelho e tentar sermos convincentes.
Mas somente Deus pode mudar o coração. A regeneração do Espírito Santo
vem antes da fé, pois o Ele regenera o pecador para que ele possa responder
com fé e arrependimento ao chamado do evangelho.

Então Deus crê por nós? Não! Escolhemos Cristo? Sim! Pois nossa vontade
é mudada por Deus para que possamos, por meio dele, amar seu Filho.
Ninguém vem a Cristo sem a graça especial de Deus.

Justificação somente pela fé

¹⁶ sabemos que o ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante


a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para
sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da lei, porque
pela prática da lei ninguém será justificado. (Gálatas 2:16)

A justificação só ocorre quando Deus, que é o juiz, declara alguém justo


diante dele. Nós somos justos por virtude da obra de Cristo, mas ainda não
fomos aperfeiçoados, por isso, ainda pecamos. Somos justos diante de Deus,
pois ele imputou sua justiça em nós por meio de Cristo.

O mérito de Cristo é transferido para nós que cremos nele. Não apenas sua
morte nos justifica, mas sua vida também, pois ele cumpriu a Lei em nosso
lugar.

Fé salvadora

Justificação é somente pela fé, mas uma “fé viva”, ou seja, uma fé genuína
vai ser comprovada por meio de frutos. Esses são os elementos necessários
da fé:

1. O conhecimento do conteúdo da fé
2. Convicção que o conteúdo é verdadeiro
3. Confiança e dependência pessoal em Cristo
Os frutos da fé

1. Arrependimento
Não podemos ter afeição por Cristo enquanto não reconhecemos ou
admitimos que somos pecadores e necessitamos desesperadamente da obra
de Cristo.

2. Adoção
Quando Deus nos declara justos diante de Deus ele nos adota em sua
família, nós somos naturalmente filhos da ira, mas por meio de Cristo nos
tornamos filhos de Deus.

3. Paz
Deus declara paz entre nós e ele por meio do sacrifício de Jesus, uma paz
que nunca mais poderá ser quebrada.

4. Acesso a Deus
Não mais um véu que nos separa do Senhor, temos a certeza de que nossas
orações adentram a sala real do trono de Deus, pois temos um
sumo-sacerdote eterno que intercede por nós.

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