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CORDEL: CARACTERÍSTICAS E INTERPRETAÇÃO

Nesta sequência didática, vamos ler e saber mais sobre a literatura de cordel. Você já deve ter ouvido
ou lido os textos de cordel e sabe a importância deles para a nossa cultura. Vamos conhecer dois cordelistas
nordestinos, um do Ceará e outro de Pernambuco. Ao final da sequência você irá compartilhar os textos
lidos e estudados, durante as atividades, com alguém da sua família ou com algum amigo.

Atividade 1

Observe a imagem.

Venda de Literatura de Cordel no Rio de Janeiro, 2010.

A) De acordo, com a imagem acima, como os folhetos de cordel estão expostos para serem vendidos?

Leia o significado da palavra cordel, de acordo com o dicionário.

Cordel
Que é da literatura popular e impressa em folhetos baratos; que é próprio do gênero literário conhecido como
literatura de cordel.

Agora, leia as informações do verbete da enciclopédia.

Cordel – É uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais


precisamente do interior nordestino. Sua forma mais habitual de apresentação são os
“folhetos”, pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em
barbantes ou cordas, surgindo daí o seu nome.
O termo “Cordel” é de herança portuguesa. Essa manifestação artística foi
introduzida por eles no Brasil em fins do século XVIII.
Na Europa, ela começou a aparecer no século XII, em outros países (França,
Espanha e Itália) e se popularizou no período do Renascimento.

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Em sua origem, muitos poetas vendiam seus trabalhos nas feiras das cidades. Todavia, com o
passar do tempo e o advento do rádio e da televisão, sua popularidade foi decaindo.
A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente feito em versos. Ela se afasta da
Literatura tradicional à medida que incorpora uma linguagem e temas populares.
Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de divulgação, e em alguns casos, os próprios
autores são os divulgadores de seus poemas.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/literatura-de-cordel/

B) Por que o cordel recebeu esse nome?

C) Como são as capas dos folhetos de cordel? E os papéis?

Observe a figura a seguir e responda à questão.

D) Qual é o título mais adequado para a imagem acima?

( ) A feira de cordéis. ( ) O vendedor de histórias.


( ) A diversão na livraria. ( ) O comprador de pássaros.

Speto, como é conhecido o paulista Paulo Cesar Silva, é artista plástico, ilustrador e um dos principais
nomes do grafite no Brasil. Ele foi um dos precursores dessa manifestação artística no país e já apresentava,
desde criança, habilidade para desenhar, quando ilustrava shapes de skate, esporte que praticava nas ruas de
São Paulo. O interesse de Speto pelo grafite surgiu na década de 1980, quando, aos 14 anos, assistiu no
cinema ao filme "Beat Steet" e acabou comprando o seu primeiro spray para colorir os muros da cidade,
inspirado em um dos personagens do filme.

Grafite - Paulo Speto, Museu Afro Brasil


http://gravuracontemporanea.com.br/speto-arte-urbana/

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E) O grafite do artista Paulo Speto, exposto no Museu Afro Brasil foi inspirado em qual elemento da
cultura brasileira?

( ) Lenda ( ) Xilografia ( ) Carnaval ( ) Capoeira

Atividade 2

Leia o trecho abaixo para responder à questão logo em seguida.

“Das faces do ser


humano, Seu agir e seu
pensar
O cordel é sempre escrito
De forma peculiar
Com rima, métrica,
oração, Com canto ou
declamação Que faz rir ou
emocionar.”

DINIZ, Francisco. Literatura de cordel.


Extraído de www.projetocordel.com.br, acesso em 14//2017.

A) Quais as informações que o trecho lido apresenta sobre a literatura de cordel além das questões
levantadas anteriormente?
CEARÁ
PATATIVA DO ASSARÉ

Antônio Gonçalves da Silva (1909-2002) é considerado um


dos mais importantes representantes da cultura popular
nordestina.
Recebeu o pseudônimo de Patativa por ser sua poesia
comparável à beleza do canto dessa ave.
Por meio de seus escritos, denunciou os problemas sociais e
se orgulhava de ser chamado o “poeta da justiça social”.
Com linguagem simples, porém poética, destacou-se como
compositor, improvisador e poeta.
Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um
cordelista.
Patativa não deixou de ser agricultor e de morar na mesma região em que se criou, o Cariri,
onde fica a cidade de Assaré, no interior do Ceará.
Acesso em 15/10/20. Disponível em https://www.infoescola.com/biografias/patativa-do-assare/

A SECA E O INVERNO

Na seca inclemente no nosso Nordeste O


sol é mais quente e o céu, mais azul
E o povo se achando sem chão e sem veste Viaja
à procura das terras do Sul
Porém quando chove tudo é riso e festa O
campo e a floresta prometem fartura
Escutam-se as notas alegres e graves Dos
cantos das aves louvando a natura

Alegre esvoaça e gargalha o jacu


Apita a nambu e geme a juriti
E a brisa farfalha por entre os verdores
Beijando os primores do meu Cariri

De noite notamos as graças eternas Nas


lindas lanternas de mil vaga-lumes Na copa
da mata os ramos embalam
E as flores exalam suaves perfumes

Se o dia desponta vem nova alegria


A gente aprecia o mais lindo compasso Além
do balido das lindas ovelhas Enxames de
abelhas zumbindo no espaço

E o forte caboclo da sua palhoça


No rumo da roça de marcha apressada Vai
cheio de vida sorrindo e contente Lançar a
semente na terra molhada

Das mãos deste bravo caboclo roceiro Fiel


prazenteiro modesto e feliz
É que o ouro branco sai para o processo
Fazer o progresso do nosso país.

ASSARÉ, Patativa do. Cordel. São Paulo: Hedra, 2000.

A) Você já conhecia esse famoso poeta?

B) Qual é o tema desse poema? Do que se trata nesse texto?

C) Você gostou do cordel? O que no cordel prendeu a sua atenção?

D) Do que você mais gostou no poema? Justifique.

E) Por que o autor escreveu o texto dessa forma?


Atividade 3

J. BORGES

José Francisco Borges, nascido em 1935, em Bezerros,


Pernambuco, é um dos mestres do cordel e o xilogravurista brasileiro
mais reconhecido no mundo. Em 1964, começou a escrever folhetos de
cordel.
Como não tinha dinheiro para pagar um ilustrador, resolveu fazer ele
mesmo os desenhos e ilustrou os mais de 200 cordéis que lançou ao
longo da vida.
Os temas mais presentes em seu repertório são do universo cultural do povo
nordestino: o cotidiano do pobre, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios,
os milagres, os crimes e a corrupção. Em uma entrevista,
Borges disse: “Hoje escrevo muito humor, a vida anda um pouco sacrificada, né, o povo ouve tanta cena
de miséria por aí”.
Acesso em 15/10/2020. Disponível em http://www.artesanatodepernambuco.pe.gov.br.

O vendedor de ovos

Um homem vendia ovos O homem pulou da carga


numa feira da usina. logo a cangalha virou
Numa época de São João E as quatro caixas de ovos
uma senhora grã-fina de serra abaixo embalou
lhe encomendou ovos grandes a égua vidrou os olhos
que não tivesse ruína. e no momento endoidou.

Ele carregou a égua Correu da estrada afora


Com dois pares de caixão com o pescoço levantado
e os ovos da mulher o homem foi pegar ela
colocou no caldeirão caiu dentro dum valado
e amontou-se na égua a estrada virou lama
levando o mesmo na mão fedendo a ovo quebrado

Ao passar na linha férrea Voltou o pobre pra casa


o maquinista lhe avistou com a roupa toda molhada
montado no meio da carga as caixas fedendo a ovos
o maquinista apitou e a cangalha quebrada
e com o apito da máquina e a égua findou a vida
a égua se assustou. para sempre espantada.
José Francisco Borges
E na corda do apito
o maquinista pendurou-se
com o apito estridente
a égua mais espantou-se e o
caldeirão com os ovos
da mulher, logo quebrou-se.

Acesso em 15/10/2020. Disponível em http://www.artesanatodepernambuco.pe.gov.br.


A) Qual era o nome da técnica usada na criação das capas, como a do exemplo
ao lado?

B) Quantos versos têm cada estrofe?

C) Quantas estrofes têm esse cordel?

D) Em que tempo se encontram os verbos?

Agora releia a segunda estrofe do cordel:

“Ele carregou a égua Com


dois pares de caixão E os
ovos da mulher Colocou no
caldeirão
E amontou-se na égua Levando
o mesmo na mão.”

E) A palavra destacada se refere a que?

( ) ao caixão. ( ) ao caldeirão. ( ) a mão.

F) O texto “O vendedor de ovos” é um cordel. Esse texto ( )

narra em versos um acontecimento


( ) informa as características do povo nordestino (
) narra acontecimentos com linguagem formal

G) Marque, nas opções abaixo, as características do cordel.

( ) Tradição literária regional. ( ) Oposta à literatura tradicional.


( ) Gênero literário escrito em prosa. ( ) Temas populares e da cultura popular brasileira.

Atividade 4

O jabuti e o caipora

Uma fábula engraçada, Com Dava um jeito e o enganava,


cordel eu vou contar; Vai De raposa até gigante, Nada
falar de um jabuti dele escapava.
Que aprontava sem parar, E
os seres da floresta Certo dia, o jabuti Numa
Só queriam se vingar. árvore encostou, Pegou
sua flauta doce, Delicado
É porque o jabuti, ele tocou, Quando veio o
Ninguém mesmo perdoava, Se caipora
um homem aparecesse, Porque o som dela escutou.
Quando viu o jabuti, Começou a lhe falar:
- Vamos ver quem é mais forte, Para o fundo ela nadou, Deu
Com você quero apostar! um tranco no caipora Que
- Isso mesmo, caipora, pro mar logo voou.
Mas é claro, eu vou ganhar.
Assustado o caipora Disse: -
O caipora foi ao mato, Pare, por favor! Jabuti, eu já
Um cipó ele cortou, desisto, Você é o vencedor,
Segurou uma ponta e a outra Nunca mais quero saber De
Para o jabuti entregou, Disse: - apostar com o senhor.
Você vai pra água, Pra floresta
agora eu vou. E assim o caipora
Foi e nunca mais voltou;
Claro que o jabuti Depois disso, o jabuti
Conhecia a força alheia, O cipó já desatou,
Mas pensou: - Na esperteza, Retornou pra sua árvore, E
Ninguém mesmo me aperreia, Eu sua flauta dedilhou.
amarro o meu cipó
Bem no rabo da baleia. O Suas notas eram calmas E
caipora sem saber, O tão doce a melodia, Venceu
cipó forte puxou, a sabedoria, Viva o esperto
A baleia irritada jabuti, Adeus, até outro
dia.
Texto adaptado a partir de VENANTTE, Lenita. LIMA, Alexandre Ribeiro. Coleção Akpalô: Língua Portuguesa, 5º
ano. 4. ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2017. P. 111 – 112.

A) O que você pensou antes de ler o texto? Confirmou-se ou não?

B) No início da história, o narrador afirma que os seres da floresta queriam se vingar do jabuti.
Por que eles queriam isso?

C) Na primeira estrofe o poeta diz como contará a história. De que forma será?

D) O tema desse poema de cordel é

( ) um desafio entre um animal e um ser do folclore nacional. (


) uma história sobre o surgimento do jabuti.
( ) a história de um ser que protege a floresta e ataca um jabuti.

Os temas dos poemas de cordel são variados: narrativas de amor, de humor, de ficção entre outros. Há,
também, poemas de cordel que narram lendas, fábulas, a vida no sertão nordestino, entre muitos
assuntos.

O poema de cordel está estruturado em versos e estrofes. Pensando nisso, responda:


E) Quantas estrofes ele tem?
F) Quantos versos há em cada estrofe?
G) Em cada estrofe quais são as palavras que rimam?
H) Quais versos rimam entre si?

Atividade 5

Releia o cordel para alguém da família ou um amigo e peça a essa pessoa para acompanhá-lo fazendo as
anotações no quadro abaixo. Depois, observe os aspectos em que a sua leitura deve melhorar. Repita quantas
vezes for preciso.

Aspectos Si Nã Às vezes
m o
Leitura clara, com boa pronúncia?
Houve compreensão do cordel pelo
ouvinte?
Os gestos e as ênfases dadas a rimas ou
partes do texto ajudaram a entender?
O timbre de voz foi adequado?

Características do cordel

Em relação à linguagem e o conteúdo, a literatura de cordel tem como principais


características:
Linguagem coloquial (informal);
Uso de humor;
Temasdiversos:folclorebrasileiro,religiosos,profanos,políticos, episódios históricos e
realidade social;
Presença de rimas, métrica e oralidade.

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