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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

Cristóvão António: 708216871

A ATITUDE DO HOMEM PARA COM A REVELAÇÃO DIVINA

Tutor: Pe. Rodriguês Panze Chizenga

Disciplina: Fundamentos de T. Católica

Nampula, Outubro de 2022


INDICE
Introdução………………………………………………………………………….…….………….3
Conceito da Revelação…………………………………………………………….…….………….4
A atitude do homem para com a revelação divina……………………………….……….…………6
A resposta do homem na fé…………………………………………………….…….……………7
Conclusão……………………………………………………………….……………..……………8
Referências bibliográficas…………………………………………………………..………………9

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema: a atitude do homem para com a revelação divina, a partir da
Constituição Dogmática Dei Verbum. De acordo com o documento conciliar, a revelação é
apresentada como ato pessoal da manifestação de Deus ao homem. O ato da revelação divina é
significado como automanifestação, autocomunicação ou autodoação de Deus ao homem,
consumado na encarnação do Verbo na História. Jesus é o revelador e plenitude da revelação,
conforme afirmação da Dei Verbum.

O trabalho tem como objectivo: descrever qual é o comportamento do homem perante a Revelação
Divina.

A metodologia usada para a elaboração do trabalho, foi a há-de consulta bibliográfica. O trabalho
encontra-se organizado em: Introdução, desenvolvimento, conclusão e por fim as referências
bibliográficas.

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1. Conceito da Revelação
Entende-se por revelação o acto de tirar o véu que cobre uma realidade, o acto de tornar acessível
uma verdade até então velada ou oculta. Este conceito é usado para indicar a realidade ampla que
constitui o dado de fé que nos é oferecido no Evento Jesus Cristo (João Paulo, 1992).

1.2.Conteúdos da revelação
A Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo da
Revelação na Economia da Salvação nos seguintes termos: “Aprouve a Deus, na sua bondade e
sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do qual os
homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n’Ele se tornam
participantes da natureza divina” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, 2) Está claro que é livre
iniciativa de Deus o acto de se revelar. O movente da tal liberdade é a sua bondade e sabedoria.
Era natural que Deus que é suma bondade não permanecesse fechado em si mesmo eternamente. E a
sabedoria sempre move para o bem. A intenção do acto é salvífica, porque é para que os homens
tenham acesso ao Pai pelo Espírito. Deus faz-se conhecer para o homem entrar no mundo de Deus.

A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao
longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o mediador
e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o agente porque
Ele mesmo é Deus em acção.

1.3. A revelação em Abraão, Moisés e profetas

O projecto da revelação obedeceu um plano. “A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer dele
um grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos Profetas
para que O reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz, e para
que esperassem o Salvador prometido” (Concílio Vaticano II, O.C, 3). Como se pode depreender do
texto conciliar, Deus se revelou primeiro a Abraão, em seguida a Moisés, sucessivamente aos
profetas e quando chegou a plenitude dos tempos, depois de ter falado muitas vezes e de muitos
modos falou por meio do seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2), o profeta por excelência. Neste
projecto estão envolvidos a palavra, o encontro, a experiência num percurso histórico. Os padres
conciliares não deixam margens para dúvidas que “a economia cristã, como nova e definitiva

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aliança, jamais passará, e não se há-de esperar outra revelação pública antes da gloriosa
manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Concílio Vaticano II, O.C, 4).

Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para onde
ia (Gen 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura é ser pai de
um grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é, arquétipo da fé. O Deus que se revela em
Abraão é o Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua promessa de salvação.

Deus revelou se a Moisés oferecendo a libert ação a o povo escravo no Egipto. O Seu
nome “ Sou Aquele que Sou” revela uma solicitude de liberdade para o ser humano. Por isso o
Deus de Moisés é o Deus Libertador.

Os Profetas foram um momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o cuidado


de Deus pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos pobres e dos
vulneráveis da sociedade. Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres e injustiçados.

Nos últimos tempos Deus se revelou em Jesus Cristo como o centro e o ponto definitivo da história
de Salvação (Fisichella, 2002). A Lei e os profetas são orientados a ele e somente nele encontram
pleno cumprimento.

De facto toda a vida de Jesus foi marcada por eventos que revelam algo transcendente. O seu
Baptismo, a sua pregação, os milagres, a sua morte por amor e finalmente a sua gloriosa
Ressurreição só podem ser revelação de Deus.

Os Sinópticos descrevem a actividade reveladora de Jesus com os verbos pregar e ensinar. Jesus
pregou o reino de Deus e testemunhou com a sua própria vida: “Convertei-vos porque o reino de
Deus está próximo” (Mt 4, 17). No Evangelho de São João Jesus é o Logos como sinónimo de Palavra
de Deus. Deus não fez ouvir a sua voz mas a sua palavra que se pode reconhecer somente em Cristo
(Jo 5, 37-38). A invisibilidade do Pai torna-se visível na glória do Filho, pois este é o unigénito,
isto é, o único que possui a vida mesma do Pai, o único que pode revelar o Pai dada a sua
preexistência junto de Deus (Jo 1,1-2).

Com S. Paulo pode se afirmar que quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho
nascido duma mulher […] para resgatar aqueles que estavam sob o domínio da Lei, para que
recebessem a adopção de filhos (Gal 4,4-5). Paulo identifica o tempo último esperado com o tempo

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e a história de Cristo. Na carta aos Hebreus Deus que tinha já falado nos tempos antigos muitas
vezes e de muitos modos aos pais por meio dos profetas, ultimamente, nestes dias, falou a nós por
meio do Filho que constitui herdeiro de todas as coisas e por meio do qual fez também o mundo
(Heb 1, 1-2).

Cristo mandou os Apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, prometido pelos
profetas e por ele cumprido e promulgado pela sua própria boca, como fonte de toda a verdade
salvadora e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos (Concílio
Vaticano II, Dei Verbum, 7). Os Apóstolos foram fiéis ao mandato e anunciaram o Evangelho com
palavras e a própria vida.

Para que o Evangelho permanecesse para sempre integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram
os Bispos como seus sucessores, “entregando-lhe o seu próprio magistério” (Irineu, III,3).
Portanto, a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como que um
espelho, no qual a Igreja, peregrinando na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até chegar
a vê-lo face a face, tal qual Ele é (1Jo 3,2).Assim a sucessão Apostólica ininterrupta ou a sagrada
Tradição é a garantia da integridade do depositum fidei.

No ensinamento dos padres conciliares, a sagrada Tradição e a sagrada Escritura, estão


intimamente unidas e aglutinadas entre si; porque brotando ambas da mesma fonte divina, reúnem-
se num mesmo caudal e tendem para o mesmo fim. A Sagrada Escritura é a Palavra enquanto
redigida sob a inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite
integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e o
Espírito Santo aos Apóstolos para que eles com a luz do Espírito de verdade, a guardem, exponham
e difundam fielmente na sua pregação (Concílio Vaticano II; O.c.,9).

2. A atitude do homem para com a revelação divina


O homem na qualidade de destinatário da revelação tem uma atitude a tomar. Este
pode-se abrir ou permanecer indiferente. Mas como a finalidade da revelação é a salvação do
homem, no sentido que é para que o homem tenha acesso a Deus, Deus espera do homem a
obediência da fé (Rom 16, 26), isto é adesão ao projecto divino.

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O encontro entre Deus e a pessoa humana acontece no coração e uma vez aberto o coração professa-
se com a boca o que se crê. Paulo atesta: “Acredita-se com o coração e, com a boca, faz se a
profissão de fé” (Rom10,10). A abertura do coração é manifestada pelo testemunho público.
Pois a fé não é um acto privado. Porque o encontro com Deus é renovador. Deus comunica-se
para nos introduzir no seu mundo. Esse toque do coração é um acto de graça. Os Actos dos
Apóstolos descrevem muito bem esse movimento na cena de Lídia onde encontramos
explicitamente afirmado que “O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia”
(Act 16,14).

O que Deus espera do homem perante a sua revelação, ou por outra qual deve ser a atitude do
homem perante a iniciativa salvífica de Deus? Resposta positiva, abertura a Deus, abandonar-se a
ele. É esta resposta positiva que se chama fé.

2.1. A resposta do homem na fé

Respondemos com nossa abertura ao Transcendente, pois livremente sentimo-nos movidos a


aderirmos a essa comunhão de amor, de modo que naturalmente somos atraídos pelo amor de Deus,
Uno e Trino.

A essa abertura ao amor de Deus, chamamos fé, é o duplo movimento de Deus que se revela e o
homem que acolhe a Revelação através da fé (CC, 2000).

A fé constitui-se como um dom de Deus a nós, uma profunda riqueza, que não está desligada de
nossa vida, pois à vocação, a qual somos chamados é inerente a Revelação, de tal modo que
devemos ressaltar que Revelação, fé e existência do homem são inseparáveis.

Somente na fé pode o homem acolher a manifestação de Deus em Cristo; pela fé o homem confessa
que Jesus é o Senhor e Salvador, o Filho de Deus feito homem que, com sua morte e ressurreição,
libertou a humanidade da escravidão do pecado; pela fé o homem aceita Deus como confiança,
abrindo-se à esperança da Salvação eterna e tornando-a viva e presente por meio do amor.

A fé, portanto, faz com que o ser do homem se abra para Deus e sua interioridade, desvela e aquilo
que lhe é mais secreto, sua consciência, é desvendada, irrompendo nele o desejo de Deus, enfim
sua alma torna-se dócil aos apelos de Cristo.

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Respondemos e cremos livremente, nada nos força, a fé tem uma dimensão existencial, o homem
é capaz de optar, mas naturalmente, sente-se envolvido – interpelado, e nessa relação deixa-se
envolver, pois isto lhe apraz, porque se sente mais seguro.

A fé, portanto é a maneira como respondemos, um dom, mas que exige a nossa cooperação, e para
isso também temos os meios necessários, sendo que a fé não é meramente um ato isolado, mas um
dom recebido da Igreja – que nos faz ser uma só família – assim, através da Igreja, com sua
Tradição e Magistério, temos acesso a esse dom, ela nos fundamenta a abertura a Trindade, porque
zela, pela pureza e conservação desse precioso dom.

A fé nos configura a Cristo, de tal modo que queremos professar nossa decisão, queremos
configurar nossa vida à sua Palavra – ao seu Evangelho – anunciando-o, para a salvação de todos;
queremos conhecê-lo sempre mais, constituindo nossa opção, como essencialmente vital (cf. EV
30), sentindo e deixando que sua Graça em nós atue; Conscientemente, ou seja, racionalmente
queremos nos fazer capazes de consentir, que nossa inteligência e vontade, se façam capazes de
crer, evidenciando que temos capacidade dessa comunhão com a Trindade.

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CONCLUSÃO

Chegado este ponto, podemos concluir que, a Revelação é a aproximação de Deus em relação ao
Homem. Ela se dá em momentos históricos e na própria História. Assim, pode ser compreendida
quando se olha para a História. Esta se torna Economia, História da Salvação e vai progredindo
conforme o Homem pode aproximar-se mais de sua Fonte. A Igreja Comunidade dos Discípulos
tem acesso a isto e vive da experiência com o Revelador, Jesus Cristo. Ela o faz na intimidade com
a Escritura e na atualização de sua Memória.

Deus se revelou como ser pessoal, através da história da salvação, criando e educando um povo
para que fosse o guardião de sua Palavra e para preparar nele a Encarnação de Jesus Cristo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

João Paulo II (1992). Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Loyola.

Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de


Coimbra.

Conferência Episcopal de Moçambique (1991). Carta pastoral Momento Novo. Maputo.

Conferência Episcopal de Moçambique (1984). Cartas pastorais. Porto: Humbertipo - Artes

Gráficas.

Catecismo da Igreja Católica. (2000). Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola.

Conferência Episcopal de Moçambique. Comunicados e Notas.

Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (CCDDS) (1994). A Liturgia
romana e a Inculturação. 4ª Instrução para uma correcta aplicação da Constituição conciliar sobre
a sagrada Liturgia. Milão: Ed. Paulinas.

Gaudium et Spes (2002). Concílio Vaticano II. Constituições, Decretos e Declarações.

Coimbra: Gráfica de Coimbra.

Pontifício Conselho ‘Justiça e Paz’ (2002). Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Vaticano:
Libreria Editrice Vaticana

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