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ANOTAÇÕES — VIDA PRIVADA E ORDEM PRIVADA NO IMPÉRIO

— Com a transferência da corte portuguesa, chega ao Brasil boa parte do aparato


administrativo português.

— “No total, pelo menos 15 mil pessoas transferiram-se de Portugal para o Rio de
Janeiro no período”.

— Portugal passa por instabilidades políticas que contribuem para manter os


interesses lusitanos no Rio. Defensores da monarquia também se mudam para o
Rio, único refúgio da legalidade monárquica no Novo Mundo.

A RUPTURA DO CIRCUITO DE COMÉRCIO CONTINENTAL

— A partir de 1770, a produção no polígono do ouro (Minas Gerias, Goiás e Mato


Grosso) declina e o interesse naquela zona igualmente vai decaindo, enquanto é
impulsionada a agricultura de exportação.

— “Rompe-se o circuito de comércio continental. Parte de Minas amplia suas


atividades na agricultura, na pecuária e no laticínio, fornecendo alimentos para o Rio
de Janeiro. Mas São Paulo, o Sul, o Norte e o Nordeste desligam-se pouco a pouco
do centro mineiro. Trocas litorâneas de cabotagem deslocam e desmancham as
trocas sertanejas. Dessa maneira, a Independência traz a autonomia política a um
território esgarçado pelo deslizamento do comércio terrestre interiorano para as
zonas costeiras”.

— As câmaras e os juizados municipais defendem os interesse locais, e o primeiro


confronta institucional entre o privado e o público imperial desenrola-se no âmbito
do município.

— INDEPENDÊNCIA POLÍTICA > AUTONOMIA DOS MUNICÍPIOS > INTERESSES


LOCAIS x INTERESSES IMPERIAIS > ???
— “Qual o alcance do poder exercido por autoridades locais eleitas pelos
proprietários rurais? Qual o escopo do governo central? Estavam em jogo diferentes
concepções da liberdade individual, do pacto político no Estado constitucional
moderno”.

— Isso, numa sociedade que (assim como os EUA) possuía um sistema escravista.

O PRIVILÉGIO PRIVADO

— “Nos confins da língua latina e do direito romano, a palavra privus (particular) deu
origem a duas variantes, privatus (privado) e privas-lex ou privilegium (lei para um
particular, privilégio). Essas variantes fundem-se de novo num só significado no
contexto do escravismo moderno, no qual o direito — o privilégio — de possuir
escravos incide diretamente sobre a concepção da vida privada Como na Colônia, a
vida privada brasileira no Império, com a vida familiar. Resta que, no decorrer do
processo de organização política e jurídica nacional, a vida privada escravista
desdobra-se numa ordem privada prenhe de contradições com a ordem pública:'
Manifesta-se a dualidade que atravessa todo o Império: o escravo é um tipo de
propriedade particular cuia posse e gestão demandam, reiteradamente, o aval da
autoridade pública”.

— “[…] o escravismo não se apresenta como uma herança colonial, como um


vínculo com o passado oitocentista se encarregaria de dissolver. Apresenta-se
como um compromisso para o futuro: o Império retoma e reconstrói a escravidão
no quadro do direito moderno, dentro de um país independente, projetando-a
sobre a contemporaneidade”.

A PRIVACIDADE E O PODER MUNICIPAL E PROVINCIAL

— O Primeiro Reinado corta as asinhas do autonomismo municipal, limitando a


competências das câmaras a assuntos econômicos locais e restringindo os temas
políticos provinciais ou gerais.
— A implantação dos “prefeitos de comarca” — nomeados pela coroa — e a
limitação das competências dos juízes de paz representava o desejo centralizador
da política imperial.

— As pessoas tinham medo dos escravizados tornarem-se espiões.

— Em Minas Gerais e São Paulo havia a crença de que o governo centralista do Rio
havia se tornado “formalmente ditador”.

— “Em suma, durante as revoluções do Império, podia abrir fogo contra as tropas
legais, sublevar os cidadãos, desencadear a guerra civil. Desde que um e outro
campo guardassem ‘as mesmas convicções’ básicas do consenso imperial: o
respeito à ordem privada escravista.”

— Junto ao escravismo, desenvolviam-se o paternalismo eu patriarcalismo rural e


urbano.

— O ENTRELAÇAMENTO DO SISTEMA ELEITORAL COM A VIDA PRIVADA NO


IMPÉRIO.

— “Após a independência, os homens brasileiros maiores de 25 anos, com certa


renda anual, podiam ser “votantes”, isto é, eleitores de segundo grau. Em geral,
trinta votantes escolhiam um eleitor de primeiro grau, o qual, dispondo do dobro da
renda anual dos votantes, podia eleger e ser eleito vereador, deputado ou senador”.

— Analfabetos e ex-escravos (com a renda mínima) também poderiam eleger e


serem eleitos.

— PERNAMBUCO, REVOLUÇÃO PRAIEIRA, 1847.

— O Segundo Reinado assegura a hegemonia do governo central.


— “Capital do país, corte da monarquia, sede das legações diplomáticas, maior
porto do território e área de forte concentração urbana de escravos, o Rio de Janeiro
aparece, doravante, como o teatro das contradições imperiais”.

A HEGEMONIA FLUMINENSE

— Surge no Rio um padrão de comportamento que molda o país pelos séculos XIX
e XX adentro.

— “Para se ter ideia da densidade de atividades concentradas na cidade do Rio de


Janeiro, considere-se que sua renda tributária municipal — referente aos impostos e
taxas recolhidos pela Câmara — superava, em 1858, a renda municipal do conjunto
de cidades de qualquer uma das vinte províncias do Império”.

— Boa parte dos habitantes no Brasil (quase a maior) a partir de 1840 são cativos.

— “Uma das mais fortes deve ter sido a registrada defronte à corte, em Niterói, onde
em 1833, quatro quintos da população eram escravos. Ou em Campos, ainda na
província fluminense, povoada em 1840 por 58 mil habitantes, dos quais 59% eram
escravos”.

— Nos EUA, o escravismo era uma “instituição peculiar” restrita ao Sul do território,
combatida pelos outros estados da União.

— “[…] o Brasil será — até 1850 — o único país independente a praticar o tráfico
negreiro, assimilado à pirataria e proibido pelos tratados internacionais e pelas
próprias leis nacionais”.

— As camadas populares da corte ressentiam-se por serem comparados a piratas


mouros.

— O “fim” do tráfico negreiro se dá em 1850.


— “Segundo um cálculo global de Haddock Lobo, o organizador do censo de 1849,
de cada dez habitantes do município, somente quatro eram brancos nessa última
data. Em 1872, em consequência da imigração portuguesa, essa proporção já se
invertera: de cada dez habitantes, seis foram classificados como brancos”.

A SUPREMACIA DA FALA CARIOCA

— A distinção entre portugueses e brasileiros acentuava-se gradualmente e via-se


na língua, por exemplo.

— Um deputado baiano em 1851 discursou no parlamento que entre a população


preta não se fala a língua do país, forçando a parte alfabetizada dos cativos a
moldar sua fala à do grupo dominante.

— Já em 1860 o Rio apresentava uma fala “bastante aportuguesada”.

A BAIA DE GUANABARA, O PÓRTICO DO IMPÉRIO

— No ano de 1850, os fluxos do comércio externo brasileiro têm uma rápida e


decisiva reorientação.

— “Cessado o tráfico, ocorre um retorno das divisas obtidas nas vendas de produtos
de exportação e até então reservadas para financiar a compra de africanos. O efeito
na balança comercial e na balança de pagamentos do Império é imediato”.

— A atividade de importação cresce bastante de 1850 para frente.

— “Horas e minutos da regularidade diurna dos trópicos, cuja medida costumava


parecer aleatória e desnecessária aos luso-brasileiros, começam a poder ser
marcados passo a passo, de cebolão na mão, nas casas, nas fazendas, nas
estradas, nos rios, nos portos do litoral. Com a inauguração, a partir de 1850, de
uma linha regular de navio a vapor entre Liverpool, na Inglaterra, e o Rio de Janeiro,
o tempo imperial entra em sincronia com o tempo da modernidade europeia”.
— A menstruação das mulheres é apelidada de “paquete” em referência ao periódico
navio.

— “Parte da movimentação internacional criada na corte nos anos 1850 resultou


também do efeito indireto da corrida do ouro na Califórnia”.

— Viajando pelo mar, era comum que os doidos por ouro parassem na Bahia e no
Rio.

— “Mais de 8 mil americanos já haviam passado pela baía de Guanabara nos


primeiros cinco meses de 1849”.

— Começam a chegar tecnologias interessantes ao país (relógio, fogão, máquina


de costura…)

— O Segundo Reinado dá ao Império um ar de modernidade com grande inspiração


na cultura francesa (na moda, no modo de vida, no anseio pelo rural).

— MACHADO DE ASSIS, cultura francesa + cultura local.

— A música misturavam instrumentos europeus (flauta, rabeca, violão) com


instrumentos e ritmos afro-brasileiros (marimba, tambor).

— “[…] na ausência de uma cultura musical europeia, como impedir que os ritmos e
sons africanos, afro-brasileiros, subvertessem as festas religiosas, civis, sociais?
Como entalar nas senzalas o som das marimbas, agogôs e tambores?”.

— “Não se tratava apenas de um problema rítmico, ou mesmo instrumental: a


música e as danças afro-brasileiras apresentavam-se como resultantes de uma
prática social, de uma cadência sonora que compassava os trabalhos, os serões, o
transporte de gente e de carga, o refluxo do choro, a sublimação da dor, o tédio da
espera ao abrigo da chuva, o embalo dos bebês, a viagem para o Além. A
onipresença dos ritmos afro-brasileiros derivava da onipresença da
escravidão afro-brasileira”.
— Junto com a enxurrada de bens de consumo que chegam ao Brasil em 1850,
chegam os PIANOS, que tornam-se um must have no Segundo Reinado. Refinado e
com menos necessidades de reparo (com suas ligas de metal), o piano torna-se a
mercadoria-fetiche da época e um importante mercado forma-se em torno deste
instrumento.

— “Se não precisava, por que comprou? Porque dava status, porque era moda, A
MODA, anunciando os 25 anos, a maioridade efetiva de d. Pedro II, o fim da
africanização do país e da vexaminosa pirataria brasileira, o prenúncio de outros
tempos e dos novos europeus que iriam imigrar para ocidentalizar de vez o país.
Porque o Império iria dançar ao som de outras músicas”.

BARRADOS NO BAILE: A PRIVATIZAÇÃO DO CARNAVAL

— “[…] nos bailes maiores, mais públicos, ocorreu uma ruptura fundamental.
Separou-se a festa da rua, popular e negra, embora de origem portuguesa — o
entrudo — da festa do salão branco e segregado, o Carnaval.

— Em 1840, uma trupe italiana na corte organiza um “carnaval veneziano de


máscaras”, que passa a ser o xodó da imprensa, que o intitula “Nosso Carnaval”,
melhor que o ENTRUDO por ser mais “civilizado” (europeu) e menos perigoso à
saúde (pela ausência dos limões-de-cheiro, dos penicos e dos capoeiristas).

— Carnaval veneziano (rico, privado, pago, branco, europeu) x Entrudo moleque


(pobre, público, 0800, negro, africano, brasileiro).

DAR NOME AOS BRASILEIROS: JOAQUINS, LYCURGOS, ROSALINDAS,


CAIOS, JEFFERSONS E BISMARCKS

— “[…] a Independência desencadeou um movimento lusófobo e nativista de troca


de nomes de batismo”.
— O mais célebre exemplo é o do visconde de Jequitinhonha cujo nome de batismo
era Francisco Gomes Brandão e que, com seu ingresso na militância
independentista, passa a se chamar Gê Acaiaba de Montezuma.

— A elite imperial que se pretendia “pro-americana”, admirava os astecas.

— Em seguida, a figura do indígena brasileiro começa a ser utilizada.

— “Para além da moda indianista, a mudança de nomes e sobrenomes deixa de ser


incomum após 1822 e toma outro significado durante as lutas civis da Regência. […]
O fenômeno parece estar ligado ao contexto às vezes nativista, às vezes
simplesmente deslusitanizante, da Regência”.

MODAS DA CORTE E COSTUMES DO IMPÉRIO

Cachimbos e charutos

— Calvo era estilo. “Estrada da Liberdade”.

— A elite prefere charuto ao cachimbo porque, pra variar, africanos também pitavam
em cachimbos enquanto europeus fumavam charutos.

— Charutos brasileiro! Não os cubanos.

DO MÉRITO DAS MUCAMAS


FALA — DEBATE

— Características mencionadas no texto:


— Identidade nacional.
— Figura do índio como herói nacional.
— Culto à natureza (inspiração francesa).

— Características do romantismo brasileiro:

— Identidade nacional.
— Figura do índio como herói nacional (Iracema).
— Culto à natureza (inspiração francesa).
— A mulher pura, delicada (A moreninha).

A VIDA IMITA A ARTE


VISÃO DE MUNDO DAS PESSOAS
INFORMAÇÃO CIRCULANTE
CONCEITOS

QUAL O TIPO DE CULTURA QUE CONSUMIMOS?

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