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FICHAMENTO

MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo Saquarema. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2017.

Palavra chave Citação Pg.

"No decorrer do século XIX, e mais precisamente em sua segunda


metade, a Inglaterra expandiria seus interesses sobre a face da Terra,
Inglaterra/expansão tanto em termos estritamente comerciais, nos quais o capital 26
começava a aparecer como a mais importante das mercadorias
exportadas, quanto no que diz respeito a ideias e valores"

7.320.000 pessoas / 2.120.000brancos /


Dados 1.100,000 mulatos livres / 3.120.000 negros
45
populacionais 1847 escravos 180.000 libertos africanos /
800.000 índios

"Na região de agricultura mercantil-escravista, o plantador escravista


vivia, a cada instante, a reafirmação de sua subordinação ao
colonizador, que tanto monopolizava o tráfico negreiro e os crédi- tos
que possibilitavam a aquisição desta mercadoria fundamental, quanto
possuía os elementos político-militares que permitiam levar a cabo a
expansão que garantia terras para a monocultura, fazer frente às
Monopólios:
insurreições negras, destruir os quilombos e combater as tribos 51
Escravo e Tráfico
indígenas. Ora, esta subordinação conduzia a uma hierarquização em
cada uma das faces da moeda: no lado da Região, o escravo passava a
se constituir no mais importante dos monopólios que distinguiam o
plantador escravista; no lado do Reino, o tráfico negreiro
transformava-se no principal dos monopólios que caracterizavam o
comerciante."

"Pelo porto do Rio de Janeiro, quantidades crescentes de sacas de


sessenta quilos de café seguiam para o consumo no estrangeiro. No
decênio de 1821-1830, 3.178.000 sacas foram exportadas, no valor
Sacas de café
total de 45.308 contos de réis (o equivalente a 7.189 mil libras-ouro ) ; 72
exportadas
no decênio seguinte, o número de sacas exportadas triplicou, o mesmo
acontecendo com o valor alcançado, em que pese a queda dos preços
no mercado internacional"

"Dado mais significativo ainda. Enquanto naquele primeiro decênio


as exportações de café representaram cerca de 18% das exportações
totais do Império, no decênio seguinte elas já representa- vam cerca
de 44%, superando amplamente os demais produtos na tábua de
exportações, dentre eles o açúcar, não obstante o momentâneo
Exportação de café 72
crescimento verificado na sua exportação, a partir de 1835, como
decorrencia da queda da produção jamaicana e de outroas possessões
britânicas, desde a abolição da escravatura. no Prosseguindo sua
trajetória ascendente, as exportações de café alcançariam cerca de
54% das exportações do Império em 1854-55."
"Em 1836, a produção paulista alcançou o total de 584.486 arrobas,
isto é, 25% da produção fluminense de então. Anote-se, contudo, que
O Império era o deste total cerca de 72% provinham do “norte”, onde assumiam relevo
café, o café era o Areias, onde então já existiam 238 fazendas de café, Taubaté, 73
Vale Guaratinguetá e Moji das Cruzes. A produção do “norte” paulista
contribuía, por certo, para reforçar a imagem que então se forjava de
que se o Império era o café, o café era o Vale. "

"Se denominariam sempre e antes de tudo os conservadores


fluminenses, e se assim ocorria era porque eles tendiam a se
apresentar organizados e a ser dirigidos pela “trindade saquarema”:
Rodrigues Torres, futuro Visconde de Itaboraí, Paulino José Soares de
Saquaremas 120
Sousa, futuro visconde do Uruguai, e Eusébio de Queirós. A
propósito dos três, comenta Joaquim Nabuco que, na sessão de 1843,
“se não tinham o renome dos chefes do Senado, Olinda, Vasconcelos
e Honório, tinham já de fato a direção do partido"

"Os Saquaremas foram além. Uniram a seus propósitos os demais


Conservadores.Reafirmaram, a cada passo, a hierarquização que
presidia os três mundos, mas também a que deveria presidir as
Saquaremas relações entre o Poder e a Nação, o Estado e a Casa, Governantes e 165
Governados, as quais encontravam sua expressão simbólica mais
marcante na restauração pelo próprio Regente Araújo Lima no ato de
beijar a mão do Imperador"

Divisão entre poder


O Visconde do Uruguai fazia essa distinção. De forma que o poder
político e 209
político é mais sucetível às ideologias e as disputas políticas
administrativo

"[...] é possível concluir que não se defendia a substituição do


Governo da Casa, por meio da centralização. O que se tinha como
Poder central/local objetivo era estar em contato permanente com ele, romper seu 218
isolacionismo, para poder vigia-lo e dirigi-lo. E entendia-se que a
maneira de fazê-lo era a constituição de uma rede administrativa [...]"

"[...] o que se constituía e é apresentado como público emergia dos


interesses particulares, do que é apresentado como privado. No
fundamental, a aparente irredutibilidade entre a ordem privada e o
Público/privado poder público não deixava de ser a expressão das tensões inerentes a 222
uma constituição, a tensão dos caminhos tortuosos trilhados pelo
plantador escravista, ao lado dos negociantes e burocratas, em sua
transmutação em classe senhorial"
"Estas determinações do Código Criminal, que tanto buscavam
garantir os agentes da administração em seusdiferentes níveis de
atuação quanto estabeleciam um controle sobre eles, eram
complementadas por uma infinidade de leis, decisões, regulamentos,
regimentos, avisos e demais textos legais, quase sempre de caráter
normativo, dirigido aos corpos policiais, aos guardas nacionais, às
autoridades judiciárias, aos professores e demais funcionários civis e
eclesiásticos. Ora, esta sofreguidão
Teia de Penélope 227
normativa não deixava de contrastar vivamente com o cotidiano das
funções, sempre marcado pela forma de preenchimento dos empregos
públicos e pelas paixões partidárias, E deste embate entre o exercício
da administração e as normas que insistiam em disciplinar a atuação
daqueles por ela diretamente responsáveis resultava a teia de
Penélope. E também a estratégia que os Saquaremas definiram para,
neste campo particular, alcançar uma centralização, ao mesmo tempo
que justificava".

Estratégia De modo geral, a estratégia consistia na cooptação de funcionários


226-27
Saquarema públicos provinciais.

"Na verdade, o Estado imperial não foi um agente antiescravista. Pelo


contrário, ele foi o agente privilegiado na procura da preservação do
monopólio da mão de obra. Ao lado de outros monopólios, por uma
classe que ele é obrigado a forjar para tanto, no momento de
restauração de um nexo que era não só a razão da sua existência como
Estado/Escravidão 240
a da própria classe. Forçado a uma defensividade, ele procura
eliminar ou restringir as razões de sua vulnerabilidade, ao começar
pela extraterritorialidade do mercado de trabalho. Por isso mesmo a
extinção do tráfico intercontinentalera a maneira de preservar a
escravidão ou o monopólio da mão de obra".

"Assim, a instrução cumpria - ou deveria cumprir - papel


fundamental, que permitia - ou deveria permitir _ que o Império se
colocasse ao lado das "Nações Civilizadas". Instruir "todas as
classes"era, pois, o ato de difusão das Luzes que permitiam romper as
trevas que caracterizavam o passado colonial; a possibilidade de
Instrução estabelecer o primado da Razão, superando a "barbárie" dos "Sertões" 273
e a "desordem" das Ruas; o meio de levar a efeito o espírito de
Associação, ultrapassando as tendências localistas representadas pela
Casa; além da oportunidade de usufruir os benefícios do Progresso, e
assim romper com as concepções mágicas a respeito do mundo e da
natureza".

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