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ESCOLA DE PROFETAS DOUTRINA DE DEUS

CAPÍTULO 1 O CONHECIMENTO DE DEUS


FÉ VERSUS CETICISMO

A busca pelo conhecimento de Deus é um desejo do coração do próprio Senhor para Seus
filhos (Os 4:6 e 6:3, 6b). Essa busca, no entanto, não deve ser feita de qualquer maneira ou sob
uma motivação errada. Quando o conhecimento sobre Deus é empreendido apenas pelo
simples desejo de conhecimento, ou como atividade meramente especulativa, a mente não se
contenta com a verdade e acaba elaborando diversas questões sem proveito e embaraçando-se
com dificuldades as quais é incapaz de resolver. Geralmente, é daqui que surge o ceticismo (2
Co 3:6b; Jr 17:9).
Em contraponto a essa motivação incorreta, constata-se, biblicamente, que a fé, “[...] o
firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11:1),
deve ser a base da busca pelo Senhor. “[...] Sem fé é impossível agradar-Lhe, porque é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos
que O buscam” (Hb 11:6).
A crença na existência de Deus é de natureza universal. O estudo comparativo entre as
mais diversas religiões existentes ao longo das eras e em todo o mundo ratifica essa tese. Por
outro lado, existe um número crescente de indivíduos que negam a existência de Deus das mais
variadas formas, entre as quais estão: o ateísmo, o agnosticismo, o deísmo, o materialismo e o
panteísmo.
O ateísmo manifesta-se de diferentes formas; em todas nega a existência de Deus. Há
três vertentes: o ateísmo dogmático, que rejeita veementemente a existência de um ser divino;
o cético, que duvida da capacidade de a mente humana admitir se há Deus; e o capcioso, que
sustenta o argumento de não haver provas válidas da existência de Deus. Apesar dessas
vertentes, os ateus têm, em comum, o sentimento de não precisarem de Deus, resultado de sua
perversão, das limitações de sua inteligência e do desejo de esconder-se do Senhor (Sl 14:1). O
agnosticismo, por sua vez, cujo nome possui origem grega, significa “não saber”. Segundo essa
corrente, o homem não pode saber qualquer coisa sobre Deus, haja vista que as alegadas provas
de Sua existência estão fora do domínio das coisas materiais. Os agnósticos esquecem, ou,
propositadamente, ignoram que os pensamentos e os sentimentos também estão fora do
domínio da materialidade, mas ninguém nega a existência deles. Já o deísmo configura-se como
religião natural, baseada no raciocínio meramente humano. Admite a existência de Deus, mas
rejeita por completo Sua revelação à humanidade. Para os deístas, Deus não possui atributos
morais nem intelectuais; duvidam até que Ele tenha influído na criação do universo. Segundo o
materialismo, a única realidade é a matéria; o ser humano é apenas um animal. Por considerar
os comportamentos físicos e psíquicos do homem como, simplesmente, movimentos da
matéria, defendem que o ser humano não precisa prestar conta de seus atos a ninguém. De
acordo com o Panteísmo, no universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Árvores, pedras, pássaros,
terra, água, répteis, homens, todos são declarados parte de Deus. O Panteísmo confunde Deus
com a natureza, como se a conjuntura de tudo o que existe “resultasse em Deus”.

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A EXISTÊNCIA DE DEUS
CAPÍTULO 2
DECLARADA E RACIONALMENTE COMPROVADA

Num mundo cada vez mais iníquo e sem amor (Mt 24:12), à medida que a humanidade
afasta-se de Deus, os confrontos e os desafios impostos à fé cristã pela secularização e laicidade
dos valores e conceitos tornam-se, dia-a-dia, mais intensos e inevitáveis. Por esse motivo, é de
suma importância que os cristãos de hoje, talvez, como nunca antes, sejam capazes de defender
sua fé de uma maneira firme e, ao mesmo tempo, que revele o imenso amor do Senhor em
Cristo Jesus.
A existência de Deus declarada
A existência de Deus é um fato auto-evidente e uma crença “natural” do homem. A Bíblia
não é um diário sobre o Senhor que reúne todas as respostas aos questionamentos da mente
humana sobre Ele. É por esse motivo que, no primeiro versículo do relato da criação, lê-se: “no
princípio, criou Deus os céus e a terra [ponto final]” (Gn 1:1). Trata-se de uma afirmação
categórica e suficiente ao homem que crê. Aceita-se, pela fé, a existência do Senhor e a
revelação de que “toda Escritura é inspirada por [...]” Ele (2 Tm 3:16).
A Bíblia mostra Deus como o Criador e o sustentador de todas as coisas (Gn 1:1; Hb 1:3),
dirigente dos destinos de indivíduos e nações (Sl 22:28). A maior expressão da existência do
Senhor, no entanto, não está em nenhuma dessas situações e coisas; está em Seu Filho, Jesus
Cristo, “o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15b), “o qual é a imagem do Deus invisível” (Cl
1:15a).
“Deus é Espírito” (Jo 4:24); Ele não pertence à categoria da matéria. Logo, não pode ser
“descoberto” por meio de nenhuma metodologia científica. Apesar disso, é possível comprovar
de forma lógica e racional a existência de Deus. Entre os argumentos utilizados para isso, estão
o argumento cosmológico ou da criação, o ontológico ou da crença universal, o teleológico e o
moral.
O argumento cosmológico é um raciocínio filosófico que busca uma causa primeira (ou
uma causa sem causa) para o Universo. Por extensão, esse argumento é freqüentemente
utilizado para comprovar, racionalmente, a existência de Deus. A premissa básica é que,
havendo apenas um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém
além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na lei da
causalidade, que diz que toda coisa finita ou contingente é causada, agora, por algo além de si
mesma. Esse raciocínio tem sido utilizado por vários teólogos e filósofos ao longo dos séculos,
desde a Grécia Antiga com Platão e Aristóteles, passando pela Idade Média com São Tomás de
Aquino, até a atualidade com William Lane Craig1 e outros.

1William Lane Craig (Peoria, 23 de agosto de 1949) é filósofo e teólogo cristão americano. Como filósofo, Craig se
especializou em filosofia da religião, metafísica, e filosofia do tempo. Como teólogo, suas especialidades são estudos sobre o
Jesus histórico e teologia filosófica. Craig fez contribuições importantes para discussões sobre o argumento cosmológico em
favor da existência de Deus, a onisciência divina, teorias do tempo e eternidade e para a historicidade da ressurreição de
Jesus.
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Por sua vez, o argumento ontológico, desenvolvido pelo teólogo e filósofo agostinista
italiano, Anselmo de Cantuária (1033-1109), diz que o homem já possui em si a idéia de um ser
absolutamente perfeito. Essa idéia é inerente à existência humana; e a história dos povos, desde
os primeiros até os atuais, comprova isso.
Já o argumento teleológico, também chamado de prova psicoteológica, defende que o
universo, o mundo e o que neles há revelam inteligência, ordem e propósito sob qualquer
aspecto. Isso denota a existência de Deus como o grande arquiteto e regente de toda a criação.
Finalmente, o argumento moral baseia-se nas noções de moralidade, na existência de
valores morais ou na ocorrência de ações morais para concluir a existência de Deus. Em sua
forma mais simples, esse argumento pode ser esquematizado da seguinte maneira: se Deus não
existe, moralidade não existe. Mas, moralidade existe. Logo, Deus existe. Ele é o idealizador
desses conceitos, baseados em Sua própria natureza e, por isso mesmo, eterno (Sl 119:142).

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CAPÍTULO 3 AS DIVERSAS FORMAS DE REVELAÇÃO DO SENHOR


A NATUREZA, A BÍBLIA E CRISTO JESUS

“Revelação” tem o sentido de descobrir, descerrar, remover o véu. É Deus dando o


conhecimento de Si mesmo ao ser humano e isso pode ocorrer das mais inumeráveis formas. O
Senhor revelou-se, por exemplo, à nação de Israel (Rm 3:2; Ne 9:13), aos Profetas (Is 6:1; Jr 31:3;
Ez 1:26-28; Dn 10:5-6; Am 9:1), aos Apóstolos (Ap; Cl 1:26-27; Gl 1:11-12), à Igreja (Ap; Hb 1:1;
Jo 16:13-15).
A primeira revelação de Deus sobre Si mesmo foi por meio da criação, a natureza. De
maneira figurada, pode-se dizer que a natureza foi o primeiro “livro” escrito pelo Senhor (Rm
1:19-20). Ela versa sobre a grandeza e o poder de Deus, mas não declara como obter comunhão
com Ele. Por esse motivo, o Senhor escreveu Seu “segundo” livro, a Bíblia, como fonte plena de
Sua revelação.
A Palavra de Deus, infinitamente mais que apenas a “logos” (do grego, “palavra escrita”),
é o próprio Senhor Jesus, o verbo que se fez carne, a palavra em ação, a “Rhema” do Pai, viva e
eficaz, a revelação completa, perfeita, real e plena do Senhor (Jo 1:1-5; Cl 1:15-19). Aos aspectos
de Deus que a natureza não revela e que a Bíblia permite apenas o “conhecimento intelectual”,
em Cristo há pleno acesso (Jo 14:6-11). Ele é a expressa imagem e o resplendor da glória do Pai
(Hb 1:3a, b), “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que,
agora, foi manifesto [...]” (Cl 1:26).
Por esse motivo, somente de longe contemplará o homem a Deus através das páginas da
Bíblia se a “logos” não for vivificada pelo Espírito (2 Co 3:6b), tornando-se, assim, “[...] mais
penetrante do que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4:12a): “Cristo em vós, a esperança da
glória” (Cl 1:27b).
Diante dessas considerações sobre a “logos” e a “Rhema”, é importante lembrar que,
muito acima do homem, está o Senhor. E é Ele quem “opera em vós tanto o querer como o
efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Fp 2:13). “Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim
como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. Porque,
assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra e a
fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra
que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará
naquilo para que a enviei” (Is 55:8-11).

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CAPÍTULO 4 OS NOMES DE DEUS


A EXPRESSÃO DE SUA NATUREZA

O estudo dos “nomes de Deus” é muito importante por permitir a compreensão de quem
o Senhor é. Na Bíblia, em especial no Antigo Testamento, os nomes não tinham apenas a mera
função de denominar; eles eram usados, principalmente, para expressar o caráter e a índole do
indivíduo, para dar contexto e história a um lugar ou objeto.
É assim que, no tocante a Deus, vários termos hebraicos são usados para identificá-lo. A
seguir, você estudará um pouco sobre os nomes do Senhor. Alguns nomes são usados para se
referirem tanto ao Deus verdadeiro quanto às divindades pagãs, a governantes e a juízes. Por
isso, tais nomes são ditos genéricos. São eles:

● EL2 Berit – “Deus que faz pactos” ou “Deus da aliança” (Gn 31:13 e 35:1-3);
● EL Olam – “Deus eterno” (Gn 21:33; Is 40:28);
● EL Sale – “Deus é minha rocha”, “Deus é o meu refúgio” (Sl 42:9-10);
● EL Ro’l – “Deus da vista” ou “Deus que me vê” (Gn 16:13);
● EL Nosse – “Deus de compaixão” (Sl 99:8);
● EL Qana – “Deus zeloso” (Ex 20:5 e 34:14);
● EL Ne’eman – “Deus de graça e misericórdia” (Dt 7:9);
● EL-Elyon3 – “Deus Altíssimo”;
● EL-Eloah4 – “Deus adorado” (Gn 1:1).

Concernente aos nomes específicos de Deus são substantivos próprios usados


especificamente para designar o Deus verdadeiro. De uma forma mais incisiva que as
nomenclaturas genéricas, esses nomes inspiram temor e confiança, convidando a uma intensa
adoração. Entre eles, estão: “El Shadday” cujo significado é “Deus todo-poderoso”. Conforme o
próprio nome, descreve a onipotência do Senhor.

2EL significa “Deus”, “aquele que vai adiante”, “que começa as coisas”; é o nome mais usado na Bíblia para mencionar as
divindades pagãs. Em relação ao Deus de Israel, no entanto, é usado com várias combinações distintivas as quais revelam
atributos.O nome “EL” só é encontrado escrito dessa forma nas versões da Bíblia em hebraico. Nas Bíblias em português, está
sempre transliterado para “Deus”.
3“Elyon” é um adjetivo derivado do verbo hebraico “alá”, que significa “subir”, “ser elevado” e designa o Senhor como alto e
excelente, o Deus glorioso. Era assim que Melquisedeque conhecia Deus (Gn 14:19-20).Em Isaías 14:14, o nome “Elyon”
aparece sozinho. Já nas passagens de Números 24:16; Deuteronômio 32:8; Salmos 7:17/ 9:2/ 57:2; Daniel 7:18, 22 e 27, esse
vocábulo aparece combinado com outros nomes de Deus. Em ambas as situações, entretanto, verifica-se apenas o termo
“Altíssimo” nas versões das Escrituras em português.
4 “Eloah”, assim com “Elyon”, deriva da substantivação do verbo “alá” e significa “ser adorado”, “ser excelente”, “ser temido
e reverenciado”. Aparece 57 vezes no Antigo Testamento. Já “Elohim”, a forma plural desse vocábulo, aparece 2498 vezes e é
usado, em Gênesis 1:1, para expressar o conceito universal da Deidade.
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Foi muito utilizado no Antigo testamento, em especial, no período dos grandes patriarcas
(Gn 17:1 e 49:25; Nm 24:4; Rt 1:20, 21; Sl 91:1; Is13:6; Ez 1:24; Jl 1:15). “Adhonay” ou,
simplesmente, “Adonai” (do hebraico, “Senhor”), muito mais que um pronome de tratamento, é
um substantivo próprio e expressa a soberania de Deus no Universo (Gn 18:3; Is 3:18 e 6:1; Dn
9:16). Para os judeus, tanto “Adhonay” como “Yaweh” (do hebraico, também significa “Senhor”)
são nomes que não devem ser pronunciados no cotidiano para não haver risco de o nome de
Deus ser dito em vão. Por isso, eles, comumente, usam “Adhom”, de onde vem “Adhonay” e
cujo significado literal é “Mestre”. “Yaweh” é o nome com o qual Deus se revelou a Moisés (Ex
3:13-15). No hebraico, “Yaweh” é escrito com as consoantes “‫יהוה‬, transliteradas5 em “YHWH”,
traduzidas6em “Javé” ou “Senhor” na língua portuguesa. Por temor, os judeus evitam ao
máximo a pronúncia desse vocábulo, substituindo-o por “há’Shem” cujo significado é “o Nome”.
No Salmo 68:4, observa-se o nome “Yaweh” sob a forma abreviada “Já 7”, versão
traduzida do verbo transliterado “hayah” (do hebraico, “ser”). Em outros Salmos, registra-se a
presença desse sufixo na expressão “hallelujah” (“aleluia”; “louvai ao Senhor”). Isso ocorre,
porque a origem do nome “YHWH” está no verbo “hayah” (Ex 3:14) cuja aplicação inclui, de uma
só vez, os três tempos verbais – presente, passado e futuro –, demonstrando a eternidade do
Senhor. É interessante notar também que, em algumas traduções, o nome “YHWH” aparece
como “Jeová”. Isso se deve ao fato de os rabinos, com o objetivo de facilitarem a pronúncia do
hebraico clássico, terem vocalizado o Antigo Testamento por volta do século IX d.C., isto é,
terem acrescentado vogais em uma língua que, originalmente, não possuía tais fonemas. A
vocalização do tetragrama “YHWH”, no entanto, guarda um objetivo diferente; o de lembrá-los
de não pronunciar o nome de Deus em vão. Por esse motivo, eles inseriram as vogais de
“Adhonay” em “YHWH”. O resultado foi “Yehowah”. Durante muito tempo, por desconhecerem
todo esse contexto, os tradutores verteram “Yehowah” para a descrição mais próxima de sua
pronúncia, originando a palavra “Jeová”.
Assim como ocorre com “EL”, o nome “Yaweh” aparece associado a outros nomes que
revelam a natureza de Deus e as circunstâncias de Sua revelação. Eis alguns deles:

● Yaweh Yireh – “o Senhor proverá” (Gn 22:14);


● Yaweh Rafá – “o Senhor que sara” (Ex 15:26);
● Yaweh Shalom – “o Senhor é paz” (Jz 6:24);
● Yaweh Ra’ah – “o Senhor é o meu Pastor” (Sl 23:1);
● Yaweh Tsidkenu – “o Senhor, justiça nossa” (Jr 23:6);
● Yaweh Nissi – “o Senhor é a minha bandeira” (Ex 17:15);
● Yaweh Shammah – “o Senhor está ali” (Ez 48:35).

CAPÍTULO 5 OS ATRIBUTOS DE DEUS


5Transliterar: representar com um sistema de escrita (algo escrito com outro).
6Traduzir: 1 passar (texto, frase etc.) de uma língua para (outra) 2 dar certo sentido a; considerar, interpretar.
7Essa ocorrência só pode ser observada nas versões transliteradas da Bíblia.
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PANORAMA GERAL

Atributo8 é aquilo que é próprio de um ser; refere-se às formas de manifestação de um


ser. São classificados em três tipos: não relacionais ativos e morais.

5.1. OS ATRIBUTOS NÃO RELACIONAIS


São aqueles que não guardam relação entre si; descrevem o que Deus é em si próprio, à
parte da criação; refletem a natureza íntima de Deus. Dentre eles, estão: a espiritualidade –
“Deus é Espírito” (Jo 4:24). Ele possui personalidade, parecer, Ele pensa, sente, fala (Jo 5:37b).
Apesar de ser Espírito, o Senhor, absolutamente, não possui uma existência inde-finida 9. O
próprio ser humano foi criado à Sua imagem, conforme a Sua semelhança (Gn 1:26a).
Desfigurado, porém, pelo pecado, o homem perdeu boa parte dessas características as quais só
puderam ser restauradas pelo sacrifício do Filho de Deus, Jesus, a perfeita “[...] imagem do Deus
invisível” (Cl 1:15a).
A infinitude – Deus é infinito, isto é, não está sujeito às limitações naturais e humanas.
Sua infinitude é vista sob dois aspectos: em relação ao espaço e ao tempo. Em relação ao
espaço, Deus caracteriza-se pela imensidade (1 Rs 8:27), ou seja, a natureza da Divindade pode
estar presente de igual modo em todo e qualquer espaço. Em relação ao tempo, o Senhor
caracteriza-se pela eternidade de sua existência (Ex 15:18; Dt 33:27; Jr 10:10).
A unicidade – o Senhor é o único e verdadeiro Deus (Ex 20:3; Dt 4:35 e 6:4; 2 Sm 7:22; 1
Tm 1:17). “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não
falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram.
Têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta” (Sl
115:4-7).

5.2. OS ATRIBUTOS ATIVOS


Referem-se à relação entre Deus e o universo. São eles: a onipotência – Deus é
onipotente, Ele tem todo o poder (Gn 1:1 e 17:1b; Ex 15:17; Dt 3:24).
Isso significa Sua liberdade de poder fazer tudo o que esteja em harmonia com Sua
natureza; Seu controle e sabedoria sobre tudo o que existe ou que pode existir. A onipresença –
Deus é onipresente, o espaço natural não pode limitá-lO em ponto algum (Gn 28:15-16; Js 2:11;
Sl 139:5-10). Há diferença entre imensidade e onipresença e é importante frisar isso.
Imensidade refere-se à presença de Deus em relação ao espaço, enquanto onipresença refere-
se à presença de Deus em relação às criaturas.

Embora o Senhor possa estar em todo lugar (imensidade), Ele não habita nem se
manifesta em todo lugar (onipresença).A onisciência - Deus é onisciente, Ele conhece todas as

8Atributo: 1 qualidade, característica 2 símbolo.


9Ainda sobre essa questão, é interessante acrescentar que, após a morte e ressurreição, Jesus foi assunto aos céus não mais
como Espírito, tal como era desde o princípio, mas com corpo ressurreto e glorificado (Lc 24:39-43).
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coisas (Gn 18:17-19; 2 Rs 8:10; Sl 94:9; Sl 139). Não há uma cidade, uma vila ou uma casa sobre
a qual não estejam os olhos do Senhor. Não existe uma só emoção, impulso ou pensamento dos
quais Ele não tenha conhecimento. A sabedoria – Deus é sábio (Sl 104; Pv 3:19; Dn 2:20-21). Sua
sabedoria relaciona-se com Sua inteligência. O Senhor discerne o passado, o presente e o
futuro, agindo perfeitamente para a realização de Seus propósitos (Rm 3:5-7). E a soberania, a
qual descreve o direito absoluto que Ele possui de governar todas as obras de Suas mãos e delas
dispor da maneira como lhe apraz (Dn 4:35; Mt 20:15; Rm 9:21/ 11).

5.3. OS ATRIBUTOS MORAIS


Dizem respeito à relação entre o Senhor e os seres morais criados por Ele. Dentre eles,
estão: a santidade – Deus é santo (Ex 15:11; Lv 11:44; Is 6:3; Lc 1:49; Ap 4:8). Em outras
palavras, Ele possui uma natureza moral absolutamente pura. Ele não pode jamais pecar, muito
menos tolerar o pecado. Constata-se isso, de uma forma tão intensa, quando, no Calvário, “[...]
Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso traduzido é: Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15:34). Ali, naquele momento, o sacrifício de Cristo
foi consumado (Jo 19:30): “àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que,
nele, fôssemos feito justiça de Deus” (2 Co 5:21). Esse foi o sentido da indagação do Senhor no
Cruz. Por ter se tornado pecado, Jesus, pela primeira e única vez ao longo de toda a eternidade,
afastou-se do Pai; a comunhão entre Pai e Filho teve de ser interrompida naquele momento. A
santidade de Deus, perfeita e plenamente firmada em princípios eternos e inabaláveis, não
poderia admitir o pecado, ainda que em Seu Filho amado (Mt 3:17); ainda que por um pouco de
tempo, até que a justiça se cumprisse e a humanidade, verdadeira responsável pelos pecados
assumidos por Jesus, pudesse ser perdoada mediante o sacrifício dEle.
A justiça10a,b,c –Deus é justo (Dt 32:4; Ed 9:15; Ne 9:33; Jó 4:17). A justiça de Deus é o
reflexo, a expressão e o cumprimento de Sua santidade. Essa é a definição que mais se aproxima
do real significado da palavra, haja vista que a justiça do homem, bem como sua inerente
definição, é como trapo de imundícia (Is 64:6).
A fidelidade – Deus é fiel; Ele é perfeitamente digno de toda confiança. Suas palavras não
voltam vazias, muito pelo contrário, cumprem o propósito e jamais falham (Ex 34:6; Dt 4:31; Is
55:8-11; Mq 7:20; 1 Pe 4:19). “Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade
aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Sempre seja Deus verdadeiro, e todo
homem mentiroso, como está escrito: para que sejas justificado em tuas palavras e venças
quando fores julgado” (Rm 3:3-4).
O amor – “[...] Deus é amor” (1 Jo 4:8b). O amor, em seu significado verdadeiro, a saber,
o que vem de Deus, traduz-se na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, “o qual é imagem do Deus
invisível” (Cl 1:15a). Toda expressão, sentido, forma, definição, circunstância, intensidade e
10a) Justo: 1 que está em conformidade com a justiça 2 que tem grande rigor; preciso, exato 3 que se apoia em boas razões;
fundado, legítimo 4 quem age pelas normas da justiça e da moral 5 no momento preciso| b) Juízo: 1 ato ou processo de
avaliar os seres e as coisas, ou o seu efeito 2 faculdade intelectual que avalia com correção, discernimento, bom senso 3
opinião sobre alguém ou algo; avaliação, parecer 4 mente, pensamento | c) Justificar: provar a inocência (de), livrando(-se)
da culpa imputada; explicar(-se) 2 provar em juízo 3 tornar(-se) ou ser justo, necessário, cabível; legitimar(-se) 4 dar
fundamento a; explicar.
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verdade do que é o amor de Deus está, plenamente, contida em Jesus; porque Jesus é Deus (Jo
1:1c).
A misericórdia é, dentre tantas, uma das formas de expressão do amor e da fidelidade de
Deus. É o sentimento de compaixão pela miserabilidade de alguém. Uma das mais belas
descrições desse atributo do Senhor encontra-se no Salmo 103:8-18 e em Lamentações 3:22: Ele
“não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades”.
A bondade – Deus é bom (Sl 25:8; Sl 145:9; Na 1:7). A bondade de Deus é o atributo
mediante o qual Ele concede vida e muitas outras bênçãos aos Seus filhos; bênçãos que não se
podem contar.

CAPÍTULO 6 A TRINDADE DE DEUS


PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO

“Trindade” é a doutrina cristã segundo a qual Deus, embora seja um em Sua essência,
compõe um governo que subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não são três
deuses; são três Pessoas e um só Deus. Por isso, o cristianismo é considerado uma religião
monoteísta, a saber, cuja crença está em um só Deus.
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Ao observar essa doutrina apenas sob esse aspecto mais denotativo, pode haver alguma
dificuldade de compreensão em relação ao caráter monoteísta da fé cristã. Entretanto, quando
a Trindade é vista de “maneira comparada e ilustrada”, essa dificuldade não permanece: a
molécula de água (H2O), por exemplo, é formada por três átomos: dois de hidrogênio (H) e um
de oxigênio (O). Além disso, apesar de ser um só composto, ela aparece sob três estados físicos:
sólido (gelo), líquido e gasoso. Outra ilustração interessante refere-se às esferas de governo
constituídas sobre uma nação: são três poderes igualmente importantes e com funções
diferentes, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário; não obstante, um só governo. Uma última
análise comparada pode ser feita com o ser humano. O homem é um, porém é tricotômico, ou
seja, constituído de três partes: espírito, alma e corpo.
É interessante notar que a palavra “Trindade” não aparece no Novo Testamento. Ela é
uma expressão teológica datada do século II d.C.. Independentemente, é uma palavra de caráter
bíblico fundamentada não só no Novo como também no Antigo Testamento.
No caso do Velho Testamento, a palavra utilizada para “Deus”, em Gênesis 1:1, é “Elohim”,
plural de “Eloah”, que, conforme estudado, guarda em si o conceito universal da deidade. Em
vários outros textos do Antigo Testamento, pode-se observar prenúncios da revelação da
Trindade. Em Números 6:24-26, por exemplo, quando o Senhor definiu a maneira como os filhos
de Israel deveriam ser abençoados, para cada uma das três bênçãos, a palavra “Senhor” era
pronunciada. Semelhantemente, na tríplice doxologia 11 de Isaías 6:3, os serafins “[...] clamavam
uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está
cheia da Sua glória”. Apesar de rejeitarem a noção de Trindade, os judeus não messiânicos
possuem um hino tradicional e muito antigo cuja letra também anuncia a verdade dessa
doutrina: “shema Yisrael, Adhonay Elohenu Adhonay Echad [...]”, que traduzido é: “ouve Israel,
nosso Deus é o único Senhor [...]”. A palavra “Echad” descreve o numeral um (1) como sendo
composto, isto é, em cuja formação há vários (pelo menos dois) elementos. Por isso, a tradução
mais correta de “Adhonay Echad” seria algo como “o Senhor é uma unidade composta”.
Entretanto, também por uma questão de métrica e musicalidade, traduziu-se como “é o único
Senhor”.
A narrativa neotestamentária, por sua vez, logo em seu início, em Mateus 3:16-17,
confirma a verdade e o fundamento bíblico dessa doutrina. Isso ocorre, também, em diversas
passagens, especialmente nas de Mateus 28:19 e de 2 Co 13:13.

PROVA DATA:
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ALUNO: _________________________________________________________ NOTA: _______

1. CITE 5 FORMAS NAS QUAIS OS INDIVÍDUOS NEGAM A EXISTÊNCIA DE DEUS!

11Doxologia: prece ou cântico cujo fim é glorificar a Deus (definição segundo o Dicionário Online da Língua Portuguesa,
www.dicio.com.br).
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ESCOLA DE PROFETAS DOUTRINA DE DEUS
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2. EL EM HEBRÁICO SIGNIFICA O QUE?


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3. CITE 7 NOMES DE DEUS QUE REVELAM SUA NATUREZA E CARÁTER!


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4. ESCREVA AS QUATRO LETRAS DO TETRAGRAMA TRANSLITERADO!


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5. DIGA DE ONDE VEM A EXPRESSÃO TRADUZIDA JÁ, JAVÉ, JEOVÁ E QUAL A RELAÇÃO DELAS COM AS
PALAVRAS HEBRAICAS: “HALLELUJAH E ADHONAY”?
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6. CITE PELO MENOS TRÊS ATRIBUTOS DE DEUS: NÃO RELACIONAIS, ATIVOS, MORAIS!
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