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R: Aos membros da Igreja invisível são comunicadas, nesta vida, as primícias da glória
com Cristo, visto serem membros dele, o Cabeça; estando nele, tem parte naquela glória que,
na sua plenitude, lhe pertence; como penhor dela, sentem o amor de Deus, a paz da
consciência, a alegria do Espírito Santo e a esperança da glória. Do mesmo modo, o
sentimento da ira vingadora de Deus, o terror da consciência e uma terrível expectação do
juízo são para os ímpios o principio dos tormentos, que hão de sofrer depois da morte.
Calvino preocupado com tais implicações práticas da obra de Cristo aplicadas a sua
igreja diz o seguinte: “Impõe-se-nos ver agora como nos advêm as benesses que o Pai conferiu
ao Filho Unigênito, não para seu uso particular, mas para que enriquecesse a pobres e
indigentes. E, primeiramente, deve ter-se em conta que, por quanto tempo Cristo estiver fora de
nós e dele estivermos separados, tudo quanto ele sofreu e fez para a salvação do gênero
humano nos é improfícuo e de nenhuma relevância. Portanto, para que compartilhe conosco
aquilo que recebeu do Pai, ele precisa tornar-se nosso e habitar em nós. ”1
Logo, sem uma união de Cristo com sua igreja não existe a possibilidade de recebermos
as bênçãos conquistadas por Cristo em sua obra.
Para responder a isto precisamos conhecer muito bem a Ordem da Salvação (Ordo
Salutis) tão Bem exposta por Paulo em Romanos 8: 30.
1
CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã, Volume 3. Cap. 1.1, Pág.18.
2
BEEKE & JONES, Joel R. & Mark, Teologia Puritana – Doutrina para a Vida, pág. 692, São Paulo; Vida
Nova; 2016.
Predestinou – Assim podemos entender a existência de um pacto eterno de Salvação (Pacto da
Redenção). Estabelecido pelos eternos decretos de Deus. (2 Tm 1.9). Não é porque foi decretado
na eternidade que já somos, mas cabe uma vez que esse decreto se manifeste no tempo.3
Chamou (Vocacionou) – Nesta etapa é que de fato se concretiza o eterno decreto de Deus, nos
transferindo de um estado de pecado para um estado de graça, neste momento é imputada a
justiça de Cristo a nós pela fé na obra de Cristo pregada através do Evangelho.4
Contudo devemos tomar o cuidado para não acharmos que tal justificação foi feita na
eternidade, como se ela precedesse o nosso novo nascimento. Não negamos que tal justificação
foi decretada na eternidade, mas não podemos dizer que a justificação em si é eterna.
Logo aquilo que podemos chamar de justificação eterna, é que o decreto de justificar
determinadas pessoas precede a própria fé, contudo a justificação positiva ocorre dentro de um
tempo especifico.7
Conclusão
As raízes de Tal união se encontram no pacto de redenção que consiste no conselho
eterno de Deus em salvar a sua igreja, contudo tal conselho se deu apenas no tempo, na qual por
meio da vocação eficaz de Cristo o Espírito Santo nos une a Cristo infundindo no crente por
meio da fé a certeza das bênçãos oriundas da Obra de Cristo. Assim a União com Cristo é a
principal raiz e base para toda a ordem da Salvação. Coube assim aos reformadores e pregadores
puritanos explicarem conceitos de justificação e santificação para tal consideração a respeito da
União com Cristo.
Aplicação
Hoje temos paz, pois desde a eternidade havia o decreto de que seriamos salvos e
Cristo o Filho de Deus veio e se encarnou para concretizar seu eterno conselho e cumprir
em nossos corações através de sua obra na cruz e ressurreição.
3
TURRETINI, François. Compêndio de Teologia Apologética, Vol. 2 pag. 815-818, São Paulo; Editora
Cultura Cristã, 2011.
4
TURRETINI, François. Compêndio de Teologia Apologética, Vol. 2 pag. 817, São Paulo; Editora Cultura
Cristã, 2011.
5
Ibid.
6
BAVINK, Herman. Dogmática Reformada, Vol. 4 pág. 219, São Paulo; Editora Cultura Cristã, 2012.
7
TURRETINI, François. Compêndio de Teologia Apologética, Vol. 2 pag. 816, São Paulo; Editora Cultura
Cristã, 2011.