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Igreja: Alicerçada no evangelho de Cristo

A igreja existe porque Deus em sua graça e amor redime pessoas de todas as
nações para que o conheçam, o glorifiquem e sejam abençoadas, tanto aqui na
terra quanto eternamente.

¹¹ Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está


posto, o qual é Jesus Cristo. (1 Coríntios 3:11)

²⁵ Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu


evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do
mistério que desde tempos eternos esteve oculto, (Romanos 16:25)

A igreja é o ajuntamento de discípulos de Jesus que crêem em sua


morte e ressurreição e vivem de acordo com seus princípios fundamentados
na doutrina dos apóstolos. Esses discípulos são aqueles que entram na nova
aliança através da fé em Cristo e em sua obra e obedecem seus
mandamentos. Por isso, os cristãos do primeiro século só aceitavam em suas
igrejas aqueles que demonstravam serem genuínos crentes em Jesus.

O conteúdo do evangelho

¹⁵ Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que
é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. 1 Timóteo 3:15

A igreja não é a verdade em si, portanto, se qualquer igreja não for fiel ao
ensino do evangelho ela estará desqualificada para seu ofício e até mesmo
enfrentará juízo divino.

O evangelho remete ao que foi feito por nós e não ao que fazemos.

1- Primeiro aspecto: evento histórico


Cristo morreu, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia segundo as
Escrituras (1Co 15.3)

Se uma pessoa negar esses fatos ele não pode ser considerado um discípulo de
Jesus. Pois se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé, não há sentido em pregarmos
um evangelho de um Cristo morto, pois assim ele não teria seu sacrifício aceito pelo
Pai e portanto não haveria possibilidade de perdão para os pecadores.

2- Plano divino executado


Jesus é a peça principal do plano divino executado, o antigo
testamento apontava para sua vinda para a restauração de todas as coisas.
Os discípulos usavam os Salmos, os profetas para confirmar a obra redentora
de Cristo.

3- Realização definitiva

1. Assumiu o castigo pelos pecados de Adão e seus descendentes e


sofreu toda vergonha causada pelo pecado
2. Cristo satisfez a justiça de Deus, coisa que o homem nunca poderia
fazer independente de seus esforços.
3. Assumiu a vergonha dos rebeldes
4. Triunfou sobre a morte, o pecado e o diabo para sempre

4- Oferta estendida a todos


Um ponto importante é a doutrina da eleição que encontramos na
Escritura, de fato, Deus predestinou e escolheu aqueles que seriam salvos
por meio de Cristo, mas isso foi revelado a nós por meio das Escrituras para
dar confiança as crentes em suas evangelizações, (pois se Deus tem controle
sobre a salvação podemos pregar com esperança no resgate de perdidos)
não para sermos seletivos sobre quem devemos pregar.

5- Inúmeros benefícios recebidos


O evangelho não é os resultados do evangelho. Por exemplo, o
evangelho não é o conjunto de leis morais que o cristão segue, pois isso nos
levaria a salvação pelas obras, o evangelho é a boa notícia, algo que já foi
feito em Cristo.

5. Uma comunidade da aliança

¹⁶ Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor:Porei
as minhas leis em seus corações,E as escreverei em seus entendimentos;
acrescenta:
¹⁷ E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. (Hebreus
10:16,17)

Nos dias atuais existe um embaçamento nas linhas divisórias entre aqueles
que são membros da igreja e não membros, isso acaba acarretando em um
ambiente que há um grande número de pessoas que vivem uma cultura de
serviços religiosos (muitas vezes movidos por status) do que por uma
genuína comunidade de fé voltada ao amor e o serviço para com os outros.
Conversão x aliança

Ambas apontam para a aplicação correta do evangelho, a aliança


continua presente, mesmo que muitos não achem isso (por parecer uma
contraposição em relação à liberdade da graça). Pois o cristão ao ser salvo
obrigatoriamente concorda com as exigências da nova vida com Cristo.
A conversão descreve uma transformação completa e radical que
sempre irá resultar em transformações visíveis.

⁹ Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e

como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro,

1 Tessalonicenses 1:9

Normalmente, usamos termos como, por exemplo, “fulano, se converteu”.


Mas isso está muito distante da verdade bíblica, pois é Deus quem converte
pessoas e ele providencia tudo o que é necessário para que ela permaneça
na fé.

Como participamos na nova aliança

“Em uma aliança, Deus toma um povo para ser seu, o redime da morte, exige
dele suas obrigações, declara as bênçãos divinas concedidas por sua
lealdade e as consequências decorrente de suas desobediências”. Para isso,
há duas posturas que devem ser adotadas:

A. Arrepender-se e crer no evangelho

¹⁴ E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o

evangelho do reino de Deus,

¹⁵ E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo.

Arrependei-vos, e crede no evangelho. (Marcos 1:14,15)

Em alguns versículos a Bíblia enfatiza que a salvação é por meio da fé,


enquanto que em outros é pelo arrependimento. Isso acontece porque os dois
andam interligados, portanto, citar um é citar implicitamente o outro.
1. Fé

● é o conhecimento dos fatos sobre Jesus e a disposição para aceitá-los.


● Ela implica concordância com os mesmos fatos, incluindo certa
simpatia com Jesus e determinada igreja.
● é a confiança em Cristo, a qual completa a fé genuína.
A fé genuína é manifesta em obras e amor, mas uma pessoa nunca deve
basear sua fé nessas evidências:

⁵ Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia,

nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,

(Tito 3:5)

2. Arrependimento

● É a negação de qualquer sistema de autojustificação; é a confiança


somente em Jesus Cristo.
● Ele abrange a renúncia de todos os mestres espirituais, deuses ou
mediadores. Somente Cristo terá esse papel em minha vida
● É deixar que o Senhor reina em sua vida como discípulo de Cristo e
filho de Deus

Mas é importante ressaltar que o arrependimento não abrange apenas o


intelecto do indivíduo; vai muito além de sua mente. A pessoa arrependida se
submete ao Senhor, e isso envolve a mente, a vontade, as emoções, ou seja,
toda a pessoa. Outro equívoco é achar que arrependimento é um voto de
nunca mais pecar.

¹ Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar,

temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.

² E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas

também pelos de todo o mundo.

³ E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.


⁴ Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e

nele não está a verdade.

(1 João 2:1-4)

B. Obedecer ao evangelho

A segunda postura esperada é a participação contínua à obediência a Deus,


Cristo e a doutrina apostólica.

¹⁵ Se me amais, guardai os meus mandamentos.

(João 14:15)

¹⁸ Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para

fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras;

(Romanos 15:18)

¹⁷ Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à

forma de doutrina a que fostes entregues.

Romanos 6:17

Obedecer aos mandamentos de Deus é uma obrigação de todo aquele que


foi regenerado por Deus e afirma crer no evangelho de Jesus Cristo. A igreja
deve estar atenta às pessoas que não vivem uma vida de arrependimento
constante e obediência a Deus, pois existem sim pessoas com fraquezas e
dificuldades que muitas vezes precisarão de uma ajuda pastoral, mas o fato
de elas buscarem mudança já é prova de sua participação da aliança do
Senhor.

A parte de Deus na nova aliança

Deus sem dúvidas é digno do amor e adoração por parte daqueles que
entram em sua aliança, pois não há legalismo ou autoritarismo por parte dele.
O que vemos é um Deus que derramou graça e amor sobre os pecadores e
os convida a uma aliança que foi conquistada por uma morte em favor deles.
E Deus nos dá uma grande dádiva para nos ajudar nessa jornada: a Igreja.
Ela é:

● A união dos crentes que seguem o evangelho


● Representante do reino de Deus na terra
● Participante das ordenanças do Senhor
● Anunciadora do evangelho para o mundo
● É quem glorifica o Deus que a criou e salvou

6. Edificando discípulos na fé e na vida

A aliança realizada em Cristo fornece um alicerce inabalável para a sua


igreja:

1 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é

Jesus Cristo (1 Coríntios 3:11)

Portanto, a crença nas verdades bíblicas e a obediência aos mandamentos


de Deus fornecem os materiais necessários para que a igreja se mantenha
alicerçada em Cristo. Dessa forma, toda igreja ao longo da histórica deve
estar comprometida na obediência desses mandamentos e verdades, pois
eles que vão garantir seu poder e sua aprovação diante do Senhor.

¹⁶ Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo

isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

(1 Timóteo 4:16)

Vemos aqui que as bênçãos trazidas pelo cuidado com a doutrina é a


salvação de si mesmo e dos que ouvem a mensagem. Um discípulo é
definido por aquilo que ele crê e pratica.

Duas primeiras doutrinas


1. As Escrituras

“O Senhor diz” está atrelado à revelação especial de Deus, mas nem sempre
Deus fala diretamente ao seu povo, ele usou profetas, homens “comuns” e os
apóstolos. Mas todos inspirados pelo Espírito Santo para transmitir
exatamente o que Deus desejava falar. Por isso, ela é infalível e sem erros.
Somente através dela o homem pode chegar ao conhecimento especial de
Deus e ser salvo:
De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. (Romanos 10:17)

2. Deus

A revelação geral está disponível a todos os povos e todas as épocas


(Romanos 1), mas ela não é suficiente para revelar quem Deus é, apenas sua
existência (tornando o homem culpado de não crer). Nas Escrituras
encontraremos os atributos de Deus:

● Onipotência
● Onipresença
● Onisciência
● Deus sendo um único Deus, mas existindo em três pessoas (Pai, Filho
e Espírito Santo)
● Santidade
● Amor
● Sabedoria
● Bondade
● Justiça
● Paciência
● Glória

Pontos importantes sobre a trindade

O Pai:
● Exerce uma atitude paternal para com toda a criação
● Todo-poderoso
● Criador dos céus e da terra
● Envia o Filho
● Elege os salvos

O Filho:
● Eternamente gerado pelo Pai
● Criador dos céus e da terra
● Enviado pelo Pai
● Concebido pelo Espírito Santo
● Nasceu da virgem Maria
● Foi crucificado, morto e sepultado
● Ressuscitou ao terceiro dia
● Está a direita de Deus Pai
● Voltará e julgará vivos e mortos

Espírito Santo:

● Eternamente procedente do Pai e do Filho


● Inspirou os homens a escreverem as Escrituras
● Regenera e habita nas pessoas que foram salvas
● Intercede em nosso favor ao Pai
● Edifica a igreja e lhe dá poder

Outras doutrinas essenciais

1. O homem

● Criado à imagem de Deus


● Ser caído e em estado de rebelião com Deus
● Possui sexualidade
● Desempenha papéis supraculturais de gênero estabelecidos por Deus

2. Salvação e seus desdobramentos correlacionados

● Justificação
● Santificação
● Glorificação
● Dá aos redimidos a possibilidade e obrigação da prática de boas obras
● gera fé e arrependimento
● Centrada em Cristo, sem anular a participação do Pai e do Espírito
● Responsabilidade moral humana e soberania divina
● Chamado eficaz ao homem perdido
● Promove certeza da mesma
● Perseverança dos santos

Discípulo de Cristo

● Demonstra evidências de seu discipulado


● Vivência guiada pelo Espírito Santo
● Nutrido por disciplinas espirituais individuais e coletivas
● Tem zelo pela grande comissão

Responsabilidades civis

● Submissão cristã ao governo


● Atenção aos direitos e deveres civis
● Intercessão pelos governos e cidadãos
● Empenho para promover a paz

Vocação

● Plano benéfico de Deus para o homem


● Ética cristã atrelada ao trabalho e sua vocação
● Glorificar a Deus no ambiente de trabalho

Casamento

● Aliança
● Papéis do marido e da esposa
● Amor sacrificial
● Base da sociedade
Volta iminente de Cristo

● Cumprimento da promessa redentora


● Esperança cristã
● Demonstração total de seu poder e majestade
● Terror da grande tribulação
● Novos céus e nova terra

Ressurreição dos mortos

● Todos os que morreram serão ressuscitados em Cristo

Ordenanças cristãs

A. Grande mandamento

³⁷ E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua

alma, e de todo Mateus 22:37

O amor aqui não se limita apenas aos sentimentos que tendem à


subjetividade pessoal ou à atração física, o que geralmente está enraizado
nos desejos carnais, comumente expressados como paixão. O amor provido
pelo Espírito é genuíno, um amor que não busca o próprio interesse e coloca
Deus acima de todas as coisas na vida e o bem-estar do próximo no mesmo
nível que o meu.

B. Os dez mandamentos

A lei moral serve para resguardar e convencer a humanidade do pecado,


instruindo a justiça. Os dez mandamentos permanecerão em vigor até o fim
dos tempos, uma vez que ele se enquadra na lei moral (o sábado recebe
diferentes convicções com a vinda de Cristo). Uma prova disso é que em
todas as sociedades os dez mandamentos são seguidos de forma
inconsciente (na maioria dos países é errado matar, roubar, adulterar, dar
falso testemunho, não descansar, desonrar pais e mães, cobiçar as coisas
alheias).

C. Sermão do monte

Esse sermão de Jesus era endereçado aos seus discípulos, essas eram
atitudes de crentes em genuínos.

D. Novo mandamento

³⁴ Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a

vós, que também vós uns aos outros vos ameis.

³⁵ Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

João 13:34,35

E. As duas ordenanças: a ceia e o batismo

O batismo testifica que a pessoa se identifica como discípulo de Cristo e a


ceia é o memorial e a celebração do sacrifício de Cristo em nosso lugar,
enfatiza a vida mútua até a sua volta
F. Submissão aos autoridades

Deus decrete que os cristãos devem ser submissos às suas autoridades civis,
pastorais e familiares. Essas autoridades não são absolutas, pois se
estiverem indo contra a Palavra de Deus devem ser confrontadas.

G. Piedade

Piedade é a pessoa se assemelhar com Deus Pai ao possuir as virtudes de


amor, pureza, humildade, bondade. Jesus exemplificou isso ao vir ao mundo.
Por meio de seu exemplo e do Espírito Santo, os regenerados podem
segui-lo como padrão.

H. Grande comissão

Os seguidores de Jesus zelam em obedecer a ordem de fazer discípulos de


todos os lugares do mundo, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo.

7. As igrejas no período pós-apostólico

Perseguidas, mas com respostas admiráveis

A morte dos apóstolos não significou o fim do cristianismo, pelo contrário, ele
continuou crescendo gradativamente e de forma explosiva. Porém, com isso,
surgiram pressões externas, dentre elas, temos os judeus, que viam o
cristianismo como uma seita ramificada do judaísmo; e os romanos, que viam
os cristãos como um bando de rebeldes e ameaças à estabilidade civil. Isso
se intensificou ainda mais quando o culto ao imperador se tornou obrigatório,
ou seja, os cristãos tinham que escolher entre serem “bons cidadãos” e
adorar o imperador ou serem fiéis ao Senhor.
²⁴ Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou

se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

Mateus 6:24

Diocleciano foi um dos mais severos imperadores, sua lei determinava:

● Proibição das reuniões da igreja


● Caça e execução de líderes eclesiásticos
● Encarceramento de cristãos
● Restrição de direitos civis
● Incineração de manuscritos das Escrituras
Mas apesar de tudo isso os seguidores de Cristo eram conhecidos por sua
santidade e amor. Esse amor e cuidado uns para com os outros superaram
as barreiras étnicas e sociais. Dentre esses cuidados estavam:

● Esmolas em geral
● Ofertas de emprego
● Solidariedade para com educadores e oficiais civis
● Cuidado dos órfãos, viúvas, enfermos e encarcerados
● Apoio à famílias pobres no sepultamento de seus entes queridos
● Alívio em situações de desastres e hospitalidade

Haviam também os cristãos estudiosos, como Justino e Tertuliano, chamados


apologistas, que falavam diretamente com as lideranças civis em favor do
cristianismo.

Lutas internas contra falsos mestres

Durante esse período muitos falsos mestres adentravam as igrejas e


enganavam muitos irmãos com seus ensinos totalmente de contra o
evangelho, eles faziam isso por meio de seu carisma e discursos cativantes.
“lobos devoradores, vestidos de peles de ovelhas”.

Contribuições que promoveram a fidelidade das igrejas aos


ensinamentos do evangelho

A. Cânon consolidado do novo testamento


O povo judeu além de ouvir atentamente os manuscritos que eles
consideravam inspirados também copiavam. A coleção dos 39 livros do
antigo testamento já tinha sido definida como cânones desde 300 a.C a 100
a.C. Além disso, a igreja primitiva contava com o ensino oral e cartas e
epístolas inspiradas por Deus e escritas pelos apóstolos.
De forma cuidadosa e progressiva, o cânon de 27 livros foi aceito no Concílio
Ecumênico de Cartago (397 d.C). A igreja não escolheu, mas discerniu quais
livros eram os inspirados por Deus. Os critérios foram:

1. Deveriam ser escritos por apóstolos ou pessoas com uma relação


muito próxima a eles
2. Reconhecimento geral do benefício espiritual e o uso contínuo das
igrejas.

B. Catequeses que enfatizam os ensinos principais

Existia um certo cuidado e rigor em relação ao batismo, tanto que


normalmente aqueles que desejavam se tornar cristãos demoravam meses e
em alguns casos anos para se batizar. As razões seriam:

● Amor e o cuidado das congregações atraiam muitos descrentes que


não conheciam o evangelho e suas implicações
● As igrejas queriam deixar claro o preço alto que era cobrado aos
cristãos (perseguições, marginalização social, perda de propriedades)
● As igrejas queriam ter certeza de que a pessoa não estava abraçando
a fé de forma superficial e falsa

C. Credos que definiam pontos críticos da fé

As regras de fé nunca podem receber a mesma autoridade que o ensino dos


apóstolos expressos no cânon, por isso elas devem estar sempre sujeitas a
mudanças e atualizações.
O mais famoso é o credo apostólico:

Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra.


Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
o qual foi concebido por obra do Espírito Santo;
nasceu da virgem Maria;
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
ressurgiu dos mortos ao terceiro dia;
subiu ao Céu;
está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso,
de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na Santa Igreja Universal;
na comunhão dos santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição do corpo;
na vida eterna. Amém.
De seita para religião cristã

O Edito de Milão (313 d.C) concedeu liberdade aos cristãos e lhes devolveu
as propriedades que haviam sido confiscadas. As consequências disso,
infelizmente, foram desastrosas, pois o cristisnismo começou a se tornar uma
religião nominal, onde as igrejas passaram a ser mais institucionalizadas e
mundanas. Uma congregação mista de ovelhas e bodes.

Falha gradativa em preservar o ensino dos apóstolos

Durante esse período, surgiu uma nova liderança na igreja: os bispos. Que
nada mais eram do que líderes autoritários de igrejas grandes em contextos
urbanos. Diferente da função de presbíteros e diáconos das Escrituras, que
deveriam dirigir e cuidar dos afazeres da congregação visando o crescimento
da igreja e a obediência ao Senhor.
Isso começou a trazer de volta os costumes da antiga aliança, onde os bispos
e padres eram os sacerdotes e eles intercediam a Deus pelas pessoas,
quando isso é totalmente errôneo, pois a somente um sumo sacerdote:
Cristo, ele intercede por nós diretamente com o Pai e nós intercedemos uns
pelos outros.
Mais redefinições continuaram a acontecer, as quais acabaram distorcendo o
ensino do evangelho, corrompendo a vida e a missão da igreja.
8. A situação cristã complexa no período medieval

Nessa época, a população mundial sofreu com diversas guerras sangrentas,


doenças – incluindo a terrível peste negra –, iniquidades sociais, corrupção e
depressões econômicas. As pessoas tinham um medo constante da morte, já
que ela era comum para eles; tinha medo de ir para o inferno por seus
pecados; sentiam que suas vidas não tinham sentido.

Igreja católica romana: a única referência cristã

De acordo com os católicos, Cristo estabeleceu uma única igreja, sob


liderança suprema do papa, que é o sucessor de Pedro com poder das
chaves do reino de Deus.
O QCL (Quarto Concílio Laterano) oficializou os sete sacramentos, a
transubstanciação e oficializou a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR)
como a única dispensadora da graça divina sobre a terra.
Pedro Lombardo, bispo de Paris, enumerou os sete sacramentos e elaborou
cada um deles:

● Batismo
● Confirmação
● Eucaristia
● Penitência
● Unção dos Enfermos
● Ordem
● Matrimônio

A. Quatro sacramentos dos ritos de passagem

Esses sacramentos invocam graças divinas sobre as pessoas que o realizam.


O batismo limpa a pessoa da culpa do pecado original e provê justificação
inicial e a faz membro do corpo de Cristo, por isso ele é realizado na infância,
para que a criança não morra em estado não regenerado.
A confirmação faz com que os indivíduos sejam mais perfeitamente
vinculados à igreja, enriquecidos com uma força especial do Espírito Santo.
O matrimônio prevê graças divinas para o homem e a mulher que se unem
em casamento.
A unção de enfermos tem por finalidade conferir graça especial ao cristão
que passa por problemas de saúde para que ele possa entrar na eternidade
com um coração contrito e mais santificado.

B. Sacramentos que provê poderes eclesiásticos

A ordem visa graças para exercer permanentemente o ofício de bispo,


presbítero ou diácono. Isso dá dois poderes especiais aos bispos e aos
presbíteros, o primeiro seria o de consagração, que é transformar os
elementos da eucaristia em corpo e sangue de Cristo. O segundo é a
absolvição, que é perdoar qualquer pecado cometido pelas pessoas que se
confessam.

C. Sacramento da segunda conversão


O sacramento da penitência, que deve ser realizado uma vez por ano ou tão
frequentemente quanto cometer um pecado mortal. Ela liga-se às
indulgências, que os fiéis podiam comprar para perdoar pecados deles ou de
pessoas no purgatório.

D. O sacramento dos sacramentos

As pessoas podem participar da eucaristia desde que tenham recebido o


batismo e a confirmação e não tenham cometido nenhum pecado grave
desde a última penitência. E os fiéis não tomam vinho, somente os padres.

Análise bíblica e suas implicações

Na visão católica, onde não há sacramento, não há salvação disponível.


Portanto, a salvação se baseia na santificação, a qual, por sua vez, depende
da realização dos demais sacramentos. Por isso o purgatório espera todos os
católicos, até os mais devotos. O que parece muito distante da segurança
trazida pelo evangelho de Cristo.

²⁴ Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.

²⁵ Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,

vivendo sempre para interceder por eles.

Hebreus 7:24,25
O sistema de crença católico repousa nos sete sacramentos e não na obra do
próprio Cristo.

Fontes e autoridade divina além das Escrituras

Os católicos aceitam os livros apócrifos e defendem a ideia de que os papas


em seus editos e magistério em seus pronunciamentos conciliares sob
autoridade papal interpretam, clareiam e aplicam aquilo que Cristo e os
primeiros apóstolos instruíram.

Alguns enredamentos dessas alterações extrabíblicas

A. Analfabetismo bíblico
O povo não costumava ouvir sermões baseados nas Escrituras sagradas, a
não ser em ocasiões especiais. Expor as Escrituras era um ato de
excomunhão, além de ser uma ofensa civil gravíssima. A população inteira
nesse período se declarava cristã, porém a fé vem pelo ouvir a Palavra de
Deus, mas ela não era aberta à população. Enxerga a contradição lógica?

B. Misticismo fomentado

● Veneração de relíquias
● Visitas a santuários
● Peregrinações
● Procissões
● via-sacra
● Danças religiosas
● O rosário
● As medalhas
● Veneração aos santos e às festas dedicadas a eles

C. Liderança eclesiástica inacessível e imutável

A corrupção era muito comum, desde os padres até mesmo os papas. Muitos
deles viviam vida totalmente longe da piedade cristã e alguns até tinham
práticas imorais e cruéis.
A reforma protestante: buscando resgatar o evangelho e a
igreja
Mas o justo viverá pela fé;

Um historiador do século 19 avaliou que a reforma protestante foi o evento


mais importante da história, sendo inferior somente à fundação do próprio
cristianismo na ressurreição de Cristo. Seus efeitos permanecerão até o fim
dos tempos.

Movimento restaurador marcante e necessário

O objetivo era restaurar a integridade doutrinária e moral dentro da ICAR.


Eles pretendiam que suas igrejas voltassem ao ensino e a prática reveladas
pelas Escrituras.

A. Alguns lugares e personagens


Em 31 de Outubro de 1517, Martinho Lutero afixou as 95 teses na porta da
capela da Universidade em Wittenberg, na Alemanha. Ele foi contra as
indulgências, pois acreditava que os padres estavam indo além de sua
autoridade, pois estavam determinando quais almas iam para o céu ou
inferno.

Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo

viverá pela fé. (Romanos 1:17)

Outro exemplo famoso foi em Genebra. O exilado francês João Calvino


(1509-1564), que passou a maior parte de seu ministério estabelecendo outro
modelo de igreja reformada bem influente.

Embora cada país e cada reformador tenha tido suas particularidades, todos
estavam centrados em lidar com questões teológicas, morais, políticas e
eclesiásticas. Não foi um movimento perfeito, pois muitos dos reformadores
atacavam uns aos outros, mas todos entendiam a necessidade de se haver
esta busca pela fé e ensino das Escrituras.

B. Sua necessidade inevitável


No clero havia inúmeros casos de nepotismo, concubinato e apropriação
indébita de recursos para sustentar os estilos de vida luxuosos.
E temos que deixar claro que o objetivo nunca foi rachar a igreja católica, mas
trazê-la de volta ao evangelho de Cristo, mas por causa do coração dos
homens, isso não foi possível.
Eles não estavam só defendendo sua teoria, eles estavam se entregando à
perseguição, ao exílio e à morte para trazer Cristo novamente ao centro da
igreja.

Sola Scriptura

A. O advento desse movimento

O humanismo motivou esses homens a buscarem as Escrituras em seus


manuscritos originais ao invés de serem guiados pela elite eclesiástica da
época. Isso os levou a diversas formas de agir:

● Tradução das Escrituras para suas línguas nacionais


● Exame das Escrituras em seus idiomas originais para a preparação de
seus sermões
● Comentários dos livros bíblicos

As Escrituras se tornaram a fonte final para aprovar ou negar uma doutrina

B. Significado e implicações

A sola scriptura afirma que as Escrituras – antigo e novo testamento – são a


revelação escrita da revelação divina, a Palavra de Deus. Portanto, elas são
livres de erros, infalíveis e devem ser adotadas com a única regra de fé e
prática da igreja.

➔ Não quer dizer que a igreja deve desconsiderar fontes diferentes para o
seu ensino, por exemplo, credos, confissões de fé, livros. Mas somente
a Bíblia é infalível e sem erros.
➔ Elas são suficientes. A Bíblia detém todo o necessário para a fé e para
a moral.
➔ As Escrituras são claras. Não significa que não há temas difíceis, mas
a sua grande maioria, eu diria 95% é muito clara para o ensino.
➔ As Escrituras explicam as Escrituras. Elas são seu melhor intérprete
➔ As Escrituras são infalíveis. Livros de erros, Grudem resume: “sabemos
que o manuscrito original dizia em mais de 99% das palavras da
Bíblia”.
➔ As Escrituras revelam Jesus.

10. Os efeitos do princípio da Sola Scriptura e uma síntese


sobre as igrejas verdadeiras

A. Abolição de outras fontes reveladores

Através do princípio da Sola Scriptura as igrejas aboliram todos escritos


extrabíblicos trazidos pela igreja católica. Isso não significava que todos os
documentos pós-apostólicos deveriam ser excluídos e abandonados, mas a
Escritura é a única autoridade sobre a igreja de Cristo. Somente ela é
inspirada e infalível.

B. Retorno ao entendimento correto do evangelho

⁸ Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom
de Deus.
⁹ Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
¹⁰ Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus preparou para que andássemos nelas.
Efésios 2:8-10

Os princípios ensinados aqui foram organizados nos famosos cinco solas da


reforma:

1. Sola Scriptura → Somente as Escrituras são regra de fé e prática da


igreja, são inspiradas por Deus e, portanto, infalíveis. Nada pode ser
acrescentado ou retirado delas.
2. Sola Gratia → Somos salvos unicamente pela graça, portanto, a salvação
é uma obra unicamente de Deus.
3. Sola Fide → O homem não pode ser justificado pelas suas obras, somente
pela fé na obra de Jesus Cristo.
4. Solus Christus → Somente Cristo é o mediador entre Deus e os homens.
Sua morte e sua ressurreição são suficientes para a nossa expiação e
salvação.
5. Soli Deo Gloria → A obra é realizada por Deus antes mesmo de crermos
nele, logo, somente a Ele pertence a glória.

A Sola Scriptura é a base de todas as outras, pois se não fosse por elas não
teríamos acesso às outras verdades bíblicas.

C. Sacerdócio de todos os crentes

Deus não exige uma categoria de homens mais elevados para o serviço do
sacerdócio. Quando entramos na nova aliança temos total acesso a Deus,
portanto não precisamos de outro homem para levar nossas confissões a Ele,
podemos confessar diretamente, pois Cristo intercede eternamente por nós.

⁶ E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o

sempre. Amém.

Apocalipse 1:6

E isso não pode acontecer de forma totalmente individual, pois como corpo
de Cristo, realizamos o sacerdócio amando nossos irmãos e os exortando
com o evangelho.

D. Primazia da pregação da Palavra


“Eu simplesmente ensinei, preguei e escrevi a Palavra de Deus; [...] A Palavra
enfraqueceu o papado de tal forma que nenhum príncipe ou imperador
conseguiu. Eu não fiz nada. A Palavra fez tudo.” - Martinho Lutero

Usando uma lógica simples, se a Bíblia é verdadeiramente a única e


suficiente autoridade revelada por Deus para a sua igreja, é função principal
do pastor é partilhá-la com seus irmãos.

E. Recuperação do significado e da prática dos sacramentos

Os sacramentos foram reduzidos para dois e nem a ceia ou o batismo tinham


poder salvífico.

● Eles rejeitaram a doutrina da transubstanciação


● Proibiram a adoração aos elementos da ceia
● Os participantes passaram a consumir o pão e o vinho
● A celebração se tornou em memória e ação de graças a obra de Jesus
Cristo
● O pastor passou a celebrar a missa na sua língua nativa e dos seus
congregados
● A excomunhão passou a ser aplicada aos congregados cujas vidas
contradiziam sua profissão de fé

Marcas bíblicas de uma igreja verdadeira

1. Fiel pregação da Palavra e correta celebração das ordenanças

¹⁶ Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para

redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;

2 Timóteo 3:16

As Escrituras revelam o evangelho e guiam o povo de Deus em verdade e


justiça, e o fazem, especialmente, em relação aos sacramentos.

B. Disciplina restauradora

Ninguém quer julgar ou ser julgado publicamente, pois muitas vezes é uma
situação constrangedora, porém Cristo exige tais ações de seus discípulos.
Porém, ao tem que ficar claro: a disciplina bíblica deve ter um caráter
restaurador, no sentido de correção para prevenir uma exclusão. E o excluído
pode ser agregado novamente a igreja se houver arrependimento e mudança
de vida.

C. Membresia regenerada

Visa estabelecer e preservar uma igreja pura, composta de apenas crentes,


os quais foram batizados e preservam uma vida de santidade e fé no Senhor.

D. Outras marcas esclarecedoras

● Pregação expositiva
● Teologia bíblica
● O evangelho
● Entendimento bíblico da conversão
● Entendimento bíblico da evangelização
● Entendimento bíblico da membresia da igreja
● Disciplina bíblica na igreja
● Interesse no discipulado e crescimento
● Liderança bíblica na igreja

11. Regeneração: a chave para discernir igrejas


verdadeiras e discípulos genuínos

1. Definição bíblica de igreja

A. Recapitulando o que já foi estudado

● Por que a igreja existe?

A igreja existe porque Deus redime pessoas em toda terra para que o
conheçam, obedeçam e sejam abençoadas, tanto nessa vida quanto
eternamente.

● Quem é a igreja?

A igreja é o ajuntamento de discípulos de Cristo que vivem


coletivamente de acordo com seus ensinos e dos apóstolos.

● Quem são os discípulos de Jesus?

Os discípulos são aqueles chamados por Jesus a permanecer nele e


obedecer seus mandamentos através da sua entrada na nova aliança.

B. Definição concisa de uma igreja

A igreja é o ajuntamento de discípulos de Jesus na terra, que são


representantes do Reino de Deus e cumprem as ordenanças estabelecidas
pelo próprio Cristo à luz das Escrituras Sagradas.
Eles desfrutam do evangelho e obedecem a ela, com o objetivo de edificação
da igreja, o cumprimento da missão, benefício de todos e para a glória de
Deus.

C. Quatro marcas

1. A igreja prega com fidelidade a Palavra de Deus?


2. O grupo celebra corretamente as duas ordenanças (batismo e ceia)?
3. A congregação busca manter a disciplina entre seus membros?
4. A igreja busca incluir e manter apenas membros regenerados?

Pontos básicos da membresia regenerada

A. Seu significado e seus traços

Somente crentes genuínos – discípulos de Jesus que creram e se


arrependeram de seus pecados e evidenciam uma vida transformada que só
pode ser realizada pelo Espírito Santo – devem ser membros da igreja do
Senhor.
Esses alguns dos traços que um discípulo genuíno apresenta:

1. Afirmação solene de seu entendimento do verdadeiro evangelho e seu


compromisso com Cristo e sua igreja
2. Batismo público
3. Obediência contínua ao evangelho em crença e vida

Em outras palavras, eles creem em Jesus como o Deus encarnado que


morreu por nós e ressuscitou ao terceiro dia. Amam a Deus acima de todas
as coisas e se dedicam a amar as pessoas e viver uma vida de santidade.
Mas sabem que ainda permanecem pecadores e continuamente se achegam
à cruz para receber graça e misericórdia. A igreja não é constituída de
pessoas perfeitas, mas de pessoas regeneradas pelo Espírito Santo.

B. Sua lógica bíblica

A Bíblia mostra ao longo do novo testamento que a ideia de igreja regenerada


é essencial para a edificação de uma igreja saudável.
Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a

vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.

1 Pedro 1:15-16

C. Respostas às resistências mais comuns

1. O novo testamento não fala em nenhum momento do termo “igreja


regenerada”

Mas, sabemos que o fato de um termo específico não estar inserido nas
Sagradas Escrituras não significa que sua ideia não esteja lá, por exemplo,
trindade, evangelismo, missões, sola scriptura, ética cristã.

2. Ela não pode ser alcançada esse mundo caído

Ela tem sua parcela de verdade, pois só Deus pode conhecer por completo o
coração de uma pessoa. Mas, em contrapartida, a Bíblia diz quais são os
traços externos que a igreja deve estar atenta para aceitação dos membros:

● Profissão de fé
● Batismo
● Testemunho contínuo

Seria ilógico Jesus ensinar a sua igreja a prática da disciplina e excomunhão


se ele aceitasse que sua igreja fosse uma mistura de joio e trigo.

12. Sintomas preocupantes relacionados à membresia


eclesiástica e suas causas

A. Condição espiritual dos membros não tratados

Muitas vezes a situação espiritual dos membros não é tratada ou nem sequer
é conhecida pela liderança das igrejas, acredito que isso tem uma chance
muito maior de ocorrer em uma igreja grande.
Na prática o membro fiel acaba se tornando aquele que não falta um culto, dá
o dízimo e não cria problemas.

B. Carência de vivência e mutualidades cristãs

Mesmo que a igreja expresse uma relação amigável entre os membros, as


conversas acabam sendo muito superficiais e ocorrem normalmente no início
e no final do culto.
Em suma, relacionamentos mais profundos acabam se tornando exceção e
não uma regra de convívio da igreja.

C. Alguns pecados graves tolerados

Hoje em dia o divórcio passou a ser algo tolerado nas igrejas, a pornografia
entre os jovens passou a ser tratado como uma imoralidade “menos ruim”

D. Rol de membros desproporcional ou inexistente

Não há uma lista formal de membros e isso acaba gerando um descontrole


nas igrejas.

E. Ser conhecida pelas divisões e pelos escândalos

Quando a carnalidade e o grande número de escândalos ocorrem acaba


gerando uma má reputação e tirando o bom testemunho que a igreja deveria
dar à sociedade.

F. Ausência de reuniões deliberativas expressivas

Muitos não acham necessário a reunião, e quando fazem se concentram em


assuntos banais e questões financeiras e esquecem da saúde espiritual da
igreja.

G. Ordenanças celebradas de forma individualista

A ceia normalmente perdeu o seu significado de renovação com o


compromisso com Cristo e os outros membros e se tornou um mero aspecto
confessional.
H. Visitantes, porém, com status de membros

Quando as pessoas que visitam a igreja começam a ser tratadas como


membros os risco é que elas comecem a ceiar, assumir cargos de liderança
nas igrejas sem nem sequer terem crido no evangelho.

I. Afastamento dos filhos da vivência cristã

A fé dos pais não é garantia de fé dos filhos, mas se tornou muito comum os
pais deixarem que seus filhos, que ainda estão desenvolvendo seus cerebros
e compreensões do mundo, tomem decisões extremamente importantes que
eles não têm a capacidade de tomar.

Algumas causas desafiadoras

A. Inclinações individualistas e consumismo crescente

As pessoas são motivadas cada vez mais a tomar decisões que sejam
melhores para elas, unicamente. Não mais a noção de que minhas decisões
afetam o próximo beneficamente ou maleficamente. Frases como “siga seu
coração”; “o importante é ser feliz” são muito usadas.
O consumismo e a busca pelo prazer imediato cresce cada vez mais em
decorrência disso.

B. Enfraquecimento de alianças cíveis, em especial a família

Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei. (1 Pedro


2:17)

Houve um aumento de 269% nos divórcios em apenas quarenta anos. Uniões


estáveis crescem cada dia mais. E as crianças sofrerão o maior impacto na
próxima geração

C. A igreja passou de seita para aceita

Com a normalização da igreja pela sociedade uma maldição pode se


instaurar nela: o cristinismo nominal. Onde pessoas passam a frequentar
igrejas sem nem sequer serem discípulos de Jesus, muitas das vezes porque
enxergam a igreja como uma espécie de clube ou ONG.

D. Redenção espiritual e ascensão social

À medida que os recursos aumentam o fervor pelo reino, a dependência do


Senhor e o viver para os outros diminui. A solução para isso, segundo John
Wesley, seria:

1. Ganhar tudo o que pudessem ganhar


2. Economizar o máximo que pudessem
3. Ofertarem o mais deliberadamente possível

E. Visão superficial da conversão

Hoje em dia basta levantar a mão no apela, passar por um curso de quatro
aulas na igreja, ou o batismo para classificar a conversão da pessoa como
genuína. Ou seja, a conversão deixa de ser confirmada e passa a ser
presumida.

F. Disciplina em declínio

“Quando a disciplina se vai, Cristo vai junto”. As igrejas muitas vezes evitam a
disciplina por conta do:

1. Contexto cultural de não confronto


2. Traumas pelo exagero no passado
3. Receio de ações jurídicas

H. Ministério pastoral fora dos critérios bíblicos

A Palavra, a oração, almas de fora, o bem-estar dos membros são


responsabilidades do pastor. Mas muitas vezes isso não ocorre por conta de:
● Preparo pastoral de seminaristas sem envolver as igrejas
● Cursos teológicos com mais disciplinas sociais
● Pastor tratado como executivo de empresa
● Aceitação de mulheres no ministério pastoral

J. Pouca ênfase sobre a ressurreição dos mortos

A morte de Cristo em nosso lugar e a sua ressurreição garantindo-nos a vida


eterna deveriam ser o maior motivo para nos arrependermos e buscarmos a
saúde espiritual de nossas igrejas.

13. Argumentos em prol da membresia eclesiástica

A. A vontade de Deus para todos os discípulos de Cristo

Desde o início da igreja os discípulos deveriam se reunir como igreja, não era
algo tido como opcional, mas de importância central para a vida cristã.

²⁵ Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes

admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai

aproximando aquele dia.

²⁶ Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento

da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,

²⁷ Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os

adversários. (Hebreus 10:25-27)

B. Contexto indispensável para expressar lealdade ao Rei Jesus


Cristo também estabeleceu a igreja como sendo um contexto em que seus
seguidores expressam sua lealdade a Ele, pois ele ordenou a existência e
ama sua igreja. Eles fazem isso por meio de:

● seu testemunho por meio do batismo


● sua participação na ceia do Senhor
● Os serviços mútuos prestados
● os encontros regulares com outros crentes para a adoração e
discipulado

C. Sociedade que representa o reino de Deus na terra

As igrejas representam o reino de Deus aqui na terra, um bom exemplo para


se fazer uma analogia seriam as embaixadas em países estrangeiros. Suas
funções como representantes do reino seriam:

● Administrar as ordenanças
● Tomar decisões em assuntos pertinentes
● Confirmar e enviar missionários
● Chamar seus pastores e diáconos
● Proteger-se de falsas doutrinas
● Disciplina

D. Âmbito ordenado para aprender e viver a palavra de Deus

¹⁶ A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria,


ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
Colossenses 3:16

E. Promove relacionamentos saudáveis e edificantes

Ainda que entremos no reino de Deus de forma individual, vivemos a


caminhada cristã de forma coletiva ao lado de nossos irmãos fortalecendo
uns aos outros. Os crentes também sofrerão com desentendimentos e
ofenderão o seu próximo, mas, pelo Senhor, perdoarão uns aos outros.

F. Vivencia a necessária submissão cristã

Assim como nosso Senhor se submeteu a tudo para nos salvar, membros se
submetem aos seus pastores, pastores a Cristo, esposas aos maridos, filhos
aos pais, cristãos às leis civis.

G. Oferece apoio necessário para perseverar na fé

Um crente separado de uma comunidade cristã se torna mais vulnerável às


investidas de Satanás.

H. Prepara os crentes para a eternidade

Em comunidade, os crentes se fortalecem e lembram continuamente uns aos


outros sobre a expectativa que devem ter da volta do Senhor, que deve
motivá-los a viver sem santidade.

Fragilidade dos evangélicos sem vida eclesial

Uma lógica simples contra essa ideia é que não há nas Escrituras nada sobre
“Jesus e eu, apenas”. Da mesma forma que um marido que se recusa a viver
e se relacionar com sua esposa não pode afirmar que a ama, é apropriado
questionar a conversão de qualquer um que se recusa a se relacionar com a
igreja do Senhor.

Benefícios da preservação da membresia regenerada

1. Favorece, entre os membros, o crescimento cristão e a obediência ao


evangelho
2. Viabiliza, na congregação, o exercício da autoridade dada por Cristo com
mais responsabilidade
3. Assegura a pureza e a unidade da igreja
4. Ajuda a distinguir a igreja do mundo
5. Garante o alicerce necessário para a igreja cumprir sua missão em tudo o
que Deus espera que ela seja, creia e faça
6. Ilustra, com mais precisão, as imagens bíblicas da igreja.
7. Abençoa o ministério dos pastores, permitindo que os membros usufruem
mais de seus esforços
8. Protege pessoas de se iludirem do seu real estado espiritual
9. Serve, amorosa e honestamente, a membros desobedientes
10. Ampara as novas gerações ao preservar o legado do evangelho
11. Exibe a beleza do evangelho e da igreja universal
12. Proporciona uma maior compreensão e valorização do que significa ser
membro por exigir e manter expectativas em relação ao discipulado
13. Oferece a base necessária para espalhar os desdobramentos do
evangelho na sociedade
14. Permite que o evangelho vá mais longe e se espalhe entre as nações
15. Glorifica e honra a Deus por revelar sua sabedoria entre o povo a quem
redimiu

14. A busca da pureza do batismo

À medida que uma congregação entende corretamente o assunto revelado


pelas Escrituras e o aplica fielmente em seu meio, ela glorifica Deus por sua
obediência e, consequentemente, se torna mais pura e aceitável.

¹⁹ Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e

do Filho, e do Espírito Santo;

Mateus 28:19

Em primeiro lugar, o batismo é o sinal inicial e público da entrada da pessoa


na nova aliança, simbolizando que ela foi redimida e creu no evangelho de
Jesus Cristo. Comunicando:

● O perdão e purificação dos pecados;


● A união com Cristo em sua morte, seu sepultamento e ressurreição;
● A vida nova em Cristo;
● O recebimento do dom e do selo do Espírito Santo;
● A promessa e a garantia da ressurreição após a morte.

Mas temos que lembrar que o batismo não tem o poder salvífico, ele é um
rito. A salvação é somente pela graça, mediante a fé.

Em segundo lugar, ele é o compromisso solene. Diante da congregação a


pessoa afirma que é pecador e que necessita totalmente de Cristo, realizando
o compromisso de crer e obedecer seus estatutos.

Em terceiro lugar, ele é o rito iniciatório eclesial, para marcar os discípulos de


Cristo e sua entrada na igreja como um membro.

B. Aspectos relacionados à sua prática apropriada

1. Candidato
A pessoa tem que testificar que é um discípulo de Jesus e que está disposto
a se submeter a suas ordenanças.

1. Entendimento correto do evangelho


2. Ética cristã da pessoa
3. Sua promessa de ser, crer e fazer de acordo com as Escrituras

O batismo deve ocorrer depois da conversão da pessoa. E caso a pessoa


tenha se batizado e só depois crido no evangelho, seu batismo é inválido,
pois ela o fez enquanto descrente.

2. Modo
O modo mais de acordo com as Escrituras seria o de imersão do candidato
na água.

3. Contexto eclesial
A igreja na qual ele se batizou não seguia o verdadeiro evangelho (a igreja
católica, por exemplo) é um motivo para invalidar o batismo.

4. Administrador
É prudente, na maioria dos casos, que sejam os pastores das denominações,
pois tem uma vida pública piedosa. Mas não é apenas o pastor que pode
fazer isso, qualquer cristão genuíno pode realizar o batismo.
5. Fórmula
O batismo deve ser realizado recitando o nome das três Pessoas da
Trindade.

6. Momento adequado
Não podemos ser apressados e descuidados ao batizar pessoas, pois é
melhor demorar nesse processo do que realizar o batismo em uma pessoa
que não creu verdadeiramente e logo depois passará por uma disciplina e até
exclusão por sua vida de pecados sem arrependimento.

“O batismo não salva o pecador, mas salva o evangelho”

15. A ceia do Senhor e seus aspectos riquissímos

Significado
Temos que lembrar que a ceia já existia antes no contexto judaico. A
celebração realizada na pascoa era um memorial pela libertação do povo de
Israel da escravidão do Egito. Essa libertação, no entanto, era somente uma
sombra do que haveria de vir. Deus libertou todos os que creram em seu
Filho do reino do pecado e da morte.
A ceia do Senhor, então, é uma ordenança de comunhão entre a igreja e seu
Salvador, onde ele nos alimenta com seu corpo e seu sangue (não literais)
para nutrir nossas almas. Pois, uma vez que ele tomou do cálice da ira de
Deus em nosso lugar ele nos deixa esse novo cálice para realizarmos a
eucaristia (ação de graças) pelo seu amor por nós.

Esses são alguns dos apontamentos neotestamentários sobre a ceia

1. A ceia do Senhor serve como um memorial de gratidão pela morte de


Jesus por nossos pecados.

“Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim”
(Lucas 22:19)

2. A ceia expressa a comunhão e amor leal que os participantes têm com


Cristo e a fraternidade possibilitada pelo Espírito Santo.

“[...] o pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?”


(1Coríntios 10:16)
3. A ceia é a realizada quando a igreja está reunida, não de forma individual

“Quando vos ajuntais para comer” (1Coríntios 11:33)

4. A celebração exige confissão de pecados e restauração de


relacionamentos, especialmente entre a membresia. (1 Coríntios 5)

5. A igreja fica responsável por excluir ou excomungar aqueles que não se


arrependem de seus pecados (1 Coríntios 5)

6. A ceia traz fortalecimento espiritual aos participantes, pois renova sua


esperança com o memorial da morte de Cristo.

7. É um momento que os crentes renovam suas esperanças e compromissos


com Cristo e sua igreja

8. É uma declaração perpétua do evangelho, pois nos lembra do favor


imerecido de Deus ao enviar Jesus.

A presença de Cristo

Acredito que a visão mais adequada sobre o assunto seria que a presença de
Cristo, assim como os elementos, são simbólicos e representam o sacrifício e
amor do Salvador.

Batismo x ceia

Enquanto o batismo seria a entrada na nova aliança, a ceia seria a renovação


contínua desse pacto, um juramento renovado.

Aspectos relacionados à prática apropriada da ceia


A. Participantes
Os discípulos de Cristo professos que foram batizados que receberam o
evangelho e continuam a viver de acordo com a Palavra de Deus. Seria uma
prática louvável até mesmo não permitir que membros de outras igrejas, que
são desconhecidos e não se tem noção de como está a vida espiritual destes,
participem da ceia. Pode parecer radical, mas demonstra a preocupação em
não corromper o caráter dessa ordenança.
B. Contexto eclesial
A ceia deve acontecer em contexto de igreja, não em subgrupos da mesma.
Por exemplo, a ceia não poderia ser realizada em uma célula, acampamento
de líderes, pois não é a igreja reunida, mas uma parte dela. Até mesmo levar
os elementos para um irmão enfermo não é adequado, pois não é necessário
para a salvação.

C. Administrador
De preferência, um pastor ou caso não haja um em determinada situação um
membro que tenha uma vida de acordo com o padrão pastoral (louvável
publicamente). Mas temos que lembrar que não existe um poder espiritual
pastoral, isso é apenas uma preocupação com o caráter da ceia do Senhor.

D. Frequência
Sempre! O padrão bíblico não é específico, mas os discípulos em Atos
partiam o pão sempre que se reuniam durante a semana. Logo, o mais
adequado é não deixar que a ceia se torne algo que acontece “uma vez
perdida”.

E. Elementos
O foco aqui é a celebração do sacrifício de Cristo em nosso lugar. Mas se for
seguindo os padrões da nova aliança, é necessário que seja um pão sem
fermento e o fruto da videira (mas são assuntos secundários). E caso sobrem,
é importante que não transforme esses elementos em materiais místicos, ou
descarte de forma discreta ou se alimente em outra ocasião.

16. Governo e disciplina congregacionais

O governo congregacional é o que mais se assemelha à igreja primitiva, pois


está ligada ao sacerdócio de todos os crentes. Seus discípulos reunidos tem
poder de ligar e desligar — proibir ou permitir; afirmar ou refutar; perdoar ou
negar perdão; — como agentes corporativos do reino de Deus na terra.
¹⁵ Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir,

ganhaste a teu irmão;

¹⁶ Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou

três testemunhas toda a palavra seja confirmada.


¹⁷ E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o

como um gentio e publicano.

¹⁸ Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o

que desligardes na terra será desligado no céu.

¹⁹ Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer

coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.

²⁰ Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio

deles.

Mateus 18:15-20

“A igreja é regida por Jesus Cristo, governada por seus membros, liderada
por seus pastores/presbíteros e servida por seus diáconos”

Em questões importantes e claras os líderes e a congregação devem


concordar mutuamente, caso não concordem, a resposta final é sempre da
congregação. Nas questões menos claras e rotineiras, a congregação deve
confiar na decisão de seus presbíteros.
Para que isso aconteça de uma maneira saudável e efetiva é necessário a
ordenação de pastores responsáveis e fiéis ao Senhor juntamente com uma
igreja que tenha discípulos genuínos de Jesus em sua membresia.
Temas que há necessidade de decisão da congregação:

● Aquisição de terrenos
● Construção de um prédio
● Plantio de uma igreja
● Aprovação de orçamento
● O início de novos ministérios
● Recepção de crentes e adesão denominacional ou desligamento

Disciplina eclesiástica

Haverá sempre uma tendência humana — desde a queda — a se opor à


disciplina, mas esta é uma obrigação dada por Cristo a sua igreja.

A. Reconhecimento das duas naturezas


Temos a disciplina formativa, realizada em:

● Pregação
● Ensino
● Discipulado
● Pequenos grupos de estudo bíblico
● Adoração coletiva

E temos a disciplina corretiva, realizada quando um membro está em pecado.

B. Explorando a natureza corretiva

1. Obrigação bíblica da igreja


Essa responsabilidade de aplicação da disciplina espiritual não foi instituída
pela igreja, mas pelo próprio Cristo.

2. Objetivos

1. Proteger a membresia de seus males


2. Restaura amorosamente o pecador
3. Ensina santidade e expõe pecado
4. Preserva a integridade do evangelho e da igreja

3. Tratamento diferente para cada caso

Corrigir os pecados secretos de forma privada, mas os pecados notoriamente


conhecidos precisam ser corrigidos abertamente pela própria congregação.

4. Critério para a excomunhão

O pecado precisa ser:

● Visível
● Grave
● Sem arrependimento

A negligência contínua de um membro em participar das reuniões de sua


igreja conta como um dos motivos de sua efetiva exclusão.
17. Liderança congregacional por meio de seus oficiais

Os presbíteros são chamados ao ministério da Palavra e à liderança geral da


igreja, enquanto os diáconos são chamados a lidar com necessidades
materiais do povo, o cuidado com os enfermos e pobres e os afazeres
temporais da igreja em geral.
Cada igreja local é responsável por selecionar os seus presbíteros e
diáconos.

Ofício do pastor

Pastor, bispo ou presbítero no novo testamento é usado para designar a


mesma função. A ideia de bispo sendo o pastor dos pastores é uma invenção
humana muito ligada à visão católica romana.

1. Servem por meio do ministério da Palavra


2. Zelam pelo rebanho de Deus e o protegem
3. Sua supervisão se estende para a parte administrativa, de maneira que a
congregação execute seus afazeres.
4. Servem como modelos dos discípulos de Cristo para que os membros
observem seu modo de viver, aprendam com eles e os imitem.

⁷ Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus,


a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.
Hebreus 13:7

A. Seus requisitos básicos

1. Masculino: O ofício pastoral se limita aos homens.

¹ Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra


deseja.
² Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher,
vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
1 Timóteo 3:1,2

⁶ Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis,
que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.
Tito 1:6
¹¹ mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
¹² Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o
marido, mas que esteja em silêncio.
1 Timóteo 2:11,12

2. Modelo de discípulo de Cristo: Bom cidadão, marido amoroso e pai


responsável. Deve ser um exemplo, evangelizando constantemente os
perdidos, edificando os crentes e desfrutando de um bom relacionamento
com os de fora.

⁵ Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista,


cumpre o teu ministério.
2 Timóteo 4:5

3. Apto para ensinar

B. Questão de um ou mais pastores

O que vemos nas igrejas primitivas, desde Atos do apóstolos, é mais de uma
pastor por igreja, mesmo que ela seja pequena. Isso garante, principalmente,
que não haverá o risco do pastor sênior se tornar um ditador.
E o padrão do novo testamento é pastores bivocacionados.

Ofício de diácono

Eles zelam pela edificação espiritual da igreja por meio de serviços práticos e
sociais. Eles não são inferiores em valor aos pastores. Por exemplo, havia
queixas na igreja de que as viúvas não estavam sendo atendidas e acolhidas,
então os membros enviaram diáconos para resolver tal problema.

A. Seus requisitos básicos, sua autoridade e suas funções

A mesma lógica dos pastores: modelos, mansos e maduros. A exceção é que


não precisam ensinar, eles não são pastores. Suas funções seriam:

1. Cuidar dos menos favorecidos por meio da assistência social (viúvas,


órfãos e pobres);
2. Visitar os enfermos e os idosos para confortá-los;
3. Gerenciar os afazeres orçamentários
4. Auxiliar nos assuntos jurídicos e regimentais;
5. Resolver conflitos de “menor importância” entre membros;
6. Liderar e providenciar apoio logístico no culto (recepção, áudio e vídeo,
limpeza, coleta e contagem das ofertas)
7. Cuidar dos espaços patrimoniais (construção, manutenção e reforma)
8. Zelar pela maior segurança possível dos participantes nas localizações das
igrejas
9. Oferecer suporte administrativo aos grupos pequenos
10. Fazer pesquisas e apuração
11. Acompanhar o trabalho de aconselhamento junto com o pastor quando for
realizado com um membro do sexo feminino.
12. Participar de reuniões

Caso a igreja contrate empregados para afazeres, é necessário que eles


sejam diáconos ou trabalhem sob a supervisão deles.

18. Alguns elementos na categoria cristã de prudência

A. Pacto de compromisso
Um pacto de compromisso refere-se ao acordo solene entre os membros da
mesma igreja a respeito da maneira pela qual viverão o evangelho juntos. Ele
serve para lembrar e recordar a pessoa do compromisso que tem com Cristo
e com sua igreja. Não tem poder especial, é semelhante a uma aliança de
casamento.

B. Confissão doutrinária
Os famosos credos, são de grande importância, pois fazem com que as
crenças da igreja se torne unânime para todos os membros, gerando
unidade. O credo apóstolico é um grande exemplo.

Cooperação intereclesial
A cooperação entre igrejas também tem sua importância, pois isso une elas
em atividades como:

1. Iniciativas missionárias
2. Preparo de novos pastores e missionários
3. Formulação de posicionamentos doutrinários
4. atos de misericórdia
5. Conselho
6. Prestação de contas
7. Oração
8. Encorajamento
9. Solidariedade

Mas também temos que ficar atentos com as igrejas que estão se desviando
do evangelho verdadeiro, pois isso uma hora ou outra poderá causar sérios
atritos.

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