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Língua

Portuguesa
Escola: EEEP Guiomar Belchior Aguiar
Professora: Letícia Gomes Ferreira
LITERATURA
DE CORDEL
Orgulho de Ser Nordestino – Bráulio Bessa
O cordel teve sua origem durante
a Idade Média e, no Brasil, é muito
mais conhecido e divulgado na região
Nordeste.
O nome “cordel” teve sua origem
em Portugal, na Idade Média, porque
os folhetos ficavam pendurados por
cordões ou barbantes, em exposição.
As capas desses folhetos – geralmente impressos em preto e branco –
são ilustradas com fotos, desenhos ou xilogravuras, que é a sua forma
histórica e tradicional.

Você sabe o que é xilogravura?

É a arte de gravar em madeira. É uma técnica de impressão em que o


desenho é entalhado com formão, faca ou buril em uma chapa de
madeira que servirá de matriz, como um carimbo.
O cordelista geralmente reelabora histórias fantásticas ou
reais que ouviu ou testemunhou, acrescentando sua própria
contribuição: seu jeito de contar, suas experiências e sua
cultura.
Suas histórias tem como ponto central uma problemática
que deve ser resolvida com a inteligência e astúcia do
personagem.
Até um tempo atrás, em algumas regiões onde não havia
jornal, rádio, telefone ou TV, muitos cordelistas contavam
notícias às pessoas através dos seus livretos.
O poeta da roça [...]

Sou fio das mata, cantô da mão grossa, Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Trabáio na roça, de inverno e de estio. Brigando com o tôro no mato fechado,
A minha chupana é tapada de barro, Que pega na ponta do brabo novio,
Só fumo cigarro de páia de mío Ganhando lugio do dono do gado.

Sou poeta das brenha, não faço o papé Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
De argum menestré, ou errante cantô Coberto de trapo e mochila na mão,
Que veve vagando, com sua viola, Que chora pedindo o socorro dos home,
Cantando, pachola, à percura de amô. E tomba de fome, sem casa e sem pão.

Não tenho sabença, pois nunca estudei, E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Apenas eu sei o meu nome assiná. Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre, Morando no campo, sem vê a cidade,
E o fio do pobre não pode estudá. Cantando as verdade das coisa do Norte.
O Poeta da Roça – Patativa do Assaré
Cordelista Nordestino
Patativa do Assaré
(Antônio Gonçalves da Silva)

Nasceu em 1909, era cego de um olho desde


os 4 anos de idade, aos 5 já fazia versos.
Alfabetizou-se aos12 anos, ficando apenas
alguns meses na escola, foi considerado um
autodidata. Morreu em 2002, aos 93 anos.
A SECA E O INVERNO
Na seca inclemente do nosso Nordeste
O sol é mais quente e o céu, mais azul
E o povo se achando sem chão e sem veste
Viaja à procura das terras do Sul

Porém quando chove tudo é riso e festa


O campo e a floresta prometem fartura
Escutam-se as notas alegres e graves
Do canto das aves louvando a natura
Alegre esvoaça e gargalha o jacu E o forte caboclo da sua palhoça,
Apita o nambu e geme a juriti No rumo da roça de marcha apressada
E a brisa farfalha por entre os verdores Vai cheio de vida sorrindo e contente
Beijando os primores do meu Cariri Lançar a semente na terra molhada

De noite notamos as graças eternas Das mãos deste bravo caboclo roceiro
Nas lindas lanternas de mil vaga-lumes Fiel fazendeiro modesto e feliz
Na copa da mata os ramos embalam É que o ouro branco sai para o processo
E as flores exalam suaves perfumes Fazer o progresso do nosso país.

Se o dia desponta vem nova alegria (Patativa do Assaré)


A gente aprecia o mais lindo compasso
Além do balido das lindas ovelhas
Enxames de abelhas zumbindo no espaço
(ABCB)

(ABCBDB)

(ABCBDDB)

(ABBABCDDCD ou ABAABCDDCD)
Quem inventou esse "S"
De noite notamos as graças eternas Com que se escreve saudade
Nas lindas lanternas de mil vaga-lumes Foi o mesmo que inventou
Na copa da mata os ramos embalam O "F" da falsidade
E as flores exalam suaves perfumes E o mesmo que fez o "I"
Da minha infelicidade
Já te falei de saudade Sôbolos rios que vão
Tristeza e ingratidão por Babilónia, me achei,
De amor e de prazer Onde sentado chorei
E cantei de emoção as lembranças de Sião
Quero agora cantar e quanto nela passei.
E também quero falar Ali, o rio corrente
Das coisas do meu sertão de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado
TEMÁTICA

A literatura de cordel tende a abordar lendas, religiosidades e


fatos históricos, mas suas temáticas são as mais diversas. Desde
acontecimentos do cotidiano e a vida do povo sertanejo, até grandes
romances e acontecimentos da história do Brasil.
Os cordelistas podem ser chamados de grandes
repórteres do sertão, pois
a) vendem os folhetos nas feiras, nas cidades e
nos povoados.
b) escrevem os versos à mão contando as
histórias do passado.
c) escolhem e usam palavras bonitas e as buscam
nos dicionários.
d) divulgam vários fatos do cotidiano e
acontecimentos históricos .

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