O documento discute a história do Brasil no século XIX, com foco na expansão da Inglaterra, dados demográficos de 1847, e o crescimento da exportação de café. Destaca também a influência política dos Saquaremas e as tensões entre os poderes público e privado durante o período imperial.
O documento discute a história do Brasil no século XIX, com foco na expansão da Inglaterra, dados demográficos de 1847, e o crescimento da exportação de café. Destaca também a influência política dos Saquaremas e as tensões entre os poderes público e privado durante o período imperial.
O documento discute a história do Brasil no século XIX, com foco na expansão da Inglaterra, dados demográficos de 1847, e o crescimento da exportação de café. Destaca também a influência política dos Saquaremas e as tensões entre os poderes público e privado durante o período imperial.
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo Saquarema. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2017.
Palavra chave Citação Pg.
"No decorrer do século XIX, e mais precisamente em sua segunda
metade, a Inglaterra expandiria seus interesses sobre a face da Terra, Inglaterra/expansão tanto em termos estritamente comerciais, nos quais o capital 26 começava a aparecer como a mais importante das mercadorias exportadas, quanto no que diz respeito a ideias e valores"
"Na região de agricultura mercantil-escravista, o plantador escravista
vivia, a cada instante, a reafirmação de sua subordinação ao colonizador, que tanto monopolizava o tráfico negreiro e os crédi- tos que possibilitavam a aquisição desta mercadoria fundamental, quanto possuía os elementos político-militares que permitiam levar a cabo a expansão que garantia terras para a monocultura, fazer frente às Monopólios: insurreições negras, destruir os quilombos e combater as tribos 51 Escravo e Tráfico indígenas. Ora, esta subordinação conduzia a uma hierarquização em cada uma das faces da moeda: no lado da Região, o escravo passava a se constituir no mais importante dos monopólios que distinguiam o plantador escravista; no lado do Reino, o tráfico negreiro transformava-se no principal dos monopólios que caracterizavam o comerciante."
"Pelo porto do Rio de Janeiro, quantidades crescentes de sacas de
sessenta quilos de café seguiam para o consumo no estrangeiro. No decênio de 1821-1830, 3.178.000 sacas foram exportadas, no valor Sacas de café total de 45.308 contos de réis (o equivalente a 7.189 mil libras-ouro ) ; 72 exportadas no decênio seguinte, o número de sacas exportadas triplicou, o mesmo acontecendo com o valor alcançado, em que pese a queda dos preços no mercado internacional"
"Dado mais significativo ainda. Enquanto naquele primeiro decênio
as exportações de café representaram cerca de 18% das exportações totais do Império, no decênio seguinte elas já representa- vam cerca de 44%, superando amplamente os demais produtos na tábua de exportações, dentre eles o açúcar, não obstante o momentâneo Exportação de café 72 crescimento verificado na sua exportação, a partir de 1835, como decorrencia da queda da produção jamaicana e de outroas possessões britânicas, desde a abolição da escravatura. no Prosseguindo sua trajetória ascendente, as exportações de café alcançariam cerca de 54% das exportações do Império em 1854-55." "Em 1836, a produção paulista alcançou o total de 584.486 arrobas, isto é, 25% da produção fluminense de então. Anote-se, contudo, que O Império era o deste total cerca de 72% provinham do “norte”, onde assumiam relevo café, o café era o Areias, onde então já existiam 238 fazendas de café, Taubaté, 73 Vale Guaratinguetá e Moji das Cruzes. A produção do “norte” paulista contribuía, por certo, para reforçar a imagem que então se forjava de que se o Império era o café, o café era o Vale. "
"Se denominariam sempre e antes de tudo os conservadores
fluminenses, e se assim ocorria era porque eles tendiam a se apresentar organizados e a ser dirigidos pela “trindade saquarema”: Rodrigues Torres, futuro Visconde de Itaboraí, Paulino José Soares de Saquaremas 120 Sousa, futuro visconde do Uruguai, e Eusébio de Queirós. A propósito dos três, comenta Joaquim Nabuco que, na sessão de 1843, “se não tinham o renome dos chefes do Senado, Olinda, Vasconcelos e Honório, tinham já de fato a direção do partido"
"Os Saquaremas foram além. Uniram a seus propósitos os demais
Conservadores.Reafirmaram, a cada passo, a hierarquização que presidia os três mundos, mas também a que deveria presidir as Saquaremas relações entre o Poder e a Nação, o Estado e a Casa, Governantes e 165 Governados, as quais encontravam sua expressão simbólica mais marcante na restauração pelo próprio Regente Araújo Lima no ato de beijar a mão do Imperador"
Divisão entre poder
O Visconde do Uruguai fazia essa distinção. De forma que o poder político e 209 político é mais sucetível às ideologias e as disputas políticas administrativo
"[...] é possível concluir que não se defendia a substituição do
Governo da Casa, por meio da centralização. O que se tinha como Poder central/local objetivo era estar em contato permanente com ele, romper seu 218 isolacionismo, para poder vigia-lo e dirigi-lo. E entendia-se que a maneira de fazê-lo era a constituição de uma rede administrativa [...]"
"[...] o que se constituía e é apresentado como público emergia dos
interesses particulares, do que é apresentado como privado. No fundamental, a aparente irredutibilidade entre a ordem privada e o Público/privado poder público não deixava de ser a expressão das tensões inerentes a 222 uma constituição, a tensão dos caminhos tortuosos trilhados pelo plantador escravista, ao lado dos negociantes e burocratas, em sua transmutação em classe senhorial" "Estas determinações do Código Criminal, que tanto buscavam garantir os agentes da administração em seusdiferentes níveis de atuação quanto estabeleciam um controle sobre eles, eram complementadas por uma infinidade de leis, decisões, regulamentos, regimentos, avisos e demais textos legais, quase sempre de caráter normativo, dirigido aos corpos policiais, aos guardas nacionais, às autoridades judiciárias, aos professores e demais funcionários civis e eclesiásticos. Ora, esta sofreguidão Teia de Penélope 227 normativa não deixava de contrastar vivamente com o cotidiano das funções, sempre marcado pela forma de preenchimento dos empregos públicos e pelas paixões partidárias, E deste embate entre o exercício da administração e as normas que insistiam em disciplinar a atuação daqueles por ela diretamente responsáveis resultava a teia de Penélope. E também a estratégia que os Saquaremas definiram para, neste campo particular, alcançar uma centralização, ao mesmo tempo que justificava".
Estratégia De modo geral, a estratégia consistia na cooptação de funcionários
226-27 Saquarema públicos provinciais.
"Na verdade, o Estado imperial não foi um agente antiescravista. Pelo
contrário, ele foi o agente privilegiado na procura da preservação do monopólio da mão de obra. Ao lado de outros monopólios, por uma classe que ele é obrigado a forjar para tanto, no momento de restauração de um nexo que era não só a razão da sua existência como Estado/Escravidão 240 a da própria classe. Forçado a uma defensividade, ele procura eliminar ou restringir as razões de sua vulnerabilidade, ao começar pela extraterritorialidade do mercado de trabalho. Por isso mesmo a extinção do tráfico intercontinentalera a maneira de preservar a escravidão ou o monopólio da mão de obra".
"Assim, a instrução cumpria - ou deveria cumprir - papel
fundamental, que permitia - ou deveria permitir _ que o Império se colocasse ao lado das "Nações Civilizadas". Instruir "todas as classes"era, pois, o ato de difusão das Luzes que permitiam romper as trevas que caracterizavam o passado colonial; a possibilidade de Instrução estabelecer o primado da Razão, superando a "barbárie" dos "Sertões" 273 e a "desordem" das Ruas; o meio de levar a efeito o espírito de Associação, ultrapassando as tendências localistas representadas pela Casa; além da oportunidade de usufruir os benefícios do Progresso, e assim romper com as concepções mágicas a respeito do mundo e da natureza".