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A FORMAÇÃO FAMILIAR DOS ESCRAVOS NA FREGUESIA DE NOSSA

SENHORA DAS NEVES DO SERTÂO DE MACAÉ, 1809 A 1822


Antônio José Vieira da Cruz Vitória
Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO – Campos Niterói - RJ
antoniopsinew@hotmail.com

Introdução

Fazendo parte do processo de ampliação das áreas voltadas para o próprio


abastecimento e de outras regiões durante a primeira metade do XIX [Verificar In.
(PENHA, 2011. p.175)], a freguesia de Nossa Senhora das Neves de Macaé, situada no
norte fluminense, recebeu em sua Igreja matriz escravos de diversas regiões que
constituíram suas famílias e foram ligados a grupos familiares, via matrimônio (Arquivo
Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Macaé. Livro (sem número) Casamentos
(1809-1822) e batismo (Arquivo Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Macaé. Livro 1
(um) batismo (1809-1849)). A fim de aprofundar nessa temática, nosso objetivo neste
trabalho será analisar o perfil da família escrava na freguesia e tentar entender a
valorização que os escravos davam para as uniões sacramentadas pelo matrimônio. Para
responder esses questionamentos, utilizaremos de uma farta documentação presente na
documentação utilizada.
Para trazer em debate o modelo de família sacramentado pela Igreja católica e
valorizado pelos escravos, perguntamo-nos: através desses sacramentos havia entre os
diferentes grupos familiares de escravos a garantia de estabilidade, respeito e facilidade
para a ampliação de novos vínculos familiares?
É extremamente evidente que o modelo de família católica conviveu lado a lado
com outros tipos de organizações familiares e se fez presente na formação social dessa
freguesia, mas o perfil apresentado nessa pesquisa foge bastante dos padrões
estabelecidos. Por este motivo, é importante trazer essa pesquisa para entender a
valorização que os escravos davam as uniões conjugais, sacramentadas e não
sacramentadas pela Igreja católica.
1 – Os nascimentos e os casamentos dos escravos.

Sobre a valorização que os escravos davam aos sacramentos quando dos


nascimentos e dos casamentos, Manolo Florentino e José Roberto Góes, afirmam que
entre os cativos, no momento da efetivação da unção dos Santos óleos ou da confirmação
da união consensual, formavam , ampliavam solidificavam seus laços familiares. Essas
pessoas, mesmo nas difíceis circunstâncias de suas vidas de escravidão, criavam e
estreitavam laços em uma aliança, onde pai e mãe uniam suas forças e, com a intenção de
viver melhor, ampliavam suas redes sociais, selando uma aliança mútua com seus
compadres, estabelecendo também, uma relação com “cunhados, cunhadas, sogros e
sogras.” E se a criança, “sobrevivesse até a idade de procriar” o que não era fácil, “muito
mais alargada seria essa rede de laços de solidariedade e aliança”. Para Florentino e Góes,
a vontade dos cativos de criarem laços parentais parecia evidente (FLORENTINO &
GÓES, 1997. pp, 173 e 174).
Como vemos, havia diversas dificuldades para saciar os desejos dos escravos em
criar laços parentais pelos batismos e pelos casamentos católicos, porém, sabemos que
muitos deles não o faziam, preferindo viver numa relação não institucionalizada pela
Igreja. Outro fator que pode pesar neste perfil é que parecia extremamente difícil para o
escravo de sexo masculino conseguir uma parceira e fazer filhos e, consequentemente,
sacramentar seu matrimônio e batizar seus filhos. Porém, notamos estratégias, por parte
desses escravos, em criar laços e efetuarem relações parentais, constituir famílias e ter
certa estabilidade social.
Jacob Gorender afirma que a demografia escrava se regulou na preferência dos
senhores por pessoas do sexo masculino, por pensarem que escravos eram capazes de
realizar trabalhos mais rudes e pesados que as escravas nas grandes propriedades
(GORENDER, 1978. pp, 323 e 324). Complementando, Florentino e Góes também
afirmam que a grande quantidade de negros do sexo masculino inseridos no Brasil, era a
condição de possibilidade de tornar intensa a jornada de trabalho dos escravos até o limite
extremo, pois podiam ser substituídos com facilidade (FLORENTINO & GÓES, 1997.
pp, 28 e 29).
Segundo Marcia Amantino, o término do tráfico de escravos teve uma influência
direta no equilíbrio dos sexos na freguesia de Macaé, pois, trazia principalmente escravos
“do sexo masculino” (AMANTINO, 2007, p. 626). Vinte anos após a “entrada contínua e
massiva de cativos africanos, sobretudo homens, houve uma tendência ao equilíbrio
sexual, ainda que se desconheça a estrutura sexual da população cativa” [...] “devia ter
mais homens que mulheres” (AMANTINO, 2007, p. 626). Esses dados comprovam e
revelam que a mão de obra de escravos do sexo masculino era muito usada para atender as
necessidades econômicas da freguesia e indicam que os senhores acreditavam que os
homens seriam mais fortes do que as mulheres para realizar trabalhos mais rudes e
pesados.
Ao ser elevada à condição de Vila de Macaé em 1813 (LAMEGO FILHO, 1958,
pp. 67, 68 e 69), a região contava com escravos que se dedicavam à agricultura,
principalmente as culturas de cana de açúcar, café e outros gêneros (SAINT-HILAIRE,
1974, pp. 363, 366 e 367). O excedente de escravos masculinos da freguesia que
pesquisamos poderia fazer com que houvesse uma disputa desses escravos por esposas e
dificuldades para eles formarem uma rede de laços parentais neste período. Junto à ideia
de caracterizar a região por um número grande de escravos do sexo masculino, somava-se
o fato de possuir um grande contingente de africanos e consequentemente de variadas
culturas, o que poderia dificultar o bom relacionamento entre eles.
De acordo com Douglas Cole Libby e Tarcísio R. Botelho, quando os registros de
batismos indicavam que os escravos eram considerados adultos, significava que eram
cativos recém-chegados da África (LIBBY & BOTELHO, 2004, p. 70). Jorge Prata
Sousa e Jonis Freire afirmam que muitos escravos adultos que foram batizados na
freguesia de Nossa Senhora das Neves do Sertão de Macaé, eram africanos (FREIRE &
SOUSA, 2013, p. 30 e 38). Pelos resultados colhidos junto aos registros de batismo,
podemos vislumbrar esse índice de faixa etária de toda população batizada na freguesia
entre os anos de 1809 a 1822.

Tabela 1
Índice de faixa etária da população da freguesia de Macaé, 1809 a 1822.
Inocente % Adulto % NID % Total %
Escravo 438 54,89 205 25,68 2 0,25 645 80,83%
Branco 99 12,40n 99 12,40%
Índio 10 0,25 10 1,25%
Forro 44 5,51 44 5,52%
Total 591 74,05 205 25,68 2 0,25 798 100%
Fonte: Registro de batismos da Paróquia Nossa Senhora das Neves Livro 1, de 13/06/1809 à 24/09/1822.

Como vemos, há um número considerável de batismos de adultos, assim como


confirmado por Jorge Prata Sousa e Jonis Freire, como também há um número
significativo de batismos de escravos inocentes, alguns índios, brancos e forros. Porém, o
que mais nos chama atenção é a proporção muito superior de escravos sendo batizados
em relação aos brancos. Somando os inocentes e os adultos, soma-se um total de 80,57%
de batismos de escravos e 12,40% de brancos, ou seja, 643 batizados realizados eram
escravos, num total geral de 798 celebrações, para apenas 99 batizados de brancos. Entre
os forros e índios, a proporção ficava no valor de 5,51% e 1,25% respectivamente.
Cristiany Miranda Rocha menciona que existem sinais de desequilíbrio numérico
entre os sexos, em relação aos casamentos entre os cativos, ocasionado pelo tráfico
transatlântico. Segundo a autora, esse fator dificultou a procura dos homens por suas
companheiras (ROCHA, 2016, p. 157). No livro sem número de assentos de matrimônio
da freguesia verificamos a quantidade de celebrações formalizadas pela Igreja Católica.
Embora, neste livro de assentos faltarem páginas e muitas delas danificadas,
conseguimos contabilizar 178 casamentos, assim descritos: 6 pardos forros x 6 pardas
forras; 1 forro x 1 escrava, 1 índio x 1 parda; 1 índio x 1 forra; 1 índio x 1 escrava; 1 não
identificado (NID) x 1 escrava; 13 brancos x 13 brancas e 152 escravos x 152 escravas
em um período de 13 anos (Arquivo Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Macaé.
Livro (sem número) Casamentos (1809-1822)). Casaram-se ao todo, 307 (86,96%)
escravas no total de 353 celebrações. Como vemos, em Macaé, as dificuldades dos
escravos encontrarem escravas, não impediram que eles casassem de acordo com as
normais estabelecidas.
Verificamos até o momento um amplo número de casamentos escravos legais em
comparação com os brancos, índios e libertos, resultado do próprio perfil populacional
que tinha na sua composição demográfica, a maioria escrava. Podemos afirmar que o
comportamento matrimonial dos escravos na freguesia, tendeu pela preferência do
casamento legal.

1 – A Valorização dos Casamentos Católicos Escravos

Observarmos acima, um largo predomínio de casamentos escravos em comparação


aos casamentos dos brancos, índios e libertos. Acreditamos que este motivo se dá
exatamente pelo fato da população escrava ser bem maior que a dos livres e libertos. O
número de casamentos escravos legalizados, como observado no livro de casamentos,
está relacionado diretamente ao número de batismos legítimos e naturais presentes no
livro de batismo, conforme verificado na tabela 2 abaixo.

Tabela 2
Índice de legitimidade da população da freguesia de Macaé de 1809 a 1822
Legítimo % Natural % NID % Total %
Escravo 460 57,65 98 12,29 87 10,90 645 80,83%
Branco 92 11,54 7 0,87 99 12,40%
Índio 9 1,13 1 0,13 10 1,25%
Forro 27 3,39 17 2,13 44 5,52%
Total 588 75,69 123 15,42 87 8,89 798 100%
Fonte: Registro de batismos da Paróquia Nossa Senhora das Neves Livro I, de 13/06/1809 à 24/09/1822

Observa-se nos livros de batismos, uma predominância de escravos legítimos em


comparação a escravos nascidos de mães naturais. Esses números perpassam também o
perfil dos brancos, índios e forros. Em todas as variáveis, há uma predominância de filhos
legítimos e com números muito superiores aos escravos, totalizando em 57,65% de
escravos legítimos que são levados à pia batismal. Dados que se encontram com a análise
feita junto ao livro de casamento.
Pelo visto, os cativos pareciam estar preocupados em formar famílias, criar e
estreitar laços parentais de forma institucionalizada, valorizando os casamentos
sacramentados pela Igreja. Vitória Schettini de Andrade afirma que as atuais análises
demográficas mostram que dependendo da localidade e do período, o casamento
legalizado pela Igreja não era rigorosamente adotado, havia as uniões informais e os
escravos procuravam ratificar seus laços familiares e se enquadrarem em um plano de
equilíbrio dessas famílias (ANDRADE, 2006 p.70).
Como vemos, o casamento legitimado foi a variável que mais se destacava em
Macaé, independente da categoria social, porém, com uma predominância para os
escravos (57,65%), seguido de brancos (11,54%), forros (3,39%) e índios (1,13%). Os
dados nos levam a deduzir que a união católica era extremamente valorizada pelos
escravos que viviam na freguesia de Nossa Senhora das Neves de Macaé, muito embora
em outras regiões do Brasil no mesmo período isto não acontecia.
Um detalhe interessante da fonte consultada e que nos chamou a atenção foi uma
denúncia feita por Custódio José sócio e administrador do Engenho Atalaia, contra o
padre João Bernardo da Costa Rezende, por concubinato com uma pessoa solteira
chamada Joana, porém, testemunhas da freguesia derem o abono ao vigário e o caso foi
encerrado (ARQUIVO NACIONAL. Mesa da Consciência e Ordens. Códice 26, vol.5,
no. 332: Consulta sobre da oposição da Igreja Nossa Senhora das Neves do Rio Macaé
deste Bispado: Consulta da Igreja Nossa Senhora das Neves do Rio Macaé deste
Bispado). No assento de batismo do dia 26 de abril de 1810 encontramos Jorgracia filha
da escrava Joana (entre 1809 a 1822, o nome Joana aparece somente uma vez no Livro
1de batismo (1809-1822) residente na fazenda da Atalaia, neste assento consta o nome do
escravo João como o pai, porém não consta se a batizanda é legítima ou não (Arquivo
Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Macaé. Livro 1 (um) batismo (1809-1849)). O
nome de Joana, presente na fonte, pode ser uma pista, um sinal e um indício [utilizando os
termos de Ginzburg presentes em: (GINZBURG, 2009. p.143-1790] de que seja a mesma
pessoa citada na denúncia de concubinato, porém, não podemos comprovar sem o
cruzamento de fontes, o que não será feito nessa oportunidade. De acordo com Silvia
Maria Jardim Brügger em Minas Gerais durante um longo período escravista dos séculos
XVIII e XIX, trabalhos de história da família apontam para a superioridade de um
comportamento matrimonial no qual o casamento legal não era a norma. Pesquisas
demográficas, com base nos registros paroquiais ou em mapas da população, têm
indicado índices baixos de nupcialidade e taxas altas de ilegitimidade dos batizandos
(BRÜGGER, 2000, p. 37).
Sheila de Castro Faria afirma que nas freguesias do norte fluminense a situação era
diferente, “o escravo deixou, praticamente, de ter acesso ao casamento religioso. Uma
única exceção [...] a freguesia de São Salvador” , que em 1870 houve um aumento de
legitimidade, “houve [...] retorno ao padrão de crescimento endógeno da população cativa
[...[ nos grandes engenhos, perto da metade de sua população [...] mais de 66% dos casos
de pais casados” (FARIA, 1998, p 340).
Sabemos que na freguesia de São Salvador os cativos não deixaram de ter acesso ao
casamento religioso como afirma Sheila de Castro e, na freguesia os cativos também não
deixaram de ter acesso ao casamento sacramentado, mesmo sabendo que em outras
freguesias do norte fluminense poderia haver uma baixa incidência de casamentos e nas
regiões urbanas também.
Mary C. Karash menciona ao analisar a escravidão urbana do Rio de Janeiro, que a
baixa incidência de casamentos, tinha como motivo os senhores não confiarem na
“reprodução natural para aumentar a população escrava”. E afirma também que a
desnutrição, particularmente no momento da gravidez, trabalho duro das escravas e suas
péssimas condições de vida também contribuíam para os abortos (KARASCH, 2000,
p.167). Na freguesia de Macaé, observamos que embora houvesse um vasto número de
mortalidade infantil, a incidência de casamentos escravos realizados na Igreja Católica
era amplo.
Ao que tudo indica, a freguesia de Macaé situada em uma região rural, com muitos
engenhos, era diferente da cidade do Rio de Janeiro. Para o escravo que vivia na
freguesia, o perfil da família escrava que não legitimada e valorizada aos olhos da Igreja,
poderia não dar a ele a garantia de estabilidade e moradia, enquanto que um modelo de
família valorizado pela Igreja Católica lhe daria garantias de estabilidade e moradia. Em
todos os registros de casamentos escravos que observamos, os casais tinham suas
moradias nas propriedades de seus senhores. (Arquivo Igreja de Nossa Senhora das
Neves, em Macaé. Livro (sem número) Casamentos (1809-1822)).
Afirmamos que na freguesia que pesquisamos, os casais escravos viviam no mesmo
”fogo” (neste período a moradia do escravo era denominada por fogo). Robert Slenes
afirma que “o fogo doméstico dos escravos, além de esquentar, secar e iluminar o interior
de suas “moradias”, afastar insetos e estender a vida útil de suas coberturas [...] também
lhes servia como arma na formação de uma identidade compartilhada” (SLENES, 1999,
p.256). Complementa também a ideia de que o escravo casava para ter uma morada
separada. Com os ganhos de uma morada separada da senzala, o cativo ampliava sua
autonomia, pois, poderiam permanecer algumas práticas das culturas africanas e colocar
em pratica seus projetos de vida, o que também, não deixaria de ser uma forma de
ascensão social (IDEM, pp.131-208). Assim os escravos casavam, moravam no mesmo
fogo, batizavam seus filhos e ampliavam a família através do compadrio espiritual.
É inegável que esse modelo de família se fez presente na formação social dessa
freguesia, embora não seguissem o mesmo molde de outras regiões. Florentino e Góes
afirmam que “até quando enlaçados pela norma eclesiástica, os cônjuges não escaparam
do poder senhorial, ficando a mercê da separação” (FLORENTINO & GÓES, 1997, p. 105)..
Sobre a separação, consta nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, que os
senhores podiam vender os escravos casados para um local próximo, onde suas esposas
pudessem visita-los (CONSTITUIÇÕES PRIMEIRAS DA BAHIA, Titulo LXXI. nº
303). No período que recortamos, não encontramos nenhum documento que comprove
que os senhores separavam casais escravos.
. Acreditamos que as leis das Constituições Primeiras do Arcebispado, não
influenciavam para a incidência de casamentos de escravos sacramentados pela Igreja
nesta freguesia. Observarmos no livro I (um) de Batismo da Paróquia da Freguesia de
Nossa Senhora das Neves de Macaé um amplo número de crianças escravas legítimas
nesse período, embora haja um número considerável de crianças ilegítimas. Esses
números são indícios que nessa freguesia os escravos pareciam valorizar e procurarem o
casamento legal e as uniões informais, como também é evidenciado no casamento.
As palavras dos autores Manolo Florentino e José Roberto Góes, são extremamente
apropriadas para falarmos sobre o valor e as vantagens que escravos da freguesia davam e
tinham quando sacramentavam o casamento católico, ao afirmarem que, “ao contrário do
que disseram muitos e ainda afirmam alguns, os cativos buscavam procriar. Casavam-se
para gerar filhos” (FLORENTINO & GÓES, 1997, p, 105), mesmo entendendo que em
outras freguesias nem todos usavam desse método para procriar e ter filhos, preferindo
viver na informalidade, sem passar pela celebração matrimonial.
Não temos documentos que demostrem relatos de escravos sobre essas vantagens
na freguesia que pesquisamos. Porém, os dados coletados, nos levaram a entender que os
escravos valorizavam e realizavam seus casamentos, como também moravam juntos em
seus fogos e batizavam seus filhos. Acreditamos que existiam algumas vantagens para os
escravos da freguesia em relação às uniões sacramentadas pela Igreja poderiam estar no
ganho de poderem morar juntos, de formarem e constituir suas famílias através do
casamento, ser bem aceito socialmente e, consequentemente, ampliar a família através do
compadrio espiritual.

Breves considerações

Neste trabalho fizemos uma analise da formação da família escrava na tentativa de


entender a valorização que os escravos davam para suas uniões freguesia de Nossa
Senhora das Neves do Sertão de Macaé, entre os anos de 1809 a 1822. Notamos que os
escravos davam preferência aos casamentos formalizados pela Igreja Católica, porém não
deixavam de valorizar as uniões informais. Podemos afirmar que muitos escravos que
viveram na freguesia no período que recortamos, casaram e formaram suas famílias de
acordo com as normas do catolicismo, alguns poucos extrapolavam esses normas e
estabeleciam uniões informais.

Bibliografia

Fontes Utilizadas

Arquivos da Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Macaé. Livro 1 de Batismo (1809 -
1849) e Livro (sem número) de Casamentos (1809 - 1822).

Arquivo Nacional (AN). Mesa da Consciência e Ordens. Códice 26, vol.5, no. 332:
Consulta sobre da oposição da Igreja Nossa Senhora das Neves do Rio Macaé deste
Bispado: Consulta da Igreja Nossa Senhora das Neves do Rio Macaé deste Bispado.

Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Constituições primeiras do


Arcebispado da Bahia (vol. 79... livraria. senado.
leg.br/constituicoes-primeiras-do-arcebispado-da-bahia.html

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