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O cordel nordestino é uma expressão popular que se caracteriza pela declamação de poemas. Esses
textos rimados são impressos em folhetos que podem ser pendurados em cordas - os cordéis! - e são
vendidos em feiras livres.
Esse tipo de arte costuma trazer temas regionais, personagens locais, lendas folclóricas, além de
questões sociais.
Selecionamos aqui trechos e poemas de cordel pequenos. São 8 obras que representam o Brasil
(principalmente o nordeste), seja por seus personagens, situações ou questionamentos.
O poema em questão retrata o trabalhador da roça, o homem simples do campo. O autor, Antônio
Gonçalves da Silva, que ficou conhecido por Patativa do Assaré, nasceu no sertão do Ceará em 1909.
Filho de camponeses, Patativa sempre trabalhou na lida do campo e estudou poucos anos na escola,
o suficiente para ser alfabetizado. Começou a fazer poemas de cordel por volta dos 12 anos e, mesmo
com o reconhecimento, nunca deixou de trabalhar na terra.
Nesse cordel, Patativa então descreve seu modo de viver, fazendo um paralelo com a vida de tantos
brasileiros, homens e mulheres filhos do sertão e trabalhadores rurais.
2. Ai se sesse - Zé da Luz
O autor imagina que quando chegasse ao céu, o casal teria uma discussão com São Pedro. O homem,
com raiva, puxaria uma faca, "furando" o firmamento e libertando os seres fantásticos que lá vivem.
É interessante observar a narrativa desse poema, tão criativo e surpreendente, combinado com a
linguagem regional e considerada "errada" em termos gramaticais. Poemas assim são exemplos de
como o chamado "preconceito linguístico" não tem razão de existir.
Esse poema foi musicado em 2001 pela banda nordestina Cordel do Fogo Encantado. Confira abaixo
um vídeo com o áudio do cantor Lirinha recitando-o.
3. As Misérias da Época - Leandro Gomes de Barros
Leandro Gomes de Barros nasceu em 1860 na Paraíba e começou a viver da escrita por volta dos 30
anos, até então, trabalhou em diversas funções.
Leandro foi um homem crítico, denunciando abusos de poder, abordando temas como política,
religião, e acontecimentos importantes na época como a Guerra de Canudos e o cometa Halley.
Nesse poema As misérias da época, o autor exibe um descontentamento com a difícil condição humana
frente às injustiças dos poderosos. Ao mesmo tempo, relata a esperança de dias melhores, combinada
com uma certa frustração.
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O poeta cearense Bráulio Bessa, nascido em 1985, vem fazendo muito sucesso ultimamente. Usando
vídeos na internet, Bráulio conseguiu chegar a milhares de pessoas e difundir a arte da literatura e
declamação de cordéis e da chamada poesia matuta.
Nesse texto, ele discorre sobre a honra de ser nordestino e também sobre as dificuldades e
preconceito que esse povo sofre. O autor cita personalidades importantes nascidas nessa região do
Brasil, inclusive Patativa do Assaré, que é para ele uma referência.
O autor desse poema é Severino Milanês da Silva, pernambucano que nasceu em 1906. Ficou
conhecido como repentista, rimador e escritor popular.
Severino construiu uma obra em que mesclava referências históricas com um universo de criaturas
oníricas e fantasiosas.
Nesse poema (exibido apenas um trecho da obra), o autor apresenta um devaneio criativo em que os
animais assumem posições humanas.
Assim, cada espécie de bicho tinha uma função na sociedade, permitindo uma narrativa interessante
sobre a condição das pessoas no mundo do trabalho.
Residia na Turquia
Um viúvo capitalista
Pai de dois filhos solteiros
O mais velho João Batista
Então o filho mais novo
Se chamava Evangelista.
José Camelo de Melo Resende é considerado um dos grandes cordelistas brasileiros. Nascido em 1885
em Pernambuco, foi o autor de um dos maiores sucessos do cordel, o folheto O romance do pavão
misterioso.
A obra foi por muito tempo atribuída a João Melquíades, que se apossou da autoria. Depois descobriu-
se que, na realidade, era de José Camelo.
Essa obra, que mostramos as três primeiras estrofes, conta sobre a história de amor entre o jovem
chamado Evangelista e a condessa Creusa.
Em 1974, o cantor e compositor Ednardo lança a música Pavão misterioso, baseada nesse famoso
romance de cordel.
Raimundo Santa Helena pertence à chamada segunda geração de cordelistas nordestinos. O poeta
veio ao mundo em 1926, no estado da Paraíba.
A produção literária de Raimundo é muito voltada para os questionamentos sociais e denúncias das
mazelas do povo, sobretudo o nordestino.
Aqui, o autor questiona a democracia e defende o poder popular, citando como exemplo de rebeldia
Jesus Cristo. Raimundo se coloca ainda como dono de sua arte e avesso aos desmandos de patrões. O
poeta também convoca, de certa forma, outras pessoas a unirem-se a ele na luta contra as opressões.
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Firmino Teixeira do Amaral, nascido no Piauí em 1896, é o autor desse famoso cordel. Nessa história
(que exibimos apenas um trecho), Firmino coloca Cego Aderaldo (outro importante cordelista
nordestino) como personagem.
Na história, é narrada uma discussão entre Cego Aderaldo e Zé Pretinho. O fato é colocado em questão
por muitas pessoas, restando a dúvida se tal "peleja" aconteceu. Entretanto, é bastante provável que
tenha sido uma invenção do autor.
Esse texto foi musicado em 1964 por Nara Leão e João do Vale, gravado no disco Opinião.
Um cabra de Lampião
De nome Pilão Deitado
Que morreu numa trincheira
Num certo tempo passado
Agora pelo sertão Anda correndo visão
Fazendo mal-assombrado
Disse o vigia
Patrão A coisa vai piorar
E eu sei que ele se dana
Quando não puder entrar
Satanás disse isso é nada
Reúna aí a negrada
E leve o que precisar
Reclamava Lucifer
Crise maior não precisa
Os anos ruim de safra
E agora mais esta pisa
Se não houver bom inverno
Aqui dentro dos inferno
Ninguém compra uma camisa
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José Pacheco da Rocha foi um importante cordelista nordestino do início do século XX. Especula-se
que tenha nascido em Alagoas ou Pernambuco.
Um de seus cordéis de maior sucesso é A chegada de Lampião no Inferno, texto humorístico que
carrega bastante influência do teatro de mamulengo, outra expressão popular da região.
Nesse cordel, o autor inventa a chegada do famoso cangaceiro Lampião ao inferno. Com bom humor e
espirituosidade, ele trazia temas cotidianos, religiosos e personagens do sertão nordestino, como os
cangaceiros para sua obra.
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp)
e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
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