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Texto - O poeta da Roça

O poeta da roça
Eu canto o cabôco com suas caçada,
Sou fio das mata, cantô da mão grossa, Nas noite assombrada que tudo apavora,
Trabáio na roça, de inverno e de estio. Por dentro da mata, com tanta corage
A minha chupana é tapada de barro, Topando as visage chamada caipora.
Só fumo cigarro de páia de mío.
Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Sou poeta das brenha, não faço o papé Brigando com o tôro no mato fechado,
De argum menestré, ou errante cantô Que pega na ponta do brabo novio,
Que veve vagando, com sua viola, Ganhando lugio do dono do gado.
Cantando, pachola, à percura de amô.
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Não tenho sabença, pois nunca estudei, Coberto de trapo e mochila na mão,
Apenas eu sei o meu nome assiná. Que chora pedindo o socorro dos home,
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre, E tomba de fome, sem casa e sem pão.
E o fio do pobre não pode estudá.
E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Meu verso rastêro, singelo e sem graça, Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Não entra na praça, no rico salão, Morando no campo, sem vê a cidade,
Meu verso só entra no campo e na roça Cantando as verdade das coisa do Norte.
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Patativa do Assaré/Antônio Gonçalves da Silva
Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito. Disponivel em
E às vez, recordando a feliz mocidade, http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p010392.htm
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Vício na fala
Oswald de Andrade

Para dizerem milho dizem mio


Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

Por Sabrina Vilarinho / Graduada em Letras // Equipe Brasil Escola


Disponível em : http://www.brasilescola.com/literatura/oswald-andrade.htm

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