Você está na página 1de 8

1

1. O BATISMO

O apóstolo Paulo em sua epístola a Tito, escreve que a salvação nos foi
dado “mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo...” (Tt 3.5), ou
seja, mediante o Santo Sacramento do Santo Batismo. Neste capítulo queremos
analisar o Batismo como uma obra exclusiva de Deus, o seu proveito e a quem se
destina este meio da graça.

1.1. O Batismo como meio da graça

A partir da queda, houve a separação entre o homem e o seu Criador,


originada pelos pecados do homem que ofenderam todos os atributos de Deus.
Porém, o Senhor se compadeceu deles e estabeleceu uma reconciliação entre si e a
sua criatura, ou seja, por sua graça divina preparou uma salvação para o pecador. 1
Essa salvação provém de Deus “... que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2 Co 5.18,19).
Mesmo por meio dessa reconciliação através de Jesus Cristo, o homem não
está em condições de se apropriar dessa graça divina, da remissão dos pecados e
da salvação eterna. Por sua própria razão ou força o homem não pode vir a Cristo
nem crer nele. Por isso Deus instituiu um ministério especial, o santo ministério da
Palavra, onde este ministério recebeu, por meio da Igreja, os meios pelos quais são
executados o seu oficio. E estes são os meios da graça: O Evangelho e os
Sacramentos.2
Rehfeldt apresenta uma definição de meios da graça como:

[...] sinais exteriores, palavras ou atos, ordenados por Deus para


serem os canais ordinários pelos quais deve correr a graça justificadora e
santificadora. A palavra graça merece atenção especial. Neste caso não
significa uma qualidade ou atributo do homem, mas tão somente um atributo
de Deus. Graça é o benigno favor que Deus concede aos que nada
merecem senão a ira e a condenação.3

1
REHFELDT, Louis.C. Os Meios da Graça. Casa Publicadora Concórdia. Porto Alegre, 1933. p.2.
2
Ibidem. p.3.
3
Ibidem. p.3.
2

A graça de Deus também é oferecida, aplicada e confirmada pelos


Sacramentos, que são dois: O Santo Batismo e a Santa Ceia, pois visto que Deus
prendeu neles a sua graciosa promessa de perdão, também esses são meios da
graça reais e eficazes, a saber, em virtude das promessas divinas que a eles vêm
presas. A respeito do Batismo, as Escrituras ensinam expressamente que é “para
remissão dos vossos pecados” (At 2.38), e para “lavar os pecados” (Ef 5.26; Tt 3.5). 4

1.2. O Batismo como obra exclusiva de Deus

O Batismo é uma instituição divina, sendo uma dádiva de Cristo para a sua
igreja. Através das Sagradas Escrituras, podemos reconhecer que Cristo instituiu o
Batismo, pois há diversas evidências no Novo Testamento, através do que foi dito e
feito por Jesus, de que também o Batismo é uma prática agradável a Deus. Por isso
tem ocupado lugar de destaque na vida da igreja cristã desde os primórdios, com a
sua prática fundamentada na promessa de Jesus Cristo (Mt 28; Mc 10 e Jo 3). 5
A ordem divina de batizar requer sempre água como elemento visível que
deve ser empregado neste sacramento (Jo 3.23; At 8.36), e o uso é necessário para
que o Batismo seja válido. Isso se dá pelo fato de que a água e sua aplicação
constituem elementos essenciais dessa ordem sagrada. 6
Como se pode observar, no Batismo é necessário o uso da água como um
meio visível do sacramento, mas o “cerne da água é a palavra ou o mandamento de
Deus, e o nome de Deus, tesouro maior e mais nobre que céus e terra” 7. E Lutero
enfatiza quando diz que:

O Batismo é coisa bem diversa de qualquer outra água, não por


causa de sua essência natural, mas porque se adiciona aqui algo mais
nobre. Pois o próprio Deus, aqui, empenha a sua honra e nela põe sua força
e poder. Por isso, não é apenas água natural, porém água divina, celeste,
santa, bendita e outros termos com que se possa louvá-la. 8

4
MUELLER, John Teodore. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L.Hasse. 4ª edição. Porto
Alegre. Concórdia Editora. 2004. p.420.
5
Ibidem, p. 457.
6
Ibidem, p.454-9.
7
LUTERO, Martinho. Catecismo Menor. In: Livro de Concórdia : as confissões da Igreja Evangélica
Luterana. 6 ed. Tradução e notas de Arnaldo Schüler. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto
Alegre: Concórdia, 2006, p. 476.
8
Ibidem, p. 476.
3

Müller define o Batismo como água compreendida no mandamento divino e


ligada com a promessa de perdão dos pecados, vida e salvação, pois Cristo
estabeleceu por sua ordem divina o verdadeiro Batismo pelo qual a pessoa batizada
entra em comunhão com o Deus verdadeiro e com todas as bênçãos espirituais de
graça e remissão “mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt
3.5).9
Na visão de Lutero, esse texto bíblico mostra o poder da água, mas enfatiza
que o poder não está na própria água, mas sim na Palavra de Deus. Por esta razão,
ele o cita no Catecismo Menor, na terceira parte da explicação do Batismo quando
responde a pergunta de “Como pode a água fazer coisas tão grandes?”:

A água, em verdade não as faz, mas a palavra de Deus que está


unida à água, e a fé que confia nesta palavra de Deus unida com a água.
Pois sem a palavra de Deus a água é simplesmente água e não batismo.
Mas com a palavra de Deus a água é batismo, isto é, água de vida, cheia de
graça, e um "lavar de renascimento no Espírito Santo", como diz Paulo na
Carta a Tito, no capítulo terceiro: "Mediante o lavar regenerador e renovador
do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de
Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por sua graça,
sejamos herdeiros da vida eterna, segundo a esperança.” Isto é
certissimamente verdade!10

O Batismo é uma obra exclusiva de Deus conforme o apóstolo Paulo nos


diz: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele
nos salvou...”. Lutero enfatiza que não somos salvos pela dádiva divina, mas somos
salvos pela misericórdia de Deus que vem até nós pelo banho regenerador e não a
partir de nossas obras11.

1.3. O Proveito do Batismo

Por que e para que foi instituído o Santo Batismo, isto é, qual o seu proveito,
o que dá e opera? Segundo a passagem de Mc 16.16 nas palavras do próprio
Cristo: “Quem crer e for batizado será salvo”, compreende-se que a força, a obra, o

9
MUELLER, John Teodore. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L.Hasse. 4ª edição. Porto
Alegre. Concórdia Editora. 2004. p.459-460.
10
LUTERO, Martinho. Catecismo Menor. In: Livro de Concórdia : as confissões da Igreja Evangélica
Luterana. 6 ed. Tradução e notas de Arnaldo Schüler. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto
Alegre: Concórdia, 2006, p. 376.
11
LUTERO, Martinho. Anotações de Lutero sobre a Epístola de Paulo a Tito. In: Obras
Selecionadas. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia, 2008. v. 10.
Interpretação do Novo Testamento – Gálatas – Tito. p. 635.
4

proveito, o fruto e o fim do Batismo é salvar, e ser salvo não significa outra coisa
que, liberto do pecado, da morte, do diabo, chegar ao reino de Cristo e com ele viver
eternamente.12
Lutero no Catecismo Menor responde a essa pergunta:

Que dá ou aproveita o batismo? “Opera a remissão dos pecados,


livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos crêem,
conforme rezam as palavras e promessas de Deus”. E prossegue dizendo:
Quais são estas palavras e promessas de Deus? “São as que Cristo Senhor
nosso nos diz no último capítulo de Marcos: “Quem crer e for batizado será
salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). 13

Segundo Lutero apud Warth, esse texto de Marcos é a base para a doutrina
do Batismo referente ao seu proveito, o que dá e opera. E continua dizendo que o
Batismo não é efetivo simplesmente por sua aplicação, mas é necessário que o
batizado creia. A promessa de Deus ligada ao Batismo mediante a Palavra torna o
Batismo efetivo, mas somente recebemos os benefícios através da fé em Jesus
Cristo.14
Sobre essa fé em Jesus, Schlink diz que “O Batismo é para ser recebido
pela fé em Jesus Cristo. Essa fé apóia-se no Evangelho de Jesus Cristo e é a
obediente aceitação desse Evangelho”15. Através desse Evangelho o próprio Jesus
Cristo chama o pecador à fé e informa ao mundo que ele se tornou sua propriedade,
e assim Cristo o chama para que se submeta a Ele como Senhor. 16
E também liga essa fé ao Batismo quando diz que:

Se o Evangelho é recebido pela fé, ele não pode ficar sem um


desejo por Batismo. Pois o Evangelho que diz respeito a Jesus Cristo é
também o chamado ao Batismo em nome de Cristo. Na abordagem do
Batismo a obediência da fé em direção ao Evangelho é realizada. Ao
mesmo tempo fé em Cristo e aproximação ao Batismo não estão apenas
lado a lado sem estarem relacionadas. Apenas assim, a fé no Evangelho
que é ouvida é no Cristo que lhe confronta no Evangelho, assim também o
Batismo é para ser desejado pela fé na atividade salvífica de Cristo através
do Batismo.17

12
LUTERO, Matinho. Catecismo Maior. In: Livro de Concórdia : as confissões da Igreja Evangélica
Luterana. 6 ed. Tradução e notas de Arnaldo Schüler. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto
Alegre: Concórdia, 2006, p. 477.
13
Ibidem, p. 375-376.
14
WARTH, Martim C. Fé e Batismo em Lutero: a base exegética para a doutrina luterana da
regeneração batismal/ Martins Carlos Warth. Canoas: ULBRA, 2004. p.46.
15
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.120-1.
16
Ibidem. p.121.
5

Schlink conclui dizendo que a fé não é obra do homem, pois não é o próprio
homem que efetua a salvação, mas é Deus, que em sua misericórdia alcança o
homem e lhe toma para dentro de sua atividade graciosa. A fé não é um ato
humano, assim como no Batismo o homem vem a um ato no qual ele mesmo não é
o ator, mas sim é um ato de Deus para nos salvar.18

1.4. A quem se destina o Batismo

Todo ser humano nasce com o pecado original: “Eu nasci na iniqüidade, em
pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5), e sem nenhuma capacidade de se
aproximar de Deus, ele precisa ser aproximado de Deus. Isso Deus faz através de
certos meios mediante os quais Ele concede a sua graça aos homens. E esses
meios vêm através da Palavra de Deus onde nos é apresentado Cristo, o opus Dei
(obra de Deus). Ele muda o nosso coração de modo que nós cremos e, por essa fé,
somos regenerados.19
E segundo Kolb nos apresenta:

Com sua Palavra recriadora, o Espírito Santo vem para reprisar o


Éden, para renovar a criatura humana caída, para que possamos viver
novamente em relacionamentos justos e herdar a vida que Deus nos deu no
Éden (Tt 3.5-8). O Espírito realiza esta recriação através do Batismo (Tt 3) e
através do ouvir do Evangelho (Gl 3.2,5).20

Pelo Batismo, somos perdoados dos nossos pecados. O pecado é atestado


pelas Escrituras, tanto pelo salmista Davi (Sl 51.5), como por Paulo (Rm 5.12) e a
conseqüência do pecado é a morte. Deus em sua misericórdia quer salvar a todos
das conseqüências do pecado. Pedro diz que o Batismo salva: “a qual, figurando o
Batismo, agora também vos salva...” (1 Pe 3.21). No Batismo, Deus mais uma vez

17
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.123. “If the Gospel is received by faith, it cannot be done without a desire for
Baptism. For the Gospel concerning Jesus Christ is also the call to Baptism in the name of Christ. In
the approach to Baptism the obedience of faith toward the Gospel is realized. At the same time faith in
the Christ and the approach to Baptism are not side by side without relation to each other.Just as faith
in the Gospel that is heard is faith in the Christ who confronts him in the Gospel, so also Baptism is to
be desired by faith in the saving activity of Christ through Baptism”.
18
Ibidem. p.124
19
WARTH, Martim C. Fé e Batismo em Lutero: a base exegética para a doutrina luterana da
regeneração batismal/ Martins Carlos Warth. Canoas: ULBRA, 2004. p.15.
20
KOLB, Robert. Comunicando o evangelho hoje. Tradução de Dieter Joel Jagnow. Porto Alegre –
RS: Editora Concórdia, 2009. p,172
6

livra o homem do mundo dominado pelo pecado, levando-o para dentro da nova
criação que Cristo traz.21
Como se pode ver, as Sagradas Escrituras ensinam que tanto adultos como
crianças devem ser batizados, não há exceções, pois conforme Rm 2.11 “Porque
para com Deus não há acepção de pessoas”.
Müller enfatiza que “com respeito aos adultos, devem ser batizados os que
crêem em Cristo e o confessam (At 2.41; 8.36-38) e as crianças serão batizadas se
forem trazidas a nós para o Batismo pelos pais ou por pessoas que tenham
autoridade paterna sobre as mesmas. (Mc 10.13-16)”. 22

1.5. A Necessidade do Batismo Infantil

Kolb afirma que muitas pessoas julgam difícil acreditar no Batismo infantil.
Ele menciona que o principal fator se dá pelo fato de que alguns cristãos de hoje não
acreditam que o nosso afastamento de Deus trouxe tanto estrago e ruína à condição
humana que até mesmo como crianças precisamos de intervenção salvadora de
Deus em nossas vidas. Até mesmo como adultos não podemos com base em nossa
própria razão ou força de vontade modificar a nossa vida. 23
E contrapõe dizendo que:

Na verdade, o batismo infantil passou a ser questionado em nosso


tempo porque perdemos a perspectiva bíblica sobre a seriedade de nossa
separação de Deus, que nós mesmos causamos e que é a origem de todos
os nossos pecados. Os cristãos contemporâneos também vivem em um
mundo altamente espiritualizado, teológico, que acredita que qualquer coisa
material pode, na melhor das hipóteses, simbolizar, mas nunca transmitir a
verdade. Esse ponto de vista, obviamente, é contrário ao ensino bíblico. 24

Pietzsch aponta a necessidade do Batismo infantil pelo fato de que se as


crianças não tivessem algo em sua natureza que necessitasse de perdão e
misericórdia, a graça do batismo não seria necessária a elas. É por essa razão que
a igreja, desde os tempos dos apóstolos, tem a tradição de batizar as crianças,

21
PIETZSCH, Paulo G. O Batismo na Perspectiva Litúrgica e Pastoral. In: Revista Igreja Luterana.
Volume 64, 2005/2. p.30.
22
MUELLER, John Teodore. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L.Hasse. 4ª edição. Porto
Alegre. Concórdia Editora. 2004. p.466.
23
KOLB, Robert. Comunicando o evangelho hoje. Tradução de Dieter Joel Jagnow. Porto Alegre –
RS: Editora Concórdia, 2009. p.178-9.
24
Ibidem. p.179.
7

porque aqueles aos quais os mistérios divinos foram confiados sabiam que toda
criatura humana é poluída pelo pecado, e que deve ser purificada com a água e o
Espírito. Por isso o corpo é chamado de um corpo pecaminoso e,
conseqüentemente, as crianças também necessitam da remissão dos pecados. 25
O que é decisivo para a prática do Batismo infantil conforme Schlink é a
convicção que:

[...] através do Batismo, Deus tem misericórdia também das


crianças, fazendo-as próprias de Cristo, e transfere-as, pelo Espírito Santo,
do domínio do pecado, morte e mal para dentro de uma vida de filhos de
Deus. Não importa como as diferentes declarações sobre a atividade
salvífica de Deus, através do Batismo, soam em detalhe, todas elas estão
envolvidas com a certeza de um único ato fundamental da graça de Deus –
um ato que determina e abraça a inteira vida subseqüente do batizado.
Também em tempos posteriores a prática do Batismo infantil foi apoiada por
essa certeza, e essa certeza tem origem nas declarações Batismais do
Novo Testamento.26

As crianças, depois da queda do homem, também nascem pecadoras,


portanto, também necessitam do renascimento, do lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo. “O que é nascido da carne é carne...” (Jo 3.6). “Carne” segundo
Rottmann analisa neste versículo, significa a natureza corrompida e pecaminosa do
homem pecador, aquela natureza com a qual ela já nasce. 27
E conclui dizendo que

[...] a humanidade inteira, inclusive as crianças do momento de


seu nascimento, é corrompida pelo pecado e perdida e que, portanto,
precisa de um Salvador suficiente e divino e que o batismo é um meio pelo
qual uma pessoa – seja ela adulta ou na idade infantil – se apropria daquela
fé em Jesus Cristo, que é a única que salva.28

Lutero também argumenta em favor do Batismo infantil quando diz que:


“levamos a criança ao Batismo com o ânimo e na esperança de que ela creia, e

25
PIETZSCH, Paulo G. O Batismo na Perspectiva Litúrgica e Pastoral. In: Revista Igreja Luterana.
Volume 64, 2005/2. p.31.
26
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.143. [...]is the conviction that through Baptism God has mercy also on the children,
makes them Christ’s own, and transfers them by the Holy Spirit from the dominion of sin, death, and
devil into the life of the children of God. No matter how different the statements about the saving
activity of God through Baptism sound in detail, they are all concerned with the certainty of a onetime,
foundational act of God’s grace – an act which determines and embraces the entire subsquent life of
the baptized. Also in later times the practice of infant Baptism was primarily supported by this
certainty, and this certainty is rooted in the baptismal statements of the New Testament.
27
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre, Concórdia Ltda, 1982. p.15.
28
Ibidem. p.46.
8

rogamos que Deus lhe dê a fé. Não é, porém, à vista disso que a batizamos, mas
unicamente porque Deus o ordenou”.29
Mesmo que as crianças ainda não possam testemunhar a sua fé em Jesus
Cristo para o mundo, Kolb argumenta que “Nosso relacionamento com Deus não
depende de nossa fé consciente e de nossos pensamentos piedosos. Ela depende
do poder sustentador de Deus”.30
Existe como argumento principal contra o Batismo infantil de que as crianças
pequenas não podem crer. Segundo as Escrituras, crianças podem ter fé, mesmo
que não seja uma fé refletiva (“fides reflexa”), isto é, uma fé que já pode raciocinar
ou tirar conclusões. A fé das crianças é uma fé real, uma fé atual (“fides actualis”),
uma fé que de fato e realmente agarra o objeto de fé, Jesus Cristo, seu Senhor e
Salvador, que apreende as promessas contidas no batismo, e por isso é uma fé que
salva, a única fé que salva.31
Kolb diz que as crianças não expressam uma fé da mesma forma em que os
adultos fazem, pois se sabe muito pouco sobre a força de vontade que elas têm.
Mas o problema da fé das crianças não pode ser resolvido por tentar alegar que a
relação das crianças com Deus é psicologicamente identificada com a dos adultos.
Pois é Deus que ordena o Batismo. Deus age no Batismo. Deus mata e faz viver no
batismo. Ele faz isso para adultos e crianças, pois Ele é o Senhor da morte e da
vida.32
Concluindo, quando batiza crianças, a igreja reconhece que o ser humano
nada pode fazer para ser salvo, mas que a salvação vem exclusivamente na
vontade salvadora de Deus por meio de Jesus Cristo e do poder do Espírito Santo, e
que essa vontade salvadora também se estende às crianças (Mc 10.13-16). 33

29
LUTERO, Matinho. Catecismo Maior. In: Livro de Concórdia : as confissões da Igreja Evangélica
Luterana. 6 ed. Tradução e notas de Arnaldo Schüler. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto
Alegre: Concórdia, 2006, p. 482.
30
KOLB, Robert. Comunicando o evangelho hoje. Tradução de Dieter Joel Jagnow. Porto Alegre –
RS: Editora Concórdia, 2009. p.179-180.
31
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre, Concórdia Ltda, 1982. p.63-4.
32
KOLB, Robert. The Christian Faith. St. Louis: Concordia Publishing House. 1993. p.225
33
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.158.

Você também pode gostar