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Crítica da mídia
A música é o elemento central da narrativa, que usa o Dia dos Mortos
mexicano para contar uma história sobre sonhos e família.
Isso dá a Viva uma linguagem tradicional. A jornada de Miguel é clássica - um
garoto que precisa lutar pelo seu direito de cantar e no caminho aprende
valiosas lições sobre perdão e legado -, o que se reflete no visual do filme. A
qualidade técnica da animação, capaz de recriar texturas com profundidade, se
sobressai a sua inventividade estética. As decisões tomadas são esperadas e
seguras, seja no design dos personagens ou no contraste entre os tons
terrosos do mundo dos vivos e o colorido do mundo dos mortos. É o que afasta
o filme da assinatura de um estúdio conhecido pela inovação visual, subtexto
complexo e profundidade psicológica de personagens variados, sejam
brinquedos, formigas, peixes ou idosos rabugentos.
Viva evita entrelinhas, mas se destaca por sua qualidade sentimental - há pelo
menos uma cena de lágrimas garantidas - e pela homenagem que faz ao
“dramalhão mexicano” dentro dessa proposta. Há traições e reviravoltas na
história da família de Miguel que são dignas de novela. A animação, porém,
evita o tom caricatural tratando esses elementos com delicadeza. A paixão
move as relações familiares/amorosas de um povo que celebra seus
antepassados para que a morte não seja o fim e esse entusiasmo nato é visto
com orgulho.
Viva - A Vida é Uma Festa é uma animação competente, mas não se destaca
entre outras que já trataram do mesmo tema (como Festa no Céu, animação de
Jorge R. Gutiérrez produzida por Guillermo del Toro, e até A Noiva Cadáver, de
Tim Burton e Mike Johnson). Sua aura de clássico Disney, contudo, garante
uma verdade emocional que facilita a sua conexão com o público. Essa é uma
celebração que entende a vida em todas as suas etapas, mesmo após a
morte.