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ITADMI – Instituto Teológico da Assembleia de Deus de Missões

ITADMI
Instituto Teológico da Assembleia de Deus de Missões
Presidente: Pr. Tugval Gomes
Diretor: Pr. Assis Alcântara
itadmi@ieadmi.com.br

Fones: (91) 9 9312-1501 / (91) 9 8343-4773

CURSO:
BÁSICO EM TEOLOGIA

DISCIPLINAS:
BIBLIOLOGÍA E SOTERIOLOGÍA

PROFESSOR: ______________________________________________________

ALUNO: ___________________________________________________________

_______________, ___/___/2022

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BIBLIOLOGÍA

INTRODUÇ Ã O
O conhecimento leigo da Bíblia Sagrada pressupõe uma leitura devocional e puramente
espiritual da Palavra de Deus. Essa leitura é importante na medida em que serve como ajuda e
suporte para o cristã o em momentos difíceis, bem como para aprofundamento de sua comunhã o
com o Senhor. Entretanto o estudante da Palavra de Deus deve prosseguir em outros níveis de
leitura e estudo da Bíblia, conhecendo e compreendendo os ambientes físico, cultural, histórico e
religioso nos quais o texto sagrado foi produzido.
A matéria “Bibliología”, ou Introduçã o Bíblica, é a disciplina que se preocupa com o estudo dos
ambientes em que a Bíblia foi produzida considerando sua história, sua estrutura forma de
escrita e etc. e prepara o estudante para o aprofundamento dos temas que aborda em matérias
especificas tais como o Antigo Testamento, e o Novo Testamento.

I. O QUE É A BÍBLIA?
A resposta canônica mais curta é: a bíblia é a revelaçã o de Deus ao homem. Se Deus nã o
tivesse se dado a conhecer, nós jamais o conheceríamos. Revelaçã o é, portanto, o processo
pelo qual Deus se mostra e se comunica ao Homem.
A possibilidade do estudo do Deus verdadeiro se deve ao fato dEle ter permitido que os homens
o conheçam. Esta possibilidade do conhecimento, do caráter, vontade, desígnios e verdade de
Deus se chama Revelaçã o. O propósito de Deus ter-se revelado ao homem foi que o Homem O
conheça, e aceite o plano dEle para sua vida, a Revelaçã o Especial que é Jesus Cristo. Se Deus
nã o tomasse a iniciativa de se revelar ou manifestar ao homem, a criatura jamais conheceria seu
criador, e andaria eternamente longe e perdido dEle. A Revelaçã o, no entanto, pode ser tanto
“geral” como “especial”.

II - A REVELAÇÃ O DE DEUS E SUAS DIVISÕ ES


2.1 - REVELAÇÃ O GERAL
‘É a Revelação de alguns atributos de Deus ao Homem de formas naturais ou não, e que não
possui diretamente o caráter salvífico em si, ou seja, que nã o salva o homem.
• A Revelaçã o Geral mostra a solidã o em que o homem se encontra e a necessidade de uma
busca ‘especial’ do plano de salvação que Deus elaborou, e também da sua verdade e vontade.
• A Revelaçã o Geral é comunicada a todo homem inteligente, por meio de fenômenos
Naturais e nã o naturais, no decorrer da história, e na consciê ncia do homem.

a) Natureza
Muitos homens extraordinários apontam o universo como uma manifestaçã o do poder, glória e
divindade de Deus. A perfeiçã o da natureza deixa o homem sem desculpas para buscar uma
revelação mais ‘especial’ do criador. “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento
anuncia as obras das suas mãos”. Salmo 19:

b) História
Impérios nasceram e desapareceram; nações, povos e reinos passaram pela história, e nela
também Deus tem se manifestado com justiça. Na história o sistema cristã o encontra uma
revelaçã o do poder, da soberania e da providê ncia de Deus. “Por que não é do Oriente, não é
do Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio. Deus é o Juiz: a um abate, a outro exalta”.
Salmo 75: 6 – 7 “...de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da
terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação;
para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe
de cada um de nós” Atos 17: 26 – 27

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c) Consciência.
A consciê ncia humana nã o inventa coisas; e sim, atua com base num padrã o (certo X errado).
Essa ciê ncia revela o fato de que há uma Lei absoluta no universo, e que há um Legislador
Supremo que baseia esta Lei em sua própria pessoa e caráter. “... os gentios (...) não tendo
leis servem eles de leis para si mesmos; eles mostram a norma da lei gravada nos seus
corações, testemunhando-lhes também a consciência, e seus pensamentos mutuamente
acusando-se ou defendendo-se” Romanos 2: 14 – 15

2.2 - REVELAÇÃ O ESPECIAL


É a Revelação da pessoa de Deus em Jesus Cristo, com o objetivo ‘especial’ de dar ao homem
o único meio para sua salvação. A Revelação Especial é encontrada nas “Escrituras” e em
“Jesus Cristo”.

a) Jesus Cristo (palavra viva, o verbo que se fez carne)


Usamos aqui ‘Jesus Cristo’ para descrever o centro da história e da Revelação... Ele é a melhor
prova da existê ncia de Deus, pois Ele viveu a vida de Deus entre os homens. “Havendo Deus,
outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo
qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressã o exata do seu
Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feitoa
purificaçã o dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” Hebreus 1: 1. 3.
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus
ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz” Isaías 9: 6 “Disse-lhes Jesus: (...) Quem me vê a mim, vê o Pai...” Joã o
14:9

b) Escrituras (Palavra escrita)


Usamos aqui ‘Escrituras’ para descrever a Revelaçã o mais clara e infalível na comunicaçã o de
Deus ao Homem. Ela descreve o relacionamento de Deus com a sua criatura e a sua iniciativa
em revelar ao homem seu caráter, natureza e vontade.

“Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras.” 1 Coríntios 15: 3 – 4
A Revelaçã o de Deus teve entã o uma incorporaçã o por escrito na Bíblia. Ela é a base do
cristianismo e de todas as suas doutrinas. Portanto é a fonte suprema para a Teologia. Por isso
é muito importante um conceito certo e sua interpretaçã o exata e correta. A Revelaçã o Bíblica é
Deus tornando conhecidos os Seus pensamentos, Suas intenções, Seus desígnios, Seus
mistérios (Is. 55:8-9, Rm.11:33-34, Ap.1:1). A Bíblia é a mensagem de Deus em palavras
humanas. Etimologicamente, revelaçã o vem do latim revelo, que significa descobrir, desvendar,
levantar o véu. Revelaçã o significa, portanto, descobrimento, manifestaçã o de algo que está
escondido. Revelaçã o é o ato pelo qual Deus torna conhecido um propósito ou uma verdade.
Por exemplo: Simeã o disse: “...luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de
Israel” (Lc 2.32) Paulo disse: “Faço -vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim
anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem
algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” E ainda: “..pois, segundo uma revelação,
me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente” (Ef 3:3 e Gl
1:11,12) Revelaçã o é, também a explicaçã o ou apresentaçã o de verdades divinas O Salmista
disse: “A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples” (119.130) Paulo
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que
Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito;
porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”
(1Co.2:10).

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III - PROVAS DA REVELAÇ Ã O BIBLICA


3.1 - A Indestrutibilidade da Bíblia:
Uma porcentagem muito pequena de livros sobrevive além de um quarto de século, e uma
porcentagem ainda menor dura um século, e uma porçã o quase insignificante dura mil anos. A
Bíblia, porém, tem sobrevivido em circunstâncias adversas por mais de trê s milê nios. Em 303
d.C. o imperador Diocleciano decretou que todos os exemplares das Sagradas Escrituras
fossem queimados em praça pública. “As cinzas daquele crime tornaram-se o combustível da
divulgaçã o” (Agnaldo). A Bíblia já foi traduzida para mais de mil idiomas e dialetos, e ainda
continua sendo o livro mais lido do mundo.

3.2 - A Natureza da Bíblia:


a) Ela é superior: Ela é superior a qualquer outro livro do mundo. O mundo, com sua sabedoria
e vasto acúmulo de conhecimento nunca foi capaz de produzir um livro que chegue perto de se
comparar a Bíblia.
b) É um livro honesto: Pois revela fatos sobre a corrupçã o humana, fatos que a natureza
humana teria interesse em acobertar.
c) É um livro harmonioso: Pois embora tenha sido escrito por uns quarenta escritores
diferentes, por um período de 1.600 anos, ela revela ser um livro único que expressa um só
sistema doutrinário e um só padrã o moral, coerentes e sem contradições.

3.3 - A Influência da Bíblia: A Bíblia tem produzido altos resultados em todas as esferas da
vida: na arte, na arquitetura, na literatura, na música, na política, na ciê ncia e, principalmente na
transformaçã o do homem.

3.4 - Argumento da Experiência:


O homem é incapaz por sua própria força descobrir....
1. Que Precisa ser salvo;
2. Que Pode ser salvo;
3. Como pode ser salvo;
4. Se há salvaçã o.
Somente a revelaçã o pode desvendar estes mistérios eternos. A experiê ncia do homem tem
demonstrado que a tendê ncia da natureza humana é degenerar-se, e seu caminho ascendente
se sustenta unicamente quando é voltado para cima em comunicaçã o direta com a revelaçã o de
Deus.

3.5 - Argumento da Profecia Cumprida:


Mais de 300 profecias a respeito de Cristo registradas nas Escrituras, já se cumpriram
integralmente. E dentre essas profecias, a mais próxima do nascimento de Cristo foi
pronunciada 396 anos antes de seu cumprimento. Além disso, as profecias a respeito da
dispersã o de Israel também, se cumpriram (Dt.28; Jr.15:4;l6:13; Os.3:4 etc); da conquista de
Samaria e preservaçã o de Judá (Is.7:6-8; Os.1:6,7; 1Rs.14:15); do cativeiro babilônico sobre
Judá e Jerusalém (Is.39:6; Jr.25:9-12); sobre a destruiçã o final de Samaria (Mq 1:6-9); sobre a
restauraçã o de Jerusalém (Jr.29:10- 14), etc.

3.6 - Reivindicações da Própria Escritura:


A própria Bíblia expressa sua infalibilidade, reivindicando autoridade. Nenhum outro livro ousa
fazê -lo. Encontramos essa reivindicaçã o nas seguintes expressões: "Disse o Senhor a Moisés"
(Ex.14:1,15,26; 16:4; 25:1; Lv.1:1; 4:1;11:1; Nm.4:1;13:1; Dt.32:48) "O Senhor é quem fala"
(Is.1:2); "Disse o Senhor a Isaías" (Is.7:3); "Assim diz o Senhor" (Is.43:1).

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Outras expressões semelhantes sã o encontradas: "Palavra que veio a Jeremias da parte do


Senhor" (Jr.11:1); "Veio expressamente a Palavra do Senhor a Ezequiel" (Ez.1:3); "Palavra
do Senhor que foi dirigida a Oséias" (Os.1:1); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Joel"
(Jl.1:1), etc. Expressões como estas sã o encontradas mais de 3.800 vezes no Antigo
Testamento. Portanto o A.T. afirma ser a revelaçã o de Deus, e essa mesma reivindicaçã o faz o
Novo Testamento: “Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a
Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes
nã o como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com
efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes” (1Ts.2:13); “Aquele que crê no
Filho de Deus tem, em si, o testemunho. “Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso,
porque nã o crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho” (1Jo.5:10).
A Bíblia é a revelaçã o escrita de Deus e, como tal, abrange importantes aspectos:
a) Ela é variada: Variada em seus temas, pois abrange aquilo que é doutrinário,
devocional, histórico, profético e prático.
b) Ela é parcial: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as
reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre...” (Dt.29:29).
c) Ela é completa: Naquilo que já foi revelado (Cl. 2: 9,10);
d) Ela é progressiva: (Mc. 4: 28).
e) Ela é definitiva: (Jd.3).

IV - NOMES CANÔNICOS QUE A BÍBLIA DÁ A SíMESMO


• Sagradas Escrituras Mt. 21.42; Rm. 1.2
• O livro do senhor Is. 34.16
• A palavra de Deus Mc. 7.13; Hb. 4.12.
• Oráculos de Deus Rm. 3. 2

V - A HISTÓ RIA DA BIBLIA

5.1 - Materiais Originais Usados na Escrita


a) Papiro: Uma planta aquática que se desenvolve nas margens dos rios e lagos (Ex.2.3;
Js.18.2) É de onde se deriva o termo papel; o seu uso é de aproximadamente 3.000 antes de
cristo, no Egito.
b) Pergaminho: Pele de animais, curtida, pronta para a escrita. O seu uso é mais recente, data-
se do I século da Era de Cristo na Ásia Menor (IITm 4:13). O Antigo Testamento foi escrito em
papiro; o Novo Testamento em pergaminho.

5.2 – Formatos Primitivos da Bíblia:


a) Rolo: O rolo era, de fato um rolo, feito de papiro ou pergaminho. Era preso a dois cabos de
madeira para facilidade de manuseio. Cada livro da Bíblia era um rolo separado. Naquele tempo
ninguém podia conduzir pessoalmente a Bíblia como fazemos hoje.
b) Códice: Era uma obra no formato de livro de grandes proporções. Nosso vocábulo Livro vem
do latim líber, que significou primeiramente casca de árvore, depois livro.

VI - AS LINGUAS ORIGINAIS EM QUE A BIBLIA FOI ESCRITA


O estudo das línguas bíblicas é de vital importância para o trabalho de interpretaçã o da palavra
de Deus. Movimentos religiosos causam muitas vezes, distorções do texto sagrado por falta de
conhecimento adequado da língua e dos seus indiomatismos. Compreender uma língua significa
entender primeiro o que os seus símbolos representam para a comunidade que produziu o texto.
E a que recebeu. As versões bíblicas sempre tentam atualizar os códigos antigos decodificando
a mensagem nos termos de nossa língua, que sempre está em processos de mudanças. A
seguir apresentamos um quadro com as disposições das línguas bíblicas:

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• HEBRAICO
Conhecido como “língua de Canaã” (Is. 19: 18), ou seja, a língua dos fenícios, adotada pelos
clã s israelitas quando entraram em Canaã . Esse idioma era falado em toda a Costa do
Mediterrâneo e foi conhecido por volta do oitavo século (a.C.) como “língua judaica” (II Rs.
18:26). O uso da língua dos fenícios pelos hebreus é a que a tornou conhecida pelo nome de
“hebraico”. Segundo Diego Arenhoevel, a língua original dos patriarcas hebreus foi o aramaico,
perdido pelo processo de aculturaçã o;

O hebraico foi falado como língua corrente até o período do exílio babilônico (Séc. VI a.C.)
quando por influencia dos babilônicos e depois dos persas, passou a vigorar dialeto do aramaico
no dia-a-dia dos novos judeus. A partir do desuso o hebraico tornou-se uma língua “santa” e
reservada ao conhecimento de uns poucos estudiosos e teólogos de entã o, principalmente os
escribas, também chamados de copistas e sacerdotes. Nesta língua foi escrito todo o Antigo
Testamento com algumas raras exceções: uma palavra designando nome de lugar em Gê nesis
31.47; um versículo em Jeremias 10.11; cerca de seis capítulos em Esdras (4.8; 6.18; 7.12-26).

• ARAMAICO
Desde o fim do segundo milê nio a C. formaram-se vários estados arameus de vários tamanhos
na Síria e na Mesopotâmia. O comércio entre o Mediterrâneo e a Mesopotâmia favoreceu a
propagaçã o da língua que se tornou internacional para os comerciantes e diplomatas. O
aramaico foi a língua falada em todo o império persa. Outros dialetos seus, vigoraram: na Síria,
siríaco; na Babilônia, o caldaico; e na Palestina, o aramaico propriamente dito. Ao chegarem á
Palestina, os patriarcas falavam o aramaico (Dt. 26:5). Após a assimilaçã o da língua fenícia
(hebraico) durante o período de permanê ncia na terra cultivada, os judeus retomaram a língua
aramaica, em virtude da experiê ncia do exílio babilônico e da influê ncia cultural recebida do
império persa, (a partir de 600 a C.). Isto explica os aramaismos existentes nos livros escritos a
partir do pós-exílio, e até mesmo nos evangelhos: Ex: “Thalita Cumi (“Menina levanta-te”), em
Marcos 5.41; Ephphatha (“Abre-te”), em Marcos 7.34; “Eli, Eli Lama Sabachthani (“Deus meu,
Deus meu, porque me desamparaste?), em Mateus 27.46. Jesus se dirigia habitualmente a
Deus como Abba (aramaico “Pai”). Note a influência disto em Romanos 8.15 e Gálatas 4.6.
Outra frase comum dos primeiros cristãos era Maranatha (“Vem, nosso Senhor”), em I Coríntios
16.22 O aramaico foi falado por Jesus, pelos apóstolos e pela igreja de Jerusalém, ao lado do
grego. Convém observar que o texto de At. 21: 40 afirma que Paulo falou em “língua hebraica”
para o povo de Jerusalém. O hebraico bíblico ficou restrito ao culto nas sinagogas e escolas
rabínicas.

• GREGO
O grego bíblico nã o é o grego clássico falado pelos filósofos antigos, antes é um dialeto
helenístico chamado de “Koiné”. Este grego foi introduzido e propagado no império de Alexandre
Magno e falado, desde o Sec. IV A C. em todo o Oriente próximo, no Egito e na Itália. É
importante salientar que a primeira traduçã o do texto do antigo testamento foi feita para o grego
no Egito por volta de 285 a.C. Essa traduçã o ficou conhecida pelo nome de Septuaginta (LXX)
Apesar de Jesus falar aramaico, o Novo Testamento foi escrito em grego. A mã o de Deus pode
ser vista nisto, porque o grego era o idioma internacional de século I, tornando possível a
divulgaçã o do evangelho através de todo o mundo entã o conhecido.

6.1 – Escritores e Tempo de Escrita


A composiçã o do livro se deu por, aproximadamente, 40 homens os quais Deus na sua infinita
ciê ncia, inspirou-os para que a escrevesse. Muitos deles viveram em lugares, tempo e
continentes diferentes; pertenceram às mais variadas atividades profissionais e estiveram em
diferentes situações ao escreverem. Desde o primeiro ao último escritor registrado levaram,
aproximadamente, 1600 anos; eis aí um agrupamento, até hoje, tido como “Milagre de Deus”;
isso prova, portanto, que um só é o autor da Bíblia, DEUS!

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VII - HISTÓ RIA DA ESCRITA


A escrita é o divisor de águas entre o mundo pré-histórico e o mundo histórico. á cerca de 6000
anos tem início a História (do ponto de vista disciplinar) com a produçã o da escrita que, no
princípio, se constituía de desenhos e formas estilizadas. No Egito, por volta de 3000 anos antes
de Cristo surgiram os hieróglifos, pequenos desenhos que transmitiam idéias. Pouco depois
surgiu a escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Cuneiforme porque os sinais eram feitos com
cunhas marcadas em tabuinhas de argila. Por volta de 1500 anos antes de Cristo surge o
alfabeto, herança dos antigos fenícios: um símbolo para cada consoante (nã o existiam vogais).
Surge o alfabeto hebraico com 22 letras consoantes. E, mais tarde, o alfabeto grego, com 24
consoantes e vogais. Que materiais os antigos utilizavam para a produçã o escriturística? Como
já foi sinalizado, na Mesopotâmia eram utilizadas tabuinhas de argila, também conhecidas como
“pedras” e no Egito era utilizado o papiro, o resultado da sobreposição de tiras resinosas
extraídas da medula da planta do mesmo nome, muito comum nas margens do rio Nilo. O
pergaminho, cujo nome vem da cidade de Pérgamo (centro produtor de peles de animais), era
mais resistente por ser couro e vinha sendo utilizado desde o quinto século antes de Cristo. A
maior parte dos manuscritos do Mar Morto foi feita em pergaminhos. Já o papel era
desconhecido dos escritores bíblicos, mas bastante utilizado pelos chineses desde 600 a.C. O
papel só chegou no Ocidente (Europa) por volta de 750 d.C. Papiros e pergaminhos eram
enrolados de tal forma a produzir o livro antigo, chamado de “rolo” (Zc.5:1 e Ap.5:1”). Por isso,
“abrir um livro” significava “desenrolar o rolo” (Lc.4:17). Alguns rolos eram escritos por dentro e
por fora e, quando a escrita ficava fraca por causa do tempo do manuscrito, os escribas tinham
por costume, reescrever por cima das letras, ou para reacendê -las, ou para escrever um outro
manuscrito. Geralmente os rolos eram guardados em vasos ou potes de terracota. Por volta do
Séc.II d.C., surge o predecessor do livro moderno propriamente dito, ou seja, páginas formando
o códex ou códice. Percebe-se assim que tudo era escrito à mã o; as primeiras palavras
impressas surgiram no início do Séc.XVI. Eis aqui a complexidade do estudo da transmissã o do
texto da Bíblia, produzido de mã o em mã o, suscetível a erros de copistas humanos e a
acréscimos pessoais. Mas Deus sempre garantiu a integridade do texto bíblico.

7.1 - A ORIGEM DO TERMO: “BÍBLIA”


O nome da Bíblia nã o consta no seu conteúdo, apenas na capa, foi primeiramente aplicado a
este livro por Joã o Crisóstomo, patriarca de Constantinopla (século IV d.C). O termo significa,
etimologicamente, coleçã o de livros pequenos.

Formaçã o do Termo:
• Biblos (Grego): este termo era aplicado à folha de papiro, preparado para escrita.
• Biblion: era o nome de um pequeno rolo Lc. 4.17; Jo. 20:30.
• Bíblia: é o plural de Biblion, isto é, vários livros pequenos (Jo. 21.25; II Tm 4.13; Ap. 20.12).

7.2 - COPIAS DOS MANUSCRITOS ORIGINAIS

• Nã o conhecemos nenhum dos manuscritos originais por razões variadas:


• Fugir da idolatria;
• Judeus costumavam enterrar os escritos antigos;
• Reis idólatras e ímpios destruíram muitos livros (Jr. 36.20-26).
• Antíoco Epífanes, rei da Síria, (175 – 164 a.C). Decidiu exterminara religiã o judaica e em
168 destruiu muitas cópias das escrituras.
• Diocleciano (284 – 305 d.C) em sua devastadora perseguiçã o aos cristã os destruiu todas
as escrituras que encontrou pela frente, no período de 10 anos.
O que conhecemos hoje sã o cópias dos manuscritos originais; dessas existem muitas, citamos
as mais trê s mais famosas:

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1. OMS – Alexandrino: Museu de Londres;


2. OMS – Sinaítico: Museu de Londres;
3. OMS – Vaticano: Roma

VIII. TRADUÇOES MAIS FAMOSAS DA BÍBLIA:

Foram várias as traduções da Bíblia no decorrer dos tempos, mas tratamos das mais famosas:

8.1 - SEPTUAGINTA (LXX) ou VERSÃ O DOS SETENTA


Até onde se tem notícia é a primeira traduçã o de um texto bíblico, a saber, a traduçã o do Antigo
Testamento hebraico para a língua grega foi feita em Alexandria, no Egito, por volta de 285 a.C.
Segundo a carta de Aristeu, essa traduçã o foi feita sob solicitaçã o do Rei Ptolomeu Philadelphus
II ao sumo sacerdote Eleazar. Ptolomeu II pretendia atender aos judeus de Alexandria de fala
grega, que nã o conheciam o hebraico ou, segundo uma idéia muito forte, visava o
engrandecimento da biblioteca de Alexandria. Eleazar teria resistido em princípio, mas depois
enviou seis escribas de cada tribo israelita (6 x 12 = 72). Por isso, o nome é uma referê ncia aos
“setenta e dois” sábios judeus que, de acordo com Aristeu, realizaram cada um, traduções
independentes, durante setenta e dois dias, combinando-as no final. Além de ter sido utilizada
pelo Apóstolo Paulo, a LXX - Esta serviu de base para as principais versões saxônicas, inglesas
e portuguesas.
Como para a maioria das traduções bíblicas que surgiram a partir de entã o. E teve um papel
muito importante para o estudo e divulgaçã o do Antigo Testamento em outras línguas, já que os
textos hebraicos apresentam grande dificuldade de compreensã o.

8.2 - VULGATA LATINA


O latim assumiu o papel de língua popular imposta pelos soldados nas conquistas romanas,
motivo pelo qual a Bíblia latina recebeu o nome de Vulgata. Foi traduzida por Sã o Jerônimo,
erudito da igreja de Roma. Esta traduçã o foi feita em Belém, Palestina, por volta de 391 a 405
d.C. No final do Séc. IV d.C. havia uma boa quantidade de traduções bíblicas para o latim. Esses
textos existiam desde o Sec.II d.C e geralmente criavam muita confusã o em virtude de conterem
muitas divergê ncias entre si. Por isso, o bispo de Roma Damasius I solicitou a um erudito
chamado Jerônimo para que fizesse uma revisã o do Novo Testamento. Ao terminar essa
primeira parte, Jerônimo trabalhou na traduçã o do Antigo Testamento para o

latim com base no texto da Septuaginta. A Igreja considerou a Vulgata intocável, a ponto de nã o
permitir qualquer outra traduçã o que nã o fosse a Vulgata Latina, consideraram-na uma versã o
“sagrada”. Portanto todo o trabalho foi feito do hebraico para o latim. Oficializada e popularizada
a partir do Concílio de Trento em 1546 d.C.

8.3 - KING JAMES (ou versão do Rei Tiago) – A versã o mais famosa feita para o inglê s foi a
chamada “King James”, autorizada em 1604 pelo rei da Inglaterra para revisar as traduções
inglesas existentes. O trabalho foi realizado por 50 eruditos e concluído em 1611. Essa traduçã o
continha notas textuais para combater o calvinismo da Bíblia de Genebra. A versã o é tida como
um tesouro da língua inglesa por causa da beleza e graça de sua traduçã o. Os termos de
tratamento para Deus sã o preferencialmente termos majestosos. Fato importante é que a “King
James” foi e ainda é tratada como inspirada, tal qual a Vulgata.

8.4 - TRADUÇÃ O DE JOÃ O FERREIRA DE ALMEIDA


A primeira traduçã o completa da Bíblia para a língua portuguesa é resultado do trabalho de um
pastor portuguê s protestante, chamado Joã o Ferreira de Almeida. Nascido em Portugal em
1628, tornou-se pastor em 1645. Foi enviado como missionário entre os povos de fala
portuguesa na Indonésia. Em 1681 concluiu a primeira ediçã o do Novo Testamento. Morreu em
1691, tendo traduzido o Antigo Testamento até o Capítulo 48 de Ezequiel.

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A partir daí, discípulos seus, missionários da Liga Holandesa de Missões, se encarregaram de


completar a obra, a qual foi concluída entre 1748 e 1753 na Batávia, atual Ilha de Java
(Indonésia). Essa traduçã o nã o continha os livros Apócrifos. A partir daímuitas revisões tê m sido
feitas ao texto original de Almeida em virtude do dinamismo que permeia o desenvolvimento da
língua. Em 1898 foi feita uma traduçã o revisã o revisada e corrigida (R.C.) na qual foi incluída em
Ap.22:14 a expressão “no sangue do cordeiro” para harmonizar com Ap.7:14. Depois surgiram
as mais significativas revisões de Almeida: a R.A (Revista e Atualizada), em 1959, tirava os
lusitanismos da R.C. de 1898, adotando os novos textos originais disponíveis, fruto de
descobertas arqueológicas. Mais tarde, em 1995, uma outra revisã o corrigida (R.C.) foi feita,
tirando algumas expressões difíceis de serem lidas em público. Por exemplo, a substituiçã o, em
At.28: 5 do termo “bicha” por “cobra”.

8.5 - TRADUÇÃ O DE ANTÔNIO PEREIRA DE FIGUEIREDO


É obra do padre portuguê s do mesmo nome do qual traduziu a Bíblia, tomando como base a
Vulgata. A primeira traduçã o culminou na publicaçã o do Novo Testamento em 1778. O Antigo
Testamento foi concluído em 1821. Continha os “Apócrifos “. O fato curioso é que numa nova
edição preparada por Bagster (editor inglês de Bíblias) em 1828 foram eliminados os “Apócrifos”.
Em 1842 a rainha de Portugal, D. Maria II, aprovou o trabalho de Bagster.

8.6 - A BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE (B.L.H.)


Traduçã o empreendida pela Sociedade Bíblica do Brasil, a qual publicou o Novo Testamento em
1973 e a Bíblia completa em 1988. A proposta deste texto é a comunicaçã o ao leitor da Bíblia
em linguagem popular. Nesse texto as medidas e calendários já sã o dados nos seus
equivalentes modernos. Em 2000 foi lançada uma revisã o sob o título NOVA TRADUÇ Ã O NA
LINGUAGEM DE HOJE (N.T.L.H.).

8.7 - BÍBLIA DE JERUSALÉM


No final da década de 50, a Escola Bíblica de Jerusalém, localizada na França, publicou uma
obra criteriosa baseada nos melhores manuscritos hebraicos e gregos. Em 1973 no Brasil, teve
início trabalho de traduçã o a partir desse texto francê s, realizado por uma equipe de exegetas
católicos e protestantes, os quais concluíram o Novo Testamento em 1976 e o Antigo em 1981,
com introduções, notas de rodapés, referenciais, marginais e apê ndices.

* A NECESSIDADE DE UM REGISTRO ESCRITO


Deus, em sua grande sabedoria, nos fornece um registro escrito de sua revelaçã o. O teólogo
holandê s Abraã o Kuyper nota quatro vantagens de um registro escrito:
1 – Ele dura. São eliminados erros de memória e erros de transmissão (“telefone sem fio”).
2 – Pode ser divulgado universalmente através de traduções e reproduções.
3 – Possui atributos de fixação e pureza.
4 – Recebe uma finalidade normativa (legislativa) que outras formas de comunicaçã o nã o
conseguem alcançar.

IX – INSPIRAÇÃ O
“Significa que todos os escritores da Bíblia foram capacitados e controlados pelo Espírito
Santo na produçã o dos escritos originais, usando suas próprias personalidades
faculdades mentais, recebendo autoridade divina e infalível” (Bancroft – Teologia
Elementar). Deus supervisionou, dirigiu autores humanos, usando suas próprias personalidades,
sua cultura, seu contexto de vida, de modo que eles compuseram e registraram – sem erro – a
Sua Revelaçã o nas palavras dos documentos originais das Escrituras. “Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensã o, para a correçã o, para a
educaçã o na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3: 16 – 17) – A palavra Escritura aparece cerca de
50 vezes no Novo Testamento; e a maioria delas se refere ao Antigo Testamento.

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Contudo, às vezes esta se refere também ao próprio Novo Testamento: 1 Timóteo 5: 18; 2 Pedro
3: 16. Quando Paulo escreveu 2 Timóteo praticamente todo o Novo Testamento já estava
escrito, à exceçã o de 2 Pedro, Hebreus, Judas e os escritos de Joã o. Entã o o apóstolo estava
afirmando que todo o Antigo Testamento e tudo o que já havia sido escrito do Novo Testamento
foi “...inspirada por Deus...” (gr. Theopneustos = “soprado por Deus”. O que Deus é? Verdade
(Romanos 3: 4). Alguém sendo verdade, sopra palavras verdadeiras (Joã o 17: 17). Deus nos
concedeu a Sua Revelaçã o através de palavras. “Disto também falamos, não em palavras
ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas
espirituais com espirituais.” 1 Coríntios 2: 13. O ‘sopro’ de Deus é uma metáfora comum no
Antigo Testamento, quando refere-se aos atos de Deus, particularmente através do seu Espírito
(Gn 2: 7; Jô 33: 3; Sl 33: 6). A afirmaçã o de que a Escritura é inspirada confirma sua origem e
caráter divinos e implica algo mais forte do que a palavra inspiração. Mais corretamente, as
Escrituras sã o “expiradas”, isto é, sopradas por Deus. Notem que as Sagradas Escrituras sã o o
objeto da açã o de Deus; os próprios escritores nã o sã o mencionados. Os homens estavam
envolvidos, é claro, mas aqui a formaçã o da Escritura é associada inteiramente à atividade de
Deus. Notem também a abrangência da inspiração. “Toda” Escritura é produto do “sopro” de
Deus;
neste contexto, isso significa o Antigo Testamento inteiro, bem como as partes do Novo
Testamento já escritas. 2 Pedro 1: 19 – 21 confirma e estende essas reivindicações. A palavra
das testemunhas oculares é inferior à “palavra profética”, uma referência ao Antigo Testamento
em geral. Ele nã o surgiu das reflexões particulares dos escritores, mas “homens (santos)
falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.” Em Atos 27: 15 o termo “movido”
descreve o movimento de um navio arrastado por uma tempestade. Nã o devemos querer extrair
demasiado desta imagem, mas trata-se claramente de uma forte confirmaçã o da atividade divina
na produçã o das Escrituras, estendendo-se novamente ao conjunto total dos manuscritos
relacionados. João 10: 34 – 36 registra a discussão quanto ao uso da palavra “deus” na Lei,
neste caso no Salmo 82. Jesus argumenta que a autoridade da Lei nã o pode ser anulada porque
“a Escritura não pode falhar”. Ele expressa a mesma convicção quando compara a palavras do
Antigo Testamento com as de Deus: “(o Criador) disse” (Mt 19: 5). O reconhecimento da
autoridade e inspiraçã o divina de todo o conjunto dos escritos do Antigo Testamento por parte
de Jesus foi documentado antes, estendendo-se também esta reivindicaçã o de inspiraçã o divina
ao Novo Testamento. A consciê ncia da autoridade soberana do próprio Jesus e sua afirmaçã o
de falar exatamente as palavras de Deus, sua promessa do Espírito para esclarecer os
apóstolos, a vinda do Espírito sobre eles, as reivindicações destes quanto à Iluminaçã o especial
do Espírito em seus ensinos, o reconhecimento por parte deles da autoridade divina especial
nos escritos apostólicos: tudo isso aponta para a mesma atividade inspiradora da parte de Deus
no caso do Novo Testamento. Assim sendo, a Bíblia inteira chega a nós reivindicando sua
inspiraçã o divina. É um documento “soprado” por Deus.

9.1 – OS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO


Uma percepçã o de como esta atividade de inspiraçã o divina veio a agir sobre os autores bíblicos
pode ser conseguida através de um estudo dos profetas do Antigo Testamento. A essê ncia da
inspiraçã o profética é expressa em Jeremias 1: 5 – 9: “Te constituí profeta às nações... Eis
que ponho em tua boca as minhas palavras”. (cf. Is 6: 8; Ez 2). Daí o hábito dos profetas de
iniciarem sua mensagem com a frase: “Assim diz o Senhor”. “A palavra do Senhor” vinha a eles
constantemente e seus oráculos sã o geralmente transmitidos na forma de uma mensagem direta
de Deus a seu povo. Os profetas foram de tal modo, envolvidos e tomados por Deus e pela sua
Palavra que, sob a inspiraçã o do Espírito, a mensagem deles era efetivamente identificada como
um pronunciamento do próprio Deus.

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9.2 - TEORIAS DA INSPIRAÇ Ã O DIVINA


Como a Bíblia pode ser infalível se ela foi escrita por humanos falíveis O fato de a Bíblia ter
sido escrita por seres humanos falíveis, nã o faz dela um Livro defeituoso. Afinal de contas,
mesmos seres humanos imperfeitos podem fazer coisas perfeitas algumas vezes, e em especial
se forem supervisionados por alguém que é infalível. Os cristã os nã o afirmam que os homens
que escreveram os livros da Bíblia estavam sempre certos em tudo que disseram ou fizeram.
Nós simplesmente acreditamos que a Bíblia está certa quando ela afirma que Deus guiou estes
homens em sua tarefa de escrever as Escrituras de modo que o resultado é um livro infalível. O
apóstolo Pedro certamente disse muitas coisas erradas durante sua vida, mas Deus nã o
permitiu que ele cometesse nenhum erro quando lhe coube a tarefa de escrever suas duas
epístolas. Paulo, inspirado por Deus, ao escrever sua segunda epístola a Timóteo, afirmou que a
Bíblia foi produzida por Deus e nã o por homens:

“Toda Escritura é inspirada por Deus, e é útil para o ensino, para a repreensã o, para a
correçã o e para a educaçã o na justiça” (2Tm 3:16) Podemos definir a inspiraçã o como sendo
a influencia e supervisã o divina sobre os autores humanos, de modo que, usando suas
personalidades individuais, eles compuseram, registraram sem erro a revelaçã o de Deus ao
homem. O apóstolo Pedro nos fornece algum esclarecimento: “Nenhuma profecia jamais foi
dada por vontade humana, mas homens santos, movidos pelo Espírito Santo, falaram de Deus”
(2Pe :21)

a) TEORIA DA INSPIRAÇÃ O PARCIAL - Ensina que partes da Bíblia sã o inspiradas e outras


nã o. Afirma que a Bíblia nã o é a Palavra de Deus, mas que apenas contém a Palavra de Deus.

Refutaçã o: Se esta teoria fosse verdadeira, estaríamos em grande confusã o, porque quem
poderia dizer quais as partes que sã o inspiradas e as que nã o o sã o? A própria Bíblia refuta
essa idéia: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino...” (2Tm 3:16); e
também “...nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidaçã o; porque nunca,
jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (1Pe 1:20,21).

b) TEORIA DO DITADO VERBAL – Segundo esse pensamento, a inspiraçã o da Bíblia


aconteceu como um ditado literal da Palavra de Deus aos escritores, como uma espécie de
“transe”, onde praticamente não havia lugar para a atividade intelectual, para a formação
acadê mica, nem mesmo para o estilo de cada escritor.

Refutaçã o: Entretanto as marcas particulares de cada escritor ficaram marcadas em seus


escritos. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigaçã o de fatos conhecidos (Lc 1:4). Pedro,
que tinha uma maneira simplificada de escrever, fez mençã o ao estilo mais elaborado do
apóstolo Paulo: “...como igualmente o nosso amado irmã o Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer
em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os
ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a
própria destruição deles” (1Pe 3:15,16). Esta falsa teoria faz dos escritores verdadeiras
máquinas, que anotam o que lhes é ditado, sem qualquer noçã o do que estã o fazendo. Deus
nã o falou com os escritores como quem fala através de um auto-falante. Ele usou também as
faculdades mentais dos que escreveram. A inspiraçã o nã o anulou a participaçã o do autor, nem a
intençã o do escritor diminuiu o poder da inspiração: “Amados, quando empregava toda a
diligê ncia em escrever-vos acerca da nossa comum salvaçã o, foi que me senti obrigado a
corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé...” (Jd 1:3).

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c) A TEORIA DA INSPIRAÇÃ O PLENÁRIA: É também chamada de teoria da inspiraçã o plena


ou verbal. Esta teoria é a que a maioria dos teólogos tem como verdadeira. Ela ensina que todas
as partes da Bíblia sã o igualmente inspiradas; que os escritores nã o funcionaram quais
máquinas inconscientes; que houve cooperaçã o vital e contínua entre eles e o Espírito de Deus
que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a Bíblia com palavras de seu
vocabulário, porém sob uma influê ncia tã o poderosa do Espírito Santo, que o que eles
escreveram foi Palavra de Deus. Assim, a inspiraçã o plena ou verbal é o poder inexplicável do

Espírito Santo orientando e conduzindo os escritores escolhidos por Deus na transcriçã o do


registro bíblico, quer seja através de observações pessoais (1Jo.1:1-4)., fontes orais ou verbais
(Lc.1:1-4; At.17:18; Tt.1:12; Hb.1:1).., ou através de revelaçã o divina direta (Ap.1:1-2; Gl.1:12),
preservando-os de erros e omissões, de maneira a garantir a inerrância das Escrituras, e dando
à Bíblia autoridade divina. Explicar como Deus agiu no homem é tarefa difícil Se já é complicado
entender o entrosamento do nosso “ser espiritual” com o nosso “ser corpóreo” espírito com o
corpo é um mistério inexplicável para os mais sábios, imagine-se o entrosamento do Espírito de
Deus com o espírito do homem. Ao aceitarmos Jesus como salvador aceitamos também as
Escrituras como revelaçã o de Deus. A inspiraçã o plenária cessou ao ser escrito o último livro do
Novo Testamento. Depois disso nenhum outro escritor, nenhum outro servo de Deus pode ser
considerado inspirado no sentido bíblico

X - A AUTORIA BÍBLICA É DIVINA, COM PARTICIPAÇÃ O HUMANA

• Autoria Divina: Do lado divino, as Escrituras sã o a Palavra de Deus, no sentido de que se


originaram nEle e sã o a expressã o de Sua mente. Em 2Tm.3:16 encontramos a referê ncia a
Deus: "Toda Escritura é divinamente inspirada" (theopneustos = soprada ou expirada por
Deus). A referência aqui é ao que foi escrito. Então Deus “sopra” Sua Palavra na mente do
escritor (expiraçã o), e este, por sua vez, ao receber este “sopro” inspira (inala) a Palavra de
Deus a qual será processada em uma mente humana, recebendo dela sua influê ncia, isto é, a
maneira de se expressar.
• Participaçã o Humana: Na perspectiva humana vemos certos indivíduos escolhidos por
Deus com a responsabilidade de receberem (inalarem) a Palavra e transformá-la em escrita. Em
2Pe.1:21 encontramos a referê ncia aos "Homens santos de Deus que falaram movidos pelo
Espírito Santo" (pherô = movidos ou conduzidos). A própria Bíblia, reconhece a participaçã o
Humana em seu registro. Veja, por exemplo, que Mateus (15:4) registra que Deus ordenou:
“Honra a teu pai e a tua mãe. E quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte”.
Mas Marcos (7:10) registra o mesmo texto dizendo que foi Moisés quem ordenou essa conduta.
E nã o há contradiçã o Deus é o autor desse mandamento, mas Ele usou Moisés para transmiti-lo
aos homens. Em muitas outras passagens percebemos essa dualidade na autoria da Escrituras
(Compare Sl.110:1 com Mc.12:36; Ex.3:6,15 com Mt.22:31; Lc.20:37 com Mc.12:26; Is.6:9,10;
At.28:25 com Jo.12:39-41). Deus opera de modo misterioso usando a vontade humana, sem
anulá-la e sem que o homem perceba que está sendo divinamente conduzido. Neste fenômeno,
o homem faz pleno uso de sua liberdade (Pv.16:1;19:21; Sl.33:15;105:25; Ap.17:17).

RESUMINDO:
Inspiraçã o é a operaçã o divina que influenciou os escritores bíblicos, capacitando-os a receber a
mensagem divina, e que os moveu a transcrevê -la com exatidã o, impedindo-os de cometerem
erros e omissões, de modo que ela recebeu autoridade divina e infalível, garantindo a exata
transferê ncia da verdade revelada de Deus para a linguagem humana inteligível (2Co.10:13;
2Tm.3:16; 2Pe.1:20,21).

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XI - A AUTORIDADE E CREDIBILIDADE DAS ESCRITURAS

Nem tudo aquilo que é inspirado é autorizado, pois a autoridade de um livro trata de sua
procedê ncia, de sua autoria, e, portanto, de sua veracidade. Deus é o Autor da Bíblia, e como tal
ela possui autoridade, mas nem tudo que está registrado na Bíblia procedeu da boca de Deus.
Por exemplo, o que Satanás disse para Eva foi registrado por inspiraçã o, mas nã o é a verdade
(Gn.3:4,5); o conselho que Pedro deu a Cristo (Mt.16:22); as acusações que Elifaz fez contra Jó
(Jó.22:5-11), etc. Nenhuma dessas declarações representam o pensamento de Deus ou
procedem dEle (procedem apenas por inspiraçã o), e por isso nã o tê m autoridade. Um texto
também perde sua autoridade quando é retirado de seu contexto e lhe é atribuído um significado
totalmente diferente daquele que tem quando inserido no contexto. As palavras ainda sã o
inspiradas, mas o novo significado nã o tem autoridade.
Um livro tem credibilidade se relatou veridicamente os assuntos como aconteceram ou como
eles sã o; e quando seu texto atual concorda com o escrito original. Nesse caso credibilidade
relaciona-se ao conteúdo do livro (original), e a pureza do texto atual (cópia ou traduçã o). Por
exemplo, as palavras de Satanás em Gn.3:4,5 sã o inspiradas, mas nã o possuem autoridade,
porque nã o é verdade, porém tem credibilidade ou veracidade (quanto a sua transcriçã o) porque
foram registradas exatamente como Satanás disse. A veracidade das palavras de Satanás nã o
se relaciona ao o que ele pronunciou, mas sim como ele as pronunciou.

11.1 - Credibilidade do A.T: Estabelecida por trê s fatos:

a) Autenticado por Jesus Cristo: Cristo recebeu o A.T. como relato verídico. Ele endossou
grande número de ensinamentos do A.T., como, por exemplo: A criaçã o do universo por Deus
(Mc.13:19), a criaçã o do homem (Mt.19:4,5), a existê ncia de Satanás (Jo.8:44), o dilúvio
(Lc.17:26,27), a destruiçã o de Sodoma e Gomorra (Lc.17:28-30), a revelaçã o de Deus a Moisés
na sarça (Mc.12:26), a dádiva do maná (Jo.6:32), a experiê ncia de Jonas dentro do grande peixe
(Mt.12:39,40). Como Jesus era Deus manifesto em carne, Ele conhecia os fatos, e nã o podia se
acomodar a idéias errôneas, e, ao mesmo tempo ser honesto. Seu testemunho deve, portanto,
ser aceito como verdadeiro ou Ele deve ser rejeitado como Mestre religioso.

b) Prova Arqueológica e histórica:


Arqueológica: Através da arqueologia, a batalha dos reis registrada em Gn.14 nã o pode mais
ser posta em dúvida, já que as inscrições no Vale do Eufrates "mostram indiscutivelmente que
os quatro reis mencionados na Bíblia como tendo participado desta expediçã o nã o sã o, como
era dito displicentemente, 'invenções etnológicas', mas sim personagens históricos reais. Anrafel
é identificado como o Hamurábi cujo maravilhoso código de leis foi tã o recentemente descoberto
por De Morgan em Susa". (Geo. F. Wright, O Testemunho dos Monumentos à Verdade das
Escrituras).
As tábuas Nuzi esclarecem a açã o de Sara e Raquel ao darem suas servas aos seus maridos
(Jack Finegan, Ligth from the Ancient Past = Luz de um Passado Antigo). Os hieróglifos egípcios
indicam que a escrita já era conhecida mais de 1.000 anos antes de Abraã o (James Orr, The
Problem of the Old Testament = O Problema do Velho Testamento). A arqueologia também
confirma o fato de Israel ter vivido no Egito, como escravo, e ter sido liberto (Melvin G. Kyle, The
Deciding Voice of the Monuments = A Voz Decisória dos Monumentos).
Histórica: A história fornece muitas provas da exatidã o das descrições bíblicas. Sabe-se que
Salmanezer IV sitiou a cidade de Samaria, mas o rei da Assíria, que sabemos ter sido Sargom II,
carregou o povo para a Síria (2Rs.17:3-6). A história mostra que ele reinou de 722-705 a.C. Ele
é mencionado pelo nome apenas uma vez na Bíblia (Is.20:1). Nem Beltsazar (Dn.5), nem Dario,
o Medo (Dn.6) sã o mais considerados como personagens fictícios.

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c) Integridade da Bíblia:
Integridade Topográfica e Geográfica: As descobertas arqueológicas provam que os povos,
línguas, os lugares e os eventos mencionados nas Escrituras sã o encontrados justamente onde
as Escrituras os localizam, no local exato e sob as circunstâncias geográficas exatas descritas
na Bíblia.
Integridade Etnológica ou Racial: Todas as afirmações bíblicas sobre raças tê m sido
demonstradas como corretas com os fatos etnológicos revelados pela arqueologia.
Integridade Cronológica: A identificaçã o bíblica de povos, lugares e acontecimentos com o
período de sua ocorrê ncia é corroborada pela cronologia Síria e pelos fatos revelados pela
arqueologia.
Integridade Histórica: O registro dos nomes e títulos dos reis está em harmonia perfeita com os
registros seculares, conforme demonstrados por descobertas arqueológicas.
Integridade Canônica: A aceitaçã o pela igreja em toda a era cristã , dos livros incluídos nas
Escrituras que hoje possuímos, representa o endosso de sua integridade. Exemplares do A.T. e
do N.T. impressos em 1.488 e 1.516 d.C., concordam com os exemplares atuais, portanto, a
Bíblia como a possuímos hoje, já existia há 400 anos passados. Quando essas Bíblias foram
impressas, certo erudito tinha em seu poder mais de 2.000 manuscritos. Esse número é sem
dúvida suficiente para estabelecer a genuinidade e credibilidade do texto sagrado, e tem servido
para restaurar ao texto sua pureza original, e fornecem proteçã o contra corrupções futuras
(Ap.22:18-19; Dt.4:2;12:32). Enquanto a integridade canônica da Bíblia se baseia em mais de
2.000 manuscritos, os escritos seculares, que geralmente sã o aceitos sem contestaçã o,
baseiam-se em apenas uma ou duas dezenas de exemplares. As quatro Bíblias mais antigas do
mundo, datadas entre 300 e 400 d.C., correspondem exatamente a Bíblia como a possuímos
atualmente.

11.2 - Credibilidade do Novo Testamento


a) Escritores Competentes: Possuíam as qualificações necessárias, receberam investidura do
Espírito Santo e assim escreveram nã o somente guiados pela memória, apresentações de
testemunho oral e escrito, e discernimento espiritual, mas como escritores qualificados pelo
Espírito Santo.
b) Escritores Honestos: O tom moral de seus escritos, sua preocupaçã o com a verdade, e a
circunstância de seus registros indicam que nã o eram enganadores intencionais mais sim
homens honestos. O seu testemunho pôs em perigo seus interesses materiais, posiçã o social, e
suas próprias vidas. Por que razões inventariam uma história que condena a hipocrisia e é
contrária a suas crenças herdadas, pagando com suas próprias vidas?
c) Harmonia do N.T.: Os sinópticos nã o se contradizem, mas complementam um ao outro. Os
vinte e sete livros do N.T. apresentam um quadro harmonioso de Jesus Cristo e Sua obra.
d) Prova Histórica e Arqueológica:

Histórica: O recenseamento quando Quirino era Governador da Síria (Lc.2:2), os atos de


Herodes o Grande (Mt.2:16-18), de Herodes Antipas (Mt.14:1-12), de Agripa I (At.12:1), de Gálio
(At.18;12-17), de Agripa II (At.25:13-26:32) etc.

Arqueológica: As descobertas arqueológicas confirmam a veracidade do N.T. Quirino (Lc.2:2)


foi Governador da Síria duas vezes (16-12 e 6-4 a.C.), sendo que Lucas se refere ao segundo
período. Lisânias, o Tetrarca é mencionado em uma inscriçã o no local de Abilene na época a
que Lucas se refere. Uma inscriçã o em Listra registra a dedicaçã o da estátua Zeus (Júpiter) e
Hermes (Mercúrio), o que mostra que esses deuses eram colocados no mesmo nível, no culto
local, conforme descrito em At.14:12. Uma inscriçã o de Pafos faz referê ncia ao Proconsul Paulo,
identificado como Sergio Paulo (At.13:7).

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e) Prova da eficácia do conteúdo


É eficaz na regeneração: Comparada com a "água" (Jo.3:5; Ef.5:26), a Palavra de Deus tem
poder para regenerar, pois ela coopera com o Espírito Santo na realizaçã o do novo nascimento
(1Pe.1:23; Tt.3:5; Jo.15:3; Ez.36:25-27; Jo.6:63; Tg.1:18,21; 1Co.4:15; Rm.1:16).
É eficaz na santificação: A Palavra de Deus tem poder para santificar (Jo.17:17; Ef.5:26;
Ez.36:25,27; 2Pe.1:4; Sl.37:31;119:11). Com efeito, a santificaçã o é pela fé (At.15:9 e 26:18) e a
fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17).
É eficaz na edificação: A Palavra de Deus tem poder para edificar (1Pe.2:2; At.20:32;
2Pe.3:18).

XII - PRESERVAÇ Ã O DA PALAVRA

É a operaçã o divina que garante a permanê ncia da Palavra Escrita, com base na aliança que
Deus fez acerca de Sua Palavra Eterna (Sl.119:89,152; Mt.24:35; 1Pe.1:23; Jo.10:35). Os céus
e a terra passarã o (Hb.12:26,27; 2Pe.3:10) mas a Palavra de Deus permanecerá (Mt.24:35;
Hb.12:28; Is.40:8; 2Pe.1:19). A preservaçã o das Escrituras, como o cuidado divino para a sua
criaçã o e formaçã o do cânon, nã o foi acidental, nem incidental, mas sim o cumprimento de uma
promessa divina. A Bíblia é eterna, ela permanece porque nenhuma Palavra que Jeová tenha
dito pode ser removida ou abalada; nem uma vírgula ou um ponto do testemunho divino pode
passar até que seja cumprido.
A Bíblia permanece até hoje porque o próprio Deus tem se empenhado em preservá-la. Quando
o rei Jeoaquim queimou um rolo das Escrituras, Deus mesmo determinou a Jeremias que
reescrevesse as palavras que haviam sido queimadas (Jr.36:27,28), e ainda determinou
maldições sobre o rei, por haver tentado destruir a Palavra de Deus (Jr.36:29,31). Ademais Deus
acrescentou ao segundo rolo outras palavras que nã o se encontravam no primeiro (Jr.36:32),
pois a Palavra de Deus sempre há de prevalecer sobre a palavra do homem (Jr.44:17,28;
At.19:19,20).
Deve ficar esclarecido que Deus tem preservado apenas a Sua Palavra inspirada, aquilo que
deve ser considerado como revelaçã o de Deus, e por isso mesmo nã o foi preservado e nã o faz
parte do Cânon Sagrado (1Cr.29:29; 2Cr.9:29;12:15;13:22;20:34; 2Cr.24:27;26:22;33:19). Em
2Co.7:8 Paulo faz mençã o a uma segunda carta que nã o consta do Novo Testamento, sendo
que a segunda carta de Coríntios que temos na nossa Bíblia, provavelmente deveria ser a
terceira. Hoje a estratégia de Satanás sobre a Palavra de Deus é diferente, pois já que ele nã o
consegue destruí-la, procura desacreditá-la (negando sua inspiraçã o) e corrompê -la com
interpretações pervertidas da verdade (1Tm.4:1,2; 2Ts.2:9-12).
A nós pois, como igreja, cabe a responsabilidade de defender e preservar a verdade (1Tm.3:15)
com o mesmo anseio que caracterizava a vida de Paulo (Fp.1:7,16)

12.1 - A BÍBLIA E SUA MENSAGEM


Deus é um comunicador e deseja nos informar sobre:
a) Ele mesmo: Estudaremos quem Deus é, observando o que Ele fala e faz. Ele é o principal
foco da Bíblia.
b) A Sua Criação: Deus nos revela muito sobre Si mesmo através da Sua criaçã o. Como Ele
criou o mundo, o que Ele usou para criar o mundo e o propósito por trás da criaçã o, tudo
demonstra aspectos do Seu caráter.
c) O Homem: A Bíblia revela claramente como e porque Deus criou o homem, as Suas
expectativas para ele e fala sobre seu propósito e destino.
d) A bíblia no seu maior objetivo, fala da salvaçã o do homem proposta por Deus através da
morte de Jesus Cristo, seu filho.

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12.2 - Temas Principais da Bíblia


1. O Tema central da Bíblia é Jesus Cristo;
2. O conhecimento e a glória de Deus;
3. A rebeliã o do homem contra o Seu Criador e o resultado da rebeliã o;
4. O julgamento de Deus ao pecado;
5. A incapacidade do homem para mudar a sua condiçã o perante Deus;
6. A redençã o da humanidade providenciada por Deus;
7. O Reino de Deus e a restauraçã o universal.

12.3 - Por que estudar a Bíblia?


1. Porque ela é infalível e sem erro (Sl 19: 7; Pv 30: 5 – 6)
2. Porque é a fonte da verdade (Jo 17: 17; 2 Tm 3: 16)
3. Porque revela a Pessoa de Deus (Pv 2: 1, 5; Jo 5: 39)
4. Porque cumprirá o que promete (Is 55: 11)
5. Porque nã o muda (Sl 119: 89)
6. Porque é a fonte das bê nçã os de Deus quando obedecida (Lc 11: 28)
7. Porque vale mais que o ouro (Sl 19: 7 – 10)
8. Porque ela é o manual do cristã o no trabalho do senhor I Pe 2.9; Ef. 2.10; II Tm 2.15)
9. Porque ela alimenta nossa alma Mt. 4.4; Jr. 15.16: I Pe. 2. 2,11)
10. Porque ela é a arma do cristã o: (Ef. 6.12-17; Mt. 4.4,7,10)
11. Porque ela ilumina o caminho: (Sl. 119. 105,130)

12.4 - Como devemos estudar a bíblia


a) Conhecendo o seu autor
Nada melhor do que o próprio autor para revelar sua vontade (Rm. 12.1,2) quando a leitura de
um texto nos aparecer aparente dificuldade, melhor é conversar com o autor para nos ensinar a
interpretaçã o real. (Lc. 24.44,45: I Co 2. 10,12,13)

b) Ler a bíblia diariamente


Considerando a bíblia como a fonte de alimentaçã o do cristã o, é necessário que nos
alimentemos dela todos os dias para pra viver bem.
(Dt.17.19; 5.12; Sl.1:1,2; Js.1.8)

c) Ler a bíblia aplicando a si próprio


Precisamos aplicar o conteúdo da bíblia a nossas próprias vidas, tanto individual como
coletivamente, nã o como uma fonte teórica, mas, como prática de vida. (Sl. 119.11)

d) Ler a Bíblia toda


É a única maneira de se conhecer a verdade completa de Deus. Como palavra escrita, é uma
mensagem revelada progressiva. E para entendê -la completa é necessário que se leia toda.

e) Com Oraçã o

XIII - CANONICIDADE

A questã o quais livros pertencem à Bíblia é chamada questã o canônica. A palavra cânon
significa régua, vara de medir, regra, e, em relaçã o à Bíblia, refere-se à coleçã o de livros que
passaram pelo teste de autenticidade e autoridade; significa ainda que esses livros sã o nossa
regra de vida e de fé. Essa palavra foi usada no Novo Testamento em Gálatas 6:16.

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13.1 - Os testes de Canonicidade


Em primeiro lugar é importante lembrarmos que os livros já eram canônicos antes de qualquer
teste lhes ser aplicados. Isto é como dizer que alguns alunos sã o inteligentes antes mesmo de
se lhes ministrar uma prova. Os testes apenas provam aquilo que intrinsecamente já existe. Do
mesmo modo, nem a Igreja nem os concílios eclesiásticos jamais concederam canonicidade ou
autoridade a qualquer livro; o livro era autê ntico ou nã o no momento em que foi escrito. A igreja
e seus concílios reconheceram certos livros como Palavra de Deus e, com o passar do tempo,
aqueles assim reconhecidos foram colecionados para formar o que hoje chamamos Bíblia. Os
testes eram:

a) Apostolicidade ou teste da autoridade do escritor. Em relaçã o ao Antigo Testamento, isto


significava a autoridade do legislador, ou do profeta, ou do líder em Israel. No caso do Novo
Testamento, o livro deveria ter sido escrito ou influenciado por um apóstolo para ser
reconhecido. Em outras palavras, deveria ter a assinatura ou a aprovaçã o de um apóstolo.
Pedro, por exemplo, apoiou a Marcos, e Paulo a Lucas.

b) Paralelismo, é a prova intrínseca de seu caráter peculiar, inspirado e autorizado por Deus.
Estes nã o poderiam entrar em contradiçã o com qualquer outra parte das Escrituras já
reconhecidas. Seu conteúdo também deveria se demonstrar ao leitor como algo diferente de
qualquer outro livro por comunicar a revelaçã o de Deus.

c) Uso, o veredicto das igrejas quanto à natureza canônica dos livros era importante. Na
verdade, houve uma surpreendente unanimidade entre as primeiras igrejas quanto aos livros
que mereciam lugar entre os inspirados. Embora seja fato que alguns livros bíblicos tenham sido
recusados ou questionados por uma minoria, nenhum livro cuja autenticidade foi questionada
por número grande de igrejas veio a ser aceito posteriormente como parte do cânon.

d) Doutrinicidade, É a atribuiçã o do livro quanto ao seu conteúdo que deveria conter


ensinamentos de caráter prático vindo de Deus para a vida dos leitores.

13.2 - A formaçã o do Cânon


O cânon da Escritura estava se formando, é claro, à medida que cada livro era escrito, e
completou-se quando o último livro foi terminado. Quando falamos da "formaçã o" do cânon
estamos realmente falando do reconhecimento dos livros canônicos pela Igreja. Esse processo
levou algum tempo. Alguns afirmam que todos os livros do Antigo Testamento já haviam sido
colecionados e reconhecidos por Esdras, no quinto século a.C. Referê ncias nos escritos de
Flávio Josefo (95 A.D.) e em 2 Esdras (100 A.D.) indicam a extensã o do cânon do Antigo
Testamento como os 39 livros que hoje aceitamos. A discussã o do chamado Sínodo de Jamnia
(70-100 A.D.) parece ter partido desse cânon. Nosso Senhor delimitou a extensã o dos livros
canônicos do Antigo Testamento quando acusou os escribas de serem culpados da morte de
todos os profetas que Deus enviara a Israel, de Abel a Zacarias (Lc 11:51). O relato da morte
de Abel está, é claro, em Gê nesis; o de Zacarias se acha em 2 Crônicas 24:20-21, que é o
último livro na disposiçã o da Bíblia hebraica (em lugar do nosso Malaquias). Para nós, é como
se Jesus tivesse dito: "Sua culpa está registrada em toda a Bíblia - de Gê nesis a Malaquias". Ele
nã o incluiu qualquer dos livros apócrifos que já existiam em Seu tempo e que continham relatos
das mortes de outros mártires israelitas. O primeiro concílio eclesiástico a reconhecer todos os
27 livros do Novo Testamento foi o Concílio de Cartago, em 397 A.D. Alguns livros do Novo
Testamento, individualmente, já haviam sido reconhecidos como canônicos muito antes disso (2
Pe 3:16; 1 Tm 5:18) e a maioria deles foi aceita como canônica no século posterior ao dos
apóstolos (Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 Joã o e Judas foram debatidos por algum tempo). A
seleçã o do cânon foi um processo que continuou até que cada livro provasse o seu valor,
passando pelos testes de canonicidade. Os doze livros apócrifos do Antigo Testamento jamais
foram aceitos pelos judeus ou por nosso Senhor no mesmo nível de autoridade dos livros
canônicos. Eles eram respeitados, mas nã o foram considerados como Escritura.
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A Septuaginta (versã o grega do Antigo Testamento produzida entre o terceiro e o segundo


séculos a.C.) incluiu os apócrifos com o Antigo Testamento canônico. Jerônimo (c. 340-420
A.D.), ao traduzir a Vulgata, distinguiu entre os livros canônicos e os eclesiásticos (que eram os
apócrifos), e essa distinçã o acabou por conceder-lhes uma condiçã o de canonicidade
secundária. O Concílio de Trento (1548) reconheceu-os como canônicos, embora os
Reformadores tenham rejeitado tal decreto. Em algumas versões protestantes dos séculos XVI e
XVII, os apócrifos foram colocados à parte.

XIV - LIVROS APÓ CRIFOS

O termo “apócrifo” vem da língua grega e traduz-se literalmente por “secreto”, “oculto”. No nosso
contexto, os apócrifos referem-se aos escritos que nã o foram inspirados pelo Espírito santo. o
termo foi utilizado pela primeira vez pelo teólogo Karstadt em 1520. No início do estudo dos
livros apócrifos o estudante deve tomar conhecimento de uma questã o de terminologia que
separa protestantes de católicos. Os livros que os protestantes chamam “apócrifos” são
considerados pelos católicos como “deuterocanônicos”, isto é, “canonizados posteriormente”.
Essa compressã o vem do fato que o Cânon de 39 livros cristã os do Antigo Testamento é uma
herança judaica (chamado de” Protocanônicos” – canonizados primeiramente) enquanto que os
livros chamados apócrifos foram acrescentados no Cânon pelos cristã os (chamados por isso”
Deuterocanônicos” – canonizados posteriormente. Os protestantes, portanto, ficam com os
critérios dos judeus do Séc.II, que consideram esses livros dentro de um período de “não
revelação”. Ainda existe um outro grupo de escritos chamado pelos protestantes de “pseudo-
epígrafos; esses livros foram escritos por volta de 200 e 100 a.C., geralmente de caráter
apocalíptico, bastante fantasiosos e restritos a seitas fechadas a Exemplo de Qumran.

14.1 - Pseudo-epígrafes: Livros que foram rejeitados por todos.


No Antigo Testamento – Enoque, Ascensã o de Moisés, 3 e 4 de Macabeus, 4 Esdras, Os
Testamentos dos 12 Patriarcas e outros...
No Novo Testamento – Atos de Paulo, A Epístola de Barnabé, O Pastor de Hermas, o Didaqué

14.2 - Apócrifos: Literalmente – “difícil de entender” ou “escondido” ... Todos no Antigo


Testamento – Tobias, Judite, Sabedoria de Salomã o, Baruque, 1 e 2 de Macabeus,
Além de acréscimos aos livros de Ester e Daniel. A Igreja Católica Romana sustenta a
canonicidade dos Apócrifos desde o Concílio de Trento (1546) – realizado como parte da
“Contra-Reforma”.

Apócrifos e seus conteúdos


JUDITE – Escrito por volta do ano 300 a.C. em hebraico, contém narrativas sobre a libertaçã o
de Betúlia sitiada por Holofernes, general de Nabucodonosor, graças ao feito heróico de Judite.
A mensagem básica do livro é que o ser humano deve cumprir a lei de Deus estritamente para
receber dEle a ajuda.

SABEDORIA DE SALOMÃO – A intençã o deste livro é conduzir o leitor a verdadeira sabedoria


e, conseqüentemente, a uma vida agradável a Yehweh. A sabedoria só é concedida ao justo,
para o qual está reservada uma magnífica recompensa, apesar da hostilidade dos ímpios,
recompensa essa que consiste em ser revestido por Deus com o dom da imortalidade. Foi
escrito por um judeu egípcio entre o final do primeiro século a.C. e o primeiro século d.C.,
mantenedor das tradições dos círculos de sabedoria ligados ao Rei Salomã o.

TOBIAS – Conta a história da família de Tobias, judeus da tribo de Naftali deportados para
Nínive. (O livro exalta a estrita observaçã o da lei, contendo relatos de um judaísmo que nã o
rejeita o uso da magia; o autor se refere ao emprego do fel, fígado e do coraçã o do peixe para
curar Tb.8:1- 3). Foi escrito por volta de 200 a.C. talvez no Egito ou na Síria.

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ECLESIÁSTICO – O livro compõe-se de uma série de elogios aos antepassados dos judeus,
incluindo os profetas. Acompanha um prólogo escrito pelo neto do escritor. O livro foi redigido
por volta de 180 a.C. por Jesus Bem Siraq.

BARUC – Contém uma carta atribuída a Baruc, amanuense de Jeremias, escrita na Babilônia no
período do cativeiro. Nela existe a ordem para que se

ofereçam sacrifícios pela saúde de Nabucodonosor e seu filho. Alguns acreditam que
Nabucodonosor e Beltsazar seriam nomes fictícios para Vespasiano e Tito. Por isso a data de
escritura do livro é posta por alguns no II séc. a.C e, por outros, após 70 d.C. o livro contém
ainda palavras de consolo aos habitantes de Jerusalém destruída em 586 a.C.

I MACABEUS – O livro registra a ascensã o de Antíoco Epifanio IV (175 – 164 a.C.) e relata as
medidas por ele tomadas para reprimir a religiã o judaica, bem como da resistê ncia desenvolvida
pelo sacerdote Matatias contra essa agressã o. Foi escrito por volta do ano 100 a.C. em
hebraico.

II MACABEUS – O livro contém relatos sobre os efeitos da perseguiçã o de Antíoco Epifanio IV


sobre os judeus bem como a sua morte, com um conteúdo caracteristicamente farisaico, falando
de temas nã o comuns ao Antigo Testamento, como por exemplo, a ressurreiçã o dos mortos. O
livro estimula ofertas e orações pelos mortos para que sejam livres de seus pecados (II
Mc.12:41-46).

• ACRÉSCIMOS A ÉSTER – Trata-se de textos inseridos por volta de 114 a.C., contendo
outros detalhes sobre a vida de Mardoqueu e Éster.

• ACRÉSCIMOS A DANIEL – Contê m a Oraçã o de Azarias, a história de Suzana e Bel e o


Dragã o.

XV - DIVISÕ ES DA BIBLIA

15.1 - Divisã o em Capítulos e Versículos


Divisã o em capítulos
A divisã o se deu em 1250 dC. Pelo Abade dominicano: Hugo de Shaint Sher
com participaçã o de Estevã o Langton, catedrático francê s, e arcebispo de
Cantuária.

Divisã o em versículos
Em 1445 o Rabí Mardoqueu Natã , dividiu o AT. Em versículos, e em 1551
Robert Stevens, jornalista parisiense elaborou a divisã o do NT. Tal divisã o vigora
até nossos dias, e é aceito inclusive pelos estudiosos judeus. E em 1555 foi
publicada a primeira Bíblia dividida em capítulos e versículos.

15.2 - Divisões em testamentos

a) Novo e antigo testamento


A religiã o de Israel baseava-se num pacto entre Deus e seu povo. Por sua promessa, Deus
estabeleceu o pacto (testamento, concerto, aliança) e coube ao povo cumprir os mandamentos
divinos (Ex. 34: 10,11). O sinal desse ajuste era a circuncisã o.

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Na verdade, os textos sacerdotais sempre apresentam um Deus que se apresenta ao homem


através de pactos:
• Na criaçã o, (Gn. 2);
• Com Noé, (Gn. 9);
• Com Abraã o, (Gn. 12; e em Gn. 17);
• Com Moisés, (Ex, 19).
Com o passar do tempo, a religiã o de Israel tornou-se incapaz em observar corretamente as
condições do pacto, ou melhor, na medida em que se desviou do

direito transmitido aos antigos, desobedecendo a Deus e tornando a religiã o num ritualismo cego
manifestado por práticas exteriores (liturgias e sacrifícios). Os profetas perceberam esse desvio
bem cedo. Desde então, já anunciavam o “novo “(Is. 43; 18-19; Jr. 31: 31-33). Essa concepçã o
de “NOVO TESTAMENTO” foi compreendida pelos cristã os como realizada plenamente na vida
e morte de Jesus (Mt. 26: 28; I Co.11:25).
A partir de Paulo, entende-se que Moisés e seus escritos faziam parte da “antiga aliança” (II
Co.3:12- 15) ou como “primeira aliança” (Hb.8:7-13; 9:15). A separaçã o para fins didáticos só
aparece a partir do momento em que o cânon do Novo Testamento ganha forma semelhante a
que temos hoje (a partir do Sec. V).

b) O Antigo Testamento e seu conteúdo.


39 Livros;
929 Capítulos;
23.214 Versículos;
Menor Verso – Êxodo 20: 13;
Maior Verso – Ester 8: 9;
Sua mensagem: Jesus virá;

Os 39 Livros sã o divididos em quatro subdivisões:

1. LIVROS DA LEI – 5 Livros: Gn, Ex, Lv, Nm, Dt. (Também chamados de Pentateuco);
2. LIVROS HISTÓRICOS – 12 Livros: Js, Jz, Rt, 1 e 2 Sm, 1 e 2 Rs, 1 e 2 Cro, Ed, Ne, e Et.
3. LIVROS POÉTICOS – 5 Livros: Jó, Sl, Pv, Ec, Ct
4. LIVROS PROFÉTICOS – 17 Livros: Subdivididos em:
• Profetas Maiores – Is, Jr, Lm, Ez, Dn;
• Profetas Menores – Os, Jl, Am, Ob, Jn, Mq, Na, Hc, Sf, Ag, Zc, Ml.

c) O Novo Testamento e seu conteúdo


O Antigo Testamento é a coleçã o das escrituras que o povo hebreu foi acumulando desde o
tempo de Moisés até cerca dos quatro séculos antes de Cristo. Foi escrito, como temos hoje,
entre 1500 e 400 a.C.

Os 27 Livros do novo testamento e suas subdivisões:

• EVANGELHOS, Também chamado de BIOGRAFÍA– 4 Livros: Mt, Mc, Lc, Jo. (3


sinópticos e 1 particular)
• LIVRO HISTÓ RICO – 1 Livro: At
• EPÍSTOLAS – 21 Cartas:
PAULINAS: Rm, 1 e 2 Co, Gl, Ef, Fp, Cl, 1 e 2 Ts, 1 e 2 Tm, Tt, Fm,
GERAIS: Hb, Tg, 1 e 2 Pd, 1,2 e 3 Jo, Jd.

• PROFÉTICO – 1 Livro: Ap.

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• RESUMO:
27 Livros;
260 Capítulos;
7.959 Versículos;
Menor Verso – Joã o 11: 35;
Maior Verso – Apocalipse 20: 4;
Sua Mensagem – Jesus Já Veio!

Nota: A BIBLIA TODA TEM:


1.189 capítulos
31.173 versículos
773.746 palavras na RA (aproximadamente, dependendo da versã o pode variar)
3.511,965 letras na RA (aproximadamente, dependendo da versã o pode variar)

Deus abençoe!

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QUESTÕES AVALIATIVAS: BIBLIOLOGIA

ALUNO:________________________________________________CIDADE:______________DATA__/__/__

01- O que é Bibliología?

02- O que é a Bíblia? ponha “v” nas respostas verdadeiras.


( ) A Biblia é um livro que foi produzido como fruto de muitas experiê ncias culturais
( ) A Biblia é um livro somente de palavras faladas por homens que se autodenominavam como profetas de Deus.
( ) A Biblia é a revelaçã o de Deus ao homem, com o objetivo de guiar o homem de volta para Deus.
( ) A Biblia é a palavra de Deus, escrita por homens inspirados

03- Ponha (V) nas sentenças verdadeiras.


( ) A Bíblia tem todas as informações que o homem precisa saber para sua salvaçã o.
( ) Tudo que o homem tem que fazer é adquirir uma Bíblia.
( ) O autor da Bíblia foi Deus.
( ) O escritor da Bíblia foi o homem.
( ) O interprete da Bíblia é Deus.
( ) O assunto central da Bíblia é Jesus Cristo.
( ) O homem deve crer e obedecer a Bíblia para ser salvo.
( ) O homem deve praticar a Bíblia para ser santo.

04- Cite dois nomes canônicos que a Bíblia dá a si mesma.

05- “Devemos estudar a Bíblia aplicando a sua mensagem a nós mesmos.”, o que significa essa
frase? Marque com um “x” a única resposta certa.
( ) Significa que a mensagem da Biblia é para aprendermos e aplicarmos na vida dos irmã os;
( ) Significa que o conteúdo das escrituras é somente para evangelizarmos;
( ) Significa que a mensagem Biblica deve ser aplicada primeiramente na nossa vida, antes de aplicarmos na vida
dos outros;
( ) Significa que todos tem liberdade de estudar a bíblia e quem quiser deve buscar.

06- Quais os materiais que eram usados para escrever os manuscritos originais da Bíblia?

07- A Bíblia foi originalmente escrita em quais línguas ? Marque a resposta certa.
( ) Latim, Grega e Hebraica;
( ) Aramaica, Grega e Fenícia;
( ) Hebraica, Aramaica e Grega;
( ) Egípcia, Hebraica Aramaica.

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08- Ponha (V) para verdadeira, e (F) para falsas nas sentenças abaixo.
( ) Papiro é o nome de uma planta aquática que nascia junto aos lagos.
( ) O apóstolo Paulo usou a Bíblia em formato de rolo.
( ) A língua aramaica era a língua oficial da Babilônia.
( ) O termo “Maranatha”é aramaico, e continua na língua original;
( ) O aramaico era a língua que Jesus falava no seu cotidiano.
( ) Cerca de quarenta homens foram usados por Deus para escrever a Bíblia.
( ) O tempo de escrita da Bíblia foi de aproximadamente quatorze séculos.
( ) O termo “Bíblia” significa: coleção de livros.

09- O que é septuaginta? Marque a única resposta verdadeira.


( ) Refere-se ao tempo de escrita do texto sagrado;
( ) Refere-se a forma de escrita do Antigo testamento;
( ) É a revelaçã o dos profetas na organizaçã o do Canon do A.T.;
( ) É a traduçã o do antigo testamento, da língua hebraica, para a língua grega, por cerca de setenta e dois
homens.

10- Marque com um (X) a única alternativa errada.


( ) O termo Inspiraçã o significa literalmente: “sopro” e se aplica somente aos manuscritos originais.
( ) O tipo de Inspiraçã o chamada plenária, é a que defende que a Bíblia é toda inspirada por Deus.
( ) Eram cláusulas para canonizar um livro do novo testamento: Apostolicidade, Doutrinicidade, Uso e Paralelismo.
( ) Tanto o Antigo Testamento como o Novo, tem quatro subdivisões cada.
( ) A Bíblia toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos.
( ) O maior livro é Salmos, o menor é II Jo.; O maior capítulo é Sl. 119 e o menor é Sl. 117. O maior versículo é
Est. 8.9 e o menor é Êx. 20.13.
( ) O livro do Apocalipse foi escrito por Joã o Batista.

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SOTERIOLOGIA

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_______________, ___/___/2022

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SOTERIOLOGIA
(Doutrina da Salvaçã o)

I - A PALAVRA “SALVAÇÃO” NO ORIGINAL

Pode ser dito que “salvação é o fato do homem ser salvo do poder e dos efeitos do
pecado”. “O vocábulo português se deriva do latim salvare, “salvar” e de salus, “saúde”, “ajuda”,
e traduz o termo hebraico yeshu’a “salvação”, e cognatos (largura, facilidade, segurança) e o
vocábulo grego sõteria, e cognatos (cura, recuperaçã o, redençã o, remédio, salvaçã o, bem
estar). Significa a açã o ou o resultado de livramento ou preservaçã o de algum perigo ou
enfermidade, subentendendo segurança, saúde e prosperidade. Nas Escrituras, o movimento
parte dos aspectos mais físicos para o livramento moral e espiritual. Assim é que as porções
mais antigas do AT dã o ê nfase aos meios pelos quais os servos de Deus escaparam das mã os
de seus inimigos, a emancipaçã o de Seu povo da escravidã o e o estabelecimento dos mesmos
numa terra de abundância; já as porções posteriores dã o maior ê nfase às condições e
qualidades morais e religiosas da bem-aventurança, e estende suas amenidades além das
fronteiras nacionais”.
Em primeira instância, o verbo sõzõ, “salvar” bem como o substantivo sõtêria,
“salvação”, denotam o “salvamento” e a “libertação” no sentido de evitar algum perigo que
ameaça a vida. Pode ocorrer na guerra ou em alto mar. Aquilo de que se recebe o livramento
pode, no entanto, ser uma doença. Onde nã o se menciona qualquer perigo imediato, também
podem significar “conservar” ou “preservar”. O verbo e o substantivo podem até significar “voltar
com segurança” para casa. Na LXX sõzõ traduz nada menos do que 15 verbos hebraicos
diferentes, mas os mais importantes sã o yãsa, que se emprega no hiphil para “libertar” e
“salvar”, e mãlat, niphal, “escapulir”, “escapar”, “salvar”. E embora Iahweh empregue agentes
humanos, o israelita piedoso tinha consciê ncia do fato do livramento vir do próprio Iahweh
(Salmo 12:1; 121: 1 – 2); mas o conteúdo exato dessa libertaçã o ou salvaçã o varia de acordo
com o contexto e as circunstâncias. A expressão “o cálice da salvação” encontrada no Salmo
116:13, tem quatro interpretações sugeridas por Anderson:

(1) uma libaçã o de vinho que fazia parte da oferta das ações de graças (cf, Num 28:7);
(2) uma metáfora da libertaçã o, e o antônimo da taça da ira de Iahweh (cf. Is 51: 17; Jr 25:15);
(3) um cálice em conexã o com alguma ordem específica (cf. Nm 5:16 – 28);
(4) um cálice de vinho tomado na refeiçã o de ações de graças (cf Sl 23:5); Anderson prefere a
primeira dessas alternativas tendo em vista a sua associaçã o com alguma coisa dada a Iahweh.

É atraente, no entanto, a sugestã o de que semelhante cálice, necessariamente, fica em


contraste com o cálice da ira de Deus, e, portanto, esta idéia também pode ser presente. No
Novo Testamento, o verbo sozõ ocorre 106 vezes, e o substantivo sõtêria, 45 vezes. Sendo que
a graça de Deus a grande fonte de salvaçã o (cf Ef 2:8 – 9), e o Filho de Deus é o Salvador do
Mundo (cf Lc 2:11; 1 Jo 4:14).

II - ARREPENDIMENTO
Formada por duas palavras gregas (meta + nous), “arrependimento” nã o significa, como
muitos pensam, um rosto cuja face correm lágrimas de remorso, e cujos lábios proferem
promessas de mudança e um voto de jamais cair no mesmo pecado. Na Palavra de Deus
descobrimos que a palavra quer dizer “mudança de mente”. “Esta experiê ncia tem sido descrita
como sendo o ato pelo qual o pecador, ao aceitar a Cristo, dá uma meia volta no rumo em que
seguia na vida até entã o, e avança em direçã o diametralmente oposta. Isto significa uma
mudança total de conduta ou procedimento. É o primeiro passo para a salvaçã o. É a volta do
pecador a Deus.”

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Vejamos outras definições:


a) É a mudança de pensamento para com o pecado e para com a vontade de Deus, o que
conduz a uma transformaçã o de sentimento e de propósito a seu respeito.
b) É a verdadeira tristeza pelo pecado incluindo um esforço sincero para abandoná-lo.

c) É a convicçã o da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a Lei Divina no


coraçã o. O Senhor Jesus nos dá uma ótima ilustraçã o do conceito de arrependimento em
Mateus 21:28 – 30.

II.1 - Sua Necessidade


Jesus começou Seu ministério pregando arrependimento (cf Mc 1: 14 – 15). E isso
seria mais que suficiente para comprovar a necessidade de arrependimento por parte do
homem. Mas a Igreja Primitiva também anunciava a mesma mensagem (At 2: 38; 17:30; 20:21;
26:20). E foi também uma ordem deixada pelo Senhor Jesus (Lc 24: 47). “Deus só pode perdoar
o pecador quando ele sinceramente se arrepende. (cf Lc 13:3 – 5; 1 Tm 2:4; 2 Pe 3:9)”.

II.2 - Sua Natureza


Em 2 Coríntios 7:10, Paulo nos mostra que há uma relaçã o entre tristeza e
arrependimento quando diz: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a
salvação...”. Você pode observar neste verso que tristeza e arrependimento nã o sã o de modo
algum a mesma coisa. A tristeza realiza a sua obra, e quando isso acontece o resultado é o
arrependimento e a conseqüê ncia dessa mudança de opiniã o é a salvaçã o. O apóstolo
estabeleceu dessa forma uma progressã o: tristeza, arrependimento e salvaçã o. Neste verso
descobrimos que arrependimento nã o é sentir somente tristeza pelos pecados, mas viver uma
vida diferente. Cremos que o verdadeiro arrependimento envolve (3) trê s faculdades básicas do
homem: seu intelecto, suas emoções e sua vontade.
a) O intelecto – arrepender-se significa mudar de pensamento. Langston afirmou
que “intelectualmente falando, o arrependimento é uma mudança na maneira de pensarmos em
Deus, em nosso pecado e em nossas relações com o nosso próximo”. Há uma radical mudança
na maneira de pensar. O filho pródigo é um clássico exemplo disso.
b) As emoções – arrepender-se significa mudar de sentimentos. “O homem
arrependido deixa de amar ou apreciar o que antes amava ou apreciava. O prazer deixa de fixar-
se nas coisas terrenas para descansar nas celestiais... O arrependimento chora seus pecados,
mas chora ainda mais a falsa atitude que antes tinha para com Deus... O arrependimento
verdadeiro fixa os olhos do arrependido mais em Deus do que no pecado cometido” (Langston).
O Salmo 32 exemplifica isso muito bem.
c) A vontade – arrepender-se significa mudar de propósitos. “Antes de
arrepender-se, o homem quer fazer a própria vontade, quer dirigir-se a si mesmo, quer andar no
seu próprio caminho. No arrependimento, porém, ele quer fazer a vontade de Deus, quer ser
dirigido por Ele, porque está convencido de que a vontade e a direçã o de Deus sã o melhores...
(Langston). Após o arrependimento, Davi orou: “Cria em mim, ó Deus, um coraçã o puro, e renova
dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51:10).

II.3 - Sua Praticidade


Na prática, o arrependimento que é causado pela “tristeza segundo Deus”, é gerado
por obra do Espírito Santo (cf Jo 16:8 – 11). Ao ouvir a mensagem do Evangelho (At:37 – 41) o
homem sente-se tocado pelo dedo de Deus e, se o coraçã o for fértil, a semente produzirá bons
frutos (cf Mt 13:23).

II.4 - Seus Resultados


a) O texto de Atos 3:19 é claro em mostrar um dos principais resultados do
arrependimento: cancelamento dos pecados, que é outro modo de dizer que sã o perdoados os
seus pecados (cf Cl 2:14).
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b) A alegria entre os anjos é um outro resultado do arrependimento (cf Lc 15:7).
c) Sem o arrependimento, o Espírito Santo nã o virá habitar em qualquer coraçã o
humano (cf At 2:38; Ef 1:13).

III - SIGNIFICADOS DOS TERMOS: CRER E FÉ NO ORIGINAL


Originalmente, pistis significava o relacionamento fiel de partes de um contrato e a
fidedignidade das suas promessas. Vieram a significar, num sentido mais lato, a credibilidade de
declarações, relatórios e narrativas em geral, sejam sacros, sejam seculares. No grego koiné, do
NT, obtiveram uma importância especial e conteúdo específico através da sua aplicaçã o ao
relacionamento com Deus em Cristo: a aceitaçã o e reconhecimento, em plena confiança daquilo
que Deus fez ou prometeu através dEle.

III.1 - Grego Secular


Na literatura grega clássica, pistis significa a ‘confiança’ que um homem pode ter nas
pessoas ou nos deuses. Da mesma forma, pisteuõ significa ‘confiar’ em alguém ou nalguma
coisa. Originalmente, o grupo de palavras significava conduta que honrava um contrato ou
obrigaçã o. Daí a experiê ncia da fidelidade e da infidelidade pertence à idéia da fé, desde o
início. No grego secular, portanto, este grupo de termos representa um largo aspecto de idéias:
Emprega-se para expressar relacionamentos entre um homem e outro, e também para
expressar o relacionamento como divino.

III.2 - Antigo Testamento


Em hebraico, a raiz ‘aman, no niphal, significa: “ser leal, digno de confiança, fiel”.
Pode se aplicar aos homens (Nm 12:7; servos – 1 Sm 22:14; a uma testemunha – Is 8:2; a um
mensageiro – Pv 25:13; aos profetas – 1 Sm 3:20). Pode, no entanto, também ser aplicado ao
próprio Deus, que guarda Sua aliança e dá graça àqueles que o amam (Dt 7:9). No AT o termo
“fé” é encontrado apenas duas vezes (Dt 32:20 e Hc 2:4). Isso não significa, entretanto, que a fé
nã o seja elemento importante no ensino do AT, pois ainda que a palavra nã o seja freqüente, a
idéia, o é. É usualmente expressa por verbos tais como “crer”, “confiar” ou “esperar”, os quais
ocorrem com abundância.

III.3 - Novo Testamento


No NT, a fé é altamente proeminente. O substantivo pistis e o verbo pisteuõ ocorrem
mais de 240 vezes, enquanto que o adjetivo pistos ocorre sessenta e sete vezes. No NT, o
pensamento que Deus enviou Seu Filho para ser Salvador do mundo, é central. Cristo realizou a
salvaçã o do homem ao morrer expiatoriamente na cruz do Calvário. No quarto Evangelho, as
formas de pensamento sã o diferentes de outras partes do NT. A fé surge do testemunho, que é
autenticado por Deus, e nela os sinais também desempenham um papel (Jô1:7). Por isso, quem
é da verdade escuta esta chamada da parte de Deus (Jo 18:37). A fé e o conhecimento (Jo
6:69), o conhecimento e a fé (Jo 17:8), nã o sã o dois processos mutuamente independentes; pelo
contrário, sã o coordenadas instrutivas que falam, a partir de pontos de vistas diferentes, do
recebimento do testemunho. Há intima conexã o entre a fé e a vida. Aquele que crê no Filho tem
a promessa de que nã o perecerá, mas que, pelo contrário, terá a vida eterna (Jo 6:16, 36;
11:25). Portanto, a fé é atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança em seus
próprios esforços para obter a salvaçã o, quer sejam eles ações de piedade, de bondade ética,
ou seja, o que for. Em Joã o, a fé ocupa um lugar importantíssimo, pois ali o verbo pisteuõ é
encontrado noventa e oito vezes. Curioso é que o substantivo pistis – ‘fé’, nunca é encontrado.
Isso possivelmente se deve ao seu uso em círculos de tipo gnóstico. O enorme uso de pisteuõ
em Joã o se deve ao próprio objetivo claramente revelado no Evangelho em Joã o 20:31. A fé nã o
consiste meramente em aceitar certas coisas como verdadeiras, mas consiste em confiar numa
Pessoa, e essa Pessoa é Jesus Cristo. E como a fé é fundamental ao Cristianismo, os cristã os
são simplesmente chamados ‘crentes’.

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E crer implica em:


• Confiar (Jo 4:50)
• Seguir (Jo 8:12)
• Servir (Jo 13:12 – 15; 21:15 – 17)
• Obedecer (Jo 14:23 – 24)

IV - REGENERAÇÃ O
Do lado divino, a mudança de coraçã o é chamada de regeneraçã o, de novo
nascimento; do lado humano, é chamada de conversã o. Na regeneraçã o, a alma é passiva; na
conversã o, é ativa. Podemos definir a concessã o de uma nova natureza (2 Pe 1:4) ou coraçã o
(Jr 24:7; Ez 11:19; 36:26), e a produçã o de uma nova criaçã o (2 Co 5:17; Ef 2:10; 4:24). No
entanto, a regeneraçã o nã o é uma mudança a substância da alma. Hodge diz muito bem: Como
a mudança não é na substância nem no mero exercício da alma, ela ocorre naquelas
disposições, princípios, gostos ou hábitos imanentes aos quais todo o exercício
consciente está subordinado, e que determinam o caráter do homem e de todas as suas
ações.

IV. 1 - A Necessidade da Regeneraçã o


A Escritura declara repetidamente que o homem tem que ser regenerado antes de
poder ver a Deus. Estas afirmações da Palavra de Deus sã o reforçadas pela razã o e pela
consciê ncia. A santidade é uma condiçã o indispensável para sermos aceitos na comunhã o com
Deus. Mas toda a humanidade é pecadora por natureza, e quando chega à consciê ncia moral,
torna-se culpada de transgressã o real. Portanto, em seu estado natural, a humanidade nã o pode
ter comunhã o com Deus. Agora, esta mudança moral no homem somente pode ser feita por um
ato do Espírito de Deus. Ele regenera o coraçã o e comunica a este, a vida e a natureza de
Deus. As Escrituras mostram esta experiê ncia como sendo um novo nascimento, pelo qual o
homem se transforma em Filho de Deus (Jo 1:12; 3:3 – 5; 1 Jo 3:1).
Por natureza, os homens sã o:
1) Filhos da ira – Ef 2:3;
2) Filhos da desobediê ncia – Ef 2:2;
3) Filhos do Mundo – Lc 16:8;
4) Filhos do Diabo – Mt 13:38; 23:15; At 13:10; 1 Jo 3:10. Esta última expressã o é
usada especialmente para os que rejeitaram a Cristo, em Joã o 8:44. Somente o novo
nascimento pode produzir uma natureza santa dentro dos pecadores de modo a tornar possível
a comunhã o com Deus.

IV. 2 - Os Meios da Regeneraçã o


A Escritura apresenta a regeneraçã o como obra de Deus. Mas há numerosos
meios e agê ncias envolvidos na experiê ncia, que faremos bem em notar.
a) A Vontade de Deus. Somos nascidos “da vontade de Deus” (Jo 1:13). As
palavras de Tiago esclarecem ainda mais: “Pois, segundo seu querer, ele nos gerou pela
palavra da verdade” (Tg 1:18).
b) A Morte e Ressurreição. Precisamos nos lembrar que o novo nascimento é
condicionado à fé no Cristo crucificado (Jo 3:14 – 16); e que a ressurreiçã o de Cristo está
igualmente envolvida em nossa regeneraçã o (1 Pe 1:3).
c) A Palavra de Deus. É um dos principais agentes para a nossa regeneraçã o,
como já vimos em Tiago 1:18. O mesmo pensamento é expresso em Jo 3:5; 1 Pe 1:23. Que a
água a que se refere Joã o 3:5 nã o é o batismo é evidenciado pelo fato de que em Ef 5:26 a
nossa purificaçã o é relacionada à Palavra. Deve-se explicar Tito 3:5 da mesma maneira, pois é
claro que a água nã o tem poder regenerador. Paulo havia gerado os coríntios mediante o
Evangelho (1 Co 4:15), mas havia batizado apenas alguns deles (1 Co 1:14–16). Zaqueu (Lc
19:9), o ladrã o arrependido (Lc 23:42 – 43, e Cornélio (At 10:47) foram declarados salvos antes
de terem sido batizados.

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d) O Espírito Santo. O Agente eficaz real na regeneraçã o é o Espírito Santo (Jo


3:5; Tt 3:5). A verdade nã o constrange a vontade por si só; além disso, o coraçã o nã o
regenerado odeia a verdade até ser trabalhado pelo Espírito Santo. O Senhor Jesus disse
acerca do Espírito Santo, em Joã o 16:8: “Quando ele vier convencerá o mundo do pecado,
da justiça e do juízo”. Portanto, podemos afirmar que o Espírito Santo é tanto um Advogado
quanto um Acusador.

O rabino Eliezer-bem-Jacob diz: “Quem cumpre um mandamento – conseguiu um advogado


para si, e quem transgride um mandamento – conseguiu um acusador para si”. Diz Strong:
Não é um simples aumento na claridade que vai permitir que um cego veja; a enfermidade
do olho tem que ser curada primeiro antes que os objetos externos se tornem visíveis...
“Apesar de trabalhada juntamente com a apresentação da verdade ao intelecto, a
regeneração difere da persuasão moral por ser um ato imediato de Deus”. Talvez seja de
palavras como estas que se diz: alguns sã o convencidos, mas nã o convertidos.

IV. 3 - Os Resultados da Regeneraçã o


a) Aquele que é nascido de Deus vence a tentaçã o (1 Jo 3:9; 5:4,18). O tempo
presente em que todos esses verbos sã o usados indica uma vida de vitória contínua.
b) A pessoa regenerada ama: aos irmã os (1 Jo 5:1), à Palavra de Deus (Sl
119:97; 1 Pe 2:2), seus inimigos (Mt 5:43 – 48), e as almas perdidas (2 Co 5:14).
c) A pessoa regenerada também goza de certos privilégios como Filho de Deus,
como a satisfaçã o de suas necessidades (Mt 6:31 – 32), de uma revelaçã o da vontade do Pai (1
Co 2:10 – 12), e de ser guardada (1 Jo 5:18).
d) O homem que é nascido de Deus é herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo
(Rm 8:16 – 17). Embora o entrar realmente no gozo da herança ainda esteja quase no futuro, o
filho de Deus já agora tem um penhor dessa herança na dádiva do Espírito Santo (Ef 1:13 – 14).
É claro que estes resultados nã o sã o diferentes visíveis aos olhos do mundo, mas sã o, muito
reais para aquele que nasceu para a família de Deus.

V - O Novo Nascimento
O Novo Nascimento é um milagre do Espírito Santo, operado na natureza do
indivíduo, transformando-o completamente. De fato, o Novo Nascimento é um novo começo. Por
mais maculado que seja o seu passado; por mais deformado que seja o seu presente; por mais
sombrio que pareça o seu futuro, há uma saída, há uma possibilidade de começar tudo de novo,
pelo NOVO NASCIMENTO. Portanto, o Novo Nascimento é obra do Espírito Santo, nã o
representa fruto do esforço ou boas qualidades do homem. Nã o há mérito humano na operaçã o
(Joã o 3:6 – 7).
a) O batismo nã o efetua o Novo Nascimento. É falsa a doutrina que prega a
regeneraçã o pelo batismo.
b) Nã o se adquire por hereditariedade (Joã o 1:12 – 13). A Igreja nã o tem poder de
operar o Novo Nascimento. Como disse alguém: “Não serás um automóvel pelo fato de teres
nascido em uma garagem”. Ninguém nasce de novo por pertencer a esta ou àquela Igreja.
c) Nenhum rito religioso, afinal, será capaz de efetuar o Novo Nascimento.
d) Nã o representa fruto de resoluções humanas. Assim como o nascimento físico
depende de fatores fora do eu, na regeneraçã o o “eu” se torna passivo, ele recebe o Novo
Nascimento (Jo 1:12 – 13).
O Novo Nascimento é a penetraçã o da vida divina no ser humano. O estado de
pecado é um estado de morte, morte espiritual (Ef 2:1). O Novo Nascimento opera uma nova
vida no ser humano. Como se vê , o fenômeno é inexplicável em seu alcance mais profundo. O
próprio Nicodemos que era príncipe, um sábio e mestre em Jerusalém, nã o entendeu isso pela
mera exposiçã o em palavras (Joã o 3:4, 8, 9). Jesus insistiu na necessidade de experimentar o
Novo Nascimento. Em matéria de religiã o, de vida espiritual, o caminho para a compreensã o é
viver, experimentar primeiro para depois entender. A mera especulaçã o mental nã o penetra os
mistérios espirituais.
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A doutrina do Novo Testamento é amplamente encontrada nas Escrituras tanto no Novo, como
no Antigo Testamento. É apresentada, às vezes, com palavras diferentes, mas a verdade é a
mesma: que o homem nã o pode mover a si mesmo na direçã o do propósito de Deus; que como
essa natureza total está comprometida com a corrupçã o do pecado; é impossível andar
retamente no caminho de Deus.

É necessária uma mudança de natureza e é Deus quem nele opera a transformaçã o, tornando-o
um novo ser em Cristo. Há vários textos que merecem consideraçã o e estudo para o
conhecimento da doutrina, mas o capítulo 3 do Evangelho de Joã o é o que mais longamente
expõe o tema do Novo Nascimento. É o texto mais impressionante de toda a Bíblia; nenhum
crente o pode ignorar como fato, muito menos na sua interpretaçã o, pois a aplicaçã o de seu
eterno princípio de regeneraçã o pela fé depende à entrada de qualquer um no Reino dos Céus.
Antes de expor a doutrina propriamente, esclareçamos algumas expressões
usadas no texto:

FARISEUS – Constituíam uma das trê s principais seitas do Judaísmo e era a melhor, ou a mais
severa (Atos 26:5). Os Judeus foram combatidos por feroz perseguiçã o de Antíoco Epifanes, rei
da Síria, depois da volta do Cativeiro Babilônico. Os mais patriotas se organizaram em partido
para resistirem à infiltraçã o do Helenismo. Isso em 175 – 164 a. C. Logo, os fariseus tiveram
uma nobre origem: visavam preservar a religiã o de Israel, as Escrituras Hebraicas, estimular o
amor pátrio, etc. Mas seu nome aparece só lá pelos anos 135 – 105 a. C. Os fariseus criam na
imortalidade da alma, na ressurreiçã o do corpo, na existê ncia do espírito, nas recompensas e
castigos na vida futura (céu e inferno). E nisso se opunham aos saduceus que nã o aceitavam
nem uma nem outra destas coisas (Atos 23:6 – 6). Mas em matéria de religiã o nã o basta ter
conceitos teológicos corretos, é preciso viver uma vida reta com aquilo que se crê .
Enfatizaram em extremo as formas externas de religiã o tornando-se legalistas.
Chegaram a transformar a religiã o num montã o de formalismos sem vida. Opuseram-se
ferrenhamente a Jesus. Foram duramente acusados por Joã o Batista e por Jesus. Apesar de
tudo, tiveram em seu meio, homens de grande capacidade intelectual e social: tais como
Gamaliel (At 5:34; 22:3); Saulo de Tarso (Fp 3:5), que veio a se converter mais tarde (At 9:1 –
22), e a ser chamado para o apostolado; Nicodemos (Jo 3:1), e outros de muito boa vontade (At
5:34; Jo 7:50). Os fariseus julgavam que por muito falarem seriam ouvidos em suas orações (Mt
6:7).

NICODEMOS – Agostinho descreve-o como “um dos crentes em quem Jesus não podia
confiar logo” (Jo 2:24). A tradiçã o rabínica o descreve como um dos trê s homens mais ricos de
Jerusalém. Era de uma alta autoridade no Sinédrio, corpo legislativo, judicial e executivo entre
os judeus. Aparentemente no início desta entrevista ele está convencido, mas nã o convertido.
Jesus repudia o regime religioso do indivíduo Nicodemos e de toda a sua elite religiosa, e exige
dele radical transformaçã o, se quer entrar no Reino dos Céus. É mencionado trê s vezes no
Evangelho de Joã o. A primeira vez, visitando Jesus de noite (Jo 3:1-15); a segunda, protestando
contra a condenaçã o de Jesus sem o ouvirem. Nicodemos estava tã o impressionado com as
palavras de Jesus que seu desejo era que seus colegas o ouvissem também (Jo 7:50 – 51); e a
terceira vez, trazendo especiarias para ungir o corpo de Jesus em seu sepultamento (Jo 19:38 –
39).
DE NOITE – Joã o 3:2, nos diz que Nicodemos “foi ter com Jesus de noite”. Por que de noite?
Por que temia o povo? Envergonhava-se de Jesus? Ou apenas procurava uma entrevista longe
do burburinho da multidã o? Parece que o problema era mesmo um temor político e social. Nã o
queria prejudicar sua posiçã o (Jo 3:10). O texto expõe, sem rodeios, o motivo – “por medo dos
judeus” (Jo19:38 – 39), em relação a José de Arimatéia. E Nicodemos? “A sinceridade militava
contra a timidez e a timidez contra a sinceridade no coração de Nicodemos” (O. Boyer). Pelo
menos mostrou devoçã o a Jesus. Muitos que hoje censuram por ter procurado Jesus de noite,
tê m outros preconceitos que os arrastam de Jesus de dia e de noite, vivem longe dEle.

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Afinal, foi Nicodemos que cuidou (juntamente com José de Arimatéia), do corpo de Jesus e do
seu sepultamento (Jo 19:38 – 39). “Rabi, SABEMOS que és Mestre...” – o verbo está no plural
– “sabemos” – Em nome de quem fala Nicodemos? Nicodemos fala por seu grupo. Era membro
do Sinédrio e delegado único dos chefes dos judeus para saber de suas pretensões.

O magno tribunal já havia investigado oficialmente acerca de Joã o Batista (Joã o 1:19 – 31)
nunca fez isso com relaçã o a Jesus. E Nicodemos se queixa disso mais tarde (Jo 7:50),
querendo que Jesus fosse ouvido em juízo. Ele mesmo ficara impressionado com a pessoa e o
ensino de Jesus de ter estado com ele naquela noite memorável, posto que já estivesse
anteriormente deslumbrado com seus milagres.

REINO DE DEUS – Os Judeus esperavam e criam que seria assinalada a vinda do Reino por
manifestações de pompa e poderio político e militar. O Reino de Deus era a época Messiânica.
Jesus aqui proclama uma ordem espiritual invisível aos olhos, aos sentidos. A regeneraçã o é
isso – o arrependimento para a remissã o de pecados e a renovaçã o pelo Espírito Santo; e esta
experiê ncia dupla é indispensável para a entrada no Reino dos Céus. O Reino dos Céus é o
domínio de Deus e de Cristo e do Espírito Santo sobre a vida do discípulo, da Igreja (cf Lucas
17:20 – 21). É a vontade de Deus se consumando. É chamado o “Supremo Bem”. Não há nada
melhor ou equivalente ao Reino de Deus na vida.

NASCER DA ÁGUA E DO ESPÍRITO – Muitas sã o as interpretações que tê m sido dadas a


estas palavras. Entretanto, expomos aqui a tese que achamos mais acertada.
A maioria dos evangélicos aceita que a expressã o toma o sinal (batismo) pelo
significado (arrependimento), assim, nascer da água seria uma referência direta ao “nascer do
arrependimento”. Pois é só o arrependimento que dá acesso ao perdã o de Deus.
Não é arriscado supor que Nicodemos devesse entender como arrependimento o “nascer da
água”, pois nada se tinha naquela época como símbolo que envolvia água, senão o sentido de
purificaçã o e arrependimento extraído do batismo de Joã o.

V.1 - Evidências do Novo Nascimento


1 - Uma nova visã o e compreensã o espiritual – 2 Co 4:6; Ef 1:18; 1 Co 2:14
2 - O coraçã o sofre uma revoluçã o – Ez 36:26; Ef 4:20 – 24
3 - Uma vontade transformada – Ef 5:15 – 17
4 - Uma atitude diferente para com o pecado – Rm 6:1 – 23
5 - Uma disposiçã o de obedecer a Deus – 1 Jo 2:6
6 - Um coraçã o habitado por Cristo – Jô14:23; Cl 1:27
7 - Uma vida separada do mundo Tg 4:4; 1 Jo 2:15 – 17
8 - Luz do mundo – Mt 5:14 – 16
9 - Sal da terra – Mt 5:13
10 - Bom Perfume – 2 Co 2:16

VI - JUSTIFICAÇ Ã O
Por natureza, o homem nã o somente é filho do mal, mas é também um
transgressor e um criminoso (Rm 3:23; 5:6 – 10; Cl 1:21; Tt 3:3). Na regeneraçã o, o homem
recebe uma nova vida e uma nova natureza; na justificaçã o, uma nova posiçã o.
A justificaçã o pode ser definida como o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê
em Cristo. “Justificação é um ato da livre graça de Deus, pelo qual ele perdoa todos os
nossos pecados e nos aceita como justos a seus olhos, somente pela justiça de Cristo a
nós imputada e recebida pela fé.” A justificaçã o é um ato declarativo. Nã o é algo operado no
homem, mas sim algo declarado a respeito do homem.
a) A Remissão da Pena. A pena para o pecado é a morte (Rm 5:12 – 14; 6:23).
Se o homem for ser salvo, esta pena terá que ser removida primeiro. Foi removida pela morte de
Cristo, e é na morte de Cristo, que sofreu o castigo de nossos pecados em Seu próprio corpo no
madeiro (1 Pe 2:24).

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b) A Imputação da Justiça. Como justificaçã o é acertar a pessoa com a Lei,


entã o precisamos observar, como diz Strong, que “a lei requer não simplesmente a ausência de
ofensa negativamente, mas toda maneira de obediê ncia e semelhança a Deus positivamente”.
Em outras palavras, o pecador precisa nã o apenas ser perdoado por seus pecados passados,
mas também receber uma justiça positiva antes de poder ter comunhã o com Deus.

Esta necessidade é satisfeita na imputaçã o da justiça de Cristo ao crente. Imputar é debitar a


alguém (cf Sl 32:2; Rm 1:17; 1 Co 1:30; 2 Co 5:21; Fm 18). Devemos observar que este nã o é o
atributo de Deus, pois a nossa fé nada tem a ver com ele; mas sim a justiça que Deus
providenciou para aquele que crê em Cristo. Assim, Deus nos restaura ao favor imputando-nos a
justiça de Cristo. Esta é a veste nupcial que está pronta para todo aquele que aceita o convite
para o banquete (Mt 22:11 – 12; Lc 15:22 – 24).

VI.1 - O Método da Justificaçã o


a) Não é pelas obras da Lei – Rm 3:20; Gl 2:16. Os homens nã o sã o salvos por
“fazerem o melhor que podem”, mas são salvos por “crerem nAquele que fez o melhor”. A
justificação pela Lei só acontece através do cumprimento “total” da mesma!
b) É pela Graça de Deus – Rm 3:24; Tt 3:7.
c) É pelo Sangue de Cristo – Rm 5:9.
d) É pela Fé – Rm 3:26 – 30; 4:5 – 12; 5:1; Gl 3:8, 24.

VII - ADOÇ Ã O

A doutrina da adoçã o é puramente paulina. Os outros autores do NT associam as bê nçã os


que Paulo relaciona à adoçã o com as doutrinas da regeneraçã o e da justificaçã o. A palavra
grega traduzida como adoçã o (huiothesia), somente ocorre cinco vezes nas Escrituras, e todas
elas nos escritos de Paulo: Rm 8:15, 23; 9:4; Gl 4:5; Ef 1:5. Uma vez é aplicada a Israel como
naçã o (Rm 9:4); uma vez relaciona a completa realizaçã o da adoçã o à vinda futura de Cristo
(Rm 8:23); e trê s vezes, declara ser ela um fato presente na vida do Cristã o.

VII.1 - Definiçã o
Como a palavra grega (huiothesia) indica, adoçã o é literalmente colocar na
posiçã o de filho. Scofield diz: “A adoção é colocar na posição de filho” nã o é tanto uma
palavra de relacionamento, mas de posiçã o. A relaçã o de filho do crente para com Deus resulta
do novo nascimento (Jo 1:12 – 13), ao passo que adoçã o é o ato de Deus pelo qual aquele que
já é filho, através de redençã o da lei, é colocado na posiçã o de filho adulto (Gl 4:1 – 5). O
Espírito que habita no crente o leva à percepçã o disto em sua experiê ncia presente (Gl 4:6); mas
a plena manifestaçã o de sua filiaçã o aguarda a ressurreiçã o, transformaçã o e trasladaçã o dos
santos, e é chamada de “redenção do corpo” (Rm 8:23; 1 Ts 4:14 – 17; Ef 1:4; 1 Jo 3:2). Quer-
nos parecer que Paulo considerava os crentes do AT como “filhos” embora “de menor idade”;
mas os crentes do NT ele considerava tanto como “filhos” quanto “filhos adultos”. As principais
vantagens da filiaçã o, segundo Paulo, sã o a libertaçã o da Lei (Gl 4:3 – 5) e a posse do Espírito
Santo, o Espírito de Filiaçã o (Gl 4:6). Resumindo: na regeneraçã o, recebemos nova vida; na
justificaçã o, uma nova reputaçã o; na adoçã o, uma nova posiçã o.

VII.2 - O Tempo da Adoçã o


A adoçã o tem um relacionamento tríplice de tempo:
a) Nos conselhos de Deus, foi um ato do passado eterno (Ef 1:5). Antes mesmo de começar a
raça hebraica, sim antes da criaçã o, Ele nos predestinou para esta posiçã o (cf Hb 11:39 – 40).
b) Na experiê ncia pessoal ela se torna verdadeira para o crente na hora em que ele aceita a
Jesus Cristo (Gl 3:26).
c) Mas a percepçã o plena da filiaçã o aguarda a vinda de Cristo. É naquela hora que a adoçã o
será plenamente consumada (Rm 8:23).

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VII .3 - Os resultados da Adoçã o


(1) Talvez o primeiro dentre eles seja a libertaçã o da lei (Rm 8:15; Gl 4:4 – 5). O crente já nã o
está debaixo de “guardiões e aios”.

(2) O penhor da herança, que é o Espírito Santo (Gl 4:6 – 7; Ef 1:11 – 14). O Pai ajuda o filho
adulto a começar com a investidura do Espírito. É o pagamento inicial da herança total que ele
receberá quando Cristo vier.
(3) A posse aos bens do Pai. Lc 15.31; Rm 8. 17;Ef 3.6

VIII - SANTIFICAÇ Ã O

VIII. 1 - Santidade de Deus


A palavra hebraica para “santo” é quadash, derivada da raiz quad, que significa
“cortar” ou “separar”. A idéia básica de santidade de Deus não é tanto uma qualidade moral de
Deus, mas, sim, a posiçã o ou relaçã o entre Deus e alguma coisa ou pessoa. É dupla a idéia
bíblica da santidade de Deus.
(1) Ele é absolutamente distinto de todas as suas criaturas e exaltado sobre elas em infinita
majestade.
(2) Há um aspecto especificamente ético, e isto significa que em virtude de Sua santidade Deus
nã o tem comunhã o com o pecado (Jo 34:10; Hc 1:13; 1 Jo 1:5).

VIII. 2 - Definiçã o de Santificaçã o


a) Separaçã o para Deus. A separaçã o para Deus pressupõe separaçã o da
impureza. Isto se refere a coisas, lugares ou pessoas (2 Co 6:14 – 7:1).
b) Imputaçã o de Cristo como nossa santidade. A imputaçã o de Cristo como nossa
santidade acompanha a imputaçã o de Cristo como nossa justiça. Ele se tornou justiça e
santificaçã o para nós (1 Co 1:30). Paulo diz que somos “santificados em Cristo Jesus” (1 Co
1:2; At 26:18; Ef 5:26). Assim, o crente é reconhecido como santo bem como justo por estar
revestido com a santidade de Cristo. Neste sentido, todos os crentes são chamados de “santos”
sem levar em consideraçã o suas conquistas espirituais (Rm 1:7; 1 Co 1:2; Ef 1:1; Fp 1:1; Cl 1:1).
É a conhecida “santificação posicional”.
c) Purificação do Mal Moral. Esta é a “santificação progressiva”. A pergunta do
salmista é: “de que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?”. Tem como resposta,
“observando-o segundo a Tua Palavra” (Sl 119.9). É um processo contínuo.
d) Conformidade com a Imagem de Cristo. A conformidade com a imagem de Cristo
é o aspecto positivo da santificaçã o, assim como a purificaçã o é o negativo, a separaçã o e
imputaçã o sã o o posicional. Alguns textos básicos para esta verdade sã o: Rm 8:9; 2 Co 3:18; Gl
5:22 – 23; Fp 1:6; 3:10; 1 Jo 3:2). Claramente este é um processo que se estende por toda a
vida e que só será consumado por completo quando estivermos com o Senhor.

VIII. 3 - Os Meios de Santificaçã o


“Sede santos porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19:2; 1 Pe
1:16). Evidentemente que estamos nos referindo à “santificação progressiva”.
O primeiro meio de santificaçã o é a Palavra de Deus, ou seja, a meditaçã o e a
obediê ncia à mesma (Sl 119:9; Jo 15:3; 17: 17; Ef 5:26; 2 Tm 3:16; 1 Pe 1:22 – 23).
O segundo meio de santificaçã o é a prática da autodisciplina através de jejum,
oraçã o, meditaçã o, estudos, etc. (1 Co 9:27).
O terceiro meio seria por meio do poder do Espírito Santo (Rm 8:13).

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Deus vos abençoe!


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Presidente: Pr. Tugval Gomes
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QUESTÕES AVALIATIVAS: SOTERIOLOGIA

ALUNO:________________________________________________CIDADE:______________DATA__/__/__

1 – O que é salvaçã o e quais as palavras originais de onde nasce o sentido de libertaçã o?

2 – O que é arrependimento e qual a sua necessidade?

3 – Qual a participaçã o das Faculdades Básicas do homem na natureza do


arrependimento? E quais os seus resultados?

4 – O que significa “Fé e Crer” no original?

5 – Comente o capítulo IV da apostila “Regeneração”: (escreva em outra pagina)

- O que é,
- Necessidade,
- Meios e
- Resultados.

6 – O que é Novo Nascimento?

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7 – Como se define a justificaçã o? E como alcançá-la?

8 – O que é adoçã o? Qual o seu tempo e resultados?

9 – O que é santificaçã o e como adquiri-la?

Boa Sorte!

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DECLARAÇÃ O

Declaramos para devidos fins que: _____________________________________________,

RG.: _______________ SSP/PA, Está devidamente matriculado nesta instituiçã o de ensino

e cursa o BÁSICO TEOLÓ LIGO.

Damos fé e assinamos.

________________________________________
Pr. Assis Alcântara
Diretor - ITADMI

Ananindeua Pá ___/___/2022

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