Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
Exercícios de
Interpretação
de texto
A tecnologia é hoje crucial para uma educação de qualidade.
Para estudantes, ela congrega informações e interatividades que
facilitam o aprendizado. Para as escolas e professores, ela é um
ganho de ferramentas pedagógicas estratégicas que elevam a
qualidade do ensino, além de facilitar a gestão e a logística do
grande volume de informações, provas e papéis que circulam
diariamente nos colégios.
Questões fáceis............................................................. 4
GABARITO................................................................................................ 153
GABARITO................................................................................................ 331
GABARITO................................................................................................ 484
QUESTÕES FÁCEIS Questão 01 - (ESPM SP)
Segundo o texto:
TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2
Lei de Abuso de Autoridade não ameaça qualquer práti- c) O “espírito de corpo”, que é uma postura soli-
ca jurisdicional dária de um determinado grupo, é conflitante
com uma nova lei que trata de extrapolação de
poder.
Em corpos diferenciados do funcionalismo público d) Tomados por certo elitismo, funcionários de ins-
emerge, naturalmente, um corporativismo construí- tituição oficiais se manifestaram favoravelmente
do pelo elitismo do seu “espírito de corpo”. Trata-se, à lei que combate possíveis abusos de autorida-
de fato, de um anel protetor do bom e do mau uso de.
que seus membros podem fazer de suas prerrogati-
vas. Um exemplo disso é a que o País assiste agora, e) Usando o corporativismo como escudo, setores
perplexo: a reação à lei que combate os possíveis do funcionalismo público reagiram infensos à
abusos de autoridade nos Três Poderes da República. Lei de Abuso de Autoridade.
(...)
b) A gramática e a lógica analisavam apenas os ter- Segundo o autor, não seria um contrassenso:
mos sobejantes da oração.
6 - www.PROJETOREDACAO.com.br
O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no frag- d) “me esforçando para não ser notada” (Ref. 15).
mento, permite afirmar que
e) “sentia vergonha de levantar a mão” (Refs. 8‐9).
O trecho que melhor define a “incompreensão fun- c) diz respeito ao filósofo Quincas Borba, o que ex-
damental” (Ref.6) referida pela autora é: plica o título do livro.
Helena Morley, Minha Vida de Menina. TEXTO: 6 - Comuns às questões: 14, 15, 16, 17, 18
Texto I
Perguntas
perguntei ao fantasma
eu a ele, gasoso,
(...)
silente e melancólico,
rumo da eternidade,
a mistérios, somar‐lhes
8 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Texto II Marinalva não consegue emprego formal há qua-
tro anos. Ela está muito longe de atingir a renda míni-
ma familiar, estimada pelo Departamento Intersindi-
cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)
Sem merenda: quando férias escolares significam em R$ 4.214,62, para suprir sem carências as neces-
fome no Brasil sidades com alimentação, moradia, saúde, educação,
vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência
dos quatro integrantes da casa. O valor, calculado em
“Me corta o coração eles quererem um pão e eu julho, equivale a aproximadamente quatro vezes o
não ter. Já coloquei os meninos na escola pra isso salário mínimo atual, de R$ 998,00.
mesmo, por causa da merenda. Um pouquinho de
arroz sempre alguém me dá, mas nas férias com- Fonte: IDOETA, Paula Adamo; SANCHES, Mariana. In: BBC
plica”, afirma Alessandra, que, desempregada, cole- News Brasil. 15 jul. 2019. Disponível em: https://
ta latinhas na favela de Paraisópolis, em São Paulo, www.bbc.com/portuguese/brasil-48953335. Acesso
onde mora. [...] em: 09 agost. 2019. (texto adaptado).
Embora não haja estudos nacionais que indiquem b) O mundo produz comida suficiente para alimen-
o tamanho da insegurança alimentar durante o pe- tar toda a população, caso não houvesse 1/3 de
ríodo de férias escolares, uma série de indicadores desperdício desses alimentos.
comprova a evolução da pobreza no país e o modo
como ela incide sobre as crianças. c) O Brasil é um dos países do mundo que mais
desperdiça alimentos, por essa razão, uma em
De acordo com a Fundação Abrinq, que fez cálcu- cada oito pessoas passam fome no país.
los, a partir de dados do IBGE, 9 milhões de brasileiros
entre zero e 14 anos do Brasil vivem em situação de d) A produção alimentícia no mundo vem caindo,
extrema pobreza. O Sistema de Vigilância Alimentar principalmente, pelo processamento inadequa-
e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identi- do dos alimentos.
ficou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de
cinco anos com desnutrição grave no Brasil.
10 - www.PROJETOREDACAO.com.br
III. Nas escolas portuguesas se estuda a poesia de bém de alentar internas desordens no espírito.
Drummond.
Fonte: ROSA, João Guimarães. Tutaméia (Terceiras estó-
IV. A poesia de Drummond está sendo usada para rias).
alfabetizar nas escolas angolanas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 58. (frag-
mento).
V. As obras dos literatos brasileiros possuem uma
linguagem próxima a dos angolanos nas cidades.
Texto II
Texto II
– Vamos botar uma espera? Sinto que hoje vamos como sendo de seu pai
pegar alguém!
e muitas pequenas coisas acontecidas no planeta O branco açúcar que adoçará meu café
estarão esquecidas para sempre Nesta manhã de Ipanema
No regaço do vale.
a) Retrata, por meio de um narrador em terceira Em lugares distantes, onde não há hospital
pessoa, a memória de um homem cosmopolita Nem escola,
de meia idade.
Homens que não sabem ler e morrem de fome
b) Traz como temáticas centrais as paixões da ju-
ventude e a solidão que compõe o eu-lírico na Aos 27 anos
idade adulta.
Plantaram e colheram a cana
c) Apresenta as impressões do eu-lírico sobre o
corpo-vida que o constitui. Que viraria açúcar.
E dura
<https://tinyurl.com/y4ur7lhb>
Acesso em: 18.10.2019. Original colorido.
* Texto da imagem: “Em 1888, a princesa Isabel as- <https://tinyurl.com/y4xtwcwo> Acesso em:
sinou a Lei Aurea, mas nem todo mundo conseguiu 19.10.2019.
ler.”
1
Tenho interesse pessoal no tempo. Primeiro, meu
Este número especial da Revista Katálysis, dedica- best-seller chama-se Uma breve história do 2tempo.
do às novas configurações do trabalho na sociedade Segundo, por ser alguém que, aos 21 anos, foi infor-
capitalista, é uma contribuição efetiva para a linha- mado pelos médicos de que teria apenas 3mais cinco
gem crítica, atualizada e original, tanto pelos temas anos de vida e que completou 76 anos em 2018. Te-
selecionados, quanto pela qualidade e competência nho uma aguda e desconfortável 4consciência da pas-
dos colaboradores presentes, ajudando a descortinar sagem do tempo. Durante a maior parte da minha
www.PROJETOREDACAO.com.br - 15
vida, convivi com a sensação 5de que estava fazendo na única. Foi a curiosidade obstinada que levou os
hora extra. exploradores a provar que a Terra não era 36plana, e
é esse mesmo impulso que nos leva a viajar para as
6
Parece que nosso mundo enfrenta uma instabilidade estrelas na velocidade do pensamento, 37instigando-
política maior do que em qualquer outro 7momento. -nos a realmente chegar lá. E sempre que realizamos
Uma grande quantidade de pessoas sente ter ficado um grande salto, como nos pousos 38lunares, exalta-
para trás. Como resultado, temos 8nos voltado para mos a humanidade, unimos povos e nações, introdu-
políticos populistas, com experiência de governo li- zimos novas descobertas e novas 39tecnologias. Dei-
mitada e cuja capacidade para 9tomar decisões pon- xar a Terra exige uma abordagem global combinada
deradas em uma crise ainda está para ser testada. A – todos devem participar.
Terra sofre ameaças em 10tantas frentes que é difícil
permanecer otimista. Os perigos são grandes e nu- STEPHEN HAWKING (1942-2018)
merosos demais. O 11planeta está ficando pequeno Adaptado de Breves respostas para grandes ques-
para nós. Nossos recursos físicos estão se esgotando tões. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.
a uma velocidade 12alarmante. A mudança climática
foi uma trágica dádiva humana ao planeta. Tempe-
raturas cada vez 13mais elevadas, redução da calota
polar, desmatamento, superpopulação, doenças, Questão 27 - (UERJ)
guerras, fome, 14escassez de água e extermínio de es-
Como resultado, temos nos voltado para políticos
pécies; todos esses problemas poderiam ser resolvi-
populistas, com experiência de governo limitada e
dos, mas 15até hoje não foram. O aquecimento global
cuja capacidade para tomar decisões ponderadas em
está sendo causado por todos nós. Queremos andar
uma crise ainda está para ser testada. (ref. 7-9)
de 16carro, viajar e desfrutar um padrão de vida me-
lhor. Mas quando as pessoas se derem conta do que No trecho acima, Stephen Hawking faz uma afirma-
17
está acontecendo, pode ser tarde demais. ção cujo conteúdo se desdobra nas cinco frases sub-
sequentes.
18
Estamos no limiar de um período de mudança cli-
mática sem precedentes. No entanto, muitos políti-
cos 19negam a mudança climática provocada pelo ho-
mem, ou a capacidade do homem de revertê-la. 20O Essas cinco frases cumprem o propósito de:
derretimento das calotas polares ártica e antártica
reduz a fração de energia solar refletida de volta 21no
espaço e aumenta ainda mais a temperatura. A mu-
dança climática pode destruir a Amazônia e 22outras a) justificar a estrutura econômica
florestas tropicais, eliminando uma das principais fer- b) relativizar as alterações ambientais
ramentas para a remoção do dióxido 23de carbono da
atmosfera. A elevação da temperatura dos oceanos c) caracterizar a conjuntura internacional
pode provocar a liberação de 24grandes quantidades
de dióxido de carbono. Ambos os fenômenos aumen- d) exemplificar as ações institucionais
tariam o efeito estufa e 25exacerbariam o aquecimen-
to global, tornando o clima em nosso planeta pareci-
do com o de Vênus: 26atmosfera escaldante e chuva
ácida a uma temperatura de 250 ºC. A vida humana Questão 28 - (UERJ)
seria impossível. 27Precisamos ir além do Protocolo
Ao enfatizar a atitude de curiosidade no último pa-
de Kyoto – o acordo internacional adotado em 1997
rágrafo, pode-se inferir a seguinte proposta do autor
– e cortar 28imediatamente as emissões de carbono.
para o problema que debate:
Temos a tecnologia. Só precisamos de vontade polí-
tica.
29
Quando enfrentamos crises parecidas no passado, a) estímulo a ações inovadoras
havia algum outro lugar para colonizar. Estamos 30fi-
cando sem espaço, e o único lugar para ir são outros b) cautela com práticas antigas
mundos. Tenho esperança e fé de que nossa 31enge-
nhosa raça encontrará uma maneira de escapar dos c) confiança em soluções padronizadas
sombrios grilhões do planeta e, deste 32modo, sobre-
viver ao desastre. A mesma providência talvez não d) questionamento de decisões precipitadas
seja possível para os milhões de 33outras espécies
que vivem na Terra, e isso pesará em nossa consciên-
cia. TEXTO: 9 - Comum à questão: 29
Mas somos, por natureza, exploradores. Somos
34
Diverti-me imensamente com a história dos imbe-
motivados pela curiosidade, essa qualidade 35huma-
16 - www.PROJETOREDACAO.com.br
cis da web. Para quem não acompanhou, foi publica-
do em alguns jornais e também on-line que no curso
de uma chamada lectio magistralis em Turim eu teria TEXTO: 10 - Comuns às questões: 30, 31
dito que a web está cheia de imbecis. É falso. A lectio
era sobre um tema completamente diferente, mas O jogo do salário mínimo
isso mostra como as notícias circulam e se deformam
entre os jornais e a web. A história dos imbecis surgiu
numa conferência de imprensa durante a qual, res- 1
[...] Em menos de trinta minutos, dois times cen-
pondendo a uma pergunta que não me lembro mais, tenários do futebol carioca, Bonsucesso e Olaria, vão
fiz uma observação de puro bom senso. Admitindo se enfrentar num 2jogo-treino, na preparação para a
que em 7 bilhões de habitantes exista uma taxa ine- disputa da segunda divisão do campeonato do Rio.
vitável de imbecis, muitíssimos deles costumavam
comunicar seus delírios aos íntimos ou aos amigos 3
Na arena vazia, os jogadores vivem a desigual-
do bar – e assim suas opiniões permaneciam limita- dade salarial do futebol brasileiro. Na esperança de
das a um círculo restrito. Hoje uma parte consistente chegar a um clube grande, 4os 22 atletas em campo
dessas pessoas tem a possibilidade de expressar as correm no estádio em troca de um salário mínimo
próprias opiniões nas redes sociais e, portanto, tais (998 reais) na carteira assinada – isso quando não há
opiniões alcançam audiências altíssimas e se mistu- 5
atraso no pagamento. Juntos, ganham cerca de 22
ram com tantas outras ideias expressas por pessoas mil reais – menos de 2% do salário mensal de uma
razoáveis. estrela como o atacante 6Gabriel Barbosa, o Gabi-
gol, do Flamengo. Longe do glamour dos estádios
[...] padrão Fifa, os 22 em campo no chamado Clássico
da 7Leopoldina, em referência à antiga linha de trem,
É justo que a rede permita que mesmo quem
são um retrato do precário mercado de trabalho da
não diz coisas sensatas se expresse, mas o excesso
bola no Brasil.
de besteira congestiona as linhas. E algumas reações
descompensadas que vi na internet confirmam mi- 8
Levantamento do antigo Ministério do Trabalho
nha razoabilíssima tese. Alguém chegou a dizer que, revela que a maioria (54%) dos jogadores de fute-
para mim, as opiniões de um tolo e aquelas de um bol do país empregados em 92017 recebia até três
ganhador do prêmio Nobel têm a mesma evidência e salários mínimos (2.811 reais). Os dados constam da
não demorou para que se difundisse viralmente uma RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2017.
inútil discussão sobre o fato de eu ter ou não recebi- 10
[...]
do um prêmio Nobel – sem que ninguém consultasse
sequer a Wikipédia. 11
A estatística do antigo Ministério do Trabalho é o
único levantamento que tenta mapear os salários no
(Umberto Eco – Os imbecis e a imprensa responsável, futebol brasileiro. A CBF 12fazia uma pesquisa pareci-
2017.) da, mas deixou de publicar por causa das distorções
criadas pelos contratos de direito de imagem. 13Se-
gundo a última edição do trabalho da entidade que
Questão 29 - (UFPR) comanda o futebol nacional, mais de 80% dos joga-
dores de futebol ganhavam 14até 1 mil reais por mês
A questão central apontada pelo autor no texto pode em 2016. Sem citar nomes, a CBF informou que ape-
ser corretamente sintetizada no fato de que: nas um jogador recebia mais de 500 mil reais, mas o
15
número estava longe da realidade, e o mesmo se
pode dizer dos dados da RAIS. O salário em carteira
é só uma parte do que os 16atletas recebem, pois o
a) ele tenha se divertido com os comentários a res- principal vem dos direitos de imagem e patrocínios.
peito da presença dos imbecis na web.
17
Mas essa é uma realidade dos clubes grandes.
b) na web, as opiniões atingem audiências altíssi- Em clubes como Bonsucesso e Olaria, não há direitos
mas por expressarem ideias absurdas. de imagem, já que não 18há imagem a ser vendida.
Os patrocinadores estão mais para pequenos comer-
c) a opinião de um ganhador do prêmio Nobel e a ciantes locais do que para grandes financiadores do
de um imbecil têm o mesmo peso na web. 19
futebol.
d) as notícias sofrem distorções durante o proces- (Sérgio Rangel. Disponível em:
so de circulação entre as diferentes mídias. https://piaui.folha.uol.com.br/o-jogo-do-salario-mi-
e) os navegadores da web não conferiram a infor- nimo/. 31/05/2019.)
mação sobre ele ter recebido ou não um prêmio
Nobel.
Questão 30 - (UFPR)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 17
Com base no texto de Rangel, considere as seguintes ( ) O desequilíbrio entre o que um jogador-estrela
afirmativas: recebe no Brasil em relação ao contingente dos
demais jogadores fundamenta-se na variável di-
reitos de imagem.
1. Em “Os patrocinadores estão mais para peque-
nos comerciantes locais do que para grandes fi-
nanciadores do futebol”, temos uma relação de Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
contraposição. reta, de cima para baixo.
Questão 31 - (UFPR)
Com base no texto, identifique como verdadeiras (V)
ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
18 - www.PROJETOREDACAO.com.br
se dirige diretamente à barata para dizer que zado para produzir uma nova terapia com anticorpos
não gosta de filosofia. que têm o potencial de combater todos os tipos de
gripe.
( ) A informação visual dos quadrinhos em que Ní-
quel Náusea está presente sinaliza sua irritação A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora
com a barata. de mudar de forma. Constantemente, modifica sua
aparência para despistar nosso sistema imunológico.
( ) Nos dois primeiros quadrinhos, a fala da barata Isso explica porque as vacinas nem sempre são efeti-
é uma adaptação de dois provérbios à sua pró- vas e, a cada inverno, é necessário receber uma nova
pria realidade. injeção para prevenir a doença.
( ) A barata utiliza provérbios em sua fala com a in- Por isso, a ciência está à procura de uma forma de
tenção de dar lições de moral para Níquel Náu- acabar com todos os tipos de gripe, não importando
sea. de qual cepa provenha ou o quanto possa sofrer mu-
tações. É aí que entra a lhama.
Questão 34 - (UFPR)
Cientistas americanos recrutaram uma curiosa
aliada para desenvolver tratamentos contra a gripe: a Ao comparar a vacina contra diferentes cepas do ví-
lhama. O sangue desse animal sul-americano foi utili- rus da gripe ao Santo Graal, o professor Jonathan Ball
www.PROJETOREDACAO.com.br - 19
quis dizer que: permite a eles expressar uma gama mais ampla 17 de
emoções”.
20 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 35 - (UERJ) d) caminham até a taverna mais próxima. (Refs.
5-6)
A matéria saiu no New York Times, foi publicada na
Folha de São Paulo; deveria ser bibliografia obrigató-
ria do ensino fundamental à pós-graduação, deveria
ser colada aos postes, lançada de aviões, viralizada Questão 37 - (UERJ)
nas redes sociais, impressa em santinhos, (Refs. 1-3)
Com base no trecho acima, é possível reconhecer É comum, no pensamento contemporâneo, o enten-
que, para o autor, o conteúdo da notícia comentada dimento de que os conceitos de Bem e de Mal não
se caracteriza por: são fixos, mas sim relativos a épocas e lugares.
c) radicalizar traição
TEXTO: 14 - Comuns às questões: 36, 37
d) revelar ambições
CONSIDERE O LIVRO HORA DE ALIMENTAR SERPEN-
TES, DE MARINA COLASANTI.
Questão 38 - (UNIRG TO)
1
Amanhece o dia entre neblinas, quando o Bem e o
Mal se encontram para mais um duelo. 2 Escolhem a) a críticas de questões sociológicas conservadoras.
as armas nos estojos, aproximam-se para o encontro b) ao uso acadêmico e científico dos meios digitais.
ritual, encaram-se. Os padrinhos 3 que aguardam ao
lado do campo, escuros como as gralhas que saltitam c) a reflexões moralistas sobre tópicos comporta-
entre restolhos, são instados 4 a partir. Que não haja mentais.
testemunhas.
d) ao desenvolvimento otimizado das novas gera-
ções.
5
Afastados estes, Bem e Mal guardam as armas, se
envolvem em suas capas e caminham até a taverna 6
mais próxima. Ali, frente a canecos cheios, discutirão Questão 39 - (UNIRG TO)
estratégias e trocarão conselhos durante dias 7 ou sé-
culos, até o próximo duelo. Deusimar Pires, no livro Tribo cara baixa, trata em
uma de suas crônicas, entre outros temas, da felici-
dade, que segundo ele,
Questão 36 - (UERJ)
O título “Cena antiga” alude à repetição de um ritual, a) é demonstrada pela condição de acúmulo de ex-
evidenciada pelo seguinte trecho: periências variadas.
TEXTO 1
Fabiano
[...]
– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Cartaz do XIII Festival de Artes de Goiás.
Diretoria de Comunicação Social do Instituto Federal
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, de Goiás, 2015.
com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E,
pensando bem, ele não era homem: era apenas um
cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Ver-
TEXTO 3
melho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os
cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cui-
dava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na
presença dos brancos e julgava-se cabra.
22 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 41 - (IFGO) O que o mapa fez com o espaço — traduzir um
35
36
fenômeno natural em uma conceitualização artifi-
No fragmento de Vidas Secas, Texto 1, de Graciliano cial 37 e intelectual daquele fenômeno — o relógio
Ramos, Fabiano é apresentado, respectivamente, mecânico, 38 outra tecnologia, fez com o tempo. Du-
como homem, cabra, bicho e planta. Do ponto de rante a 39 maior parte da história humana, as pessoas
vista do personagem, essa gradação de atributos põe experimentaram 40 o tempo como um fluxo contínuo,
em evidência cíclico. 41 Por conseguinte, sua “marcação” era rea-
lizada por 42 instrumentos que enfatizavam seu pro-
cesso natural: 43 relógios de sol nos quais as sombras
a) o seu processo de autoconhecimento. giravam, ampulhetas 44 nas quais a areia caía, clepsi-
dras nas quais a 45 água escorria. Não havia uma ne-
b) a sua condição de imutabilidade. cessidade particular 46 de medir o tempo com preci-
são ou dividir um dia em 47 seus pequenos pedaços.
c) a sua inconformidade com a realidade. Para a maioria das pessoas, 48 as estrelas forneciam
os únicos relógios de que 49 precisavam.
d) a sua transformação em algo inanimado.
A necessidade de um maior rigor da programa-
50
5
distância, sobre o outro.
60
a nós mesmos. E, como o mapa, mudou o modo 61
como pensamos. O mapa e o relógio partilham uma
5
Nossas tecnologias podem ser classificadas 7 62
ética semelhante uma vez que ambos colocaram 63
conforme o modo como suplementam ou amplificam uma nova ênfase na mensuração e na abstração, 64
8
nossas capacidades naturais. Um primeiro conjun- na percepção e na definição de formas e processos 65
to, 9 que inclui o arado, a agulha de costura e o caça a além daqueles aparentes aos sentidos.
10
jato, estende a força física, a destreza ou a resiliên-
cia 11 das pessoas. Um segundo conjunto, que inclui As recentes descobertas da neuroplasticidade
66
www.PROJETOREDACAO.com.br - 23
a) “Um terceiro grupo, abarcando tecnologias tais TEXTO: 17 - Comum à questão: 44
como o reservatório, a pílula anticoncepcional e
o milho geneticamente modificado, permite-nos De onde vem o termo “shippar”?
remodelar a natureza para servir melhor a nos-
sas necessidades ou desejos” (Refs. 13-17)
c) “Elas [as recentes descobertas da neuroplastici- Mas foi com Arquivo X que o verbo “shippar” (“to
dade] nos dizem que as ferramentas que o ho- ship”) propriamente dito surgiu nos EUA, quando
mem usou para apoiar ou estender seu sistema espectadores torciam para que Fox Mulder e Dana
nervoso modelaram a estrutura física e o funcio- Scully ficassem juntos.
namento do cérebro humano” (Refs. 68-72) No Brasil, o termo bombou durante os anos 2000,
d) “A máquina de escrever é uma tecnologia inte- graças aos usuários do Twitter.
lectual e, do mesmo modo, a régua de cálculo, o Com o passar do tempo, classificações de “shi-
globo, o livro e o jornal, a escola e a biblioteca, o ppar” foram criadas: há o “slash ship” (um casal gay
computador e a internet” (Refs. 25-28) masculino, caso de “K/S”), o “femslash” (um casal fe-
e) “A necessidade de um maior rigor da programa- minino), o “canon ship” (o casal óbvio da série) e o
ção e da sincronização no trabalho, no transpor- “cult ship”(um casal que nunca se formou). É comum
te e no lazer forneceu o impulso para um rápido que, ao “shippar” dois personagens, os fãs criem uma
progresso da tecnologia do relógio” (Refs. 50- junção dos nomes: Elena e Damon, de The Vampire
53) Diaries, por exemplo, viraram Delena.
24 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 45 - (UNIVAG MT) ça, para que as ações — legítimas e urgentes — do
Ministério Público não ponham sob o mesmo rótulo
Leia a tira. movimentos pautados por objetivos e métodos an-
tagônicos.
E esta, de fato, é uma grande vantagem da “melhor a) O paciente confunde o médico e sua especializa-
idade”: você extrai prazer de qualquer lugar a que ção.
ainda consiga ir.
b) O paciente domina o assunto melhor do que o
(CASTRO, Ruy. Morrer de prazer – crônicas da vida médico.
por um fio.
Rio de Janeiro: Foz, 2013, p.39.) c) O médico faz outra leitura da expressão “intesti-
no preso”.
26 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 19 - Comum à questão: 49 Questão 50 - (FCM MG)
DISTÂNCIA TEM CURA Leia a tirinha de Adão Iturrusgarai.
Com base no trecho e no enredo do romance, é COR- a) a indefinição dos papéis familiares atualmente.
RETO afirmar que:
b) as novas tecnologias de comunicação dificultam
o convívio social.
a) A incidência do vocabulário científico é compatí- c) por mais que cresçam, os filhos são sempre
vel com o ponto de vista do narrador, que é um crianças para os pais.
profissional da saúde.
d) o livro impresso perdeu a importância na era di-
b) O contundente discurso feito pelo protagonista gital.
Valdomiro expressa a ingratidão de quem foi sal-
vo pelos médicos. e) pais e filhos não têm mais uma relação de afeto
na sociedade atual.
c) As metáforas presentes são adequadas à idios-
sincrasia do personagem narrador, que é um ar-
tista.
TEXTO: 21 - Comum à questão: 53
d) A perspectiva da narração pertence ao persona-
gem, cujas iniciais formam a palavra MAL.
28 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Acesso em: 30 ago. 2019. (Fragmento)
c) número pequeno de áreas adequadas à capta- Viram como o Comandante se preocupou tanto
ção de energia solar. com os cem escudos desse traidor de Cabinda? Não
d) potencial regular de captação de energia solar perguntam por quê, não se admiram? Pois eu vou ex-
ao longo do território. plicar-vos.
De um poeta camponês”
a) revela a atitude desonesta do Comandante Sem
ASSARÉ, Patativa. Aos poetas clássicos. Disponível Medo, que protege injustamente a personagem
em: Lutamos, autor do roubo dos cem escudos.
<http://www.fisica.ufpb.br/~romero/port/ga_
pa.htm>. b) dissemina boatos a respeito de Sem Medo a fim
www.PROJETOREDACAO.com.br - 29
de assumir o comando do grupo e pôr fim ao — No Facebook, nosso papel é garantir o padrão
tribalismo que prejudica as operações dos guer- do campo de jogo, não ser um participante da políti-
rilheiros. ca. Para usar o tênis como analogia, nosso trabalho é
garantir que a quadra esteja pronta, com a superfície
c) considera injusta a condenação de Ingratidão plana, as linhas pintadas e a rede na altura correta.
pelo roubo dos cem escudos, acusando o Co- Mas nós não pegamos a raquete para jogar. Como os
mandante de agir segundo os interesses de sua jogadores jogam depende deles, não de nós — afir-
tribo de origem. mou o executivo.
d) critica, por meio da ironia, o comportamento — É por isso que quero ser bem claro hoje: nós
dos colegas guerrilheiros que, defensores do tri- não encaminhamos discursos de políticos para nos-
balismo, recusam-se a obedecer aos comandos sos checadores de fatos independentes, e nós geral-
de Sem Medo. mente permitimos que eles fiquem na plataforma,
mesmo quando violam nossas regras de conteúdo.
30 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 23 - Comuns às questões: 57, 58, 59 Questão 57 - (PUCCamp SP)
Literatura e realidade No trecho, o autor
Hoje está na moda dizer que uma obra literária é a) estabelece paralelo entre certos processos de
constituída mais a partir de outras obras, que a pre- criação literária para evidenciar o equívoco de
cederam, do que em função de estímulos diretos da acatar-se como plausível aquilo que, segundo
realidade, pessoal, social ou física. Deve haver boa sua compreensão, hoje está na moda dizer so-
dose de verdade nisso. Todas as vezes, dizia Proust1, bre uma obra literária.
que um grande artista nasce, é como se o mundo fos-
se criado de novo, porque nós começamos a enxergá- b) faz referência a determinada tendência literária
-lo conforme ele o mostra. como exemplo da superioridade de um momen-
to artístico sobre outro, que o antecedeu, levan-
Para o Naturalismo, a obra era essencialmen- do em conta o modo como os autores concebem
te uma transposição direta da realidade, como se a criação.
o escritor conseguisse ficar diante dela na situação
de puro sujeito em face do objeto puro, registrando c) mostra-se contrário ao entendimento de que
(teoricamente sem interferência de outro texto) as haja obras totalmente originais na contempora-
noções e impressões que iriam constituir seu próprio neidade, tal como existiam no momento literá-
texto. Essa estética repousa na utopia da originali- rio em que o escritor registrava fidedignamente
dade absoluta pela experiência imediata, que levava a realidade em que estava inserido.
o escritor a desconfiar da influência mediadora de
obras alheias. d) trata um específico ponto de vista acerca da
composição artística como um dos componen-
Mas nós sabemos que, embora filha do mundo, a tes de sua reflexão sobre a relação entre a obra
obra é um mundo, e que convém antes de tudo pes- de arte e o mundo, na qual apresenta possibili-
quisar nela mesma as razões que a sustêm como tal. dades de enfrentamento do tema e seus respec-
A sua razão específica é a disposição dos núcleos de tivos suportes.
significado, formando uma combinação singular, se-
gundo a qual a realidade do mundo foi reordenada, e) lança a hipótese de que uma mesma obra lite-
transformada, desfigurada ou até posta de lado, para rária pode ser interpretada de modos até an-
dar nascimento ao outro mundo que a obra constitui. tagônicos, sem que isso constitua falta de juízo
crítico, entendimento este que isenta Antonio
Ver criticamente a obra é escolher um dos mo- Candido de expressar sua visão pessoal sobre a
mentos do processo como plataforma de observação. maneira de defrontar-se com a criação artística.
Num extremo, é possível encará-la como uma dupli-
cação da realidade, de maneira que o trabalho imita-
tivo fique reduzido a um registro sem grandeza, pois
Questão 58 - (PUCCamp SP)
se era para fazer igual, por que não deixar a realida-
de em paz? Já no outro extremo é possível ver a obra Hoje está na moda dizer que uma obra literária é
como um objeto manufaturado com arbítrio sobera- constituída mais a partir de outras obras, que a pre-
no, que alcança significação na medida em que nada cederam, do que em função de estímulos diretos da
tem a ver com a realidade. Mas seria melhor a visão realidade, pessoal, social ou física. Deve haver boa
que pudesse rastrear na obra o mundo como mate- dose de verdade nisso. Todas as vezes, dizia Proust,
rial de origem, para surpreender no processo vivo da que um grande artista nasce, é como se o mundo fos-
montagem a singularidade da forma segundo a qual se criado de novo, porque nós começamos a enxergá-
se dá a ver um mundo novo. -lo conforme ele o mostra.
Obs.:1 Marcel Proust (1871-1922): romancista, en-
saísta e crítico literário francês, autor de Em Busca
do Tempo Perdido, publicada em sete volumes. Comenta-se com propriedade, considerado o pará-
grafo 1, acima transcrito, que o autor
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. O discurso e a
cidade.
Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2013, p. 107-108)
a) cita o que diz Proust valendo-se do discurso di-
reto, que, na ausência de palavra que anuncie a
fala, vem sinalizado somente por meio de recur-
sos gráficos.
32 - www.PROJETOREDACAO.com.br
7. De toda forma, segue aqui uma dica: pare e pense bruta. E arriscada. Eram meios desesperados para si-
nos sentimentos que você tem em comum com as tuações desesperadas.
outras pessoas. A começar por este: elas, assim como
você, estão se sentindo meio isoladas. Todo mundo
anda meio solitário – e, exatamente por isso, você
não está sozinho. A história da vacina começa com a varíola, uma
doença viral (hoje, erradicada), cujas epidemias ater-
(Revista Super Interessante, n. 407. Set. 2019. Adap- rorizaram gerações. As primeiras tentativas de pro-
tado). vocar, de propósito, versões mais brandas da doença,
para proteger indivíduos saudáveis, teriam ocorrido
ainda no século X, na Índia e na China. Já os métodos
que eles utilizavam... Bem, eram engenhosos, por um
Questão 60 - (FPS PE) lado, e bizarros, por outro.
A argumentação elaborada no texto tem como base
e como suporte, respectivamente:
[...]
e) 1, 2, 3, 4 e 5.
Porém, nenhuma vigilância conseguiu segurar a
popularidade da escrita, de modo que, hoje, a sua
absoluta democratização é exigência fundamental Questão 63 - (FPS PE)
da sobrevivência dos valores – e da produção de ri-
quezas – da civilização. Apesar de tudo, continuamos No fragmento do texto: “a escrita continuava restrita
“vigiados”. O nosso criativo inventor que esculpiu a uma pequena faixa da população”, fica evidente a
a primeira letra na pedra, hoje, teria de ir à escola, demonstração:
34 - www.PROJETOREDACAO.com.br
a) de elevação da cultura da época. gar três vezes por semana e podem ficar 24
até três
horas jogando sem parar.
b) de valorização da oralidade.
(Texto extraído de https://revistagalileu.globo.com/
c) de um preconceito linguístico. Sociedade/noticia/2019/07/adultos-jogammais-
videogame-do-que-adolescentes-no-brasil.html,
d) de convencionalismos científicos. Acesso: 10/09/2019)
e) da homogeneidade da população.
Questão 64 - (IFSC)
TEXTO: 27 - Comuns às questões: 64, 65 Leia as seguintes afirmações com relação ao texto:
Adultos jogam mais videogame do que adolescen-
tes no Brasil
I. Textos informativos como esse buscam a neutra-
lidade dos dados apresentados em suas maté-
E as mulheres são maioria: 53% do público fã de rias através do uso de uma linguagem mais pes-
jogos eletrônicos é do sexo feminino, segundo levan- soal e rebuscada.
tamento nacional II. O título apresentado resume a informação mais
relevante do texto.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 37
autoridades daquele país que ele iria para um nas, – estando Crispim Soares ocupado 7 em tempe-
abrigo. rar um medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista
o mandava chamar.
c) Porque o relatório do comitê de triagem relata
que o menino voltou às ruas, na Venezuela. 8
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele
me disse, acrescentou o portador.
d) Porque ele foi encaminhado a uma casa de aco-
lhimento de crianças e adolescentes na cidade 9
Crispim empalideceu. Que negócio importan-
de Santa Elena, em Roraima. te podia ser, se não alguma notícia da 10 comitiva, e
especialmente da mulher? Porque este tópico deve
e) Porque ele está entre as 1.896 crianças e ado- ficar claramente definido, visto 11 insistirem nele os
lescentes que entraram no Brasil, por diversas cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta
vezes, para fugir da polícia daquele país. anos, nunca estiveram 12 separados um só dia. Assim
se explicam os monólogos que fazia agora, e que os
fâmulos lhe 13 ouviam muita vez: – “Anda, bem feito,
quem te mandou consentir na viagem de Cesária? 14
TEXTO: 30 - Comuns às questões: 69, 70, 71, 72, 73
Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr Ba-
A primeira publicação do conto O Alienista, de camarte. Pois agora aguenta-te; anda; 15 aguenta-te,
Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revis- alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes amém
ta carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. a tudo, não é? Aí tens o 16 lucro, biltre!”. – E muitos
Nessa mesma época, uma grande reforma educacio- outros nomes feios, que um homem não deve dizer
nal efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a ca- aos outros, 17 quanto mais a si mesmo. Daqui a imagi-
deira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma nar o efeito do recado é um nada. Tão depressa ele o
psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe
18
recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa
sua crítica ácida, reveladora da escassez de conhe- Verde.
cimento científico e da abundância de vaidades, 19
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria pró-
concomitantemente. A obra deixa ver as relações
pria de um sábio, uma alegria abotoada 20 de circuns-
promíscuas entre o poder médico que se pretendia
peção até o pescoço.
baluarte da ciência e o poder político tal como era
exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas 21
— Estou muito contente, disse ele.
alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O con-
to se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo 22
— Notícias do nosso povo?, perguntou o boticá-
dos quais o alienista vai fazendo suas experimenta- rio com a voz trêmula.
ções cientificistas até que ele mesmo conclua pela
necessidade de seu isolamento, visto que reconhece 23
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
em si mesmo a única pessoa cujas faculdades men-
tais encontram-se equilibradas, sendo ele, portanto,
24
— Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma
aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, experiência científica. Digo experiência, 25 porque
alienar-se. não me atrevo a assegurar desde já a minha ideia;
nem a ciência é outra coisa, Sr. 26 Soares, senão uma
investigação constante. Trata-se, pois, de uma expe-
riência, mas uma 27 experiência que vai mudar a face
Texto 1 da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até
agora 28 uma ilha perdida no oceano da razão; come-
ço a suspeitar que é um continente.
Capítulo IV 29
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do
boticário. Depois explicou 30 compridamente a sua
UMA TEORIA NOVA
ideia. No conceito dele a insânia abrangia uma vas-
ta superfície de 31 cérebros; e desenvolveu isto com
grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos.
1
Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha Os 32 exemplos achou-os na história e em Itaguaí
buscando o Rio de Janeiro, Simão 2 Bacamarte estu- mas, como um raro espírito que era, reconheceu o 33
dava por todos os lados uma certa ideia arrojada e perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-
nova, própria a alargar as 3 bases da psicologia. Todo -se na história. Assim, apontou com 34 especialidade
o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio fa-
era pouco 4 para andar na rua, ou de casa em casa, miliar, Pascal, que via um 35 abismo à esquerda, Mao-
conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e 5 mé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada
virgulando as falas de um olhar que metia medo aos de casos e 36 pessoas, em que de mistura vinham en-
mais heroicos. tidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o 37
boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o
6
Um dia de manhã, – eram passadas três sema-
38 - www.PROJETOREDACAO.com.br
alienista disse-lhe que era tudo a mesma 38
coisa, e loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as
até acrescentou sentenciosamente: faculdades; fora daí insânia, 70 insânia e só insânia.
39
— A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério. O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova
71
tia, principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu tempos, acrescentou, a loucura e a razão 75 estão per-
confessar outra coisa além de um 43 nobre entusias- feitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e
mo; declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou onde a outra começa. Para que 76 transpor a cerca?
que era “caso de matraca”. 44 Esta expressão não tem
equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Ita- Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou
77
guaí, que como as 45 demais vilas, arraiais e povoa- a vaga sombra de uma intenção de riso, 78 em que o
ções da colônia, não dispunha de imprensa, tinha desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma
dois modos de 46 divulgar uma notícia: ou por meio palavra saiu de suas egrégias 79 entranhas.
de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câ-
mara, e 47 da matriz; – ou por meio de matraca. A ciência contentou-se em estender a mão à
80
65
— Sempre haverá tempo de a dar à matraca,
concluiu ele.
1 “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
66
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
disse:
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
67
— Suponho o espírito humano uma vasta con-
cha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso 68 extrair E abro as janelas, pálido de espanto…
a pérola, que é a razão; por outros termos, demar-
quemos definitivamente os limites da 69 razão e da
www.PROJETOREDACAO.com.br - 39
5 E conversamos toda a noite, enquanto ma segura e confiável de comunicação segundo
a percepção da população da cidade de Itaguaí.
A Via-láctea, como um pálio aberto,
III. A frase “Verdade, verdade, nem todas as insti-
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, tuições do antigo regime mereciam o desprezo
do nosso século.’’ (Refs. 59 e 60) exprime a con-
Inda as procuro pelo céu deserto. cordância implícita do narrador com o menos-
prezo pelo uso da matraca.
10 Que conversas com elas? Que sentido Em relação às afirmações, está(ão) correta(s):
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, e) todas as afirmações estão corretas.
2002. p. 37-55. Via-Láctea.
Disponível em: <http://www. dominiopublico.gov.
br/download/texto/bv000289.pdf>. Questão 70 - (IME RJ)
Acesso em: 19/08/2019. “Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas,
como um raro espírito que era, reconheceu o perigo
de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na
Questão 69 - (IME RJ) história. Assim, apontou com especialidade alguns
célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar,
“Contratava-se um homem, por um ou mais dias, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Ca-
para andar as ruas do povoado, com uma matraca racala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de ca-
na mão. sos e pessoas, em que de mistura vinham entidades
odiosas, e entidades ridículas.” (Texto 1, Refs. 31 a
[...] um dos vereadores [...] desfrutava a reputação 36)
de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás,
nunca domesticara um desses bichos; mas tinha o
cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses.
E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam O adjetivo “raro”, destacado no texto acima,
ter visto cascavéis dançando no peito do vereador;
afirmação perfeitamente falsa, mas só devido à ab-
soluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem a) expressa a atitude de benevolência que é atri-
todas as instituições do antigo regime mereciam o buída a Simão Bacamarte pelo narrador.
desprezo do nosso século.” (Texto 1, Refs. 48 a 60)
b) revela a atitude de imodéstia que é atribuída a
Simão Bacamarte pelo narrador.
Considerando o trecho acima, analise as seguintes c) exprime a atitude de humildade que é atribuída
afirmações: a Simão Bacamarte pelo narrador.
40 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 71 - (IME RJ) Questão 73 - (IME RJ)
“Crispim empalideceu. Que negócio importante po- É correto afirmar que a ideia principal do Texto 2
dia ser, se não alguma notícia da comitiva, e especial-
mente da mulher? Porque este tópico deve ficar cla-
ramente definido, visto insistirem nele os cronistas;”
(Texto 1, Refs. 9 a 11) a) sustenta que a atividade poética é a única forma
de realizar uma compreensão subjetiva do mun-
do e da existência.
A oração “visto insistirem nele os cronistas’’ b) expressa a concepção segundo a qual o senti-
mento amoroso pode ensejar uma atitude de
contemplação e êxtase diante da realidade.
a) evidencia que o narrador inventou completa- c) constrói um diálogo hipotético entre o poeta e
mente a história do alienista. alguém para evidenciar uma forma religiosa de
experiência pessoal.
b) indica que o autor, Machado de Assis, baseou-se
em cronistas da época para elaborar o conto O d) revela a atitude de sagacidade e de lucidez ne-
Alienista. cessárias ao fazer poético.
c) anuncia que os temores de Crispim foram abor- e) exprime o ponto de vista de valorização do bom
dados de forma superficial pelos cronistas. senso próprio da vida cotidiana.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 41
Questão 74 - (Mackenzie SP) conteúdo do próprio 12 sonho. [...]
b) Os estímulos externos que influenciam o sonho d) dialógica, devido à negação enfática da persona-
durante sua ocorrência provam que a teoria do gem no segundo quadrinho.
sonho como realização de desejo está equivoca-
da. e) morfológica, que se manifesta pela formação do
diminutivo de “tijolinho”.
c) Os sonhos independem de estímulo externo,
são apenas manifestação de material psíquico
da infância e de memórias inacessíveis durante
a vigília. TEXTO: 33 - Comuns às questões: 77, 78
d) O sonho, seja ele provocado por estímulos or- Pensem nas crianças
gânicos ou psíquicos, é a realização de um dese- Mudas telepáticas
jo, que se expressa de vários modos durante o
sono. Pensem nas meninas
e) O sonho é a manifestação da libido, impedida de Cegas inexatas
se manifestar de forma clara durante a vigília,
seja por motivos de tabu social, seja por ques- Pensem nas mulheres
tões morais.
Rotas alteradas
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
www.PROJETOREDACAO.com.br - 43
A rosa com cirrose d) oitavo verso
d) exaltação ao caráter bélico da alma humana. d) a sinceridade dos intelectuais que são objeto
das crônicas dos jornalistas.
e) glorificação da alienação como forma de vida.
de psiu;
a) primeiro verso
que serve para chamar a atenção
b) segundo verso
de alguém, ou para pedir
c) décimo verso
silêncio.
44 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Eu berro as palavras Disponível em https://www.tecmundo.com.br/ in-
ternet/133690-voce-notou-net flix-
no microfone pareceevitando-termo-maratonar.htm. Acessado em
01/06/2019.)
da mesma maneira com que
em vez de substituírem
as coisas.
Um hiato a menos.
c) defender a conversão das palavras em coisas, Embora os dois textos tratem do termo “maratonar”
mudando seu estatuto. a partir de perspectivas distintas, é possível afirmar
que o Texto II retoma aspectos apresentados no Tex-
d) explorar o poder de representação da interjei-
to I porque
ção exclamativa “psiu!”.
A história fica ainda mais confusa quando acessa- c) O texto acusa o Instagram de provocar proble-
mos os Stories e continua lá o desenho de um olhi- mas de autoestima no usuário, sobretudo de-
nho seguido pelo número de visualizadores de cada pois da omissão dos likes.
capítulo da nossa trama cotidiana. Acho tão per-
turbador quanto, por exemplo, o coração de um ex d) O texto se vale de um tema em evidência — o
numa foto (ou a falta dele), saber quem se interessa uso do Instagram — como pretexto para discutir
minimamente pela nossa vida (e por qual motivo) e, sobre o papel da família na construção da au-
principalmente, quem não dá a menor bola para o toimagem do bebê.
que comemos no almoço, o novo corte de cabelo ou e) O texto relativiza as críticas quanto à divulgação
as fotos de férias. da imagem em redes sociais, visto que o Insta-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 47
gram não pode ser, sozinho, o culpado por pro- Questão 87 - (UNIOESTE PR)
blemas de baixa autoestima.
A passagem “Estaremos neuroticamente fadados a
repetir essa dança durante toda a vida, de maneiras
mais ou menos sintomáticas. Mais ou menos sofri-
Questão 85 - (UNIOESTE PR) das” relaciona-se:
Quanto ao quinto parágrafo, o que é considerado
igualmente perturbador em relação à possibilidade
de se saber quantas pessoas vizualizam nosso Sto- a) ao Instagram e a rede tornar a pessoa mais an-
ries? Assinale a alternativa CORRETA. siosa.
48 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Assinale o excerto que confirma os dois textos ante- a) o uso da vírgula provocou uma leitura negati-
riores. va do trecho que alude ao slogan da década de
1950.
b) Pelo que sabemos, quando há um esforço real d) o duplo sentido do verbo “voltar” gerou uma
de igualitarização, há aumento sensível do há- mensagem que se afasta daquela projetada pelo
bito de leitura, e portanto difusão crescente das slogan anterior.
obras. (Antonio Candido)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 49
TEXTO: 48 - Comuns às questões: 91, 92, 125 litar em Washington ou um anúncio da Casa Branca
sobre uma guerra iminente, sem meio técnico para
TEXTO 1 confirmar ou negar sua veracidade. Em uma futura
eleição presidencial no Brasil, não será mais necessá-
rio atacar os concorrentes – pode-se simplesmente
Na semana passada, uma eleição presidencial que produzir um vídeo em que o rival promete que, se
deveria ter como marca a volta da democracia ao eleito, encerrar o programa Bolsa Família, eliminar a
Zimbábue terminou em confusão quando contas propriedade privada ou qualquer absurdo que o faça
falsas no Twitter, no Facebook e no WhatsApp dis- perder apoio. Confusos e desconfiados, os cidadãos
seminaram resultados contraditórios. O país inteiro se refugiarão ainda mais em suas bolhas aparente-
chegou a presenciar comemorações espontâneas mente seguras, isolados em relação a qualquer tipo
pela vitória dos dois candidatos, o que resultou em de debate público. O Brasil também tem sido cenário
confrontos violentos. Em um clima geral de descon- de disseminação de inúmeras notícias falsas, sobre-
fiança, até observadores internacionais não sabiam tudo porque o País passa por um período eleitoral
onde obter informações confiáveis. Na Índia, o go- bastante tenso e polarizado. As pessoas que dissemi-
verno empreende verdadeira batalha contra uma nam notícias falsas o fazem por dois motivos: a) por
onda de linchamentos depois que rumores falsos vi- que são incapazes de pesquisar e confrontar informa-
ralizaram no WhatsApp sobre supostos sequestrado- ções, b) usam as notícias falsas para dar legitimidade
res de crianças. Nacionalistas interessados em atiçar a suas posições políticas. De um jeito ou de outro,
o ódio religioso usam a plataforma para aprofundar são posturas graves e que precisam ser combatidas
a polarização, que também tem resultado em lincha- em nome da jovem democracia brasileira.
mentos. Na Grã-Bretanha, 52% dos eleitores votaram Adaptado de https://brasil.elpais.
por deixar a União Europeia em 2016, atraídos por com/brasil/2018/08/06/opinion/
uma enxurrada de informações falsas disseminadas 1533562312_266402.html.
por nacionalistas oportunistas. Em uma pesquisa Acesso em out. 2018.
recente, uma porcentagem semelhante dos britâni-
cos disse acreditar que os desembarques na Lua de
1969 a 1972 eram falsos. A triste ironia é que, pela
primeira vez na história, a maioria dos cidadãos pode TEXTO 2
carregar no bolso todo o conhecimento do mundo,
mas, ao mesmo tempo, nunca esteve tão vulnerável
a informações falsas. Engana-se quem pensa que al-
gumas mudanças nas leis e ajustes técnicos podem
resolver a situação e permitir que tudo volte a ser
como antes. A humanidade testemunha os primei-
ros momentos de uma nova era em que todo o rela-
cionamento com a informação – e a realidade como
um todo – mudará de maneira hoje inimaginável. A
democracia, tal como se concebe hoje, dificilmente
sobreviverá a essa transformação. Basta considerar
duas grandes tendências. A primeira: apenas cerca
de 50% da população mundial tem acesso à inter-
net hoje. Nos próximos anos, a outra metade, po-
tencialmente ainda mais vulnerável a notícias falsas, Laerte. Adaptado.
também poderá participar do debate on-line. Por
exemplo, muitos aplicativos populares no mundo em
desenvolvimento concentram-se apenas em men-
Questão 91 - (UNITAU SP)
sagens de voz, já que parcela considerável de seus
usuários não sabe ler nem escrever, dificultando ain- Em relação aos dois textos, leia as afirmativas a se-
da mais a identificação de informações falsas. A se- guir.
gunda: o desenvolvimento de ferramentas baseadas
em inteligência artificial, capazes de manipular ou
fabricar vídeos, arquivos de áudio e fotos falsas – as
chamadas deep fakes – ampliará consideravelmente I. Os dois textos convergem em relação à temática
a dificuldade de separar fato de ficção, o que fará as e à linha de argumentação.
fake news de hoje parecerem brincadeira de criança.
Daqui a alguns anos, um smartphone será suficiente II. Os dois textos divergem em relação à temática e
para simular uma sequência de notícias, como as da à linha de argumentação.
CNN, por exemplo, na qual a perfeita imitação da voz
III. O texto 1 não assume posição em relação ao
de um apresentador famoso reportaria um golpe mi-
tema, diferentemente do texto 2.
50 - www.PROJETOREDACAO.com.br
IV. O texto 2 não assume posição em relação ao TEXTO: 36 - Comuns às questões: 93, 94
tema, pois se trata de texto de humor, diferen-
temente do texto 1. “É Brasileiro, já passou de Português...”
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) IV, apenas.
e) II e IV, apenas.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 51
Questão 93 - (ESPM SP) frequência, que tinha foros de gênero literário que
alguém poderia cultivar e no qual fosse, por assim
Um argumento concreto para corroborar a ideia de dizer, um especialista. As biografias dos grandes ho-
que “língua única, que não se altera, é um mito”, ex- mens da época são, a esse respeito, bastante instru-
posta no primeiro período, é o trecho: tivas. Não são poucos aqueles cujos biógrafos qua-
lificam de polemista como poderiam qualificar de
publicista, romancista ou polígrafo.
a) “existem diferenças entre o português falado (Antonio Luís Machado Neto,
nos dois países” Estrutura social da república
b) “se fala uma língua diferente da de Portugal” das Letras: sociologia da vi-
da intelectual brasileira
c) “elas também existem com relação aos demais 1870-1930, Edusp)
países de língua portuguesa”
a) Há diferenças linguísticas tão grandes, com re- c) trajetórias malditas da existência se transfor-
gras também tão diferentes, que se constatam mam em aversão atroz ao próximo.
duas línguas diversas: o português de Portugal e
o português europeu. d) conflitos existenciais criam o amargor pessimis-
ta disfarçado em ameaça geral à humanidade.
b) Diferenças de ordem fonológica ocorrem quan-
do um mesmo significado é designado por signi- e) injúrias da vida originam inimigos figadais, provo-
ficantes diferentes. cando violentas discussões verbais entre as pessoas.
52 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 97 - (ESPM SP) Questão 98 - (ESPM SP)
O autor defende a ideia de que:
b) de uma fala metafórica de Hagar que, ao dirigir- e) deve-se poupar o próximo de exemplos do re-
-se diretamente à própria esposa, refere-se às pertório de lugares comuns.
qualidades de uma terceira pessoa.
(Marcelino de Carvalho,
Guia de Boas Maneiras) Disponível em: http://humberto-
dealmeida.com.br/ uma-borbo-
leta-e-a-poesia-em-movimento/
www.PROJETOREDACAO.com.br - 53
Questão 99 - (ESPM SP) 20
sociabilidades produzidas pelas descendentes de 21
africanas e africanos sequestrados do lado de lá do
A partir da leitura do poema e da observação da ima- 22
Atlântico.
gem, assinale a afirmação correta.
23
Há quem possa ver no romance influência do 24
realismo fantástico. Parece-me limitado ler o livro a 25
partir dessa referência. O que a autora faz é dominar
a) Tanto no texto poético quanto na imagem fica 26
com maestria os códigos de percepção de mundo
evidente que a fonte de inspiração para a prática 27
dos subalternizados, entendendo a ancestralidade,
literária são os elementos da natureza. 28
o corpo mítico como modelador de condutas e os
b) Enquanto a imagem mostra a alienação de vá-
29
procedimentos de ligação entre o visível e o invisí-
rios leitores, o poema de Vinicius de Moraes vel, 30 expressos em toda a sorte de mandingas, como
sugere o engajamento do escritor com persona-
31
componentes da sofisticada cosmogonia e dos 32
gens históricas. modos de invenção da vida dos povos saídos das 33
Áfricas. A tragédia da diáspora, afinal, também é um
c) O texto poético diz que a produção literária é
34
empreendimento inventivo de rara potência.
consequência da tristeza; a imagem deixa claro
que só se faz poesia com a distração.
35
Outro mérito poderoso do livro reside na 36
apresentação de uma África pouquíssimo vista nas 37
d) O poema de Vinicius e a imagem apresentam nossas letras: aquela da parte oriental do continente.
a ideia de que a poesia é algo fugidio, volúvel,
38
A unidade portuguesa já é uma ficção. Minhotos, 39
consequência também de um estado de espíri- trasmontanos, beirões, alentejanos, algarvios, 40 es-
to. tremenhos, ribatejanos, açorianos e madeirenses 41
— que normalmente não se encontrariam nem 42 em
e) A noção de que poesia e prosa são gêneros dis- Portugal — aqui se encontram e redefinem 43 dina-
tintos fica evidente no texto poético; já a ima- micamente suas culturas, entre violências tantas 44 e
gem não discrimina qualquer tipo de leitura lite- afetos vários, no contato conflituoso e/ou negociado
rária. 45
com negros que não se viam como africanos, mas
46
como membros de sua aldeia: mandingas, bijagós,
47
fantes, achantis, gãs, jalofos, fons, guns, baribas, 48
gurúnsis, quetos, ondos, ijebus, oiós, ibadãs, benins,
TEXTO: 40 - Comum à questão: 100 49
hauçás ibos, ijós, calabaris, teques, bamuns, ijexás,
50
anzicos, congos, andongos, songos, pendes, lenjes,
Crítica: ‘O crime do Cais do Valongo’ é literatura da 51
ovimbundos, nupês, ovambos, macuas, mangajas,
melhor qualidade
e 52 outros tantos.
5
próspero negociante da região do Valongo é achado 62
afastar da Corte o horror do comércio negreiro fei-
6
em uma ruela carioca. A partir daí, a história se 7 to 63 pelas bandas do Valongo, é também a cidade
desenvolve, pistas vão sendo deixadas e a narrativa, 8 cerzida 64 por aqueles que tiveram a sua humanidade
habilmente construída, circula naquela encruzilhada negada 65 pela coisificação e o sequestro.
9
entre a História e a ficção que pode nos fazer cair 10
na tentação de enquadrar o livro como um romance
66
Um livro escrito por uma autora negra, com 67 pro-
11
histórico-policial. Acontece que “O crime do Cais tagonistas negros e contado a partir dos saberes 68
do 12 Valongo” é muito mais do que isso. afro-cariocas, já seria importante em um país em que
69
o mercado editorial reproduz nossa desigualdade
13
Narrado a partir das vozes de dois personagens, 70
gritante. Além disso, “O crime do Cais do Valongo”
14
o livreiro mestiço Nuno Alcântara Moutinho e a 15 71
é literatura da melhor qualidade e firma Eliana 72
moçambicana escravizada Muana Lomué, o romance Alves Cruz como uma voz poderosa e contundente 73
16
apresenta um relato poderoso, cheio de sutilezas. da literatura brasileira. Como diz em certo trecho a 74
17
É o cotidiano de um Rio marcado pelo horror da protagonista Muana, “uma mulher do meu povoado
18
escravidão e, ao mesmo tempo, pela potência da 75
jamais poderia deixar seus antepassados de lado”.
19
cultura das ruas e da incessante reconstrução de A 76 literatura de Eliana faz exatamente isso.
54 - www.PROJETOREDACAO.com.br
SIMAS, L.A. Crítica: ‘O crime do O quadrinho de Laerte representa uma crítica à reali-
Cais do Valongo’ é literatura da dade atual, visto que nele a personagem
melhor qualidade. O Globo, Rio
de Janeiro, 2 jun. 2018. Disponível
em: <https://oglobo.com/cultura/
livros/critica-crime-do- -cais-do- a) perde sua função social, pois o desenvolvimento
valongo-literatura-da-melhor- de novas ferramentas acarreta sua obsolescên-
qualidade-22739683>. Acesso cia.
em: 23 jul. 2018. Adaptado. b) perde sua identidade devido às pressões de um
cotidiano estressante diante de uma rotina ma-
çante e repetitiva.
Questão 100 - (FACESG - Faculdade Cesgranrio RJ)
c) é substituído pelas tecnologias que, de tão evo-
No subtítulo do texto, o verbo reafirmar deixa implí- luídas, passam a assimilar hábitos corriqueiros
cita a ideia de que o romance atual da sociedade.
b) demonstra que a autora passou a ter nesse ro- e) apresenta pior qualidade de vida, pois, ao abrir
mance uma voz firme. mão de sua identidade, conecta-se à tecnologia
para alcançar maior e_ ciência em suas ativida-
c) tem uma voz poderosa e contundente. des coletivas.
d) reforça a reputação de que a autora tem quali-
dade literária.
Questão 102 - (FATEC SP)
e) é o único da autora que se mostra poderoso e
contundente. Leia os textos.
Questão 101 - (FATEC SP) • Francisco tem pouca esperança no futuro. De-
pois de cinco anos em busca de trabalho e após
Analise o quadrinho três entrevistas de emprego, todas infrutíferas,
decidiu parar de procurar. Passou assim a fazer
parte de um contingente cada vez maior de bra-
sileiros: os desalentados.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 55
“O desemprego vem caindo no Brasil por conta do tes alinhados com as propostas da americana.
desalento, principalmente neste ano de 2018”, afir-
mou o coordenador do IBGE, Cimar Azeredo. O IBGE Em julho passado, Grandin, hoje com 71 anos,
estimou em 4,8 milhões o número de pessoas desa- veio ao Brasil pela sexta vez. Na fazenda Orvalho das
lentadas no trimestre maio – julho. Flores, localizada em Barra do Garças (MT), ela teste-
munhou como a equipe de Perez conduz suas 2 980
<https://tinyurl.com/yactn5rh> cabeças de Nelore, raça predominante no país. Os
Acesso em: 03.10.2018. Adaptado. vaqueiros massageiam os bezerros, não gritam com
os bois, tampouco deixam capas de chuva, correntes
ou chapéus no caminho dos animais.
De acordo com os textos, o cidadão desalentado é A engenheira agrônoma Maria Lucia Pereira Lima
aquele que foi aluna de pós-doutorado de Grandin na Univer-
sidade do Estado do Colorado, em Fort Collins, em
2013. Viajara aos Estados Unidos para aprender
a) conquista um emprego formal, mas sofre com a como medir o bem-estar dos bovinos e se inteirar de
desigualdade de gênero, em que mulheres ga- inovações que pudessem ser implantadas em currais
nham menos e ocupam a maioria dos empregos brasileiros. Uma delas, por exemplo, tranquiliza o
vulneráveis. animal conduzido à vacinação: o gado em geral se via
obrigado a passar espremido por espaços afunilados.
b) precisa de trabalho e trabalharia se houvesse Grandin projetou um acesso em curva, sem cantos,
possibilidade, entretanto, desiste de procurar que dá à rês a ilusão de que voltará ao ponto de par-
emprego porque sabe que não encontrará um tida. Outra: uma lâmpada acesa na entrada do tronco
posto de trabalho. de contenção – o equipamento que permite o mane-
jo individual do boi – a indicar o trajeto reduziu em
c) troca voluntariamente o trabalho formal pelo até 90% o uso de choque elétrico durante o processo.
trabalho terceirizado, abandona a carteira de
trabalho e opta pela previdência social estatal. [...]
Grandin tem um parafuso a mais quando se trata Questão 103 - (FATEC SP)
do bem-estar dos bichos. Professora de ciência ani-
mal, ela é autista e dona de uma hipersensibilidade Sobre a expressão “parafuso a mais” presente na
visual e auditiva. Tocada pelas angústias do gado passagem “Grandin tem um parafuso a mais quando
desde a juventude, ela compreendia por que a rês se trata do bem-estar dos bichos.”, é correto afirmar
recuava na hora da vacinação, por que atacava um que se trata de
vaqueiro, por que tropeçava, por que mugia. Gran-
din traduziu esse entendimento em projetos que
propunham mudanças no manejo. Hoje, instalações
criadas por ela são familiares a quase metade dos bo- a) um trocadilho, pois o autor estabelece uma re-
vinos nos Estados Unidos. O Brasil, com seus quase lação entre o nome da professora, “Grandin”, e
172 milhões de cabeças de gado, segundo o Censo a pronúncia informal do diminutivo “grandinho”
Agropecuário de 2017, vem aos poucos fazendo ajus- (“grandim”).
56 - www.PROJETOREDACAO.com.br
b) uma aliteração, pois o autor procura representar A reflexão sobre o sentido da educação adentra
a dureza da lide com animais de grande porte o século XX. A crítica se aprofunda e há insatisfação
por meio de repetição das consoantes “p”, “t” e tanto das correntes mais liberais quanto das mais
“r”. marxistas. [...] As mudanças sociais acentuaram os
problemas estruturais da instituição escola. No Brasil,
c) uma assonância, pois o autor deseja representar por exemplo, em meados dos anos 50, apenas 30%
sua visão otimista do trabalho da professora ao da população brasileira vivia nas cidades. A pressão
repetir as vogais abertas “a” e “o”. das camadas médias pelo aumento do acesso e da
permanência na escola ampliou-se consideravelmen-
d) uma metáfora, pois o autor inverte a imagem te neste período, dada a relação estabelecida entre a
utilizada para representar loucura a fim de ex- escolarização e o direito à cidadania.
pressar a habilidade da professora.
(ROCHA, J. Design thinking na
e) uma silepse de número, pois o verbo “tratar-se” formação de professores: novos
deveria estar no plural para concordar com o su- olhares para os desafios da edu-
jeito “bichos”. cação. In: Metodologias ativas
para uma educação inovadora.
Porto Alegre: Penso, 2018, p.154.)
Questão 104 - (FATEC SP)
De acordo com as informações apresentadas no tex-
O excerto apresenta, brevemente, uma crítica ao mo-
to sobre os trabalhos da professora Temple Grandin,
delo vigente da educação na sociedade brasileira nos
a mudança proposta por ela no tratamento dos ani-
anos 1950.
mais acarreta
b) benefícios aos animais em detrimento do enca- a) “E ele, Clarimundo, o homem do relógio, o es-
recimento dos produtos derivados dos gastos cravo fiel das horas, que fez nos seus quarenta
excessivos no bem-estar da criação. e oito anos de vida? Preparou espíritos, estudou
e compreendeu Einstein, escreveu artigos para
c) prejuízos aos tratadores de gado em detrimento
jornais, notas sobre filosofia, matemática, física
dos animais que, não só recebem tratamentos
e astronomia recreativa...”, Érico Veríssimo, Ca-
piores, mas ainda são antropomorfizados.
minhos Cruzados.
d) benefícios aos criadores de animais de peque-
b) “As primas já estão se acostumando no Colégio,
no porte, pois não detêm poder aquisitivo sufi-
mas Luisinha está se queixando de dor no estô-
ciente para investir na infraestrutura e concorrer
mago e nós a achamos mais magra. Diante dis-
com os grandes proprietários.
so eu insisti com mamãe para trazê-la para casa
e) prejuízos aos animais de grande porte, pois os para consultar com Dr. Teles. A Superiora quis
investidores gastam mais para manter a infraes- fazer dúvida e disse que não era preciso trazer
trutura necessária, como currais sem cantos ou Luisinha porque o médico podia ir ao Colégio
pregos fora do lugar e, consequentemente, me- como vai sempre ver outras meninas.”, Helena
nos em seu bem-estar. Morley, Minha Vida de Menina.
tada 2 como uma questão institucional, depois pas- e) caracterização do Brasil como o país do carnaval
sou 3 a sofrer influências das mídias, dos mercados, e do futebol
das 4 imagens publicitárias. Hoje, são identidades em
trânsito, 5 interconectadas às redes sociais.
6
Foi a partir da Constituição de 1988 que, no Bra- Questão 107 - (FM Petrópolis RJ)
sil, 7 se passou a falar em “direitos culturais”. Antes
não 8 havia referência a essa expressão. Hoje a cida- O trecho que expressa a tese defendida pelo autor a
dania 9 cultural é um direito consagrado, embora, na respeito da relação entre cultura e cidadania é
prática, 10 o seja com muitos percalços.
(2) Em junho, um grupo de políticos aprovou na Câ- a) caracterizar as diferentes doenças possivelmen-
mara dos Deputados o projeto de lei que flexibi- te incitadas por pesticidas comercializados no
liza as regras de fiscalização e aplicação de pes- mundo, inclusive no Brasil.
ticidas. “Com ferramentas atuais, os agricultores
poderão responder de forma mais assertiva para b) propor que as normas de fiscalização do uso de
a produção das lavouras, garantindo a produção agrotóxicos sejam determinantes, embora mais
de alimentos e matérias-primas sem aumentar a flexíveis, para a produção das lavouras.
área plantada ou o consumo de recursos natu-
rais”, justifica o diretor executivo da Associação c) estimular o setor agrícola do país no sentido de
Nacional de Defesa Vegetal. garantir, aos diferentes produtos, o status de ‘es-
cala industrial’.
(3) É claro que houve reação. O documento foi ape-
lidado de “Pacote do Veneno” por vários setores d) informar aos trabalhadores do campo e mora-
da sociedade, que trataram de se mobilizar para dores das zonas rurais os riscos de contamina-
impedir que ele avance e ganhe força de lei. En- ção incitados pelo agrotóxico.
cabeçada pela Fiocruz, além de ativistas e cele- e) advertir os leitores de que enfrentar a exposi-
bridades, uma petição online reuniu mais de 1,6 ção excessiva ao uso de agrotóxicos é, antes de
milhão de assinaturas. Toda essa movimentação tudo, uma questão cultural.
trouxe à tona uma discussão antiga: afinal, como
esses químicos afetam nosso organismo?
(4) Segundo a OMS, são registrados 25 milhões de Questão 109 - (FPS PE)
casos de envenenamento por agrotóxicos e 20
mil mortes no planeta todo ano. As populações No sexto parágrafo do texto, encontramos várias
mais vulneráveis são as que estão diretamente perguntas. São perguntas que, neste texto, têm uma
em contato com esses elementos, como traba- função:
lhadores do campo e moradores das zonas ru-
rais, empregados das corporações que fabricam
os defensivos, bem como populações indígenas,
quilombolas e ribeirinhas. No Brasil, informa a a) textualmente relevante, pois se destinam a es-
Abrasco, ocorrem cerca de 4.300 episódios de clarecer, aos prováveis leitores, detalhes do
intoxicação anualmente. Mas esse dado é sub- tema ainda em discussão.
notificado, apesar de o número de doenças pos-
b) elucidativa, uma vez que têm como função dar
sivelmente incitadas por pesticidas ser enorme.
respostas explícitas a questões até então desco-
(5) Mas, o que o consumidor pode fazer para mini- nhecidas.
mizar a exposição ao agrotóxico?
www.PROJETOREDACAO.com.br - 59
c) pragmaticamente coerente, pois os interlocu- fenômeno da variação tão natural e inevitável na vida
tores previstos esperam esclarecimentos que das línguas. Essa supervalorização da língua escrita
tirem suas dúvidas atuais. combinada com o desprezo da língua falada é um
preconceito que data de antes de Cristo!
d) comunicativamente inadequada, uma vez que o
contexto ativado pelo texto pede, no momento, É claro que é preciso ensinar a escrever de acordo
respostas explícitas. com a ortografia oficial, mas não se pode fazer isso
tentando criar uma língua falada “artificial”, e repro-
e) puramente retórica. Ou seja, as perguntas são vando como “erradas” as pronúncias que são resulta-
uma estratégia, ou um recurso para instigar o in- do da história social e cultural das pessoas que falam
teresse do leitor. a língua em cada canto do Brasil. Seria mais justo e
democrático explicar ao aluno que ele pode dizer
“bulacha” ou “bolacha”, mas que só pode escrever
BOLACHA, porque é necessária uma ortografia única
Questão 110 - (FPS PE)
para toda a língua, para que todos possam ler e com-
Do ponto de vista global, o texto elege como área preender o que está escrito.
prioritária para a solução do problema levantado:
Marcos Bagno. Preconceito linguístico.
São Paulo: Parábola, 2015. p. 79-80.
d) a discussão pública sobre a relação entre ciência a) pelo cumprimento de regras sintáticas da escri-
e saúde. ta.
e) as corporações responsáveis pela contínua fa- b) por estar distante dos modos típicos da oralida-
bricação dos agrotóxicos. de.
Note e adote:
a) em cada canto do Brasil se escrevem textos re-
prováveis. Considere temperatura e pressão ambientes.
62 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 119 - (UNICAMP SP) Questão 120 - (UNICAMP SP)
Para driblar a censura imposta pela ditadura militar, “...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indi-
compositores de música popular brasileira (MPB) cando os nomes dos futuros deputados. Alguns no-
valiam-se do que Gilberto Vasconcelos chamou de mes já são conhecidos. São reincidentes que já foram
“linguagem da fresta”, expressão inspirada na canção preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessa-
“Festa imodesta”, de Caetano Veloso. do nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece
de quatro em quatro anos.”
Toda festa que se dá ou não se dá a) Por meio das eleições, políticos de determina-
dos partidos acabam se perpetuando no exercí-
Passa pela fresta da cesta e resta a vida. cio do poder.
É correto afirmar que, na canção, essa “linguagem da 1. Saiba quando uma mensagem é encaminhada
fresta” transparece
Mensagens com a etiqueta “Encaminhada” aju-
dam a determinar se seu amigo ou parente es-
creveu aquela mensagem ou se ela veio original-
a) na contradição entre “festa” e “fresta”, que fun- mente de outra pessoa.
ciona como crítica ao malandro.
2. Verifique fotos e mídia com cuidado
b) na repetição de palavras com pronúncia seme-
lhante para louvar a MPB. Fotos, áudios e vídeos podem ser editados para
enganar você. Procure por fontes de notícias
c) na referência à “fresta” como forma de o com- confiáveis para ver se a história está sendo re-
positor se pronunciar. portada também em outros veículos. Quando
uma notícia é reportada em vários canais con-
d) na incoerência da rima entre “festa” e “imodes- fiáveis, é mais provável que ela seja verdadeira.
ta” para prestigiar o compositor.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 63
3. Fique atento a mensagens que parecem estra- ciais e a relação emocional que os usuários têm
nhas com elas.
Muitas mensagens ou links para sites que con- e) um roteiro com orientações para a identificação
têm boatos ou notícias falsas apresentam erros de notícias falsas em redes sociais, o qual ajuda-
de português. Procure por esses sinais para veri- rá os usuários a parar de disseminá-las.
ficar se a informação é confiável.
Não encaminhe uma mensagem só porque o re- • Procure por fontes de notícias confiáveis para
metente está lhe pedindo para fazer isso. ver se a história está sendo reportada também
em outros veículos. Quando uma notícia é re-
6. Verifique outras fontes portada em vários canais confiáveis, é mais pro-
vável que ela seja verdadeira.
Se você ainda não tem certeza de que uma men-
sagem é verdadeira, faça uma busca online por • Muitas mensagens ou links para sites que con-
fatos e verifique em sites de notícias confiáveis têm boatos ou notícias falsas apresentam erros
para ver de onde a história veio. de português. Procure por esses sinais para ve-
rificar se a informação é confiável.
7. Ajude a parar a disseminação
• Se você sentir que você ou alguém está em pe-
Não compartilhe uma mensagem só porque al- rigo emocional ou físico, por favor, contate as
guém lhe pediu. Se algum contato ou grupo está autoridades locais de cumprimento da lei. Essas
enviando notícias falsas constantemente, de- autoridades são preparadas e equipadas para
nuncie-os. oferecer assistência nesses casos.
Importante: Se você sentir que você ou alguém
está em perigo emocional ou físico, por favor,
contate as autoridades locais de cumprimento No contexto em que estão empregadas, as expres-
da lei. Essas autoridades são preparadas e equi- sões destacadas referem-se, correta e respectiva-
padas para oferecer assistência nesses casos. mente, às seguintes informações:
(https://faq.whatsapp.com/pt. Adaptado)
Testemunharam
Tornei-me mineral
memória da dor.
Para sobreviver,
(Jorge Braga. Em: https://
www.opopular.com.br/) recolhi das chagas do corpo
[...]
a) dos perigos a que as pessoas estão expostas
nas redes sociais, considerando-se a facilidade Porque sou o poeta
de fazer circular informações inverídicas nesses
dos mortos assassinados,
meios de comunicação.
dos eletrocutados, dos “suicidas”,
b) da falta de contato presencial entre as pessoas
que, cada vez mais, estão preferindo comunicar- dos “enforcados” e “atropelados”,
-se a distância, sem se preocuparem com a inte-
ração face a face. dos que “tentaram fugir”,
Fui assassinado.
66 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 125 - (UNITAU SP) Com base nessas informações, é correto depreender
como inferência autorizada pela tira:
Qual frase melhor resume a ideia central do texto 1?
b) “Engana-se quem pensa que algumas mudan- c) a vidente pressupõe que o cliente quer ouvir
ças nas leis e ajustes técnicos podem resolver a uma promessa de futuro de bom salário e satis-
situação e permitir que tudo volte a ser como faz a expectativa dele.
antes”.
d) um alto salário poderá garantir que o cliente
c) “Confusos e desconfiados, os cidadãos se refu- terá, nos próximos dois anos, condições de com-
giarão ainda mais em suas bolhas aparentemen- prar o que quiser.
te seguras, isolados em relação a qualquer tipo
de debate público”. e) cliente e vidente nutrem expectativas positivas
quanto ao futuro: ele porque é confiante, ela
d) “O Brasil também tem sido cenário de dissemi- porque diz o que ele quer ouvir.
nação de inúmeras notícias falsas, sobretudo
porque o País passa por um período eleitoral
bastante tenso e polarizado”.
TEXTO: 49 - Comum à questão: 127
e) “As pessoas que disseminam notícias falsas o fa-
zem por dois motivos: a) por que são incapazes Drogas e mortes
de pesquisar e confrontar informações, b) usam
as notícias falsas para dar legitimidade a suas
posições políticas”. As taxas de homicídios dolosos e de mortes de
trânsito no Brasil, é notório, situam o país entre os
mais violentos do planeta. No ano passado, registra-
ram-se quase 56 mil assassinatos intencionais, ou 27
Questão 126 - (IBMEC SP Insper)
por 100 mil habitantes. Em 2016, pelo dado mais re-
cente, 38 mil vidas foram ceifadas em ruas e estradas
nacionais, cerca de 19 por 100 mil.
O estudo deveria servir de exemplo para que o e) trazem dados mais contundentes do que os
país invista na geração contínua de dados como es- apresentados no editorial da Folha, porque a si-
ses. Assim será possível identificar as causas dos pro- tuação investigada restringe- se a uma cidade,
blemas, avaliar a efetividade das políticas públicas o que potencializa a possibilidade de ações por
adotadas e orientar a formulação de novas estraté- parte das autoridades governamentais.
gias.
a) ratificam o ponto de vista apresentado no edito- b) Se arrumou, mas esqueceu de ir na casa do ami-
rial da Folha, o que permite inferir a necessida- go, porque ficou assistindo o filme.
de de campanhas preventivas e informativas por
parte das autoridades governamentais. c) Eu o amo tanto que meu coração parece que
logo, logo vai explodir.
b) trazem outro aspecto do problema apresentado
no editorial da Folha, o que é insuficiente para d) Ainda que houvesse luar, a noite não a encanta-
questionar se o uso de drogas ou bebidas tem va como das outras vezes.
impacto em homicídios ou mortes no trânsito.
e) Não vos digo que sejais santos, pois incorrem
diuturnamente em pecados.
68 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 51 - Comuns às questões: 129, 130 mente apreendidas, uma vez que melhoram a
sua qualidade de vida.
Em 17 de maio de 2016, o diretor do Instituto do
Cérebro do RS (InsCer/RS), Jaderson Costa da Costa, c) as novidades são inseridas lentamente na rotina
e o professor do curso de Teologia da Escola de Hu- das pessoas, que não conseguem enxergar cla-
manidades da PUCRS Erico Hammes debateram as ramente os benefícios resultantes das transfor-
interfaces entre o cérebro e a tecnologia, em mais mações tecnológicas.
uma atividade do projeto Fé e Cultura.
d) as mudanças provocadas na vida das pessoas
O debate começou com Costa da Costa contex- trazem bem-estar, pois, com os recursos tecno-
tualizando as tecnologias durante as décadas e ge- lógicos, não há como haver eventuais prejuízos
rações. “Eu sou de uma geração que escrevia cartas”, na rotina pessoal e social.
afirmou, explicando que tinha mais tempo para pen-
sar no que escreveria e em um possível arrependi- e) os avanços tecnológicos deixam evidente que
mento. Na primeira vez que enviou um fax, contou a maioria das pessoas não está preparada para
que, quando viu a folha passando pela máquina, se suportar grandes mudanças em sua vida pessoal
arrependeu imediatamente, mas percebeu que não ou profissional.
tinha mais volta. Lembrou, também, que não esta-
va preparado para aquela tecnologia, utilizando o
exemplo para mostrar de que maneira as inovações Questão 130 - (IBMEC SP Insper)
mudam o modo como as pessoas vivem e enxergam
o mundo. Segundo ele, a vida é orientada pela tec- Ao falar sobre o impacto da tecnologia no campo da
nologia, que busca, entre outras coisas, longevidade, aprendizagem, Costa da Costa pondera que a nova
inteligência e bem-estar. geração
Perguntado sobre o impacto da tecnologia no
campo da aprendizagem, o diretor do InsCer decla-
rou ser um entusiasta do processo, já que não tem a) poderá ter prejuízos severos na memória, mas
medo da tecnologia. Sobre os efeitos na educação, ainda é cedo para falar sobre eles, já que a gera-
ele lembra que antigamente a memória era muito ção dele continua tendo dificuldades de enten-
mais utilizada. Hoje, o celular tem todos os dados e der as inovações.
ninguém mais grava números de telefone, por exem-
plo. Se isso é bom ou ruim, ele diz que depende do b) mantém os mesmos padrões das gerações an-
ponto de vista. Pensando de maneira antiga e tradi- tigas ao tratar as informações, o que indica que
cional, é prejudicial. “Mas essa geração não foi feita não houve prejuízo à memória das pessoas.
para nós, essa geração foi feita para um futuro que
c) tende a juntar fragmentos de informações em
ainda temos dificuldade de entender”, explicou. Por
uma base de tempo aleatória, o que deixa claro
isso, enxerga que, se por um lado a memória foi pre-
os prejuízos que houve à memória dessa gera-
judicada, por outro a nova geração tem a capacidade
ção.
de juntar fragmentos em uma base de tempo aleató-
ria, quenenhuma outra geração tem. Além disso, o d) desenvolveu uma forma diferente de tratar as
pesquisador defende a ideia de que não existe me- informações, o que pode ser estranho para as
mória que grave a mesma coisa, cada um grava peda- gerações mais antigas, mas pode ser produtivo
ços e cria diferentes percepções no cérebro. para a atual.
(http://www.pucrs.br. Adaptado) e) desenvolveu percepções equivocadas de trata-
mento das informações, o que é prejudicial à so-
ciedade, que ainda tem dificuldade de entender
Questão 129 - (IBMEC SP Insper) as mudanças.
Essa recente reeducação dos usuários da internet O tratamento do americano Jered Chinnock, 29,
configura uma nova mudança de mentalidade que, começou com 22 semanas de reabilitação física. Em
gradativamente, condiciona a um uso mais responsá- seguida, ele recebeu o implante de um eletrodo —
vel dessa ferramenta. Sobre os dois crimes descritos responsável pela estimulação elétrica e inicialmente
no texto é correto afirmar destinado para terapia contra dor— no canal medu-
lar, abaixo da área lesionada.
Disponível em: <https://www1.fol- Nos anos 1970, em Paris, não havia como se po-
ha.uol.com.br/ciencia/2018/09/ho- sicionar num debate sem receber a questão: “Mais
mem-paraplegico-volta-a-andar-em- d’où tu parles?”, de onde você fala? E isso sobre qual-
esteira-apos-estimulacaoeletrica- quer tema que fosse.
nos-eua.shtml>. Acesso em: 24/9/18.
Cada um devia se perguntar quem estava “real-
mente” falando pela boca dele. Seguindo as ideias da
época: 1) você fala “eu penso que xyz”; 2) o “eu” que
Questão 132 - (USF SP) diz que pensa xyz é apenas o sujeito da frase “eu pen-
so”, uma espécie de ilusão gramatical, que PARECE
Os resultados da pesquisa realizada com Jered Chin-
ser o lugar de onde sai a declaração; 3) atrás desse
nock apontam para
“eu” de “eu penso”, há outro sujeito, eventualmente
ignorado por quem fala: é ele, de fato, que pensa xyz,
sem que o “eu” de “eu penso” sequer se dê conta
a) a viabilidade de estímulos gerais produzirem disso.
efeitos gradativos sobre o exoesqueleto.
Em outros termos, ao tomarmos a palavra, não
b) o cuidado com técnicas inovadoras, cujos efeitos conhecemos direito o próprio lugar de onde falamos
sobre o exoesqueleto ainda são desconhecidos. - ou melhor, desconhecemos o agente que fala pela
nossa boca. Somos divididos e escondemos (inclusive
c) a possibilidade de conjuntos de neurônios já pa- de nós mesmos) uma parte grande de nossas moti-
ralisados responderem a estímulos específicos. vações.
d) o processo muito sofisticado que requer técni- A partir dos anos 1980 e 90, a política das iden-
cas pouco produtivas para tentar localizar neu- tidades, nascida nos EUA, apoderou-se da pergunta
rônios sadios. “de onde você fala?”.
e) a produção de estímulos espontâneos por re- “De onde você fala?”, nos anos 1970, evocava
giões do cérebro cuja paralisia ainda não seja a complexidade indefinida de nossas motivações.
total. Hoje, a mesma pergunta parece se satisfazer com as
identidades que estão na cara - tipo, você é homem
ou mulher, hétero ou homo ou trans, branca ou ne-
gra, bonito ou não, rica ou pobre etc., e, portanto, é
Questão 133 - (USF SP) de lá que você fala, quer queira quer não queira.
De acordo com características como finalidade, pú- É como se os grupos aos quais pertencemos so-
blico-alvo, conteúdo e suporte de publicação, os gê- cial, histórica e geneticamente (nossas “identida-
neros textuais são elaborados de diferentes manei- des”) fossem a origem essencial de nossas motiva-
ras. No caso da pesquisa relatada pelo texto anterior, ções (escondidas ou não) e, portanto, constituíssem
é possível destacar o uso de
www.PROJETOREDACAO.com.br - 71
uma espécie de viés inevitável. política das identidades, pois uma cura psicanalítica,
em tese, serve para nos permitir de não ser apenas,
Por exemplo, posso ser feminista, mas não deixo neuroticamente, o fruto dos grupos onde nascemos,
de ser homem; posso achar qualquer racismo uma membros de uma família, de uma nação, de uma
idiotice, mas não deixo de ser branco; posso ser raça.
comunista, mas não deixo de ser burguês - e essas
coisas todas que eu “não deixo de ser” colocam em Fonte: Contardo Calligaris, psicanalista,
questão o valor do que eu digo. Seja qual for nossa texto publicado no jornal Folha de São
ideia ou militância, seríamos sempre uma quinta co- Paulo, em 9 de agosto de 2018.
luna de nossas identidades.
Falando de escravos, aliás, outra ideia forte da a) são perguntas retóricas e sem relação com o tex-
política das identidades é a das culpas que cada um to.
carregaria consigo por causa das suas identidades.
b) são perguntas imorais, pois não se deve falar de
Pareceria fácil objetar: como um branco chegado sexo publicamente.
ao Brasil nos anos 1940 seria “culpado” pela escrava-
tura no Brasil? Como um muçulmano de hoje seria c) são perguntas racistas, porque expõem os ne-
responsável pela pirataria no Mediterrâneo? Mas, de gros à condição de sujeitos sexualmente passi-
fato, adoramos assumir as culpas (ou os “direitos”) vos.
das nossas supostas identidades - provavelmente
porque adoramos qualquer coisa que alivie nossa so- d) são perguntas reveladoras sobre as preferências
lidão. sexuais dos indivíduos dos anos 1970.
Aqui, a psicanálise toma a direção oposta à da e) são perguntas irônicas frente à tese sobre gêne-
ro (raça) e identidade coincidirem.
72 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 136 - (UNIOESTE PR) A cadela Laika, tripulante da Sputnik-2, foi o primeiro
ser vivo a ir ao espaço, em novembro de 1957, quatro
Marque a alternativa CORRETA, considerando os três anos antes do primeiro homem, o astronauta Gaga-
últimos parágrafos do texto. rin.
c) Não existe culpa quando a pessoa conhece a sua Além disso, os macacos são treinados e podem fa-
identidade. zer tarefas a bordo, como acionar os comandos das
naves, quando as luzes coloridas acendem no painel,
d) A psicanálise permite que sujeito não seja ape- por exemplo.
nas o fruto dos grupos onde nasceu, membro de
uma família, de uma nação ou de uma raça. Enos foi o mais famoso macaco a viajar para o espa-
ço, em novembro de 1961, a bordo da nave Mercury/
e) Culpa e solidão são sentimentos provocados pe- Atlas 5. A nave de Enos teve problemas, mas ele vol-
las políticas de identidade como elas se apresen- tou são e salvo, depois de ter trabalhado direitinho.
tam hoje. Seu único erro foi ter comido muito depressa as pas-
tinhas de banana durante as refeições.
b) pertencimento.
a) argumento contrário.
c) acobertamento.
b) justificativa.
d) comedimento.
c) comparação.
e) distanciamento.
d) relação de condição.
e) soma de argumentos
Questão 138 - (UNIFOR CE)
Animais no espaço
Questão 139 - (UNIFOR CE)
Costuma-se acreditar que, quando se relatam dados
Vários animais viajaram pelo espaço como astronau- da realidade, não pode haver nisso subjetividade al-
tas. guma e que relatos desse tipo merecem toda a nossa
confiança porque são reflexo da neutralidade do pro-
dutor do texto e de sua preocupação com a verdade
objetiva dos fatos.
Os russos já usaram cachorros em suas experiências.
Eles têm o sistema cardíaco parecido com o dos se- Mas não é bem assim. Mesmo relatando dados ob-
res humanos. Estudando o que acontece em eles, os jetivos, o produtor do texto pode ser tendencioso e
cientistas descobrem quais problemas podem acon- ele, mesmo sem estar mentindo, insinua seu julga-
tecer com as pessoas. mento pessoal pela seleção dos fatos que está repro-
duzindo ou pelo destaque maior que confere a certos
www.PROJETOREDACAO.com.br - 73
pormenores. Questão 140 - (UNIFOR CE)
A essa escolha dos fatos e à ênfase atribuída a certos
tipos de pormenores dá-se o nome de viés.
(...)
(...)
d) chamar a atenção para o descuido com a leitura. a) as mulheres estudam mais, entretanto têm salá-
rio compatível com o dos homens.
e) alertar os leitores sobre a malícia dos textos pu-
blicitários. b) a taxa de frequência média do ensino médio en-
tre os homens brancos é maior do que a taxa das
mulheres.
74 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 141 - (UNIFOR CE) Questão 142 - (UNIFOR CE)
Elogio da memória Com licença poética
Adélia Prado
Que se vão embora Não sou tão feia que não possa casar,
Que ficassem. ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
PAES, José Paulo. Socráticas: poemas. São Paulo: Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Companhia das Letras, 2011. p.49
Inauguro linhagens, fundo reinos
www.PROJETOREDACAO.com.br - 75
Questão 143 - (UNIFOR CE) Introduzida pelo filósofo e educador austríaco Rudolf
Steiner (1861-1925) em 1919, a pedagogia Waldorf
defende que os pequenos (com até 7 anos de ida-
de) tenham apenas uma responsabilidade na escola:
brincar. Ao participar de jogos e atividades lúdicas,
meninos e meninas desenvolvem diversas habilida-
des, entre físicas e motoras, além de um estímulo
essencial para a vida: a confiança. Segundo a teoria,
nessa fase o aluno tende a gastar muita energia e se
prepara fisicamente – isso é fundamental para o seu
desenvolvimento neurológico e sensorial. Tais capa-
cidades refletem em domínio corporal, linguagem
oral e, principalmente, contribuem para a intelWi-
gência da criança.
e) ironiza a falta de interesse dos alunos. a) aprender a ler e a escrever pode excluir etapas
decisivas no desenvolvimento da criança.
Entenda por que o letramento precoce pode ser c) a educação infantil deve ter jogos e práticas lúdi-
prejudicial cas que favoreçam a escolarização.
76 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 145 - (UNIFOR CE) Estrada eu sou
Tocando em Frente
Todo mundo ama um dia
É preciso paz pra poder sorrir III. Na terceira estrofe, ainda na primeira pessoa,
apresenta as rimas “manhas/manhãs”, em que
É preciso a chuva para florir se percebe na primeira palavra – o que se apren-
de; e na segunda palavra – o que está posto.
E ir tocando em frente
É correto apenas o que se afirma em
Leitura b) I, II e IV.
c) I e II.
o gosto caprichado das coisas fora do seu tempo Questão 147 - (UNIFOR CE)
desejadas.
Do ponto de vista da composição do poema Leitura
Ao longo do muro eram talhas de barro. de Adélia Prado,é CORRETO afirmar que
www.PROJETOREDACAO.com.br - 79
c) Em I, da estrutura em forma de diálogo e do Muitas pessoas acham que, se têm um direito moral
meio de circulação da mensagem decorrem tra- a uma crença, todo mundo tem o dever de não as
ços inevitáveis de composição, como relato de privar dessa crença, o que envolve não criticá-la, não
fato vivenciado e expressão de opiniões pessoais mostrar que é ilógica ou que lhe falta apoio eviden-
do falante; o traço de imposições de atitudes ao cial. O problema é que essa é uma maneira cada vez
interlocutor é ainda inerente à forma dialogal. mais comum de pensar sobre o direito de acreditar. E
as grandes perdedoras são a liberdade de expressão
d) Em II, expõem-se dados sobre Projeto de Lei, em e a democracia.
que são referidos argumentos de apoio e argu-
mentos de reprovação ao projeto, estes bastan-
te sustentados pela perspectiva da associação
que é uma das signatárias de documento com [...] A defesa de uma crença está restrita ao uso de
finalidade de barrar sua aprovação. métodos que pertence ao espaço das razões – argu-
mentação e persuasão, em vez de força. Você tem o
e) Ainda que o tema central de I não seja o de II, direito de avançar sua crença na arena pública usan-
eles podem ser aproximados, pois I cita como do os mesmos métodos de que seus oponentes dis-
exemplo a aprovação de uma lei que é o tema põem para dissuadi-lo.
privilegiado em II; entretanto, não se podem ex-
plorar comparativamente esses textos, dada a
grande distância entre o estilo adotado em um e
no outro. O pior acontece quando crenças se materializam em
opinião, e são usadas como substitutas de argumen-
tos, quando o “Eu tenho direito às minhas crenças”
se transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”.
TEXTO: 56 - Comuns às questões: 149, 150 Crenças e opiniões não são argumentos. Mais preci-
samente, crenças diferem de opinião, que diferem
Opinião não é argumento de fatos, que diferem de argumentos. Um fato é algo
que pode ser comprovado verdadeiro. Por exemplo,
é um fato que Júpiter é o maior planeta do sistema
solar tanto em diâmetro quanto em massa. Esse fato
Aqui está uma história que pode ser verdadeira no
pode ser provado pela observação ou pela consulta a
contexto atual do Brasil. Um jovem professor de Fi-
uma fonte fidedigna.
losofia, instruindo seus alunos à Filosofia da Religião,
introduz, à maneira que a Filosofia opera há sécu-
los, argumentos favoráveis e contrários à existência
de Deus. Um dos alunos se queixa, para o diretor e Uma crença é uma ideia ou convicção que alguém
também nas onipresentes redes sociais, de que suas aceita como verdade, como “passar debaixo de uma
crenças religiosas estão sendo atacadas. “Eu tenho escada dá azar”. Isso certamente não pode ser pro-
direito às minhas crenças”. O diretor concorda com o vado (ou pelo menos nunca foi). Mas a pessoa ainda
aluno e força o professor a desistir de ensinar Filoso- pode manter sua crença, como vimos, se não pelo
fia da Religião. “direito evidencial”, apelando para o “direito moral”.
Ou ainda, pelo mesmo “direito moral”, deixar de acre-
ditar no que ela própria pensa ser evidência, como
no caso do famoso dito (atribuído a Sancho Pança):
Mas o que é exatamente um “direito às minhas cren-
“Não creio em bruxas, ainda que existam”. [...]
ças”? [...] O direito à crença, nesse caso, poderia ser
visto como o “direito evidencial”. Alguém tem um Fonte: CARNIELLI, Walter. Página
direito evidencial à sua crença se estiver disposto a Aberta. In: Revista Veja. Edição 2578,
fornecer evidências apropriadas em apoio a ela. Mas ano 51, nº 16. São Paulo: Editora Abril,
o que o estudante e o diretor estão reivindicando e 2018, p. 64 (fragmento adaptado).
promovendo não parece ser esse direito, pois isso
implicaria precisamente a necessidade de pôr as evi-
dencias à prova.
Questão 149 - (UFT TO)
Sobre a interpretação do texto, assinale a alternativa
Parece que o estudante está reivindicando outra CORRETA.
coisa, um certo “direito moral” à sua crença, como
avaliado pelo filósofo americano Joel Feinberg, que
trabalhou temas da Ética, Teoria da Ação e Filosofia
Política. O estudante está afirmando que tem o di- a) O autor expõe que opiniões pessoais devem ser
reito moral de acreditar no que quiser, mesmo em expressas em ambientes acadêmicos em detri-
crenças falsas. mento de outros, pois as opiniões manifestadas,
80 - www.PROJETOREDACAO.com.br
fora desses ambientes, podem ferir o princípio - Sabe, pai...
da liberdade de expressão.
- O que é?
b) O autor analisa a falta de conhecimento dos
professores, quanto aos conceitos presentes no -...minha mãe está livre.
campo da Ética, principalmente quando utilizam
argumentos sem fundamentação científica.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 81
frega as mãos, atento aos mínimos gestos do supe- cedores naturais da mudança climática, já que seu
rior, poderiam permanecer afundados no bem-bom ciclo reprodutivo é favorecido pelo aumento da tem-
da delegacia não fosse a ocorrência, duro renegar peratura nos ciclos oceânicos. Mas há mais fatores.
aqueles olhos estatelados, como se, escancarando- Existem evidências de que certas espécies de medu-
-os, almejassem agarrar o sopro que se esvaía, e se- sa se reproduzem com mais facilidade junto a estru-
quer uma nódoa de sangue, a lâmina da faca-de-pi- turas costeiras artificiais, como molhes e píeres. Por
car-fumo penetrara com tamanha força na linha do isso, é difícil saber se os esforços para deter, ou até
coração que se emaranhara em músculos, tendões, reverter a mudança climática, representam uma so-
ossos, obstruindo o sangramento, isso explicou o sar- lução à crescente presença de medusas nos mares,
gento, versado, e sondando vagos indícios buscam pelo menos enquanto continuem gerando proble-
acossar o assassino (...) mas em ecossistemas costeiros e cadeias alimentares
marinhas. [...]
Fonte: RUFFATO, Luiz. Vista
parcial da noite. Rio de Janeiro: No entanto – e não muito longe de Monte Hermo-
Record, 2011, p. 131. so – um cientista elucubra uma ideia mais interessan-
te: se queremos resolver o problema das medusas,
temos de parar de vê-las como um mal, e começar a
vê-las como comida.
Considerando a leitura do fragmento de O morto, é
CORRETO afirmar que: (Disponível em: <https://brasil.elpais.com/bra-
sil/2018/09/18/ciencia/1537282711_864007.
html>.)
a) o narrador lança um olhar impiedoso sobre a
miséria humana e sobre o cotidiano dos canga-
ceiros e seus crimes no sertão. Questão 153 - (UFPR)
b) a descrição minuciosa do cenário e das persona- Entre principais e secundários, o texto menciona
gens colabora para contextualizar a investigação como causas de origem antrópica da proliferação de
de um crime. medusas:
c) na linguagem há marcas estéticas e estilísticas,
com invenções vocabulares e translações de sig-
nificados. a) 2 fatores.
d) a narrativa é linear, cíclica, com vários estratos b) 3 fatores.
de significação e superposição de cenas.
c) 4 fatores.
d) 6 fatores.
TEXTO: 57 - Comum à questão: 153
e) 7 fatores.
A explosão das medusas em todo o mundo se
deve a uma série de fatores inter-relacionados. Uma
das principais causas é o excesso de pesca de seus
predadores naturais, como o atum, o que ao mesmo TEXTO: 58 - Comum à questão: 154
tempo elimina a concorrência pelo alimento e o es-
Era uma vez um lobo vegano que não engolia a
paço de reprodução. Em paralelo, diversas atividades
vovozinha, três porquinhos que se dedicavam _____
humanas em regiões costeiras também ajudam a
especulação imobiliária e uma estilista chamada Gre-
explicar o fenômeno: ali onde enormes quantidades
tel que trabalhava de garçonete em Berlim. Não de-
de nutrientes são jogadas no mar (em forma de re-
veria nos surpreender que os contos tradicionais se
síduos agrícolas, por exemplo), produzindo grandes
adaptem aos tempos. Eles foram submetidos _____
explosões de populações de algas e plânctons, que
alterações no processo de transmissão, oral ou escri-
consomem o oxigênio da água e geram as denomi-
ta, ao longo dos séculos para adaptá-los aos gostos
nadas zonas mortas. Não muitos peixes e mamíferos
de cada momento. Vejamos, por exemplo, Chapeuzi-
aquáticos conseguem sobreviver nelas, mas as me-
nho Vermelho. Em 1697 – quando a história foi colo-
dusas sim, além de encontrarem no plâncton uma
cada no papel –, Charles Perrault acrescentou _____
fonte de alimentação abundante e ideal. Quando as
ela uma moral, com o objetivo de alertar as meninas
populações de medusas conseguem se estabelecer,
quanto _____ intenções perversas dos desconheci-
as larvas de outras espécies acabam sendo parte do
dos.
cardápio também, desequilibrando a cadeia trófica.
Pouco mais de um século depois, os irmãos
As medusas são, além disso, um dos poucos ven-
Grimm abrandaram o enredo do conto e o coroa-
82 - www.PROJETOREDACAO.com.br
ram com um final feliz. Se a Chapeuzinho Vermelho Questão 154 - (UFPR)
do século XVII era devorada pelo lobo, não seria de
surpreender que a atual repreendesse a fera por sua Com relação aos contos tradicionais, a autora:
atitude sexista quando a abordasse no bosque. A for-
ça do conto, no entanto, está no fato de que ele fala
por meio de uma linguagem simbólica e nos convida a) defende a ideia de que eles precisam ser reela-
a explorar a escuridão do mundo, a cartografia dos borados, para se adequarem aos valores de cada
medos, tanto ancestrais como íntimos. Por isso ele época.
desafia todos nós, incluindo os adultos. [...]
b) concorda que deve ser proibido assustar as
A poetisa Wislawa Szymborska falou sobre um crianças por meio dos contos, para que isso não
amigo escritor que propôs a algumas editoras uma as afaste da leitura.
peça infantil protagonizada por uma bruxa. As edi-
toras rejeitaram a ideia. Motivo? É proibido assustar c) vê com bons olhos as versões dos irmãos Grimm,
as crianças. A ganhadora do prêmio Nobel, admira- que abrandaram o enredo e passaram a apre-
dora de Andersen – cuja coragem se destacava por sentar finais felizes.
ter criado finais tristes –, ressalta a importância de se
assustar, porque as crianças sentem uma necessida- d) considera a infinita repetição como um aspec-
de natural de viver grandes emoções: “A figura que to negativo dos contos, mas que é compensado
aparece [em seus contos] com mais frequência é a pela infinita variedade.
morte, um personagem implacável que penetra no
âmago da felicidade e arranca o melhor, o mais ama- e) é favorável a que tenham finais tristes e abor-
do. Andersen tratava as crianças com seriedade. Não dem situações de desigualdade, crueldade e in-
lhes falava apenas da alegre aventura que é a vida, fortúnios.
mas também dos infortúnios, das tristezas e de suas
nem sempre merecidas calamidades”. C. S. Lewis di-
zia que fazer as crianças acreditar que vivem em um
TEXTO: 59 - Comuns às questões: 155, 156
mundo sem violência, morte ou covardia só daria
asas ao escapismo, no sentido negativo da palavra. ‘Ferrugem’: um ótimo nacional encara o cyber-
bullying
Depois de passar dois anos mergulhado em re-
latos compilados durante dois séculos, Italo Calvi-
no selecionou e editou os 200 melhores contos da
tradição popular italiana. Após essa investigação li- Um celular perdido, um vídeo viralizado, e Tati, de
terária, sentenciou: “Le fiabe sono vere [os contos 16 anos, se vê no meio de um furacão que abalaria
de fadas são verdadeiros]”. O autor de O Barão nas qualquer um – e muito mais uma menina a quem
Árvores tinha confirmado sua intuição de que os con- ainda falta o equipamento emocional para lidar com
tos, em sua “infinita variedade e infinita repetição”, uma situação tão drástica de exposição da intimida-
não só encapsulam os mitos duradouros de uma cul- de e de ostracismo social. Os amigos e amigas vão
tura, como também “contêm uma explicação geral caindo fora; com os pais, ela não consegue falar. Re-
do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e net, o garoto com quem ela começava a engatar um
onde sempre se encontra o caminho para romper os flerte quando tudo começou, dá as costas a ela. E
mais terríveis feitiços”. Com sua extrema concisão, os Tati, interpretada pela ótima novata Tiffanny Dopke,
contos de fadas nos falam do medo, da pobreza, da de fisionomia suave e jeitinho cativante, sucumbe à
desigualdade, da inveja, da crueldade, da avareza... pressão.
Por isso são verdadeiros. Os animais falantes e as fa-
das madrinhas não procuram confortar as crianças, ‘Ferrugem’, do diretor Aly Muritiba, é um dos pon-
e sim dotá-las de ferramentas para viver, em vez de tos altos de uma safra surpreendentemente boa do
incutir rígidos patrões de conduta, e estimular seu cinema nacional nos últimos meses (completada ain-
raciocínio moral. Se eliminarmos as partes escuras e da por ‘Aos Teus Olhos’, ‘As Boas Maneiras’, ‘O Animal
incômodas, os contos de fadas deixarão de ser essas Cordial’ e ‘Benzinho’). Da agitação e cacofonia dessa
surpreendentes árvores sonoras que crescem na me- primeira parte do filme, Muritiba vai, na segunda me-
mória humana, como definiu o poeta Robert Bly. tade, para um estilo oposto: com atenção e reflexão,
acompanha o sofrimento de Renet (o também muito
(Marta Rebón. Disponível em: <https://brasil.elpais. bom Giovanni de Lorenzi) com as consequências do
com/brasil/2018/09/18/eps/1537265048_460929. episódio que afetou Tati. Aqui, duas visões morais
html>.) muito distintas se opõem: a do pai (Enrique Diaz),
que quer poupar Renet, e a da mãe (a calorosa Cla-
rissa Kiste), que quer obrigá-lo a enfrentar os fatos.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 83
‘Ferrugem’ está na comissão de frente dos possíveis d) maturidade – isolamento.
indicados do Brasil ao Oscar do ano que vem.
e) malícia – incapacidade de se expressar.
(Disponível em: <https://veja.abril.com.
br/tveja/em-cartaz/ferrugem-um-otimo-
nacional-encara-o-cyberbullying/>.
Acesso em 31/08/2018.) TEXTO: 60 - Comum à questão: 157
Direito à cidade
d) V – V – F – F.
13
Nessa perspectiva, o direito à cidade é, portan-
e) V – F – V – V. to, muito mais do que um direito de acesso 14 indivi-
dual ou grupal aos recursos que a cidade incorpora:
é um direito de mudar e reinventar a cidade, de 15
forma que ela atenda aos desejos mais profundos e
Questão 156 - (UFPR) às necessidades mais prementes do ser humano. 16
As expressões ‘equipamento emocional’ e ‘ostracis- Além disso, é um direito mais coletivo do que indi-
mo social’, no segundo parágrafo, podem ser inter- vidual, uma vez que reinventar a cidade depende 17
pretadas, segundo o contexto de ocorrência, respec- inevitavelmente do exercício de um poder coletivo
tivamente, como: sobre o processo de urbanização. A liberdade de fa-
zer 18 e refazer a nós mesmos e às nossas cidades é
um dos diretos humanos mais preciosos, ainda que
um 19 dos mais menosprezados.
a) objeto que regula emoções – exílio.
HARVEY, David. Cidades rebeldes:
b) capacidade de sentir emoções – exclusão. do direito à cidade à revolução urbana.
São Paulo: Martins Fontes, 2014. p.
c) experiência – falta de exposição. 28-30. (Adaptado).
84 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 157 - (UEG GO) Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando
De acordo com o texto, o direito à cidade constitui E ela inda está sambando
um dos direitos humanos mais básicos, o qual deve
Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
d) garantir às pessoas a prerrogativa de moldar o Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando
mundo em que vivem, de modo que o espaço
urbano atenda, de forma democrática, às neces- Quem não inveja a infeliz, feliz
sidades e aos desejos humanos fundamentais.
No seu mundo de cetim, assim
e) promover, de forma sistemática, a inclusão e o
Debochando da dor, do pecado
bem-estar de migrantes rurais e de grupos mar-
ginalizados, de forma a criar e recriar um espaço Do tempo perdido, do jogo acabado.
de plena realização para o ser humano.
BUARQUE, Chico. Ela desatinou.
In: Todas as canções. Rio de Ja
neiro: Record, 2004. p. 210.
TEXTO: 61 - Comuns às questões: 158, 159
Observe a imagem e leia o texto.
Questão 158 - (UEG GO)
Tanto a pintura quanto a letra de música apresenta-
das
PRAZERES, Heitor dos. Carnaval c) explicitam a ideia de que o carnaval causa uma
nos Arcos (1961), Óleo sobre tela. emoção sempre passageira.
Disponível em: <http://artenarede.
com.br/blog/index.php/ate-o-car- d) ironizam o contentamento dos que são felizes
naval-chegar/>. Acesso em: apenas em tempos de festa.
22 out. 2018.
e) abordam a vivência de pessoas que se negam a
enfrentar o cotidiano.
Ela desatinou
Questão 159 - (UEG GO)
Ela desatinou, viu chegar quarta-feira Em termos imagéticos tem-se, na pintura e na letra
www.PROJETOREDACAO.com.br - 85
da canção apresentadas, respectivamente, a repre- Tenho uma lista (não muito grande) de amizades
sentação do desfeitas ou de relacionamentos estremecidos por
causa de política. E, hoje, com o cenário ainda mais
conturbado, lamento profundamente que as coisas
tenham tomado esse caminho. Sinto saudade de al-
a) coletivo e do individual. guns mais próximos e de conhecidos que eram para
b) individual e do grupal. mim sempre uma alegria rever num post ou num
boteco. Amizades nascem pela empatia, crescem
c) individual e pictórico. com afinidades, ainda que não sejam determinadas
apenas por isso, mas por muitos critérios subjetivos,
d) pictórico e coletivo. se fortalecem com tempo, carinho e dedicação. Não
deveriam terminar por divergências políticas, porque
e) grupal e pictórico. elas sempre existirão.
Fanático por caipirinha. Fanático por samba. Fa- Ou ter o seu conceito definitivamente transforma-
nático por viagens. Há fanáticos para tudo. Ou me- do, num mundo menos louco. Que tal fanático por
lhor, há fanáticos e fanáticos. O problema é que, por livros? Ou fanático por chocolate? E, que Mozart nos
ser empregada tão à vontade (aliás, como tantas ou- perdoe, fanático por Beethoven?
tras), a palavra fanatismo banalizou-se, perdendo em * Contra o fanatismo – Amós Oz (Rio de Janeiro,
força e conteúdo. Entretanto, parece óbvio que um Ediouro, 2004).
“fanático por novela” é algo bem diferente (e bem
menos perigoso) que um “nazista fanático”.
Fanático é um termo cunhado no século XVIII Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky
para denominar pessoas que seriam partidárias ex-
tremistas, exaltadas e acríticas de uma causa religio- In: PINSKY, J.; PINSKY, C.B. (Org.). Faces do fanatis-
sa ou política. O grande perigo do fanático consiste mo.
exatamente na certeza absoluta e incontestável que São Paulo: Contexto, 2004, p. 10-13. [Adaptado]
ele tem a respeito de suas verdades. Detentor de
uma verdade supostamente revelada especialmente
para ele pelo seu deus, (portanto não uma verdade
qualquer, mas A Verdade), o fanático não tem como Questão 160 - (PUC SP)
aceitar discussões ou questionamentos racionais
No oitavo parágrafo do texto 1, ao descrever-se, a ar-
com relação àquilo que apresenta como sendo seu
ticulista tem por intenção contrastar
conhecimento: a origem divina de suas certezas não
permite que argumentos apresentados por simples
mortais se contraponham a elas: afinal, como colo-
car, lado a lado, dogmas divinos e argumentos huma- a) as hipóteses da vida pessoal dela com as certe-
nos? zas do que os candidatos realizarão.
Pode-se argumentar que as palavras de Hitler ou b) o que ela pretende concretizar e o que as cam-
as de Mao mobilizaram fanáticos tão convictos como panhas dos candidatos instituem com realiza-
os religiosos e não tinham origem divina. Ora, de cer- ções.
ta forma, eles eram cultuados como deuses e suas
palavras não podiam ser objeto de contestação, do c) as situações imaginadas por ela em relação à
mesmo modo que ocorre com qualquer conheci- própria vida com os compromissos dos candida-
mento de origem dogmática. É condição do fanático tos.
a irracionalidade.
d) os atributos e as ações pessoais com o que os
[...] candidatos dizem que realizarão.
11
A língua, ao contrário, é um todo por si e um b) A atribuição divina ao dom da linguagem huma-
princípio de 12 classificação. Desde que lhe demos o na.
primeiro lugar entre os fatos 13 da linguagem, intro- c) A diferença entre linguagem humana e comuni-
duzimos uma ordem natural num conjunto que 14 não cação animal.
se presta a nenhuma outra classificação.
d) A classificação dos tipos de língua faladas no
15
A esse princípio de classificação poder-se-ia ob- mundo.
jetar que o 16 exercício da linguagem repousa numa
faculdade que nos é dada 17 pela Natureza, ao passo e) A oposição entre língua natural e língua artifi-
que a língua constitui algo adquirido e 18 convencio- cial.
nal, que deveria subordinar-se ao instinto natural em
vez 19 de adiantar-se a ele.
v.09 Oh! Não proíbam pois ao meu retiro a) Os dois primeiros quartetos que compõem o so-
neto são marcados por uma aprofundada espe-
v.10 Do pensamento ao merencório luto culação filosófica.
v.11 A fumaça gentil por que suspiro. b) O eu lírico, no verso “Quantos moços perdidos
vejo agora!”, se furta a fazer uma lamento moral
sobre sua geração.
v.12 Numa fumaça o canto d´alma escuto...
c) Nos dois tercetos finais do poema, está explícita
v.13 Um aroma balsâmico respiro, a ideia de que o eu lírico se recolhe da vida a fim
de pensar na mulher amada.
v.14 Oh! Deixai-me fumar o meu charuto!
d) Os versos foram compostos em um tom prosai-
co, imprimindo ao soneto um ar de crônica, per-
ceptível em especial nos oito primeiros versos.
Mancebo: Rapaz
e) Há no poema uma eletrizante positividade em
Merencório: melancólico relação às potencialidades da vida.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 89
Questão 166 - (Mackenzie SP) Mancebo: Rapaz
a) por hipótese, a necessidade dos homens de es- Questão 167 - (Mackenzie SP)
tabelecer laços sociais motivou a criação das lín-
guas, que são, em definição, códigos linguísticos. Assinale a alternativa correta.
d) a função dos códigos comuns é controlar em b) Traços épicos, oriundos da poesia de Homero,
termos definitivos os usos diferenciados das lín- Virgilio e Camões, são identificáveis no soneto,
guas em situações específicas. especialmente devido às referências noturnas.
e) as línguas são iguais nas formas como concebem c) O caráter tão debatido do sentimentalismo ro-
e manifestam significados, independentemente mântico é negado nos versos: Por ti – as noites
de serem códigos diversos. eu velei chorando,/Por ti – nos sonhos morrerei
sorrindo! (v.13 e v.14).
b) descrição de dados que apontam para a dimi- a) de doenças incuráveis com compreensão e in-
nuição da psicoterapia em tratamento mental. centivo profissional.
c) apresentação de uma sucessão de verbos no b) de doenças severas e persistentes, com base na
pretérito para contar como a psicoterapia dei- medicalização.
xou de ser um tratamento relevante.
c) da saúde para prevenir doenças mentais crôni-
d) citação da revista PopScience, que revela a im- cas.
portância dos medicamentos em tratamentos
mentais. d) dos aspectos positivos de cada paciente, da to-
talidade de potências do indivíduo.
e) argumentação favorável ao tratamento que as-
socia medicamentos a psicoterapia. e) das partes sadias do corpo de indivíduos, de for-
ma geral, para lhes dar autonomia.
1
A história é recente. Fala-se em reabilitação 2 psi-
cossocial há, no máximo, quatro décadas; no entan- 1 Tu és o louco da imortal loucura,
to, 3 muitos são os usos que têm sido feitos em seu
nome. Não se 4 pode esgotar aqui os seus múltiplos O louco da loucura mais suprema.
sentidos; cabe-nos apenas 5 destacar, a voo de pássa-
ro, um pouco de sua história, seus 6 conceitos, suas A Terra é sempre a tua negra algema,
práticas, com o sentido de explorarmos o que 7 dele 4 Prende-te nela a extrema Desventura.
nos seja útil em um momento em que tentamos levar
a 8 sério uma reforma das instituições psiquiátricas
no Brasil.
Mas essa mesma algema de amargura,
9
No seu sentido instrumental, a reabilitação 10
psicossocial representa um conjunto de meios (pro- Mas essa mesma Desventura extrema
gramas e 11 serviços) que se desenvolvem para faci-
litar a vida de 12 pessoas com problemas severos e 7 Faz que tua alma suplicando gema
persistentes. Em uma 13 definição clássica da Inter-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 91
E rebente em estrelas de ternura. Jogo de fidalguia, bom barato,
Disponível em: <https://www.escritas.org>. Acesso Comer boi, ser Quixote com as damas,
em: 4 out. 2018.
Pouco estudo: isto é ser estudante.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. II. Barbie, imagem asséptica, serve de contraste
com os difíceis percursos da narradora em Porto
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. Alegre.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. III. Barbie é o apelido criado pela narradora para
Milena, sua diarista em Porto Alegre.
c) Encontrar Cícero torna-se o objetivo da protago- Mas dona Arginusa tinha como princípio rígi-
nista que, assim, mantém vivos os vínculos da do não perdoar nunca os ladrões porque muita vez
maternidade, após a decepção com a filha. um simples castigo podia corrigir um transviado ou
salvar uma alma do inferno. Por isso, chamou a po-
d) Cícero, o filho desaparecido de uma vizinha de lícia e determinou que se instaurasse o mais rigoro-
Porto Alegre, desperta na protagonista um es- so e perfeito dos inquéritos e depois de provada de
pírito detetivesco afinado com suas transforma- maneira irrefutável a culpa, aplicassem ao faltoso o
ções na nova cidade. castigo capaz de redimir de uma vez por todas da-
quela vida de crime e de pecado, amém. Foi nesse
e) Localizar Cícero em Porto Alegre é o que leva a processo que se oficializou definitivamente seu cargo
protagonista a sair da Paraíba em busca de uma de ladrão. O mais rico comerciante declarou sob os
vida abnegada. evangelhos que certa feita um caixeiro seu fez o acu-
sado desenrolar a barra de calça, na loja e de dentro
caíram três pedrinhas de sal provavelmente furtadas
no armazém onde possuía toneladas e toneladas de
Questão 177 - (UEL PR)
sal; o maior fazendeiro com a dignidade de suas dez
Com base no trecho, assinale a alternativa correta so- mil cabeças de gado de qualidade provou com deta-
bre a comparação dos espaços. lhes impressionantes que certa noite de luar os ca-
maradas viram o acusado roubar um ovo de galinha
da fazenda.
a) O prédio é espaço de maior segurança e confor- E o acusado, graças à piedosa senhora, foi recolhi-
to para a personagem, em comparação com os do à prisão por muitos anos.
perigos oferecidos pelas ruas das imediações.
(ÉLIS, Bernardo. A lavadeira cha-
b) O apartamento é um espaço que desperta mais mava-se pedra. Melhores contos
desconfiança do que a portaria pela sensação de de Bernardo Élis. 4. ed. São
perseguição. Paulo: Global, 2015. p. 111.)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 95
POIS a) ser sofrido, pobre discriminado e explorado por
seu patrão.
II. A referência ao “mais rigoroso e perfeito dos in-
quéritos”, à prova irrefutável da culpa, ao pos- b) ter uma personalidade delicada e prestativa, tra-
suidor de toneladas de sal que, sob juramento, balhadora e honesta.
acusa o ladrão de provavelmente ter furtado
“três pedrinhas de sal” e a dignidade medida em c) ser sistemático e retraído com o trabalho desen-
“dez mil cabeças de gado de qualidade” susci- volvido em casas alheias.
tam a desconfiança sobre os fatos.
d) ter a coragem de enfrentar qualquer trabalho
para bajular o sitiante amigo.
b) I, II e III.
A respeito do pensamento de Dona Alice sobre Su-
priano “ser homem de preceitos”, indique a alterna- c) I e IV.
tiva que corretamente se relaciona com a caracterís-
tica de o personagem: d) II, III e IV.
96 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 72 - Comum à questão: 181 tudo haveria 62 de ser diferente. Maria, não te esque-
ci! 63 Tá tudo aqui no buraco do peito...
MARIA
64
O homem falava, mas continuava estático, 65 preso,
1
Maria estava parada há mais de meia hora no pon-
2
fixo no banco. Cochichava 66 com Maria as palavras,
to de ônibus. Estava cansada de 3 esperar. Se a distân- sem entretanto 67 virar para o lado dela. Ela sabia o
cia fosse menor, teria 4 ido a pé. Era preciso mesmo ir que 68 o homem dizia. Ele estava dizendo de 69 dor,
se acostumando 5 com a caminhada. Os ônibus esta- de prazer, de alegria, de filho, de 70 vida, de morte,
vam 6 aumentando tanto! Além do cansaço, 7 a sacola de despedida. Do buraco- 71 saudade no peito dele...
estava pesada. No dia anterior, 8 no domingo, havia Desta vez 72 ele cochichou um pouquinho mais alto. 73
tido festa na casa da 9 patroa. Ela levava para casa os Ela, ainda sem ouvir direito, adivinhou a 74 fala dele:
restos. 10 O osso do pernil e as frutas que tinham 11 um abraço, um beijo, um carinho 75 no filho. E logo
enfeitado a mesa. Ganhara as frutas e 12 uma gorjeta. após, levantou rápido 76 sacando a arma. Outro lá
O osso a patroa ia jogar fora. 13 Estava feliz, apesar do atrás gritou 77 que era um assalto. Maria estava com
cansaço. A gorjeta 14 chegara numa hora boa. Os dois 78
muito medo. Não dos assaltantes. Não 79 da morte.
filhos 15 menores estavam muito gripados. Precisava Sim da vida. Tinha três filhos. 80 O mais velho, com
16
comprar xarope e aquele remedinho 17 de desentu- onze anos, era filho 81 daquele homem que estava ali
pir o nariz. Daria para comprar 18 também uma lata na frente 82 com uma arma na mão. O de lá de 83 trás
de Toddy. As frutas estavam 19 ótimas e havia melão. vinha recolhendo tudo. O motorista 84 seguia a via-
As crianças 20 nunca tinham comido melão. Será que gem. Havia o silêncio de todos 85 no ônibus. Apenas a
os 21 meninos gostavam de melão? voz do outro 86 se ouvia pedindo aos passageiros que
87
entregassem tudo rapidamente. O medo 88 da vida
em Maria ia aumentando. Meu 89 Deus, como seria
22
A palma de umas de suas mãos doía. 23 Tinha so- a vida dos seus filhos? 90 Era a primeira vez que ela
frido um corte, bem no meio, 24 enquanto cortava o via um assalto 91 no ônibus. Imaginava o terror das
pernil para a patroa. 25 Que coisa! Faca-laser corta até
92
pessoas. O comparsa de seu ex-homem 93 passou
a vida! por ela e não pediu nada. Se 94 fossem outros os as-
saltantes? Ela teria 95 para dar uma sacola de frutas,
um osso 96 de pernil e uma gorjeta de mil cruzeiros.
97
Não tinha relógio algum no braço. Nas 98 mãos ne-
26
Quando o ônibus apontou lá na esquina, 27 Ma- nhum anel ou aliança. Aliás, nas 99 mãos tinha sim!
ria abaixou o corpo, pegando a sacola 28 que estava Tinha um profundo corte 100 feito com faca-laser que
no chão entre as suas pernas. 29 O ônibus não esta- parecia cortar 101 até a vida. 102 Os assaltantes desce-
va cheio, havia lugares. 30 Ela poderia descansar um ram rápido. Maria 103 olhou saudosa e desesperada
pouco, 31 cochilar até a hora da descida. Ao entrar, 32 para o 104 primeiro.
um homem levantou lá de trás, do último 33 banco,
fazendo um sinal para o trocador. 34 Passou em silên-
cio, pagando a passagem 35 dele e de Maria. Ela reco-
nheceu o 36 homem. Quanto tempo, que saudades!
105
Foi quando uma voz acordou a coragem 106 dos
37
Como era difícil continuar a vida sem ele. 38 Maria demais. Alguém gritou que aquela 107 puta safada
sentou-se na frente. O homem assentou- 39 se ao lado conhecia os assaltantes. Maria 108 assustou-se. Ela
dela. Ela se lembrou 40 do passado. Do homem deita- não conhecia assaltante 109 algum. Conhecia o pai do
do com ela. 41 Da vida dos dois no barraco. Dos pri- seu primeiro 110 filho. Conhecia o homem que tinha
meiros 42 enjoos. Da barriga enorme que todos 43 di-
111
sido dela e que ela ainda amava tanto. 112 Ouviu
ziam gêmeos, e da alegria dele. Que 44 bom! Nasceu! uma voz: Negra safada, vai ver que 113 estava de co-
Era um menino! E haveria 45 de se tornar um homem. leio com os dois. Outra voz 114 ainda lá do fundo do
Maria viu, sem 46 olhar, que era o pai do seu filho. ônibus acrescentou: 115 Calma, gente!Se ela estives-
Ele continuava 47 o mesmo. Bonito, grande, o olhar 48 se junto com 116 eles, teria descido também. Alguém
assustado não se fixando em nada e em 49 ninguém. argumentou 117 que ela não tinha descido só para 118
Sentiu uma mágoa imensa. Por 50 que não podia ser disfarçar. Estava mesmo com os ladrões. 119 Foi a úni-
de outra forma? Por 51 que não podiam ser felizes? E ca a não ser assaltada. Mentira, 120 eu não fui e não
o menino, 52 Maria? Como vai o menino? cochichou o sei porquê. Maria olhou 121 na direção de onde vinha
53
homem. Sabe que sinto falta de vocês? 54 Tenho um a voz e viu um 122 rapazinho negro e magro, com fei-
buraco no peito, tamanha a 55 saudade! Tou sozinho! ções de 123 menino e que relembrava vagamente o 124
Não arrumei, não 56 quis mais ninguém. Você já teve seu filho. A primeira voz, a que acordou 125 a coragem
outros... 57 outros filhos? A mulher baixou os olhos de todos, tornou-se um grito: 126 Aquela puta, aquela
58
como que pedindo perdão. É. Ela teve 59 mais dois negra safada estava 127 com os ladrões! O dono da
filhos, mas não tinha ninguém 60 também! Homens voz levantou 128 e se encaminhou em direção à Maria.
também? Eles haveriam 61 de ter outra vida. Com eles A 129 mulher teve medo e raiva. Que merda! 130 Não
conhecia assaltante algum. Não devia 131 satisfação a
www.PROJETOREDACAO.com.br - 97
ninguém. Olha só, a negra 132 ainda é atrevida, disse d) I, II e IV.
o homem, lascando 133 um tapa no rosto da mulher.
Alguém 134 gritou: Lincha! Lincha! Lincha!... Uns pas- e) Apenas I.
sageiros 135 desceram e outros voaram em 136 direção
à Maria. O motorista tinha parado 137 o ônibus para
defender a passageira: Calma, 138 pessoal! Que loucu-
TEXTO: 73 - Comuns às questões: 182, 183
ra é esta? Eu conheço 139 esta mulher de vista. Todos
os dias, 140 mais ou menos neste horário, ela toma o
141
ônibus comigo. Está vindo do trabalho, da 142 luta
para sustentar os filhos...
143
Lincha! Lincha! Lincha! Maria punha sangue 144
pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. 145 A sacola
havia arrebentado e as frutas rolavam 146 pelo chão.
Será que os meninos 147 gostam de melão? 148 Tudo
foi tão rápido, tão breve. Maria tinha 149 saudades
do seu ex-homem. Por que estavam 150 fazendo isto
com ela? O homem havia 151 segredado um abraço,
um beijo, um carinho 152 no filho. Ela precisava chegar
em casa 153 para transmitir o recado. Estavam todos
154
armados com facas-laser que cortam até 155 a vida.
Quando o ônibus esvaziou, quando 156 chegou a po-
Disponível em:<http://anacristinapb.blogs-
lícia, o corpo da mulher já estava 157 todo dilacerado,
pot.com/2011/07/ charge-sobre-educacao-
todo pisoteado. 158 Maria queria tanto dizer ao filho
e-tecnologia.html>. Acesso em 07 de
que o pai 159 havia mandado um abraço, um beijo, um
agosto de 2018.
160
carinho.
98 - www.PROJETOREDACAO.com.br
b) O texto não estabelece relação com questões ra- Um grupo de especialistas em direitos humanos das
ciais. Nações Unidas pediu que o Brasil reconsidere seu
programa de austeridade fiscal e coloque os direitos
c) A estética das personagens representa questões humanos de sua população, que está sofrendo duras
de gênero e da população negra. consequências, no centro de suas políticas econômi-
cas.
d) Os elementos visuais favorecem a desconstru-
ção de estereótipos raciais e de gênero.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 99
Depois de um tempo, acabou se juntando a outros A Primeira Lei de Newton fala da Inércia, que é a
super- heróis integrando a Liga da Justiça. Será que a resistência a uma mudança no estado natural de re-
gente conseguiria correr por aí como o Flash? pouso ou movimento. Isso significa que um objeto
vai continuar se movendo ou continuar parado, a não
ser que algo mude isso. Ela estava parada e acelerou
até a sua velocidade em menos de um segundo. O
Nós somos uma espécie bem lenta quando compa- cérebro dela se chocaria com uma das paredes den-
rada a outras. Nossos pés e pernas evoluíram para tro do crânio no momento do seu salvamento e, ao
escalar árvores. Nós começamos a andar eretos re- parar abruptamente, o cérebro se chocaria com a ou-
centemente enquanto outros animais evoluíram de tra parede do crânio, transformando-se em mingau.
ancestrais bípedes. Neste caso, não é a velocidade que causa os danos,
mas sim a aceleração ou a parada abrupta, da mes-
ma forma que você é jogado para frente quando o
Engenheiros e pesquisadores têm se baseado em motorista do ônibus pisa fundo no freio. O que você
pernas de outros animais para dar um jeito de au- fez à moça é matematicamente a mesma coisa que
mentar a nossa velocidade. Um destes animais é a atropelá-la com uma nave espacial a 40.000 km/h.
avestruz, que corre até 64 km por hora, usando me-
tade da energia que nós. Isso é possível porque eles Disponível em: <https://medium.
têm tendões que são capazes de reciclar a energia com/ciencia-descomplicada/ super-
exercida quando os pés batem no chão e a utilizam poderes-4-super-velocidade-c0c533
para impulsionar o pé no próximo passo. Algumas 3a18a4>. Acessado em: 06.08.2018
próteses utilizadas por atletas olímpicos foram ba-
seadas nas pernas e patas da avestruz.
Questão 186 - (IFBA)
Sobre o texto é correto afirmar:
O recorde de velocidade humana é dos astronautas
da Apollo 11, que atingiram 40.000 km/h quando a
espaçonave reentrou na atmosfera terrestre. Nós
poderíamos economizar muito tempo nos movimen- a) Traz uma explicação científica que demonstra
tando nesta velocidade, mas há alguns problemas. ser possível correr tanto quanto o Flash.
d) Apreciativo.
e) Depreciativo.
100 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 76 - Comum à questão: 188 a) Se I, II e III estiverem corretas.
c) Se I e II estiverem corretas.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 101
Questão 189 - (IFSC) serviços públicos porque é mais fácil jogar a respon-
sabilidade em quem não tem voz (apesar de 17 darem
Assinale a alternativa CORRETA de acordo com o tex- braços para gerarem riqueza para o lugar em que vi-
to acima. vem) do que criar mecanismos para 18 trazê-los para
o lado de dentro do muro que os separa da dignidade
ou políticas para evitar e 19 reduzir conflitos em suas
a) Em seu texto, o autor rejeita qualquer possibili- terras de origem.
dade de ensino da ortografia oficial. 20
Qualquer pessoa que estuda migração sabe que
b) Para o autor, o aluno não pode realizar pronún- esse fluxo de gente tem sido fundamental para a 21
cias diferentes de uma mesma palavra escrita. economia do centro rico. Países desenvolvidos, como
os Estados Unidos, apesar de venderem o 22 discurso
c) Em seu texto, o autor faz uma crítica à ideia de de que querem barrar a migração não-autorizada, sa-
uma única maneira certa de falar. bem que dependem dela para ajudar 23 a regular seu
custo da mão de obra. É cômodo deixar uma massa
d) O autor propõe a criação de uma língua falada de pessoas ao largo dos direitos 24 por serem invisí-
mais próxima da ortografia oficial. veis, mas com muitos deveres e baixa remuneração.
Mas o que são favelas e 25 cortiços senão campos de
e) O autor mostra que não há uma tendência de refugiados econômicos?
forçar o aluno a falar como se escreve.
26
O relatório ‘’Tendências Globais’’, do Alto Comis-
sariado das Nações Unidas para os Refugiados 27
(Acnur), mostra que 85% dos refugiados estão nos
TEXTO: 78 - Comuns às questões: 190, 191 países em desenvolvimento, muitos dos quais 28 são
extremamente pobres e recebem pouco apoio para
Apesar da paranoia dos ricos, 85% dos refugiados
cuidar dessas populações. Outro dado 29 importante:
estão em países pobres
Quatro em cada cinco refugiados permanecem em
locais vizinhos aos de seus de 30 origem.
a) V, F, V, V, V.
Questão 190 - (IFSC)
b) V, V, V, V, F.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 103
c) V, V, V, V, V. los no alto da cabeça, sentou-se na larga poltrona em
que passava horas debruçada sobre um livro, esque-
d) F, F, F, F, V cida que estava do burburinho da vida lá fora. Quan-
do cheguei, me apontou a cadeira onde eu devia sen-
e) V, F, V, F, V. tar para ouvir o que ela tinha a me dizer. Parecia o dia
em que a classe toda tinha feito a desfeita de pôr cola
na sua cadeira de mestra. Ao sentar, a gargalhada
Questão 192 - (IFSC) explodiu e, com ela, o gesto tão conhecido de avisar
que a coisa era séria: arrastar os óculos para o alto
Leia o gráfico abaixo: da cabeça. Sentada já estava. Desconfiada, assim fi-
cou, até o término da aula, quando todos deixaram
a sala, já arrependidos da brincadeira. Ninguém quis
saber o que aconteceu quando se levantou. Naquele
dia, lá estava, e eu esperando o que ouviria, certa-
mente um sermão. Desenhou-me: a filha mais velha,
sempre enfrentando deveres, atenta às necessidades
dos pais, da avó, dos irmãos mais novos. Ou a seus
desejos? Sim senhora, responsável por preservar as
tradições da família, que há tempo sabia que haviam
deixado em suas mãos. “Está na hora de alçar voo,
descobrir sua identidade, construir sua própria histó-
ria”, disse antes de me anunciar sua aposentadoria.
Chorei. À noite, enfrentei o espelho do meu quarto.
Via em mim os traços da herança, o rigor na postura,
os vincos na testa projetados pelas constantes preo-
Fonte: Polícia Federal. Disponível em: cupações. Os olhos eram meus, achava vivos, boni-
http://www.justica.gov.br/news/de-10-1-mil-refu- tos, curiosos. O que via não era o que diziam de mim
giados-apenas-5-1-milcontinuam-no-brasil. no mercado. Menina altiva, parece que tem o rei na
Acesso em: 23 set. 2018. barriga. Nem o que ouvira uma vez numa festa junina
da igreja: Não conte com ela, nunca tem tempo pra
ajudar ninguém. Menina preguiçosa, insossa, sabe-
-se lá no que vai dar.
Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com o
gráfico. (Mariana Assis, inédito)
c) Em 2016, o número de solicitações de refúgio a) O que segue a Chorei representa passos da bus-
recebido foi igual ao número de solicitações ca de uma identidade, que inclui balanço entre o
concedidas. ponto de vista da personagem sobre si e outros
pontos de vista sobre ela.
d) O número de solicitações de refúgio no Brasil di-
minuiu a partir de 2011. b) A personagem valeu-se das palavras desfeita e
brincadeira para reportar-se ao mesmo referen-
e) O número de solicitações de reconhecimento da te − a segunda palavra corresponde à retificação
condição de refugiado no Brasil aumentou em da aluna acerca do seu julgamento anterior, fei-
relação a 2011. to quando a classe pôs cola na cadeira.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 105
No contexto dado, a frase Por esta via, a sociedade a) revive o mesmo drama, no mesmo estilo, do
imperial encontrava um lugar para os homens livres poeta Gonçalves Dias em sua “Canção do exílio”.
pobres e os escravos: sua incorporação era simbólica
deve ser entendida de modo a fazer compreender b) revela a tensão de alguém que precisa reafirmar
sua história e sua identidade num país estran-
geiro.
a) que a incorporação do escravo nas igrejas cató- c) mostra que o poeta sucumbiu à tentação de dis-
licas era a saída de que dispunham para se liber- solver em ameno lirismo sua estada em outro
tarem das duras amarras da escravidão. país.
b) as razões pelas quais os senhores proprietários d) faz ver que a distância do país natal enfraquece
de terra não estabeleciam qualquer diferença as formas discursivas e leva ao experimentalis-
entre o homem escravizado e o homem pobre mo de vanguarda.
livre.
e) constitui uma espécie de reportagem a que o
c) o fato de que os escravos contavam, muitas ve- poeta se dedica para deixar vivas as impressões
zes, com igrejas especialmente destinadas aos do novo país.
seus cultos, sempre respeitados os parâmetros
do catolicismo.
d) que o simbolismo religioso era tão frágil que mui- TEXTO: 82 - Comuns às questões: 198, 199, 200,
tas vezes os dogmas da igreja católica cediam es- 201, 202
paço para valores da caminhada abolicionista.
Relativismos e divisões
e) os motivos que levavam os escravos e os ho-
mens pobres livres a se associar à igreja para um
combate simbólico contra o regime de servidão.
Costuma ser irritante a expressão “ah, isso é re-
lativo”, especialmente quando aplicada sobre uma
verdade que julgamos absoluta. Mas o relativismo
TEXTO: 81 - Comum à questão: 197 vive, exatamente, da desconfiança quanto a qualquer
absoluto. O relativista suspende julgamentos defini-
O caso é que eu tinha convidado um grupo de ami- tivos, como Sócrates já fazia nos diálogos com seus
gos para ouvir a gravação em K-7 do último e belíssi- pares, na Grécia antiga.
mo poema de Ferreira Gullar, chamado Poema sujo,
que o poeta lera para mim em seu exílio em Buenos O certo é que os praticantes do relativismo não
Aires, em outubro de 1975. Um poema de largo fôle- têm vida fácil. O que foi mais importante no caminho
go, em que ele atinge uma universalidade como não da civilização: o domínio do fogo ou a invenção da
se via na poesia brasileira desde que Drummond es- roda? Do ângulo da cozinheira ou de um motorista,
creveu Sentimento do mundo e A rosa do povo. Eu, a resposta não parece difícil, mas um relativista não
sinceramente, já havia perdido a memória da emo- apenas hesitará na resposta como duvidará do méri-
ção poética num tal grau de intensidade. Minha emo- to da pergunta. E se tivéssemos que escolher entre o
ção poética se transferira muito mais – em vista do princípio das alavancas ou o da propulsão nuclear? E
verbo leucêmico ou verborrágico dos poetas novos, se formos até à Bíblia, para perguntar: quem pecou
sua esterilidade ou mero tecnicismo – para as letras mais, Adão ou Eva? O relativista responderá: mas o
de Chico, Caetano e Gil, com músicas e palavras casa- que é pecado? Numa rebelião popular contra uma
das em perfeito conúbio (...). ditadura chovem pedras e paus no ar, todo mundo
está em risco – e o dono da vidraçaria, apolítico, sorri.
(MORAES, Vinicius. “Poema sujo de Numa eleição é frequente que o relativista se abste-
vida”. In: GULLAR, Ferreira. nha. Ah, a política, que prato cheio para os relativis-
Poesia completa, teatro e prosa. tas: quem tinha razão na guerra da Criméia? Por que
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. xxxix). caiu Napoleão? Personalidades conduzem as massas
Originalmente publicado na Revista Manchete, em ou estas fundam as lideranças? No Brasil do século
1976) passado: a queda do primeiro governo Vargas foi o
fim de uma ditadura ou novo golpe? Os historiado-
res, por vezes, têm que enfrentar o duro dilema da
escolha, esta que é o inferno dos relativistas.
Questão 197 - (PUCCamp SP)
O relativismo comparece em todas as áreas. Quem
Como poesia típica de um exilado por motivos políti- foi maior: o Newton, com suas três leis fundamentais,
cos, o intenso Poema sujo, que o poeta maranhense ou o Einstein, ao demonstrar, entre outras coisas,
Gullar escreveu em Buenos Aires, que “É preciso estar em constante movimento para
106 - www.PROJETOREDACAO.com.br
manter o equilíbrio”? No campo das fábulas, muitas planetária, segundo a qual tudo parece condenado
têm duas versões conclusivas, como a da cigarra e da a ser efêmero, tudo parece estar à espera de sua
formiga. As religiões dividem-se quanto aos valores e imediata superação. Uma multidão de pessoas en-
perfis divinos; na política, o embate é a lei, e as po- tretidas cada uma em seu celular é um cenário que
sições de classe relativizam o valor de um fato. Aliás confirma uma orientação geral para a pluralidade de
o fato também se relativiza, ao ser rebaixado a opi- interesses, dentro da qual tudo parece ser tão decisi-
nião. O fenômeno contemporâneo das migrações em vo quanto relativo. É essa nossa marca de modernos?
massa abre discussão sobre o papel ou a existência
mesma de fronteiras nacionais. Não era para apagá- (Aristeu Gonçalves Filho, inédito)
-las que nasceu a decantada globalização?
d) O fato “também” se relativiza se quem o obser- É possível que no século XXI desenvolvam-se as
va o descreve de modo pouco preciso, valendo- contradições próprias do relativismo: a permanência
-se de termos que afetam a fidelidade ao real e na posição relativista acaba sendo sua condenação a
o tornam passível de julgamento negativo. um absoluto, o do adiamento sistemático da escolha.
O intimismo confidencial e a vida privada não
e) A opinião é considerada um rebaixamento por- combinam muito com a internet e os smartphones;
que quem a expressa não é jamais um especialis- as noções mesmas de interesse público e interesse
ta, mas pessoas comuns, de quem não se espera privado parecem pouco nítidas, ou mesmo desneces-
rigor na interpretação da realidade concreta. sárias. O crescente avanço das ciências e das várias
tecnologias parece favorecer uma posição relativista
planetária, segundo a qual tudo parece condenado
a ser efêmero, tudo parece estar à espera de sua
Questão 200 - (PUCCamp SP) imediata superação. Uma multidão de pessoas en-
tretidas cada uma em seu celular é um cenário que
Costuma ser irritante a expressão “ah, isso é relativo”, confirma uma orientação geral para a pluralidade de
especialmente quando aplicada sobre uma verdade interesses, dentro da qual tudo parece ser tão decisi-
que julgamos absoluta. Mas o relativismo vive, exa- vo quanto relativo. É essa nossa marca de modernos?
tamente, da desconfiança quanto a qualquer abso-
luto. O relativista suspende julgamentos definitivos,
como Sócrates já fazia nos diálogos com seus pares,
na Grécia antiga. I. A frase É possível que no século XXI desenvolvam-
se as contradições próprias do relativismo traz
subentendida a ideia de que contradições pró-
prias do relativismo já existem.
Considerado o parágrafo acima, comenta-se com
propriedade: II. O segmento a permanência na posição relativis-
ta acaba sendo sua condenação a um absoluto
expressa a motivação do autor para manifestar
a) A formulação uma verdade que julgamos abso- o que considera possível no século XXI.
luta sinaliza que o falante sabe que o valor abso- III. Na frase É possível que no século XXI
luto que atribui à verdade pode ser contestado desenvolvam-se as contradições próprias do
por outra ou outras pessoas. relativismo, a palavra destacada é um pronome
b) O segmento a expressão “ah, isso é relativo” reflexivo.
exerce a função sintática de objeto direto. IV. A frase final do texto, em modo de indagação,
c) O segmento Costuma ser irritante a expressão expressa um convite à reflexão sobre a socieda-
“ah, isso é relativo” demonstra que o autor con- de contemporânea, especialmente no que se re-
sidera a citada irritação como decorrência obri- fere a seus paradoxos.
gatória do uso da expressão.
d) Se o segmento quando aplicada sobre uma ver- Está correto o que se afirma em
dade que julgamos absoluta fosse alterado para
“se for aplicada sobre uma verdade que o cará-
ter absoluto é reconhecido por nós”, a correção
e o sentido originais não seriam prejudicados. a) I, II, III e IV.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 109
Questão 203 - (UERJ) maneira que os estudantes de física, engenharia 14e
química poucas vezes voltam a ter contato com a li-
Em relação à polêmica abordada pelo autor, os três teratura, a história e a sociologia. É triste 15notar que
primeiros parágrafos atendem ao objetivo de: a especialização na formação dos indivíduos costuma
deixá-los distantes de partes 16importantes da nossa
cultura, da qual as ciências físicas e as humanidades
a) indicar um eufemismo fazem parte.
pre se detecta é que os estudantes não 7conseguem humano. Se músicas e poesias inspiram as 39mentes
compreender a linguagem matemática na qual, mui- e os corações, podemos mostrar que a ciência, em
tas vezes, os conceitos físicos são 8expressos. Outro particular a física, também é algo 40inspirador e belo,
ponto importante é que as questões que envolvem capaz de criar certa poesia e encantar não somente
a física são apresentadas 9fora de uma contextuali- aos físicos, mas a todos os 41poetas da natureza.
zação do cotidiano das pessoas, o que dificulta seu
aprendizado. Por 10fim, existe uma enorme carência ADILSON DE OLIVEIRA
de professores formados em física para ministrar as Adaptado de cienciahoje.org.br, 08/08/2016.
aulas da 11disciplina.
12
As pessoas que vão para o ensino superior e que
não são da área de ciências exatas praticamente
13
nunca mais têm contato com a física, da mesma
110 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 205 - (UERJ) a) evolução
c) linearidade
Vejam como as águas de repente ficam sujas Três teses sobre o avanço da febre amarela
6
Como tudo começou? Os navios portugueses vindos
O tempo, além de relacionado aos fenômenos natu- da África nos séculos XVII e XVIII não 7 trouxeram ao
rais, é também condicionador das vidas humanas. Brasil somente escravos e mercadorias. Dois inimigos
silenciosos vieram junto: o 8 vírus da febre amarela e
Na letra da canção de Gilberto Gil, a dimensão do o mosquito Aedes aegypti. A consequência foi uma
tempo histórico destacada é denominada: série de surtos de 9 febre amarela urbana no Brasil,
com milhares de mortos. Por volta de 1940, a febre
amarela urbana 10 foi erradicada. Mas o vírus migrou,
www.PROJETOREDACAO.com.br - 111
pelo trânsito de pessoas infectadas, para zonas de Os casos acontecem exatamente nas áreas onde eu
floresta na 11 região Amazônica. No início dos anos havia 38 recomendado a vacinação. A Secretaria está
2000, a febre amarela ressurgiu em áreas da Mata correndo atrás do prejuízo”. Desde julho de 2017, 39
Atlântica. 12 Três teses tentam explicar o fenômeno. mais de 100 pessoas foram contaminadas em São
Paulo e mais de 40 morreram.
13
Segundo o professor Aloísio Falqueto, da Univer-
sidade Federal do Espírito Santo, “uma pessoa 14 pe- 40
O Ministério da Saúde afirmou em nota que, desde
gou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlântica 2016, os estados e municípios vêm sendo 41 orienta-
depois, possivelmente na altura de Montes 15 Claros, dos para a necessidade de intensificar as medidas de
em Minas Gerais, onde surgiram casos de macacos e prevenção. A orientação é que 42 pessoas em áreas
pessoas infectadas”. O vírus teria 16 se espalhado por- de risco se vacinem.
que os primatas da mata eram vulneráveis: como o
vírus desaparece da região 17 na década de 1940, não NATHALIA PASSARINHO
desenvolveram anticorpos. Logo os macacos passa-
ram a ser mortos por 18 seres humanos que temem Adaptado de bbc.com, 06/02/2018.
contrair a doença. O massacre desses bichos, porém,
é um “tiro no 19 pé”, o que faz crescer a chance de
contaminação de pessoas. Sem primatas para picar Questão 207 - (UERJ)
na copa das 20 árvores, os mosquitos procuram san-
gue humano. A frase que contém uma explicação do conteúdo da
frase anterior está sublinhada em:
21
De acordo com o pesquisador Ricardo Lourenço,
do Instituto Oswaldo Cruz, os mosquitos 22 trans- a) Desde o início de 2017, foram confirmados 779
missores da doença se deslocaram do Norte para o casos, 262 deles resultando em mortes. Trata-se
Sudeste, voando ao longo de rios e 23 corredores de do maior surto da forma silvestre da doença já
mata. Estima-se que um mosquito seja capaz de voar registrado no país. (Refs. 3-5)
3 km por dia. Tanto o homem 24 quanto o macaco,
quando picados, só carregam o vírus da febre amare- b) Dois inimigos silenciosos vieram junto: o vírus
la por cerca de três dias. 25 Depois disso, o organismo da febre amarela e o mosquito Aedes aegypti.
produz anticorpos. Em cerca de dez dias, primatas A consequência foi uma série de surtos de febre
e humanos ou 26 morrem ou se curam, tornando-se amarela urbana no Brasil, com milhares de mor-
imunes à doença. tos. (Refs. 7-9)
1
A flutuação do gosto em relação aos poetas é nor- A relação que se estabelece entre essa declaração
mal, como é normal a sucessão dos modos 2 de fazer inicial do crítico Antonio Candido e o restante de seu
poesia. Pelo visto, Vinicius de Moraes anda em baixa texto pode ser definida pela seguinte sequência:
acentuada. Talvez o seu prestígio 3 tenha diminuído
porque se tornou cantor e compositor, levando a opi-
nião a considerá-lo mais 4 letrista do que poeta. Mas
deve ter sido também porque encarnou um tipo de a) problema – solução
poesia oposto a 5 certas modalidades para as quais
b) abstração – realidade
cada palavra tende a ser objeto autônomo, portador
de maneira 6 isolada (ou quase) do significado poé- c) pressuposição – asserção
tico.
d) generalização – particularização
7
Na história da literatura brasileira ele é um poeta
de continuidades, não de rupturas; e o nosso 8 é um Questão 210 - (UERJ)
tempo que tende à ruptura, ao triunfo do ritmo e
mesmo do ruído sobre a melodia, assim 9 como ten- A articulação do primeiro com o segundo parágrafo
de a suprimir as manifestações da afetividade. Ora, revela o seguinte eixo principal da argumentação do
Vinicius é melodioso e não tem medo 10 de manifes- crítico:
tar sentimentos, com uma naturalidade que deve
desgostar as poéticas de choque. 11 Por vezes, ele
chega mesmo a cometer o pecado maior para o nos-
a) valorização de versos coloquiais
so tempo: o sentimentalismo. 12 Isso lhe permitiu dar
estatuto de poesia a coisas, sentimentos e palavras b) descrição de uma poética singular
extraídos do mais singelo 13 cotidiano, do coloquial
mais familiar e até piegas, de maneira a parecer mui- c) contestação de artistas modernos
tas vezes um seresteiro 14 milagrosamente transfor-
mado em poeta maior. João Cabral disse mais de uma d) exaltação de uma obra convencional
vez que sua própria 15 poesia remava contra a maré
da tradição lírica de língua portuguesa. Vinicius se-
ria, ao contrário, 16 alguém integrado no fluxo da sua
corrente, porque se dispôs a atualizar a tradição. Isso Questão 211 - (UERJ)
foi possível 17 devido à maestria com que dominou o Com base nas ideias apresentadas no texto, a metá-
verso, jogando com todas as suas possibilidades. fora um raro malabarista (l. 22) sugere que o poeta
articula os seguintes aspectos em sua poesia:
18
Ele consegue ser moderno usando metrificação e
cultivando a melodia, com uma imaginação 19 reno- a) humor e seriedade
vadora e uma liberdade que quebram as convenções
e conseguem preservar os valores 20 coloquiais. Rigo- b) tradição e inovação
roso como Olavo Bilac, fluido como o Manuel Bandei-
ra dos versos regulares, terra 21 a terra como os poe- c) erudição e formalismo
mas conversados de Mário de Andrade, esse mestre
do soneto e da crônica 22 é um raro malabarista. d) musicalidade e silêncio
ANTONIO CANDIDO
d) independentes
9 De repente, não mais que de repente Essa reação é marcada pelo sentimento de:
Fez-se de triste o que se fez amante
b) libertação
12 Fez-se do amigo próximo o distante c) resignação
Fez-se da vida uma aventura errante d) preocupação
De repente, não mais que de repente.
A partir dessa seleção, os estados emocionais por E que a vida não quer, de tão perfeita.
que passa o poeta podem ser definidos como:
114 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Tão cheia de pudor que vive nua. TEXTO: 89 - Comuns às questões: 218, 219
A BANALIDADE DO MAL
* Corifeu: personagem sempre presente no anti-
go teatro grego.
1
Muito se ouve, se fala e se sente acerca da violência.
O ódio se encontra disseminado, como 2 se não fosse
possível habitar o mesmo espaço do outro que pensa
Questão 215 - (UERJ) e age diferente. A violência 3 institucional do Estado
prolifera. Contudo, as práticas sociais agressivas não
Os dois primeiros versos do soneto sugerem uma ad- se resumem à 4 tradicional oposição Estado versus
vertência dirigida aos apaixonados. sociedade. Entre cada indivíduo das comunidades,
Com base na leitura do poema, essa advertência se dos bairros, 5 dos mesmos transportes públicos, ron-
baseia no pressuposto de que a paixão é capaz de da o fantasma da violência.
provocar estado de:
6
Certamente, as causas desses fenômenos são múl-
a) apatia tiplas, talvez tanto quanto o são suas ocorrências. 7
Sofrem mais do dinamismo da continuidade do que
b) carência das rupturas. Apesar das várias facetas sob 8 as quais
poderíamos analisar a violência estrutural, há certos
c) contrariedade mecanismos e estratégias que se 9 repetem. Como
funcionam? Mais ainda: quais funções e dispositivos
d) vulnerabilidade de manutenção dessas 10 práticas se atualizam no
mundo do trabalho, na sociabilidade desigual e na
urbanidade precária?
Questão 216 - (UERJ)
No soneto, é possível reconhecer a configuração de 11
A continuidade, permanência e sofisticação dos
um espaço caracterizado pelo seguinte aspecto: modos da violência poderiam ser sintetizadas, na 12
experiência brasileira, em duas formas fundamentais
e dominantes: o racismo e o machismo. O 13 país cor-
a) composição teatral dial e democrático, em seu cotidiano, tem três mu-
lheres assassinadas por dia. E a maioria 14 das vítimas
b) inspiração bucólica é composta de mulheres negras. Se o normal é a vio-
lência, o racismo e o machismo, de 15 que modo a
c) atmosfera fúnebre mulher ou o jovem negro podem experimentar uma
autodefinição de sua existência, 16 condição necessá-
d) tradição religiosa ria para repensar o quadro de violência?
b) antitética 21
Porém, com a narrativa de construção do Estado de
c) denotativa direito, soberano, centralizado, formado pelos 22“bra-
sileiros”, subjaz franco e atuante, ainda que silencio-
d) metalinguística so e rasteiro, o discurso do conflito, do 23 inimigo, das
lutas que continuam, que permanecem constituti-
vas da existência do país. Os vivas à 24 democracia, à
Constituição, às leis e à ordem convivem com o ódio
ao outro via racismo agressivo, 25 preconceito contra
www.PROJETOREDACAO.com.br - 115
o nordestino, dentre outros. Questão 219 - (UERJ)
26
A ideia de sermos um único sujeito, o brasileiro ale-
gre e complacente, convive com a prática da 27 dife-
rença não tolerada, com a consideração do outro, do
estranho, do estrangeiro, como aquele 28 que não é
“nós”. A produção do outro e, portanto, a continuida-
de histórica da violência se devem, 29 em grande me-
dida, à persistência e ao incremento do racismo e do
machismo, autorizando a 30 agressão física ou moral.
31
Qualquer saída para essa situação somente terá
alguma possibilidade de efetivação sob políticas, 32
atos e afetos de respeito às mulheres, aos jovens ne-
gros e aos que não têm posses, pois são essas 33 as
subjetividades e as sociabilidades que são alvos das
estruturas violentas.
EDSON TELES
HENFIL
Adaptado de diploma-
tique.org.br, 18/09/2017. Adaptado de google.com.
a) nostalgia
Para ele, essa disseminação é autorizada pelo seguin-
b) esperança
te aspecto social:
c) ambição
d) ilusão
a) garantia de direitos às minorias
1
“Desafiando e brincando, ao longo de 35 anos de
fidelidade à poesia, Vinícius construiu este Livro 2 dos
sonetos, do qual se poderá dizer, sem querer bancar
o profeta, que o público já consagrou, 3 com o que dá
provas de bom gosto e discernimento. De todas as
formas poéticas, fora a quadrilha 4 em redondilhas, o
soneto é por certo a mais popular, inclusive – ou so-
bretudo – porque de mais 5 fácil memorização. A uni-
dade da peça e até o galope dos versos, quase sem-
pre heroicos, assim 6 como a distribuição geométrica
e visual em quartetos e tercetos, são bons arrimos
para a memória, 7 que aliás, em matéria de sonetos,
é ajudada pelo seu melhor servo, que é o coração.
116 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Saber de cor, 8 no caso, é mesmo saber de coração.” Eu possa me dizer do amor (que tive):
OTTO LARA REZENDE. Que não seja imortal, posto que é chama
a) enaltecimento da vida
a) valorizar ideia lúdica
b) reconhecimento da ilusão
b) redefinir conceito popular
c) aceitação do desencontro
c) desconstruir senso comum
d) intensificação do sentimento
d) promover reflexão linguística
www.PROJETOREDACAO.com.br - 117
E que a motiva desde de manhã. idade, altura, peso, massa muscular, cor e textura dos
cabelos, cor 8 e formato dos olhos, cor da pele etc.
- Como é que pode, digo-me com espanto A priori, não existe absolutamente nenhuma razão
para 9 valorizar mais uma ou outra dessas caracterís-
A luz e a treva se quererem tanto... ticas no exercício de investigação.
VINICIUS DE MORAES
10
Nem todos esses traços têm a mesma relevância.
Há características que podem nos fornecer 11 infor-
Questão 222 - (UERJ)
mações sobre a origem geográfica ancestral das pes-
Nas descrições que faz, o poeta conjuga diferentes soas: uma pele negra pode nos levar a 12 inferir que a
referências, como a astrologia e as religiões afro-bra- pessoa tem ancestrais africanos, olhos puxados evo-
sileiras. Além dessas, para caracterizar a figura femi- cam ancestralidade oriental 13 etc. E isso é tudo: não
nina, alude-se também ao seguinte tipo de texto: há absolutamente mais nada que possamos captar à
flor da pele. Pense 14 bem. O que têm a pigmentação
da pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do
cabelo a ver 15 com as qualidades humanas singulares
a) novelas eróticas que definam uma individualidade existencial?
b) contos de fadas
c) receitas culinárias 16
Em nítido contraste com as conclusões do experi-
mento de observação empírica acima, está 17 a rigidez
d) narrativas de folclore da classificação da humanidade feita pelo naturalista
sueco Carl Linnaeus, em 1767. 18 Ele apresentou, pela
primeira vez na esfera científica, uma categorização
Questão 223 - (UERJ) da espécie humana, 19 distinguindo quatro raças prin-
cipais e qualificando-as de acordo com o que ele con-
Todo o soneto se estrutura a partir de uma antítese siderava suas 20 características principais:
que indica a seguinte temática central:
a) assunção do desejo
b) aceitação da dúvida
c) necessidade de convivência
d) mudança de comportamento
118 - www.PROJETOREDACAO.com.br
passíveis e preguiçosas”, e que as de olhos 29 puxados Comparando as quatro categorias apresentadas pelo
fossem predispostas a “melancolia e avareza”. naturalista sueco Carl Linnaeus, a perspectiva adota-
da em sua classificação pode ser definida como:
30
Esse é um exemplo do absurdo da perspectiva essen-
cialista ou tipológica de raças humanas. 31 Nesse para- a) neutra
digma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele
mais ou menos pigmentada, 32 ou o cabelo mais ou me- b) parcial
nos crespo – ele tem de ser definido como “negro” ou
“branco”, rótulo 33 determinante de sua identidade. c) universal
d) homogênea
34
Esse tipo de associação fixa de características físi-
cas e psicológicas, que incrivelmente ainda persiste 35
Questão 226 - (UERJ)
na atualidade, não faz absolutamente nenhum sen-
tido do ponto de vista genético e biológico! O 36 ge- No último parágrafo, o autor expressa uma crítica à
noma humano tem cerca de 20 mil genes e sabemos teoria de Linnaeus, por reconhecer na classificação
que poucas dúzias deles controlam a 37 pigmentação que este propôs o seguinte problema:
da pele e a aparência física dos humanos. Está 100%
estabelecido que esses genes 38 não têm nenhuma
influência sobre qualquer traço comportamental ou
intelectual. a) omissão
d) fragmentação
Alguns anos atrás, praticamente todo mundo usa- (Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 17/07/2016)
va o carro para mandar uma mensagem ao mundo. A
bandeira da Jamaica informava aos demais cidadãos
que ali dentro daquele Fusca havia um cara que cur- ¹Marina Wisnik: cantora brasileira, compositora,
tia reggae, provavelmente fumava maconha e entre atriz, escritora e arte-educadora.
passar as férias em Berlim ou Itacaré, preferiria Itaca-
ré. O “Je parle”, da Aliança Francesa, informava que
ali dentro daquele Uno havia uma garota que curtia
Godard, provavelmente usava boina e entre um pi- Questão 230 - (ESPM RS)
quenique no parque e uma ida ao Playcenter, ficaria
com o piquenique. “OPTei” informava a todos que o Logo no primeiro parágrafo, ao fazer um jogo de pa-
motorista da Variant era petista. “Deus é fiel” infor- lavras no segmento: “na epiderme dos automóveis
mava a todos que o motorista da Brasília era cristão (ou autoimóveis?)”, o autor revela:
– embora, por anos, eu tenha pensado que a ideia
fosse mostrar que Deus torcia pro Corinthians.
a) estupefação pelo fato de o automóvel passar a
Minha hipótese – se me permitem uma rápida so-
ter um valor tão alto que se equiparou ao valor
ciologia de botequim – é que os adesivos foram engo-
de um imóvel.
lidos pelas redes sociais. Antes, estávamos soltos na
multidão. Era preciso afirmar nossas individualidades b) constatação de que o automóvel se tornou um
no meio da geral. Como não sabíamos quem ao nos- lugar em que o motorista passa tanto tempo
so redor era católico, maconheiro, cinéfilo, petista quanto passa em seu imóvel.
ou tucano, o alvo do nosso marketing pessoal era a
cidade inteira, o carro era nosso outdoor particular. c) questionamento irônico pelo fato de um meio
www.PROJETOREDACAO.com.br - 121
de locomoção não poder locomover-se, inva- e) o uso de insulfilms nos carros é uma metáfora
riavelmente preso a um congestionamento no simbólica da falta de visão humanística em rela-
trânsito. ção aos problemas que correm no mundo.
e) dúvida filosófica dentro de uma sociedade ma- O título do artigo está relacionado:
terialista que tem como aspirações principais o
automóvel e o imóvel.
a) ao mundo cada vez mais egocêntrico, produzi-
dor de segmentos da sociedade considerados
Questão 231 - (ESPM RS) “freaks”.
Para o autor, só não se pode afirmar que os adesivos b) ao casulo individualista em que se isola o ser,
de carro: tornando o sujeito mais intolerante em relação
ao outro, ao diferente.
b) a alta de juros norte-americanos fazem investi- Assinale a alternativa em que ocorra a possibilidade
dores fugirem de mercados de risco. de dupla leitura:
b) por não gostar de apelidos, o pai de Brás Cubas Disponível em: https://tinyurl.com/y9b94sq4. Acesso em
preferiu nomes próprios oriundos de nobres. 06.10.18
e) o pai de Brás Cubas buscou subterfúgios para a a) a construção dessa narrativa se dá na junção en-
origem do sobrenome no intuito de valorizar so- tre poesia e música, priorizando a sonoridade da
cialmente sua família. escrita.
124 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 100 - Comum à questão: 241 E agora, José?
e agora, José?
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
www.PROJETOREDACAO.com.br - 125
doente de tristeza, por ter visto que, como serva, és
mais formosa que ela.
[...]
JULIETA – Ai de mim!
[...]
Disponível em: https://tinyurl.com/y8h9asg3. Acesso em
11.10.18 JULIETA – Romeu, Romeu! Ah! por que és tu Romeu?
Renega o pai, renuncie o seu nome; ou então, se não
quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque
uma Capuleto deixarei de ser logo.
Questão 242 - (ETEC SP)
ROMEU (à parte) – Continuo ouvindo-a mais um pou-
Na tirinha, o Rato Ruter faz um pedido a Níquel: um co, ou lhe respondo?
pedaço de seu queijo. No entanto, Níquel não enten-
de o pedido. Assim, o humor da tira é gerado, pois JULIETA – Meu inimigo é apenas o teu nome. Conti-
Níquel nuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não
fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé,
nem braço ou rosto, nem parte alguma que perten-
ça ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples
a) parece não prestar atenção ao pedido nos dois nome? O que chamamos rosa, sob uma outra de-
primeiros quadrinhos. signação teria igual perfume. Assim Romeu, se não
b) deixa claro não querer compartilhar seu queijo tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa
antes de uma ordem expressa. perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca
teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma
c) só entende o pedido por meio da linguagem in- de ti mesmo, fica comigo inteira.
formal e do grito, expresso pelas letras em ne-
grito. ROMEU – Sim, aceito tua palavra. Dá-me o nome
apenas de amor, que ficarei rebatizado. De agora em
d) tem em suas mãos um objeto que não se trata diante não serei Romeu.
de uma substância e nem uma guloseima, pala-
vras expressas como sugestão. [...]
e) entende a solicitação desde o primeiro quadri- JULIETA – Dize-me como entraste e porque vieste.
nho, mas só resolve respondê-la quando seu in- Muito alto é o muro do jardim, difícil de escalar, sen-
terlocutor usa palavras de seu repertório. do o ponto a própria morte - se quem és atendermos
- caso fosses encontrado por um dos meus parentes.
ROMEU E JULIETA, ATO II, Cena II – Jardim dos ROMEU – Ai de mim! Há mais risco em seu olhar do
Capuletos. Entra Romeu. que em suas espadas. Seu carinho é a única barreira
ao seu rancor. [...]
126 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 243 - (ETEC SP) ção teatral.
A partir da leitura do texto, é possível afirmar que c) um poder quase mágico capaz de dar vida ao
que não está presente, pois “transporta vozes
humanas”, ao mesmo tempo em que constrói
barreiras.
a) a relação amorosa entre Romeu e Julieta está
sendo terminada naquele momento. d) a função de corromper sua favorita, pois separa-
ria a noiva de seus ideais religiosos, representa-
b) Julieta recusa seu próprio sobrenome Montec- dos pelos histriões.
chio para evitar problemas posteriores.
e) o papel de garantir proteção, pois a palavra es-
c) o conflito estabelecido entre Julieta e Romeu crita garante uma aproximação entre ela, Escra-
deve-se somente por seus sobrenomes. va, e sua favorita.
d) a personagem Romeu vai até a casa de Julieta,
pois estava fugindo de seus parentes.
TEXTO: 104 - Comum à questão: 245
e) Romeu vive um dilema decorrente da dúvida se
deve ou não continuar conversando com Julieta. Leia o texto e a charge de Alberto Montt.
TEXTO: 103 - Comum à questão: 244 Charles Baudelaire, poeta do século XIX, é autor do
livro As Flores do Mal. Nele, seus poemas abordam
Como filha de um homem abastado, a noiva fora ins- temas que questionam as convenções morais da so-
truída nos rudimentos da leitura e da escrita [...]. Só ciedade francesa, sendo, por isso, tachado como obs-
que a noiva era uma criatura histriônica*. Tudo que ceno, como um insulto aos bons costumes da época.
lia, poesia ou canção, era compartilhado com a Es- A partir dele, originaram-se na França os chamados
crava; tudo que escrevia, em seguida lia em voz alta “poetas malditos”.
para a Escrava. Em segredo, a africana desconfiava
daqueles sinais mágicos, tinha medo do papel que
podia transportar vozes humanas. Porém, contanto
que fosse a sua favorita quem dava voz às palavras,
ela se sentia em segurança; contanto que fosse ela
quem transformava em música os sinais no papel,
a Escrava ficava contente. Agora, pela primeira vez,
foi excluída. A mensagem do anjo tinha erguido uma
barreira de escrita entre ambas.
a) à desumanização do mundo.
b) ao crescimento demográfico.
c) à generalização do consumismo.
d) à mercantilização da infância.
e) à precariedade da educação.
Dan Piraro. Disponível em: <https://tinyurl.com/
y4uuwpx8>
Acesso em: 07.02.2019. Original colorido.
TEXTO: 106 - Comum à questão: 248
Leia o texto do crítico de arte Jorge Coli.
Questão 246 - (ETEC SP)
Após a leitura do cartum, pode-se concluir correta-
mente que ele Dizer o que seja a arte é coisa difícil. Um sem-nú-
mero de tratados de estética debruçou-se sobre o
problema, procurando situá-lo, procurando definir
o conceito. Mas, se buscamos uma resposta clara e
a) representa os hábitos primitivos compartilhados definitiva, decepcionamo-nos: elas são divergentes,
entre os seres humanos e outras espécies. contraditórias, além de frequentemente se preten-
derem exclusivas, propondo-se como solução única.
b) corrige o modelo darwiniano, evidenciando o
desenvolvimento das espécies por meio da con- Entretanto, se pedirmos a qualquer pessoa que
vivência pacífica e ordenada. possua um mínimo contato com a cultura para nos
citar alguns exemplos de obras de arte ou de artis-
c) distorce o modelo evolucionista, retratando a tas, ficaremos certamente satisfeitos. Todos sabemos
influência negativa do consumo desenfreado na que a Mona Lisa, que a Nona sinfonia de Beethoven,
manutenção da biodiversidade. que a Divina comédia, que Guernica de Picasso ou o
d) critica o modelo evolucionista, segundo o qual Davi de Michelangelo são, indiscutivelmente, obras
os seres vivos surgem a partir do material orgâ- de arte. Assim, mesmo sem possuirmos uma defi-
nico descartado de outros seres vivos. nição clara e lógica do conceito, somos capazes de
identificar algumas produções da cultura em que vi-
e) utiliza a teoria da evolução para evidenciar há- vemos como sendo “arte”. Além disso, a nossa atitu-
bitos ambientais destrutivos do ser humano, de diante da ideia “arte” é de admiração: sabemos
como poluir o ambiente do qual se originou. que Leonardo ou Dante são gênios e, de antemão,
diante deles, predispomo-nos a tirar o chapéu.
128 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Podemos, então, ficar tranquilos: se não conse- a) “À questão ‘O que é a arte?’ seria possível res-
guimos saber o que a arte é, pelo menos sabemos ponder brincando (mas não seria uma brinca-
quais coisas correspondem a essa ideia e como deve- deira tola): que a arte é o que todos sabem o
mos nos comportar diante delas. Infelizmente, esta que é.” – Benedetto Croce (1866-1952)
tranquilidade não dura se quisermos escapar ao su-
perficial e escavar um pouco mais o problema. O Davi b) “À questão ‘O que é a arte?’ somos levados a
de Michelangelo é arte, e não se discute. Entretanto, responder: ‘Aquilo por meio do qual as formas
eu abro um livro consagrado a um artista célebre do tornam-se estilo.’” – André Malraux (1901-1976)
século XX, Marcel Duchamp, e vejo entre suas obras,
conservado em museu, um aparelho sanitário de lou- c) “A arte não é um espelho para refletir o mun-
ça, absolutamente idêntico aos que existem em to- do, mas um martelo para forjá-lo.” – Vladimir
dos os mictórios masculinos do mundo inteiro. Ora, Maiakovski (1893-1930)
esse objeto não corresponde exatamente à ideia que d) “A arte é a mentira que nos permite conhecer a
eu faço da arte. verdade.” – Pablo Picasso (1881-1973)
Assim, a questão que há pouco propusemos – e) “Não existe meio mais seguro para fugir do mun-
como saber o que é ou não é obra de arte – de novo do do que a arte, e não há forma mais segura de
se impõe. Já vimos que responder com uma definição se unir a ele do que a arte.” – Johann Wolfgang
que parte da “natureza” da arte é tarefa vã. Mas, se von Goethe (1749-1832)
não podemos encontrar critérios a partir do interior
mesmo da noção de obra de arte, talvez possamos
descobri-los fora dela.
Questão 249 - (FAMEMA SP)
Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura
possui instrumentos específicos. Um deles, essencial, Leia o trecho de uma entrevista com o cineasta fran-
é o discurso sobre o objeto artístico, ao qual reconhe- cês Jean Renoir (1894-1979), filho do conhecido pin-
cemos competência e autoridade. Esse discurso é o tor Pierre-Auguste Renoir, datada de novembro de
que proferem o crítico, o historiador da arte, o perito, 1958.
o conservador de museu. São eles que conferem o
estatuto de arte a um objeto. Nossa cultura também
prevê locais específicos onde a arte pode manifes-
tar-se, quer dizer, locais que também dão estatuto Cheguei mesmo a me perguntar se toda obra hu-
de arte a um objeto. Num museu, numa galeria, sei mana não é provisória – mesmo um quadro, mesmo
de antemão que encontrarei obras de arte; num ci- uma estátua, mesmo uma obra arquitetônica, mes-
nema “de arte”, filmes que escapam à “banalidade” mo o Partenon. Seja qual for a solidez do Partenon, o
dos circuitos normais; numa sala de concerto, música que resta dele é muito pouco e não temos nenhuma
“erudita” etc. Esses locais garantem-me assim o rótu- ideia do que era quando acabara de ser construído.
lo “arte” às coisas que apresentam, enobrecendo-as. Mesmo o que resta vai desaparecer. Talvez se con-
siga, a custa de tanto colocar cimento nas colunas,
Desse modo, para gáudio1 meu, posso despreocu- mantê-lo por cem anos, duzentos anos, digamos qui-
par-me, pois nossa cultura prevê instrumentos que nhentos anos, digamos mil anos. Mas, enfim, chegará
determinarão, por mim, o que é ou não arte. Para um dia em que o Partenon não existirá mais. Pergun-
evitar ilusões, devo prevenir que a situação não é as- to-me se não seria mais honesto abordar a obra de
sim tão rósea. Mas, por ora, o importante é termos arte sabendo que ela é provisória e irá desaparecer, e
em mente que o estatuto da arte não parte de uma que, na verdade, relativizando, não há diferença en-
definição abstrata do conceito, mas de atribuições tre uma obra arquitetônica feita em mármore maciço
feitas por instrumentos de nossa cultura, dignifican- e um artigo de jornal, impresso em papel e jogado
do os objetos sobre os quais ela recai. fora no dia seguinte.
(O que é arte, 2013. Adaptado.) (Jean Renoir apud Jorge Coli. O que é arte, 2013. Adapta-
do.)
1
gáudio: alegria; júbilo.
Neste trecho da entrevista, Jean Renoir reflete sobre
TEXTO: 107 - Comum à questão: 251 c) Os nutrientes do leite de vaca, em grande quan-
tidade, são benéficos tanto para a mãe, por
Para que tudo saia como planejado, a lactante constituir-se fonte de energia e cálcio, como
deve ficar atenta a sua própria alimentação. para a criança, que deles carece a fim de se de-
senvolver com saúde.
“A mãe que amamenta precisa ter uma alimen-
tação equilibrada, com carboidratos, gorduras e pro- d) A ingestão das carnes brancas e vermelhas é
teínas. Na verdade, ela deve até consumir um pouco importante para a mulher no período de aleita-
mais para suprir as reservas, já que vai gastar mais mento, desde que consumidas em escalas pro-
energia para produzir o leite”, explica José Alfredo porcionais, para contrabalançar perdas protei-
Lacerda, professor da Faculdade de Medicina da Uni- cas que costumam ocorrer.
versidade de Brasília.
e) A hidratação é fundamental, na fase de lactação,
“Escuto, por exemplo, que a mãe não pode comer para o corpo feminino, que tem necessidade de
laranja porque isso vai para o leite e a criança pode grande volume de líquidos, pois sem produzir o
não receber muito bem. Alimentos normalmente alimento para isso, não poderá nutrir o filho e
não fazem mal à criança. A mãe deve comer de tudo, protegê-lo de doenças.
130 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 252 - (Fac. São Francisco de Barreiras BA) TEXTO: 108 - Comum à questão: 253
A Filosofia vem participando das reflexões no âm- A industrialização trouxe consigo, além da mo-
bito da Saúde Coletiva no Brasil, desde o seu início dernização, o avanço tecnológico e a valorização da
– seja por intermédio de estudos de filósofos especí- ciência em detrimento do homem e de seus valores.
ficos que tematizaram questões da saúde, como Can- Os avanços tecnológicos também ocorreram na área
guilhem e Foucault, seja na utilização da reflexão de da saúde, com a introdução da informática e o apa-
cunho filosófico como apoio para que se pensem as recimento de aparelhos modernos e sofisticados que
questões da área, seja como base filosófica de corren- trouxeram muitos benefícios e rapidez na luta contra
tes teóricas gerais da área tais como o positivismo, o as doenças. Essa tecnologia moderna, criada pelo ho-
materialismo histórico, a dialética, o estruturalismo, mem a serviço do homem, tem contribuído em larga
a fenomenologia. Contudo, é fato que a Filosofia não escala para a solução de problemas antes insolúveis
conquistou na Saúde Coletiva o reconhecimento que e que pode reverter em melhores condições de vida
as Ciências Sociais, e mesmo as Ciências Políticas, e saúde para o paciente.
conquistaram e consolidaram ao longo dos anos. Se
é verdade que a Filosofia já tem dado uma contribui- Os dias atuais caracterizam-se por profundas e
ção importante para as reflexões do campo da Saúde constantes mudanças, em que é crescente e cada vez
Coletiva, acreditamos que este pode se enriquecer mais acelerada a inovação tecnológica, colocando à
ainda mais com ela, de modo fundamental nestes disposição dos profissionais e usuários os mais diver-
tempos de complexidade, transdisciplinaridade e no- sos tipos de tecnologia, tais como as educacionais,
vos paradigmas. gerenciais e assistenciais.
MARTINS, André. Filosofia e saúde: métodos genea- Vivemos em uma era tecnológica e, muitas vezes,
lógico e filosófico-conceitual. Disponível em: a concepção do termo tecnologia tem sido utilizada
<http://www.scielo.br>. Acesso em: set. 2018. Frag- de forma enfática, incisiva e determinante, porém
mento. equivocada na nossa prática diária, uma vez que tem
sido concebida, corriqueiramente, somente como
um produto ou equipamento. A temática tecnologia
não deve ser tratada através de uma concepção re-
Da leitura do texto, é correto afirmar que ducionista ou simplista, associada somente a máqui-
nas. Entendemos que a tecnologia compreende cer-
tos saberes constituídos para a geração e utilização
a) os estudos dos filósofos influenciaram as ques- de produtos e para organizar as relações humanas.
tões relacionadas com o bem-estar da coleti- BARRA, Daniela Couto Carvalho et al. Evolução his-
vidade, todavia Canguilhem e Foucault não se tórica e impacto da tecnologia na área da saúde e
destacam com seus trabalhos. da enfermagem Disponível em: <http://ww.fen.ufg.
b) as ponderações de cunho filosófico interferiram, br>. Acesso em: set. 2018. Fragmento. Com ajustes.
de maneira diminuta e inexpressiva, nos deba-
tes sobre as práticas referentes à saúde como
fenômeno social. Questão 253 - (Fac. São Francisco de Barreiras BA)
c) o positivismo, corrente teórica, não conseguiu Com base na leitura do texto, pode-se concluir que
contribuir para a melhoria dos diagnósticos e
tratamentos de doenças do indivíduo, para que
ele tivesse, na comunidade, um padrão de vida
saudável, o que ocasionou a perda de seu pres- a) a modernização e os avanços tecnológicos pro-
tígio. moveram, de modo geral, tão somente conse-
quências desastrosas nas relações humanas.
d) as Ciências Sociais e as Ciências Políticas logra-
ram maior reconhecimento nas reflexões sobre b) os dias atuais são marcados pela ausência de
Saúde Coletiva do que a Filosofia, embora se mudanças e aplicação prática do conhecimento
defenda a continuidade de suas análises para científico em diversos setores de pesquisa.
melhorar esse importante campo da atuação
humana. c) os benefícios gerados pela industrialização di-
zem respeito ao surgimento de máquinas para
e) as contribuições embasadas na razão e na aná- a produção em larga escala, em detrimento de
lise empírica para a boa disposição física e men- melhorias para o homem que as criou.
tal do ser humano são restritas aos tempos de
paradigmas obsoletos e da ausência da interdis- d) a tecnologia moderna exerceu grande influência
ciplinaridade, bem como de menor complexida- na sociedade em todos os aspectos, em particu-
de. lar, na área de saúde, pois tem inovado os pro-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 131
cessos de diagnóstico e o tratamento de várias apenas em eventos que ocorrem, geralmente,
doenças. em finais de semana, para não comprometer
sua saúde e sua conduta, sobretudo, no futuro.
e) o conceito do que se conhece como o conjunto
de instrumentos, métodos e técnicas que visam c) O fato de o indivíduo fazer uso de bebida alcoó-
à resolução de problemas vem sendo utilizado lica em demasia, durante a adolescência, pos-
de maneira evasiva, mesmo sendo visto com sibilita complicações para seu bem-estar físico,
praticidade diversificada. mental, emocional e social em outras fases da
vida.
132 - www.PROJETOREDACAO.com.br
mentos dos laboratórios. Ficava horas e horas chei- Inocêncio ficou desolado. Consolou-se com a suspei-
rando os frascos dos novos medicamentos e ia para ta de que já estava na idade de ter problemas com a
casa levando remédios para todos os males. Inocên- próstata.
cio era um ávido leitor. Mas não pensem que lia os
livros mais vendidos ou indicados pelos amigos. Os (DRUMMOND, Roberto. Melhores crônicas.
best-sellers na estante de Inocêncio eram as bulas de São Paulo: Global, 2005, p.83-85.)
remédios. Sabia de cor e salteado as bulas e declama-
va a fórmula dos medicamentos como se declamasse
um poema de Adélia Prado ou de Manoel Barros.
Questão 255 - (FCM MG)
Sabe-se que Roberto Drummond era hipocondríaco.
Quando ficou noivo de Prima Mariana, Inocêncio Nesse texto, em que o gênero “crônica” aproxima-se
comprou uma aliança de brilhantes e mandou flores do gênero “conto”, pode-se de dizer que a hipocon-
com um cartão em que dizia: “Mariana, você é a vi- dria foi abordada
tamina que eu pedi a Deus.” Não por acaso, Prima
Mariana era médica. Passou, por sinal, a maior parte
do tempo do noivado, já formada em medicina, cui- a) por meio de expediente expositivo, com diálo-
dando da hipocondria do noivo. Até essa época, Ino- gos e argumentação científica.
cêncio sofria, como já foi dito, de 39 doenças imagi-
nárias. Bastava ouvir alguém falar numa doença que b) sob forma ficcional, mesclando narração e des-
sentia logo todos os sintomas. Alguém estava com crição, com certo acento humorístico.
úlcera? Inocêncio logo passava a cultivar uma úlcera
como uma flor. Diabetes? Lá ia Inocêncio prescreven- c) com objetividade narrativa, fiel aos fatos reais,
do a si mesmo regime alimentar que quase o matava na perspectiva de um narrador onisciente.
de inanição. Cortou o açúcar de sua vida e enviou flo-
res a Prima Mariana com este cartão: d) de maneira confessional, com predominância da
dissertação, baseando-se em experiências con-
cretas.
(http://saude.culturamix.com/doencas/
como-saber-se-sou-hipocondriaco. §2 Apesar do fracasso dos quatro vestibulandos que
Acessado em 06/08/2018.) haviam tentado fraudar a prova mediante mensa-
gens pelo celular, ela decidiu fazer a mesma coisa.
Em primeiro lugar, porque morava numa cidade mui-
O humor do cartum reside na to menor que o Rio, no qual as medidas de seguran-
ça não eram tão rigorosas. Depois, não recorreria a
quadrilha nenhuma, coisa que, segundo imaginava,
tornava a operação vulnerável. Em terceiro lugar, não
a) hesitação do médico em relação ao diagnóstico. tinha outra opção: não sabia quase nada, e era certo
que seria reprovada. Por último, havia uma coinci-
b) ambiguidade do termo usado pelo médico. dência favorável: estava com antebraço esquerdo en-
134 - www.PROJETOREDACAO.com.br
gessado. Nada preocupante, na verdade até poderia
ter tirado o gesso, mas não o fizera, o que se revelara
providencial: agora contava com um ótimo esconde- Questão 263 - (FCM MG)
rijo para o celular. Assinale a alternativa que NÃO apresenta ideia de
oposição.
a) éticos. (http://www.blogdozebrao.com.br/v1/2015/01/
18/charges-42/. Acessado em 16/09/2018)
b) poéticos.
c) satíricos.
O humor da charge é marcado por
d) didáticos.
(https://idec.org.br)
a) uma ambiguidade de sentido.
d) uma ironia.
a) a maioria dos consumidores não compreende
e) a atenuação de um pensamento desagradável. as informações veiculadas nos rótulos dos pro-
dutos, principalmente por causa da letra muito
pequena.
Questão 275 - (FCM PB) b) a maioria dos consumidores compreende o que
lê nos rótulos, mas reconhece que o tamanho
Nos fragmentos “Que história poderemos contar a da letra e os termos técnicos e números prejudi-
partir de hoje?” “Que narrativas se perderam para cam a compreensão.
sempre?” a articulista se dirige
c) a dificuldade de compreensão da maioria dos
consumidores decorre da poluição visual dos ró-
a) aos funcionários daquela instituição. tulos e da necessidade de cálculo da porção.
TEXTO: 116 - Comum à questão: 280 d) questionar a validade da obra no cenário do Ro-
mantismo brasileiro, uma vez que grande parte
A Escrava Isaura foi composta fora do enqua- dos escritores escreviam com maior peso de
dramento habitual dos outros romances e é algo realidade, o que lhes permitia combater aberta-
excêntrica em relação a eles: conta as desditas de mente a escravidão vigente no país.
uma escrava com aparência de branca, educada, de
caráter nobre, vítima dum senhor devasso e cruel, e) mostrar que a obra do Romantismo brasileiro
terminando tudo com a punição dos culpados e o estava desajustada ao pensamento social da
triunfo dos justos. A narrativa se funda em pessoas e época, uma vez que se mostrava favorável à ma-
lugares alheios à experiência de Bernardo Guimarães nutenção do sistema escravista, amplamente
— fazenda luxuosa de Campos, a cidade do Recife — combatido por outros escritores.
reclamando esforço aturado de imaginação. O resul-
tado não foi bom: o livro se encontra mais próximo
das lendas que dos outros romances, quando o seu
próprio caráter de tese requeria maior peso de rea-
lidade.
c) meio de preservação de culturas perdido ao lon- Não sei como é pra vocês, mas eu acho complica-
go das gerações, razão pela qual se gerou desco- do ser brasileiro. Sinto-me como alguém que casou
nhecimento do passado dos povos colonizado- com uma pessoa cheia de defeitos na expectativa de
res. mudá-la. Por isso a frase “o Brasil é o país do futuro”
www.PROJETOREDACAO.com.br - 143
(livre adaptação que fizemos do título de um livro de se e se e se e se e bota ‘se’ aí” (1º parágrafo) circuns-
Stefan Zweig, “Brasil, um País do Futuro”) vem bem a crevem a análise do autor ao campo da
calhar. O que eu amo não é tanto o país em que vivo,
é uma projeção do que o país poderia ser se... E se e
se e se e se e se e se e se e se e bota “se” aí.
a) atemporalidade.
Às vezes o Brasil é uma esperança, às vezes um
delírio e na maior parte do tempo é apenas uma tris- b) precisão.
te constatação. Impossível nos divorciarmos, contu- c) objetividade.
do: mesmo que eu fosse pras ilhas Fiji eu continuaria
a ser brasileiro. Foi aqui que nasci, é em português d) ordem.
que eu falo, penso, sonho e crio os meus filhos, então
só me resta agarrar-me a esta projeção e amar esta e) conjectura.
ideia vaga do que nós um dia poderíamos ser. (Não é
à toa que conjugo o verbo “poder” no futuro do pre-
térito, esse tempo verbal banhado em melancolia).
TEXTO: 118 - Comum à questão: 285
Meu amigo Gustavo me mostrou outro dia o
anúncio de um apartamento à venda com a seguinte Texto 1
frase: “Grande potencial para reforma!”. Maneira não
muito sutil que a imobiliária arrumou para informar
que o imóvel estava caindo aos pedaços. “O Brasil é o Oprimido entre a projeção mítica do eterno herói
país do futuro” não deixa de ter o mesmo significado: e a perda de papel de protagonista no trabalho e em
se é no futuro que nos realizaremos é porque no pre- casa, o homem enfrenta a encruzilhada. Se a inver-
sente, bem, tá cheio de taco solto, fiação podre, infil- são de funções com as mulheres parece menos pro-
trações e trincas. No entanto, postergando as refor- blema que solução para certos estratos, para outros
mas, aqui vivemos. É muito esquisito ser brasileiro. o resultado é a reinsurgência do velho machismo.
Ainda mais no Brasil, onde 52% das mulheres econo-
(Antonio Prata. www.folha.uol.com.br, 03.03.2019. micamente ativas sofrem assédio.
Adaptado.)
(Paulo Vieira. “Poder analisa a nova percepção da
masculinidade que enfrenta uma encruzilhada com
o fim do protagonismo”.
Questão 283 - (IBMEC SP Insper)
https://glamurama.uol.com.br, 06.04.2019.)
A estratégia argumentativa empregada pelo autor
para mostrar que é complicado ser brasileiro se ba-
seia na
Texto 2
www.PROJETOREDACAO.com.br - 145
d) transpôs os padrões estabelecidos, criando ima- dúvidas dos alunos e compartilhar tarefas.
gens audaciosas e violentas.
(http://blog.tnh1.com.br/vamosfalardagente/discu-
TEXTO: 121 - Comum à questão: 291 tir-a-relacao-realmentevale-
Discutir a relação realmente vale a pena? a-pena/. Acesso em 17/9/2018)
Pense o que vai dizer: Muitas vezes não nos preo- TEXTO: 122 - Comum à questão: 292
cupamos como o outro vai receber aquilo que temos
a falar. Colocar-se no lugar do outro além de elegan- Nomes de ruas dizem mais sobre o Brasil do que
te, evita novos desgastes. você pensa
Aprenda a ouvir: O outro sempre tem algo a dizer, Você provavelmente não é o responsável pela es-
colha dos nomes do seu país, Estado, cidade ou rua,
www.PROJETOREDACAO.com.br - 147
mas as motivações atreladas a todos eles, queira você Questão 292 - (IFAL)
ou não, fazem parte da sua identidade. O professor
da USP e diretor no Instituto Histórico e Geográfico Sobre o texto acima, pode-se afirmar que:
de São Paulo, Jorge Cintra, explica que os fatores que
influenciam a denominação de ruas, avenidas e pra-
ças mudam ao longo do tempo. a) Os autores minimizam a importância dos nomes
Homens ainda dão nome à maior parte dos via- de logradouros na construção de nossa identi-
dutos (88,2%), avenidas (87,1%), parques (86,9%) dade.
e praças (85,4%). Enquanto nomes femininos têm b) A religiosidade do brasileiro exerce um papel
participação um pouco melhor, sem nunca chegar a importante na designação de ruas, avenidas
30%, em vilas (29,6%), passagens (27,2%), escadarias e praças. Tal fenômeno se pode comprovar ao
(24,3%), servidões (24,3%) e vielas (24,0%). “É es- perceber-se a popularidade do nome de Santos
tranho, mas é preciso levar em conta também que Dumont.
na vida pública das cidades brasileiras do passado, o
homem é quem poderia se destacar. A mulher ficava c) O especialista entrevistado entende que o mo-
em casa. Assim, é claro que mais homens serão reco- vimento pelo equilíbrio entre os gêneros na
nhecidos como pessoas notáveis. Há mulheres como nomeação dos logradouros é artificial, uma vez
Princesa Isabel e Maria Quitéria, mas são exceções”, que homens são naturalmente mais reconheci-
opina o professor. dos como pessoas notáveis.
Por aqui, dos 30 primeiros nomes mais populares d) A lei criada no Rio de Janeiro ainda não afetou
entre homens, 14 são entidades católicas, a outra significativamente a predominância masculina
parte, liderada por Tiradentes e Santos Dumont, se nos nomes de ruas daquela cidade.
distribui entre escritores, políticos e militares. Já en-
tre os 30 logradouros de nomes femininos, apenas e) A proporção entre nomes de entidades religio-
quatro não são de caráter religioso: são elas a cita- sas e de pessoas notáveis em outros campos da
da Princesa Isabel, a francesa Joana D’Arc, além de atividade humana é a mesma entre homens e
Anita Garibaldi e Cecília Meireles. Cantoras, atrizes, mulheres.
escritoras e heroínas militares se destacam na lista
de mulheres populares, que têm a peculiaridade de
carregar nomes ‘anônimos’, como Ana Maria, Maria
José, Maria Helena e Maria de Lourdes. TEXTO: 123 - Comum à questão: 293
No Rio de Janeiro, uma lei municipal (2.906/1999) Livro faz justiça a Evaldo Braga, astro desconhecido
criada há 16 anos tentou acelerar o processo e tor- de nossa música popular
nou “obrigatória a alternância de gênero, em igual
André Barcinski
proporção, de nomes de personalidades masculinas
e femininas”. De acordo com a amostra utilizada pelo
Nexo, mesmo com a lei em vigor, o Rio contava, até
o ano passado, com só 14,9% de seus logradouros Evaldo Braga teve uma carreira breve e trágica:
ostentando nomes femininos. em quatro anos, gravou apenas 38 canções. Morreu
num acidente de automóvel, em 1973, aos 27 anos
Para o professor Jorge Cintra, o equilíbrio entre de idade, no auge da fama.
os gêneros deve se refletir nos logradouros com o
tempo, através de um “movimento natural”. “É uma Suas músicas — “Eu Não Sou Lixo”, “A Cruz que
discussão, mas acredito ser preferível que as pessoas Carrego”, e seu maior hit, “Sorria, Sorria”— foram re-
possam escolher livremente os novos nomes de ruas. chaçadas pela crítica como produtos bregas de quin-
Regulamentar tudo pode ser algo problemático”, opi- ta categoria, mas capturaram a imaginação popular
na. com suas narrativas cheias de drama e tristeza.
(https://www.nexojornal.com.br/espe- O livro de Gonçalo Júnior faz justiça a um dos as-
cial/2016/02/15/Nomes-de-ruas-dizemmais- tros mais desconhecidos de nossa música popular.
sobre-o-Brasil-do-que-voc%C3%AA-pensa. Acesso (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/andrebar-
em17/9/2018. cinski/2017/12/1939718-
Texto adaptado) livro-faz-justica-a-evaldo-brago-astro-desconhecido-
-de-nossa-musicapopular.
148 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 293 - (IFAL) No texto “Precisa-se”, de Lispector, pode-se afirmar,
a partir do gênero escolhido para a produção de sen-
Sobre o texto acima, marque a alternativa correta. tidos, que o narrador.
“Que tiro foi esse?” Foi com esse hit que a can-
Fonte: tora de funk Jojo Marronttinni, conhecida como Jojo
Todynho ficou nacionalmente conhecida e assediada
https://gazetaweb.globo.com/portal/especial. por fãs. Você lembra qual foi o hit do ano passado?
php?c=58320 O comportamento médio que se observa nos indiví-
duos frente a esses hits acaba se refletindo também
em aspectos financeiros. [...]
TEXTO 3 Assim como pelo hit da Jojo Todynho, somos
constantemente expostos a novidades de consumo
efêmeras e que no ano seguinte mudam e nos fazem
consumir novamente. Anualmente, o lançamento de
“[...] A funkeira com ares europeus que tem conquis-
um novo modelo de celular e sua propaganda nos
tado o público maceioense (e do Brasil) é arte urbana
faz pensar que precisamos da nova aplicação que o
em sua melhor forma, interferindo na cidade e pro-
modelo apresenta em relação ao anterior. O mesmo
vocando as pessoas. O grafite, antes marginalizado,
ocorre com automóveis e bens de consumo de forma
hoje já está inserido no contexto das artes visuais.
geral. A compra de bens supérfluos é uma das princi-
Essa forma de expressão política, artística e poética
pais razões para o desequilíbrio financeiro e, conse-
existe desde o Império Romano e ganhou força na
quentemente, para o endividamento familiar.
idade moderna a partir do movimento da contracul-
tura e, depois, com Jean-Michel Basquiat, considera- É difícil segurar a tentação e a tecnologia não co-
do um dos maiores criadores do século XX.[...]” labora, pois com um simples click é possível realizar
a compra sem precisar abrir a carteira. Portanto, aqui
Fonte:
vai a primeira dica, retire seu cartão de crédito do ca-
https://gazetaweb.globo.com/portal/especial. dastro de sites de compras, evitando assim a compra
php?c=58320 sem esforço.
150 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 296 - (IFMT) lo apresenta em relação ao anterior.”
Com base no texto lido sobre os hábitos de consumo b) “[…] somos constantemente expostos a novida-
médio das pessoas, só NÃO é correto afirmar que : des de consumo efêmeras e que no ano seguin-
te mudam e nos fazem consumir novamente.”
b) Somos constantemente expostos a novidades e) “[…] retire seu cartão de crédito do cadastro de
de consumo efêmeras e que no ano seguinte sites de compras, evitando assim a compra sem
mudam e nos fazem consumir novamente. esforço.”
e) A compra de bens supérfluos é uma das prin- Irmão de olho claro ou da Guiné
cipais razões para o desequilíbrio financeiro e,
consequentemente, para o endividamento fami- Qual será o seu valor? Pobre artigo de mercado
liar.
Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
Questão 297 - (IFMT) O mesmo que escorre da ferida
O autor do texto dá uma série de dicas para evitar- Mostra que a vida se lamenta por nós dois
mos o consumo desnecessário. Dentre eles, o que
NÃO se pode fazer é: Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz
54) Gab: C
6) Gab: C 23) Gab: C 40) Gab: B
Nos versos em destaque,
o eu lírico pede “licença”
para apresentar-se como
7) Gab: D 24) Gab: D 41) Gab: A poeta “mesmo sem portu-
guês”. Ele revela, assim, a
perspectiva sociocultural
8) Gab: D de que usar determinadas
25) Gab: E 42) Gab: C variedades do português
significaria que o falante
“não fala” a língua. Há, nes-
9) Gab: B 26) Gab: C 43) Gab: A se caso, um modelo ideali-
zado da língua portuguesa,
representado na variedade
padrão, dominada por fa-
10) Gab: B 27) Gab: C 44) Gab: A lantes escolarizados (pelos
“poetas clássicos”) e trata-
da como a “única” forma de
11) Gab: B se falar o português. Esse
28) Gab: A 45) Gab: A tipo de perspectiva, social e
culturalmente difundida, é
uma das razões para a exis-
12) Gab: E 29) Gab: D 46) Gab: C tência do preconceito lin-
guístico, ou seja, a discrimi-
nação dos modos de falar,
principalmente de grupos
13) Gab: C 30) Gab: D 47) Gab: D sociais de baixa escolarida-
de. O eu lírico, em seus ver-
sos, materializa esse pro-
14) Gab: B blema social ao considerar
31) Gab: A 48) Gab: C que seu modo de falar não
seria “português”, o que é
revelador do preconceito
15) Gab: C 32) Gab: E 49) Gab: B
linguístico sofrido por ele.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 153
56) Gab: A 73) Gab: B 90) Gab: B 107) Gab: A
154 - www.PROJETOREDACAO.com.br
124) Gab: B 141) Gab: E 158) Gab: B 175) Gab: A
www.PROJETOREDACAO.com.br - 155
192) Gab: E 209) Gab: D 226) Gab: C 243) Gab: C
156 - www.PROJETOREDACAO.com.br
260) Gab: D 277) Gab: C 294) Gab: B
www.PROJETOREDACAO.com.br - 157
QUESTÕES MÉDIAS Leia com atenção as afirmações que seguem.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. O discurso e a Mas não passiva (como ouriço na loca);
cidade.
Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2013, p. 107-108) nem só defensiva (como se eriça o gato);
158 - www.PROJETOREDACAO.com.br
(não do salto para trás, como o gato): c) falta de habilidade da personagem em operar o
localizador geográfico.
daquele capaz de salto para o assalto.
d) discrepância entre situar-se geograficamente e
dominar o idioma local.
Se o de longe lhe chega em (de longe), e) incerteza sobre o nome do ponto turístico onde
as personagens se encontram.
de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
com o esquema de reforçamento e 50 com a imediati- soas 102 cada vez menos conscientes dos determinan-
cidade com a qual os reforços foram 51 apresentados tes 103 de seu comportamento, incapazes de assumir
ao longo da história do indivíduo. um 104 posicionamento crítico sobre seu modo de
vida e o 105 mundo em que vivem, inseridas numa teia
Sendo assim, pessoas podem se tornar re-
52
de consumo 106 em que elas mesmas são um produ-
féns do 53 reforço, tornando-se incapazes de adiar to à venda em 107 stands reais e virtuais. O não pen-
a satisfação 54 de seus desejos e necessidades. São sar nas consequências 108 produz pessoas alienadas,
modeladas não 55 somente para ser intolerantes às enamoradas por seu prazer, 109 como Narciso por sua
frustrações, como 56 também para buscar satisfação imagem refletida no espelho 110 d’água, pessoas que
imediata. Elas se 57 tornam presas fáceis do ciberes- podem ser descritas com o refrão 111 da música do Ul-
paço, onde a satisfação 58 pode ser obtida apenas traje a Rigor: “Eu me amo, eu me amo, 112 não posso
com um clique. mais viver sem mim”.
soas. 66 Essa cultura não criaria circunstâncias favorá- Questão 04 - (UESB BA)
veis para 67 a modelagem de comportamentos nar-
cisistas? Essa 68 cultura não favorece o fechamento De acordo com o texto, sobre a diferença entre nar-
sobre si mesmo, 69 de modo que as pessoas passem a cisismo e egocentrismo, está correto o que se afirma
entender que se 70 bastam a si mesmas? Essa cultura em
não acaba por 71 favorecer o individualismo? Quais
são os efeitos da 72 obtenção tão facilitada de refor-
ços com apenas um 73 clique?
I. O narcisismo é um sentimento de urgência em
Se, na vida real, os reforços podem ser adiados
74 obter satisfação; o egocentrismo se caracteriza
75
por causa de uma série de circunstâncias, no 76 ci- pela focalização exclusiva em si mesmo.
berespaço eles são facilmente obtidos. Mas que 77
II. O narcisismo é um modo de buscar compensar a
tipos de comportamentos estão sendo reforçados?
falta de beleza; o egocentrismo implica o desejo
78
Comportamentos de não fazer nada, ou de se 79
de superar limitações pessoais.
empenhar em atividades que concorrem com ou-
tras 80 mais produtivas. Muitas empresas bloqueiam III. O narcisismo se revela na intolerância e frustra-
o acesso 81 a chats e redes sociais, pois navegar em ção do indivíduo frente à não satisfação de seus
tais redes e 82 chats afeta o trabalho e a produtivida- desejos; no egocentrismo, o que se destaca é a
de, acarretando 83 prejuízos. 84 Não estaria o mundo ausência de consideração do outro como refe-
digital contribuindo para a 85 criação de uma cultura rência de seus atos.
do imediatismo? Creio que 86 não. Talvez esteja ape-
nas fortalecendo contingências 87 que já operavam IV. No narcisismo, há uma insatisfação do indivíduo
no mundo antes de sua existência, 88 contingências com sua própria aparência; já no egocentrismo,
que fazem parte de um mundo capitalista 89 em que predomina, na mente do indivíduo, uma visão
“tempo é dinheiro”, um mundo do “just in time”, 90 de inferioridade, que é compensada pelo ensi-
um mundo regido pela urgência em produzir, pois 91 mesmamento e rejeição da realidade objetiva.
existe, de outra parte, a urgência em consumir. Um 92
mundo, pois, regido por produção versus consumo. V. O narcisismo consiste na busca de resolução
imediata e urgente de necessidades pessoais; já
93
Se produzir com urgência é preciso, pois exis- o egocentrismo se caracteriza pela centralização
160 - www.PROJETOREDACAO.com.br
do indivíduo em si mesmo como definidor de res humanos (ética). [...] O importante da proposta 34
suas ações, concepções e decisões. futurista de Potter é a ideia de que a constituição de
35
uma ética aplicada às situações de vida seria o ca-
minho 36 para a sobrevivência da espécie humana. E,
mais: para 37 essa ciência da sobrevivência não seria
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas preciso um 38 conhecimento rigoroso da técnica, mas
estão corretas é a sim respeito aos 39 valores humanos.
ximo. 3 Nestes 25 séculos, em que vem sendo a base do 57 papel particularmente importante na consoli-
da postura 4 ética dos médicos, porém, aconteceram, dação da 58 disciplina. O primeiro foi o artigo publica-
além da 5 evolução acentuada do conhecimento mé- do na revista Life, 59 em 1962, que contou a história
dico e humano 6 em geral, importantes mudanças do Comitê de Seattle, o 60 qual, de forma inusitada,
sociais, que afetaram 7 profundamente a relação do passou o processo de decisão 61 médica para o do-
médico com seu paciente, 8 exigindo a adequação mínio público, ao delegar os critérios 62 de seleção
de sua conduta moral aos novos 9 padrões adotados de atendimento para um pequeno grupo de 63 pes-
pela sociedade. [...]. Ele reflete o 10 espírito da época soas, todas leigas em medicina. O segundo evento 64
em que foi escrito, pois os gregos antigos 11 deram foi o artigo de Beecher, no New England Journal of
grandes contribuições à evolução humana, porém 12 65
Medicine, em 1966, no qual, ao analisar pesquisas
as ideias sobre os direitos de todos os homens e a 66
científicas em seres humanos, publicadas em pe-
luta 13 pela sua implantação na sociedade são bem riódicos 67 de grande prestígio internacional, mostrou
posteriores. 14 A Revolução Francesa é o marco his- que cerca de 68 12% dos artigos médicos continham
tórico do seu efetivo 15 desencadeamento. Nela os ci- graves 69 transgressões à ética. O terceiro evento foi
dadãos passam a pugnar 16 pela igualdade de direitos o primeiro 70 transplante cardíaco, em que a principal
de todos os homens perante 17 a lei, pela liberdade pergunta 71 era: — Como Barnard podia garantir que
para decidir o que é melhor para si e 18 para todos e o doador estava 72 realmente morto no momento do
pela união de todos para o bem comum. 19 Essa revo- transplante? Esse fato 73 lançou questões de difícil
lução continua em andamento e nas últimas 20 déca- resposta, entre elas: — 74 Quando alguém deve ser
das vem atingindo a medicina de maneira cada vez 21 considerado morto? Se o 75 cérebro morrer, morre
mais intensa. Suas ideias foram sendo estruturadas também a pessoa? [...]
em 22 um novo corpo de conhecimentos, dando ori-
gem a uma 23 nova disciplina: a bioética. A bioética, em nossa opinião, deve ser vista não
76
77
como uma derrubada da ética médica clássica (tan-
24
Esta denominação é atribuída ao oncologista 25 to 78 que ela adotou os seus princípios básicos, a be-
norte-americano Van Rensselaer Potter, que a utili- neficência 79 e a não maleficência), mas como a sua
zou 26 pela primeira vez no livro Bioethics: bridge to adaptação aos 80 novos tempos, com a consequente
the future. 27 Seu objetivo era promover um novo mudança de postura 81 do médico, para dar uma me-
diálogo entre ciência 28 e humanismo que pareciam lhor resposta aos desafios 82 éticos surgidos com as
incapazes de comunicar-se. 29 Preocupado com a so- mudanças sociais e a evolução 83 do conhecimento e
brevivência ecológica do planeta e 30 com a demo- da tecnologia.
cratização do conhecimento científico, 31 aspirava a
produzir uma disciplina que combinasse o 32 conhe- MUÑOZ, Daniel Romero. Bioética: a mudança da
cimento biológico (bio) com o do sistema de 33 valo- postura ética. Rev. Bras. Otorrinolaringol. v.70
www.PROJETOREDACAO.com.br - 161
n.5 São Paulo Set./Out. 2004. Disponível em: 3
minoritário da sociedade, adversário do regime, e
<http:// a massa 4 da população que vivia um dia a dia de
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid alguma esperança 5 nesses anos de prosperidade
=S0034- 72992004000500001>.Acesso em: 25 out. econômica. A repressão 6 acabou com o primeiro
2016. setor, enquanto a propaganda 7 encarregou-se de,
pelo menos, neutralizar gradualmente o 8 segundo.
Para alcançar este último objetivo, o governo 9 con-
tou com o grande avanço das telecomunicações no
Questão 05 - (UNIDERP MS) país, 10 após 1964. As facilidades de crédito pessoal
permitiram a 11 expansão do número de residências
Sobre o pensamento de Van Rensselaer Potter está
que possuíam televisão: 12 em 1960, apenas 9,5% das
correto o que se afirma em
residências urbanas tinham 13 televisão; em 1970, a
porcentagem chegava a 40%. Por 14 essa época, be-
neficiada pelo apoio do governo, de quem se 15 trans-
I. Seu objetivo era promover a superação da su- formou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até
premacia da ciência, com a ascensão soberana se 16 tornar rede nacional e alcançar praticamente
dos valores maiores do humanismo. o controle do 17 setor. A propaganda governamental
passou a ter um canal 18 de expressão como nunca
II. Ele revelava preocupação com a sobrevivência existira na história do país. A 19 promoção do “Brasil
da humanidade, para o que o respeito aos valo- grande potência” foi realizada a partir 20 da Assesso-
res humanos e a disseminação do conhecimento ria Especial de Relações Públicas (AERP), criada 21 no
científico eram condições importantes. governo Costa e Silva, mas que não chegou a ter 22
importância nesse governo. Foi a época do “Ninguém
III. Sua intenção era conceber uma disciplina que 23
segura este país”, da marchinha Prá Frente, Brasil,
sintetizasse o conhecimento das ciências bioló- que 24 embalou a grande vitória brasileira na Copa do
gicas com os pressupostos do humanismo. Mundo de 25 1970.
IV. Para ele, o desenvolvimento científico era fun- Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
damental para criar as condições de garantir a
sobrevivência da espécie humana e a preserva-
ção do planeta.
Questão 06 - (FUVEST SP)
V. Segundo ele, a sobrevivência da humanidade
dependeria muito mais do respeito a princípios A frase que expressa uma ideia contida no texto é:
éticos em situações diversas da vida do que do
conhecimento técnico.
a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contri-
buiu para o processo de neutralização da grande
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas massa da população.
estão corretas é a
b) A repressão no Governo Médici foi dirigida a um
setor que, além de minoritário, era também irre-
levante no conjunto da sociedade brasileira.
01) I e II.
c) O tricampeonato de futebol conquistado pelo
02) II e IV. Brasil em 1970 ajudou a mascarar inúmeras difi-
culdades econômicas daquele período.
03) IV e V.
d) Uma característica do governo Médici foi ter
04) I, III e IV.
conseguido levar a televisão à maioria dos lares
05) II, III e V. brasileiros.
162 - www.PROJETOREDACAO.com.br
“Nunca entendi essa obsessão por sorrisos em foto- Outro estranhamento vem da inundação de ima-
grafias. gens, aflição que chamo de galeria dos sem imagina-
ção. Enxurradas de fotos invadem o espaço virtual,
Deve ser um conluio com os dentitaws.” a enorme maioria delas sem o menor significado e
perfeitamente descartáveis. O Instagram recebe 60
(Nora Tausz Rónai) milhões de fotos por dia, ou seja, quase 700 fotos por
segundo! Fico pensando no sorriso irônico ou, quem
sabe, no horror em estado bruto, que Cartier-Bres-
Reza uma antiga lenda que dois reinos estavam em son1 esboçaria se esbarrasse nisso. Ele, que procura-
guerra. Os perdedores acabaram condenados ao va a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano que se
confinamento do outro lado dos espelhos, um primi- desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados,
tivo mundo virtual em que eram obrigados a repro- jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados
duzir tudo o que os vencedores faziam. A luta dos que caracteriza a obsessão pelos clics.
derrotados passava a ser como escapar daquela pri-
são. O genial Lee Falk inspirou-se nesta narrativa para
criar, na década de 1940, O mundo do espelho, para Essa história dos sorrisos foi muito bem notada pela
mim uma das mais aterrorizantes histórias do Man- Nora Rónai, que citei logo no início. Vivemos a era das
drake. Espelhos foram, aliás, protagonistas de algu- aparências. Com a multiplicação das imagens, vem a
mas sequências cinematográficas assustadoras. Bó- obrigação de “estar bem”. Afinal de contas, quem vai
ris Karloff, um clássico do gênero, aproveitou muito querer se exibir no Facebook ou nas trocas de mensa-
bem o medo que, desde crianças carregamos, de que gens com uma ponta de melancolia ou, pelo menos,
nossos reflexos nos espelhos ganhem autonomia. Ui! um suspiro de realidade? O mundinho virtual exige
Já imaginaram se isso virasse realidade? Teríamos de estado de êxtase permanente. Uma persona que não
conviver com nossos opostos, um estranhamento no passa de ilusão. Criatividade não quer dizer tristeza,
mínimo desconfortável. Os quadrinhos exploraram o claro, mas certamente precisa incorporá-la como
assunto também nasérie do Mundo bizarro, do Su- tijolo construtor da nossa personalidade. O resto é
per-Homem. Era um nonsense pouco habitual no uni- fofoca. Eric Nepomuceno, tradutor e escritor, fez o
verso previsível dos super-heróis. seguinte comentário sobre seu amigo Gabriel Garcia
Márquez, que acabara de morrer: “Tudo o que ele es-
creveu é revelador da infinita capacidade de poesia
Estava pensando nos estranhamentos do mundo mo- contida na vida humana. O eixo, porém, foi sempre
derno quando me deparei com uma pequena nota o mesmo, ao redor do qual giramos todos: a solidão
de jornal. Encenava-se a ópera Carmen, de Bizet, no e a esperança perene de encontrar antídotos contra
Theatro Municipal do Rio. Suponho que a plateia, essa condenação”. Nada que essas maquininhas oni-
que pagou caro, estava mergulhada na história e presentes possam registrar, elas que jamais entende-
na interpretação da orquestra e dos solistas. Não é riam a fina ironia de Fernando Pessoa no Poema em
que um cidadão saca seu iPad e passa um tempão linha reta, que começa assim: “Nunca conheci quem
checando os e-mails, dedinhos nervosos para cima e tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos
para baixo, com a tela iluminando a penumbra indis- têm sido campeões em tudo”. Mais adiante: “Arre,
pensável para a fruição plena do espetáculo? Como estou farto de semideuses. Onde é que há gente nes-
esse tipo de desrespeito está entrando na “norma- se mundo ?”.
lidade”, apenas uma pessoa esboçou reação. Uma
espécie de angústia semelhante à incontinência uri-
nária se espalha como praga nas relações pessoais e A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que
no uso dos espaços público e privado. Tudo passou a nova moda é fazer selfies2 depois do sexo. O casal
ser urgente. Todos os torpedos, e-mails e chamadas transa, mas isso não basta. É urgente compartilhar!
no celular viraram prioridade, casos de vida ou mor- Tira-se uma foto da aparência de ambos, coloca-se
te. Interrompem-se conversas para olhar telinhas e no Instagram e ... pronto. O mundo inteiro será teste-
telonas, desrespeitando interlocutores. Como este munha de um momento íntimo, talvez o mais íntimo
tipo de patologia tende a se diversificar, já há gente de todos. Meu estranhamento vai ao paroxismo. É
que conversa e olha o computador ao mesmo tempo, a esse mundo que pertenço? Antigamente, era cos-
como aqueles lagartos esquisitos cujos olhos se mo- tume dizer que o que não aparecia na televisão não
vimentam sem aparente coordenação. Outros parti- existia. Atualizando a frase: pelo visto, o que não está
cipam de reuniões sem desligar sua tralha eletrônica na rede não existe. É a universalização do movimento
(na verdade, não estão nas reuniões). Especialistas apenas muscular, sem sentido, leviano, rapidamente
em informática previram que, num futuro não mui- perecível.
to distante, chips serão implantados no corpo. Estão
atrasados. Corpos já pertencem a máquinas. A vida é
controlada a distância e por outros.
Durante o exílio, o poeta argentino Juan Gelman pas-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 163
sou um bom tempo sem conseguir escrever. A inspi- na série do Mundo bizarro, do Super-Homem.
ração não vinha. Disse ele: “A poesia é uma senhora Era um nonsense pouco habitual no universo
que nos visita ou não. Convocá-la é uma impertinên- previsível dos super-heróis.” (INCOERÊNCIA)
cia inútil. Durante uns bons quatro anos, o choque
do exílio fez com que essa senhora não me visitasse”. e) “A poesia é uma senhora que nos visita ou não.
Quando, finalmente, a senhora chega, tudo muda, Convocá-la é uma impertinência inútil. Duran-
como narra o poeta: “A visita é como uma obsessão. te uns bons quatro anos, o choque do exílio fez
Uma espécie de ruído junto ao ouvido. Escrevo para com que essa senhora não me visitasse”. (REPA-
entender o que está acontecendo”. Não consigo ima- TRIAÇÃO)
ginar uma serenidade como essa no mundo virtual.
Tudo nasce e morre antes de ser completamente ab-
sorvido. Cada novidade passa a ser vital, filas se for-
Questão 08 - (CEFET MG)
mam nas madrugadas nas portas de lojas que come-
çam a vender modelos mais avançados de produtos Relacione a fase da vida do protagonista aos respec-
eletrônicos. Não dá pra esperar um dia, muito menos tivos trechos da narrativa.
uma hora. O silêncio e a introspecção são guerrilhei-
ros no habitat plugado. Estou me alistando neste
exército de Brancaleone.3
(1) Aos 7
(2) Aos 40
1 Henri Cartier-Bresson: (França 1908- 2004), fotó-
grafo do século XX, considerado por muitos como o
pai do fotojornalismo.
( ) “E ele tinha mão pra tirar as coisas do silêncio,
2 fazer selfies: selfie é uma palavra em inglês, um afagar asas, avivar cantos.”
neologismo com origem no termo self-portrait, que
significa autorretrato, e é uma foto tirada e compar- ( ) “... a febre não cedera, o menino queimava, Me-
tilhada na internet. Normalmente uma selfie é tirada lhor levá-lo ao pronto-socorro, ela disse.”
pela própria pessoa que aparece na foto, com um ce- ( ) “O dono do armazém, cigarro pendurado na
lular que possui uma câmera incorporada, com um boca, sorriu, anotou qualquer coisa num saco
smartphone, por exemplo. de papel e enfiou a caneta sobre a orelha.”
3 O Incrível Exército de Brancaleone (em italiano: ( ) “Por um instante, meus olhos ficaram desarru-
L’armata Brancaleone): é um filme italiano de 1966, mados com o arco que o corpo dele desenhou
do gênero comédia. Foi dirigido por Mario Monicelli. no ar sobre o sarrafo. E aí eu só pude aplaudir
O Exército de Brancaleone é considerado um clássico junto com o estádio inteirinho.”
italiano, que retrata os costumes da cavalaria medie-
val através da comédia satírica. É um filme inspirado ( ) “Depois deixou-se ir sem rota prévia, meio no ar,
em Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes. meio preso ao chão, numa mistura de passeio
e via crucis, desejando que os pés, como raízes
acima da terra, o conduzissem (...)”
Questão 07 - (CEFET MG) ( ) “Se demorariam horas e horas para chegar à
magnífica foz e por isso é que lá iriam a passeio,
O vocábulo grifado foi corretamente interpretado en-
dali mesmo viam uma torrente d’água desabar
tre os parênteses em:
para além das plataformas, onde os ônibus en-
travam e saíam.”
166 - www.PROJETOREDACAO.com.br
plificam uma maneira como isso pode acontecer: por Em casos de abusos contra outras pessoas, como
meio da falácia do mundo justo. bullying ou estupro, a injustiça é ainda maior, pois
eles nunca são justificados – e aí a falácia do mundo
Por exemplo, embora os estupros raramente te- justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda
nham qualquer coisa a ver com o comportamento ou vez que você se sentir movido a dizer coisas como “O
vestimenta da vítima e sejam normalmente cometi- estuprador é quem está errado, é claro, mas…”, pare
dos por um conhecido e não por um estranho numa por aí. O que vem depois do “mas” é quase sempre
rua deserta, a maioria das campanhas de conscienti- fruto de uma tendência a ver o mundo de uma forma
zação são voltadas para as mulheres, não para os ho- distorcida só para ele parecer menos injusto.
mens – e trazem a absurda mensagem de “não faça
algo que poderia levá-la a ser violentada”. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs>. Acesso
em: 02 set. 2014
Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na
Universidade Linkoping, na Suécia, 42% dos adoles- (Adaptado)
centes culparam a vítima por ser “um alvo fácil”. Para
os pesquisadores, esses julgamentos estão relaciona-
dos à noção – amplamente difundida na ficção – de
que coisas boas acontecem a quem é bom e coisas Questão 12 - (CEFET MG)
más acontecem a quem merece. A tendência a acre-
A palavra destacada foi utilizada para retomar um
ditar que o mundo é assim é chamada, na psicologia,
termo antecedente na passagem transcrita em:
de falácia do mundo justo. “Não importa quão liberal
ou conservador você seja, alguma noção dela entra
na sua reação emocional quando ouve sobre o sofri-
mento dos outros”, diz o jornalista David McRaney a) “A tendência a acreditar que o mundo é assim
no livro “Você não é tão esperto quanto pensa”. Ele é chamada, na psicologia, de falácia do mundo
acrescenta que, embora muitas pessoas não acre- justo.” (4º parágrafo)
ditem conscientemente em carma, no fundo ainda
acreditam em alguma versão disso, adaptando o con- b) “[...] a falácia do mundo justo desconsidera os
ceito para a sua própria cultura. inúmeros outros fatores que influenciam quão
bem-sucedida a pessoa vai ser [...]” (6º parágra-
E dá para entender por que somos levados a pen- fo)
sar assim: viver em um mundo injusto e imprevisível
é meio assustador e queremos nos sentir seguros e c) “O problema é que crer cegamente nisso leva a
no controle. O problema é que crer cegamente nisso ainda mais injustiças, como o julgamento de que
leva a ainda mais injustiças, como o julgamento de pessoas pobres ou viciadas em drogas são vaga-
que pessoas pobres ou viciadas em drogas são vaga- bundas [...].” (5º parágrafo)
bundas [...], que mulher de roupa curta merece ser
maltratada ou que programas sociais são um des- d) “Ele acrescenta que, embora muitas pessoas
perdício de dinheiro e uma muleta para preguiçosos. não acreditem conscientemente em carma, no
Todas essas crenças são falaciosas porque partem do fundo ainda acreditam em alguma versão disso,
princípio de que o sistema em que vivemos é justo e adaptando o conceito para a sua própriacultu-
cada um tem exatamente o que merece. ra.” (4º parágrafo)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 171
já ratificaram o acordo ortográfico, são incompreen- Questão 23 - (ESPM SP)
síveis as propostas que às vezes surgem no nosso Le-
gislativo ou na retórica de pretensos estudiosos do
tema, de se produzirem novas mudanças.
a) a elevada redundância linguística trabalha a fa- A charge acima é passível de ser interpretada como
vor da contextualização do vocábulo. ironizando:
b) a supressão de uma letra altera totalmente o I. A presunção do ministro, ao considerar- -se pos-
significado de uma palavra. suidor de poderes semelhantes a Cristo, quando
este ressuscitou depois de três dias.
c) o leitor possui uma capacidade limitada de pre-
visibilidade para uma palavra. II. O modo ardiloso, além de certa arrogância, a
que o ministro recorre para, ante uma provável
d) a rápida adaptação do Brasil ao acordo ortográ- condenação ética, “desaparecer” e “reapare-
fico estimulou novas propostas pelo Legislativo. cer” politicamente num curto espaço de tempo.
e) novas mudanças linguísticas deveriam ser enca- III. A falácia do discurso político, o qual subentende
minhadas às autoridades para estimular a leitu- repetidas promessas e planos, ante um grupo de
ra no país. jornalistas ávidos por mudanças.
d) I e III corretas.
a) de elogio, significando a arte de convencer de
pesquisadores sábios. e) todas estão corretas.
Antonio de Almeida)
172 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 24 - (ESPM SP) c) Milkau se mostra reticente sobre uma futura in-
tegração entre homem e natureza.
No trecho acima, podem ser detectados elementos
característicos que fazem com que a obra em ques- d) Há uma visão antecipatória de que agredir o Pla-
tão se afaste dos padrões românticos. Assinale o item neta significa agredir o próprio homem.
que NÃO seria responsável por esse afastamento:
e) Enquanto Lentz se mostra mais soberbo, Milkau
tem uma postura mais humilde.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 173
Com o próprio sangue fecundando as terras...(“ d) a vantagem de começar a entender a história de
um povo pelos fatos principais é que eles faci-
Clamando”) litam o acesso aos fatos secundários, em geral
confusos e de difícil compreensão.
7 Se decisões inteligentes são aquelas que ma- O tribunal eclesiástico chegou a nomear um de-
ximizam alternativas, para mim é inevitável pensar fensor para as formigas, que argumentou que elas
então no que é ciência inteligente: não aquela que não eram malditas, como dizia o processo, nem la-
resolve detalhes e fecha portas, mas a que abre no- dras, pois agiam pela sobrevivência. Não adiantou:
vas questões e possibilidades. foram condenadas. Segundo o juiz, não se sabe se a
sentença foi cumprida.
176 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 31 - (FM Petrópolis RJ) TEXTO: 18 - Comum à questão: 33
A afirmação do texto “a verba testamentária não é Autopsicografia
um efeito sem causa” (Refs. 38-39) relaciona-se ao
fato de que
O poeta é um fingidor.
d) “esse menino não é um produto são, não é um TEXTO: 19 - Comuns às questões: 34, 35
organismo perfeito” (Refs. 44-45)
Uma noite destas, vindo da cidade para o Enge-
e) “Culpa do pai não pode ser” (Refs. 55-56) nho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz
aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 177
Cumprimentou-me, sentou- -se ao pé de mim, falou Questão 35 - (FAMERP SP)
da lua e dos ministros, e acabou recitando-me ver-
sos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não “um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e
fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, de chapéu.”
como eu estava cansado, fechei os olhos três ou qua-
tro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a
leitura e metesse os versos no bolso. Nessa frase, são associados dois substantivos seman-
– Continue, disse eu acordando. ticamente díspares: “vista” e “chapéu”. A quebra de
paralelismo semântico provoca um curioso efeito de
− Já acabei, murmurou ele. estilo.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do Entre as frases, retiradas de outro romance de Ma-
bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. chado de Assis, a que produz efeito de estilo seme-
No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, lhante é:
e acabou alcunhando- -me Dom Casmurro. Os vizi-
nhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e
calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. a) “Algum tempo hesitei se devia abrir estas me-
Nem por isso me zanguei. mórias pelo princípio ou pelo fim.”
[...] b) “Já o leitor compreendeu que era a Razão que
Não consultes dicionários. Casmurro não está voltava à casa, e convidava a Sandice a sair.”
aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs c) “Um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a
o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom aliviar a nossa melancólica humanidade.”
veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo.
Tudo por estar cochilando! Também não achei me- d) “A minha ideia, depois de tantas cabriolas, cons-
lhor título para a minha narração; se não tiver outro tituíra-se ideia fixa.”
daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poe-
ta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. e) “Marcela amou-me durante quinze meses e
E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá onze contos de réis.”
cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão
isso dos seus autores; alguns nem tanto.
O problema maior de cabecear a bola é que, na b) “Cotoveladas e cabeçadas entre jogadores são
maior parte dos casos, o dano não é imediatamente grandes culpados, mas um outro inimigo foi
visível – mas está lá e vai se acumulando ao longo do apontado recentemente...”(contraste)
tempo. São pequenas lesões causadas pela quebra
das fibras na substância branca que interconectam c) “Lances lindos, como a cabeçada de Pelé defen-
as várias partes do cérebro e que se partem quando dida miraculosamente pelo goleiro inglês Gor-
estiradas muito rápido – por exemplo, quando o cé- don Banks na Copa de 70, escondem uma física
rebro recebe, ou dá, uma pancada na bola. O resul- nada bonita...” (comparação)
tado é equivalente a uma rede de computadores que
ainda funcionam, mas que não mais trocam informa- d) “O estudo canadense mostrou que, dependen-
ções uns com os outros. do de quem conta, a chance de concussão é ao
menos tão grande em jogos de futebol quanto
Ao longo do tempo, as pequenas interrupções no truculento futebol americano...” (consequên-
nas fibras da substância branca se tornam visíveis em cia)
imagens do cérebro – inclusive em amadores: o estu-
do do Hospital Albert Einstein, nos EUA, mostrou que
quanto mais cabeceiam a bola, mais esses jogadores
TEXTO: 23 - Comum à questão: 41
sofrem danos em seus cérebros – que se correlacio-
nam com pequenos, mas visíveis, problemas de me- SAÚDE SOFRE ESCASSEZ CRÔNICA DE RECURSOS
mória.
c) “Defender seu país, é claro, sempre tem seu pre- É muito menos, ainda, que a média de 6,5% do
ço. Nesta Copa, serão as canelas, joelhos e cére- PIB desembolsada pelos governos dos países da
bros dos nossos jogadores.” OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvi-
mento Econômico), a maioria desenvolvidos.
d) “Durante uma partida, jogadores expõem seus
cérebros a uma quantidade média de 6 a 12 im- Segundo as regras constitucionais, estabelecidas
pactos assim.” em 2000, a União deve elevar suas despesas em saú-
de conforme o crescimento anual da economia do
país. Estados e municípios devem destinar ao setor,
respectivamente, 12% e 15% de suas receitas.
Questão 40 - (FCM MG)
(PATU, G.;NUBLAT, J. Folha de São Paulo. 29/03/2014.
Assinale o trecho que NÃO apresenta a relação de Caderno especial de Saúde, p.8. Texto adaptado.)
ideia indicada nos parênteses:
www.PROJETOREDACAO.com.br - 181
Questão 41 - (FCM MG) dutividade acadêmica, fui aposentado compulsoria-
mente.
Leia a charge a seguir e atente para a sua relação com
o texto anterior. Para alguns professores, é concedido o honroso
título de Professor Emérito. É um grande privilégio;
em lugar de ser aposentado como um professor ves-
tindo pijama, o Professor Emérito veste uma beca.
Como um velho amigo dizia: “O Professor Emérito
é um eunuco acadêmico; tem a voz, mas não tem o
voto nos colegiados da universidade.”
Talvez eu tenha sido levado a errar devido à nossa c) A palavra “eunuco” no trecho “O Professor Emé-
cultura, que pouco valoriza o idoso, e mais, era uma rito é um eunuco acadêmico” pode ser lida no
época em que a nossa população de idosos não era sentido literal.
significativa, não se encontrava organizada como nos
dias de hoje. d) No trecho “aos setenta anos de idade, em plena
produtividade acadêmica, fui aposentado com-
Senti pessoalmente como o idoso era tratado em pulsoriamente”, o advérbio reforça a ideia implí-
nosso país: aos setenta anos de idade, em plena pro- cita na locução verbal.
182 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 25 - Comum à questão: 43 11
– Por este preço dou eu conta da roça!
www.PROJETOREDACAO.com.br - 183
daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno nem lugar me foi dado nos altares.
da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosfo-
rescência afrodisíaca. Sou apenas o alimento forte e substancial
184 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 46 - (IFGO) a) “Sangria desatada” – diz-se de algo que requer
solução postergada ou protelada;
Cora Coralina faz da poesia o seu instrumento de
denúncia das dificuldades vividas. Sobre os versos: b) “Ter o rei na barriga” – dar pouca importância a
“O justo não me consagrou Pão de Vida nem lugar si mesmo e tecer elogios a outra pessoa;
me foi dado nos altares”, é correto afirmar que
c) “Fazer ouvidos de mercador” – não dar atenção
ao que o outro diz e fazer exatamente como lhe
foi dito;
a) Cora usa o “Pão da Vida” como símbolo de sua
postura humilde face aos dissabores enfrenta- d) “Colocar panos quentes” – favorecer alguém ou
dos após seu retorno à cidade de Goiás Velho, acobertar algo errado feito por outro.
de onde havia fugido para se casar.
e) “Bicho de sete cabeças” – impedir alguém de
b) o trigo, alimento nobre e do qual se faz o pão, colocar limites quando da realização de uma ta-
representa os bons momentos vividos pela poe- refa;
ta ao longo de sua vida e remete aos momentos
de fartura e abundância.
e) os termos “O justo” e “Pão da Vida” não repre- Somente a Ingratidão – esta pantera –
sentam a experiência religiosa na vida da poeta.
Foi tua companheira inseparável!
186 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 32 - Comuns às questões: 50, 51 O texto tematiza a agressão racista sofrida pelo go-
leiro Aranha, do Santos, numa partida contra o Grê-
Aranha é chamado de “macaco” por torcida do Grê- mio. Com relação à função social do texto, é correto
mio afirmar que
Publicado em 28/08/2014, 22:09 /Atualizado em
29/08/2014, 02:38
a) seu papel é orientar a população sobre as leis
que regulamentam o crime de racismo.
O jogo entre Santos e Grêmio terminou 2 a 0 para o b) persuadir os torcedores do Santos a aderirem à
time alvinegro, mas a cena mais lamentável veio das causa de Aranha é a função principal do texto 1.
arquibancadas. O goleiro Aranha, do time paulista,
foi alvo de críticas racistas por parte da torcida atrás c) o texto 1 tem a função de noticiar um fato, en-
do gol onde estava no segundo tempo. volvendo racismo, ocorrido numa partida de fu-
tebol entre Grêmio e Santos.
“Como tomar providência? No meio de tanta gente, d) “O jogo entre Santos e Grêmio terminou 2 a 0
fica difícil assim. Graças a muito esforço, tem leis, para o time alvinegro” (parágrafo 1).
mas no futebol a gente sabe que o torcedor usa de e) “O gesto revoltou o goleiro do Santos, que, vi-
várias maneiras para desestabilizar o jogador. Sou sivelmente chateado, falou sobre o caso após o
mais experiente agora”, falou Aranha. A assessoria apito final” (parágrafo 3).
de imprensa do Santos informou que divulgará uma
nota no nome de Aranha sobre o caso.
Questão 50 - (IFPE)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 187
NASCIMENTO, Douglas. Disponível em: <http://www.
saopauloantiga
.com.br/anuncios-de-escravos/>. Acesso em: 01 out.
2014.
e) IV e V Questão 57 - (IFPE)
De uma forma generalizada, podemos dizer que Analise a charge acima e perceba como a linguagem
uma fanfic (termo reduzido para fanfiction, i.e. “fic- verbal e as imagens se misturam num todo comuni-
ção de fã”) é uma história escrita por fãs, a partir de cativo. Com relação à construção de sentido do texto,
um livro, quadrinhos, animê, filme ou série de TV. avalie as afirmativas que se seguem.
Fanfics podem ainda ser inspiradas em bandas ou
atores favoritos. Geralmente, usam ambientes como
blogs ou páginas eletrônicas para a mídia escrita,
I. A charge é um texto crítico-argumentativo e
mas navegam também por outros meios, como ví-
humorístico. No exemplo do texto 03, a tese do
deos (fanvids) ou quadrinhos e audiofics.
autor é de que o povo brasileiro deixou de se
AZZARI e CUSTÓDIO. Fanfics, google docs... a produção preocupar com educação, segurança e saúde
textual colaborativa. In: por causa da copa do mundo.
ROJO, Roxane. Escol@ conectada: os multiletramen-
II. A expressão “guardar no baú”, representada
tos e as TICs.
pela imagem do baú e da placa, significa fazer
São Paulo: Parábola, 2013. p. 74. (adaptado)
valer questões fundamentais nele guardadas.
e) I e III
TEXTO: 36 - Comuns às questões: 59, 60
Frases que fisgam e aberturas sedutoras ou por que
TEXTO: 35 - Comum à questão: 58 os romances têm as primeiras páginas
O pagamento final
01
Muita gente sonha em ser rica e, vendo o dinheiro Já observou as pessoas na livraria? Elas pegam o livro
abrir tantas portas, entende que só assim a 02 felici- de uma estante, leem a capa, depois a quarta capa,
dade é possível, mas o chato de se ser respeitado e depois as páginas de elogios (aquelas poucas só com
amado só pelo que se tem, é que não se é 03 amado elogios solicitados), e então... o quê? Você sabe essa.
de verdade nem respeitado a não ser através destes Dificilmente vi alguém pular para o meio do capítulo
bens. Isto é uma armadilha da vaidade. 04 Significa vinte e três. Portanto, é melhor que aquela página
que suas conquistas afetivas migrarão para outro diga a que veio. Caso contrário, o livro volta para a
portador caso seus bens mudem de dono. É 05 uma estante. Você não pode ler todos eles.
ficção este poder. Não está em nós. Pertence ao que Precisamos das primeiras páginas – e os romancistas
possuímos. Neste “cassino” os bens imateriais 06 não também precisam. Desde o cabeçalho, o romance
contam. Pois, analfabeta de escola, mas instruída começa a exercer sua magia sobre os leitores. Talvez
da vida, dona Maria da Natividade, a sábia mãe de mais notavelmente, os leitores também começam a
07
Antonio Pitanga meu querido, dizia aos seus filhos exercer a magia deles sobre o romance. O começo
quando brigavam por objetos: “Filhos, pra que isso? de um romance é de modo diferente a negociação de
08
Caixão não tem gaveta!”. Talvez nos soe crua de- um contrato social um convite para dançar uma lista
mais tal sentença, mas é altamente libertadora. 09 de regras do jogo e uma sedução bastante complexa.
Desprezamos os outros porque não são de nossa tri- Eu sei eu sei – sedução? Parece extremo não é?
bo, rimos de seu jeito de falar e de vestir porque não
10
é o nosso, e julgamo-los por não terem os bens que Mas é isso o que acontece no começo de um roman-
nós consideramos bens. Então, matamos e nos 11 ma- ce. Estão nos pedindo para comprometer uma boa
tamos por dinheiro. Humilhamos os que não o têm. parte do nosso tempo e energia em uma iniciativa
E inauguramos a cada dia novas guerras querendo 12 com muito pouca garantia quanto ao que ela tem pra
poder e fortuna. Não escutamos a dona Maria da Na- nós. É aí que entra a sedução. E ela quer nos dizer
tividade. A doença nossa é a doença do mundo: de 13 o que acha importante, tanto que mal pode esperar
negar a morte e a desimportância das joias na cena pra começar. Talvez mais importante, quer que fique-
final. mos envolvidos. Quando acabar, podemos nos sentir
cortejados, adorados, apreciados, ou abusados, mas
LUCINDA, Elisa. O pagamento final. In: ____. será sempre um caso para lembrar. A abertura de um
Parem de falar mal da rotina. São Paulo: Lua de Pa- romance é um convite para entrar e jogar. [...] (adap-
pel, 2010. tado)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 191
Questão 59 - (IFRS) Questão 61 - (IFSC)
Em termos resumidos,
e) o autor defende a proposta de que um roman- Sobre a charge, assinale a alternativa CORRETA.
ce já deva seduzir desde a primeira página, sob
pena de que o leitor não tenha interesse na lei-
tura.
a) A mensagem de paz do texto que introduz a
charge apresenta-se substancialmente oposta à
imagem violenta retratada.
Questão 60 - (IFRS)
b) O confronto entre os personagens apresenta
Das alternativas a seguir, assinale a que melhor cor- uma mensagem coerente com a mensagem ini-
responde à expressão do texto “um convite para cial da charge: de amor e paz.
dançar”.
c) Lutar é algo inerente ao ser humano; por isso
pode-se afirmar que não há qualquer contradi-
ção entre a mensagem verbal e a não verbal.
a) É um eufemismo, que consiste em substituir
uma expressão por outra, mais leve. Nesse sen- d) As frases da torcida indicam que esses especta-
tido, por saber que a leitura de um romance é dores não gostam de violência.
entediante, o autor optou por associá-la a algo
mais prazeroso, como dançar. e) No contexto da charge, a luta pode ser entendi-
da como uma forma de violência pacífica.
b) Trata-se de uma expressão em sentido literal.
Para o autor, ler um romance ou dançar envol-
vem a mesma habilidade para qualquer que seja
o praticante. TEXTO: 37 - Comum à questão: 62
192 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Desde os meus 16 anos pratico algum tipo de luta. TEXTO: 38 - Comum à questão: 63
Na faculdade de Educação Física, na UFRJ, vivia den-
tro do ginásio de lutas. Com grandes mestres apren- Esparadrapo
di que a luta pode ser um ótimo meio de se educar
jovens e crianças e de realizar a tal inclusão social.
[...] Nunca fui expoente em nenhuma, porém extraí, 1
Aquele restaurante de bairro é do tipo 2 simpatia/
de cada uma, conhecimentos e aprendizagens que classe média. Fica em rua 3 sossegada, é pequeno,
levo para minha vida. Na luta, aprendi a respeitar, ter limpo, cores 4 repousantes, comida razoável, preços
disciplina e principalmente... a não usá-la de forma 5
idem, não tem música de triturar os 6 ouvidos. O
inadequada dono senta-se à mesa da 7 gente, para bater um papo
leve, sem 8 intimidades.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 193
49
— Pois é. Isso mesmo. O amigo 50 compreende... 90
— Já sei. Sabe que mais? Na polícia me 91 pergunta-
ram se eu tinha seguro contra roubo. E eu 92 pensan-
51
— Compreendo perfeitamente. do que meu seguro fosse a polícia. Agora 93 estou me
segurando à minha maneira, deixando 94 as coisas lá
Desculpa ter custado um pouco a entrar na 53 joga-
52
em casa e convidando os fregueses a 95 fazer o mes-
da. Sou meio obtuso quando estou com fome. mo. E vou comprar um cofre. Cofre 96 pequeno, mas
54
— Absolutamente. Até que o amigo 55
compreen- cofre.
deu sem que eu precisasse dizer tudo. 97
— Para que, se não vai guardar dinheiro nele?
56
Muito bem. 98
— Para mostrar minha boa-fé, se eles voltarem.
57
— Mas me diga uma coisa. Quando foi isso? 99
Abro imediatamente o cofre, e verão que não 100
58
— Quarta-feira passada. estou escondendo nada. Que lhe parece?
59
— E como foi, pode-se saber? — Que talvez o senhor precise manter um 102 esto-
101
69
— An. (Passei a mão no pulso, instintivamente.) b) A banalização da violência urbana.
70
— O pior foi o cofre. c) O atendimento cordial nos pequenos restauran-
tes.
71
— Abriram o cofre?
d) O valor da vida humana.
72
— Reviraram tudo, à procura do cofre.
e) A boa relação de confiança entre comerciantes e
73
Ameaçaram, pintaram e bordaram. Foi muito 74
de- clientes.
sagradável.
75
— E afinal?
TEXTO: 39 - Comum à questão: 64
76
— Cansei de explicar a eles que não havia cofre, 77
nunca houve, como é que eu podia inventar cofre 78
naquela hora?
79
— Ficaram decepcionados, imagino.
80
— Não senhor. Disseram que tinha de haver cofre.
81
Eram cinco, inclusive a moça de bota e revólver, 82
querendo me convencer que tinha cofre escondido 83
na parede, no teto, embaixo do piso, sei lá. Disponível em: http://profmilenacaetano.blogspot.com.
br/2012/12/tiras-da-
84
— E o resultado? mafalda-quino-para-discussao.html. Acesso em: 29
abr. 2013.
85
— Este — e baixou a cabeça, onde, no cocuruto, 86
alvejava a estrela de esparadrapo.
87
— Oh! Sinto muito. Não tinha notado. Felizmente
88
escapou, é o que vale. Dê graças a Deus por estar
89
vivo.
194 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 64 - (IFSC) último obstáculo imposto pela legislação foi a emen-
da constitucional nº 20 do artigo 7, alínea XXIII que
Com relação ao texto acima, é CORRETO afirmar: proíbe ou institui a idade para o trabalho somente a
partir de 16 anos.
a) Condição e modo.
O jovem adolescente faz parte de um momento
singular1 da história. Jamais a humanidade teve ta- b) Oposição e conclusão.
manha possibilidade de desenvolvimento. É a Socie-
dade do Conhecimento! O poder está nas mãos de c) Adversidade e explicação.
quem tem informação e sabe usá-la2 com inteligên-
d) Condição e consequência.
cia. São mudanças constantes em contextos que saí-
ram de nossos bairros e municípios para o mundo. e) Oposição e finalidade.
Políticas econômicas, globalização, relações inter-
nacionais são aspectos complexos que serão enten-
didos no decorrer do desenvolvimento da carreira do Questão 66 - (IFSP)
jovem. Hoje, a preocupação é prepará-lo para enca-
rar um mercado que está disposto a pagar bem pelo ADOLESCENTE
profissional qualificado.
Medo que ofusca: luz! a) Houveram algumas pessoas que gritavam seu
nome. O verbo “haver”, no sentido de “existir”
Cumplicemente, é impessoal e não admite flexão.
as folhas contam-te um segredo b) Existiam situações terríveis naquele contexto. O
verbo existir acompanha a impessoalidade do
velho como o mundo:
verbo haver e fica no singular.
Adolescente, olha! A vida é nova...
c) Segue anexa duas guias de orientações. É preci-
A vida é nova e anda nua so estar atento à concordância nominal: Seguem
anexas.
-Vestida apenas com o teu desejo!”
d) Já faz cinco anos: quando indica tempo decorri-
Mário Quintana do, o verbo “fazer” deve permanecer no singu-
lar.
( ) No décimo primeiro verso – “velho como o mun- Segundo a prefeitura, em 2013, o gasto total nos
do” – as palavras velho e mundo apresentam o quatro meses foi de 24,9 mil m3. Ja neste ano, fo-
mesmo número de fonemas. ram utilizados 17,7 mil m3 de agua, uma economia
de 7,1 mil m3 – ou 48%. A Administracao Publica vem
tomando algumas medidas para reduzir o consumo,
como a implantacao de lava-pes e a interrupcao do
a) V/ V/ F/ F/ V fluxo de agua dos chuveirinhos da 0h as 6h.
b) F/ F/ F/ V/ V Tambem foram instaladas novas duchas pela orla
da cidade, equipamentos fornecidos pela Companhia
c) V/ V/ F/ V/ F deSaneamento Basico do Estado de Sao Paulo (Sa-
d) V/ F/ F/ F/ F besp). Alem disso, os temporizadores que controlam
o tempo de fluxo de agua foram reduzidos de 30 para
e) F/ F/ V/ V/ V 15 segundos.
196 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 68 - (IFSP) b) A mãe e o pai extasiados com os barulhos que os
bebês fazem instintivamente, ao afinarem suas
De acordo com o que se depreende do texto, assinale cordas vocais, viram a cabeça quando eles mur-
a alternativa correta. muram e balbuciam.
Os bebês murmuram e balbuciam, ações que tornam 11 Como se a não tivera merecida;
as cordas vocais mais afinadas. Eles também viram a
cabeça instintivamente por causa de um barulho e se
extasiam com a voz da mãe ou do pai. 12 Começa de servir outros sete anos,
198 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 71 - (Mackenzie SP) que a ciência demonstrou que o preconceito
está alocado em nosso sistema nervoso central.
Conclui-se do texto que:
200 - www.PROJETOREDACAO.com.br
com figuras de linguagem. Adeus, meu canto! Na revolta praça
[...]
Questão 75 - (PUC SP)
(ALVES, Castro. Melhores poemas de Castro Alves.
Nos dois últimos parágrafos, os elementos de cone- 7. ed. São Paulo: Global, 2003, p. 109.)
xão entre ideias relacionam, de acordo com a ordem
em que aparecem no texto, sentido de
Questão 76 - (PUC GO)
a) concessão, confrontação, contraste e conformi- Antônio de Castro Alves foi um poeta romântico da
dade. terceira geração e cultor da poesia “condoreira”, ca-
racterizada pela abundância de imagens grandiosas
b) refutação, congruência, concessão e adição. e sonoras, adequadas à declamação pública. O poeta
desvela as mazelas impregnadas nas camadas sociais,
c) adição, comparação, contraste e integração. sobretudo a situação opressora pela qual passavam
as senzalas brasileiras, em meio aos castigos dos seus
d) contradição, equivalência, oposição e compara- senhores. Era imprescindível que alguém clamas-
ção. se por liberdade, com a finalidade de despertar nas
consciências a necessidade de um mundo mais igua-
e) concessão, explicação, oposição e conformida- litário e mais justo. Tais objetivos são materializados
de. no texto “Adeus meu canto”. Sobre esse poema de
Castro Alves (Texto), marque a alternativa correta:
Ave de arribação, voa, anuncia d) Apesar da luta a que se propunha, a poesia não
realizou seu canto e foi arruinada ao tentar des-
Da liberdade a santa primavera. pertar na população o espírito crítico. Por isso, o
poeta foi criticado por aqueles que militavam na
política e na imprensa pela libertação da escra-
vatura.
É preciso partir, aos horizontes
202 - www.PROJETOREDACAO.com.br
a) Na verdade, o trecho narrado faz alusão a um leve e instantâneo ponto, tão leve e 23 instantâneo
momento em que os acontecimentos estavam que mais é feito de pudor e 24 segredo: mal eu falasse
surpreendendo a todos em sua comunidade, nele, já estaria falando 25 em nada.
mas o próprio personagem que narra o fatos
deixa uma mensagem de alento quando indica
26
Mas tenho um milagre, sim. O milagre das 27
em sua fala que tudo estava acontecendo como folhas. Estou andando pela rua e do vento me 28 cai
nos tempos antigos. uma folha exatamente nos cabelos. A 29 incidência da
linha de milhões de folhas 30 transformadas em uma
b) O narrador-personagem demonstra, literaria- única, e de milhões de 31 pessoas a incidência de re-
mente, que as coisas estão em constante mu- duzi-las a mim. Isso 32 me acontece tantas vezes que
dança e, neste caso específico, o que era tradi- passei a me 33 considerar modestamente a escolhida
ção está se dissolvendo, dando lugar a outras das 34 folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos 35
formas de ver e viver a vida naquela comunida- cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais 36 diminuto
de. diamante.
Questão 78 - (UECE)
TEXTO: 48 - Comuns às questões: 78, 79, 80
O texto diz que
O milagre das folhas
c) “Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos1 de pas-
os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo- sarinhos
-a fora: não me interessa fetiche morto como
lembrança.” (Refs. 37-40) que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
d) “Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Tentei transcrever para flauta a ternura dos arru-
Deus de uma grande delicadeza.” (Refs. 42-43) los.
Manoel de Barros
a) esperança; revolta; ceticismo (irônico); aceita- Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
ção; certeza (do não merecimento de milagres);
iluminação.
O mesmo poste de quando a gente brincava de c) a aparência do poste e a suposição do arrulo dos
pique passarinhos
204 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 50 - Comum à questão: 82 A crônica de Gregorio Duvivier é construída em um
único parágrafo com uma única frase. Essa frase co-
É MENINA meça e termina pela mesma expressão: é menina.
24
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas,
correu para a rua e pôs-se a andar sem saber 25 para
Questão 84 - (UERN)
onde...
De acordo com a estrutura do texto apresentado de
Vinícius de Morais
Arnaldo Antunes, e considerando os componentes
Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1986. do ato de comunicação, é correto afirmar a ocorrên-
cia de
*1
anelo − desejo intenso
a) destaque dado ao locutor.
*2
secionar − dividir em partes
b) expressão metalinguística.
*3
categóricos − claros e explícitos
c) linguagem direta e precisa.
Texto II
Casulo Cristãos, pagãos, maometanos,
azul A qual de vós fará o Mistério a vontade?
guarda as asas A incerteza do que é a morte é o que nos vale na
vida.
206 - www.PROJETOREDACAO.com.br
O desconhecimento do que é a morte é o sentido é um símbolo indicador de passagem, mudan-
da vida. ça,transição. Não por acaso, a narrativa começa
justo nesse lugar, limiar geográfico e simbólico
O desconhecermos a morte é que faz a beleza da entre dois mundos.
vida.
( ) De um lado da ponte, concentram-se comércio,
cartório, correio, cadeia, largo, chafariz, coreto,
igreja, cemitério, campo de futebol, em resumo,
Quem sabe o valor exato de uma vida? a parte mais organizada da cidade.
Sei que há uma vida, e que apagam essa vida — ( ) Do outro, há pastos, capinzais, paragens onde
não sei é se podem coletar lenha e raízes para chá, além
quem apaga da já mencionada tapera. Lá os forasteiros se
organizam em um acampamento, onde criam
Mas sei que de cada vida que passa há um univer- animais, porém o narrador não fornece ao leitor
so em mim. pistas sobre quais espécies são criadas.
5 égide − proteção
23
E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas
6 gáudio − alegria extremada
e noticiaristas, houvermos desaparecido da 24 cena
– nem por isso se subverterá a ordem social. As pala- 7 opulência − riqueza, grandeza
vras são traidoras, e a fotografia é fiel. 25 A pena nem
sempre é ajudada pela inteligência; ao passo que a
máquina fotográfica funciona 26 sempre sob a égide5
da soberana Verdade, a coberto das inumeráveis ci- Questão 87 - (UERJ)
ladas da Mentira, do 27 Equívoco e da Miopia inte-
lectual. Vereis que não hão de ser tão frequentes as O cinema se popularizou no Brasil depois de esta
controvérsias… crônica ter sido escrita. Nela, porém, o autor já ante-
cipa o advento do novo meio de comunicação.
(...)
Um trecho que comprova tal afirmativa é:
28
Não insistamos sobre os benefícios da grande revo-
lução que a fotogravura vem fazer no 29 jornalismo. a) E ainda a ciência humana há de achar o meio de
Frisemos apenas este ponto: o jornal-animatógrafo simplificar e apressar a vida (Refs. 10-11)
terá a utilidade de evitar que 30 nossas opiniões fi-
208 - www.PROJETOREDACAO.com.br
b) toda a explicação vem da gravura, que conta os infatigáveis bichos. Taímo nos 11 sacudia a nós, in-
conflitos e mortes, (Refs. 14-15) comodado por lhe dedicarmos cuidados.
19
− Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos. 20
a) o desenho critica o real e as palavras expressam E assim seguia nossa criancice, tempos afora. Nesses
consciência anos ainda tudo tinha sentido: a razão 21 deste mun-
do estava num outro mundo inexplicável. Os mais
b) a fotografia reproduz o real e as palavras provo-
velhos faziam a ponte entre esses 22 dois mundos. (...)
cam distorções
Mia Couto
c) a imagem interpreta o real e as palavras preci-
sam de inteligência Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007.
d) a fotogravura subverte o real e as palavras ten-
dem ao conservadorismo
Questão 89 - (UERJ)
Este texto é uma narrativa ficcional que se refere à
TEXTO: 55 - Comum à questão: 89 própria ficção, o que caracteriza uma espécie de me-
talinguagem.
O tempo em que o mundo tinha a nossa idade
A metalinguagem está melhor explicitada no seguin-
te trecho:
1
Nesse entretempo, ele nos chamava para escutar-
mos seus imprevistos improvisos. As estórias 2 dele
faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que a) As estórias dele faziam o nosso lugarzinho cres-
o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o 3 sono lhe cer até ficar maior que o mundo. (Ref. 1-2)
apagava a boca antes do desfecho. Éramos nós que
recolhíamos seu corpo dorminhoso. 4 Não lhe dei- b) Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de
távamos dentro da casa: ele sempre recusara cama olhos transabertos. (Ref. 12)
feita. Seu conceito era que a morte 5 nos apanha dei-
tados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era c) E nos juntávamos, todos completos, para escu-
o puro chão, lugar onde a 6 chuva também gosta de tar as verdades que lhe tinham sido reveladas.
deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na pare- (Ref. 15)
de da casa. Ali ficava 7 até de manhã. Lhe encontráva-
mos coberto de formigas. Parece que os insectos gos- d) Nesses anos ainda tudo tinha sentido: (Ref. 20)
tavam do suor 8 docicado do velho Taímo. Ele nem
sentia o corrupio do formigueiro em sua pele.
TEXTO: 56 - Comum à questão: 90
9
− Chiças: transpiro mais que palmeira! 10 Proferia O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e,
tontices enquanto ia acordando. Nós lhe sacudíamos ainda menos, uma integração de certos agrupamen-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 209
tos, de certas vontades particularistas, de que a fa- TEXTO: 57 - Comuns às questões: 91, 92, 93
mília é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo
familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma Crianças brincando
descontinuidade e até uma oposição. A indistinção
fundamental entre as duas formas é prejuízo român-
tico que teve os seus adeptos mais entusiastas duran-
te o século XIX. De acordo com esses doutrinadores, o
Estado e as suas instituições descenderiam em linha
reta, e por simples evolução, da família. A verdade,
bem outra, é que pertencem a ordens diferentes em
essência. Só pela transgressão da ordem doméstica
e familiar é que nasce o Estado e que o simples in-
divíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível,
recrutável e responsável, ante as leis da Cidade. Há
nesse fato um triunfo do geral sobre o particular, do
intelectual sobre o material do abstrato sobre o cor-
Uma psicóloga da PM-SP defende que crianças de
póreo e não uma depuração sucessiva, uma espiri-
oito anos podem manusear armas de fogo, “desde
tualização de formas mais naturais e rudimentares.
que acompanhadas pelos pais”. É normal, diz ela, que
A ordem familiar, em sua forma pura, é abolida por
o filho de um policial tenha curiosidade sobre o ins-
uma transcendência.
trumento de trabalho de seu pai, “assim como o filho
(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 2010. do médico tem sobre o estetoscópio”. A recente tra-
Adaptado.) gédia em São Paulo, envolvendo o menino Marcelo
Pesseghini, 13, suspeito de matar seus pais (ambos,
policiais militares), a avó e a tia-avó, e que se matou
em seguida, tudo a tiros, não abalou sua convicção.
Questão 90 - (Fac. Santa Marcelina SP)
No que diz respeito à comparação entre família e Es-
tado, o texto apresenta Vejamos. É normal que o filho de oito anos de um
piloto de aviação tenha curiosidade sobre o instru-
mento de trabalho do pai - o avião. Isso autoriza o
piloto a pôr o filho na cadeira do copiloto e “acompa-
a) a caracterização do Estado como geral, intelec- nhá-lo” enquanto ele pousa o aparelho levando 300
tual e abstrato, e da família como particular, ma- passageiros? O filho de um madeireiro, apenas por
terial e corpórea. ser quem é, estará autorizado a brincar com uma mo-
tosserra? E o filho de um proctologista estará apto a
b) a explicação do princípio segundo o qual a famí-
manipular o instrumento de trabalho de seu pai? (...)
lia fornece as leis que governam o Estado.
210 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 91 - (ESPM SP) d) bisturi
a) aceita o fato de uma criança ter curiosidade so- TEXTO: 58 - Comum à questão: 94
bre o instrumento de trabalho do pai, inclusive
se for arma de fogo.
a) armas de fogo
a) comprovadamente não há nada que supere até e) da dificuldade de compreensão, por parte do
hoje, em densidade analítica, os textos marxis- amigo Ed Sortudo, devido aos traços de infor-
tas. malidade no discurso de Helga.
212 - www.PROJETOREDACAO.com.br
arte. Em nossa cultura, ela se encontra no domínio da Considere o trecho do conto A causa secreta, de Ma-
pura gratuidade. chado de Assis.
TEXTO: 62 - Comum à questão: 100 c) existe um clima de insegurança cada vez mais
generalizado, embora muitos temores sejam in-
Governados pelo medo fundados.
A sensação de insegurança rege mercados e relações d) os mercados financeiros lucram com esses te-
sociais. E ninguém parece ter controle sobre os peri- mores, enquanto governos perdem dinheiro
gos invisíveis que nos ameaçam com isso.
por FLAVIA TAVARES e) não existem respostas prontas para esses ques-
tionamentos, que tendem a acabar no mundo
contemporâneo.
“Que computador foi danificado pelo sinistro ‘bug
do milênio’? Quantas pessoas você conhece que fo-
ram vítimas dos ácaros de tapete? Quantos amigos TEXTO: 63 - Comum à questão: 101
seus morreram da doença da vaca louca? Quantos
conhecidos ficaram doentes ou inválidos por causa Lentes da história
de alimentos geneticamente modificados?” Esta se-
quência de perguntas está no (...) livro do sociólogo
polonês Zygmunt Bauman, Medo Líquido (…). A elas,
O que aconteceu com o sonho do fim da segregação
ele não dá uma resposta, cumprindo apenas seu pa-
racial que, há 50 anos, Martin Luther King anunciava
pel de provocador. Mas nem precisaria. Esse questio-
para 250 mil pessoas na Marcha sobre Washington?
namento faz parte do que ele chama de “a era dos
Ele está perto de materializar-se ou continua uma es-
temores”.
perança para o futuro?
Foi esse temor, inclusive, o motor do abalo que
A resposta depende dos óculos que vestimos. Se apa-
atingiu as bolsas de valores do mundo inteiro esta
nharmos a lente dos séculos e milênios, a “longue du-
semana. O medo de uma crise econômica se trans-
rée” de que falam os historiadores, há motivos para
formou na crise em si. E, enquanto o governo dos Es-
regozijo. A instituição da escravidão, especialmente
tados Unidos não deu sinais de que tinha condições
cruel com os negros, foi abolida de todas as legisla-
de amenizar o estrago, baixando os juros e lançando
ções do planeta. É verdade que, na Mauritânia, isso
pacotes, o pânico se manteve. Para Bauman, este é
ocorreu apenas em 1981, mas o fato é que essa cha-
um dos sinais de que estamos subjugados pelo medo:
214 - www.PROJETOREDACAO.com.br
ga que acompanhava a humanidade desde o surgi- Questão 102 - (IBMEC SP Insper)
mento da agricultura, 11 mil anos atrás, se tornou
universalmente ilegal. Supremo blá-blá-blá
216 - www.PROJETOREDACAO.com.br
inventar os sonhos. O que me deixava indignado. dentro do círculo permite dar a ela duas diferen-
tes interpretações. Essa ambiguidade ocorre, por-
Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão. que a expressão “sem sexo” tanto pode se referir a
_________________ quanto a ______________ .
Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é
que não nos espantamos de nada. Sonhas, por exem-
plo, que estás a conversar com o tio Juca. De repente,
te lembras de que ele já morreu. E daí? A conversa A alternativa que preenche corretamente as lacunas
continua. do enunciado acima é:
d) “filhos”, “fazer”
Com elas
Falo e digo
Dito e decoro
(Antônio Cícero)
A organização sintática de uma das frases que estão
www.PROJETOREDACAO.com.br - 217
Vocabulário: duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminha-
do o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Or-
Arúspice: Sacerdote romano que fazia presságios dinariamente andavam pouco, mas como haviam
consultando as entranhas das vítimas repousado bastante na areia do rio seco, a viagem
progredira bem três léguas. Fazia horas que procura-
vam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu
Nos versos, a postura assumida pelo eu lírico em re- longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.
lação ao mundo revela Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com
o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de
folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a
a) confiança no poder da palavra, capaz de orga- tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cin-
nizar o caos do universo em que o eu lírico se turão, a espingarda de pederneira no ombro. O meni-
insere. no mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
b) aceitação de seu anonimato, visto que seus dons Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumi-
não estão ao alcance de serem compreendidos ram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sen-
no universo. tou-se no chão.
Quanto às escolhas linguísticas, percebe-se que Gra- Com a ajuda da geometria, nada é o que aparenta
ciliano Ramos utiliza-se de palavras ligadas ao sertão ser no trabalho surpreendente do artista holandês.
nordestino. Tais escolhas, no trecho, têm como pro-
pósito principal:
1
Você já deve ter visto pelo menos uma das gra-
vuras do artista gráfico holandês M. C. 2 Escher. Elas
a) revelar a riqueza da linguagem advinda do ser- já foram reproduzidas não só em dezenas de livros de
tão pelos vocábulos utilizados. arte, mas também na 3 forma de pôsteres, postais,
jogos, CD-ROMs, camisetas e até gravatas. Caso não
b) contrapor a língua padrão, de maior prestígio se 4 lembre, então você não viu nenhuma. Olhar para
social, com outras variedades linguísticas. as intrigantes imagens criadas por 5 Escher é uma ex-
periência inesquecível. Tudo o que nelas está repre-
c) privilegiar a norma popular da língua portugue- sentado nunca é 6 exatamente o que parece ser. Há,
sa. em todas elas, sempre uma surpresa visual espera 7
d) mostrar a incapacidade de Fabiano de se comu- do espectador. Isso porque, para ele, o desenho era
nicar de forma inteligível. pura ilusão. A realidade pouco 8 interessava. Antes,
preferia o contrário: criar mundos impossíveis que
e) conferir verossimilhança ao texto, em consonân- apenas parecessem 9 reais. Eis porque acabou se
cia com a caracterização da personagem e do tornando uma espécie de mágico das artes gráficas.
ambiente em que vive.
10
Seus desenhos, porém, não nasciam de passes
www.PROJETOREDACAO.com.br - 219
de mágica, nem somente de sua 11 apurada técnica Xilogravura: ‘Céu e Água I’, de 1938.
de gravador. Sua obra está apoiada em conceitos ma-
temáticos, extraídos 12 especialmente do campo da Foto: The M.C. Escher Company B.V. Baarn,The Nether-
geometria. Essa era a fonte de seus efeitos surpreen- lands.
dentes. 13 Foi com base nesses princípios que Escher
subverteu a noção da perspectiva clássica 14 para
obter suas figuras impossíveis de existir no espaço VEJASP. Xilogravura ‘Céu e Água’. Disponível em:
“real”. Aliás, desde o começo, 15 fascinou-o essa con- http://vejasp.abril.com.br/atracao/maurits-cornelis-
dição essencial do desenho, que é a representação -escher. Acesso em 09/05/2013.
tridimensional dos 16 objetos na inevitável bidimen-
sionalidade do papel. Brincou com isso o mais que
pôde. 17 Também ___ matemática na divisão regular
da superfície usada por Escher para criar, de 18 ma- TEXTO 2
neira perfeita, suas famosas séries de metamorfoses,
onde formas geométricas 19 abstratas ganham vida e
vão, aos poucos, se transformando em aves, peixes,
Arte estimula o aprendizado de matemática
répteis e até 20 seres humanos.
1
Resolver operações matemáticas foi difícil para
21
Foi essa proximidade com a ciência que deixou
muitos dos gênios da ciência, e 2 continua pouco
os críticos de arte da época de cabelo 22 em pé. Afi-
atraente para muitos alunos em salas de aula. Mui-
nal, como classificar o trabalho de Escher? Era “artís-
ta gente pensa em 3 vincular matemática com a arte
tico” o que ele fazia ou 23 puramente “racional”? Na
para tornar o aprendizado mais estimulante.
dúvida, preferiram silenciar sobre sua obra durante
vários anos 24 Enquanto isso, o artista foi ganhando a
admiração de matemáticos, físicos, cristalógrafos e 25
eruditos em geral. Mas essa é outra faceta surpreen- 4
O professor Luiz Barco, da Escola de Comunica-
dente de Escher ções e Artes, da Universidade de São 5 Paulo (USP)
é um deles. “Há mais matemática nos livros de Ma-
chado de Assis, nos 6 poemas de Cecília Meireles e
Fernando Pessoa do que na maioria dos livros didáti-
26
Embora seus trabalhos tivessem forte conteú-
cos de 7 matemática”. Para ele, a matemática captura
do matemático, ele era leigo no assunto. 27 ____ bem
__ lógica do raciocínio, assim como 8 acontece com o
da verdade, Escher sequer foi um bom aluno. Ele
imaginário na literatura, com a harmonia na música,
mesmo admitiu mais tarde 28 que jamais ganhou, ao
na escultura, na 9 pintura, nas artes em geral.
menos, um “regular” em matemática. Conta-se até
que H.M.S. 29 Coxeter, um dos papas da geometria
moderna, entusiasmado com os desenhos do 30 artis-
ta, convidou-o a participar de uma de suas aulas. Ve- 10
Para o pesquisador Antônio Conde, do Instituto
xame total. Para decepção do 31 catedrático, Escher de Matemática e Computação da 11 USP/São Carlos,
não sabia do que ele estava falando, mesmo quando a convivência entre arte e matemática aumentaria a
discorria 32 sobre teorias que o artista aplicava intuiti- capacidade de 12 absorção dos estudantes. “O lado
vamente em suas gravuras. estético da matemática é muito forte, a 13 demons-
tração de um teorema é uma obra de arte”, conclui.
GALILEU. Escher, o gênio da matemática. Disponível
em: <http://galileu.globo.com/edic/88/conhecimen-
to2.htm> Acesso em 05/05/2013.
14
O holandês Maurits Cornelis Escher é, prova-
velmente, um dos maiores 15 representantes dessa
ligação, produzindo obras de arte geometricamente
16
estruturadas. Ele provou, na prática, que é possível
olhar __ formas espaciais do 17 ponto de vista mate-
mático, ou sob o seu aspecto estético, utilizando-as
para se 18 expressar plasticamente.
19
“Olhando os enigmas que nos rodeiam e ponde-
rando e analisando as minhas 20 observações, entro
em contato com o mundo da matemática”, dizia Es-
cher, que 21 morreu em 1972.
220 - www.PROJETOREDACAO.com.br
CIÊNCIA E CULTURA. Arte estimula o aprendiza- 26 numa sexta potenciação
do de matemática. Disponível em: <http://
cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pi- 27 traçando
d=S0009-67252003000100017&script=sci_arttext>.
Acesso em 05/05/2013. 28 ao sabor do momento
29 e da paixão
5 doidamente 38 um perpendicular.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 221
58 que com ela não formava mais um todo,
222 - www.PROJETOREDACAO.com.br
e) Se não fosse possível perceber a matemática atitude exterior harmonizando-se com o meio é me-
que atravessa o trabalho de M. C. Escher, todo o lhor, porém. Qualquer situação topa intimamente in-
valor de sua obra se perderia. cólume, dentro de sua concepção de vida, o homem
de personalidade. E o único caminho de aquisição
desta é a experiência, a santa experiência. Tomaz Be-
cket, por exemplo, foi um homem admirável. De per-
Questão 113 - (IME RJ) sonalidade vária. Unus et multiplex, como o Estado...
Leia atentamente as assertivas a seguir, todas refe- Quando chanceler de Henrique II, um dos melhores
rentes ao texto 3 desta prova. Plantageneta, era o braço direito do soberano. Mais
guerreiro do que padre, muito mais realista do que
católico. Depois, eis a reviravolta que as circunstân-
I. A partir de conceitos matemáticos construiu-se cias lhe impuseram: feito Arcebispo de Canterbury,
uma narrativa poética em terceira pessoa cujo pelo próprio Rei, nosso homem trocou a fanfarroni-
tema é a traição numa relação amorosa. ce pela santidade e a igreja da Inglaterra começou a
invectivar os desmandos reais. Coitado, bajuladores
II. O adjetivo ordinária (V. 63) está carregado de repelentes o mataram. Que tal?
um tom moralizante e deixa entrever um juízo
de valor relativo ao comportamento feminino — Tenho água pelas barbas... afinal, ressalta de suas
no relacionamento entre a Hipotenusa e o Quo- bonitas explicações, a identidade entre o jequitibá e
ciente. o caniço.
III. É coerente com o tom moralizante da Poesia Hermano olhou-me surpreso, quando terminei a fra-
Matemática associar o nome dado ao elemen- se. E começou assoviar, emudecendo a questão. Per-
to masculino da relação amorosa narrada, Quo- cebi que não voltaria mais ao assunto. E que o asso-
ciente, ao adjetivo consciente, isto é, aquele que vio era uma loa de protesto pela minha obtusidade.
faz uso da razão.
Hermano, orgulhoso por índole e porque pode, não
IV. A quebra de paradigmas científicos requerida conseguindo a compreensão aspirada, toma habi-
pela Teoria da Relatividade einsteiniana é asso- tualmente essa atitude sonora de desprezo.
ciada, à quebra de paradigmas morais nas socie-
O orgulho é uma das melhores virtudes de Hermano.
dades modernas.
Vem de sua auto-suficiência. Talvez orgulho seja mes-
mo o pseudônimo de auto-suficiência, reconhecida e
supervalorizada.
Dentre as afirmativas acima
Ele me disse, certa vez, que “eliminaram de sua vida
as preocupações de ordem financeira”.
TEXTO: 67 - Comuns às questões: 114, 115 (LEÃO, Ursulino. Maya. 2. ed. Goiânia: Oriente, 1975. p. 40-42.)
d) Apresenta um episódio familiar cheio de espanto Mulher primeira, fêmea de ar, de terra,
e mistério, misturando dia, noite, claro, escuro,
nuvem, lembrança, chuva, diante do desespero De água, de fogo – Hephaistos, sobe, ajuda-me
de uma mãe que ao dizer: “Vosso pai já não é
meu”, não esclarece se ele sumiu ou morreu. A compor essa estátua; fácil corpo,
Em paz com seus ouvintes, alvas páginas II. Trata-se de um longo diálogo do poeta com o
mundo, sugerindo mais do que afirmando, tra-
Em paz com os planos atros do universo – duzindo a consciência de um estado em crise e
angústia.
[...]
III. Os versos constituem uma cadeia sintática des-
Retorna a mim, que passarei mil anos contínua e inconclusa, que instaura no texto um
pensamento fragmentário, tornando o tom am-
A contemplar-te, ouvir-te, cogitar-te. bíguo e confuso cada vez mais marcante no poe-
ma.
Vênus fará de teu marfim fecunda
Saí cedo, antes que o sol esquentasse, levando bodo- c) “[...] Estão construindo um conjunto de ranchos
que e lança e o caderno de desenho, se vão mesmo comunais naquela zona, há muito trabalhador
contaminar o lugar quero guardar uma lembrança estranho tirando bambu, amassando barro, fin-
dele como é agora. Não está proibido visitar os ta- cando estacas por toda parte, e eu não queria
buleiros nem fazer desenhos do que existe lá, pelo correr o risco de ser notado por algum olheiro
menos que eu saiba. Em todo caso, escondi preca- disfarçado entre eles.”
vidamente o caderno debaixo da túnica, e dei umas
voltas manhosas antes de pegar a estrada certa. Es- d) “[...] Mas vou guardar o caderno bem guardado.
tão construindo um conjunto de ranchos comunais Se o lugar vai mesmo ser contaminado, pode ser
naquela zona, há muito trabalhador estranho tirando que um dia, daqui a muitos anos, alguém o en-
bambu, amassando barro, fincando estacas por toda contre e fique sabendo como eram os tabuleiros
parte, e eu não queria correr o risco de ser notado onde baixavam as naus celestes, e até decifre a
por algum olheiro disfarçado entre eles. inscrição.”
11
“Desde pequeno eu sabia que Superman não exis-
a) “[...] Antes que viesse a ordem, fui lá dar uma tia. Mas também sabia que meu pai era o 12 verdadei-
última olhada. Quando crianças eu e Rudêncio ro Superman”, brincou David Weiss, filho do modelo
brincávamos lá com outros garotos apesar de ser do herói, em entrevista à Folha 13 de São Paulo. Weiss
um lugar mais ou menos amaldiçoado já naquele cresceu comparando o rosto do pai ao desenho pen-
tempo.” durado na sala de casa. 14 Mas logo Joe Shuster, que
www.PROJETOREDACAO.com.br - 227
foi seu principal desenhista, acabaria cedendo espa- Não era um pássaro nem um avião. (Ref. 1)
ço para novos 15 cartunistas, que adaptaram a figura
aos fatos correntes. A primeira frase do texto remete às perguntas feitas
por personagens que observavam intrigados o voo
do Super-homem em suas muitas histórias: É um
pássaro? É um avião? Não! É o Superhomem!
16
“Essa mudança é o segredo do Superman. Cada
época precisa de um herói só seu, e ele sempre 17 pa-
receu ser o cara certo”, diz Larry Tye, considerado o
maior estudioso do personagem. “Nos 18 anos 1930, Essa primeira frase configura um recurso da lingua-
ele tiraria a América da Grande Depressão. Nos anos gem conhecido como:
1940, era duro com os nazistas. 19 Nos anos 1950,
lutou contra a onda vermelha do comunismo.”E foi
mudando de cara de acordo 20 com a função. a) ironia
b) designação
21
Invenção dos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, Su- c) verossimilhança
perman também é visto como um paralelo 22 da his-
tória de Moisés, a criança exilada que cresce numa d) intertextualidade
terra estrangeira e depois se apresenta 23 como um
salvador. A aparência é um misto do também perso-
nagem bíblico Sansão, do 24 deus grego Hércules e de
acrobatas de circo. Mas há quem atribua, até hoje, TEXTO: 73 - Comuns às questões: 121, 122, 123,
a dualidade do 25 personagem, que se alterna entre 124, 125
o nerd* indefeso, tímido e de vista fraca (como Joe
Shuster) e 26 um super-herói possante, à origem ju- DIÁLOGO DA RELATIVA GRANDEZA
daica dos seus criadores.
– Li mas quero ter. Pra guardar e ler de novo. Diana lambendo os dedos e enxugando no vestido.
Qual seria o tamanho certo dela? Um palmo de ca-
– Vantagem é ganhar outro. Diferente. beça, um palmo de peito, palmo e meio de barriga,
palmo e meio até o joelho, palmo e meio até o pé...
– Deferente eu não quero. Pode não ser bom. uns seis palmos e meio. Palmo de quem? Gafanhoto
pode ter seis palmos e meio também – mas de gafa-
– Como foi que você disse? Diz de novo?
nhoto. Formiga pode ter seis palmos e meio – de for-
– Já disse uma vez, chega. miga. E os bichinhos que existem mas a gente não vê,
de tão pequenos? Se tem bichos que a gente não vê,
– Você disse deferente. não pode ter bichos que esses que a gente não vê não
veem? Onde é que o tamanho dos bichos começa, e
– Foi não. onde acaba? Qual é o maior, e qual o menor? Bonito
se nós também somos invisíveis para outros bichos
– Foi. Eu ouvi. muito grandes, tão grandes que os nossos olhos não
abarcam? E se a Terra é um bicho grandegrandegran-
– Foi não.
degrande e nós somos pulgas dele? Mas não pode!
– Foi. Como é que vamos ser invisíveis, se qualquer pessoa
tem mais de um metro de tamanho?
– Foi não.
Doril olhou o muro, os cafezeiros, as bananeiras, tudo
– Foooi. bem maior do que ele, uma bananeira deve ter mais
de dois metros...
Continuariam até um se cansar e tapar os ouvidos
para ficar com a última palavra se Diana não tivesse a
habilidade de se retirar logo que percebeu a dízima.
Com pedacinho final do marmelo entre os dedos, ela Aí ele notou que o louva-deus não estava mais na
chegou-se mais perto do irmão e disse: mão. Procurou por perto e achou-o pousado num
pau de lenha, numa ponta coberta de musgo. Do-
– Gi! Matando louva-deus! Olhe o castigo! ril levantou o pau devagarinho, olhou-o de perto e
achou que a camada de musgo lembrava um mati-
– Eu estou matando, estou? nho fechado, com certeza cheio de
– Está judiando. Ele morre. – Quando é que você vai deixar esse bichinho sosse-
gado? Tamanho homem!
– Eu estou judiando?
Doril largou o pau devagarinho no monte, limpou as
– Amolar um bicho tão pequenininho é o mesmo que mãos na roupa
judiar.
– Você não sabe qual é o meu tamanho.
Doril não disse mais nada, qualquer coisa que ele dis-
sesse ela aproveitaria para outra acusação. Era difícil Ela olhou-o desconfiada, com medo de dizer uma coi-
tapar a boca de Diana, ô menina renitente. Ele pre- sa e cair em alguma armadilha. Doril estava sempre
feriu continuar olhando o louva-deus. Soprou-o de arranjando novidades para atrapalhá-la.
leve, ele encolheu-se e vergou o corpo para o lado do
sopro, corno faz uma pessoa na ventania. O louva- – Você nem sabe qual é o seu tamanho – insistiu ele.
-deus estava no meio de uma tempestade de vento,
dessas que derrubam árvores e arrancam telhados e – Então não sei? Já medi e marquei com um carvão
podem até levantar urna pessoa do chão. Doril era a atrás da porta da sala. Pode olhar lá, se quiser.
força que mandava a tempestade e que podia pará-
Ele sorriu da esperada ingenuidade.
-la quando quisesse. Então ele era Deus? Será que as
nossas tempestades também são brincadeira? Será
www.PROJETOREDACAO.com.br - 229
– Isso não quer dizer nada. Você não sabe o tamanho quer dia caía.
da marca.
– Ah, não pode, Doril. Comparar jaca com cajá?
– Sei. Mamãe mediu com a fita de costura. Diz que
tem um metro e vinte e tantos. – Mas é porque você não sabe que cajá não é cajá.
– Você não sabe que nós somos invisíveis, de tão pe- – E eu?
quenos?
– Você é formiga de dois pés.
– Sei disso não. Invisível é micuim, que a gente sente
mas não vê. – Se eu sou formiga como é que eu pulo rego d´água?
Diana olhou depressa para ela mesma, depois para – Esse nosso aí.
Doril. Doril sacudiu a cabeça, sorrindo.
– Como é que eu vejo eu, vejo você, vejo minha mãe? – Aquilo não é rego d´água. É risquinho no chão, da
– E você pensa que micuim não vê micuim? grossura de um fio de linha.
Diana franziu a testa, pensando. Doril tinha cada – E... E aquele morro lá longe?
ideia. – Não é morro. Você pensa que é morro porque você
[...] é formiga. Aquilo é um montinho de terra que cabe
num carrinho de mão.
– Não pode, Doril. A gente é grande. Olha aí, você é
quase da altura desse monte de lenha. Diana olhou-se de alto a baixo, achou-se grande para
ser formiga.
– Está vendo como você não sabe nada? Isso não é
um monte de lenha. É um monte de pauzinhos me- – Onde você aprendeu isso?
nores do que pau de fósforo. Ela precisava da garantia de uma autoridade para
– Ora sebo, Doril. Pau de fósforo é deste tamanho aceitar a nova ideia.
– ela mostrou dois dedinhos separados, dando tama- – Em parte nenhuma. Eu descobri.
nho que ela imaginava.
Diana deu um riso de zombaria, como quem começa
– Isso que você está mostrando não é tamanho de a entender. Tudo aquilo era invenção dele, coisa sem
pau de fósforo. Pau de fósforo é quase do seu tama- pé nem cabeça. Como a história de recado por pen-
nho. samento.
Diana ficou pensativa, triste por ter diminuído de A mãe chamou da janela. Doril desceu do monte de
tamanho de repente. Doril aproveitou para ensinar lenha, um pau resvalou e feriu-o no tornozelo. Ele ia
mais. xingar mas lembrou que pau de fósforo não machu-
– Como você é tapada, Diana. Tudo no mundo é mui- ca. A mãe chamou de novo, ele saiu correndo e gri-
to pequeno. O mundo é muito pequeno. – Olhou em tou para trás:
volta procurando uma ilustração. – Está vendo aque- – Quem chegar por último é filho de lesma.
la jaca? Sabe o tamanho dela?
Diana correu também, mais para não ficar sozinha do
– Sei sim. Regula com uma melancia. que para competir. Pularam uma bacia velha, simples
– Pronto. Não sabe. É do tamanho de cajá. tampa de cerveja emborcada no chão. Pularam o fio
de linha que Diana tinha pensado que era um rego
Diana olhou a jaca já madura em ponto de cair, qual- d´água. Doril tropeçou num balde furado (isto é, um
230 - www.PROJETOREDACAO.com.br
dedal com alça), subiu de um fôlego os dentes do Questão 123 - (UFG GO)
pente que servia de escada para a varanda, e entrou
no caixotinho de giz onde eles moravam. A mãe uma Uma das barreiras ao livre comércio está relacionada
formiguinha severa de pano amarrado na cabeça es- à falta de homogeneidade nos padrões de medida.
tava esperando na porta com uma colher e um vidro Em que trecho do texto, transcrito a seguir, a relativi-
de xarope nas mãos, a colher uma simples casquinha dade da padronização é constatada?
de arroz. Doril abriu a boca, fechou os olhos e engo-
liu, o borrifo de xarope desceu queimando a garganta
de formiga. a) “Ele queria que o bichinho voasse, ou pulasse.”
VEIGA, J. J. Melhores contos J. J. Veiga. Seleção de J. Ade- b) “Doril tocava-o com a unha do dedo menor.”
raldo
Castello. 4. ed. São Paulo: Global, 2000. p. 97-102. c) “Já tinha comido um bom pedaço da parte de
cima.”
e) ciência afasta o homem da realidade retratada. Eu era ainda muito criança, mas sabia uma infinidade
de coisas que os adultos ignoravam. [...]
[…]
Disponível em: <http://www.google.com.br/pintores-sur- VEIGA, José J. Fronteira. In: Melhores contos J. J. Veiga.
realistas>. Acesso em: 26 set. 2013. Seleção de J. Aderaldo Castello. 4. ed. São Paulo:
Global, 2000. p. 37.
232 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 127 - (UFG GO)
Leia o trecho a seguir.
VIANNA
Ficção de pensar…
Desde o final do século 20, toda a engrenagem indus-
trial do mercado musical passa por intensas transfor-
mações, como o surgimento e disseminação de novas
Faróis distantes… tecnologias, em grande parte gratuitas, como os ar-
Incerteza da vida… quivos MP3s, as redes de compartilhamento destes
arquivos, mecanismos torrents, sites de armazena-
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente, mento de conteúdo, ferramentas de publicação on-li-
ne — tudo à disposição de quem quisesse dividir com
No acaso do olhar perdido… os outros suas canções e discos favoritos. A era pósin-
dustrial atingiu toda a indústria do entretenimento,
mas o braço da música foi quem mais sofreu, espe-
cialmente as grandes gravadoras multinacionais, as
Faróis distantes… chamadas majors, que sofreram um declínio em to-
A vida de nada serve… das as etapas de seu antigo negócio, ao mesmo tem-
po em que rapidamente se aperfeiçoavam ferramen-
Pensar na vida de nada serve… tas baratas e caseiras de produção que diminuíam a
distância entre amadores e profissionais.
Pensar de pensar na vida de nada serve…
“Cada um tem descoberto suas fórmulas e possibili- O que não sobe nem desce na escala dos fatos nor-
dades, pois tudo tende a ser cada vez menos homo- mais é a vilania, a usura, o egoísmo, a estatística dos
gêneo”, opina o baiano Lucas Santtana, que realizou crimes e o montão de fatos vergonhosos, perversos,
seus discos recentes às próprias custas.“Claro que ruins e feios que precedem todas as contrições ofi-
ainda existe uma distância em relação aos artistas ciais do confessionário, e que depois delas continuam
chamados mainstream”, continua. “Mas você muda com imperturbável regularidade.
o tamanho da escala e já está tudo igual em termos É o caso de desejar-se mais obras e menos palavras.
de business. A pergunta é se essa geração faz uma
música para esse grande mercado ou se ela está for- E se não, de que é que serve o jejum, as macerações,
mando um novo público. Outra pergunta é se o gran- o arrependimento, a contrição e quejandas religiosi-
de mercado na verdade não passa de uma imposição dades?
de uma máfia que dita o que vai ser popular.”
O que é a religião sem o aperfeiçoamento moral da
(Galileu, março de 2013. Adaptado.) consciência?
e) toda a engrenagem tradicional do mercado mu- (Ângelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel
sical. dos Reis.
Cabrião, 10.03.1867. Adaptado.)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 235
Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente
a) representam uma autorização para voltar a pe- Que no-las leva e traz, num círculo fatal;
car.
O que varia é o espírito que as sente
b) não tornam a ser cometidos pelos crentes.
Que é imperceptivelmente desigual,
c) deixam de ser pecados nas próximas vezes.
10 Que sempre as vive diferentemente,
d) não são tão graves que mereçam confissão.
E, assim, a vida é sempre inédita, afinal...
e) voltam a ser cometidos como sempre.
15 Da sensibilidade furta-cor...
Marque a alternativa cuja passagem responde à E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas
questão levantada pelos autores no trecho em des-
E a vida somos nós, que sempre somos outros!...
taque.
Homem inquieto e vão que não repousas!
Para e escuta:
a) A carne [...] desce quase a zero na pauta dos pre-
ços. 20 Se as cousas têm espírito, nós somos
b) [...] tudo esfria com o exercício de seus místicos Esse espírito efêmero das cousas,
preceitos de silêncio e meditação.
Volúvel e diverso,
c) A população paulista azafama-se a preparar-se
para a lavagem geral das consciências [...]. Variando, instante a instante, intimamente,
d) É o caso de desejar-se mais obras e menos E eternamente,
palavras.
25 Dentro da indiferença do Universo!...
e) [...] a quaresma toma as rédeas do governo so-
cial [...]. (Luz mediterrânea, 1965.)
Considere o poema de Raul de Leoni (1895-1926). Uma leitura atenta do poema permite concluir que
seu título representa
236 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 134 - (UNESP SP) podia ter vaidade. Procurar o cirurgião, nem pensar!
Mas o mundo mudou. Ainda bem. Envelhecer com
No último verso do poema, o eu lírico conclui que dignidade não é necessariamente despencar! Afinal
de contas, cuidar da própria aparência é um dos pou-
cos gestos de liberdade que ainda restam a cada ser
a) os espíritos mostram-se insensíveis ao volúvel humano.
Universo. (Walcyr Carrasco. Veja SP, 28.01.2009. Adaptado.)
b) o Universo acompanha de perto a alma ou espí-
rito.
Questão 135 - (Unicastelo SP)
c) o Universo é indiferente à relação entre o espíri-
to e as coisas. Para contestar o conselho dado pela amiga, o narra-
dor argumenta que
d) a variação das coisas é indiferente ao espírito
que as sente.
e) as coisas têm espírito, mas o Universo não tem. a) desejava mudar a situação, pois se ressentia dos
comentários pejorativos que os conhecidos fa-
ziam sobre sua aparência.
TEXTO: 78 - Comum à questão: 135 b) chegou à conclusão de que é necessário acom-
Fiz plástica! panhar a moda para sentir-se aceito e fazer par-
te da sociedade.
Dez dias depois retirei os pontos. Faz pouco mais de e que a revolução caminha com pés de flor
um mês e ninguém diz que fiz plástica! Só as orelhas
continuam meio adormecidas por causa da aneste- nos campos de meu país,
sia. Garante o médico que daqui a semanas voltam
ao normal. com pés de borracha
Não me tornei um jovenzinho, mas estou me sentin- nas grandes cidades brasileiras
do melhor! Mais... apresentável! Uma amiga acon- e que meu coração
selhou:
é um sol de esperanças entre pulmões
– Não conte que fez plástica.
e nuvens.
Por que não? Sou de um tempo em que homem não
www.PROJETOREDACAO.com.br - 237
Poderia dizer que meu povo
em meio à fome
e dizendo sim
sim –
pelo amor e o que ele nega Os quadrinhos que compõem a tirinha são
pelo que dá e que cega
“O custo é elevado e o produto para quem não o Não vejo nada assim enlouquecida...
tem ainda é caro. Os planos grandes não conseguem
atender, por exemplo, em algumas áreas do país, nos Passo no mundo, meu Amor, a ler
prazos mínimos de agendamento de consultas e exa-
mes”, afirma. No misterioso livro do teu ser
e) redundância.
Carlos Minayo-Gomez e Sonia Maria da Fonseca Thedim- Questão 144 - (USP Faculdade de Saúde Pública SP)
-Costa.
No conjunto do texto, a expressão que serve para
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 13 (Supl. 2): 21- qualificar, de modo mais apropriado, a natureza da
32, 1997. Adaptado. investigação que ele próprio empreende é
www.PROJETOREDACAO.com.br - 241
a) “percurso” (Ref. 6). a aula com as perguntas escritas em pedaços de pa-
pel que sub-repticiamente examinam, esperando a
b) “aproximações” (Ref. 17). sua vez, e sem prestar atenção à discussão em que
seus colegas estão envolvidos naquele momento.
c) “zona de empatia” (Refs. 21-22).
Mas, quando falo a estudantes do último ano do se- TEXTO: 84 - Comum à questão: 146
cundário, encontro algo diferente. Eles memorizam
os “ fatos”. Porém, de modo geral, a alegria da des- Ensino superior e os serviços de saúde no Brasil
coberta, a vida por trás desses fatos, se extinguiu em
suas mentes. Perderam grande parte da admiração e
ganharam muito pouco ceticismo. Ficam preocupa-
dos com a possibilidade de fazer perguntas “imbecis”;
1
Até meados do século XX, não existia sistema de 2
estão dispostos a aceitar respostas inadequadas; não saúde no Brasil. Pacientes ricos eram tratados em 3
fazem perguntas encadeadas; a sala fica inundada instituições privadas, pagando diretamente suas des-
de olhares de esguelha para verificar, a cada segun- pesas; 4 e os trabalhadores tinham acesso a clínicas
do, se eles têm a aprovação de seus pares. Vêm para e hospitais dos 5 sindicatos. Nas áreas urbanas, os
242 - www.PROJETOREDACAO.com.br
pobres precisavam 6 procurar ajuda nas superlotadas b) considerou-se positivamente o impacto do SUS
instituições filantrópicas 7 ou públicas que aceitavam aos vinte anos de funcionamento.
indivíduos em estado de 8 indigência. Nas áreas ru-
rais, camponeses e meeiros tinham 9 de confiar em c) tal foi o impacto positivo da fundação do SUS,
curandeiros ou cuidadores leigos não 10 treinados após duas décadas de sua fundação.
para suas necessidades de saúde. No auge da 11 re-
democratização do país, a Constituição de 1988 de- d) de modo que foi positivo o impacto da atuação
clarou 12 que a saúde era um direito do cidadão e um do SUS, em decorrência de vinte anos de sua ins-
dever do 13 Estado. Posteriormente, foi organizado o talação.
Sistema Único de 14 Saúde, ou SUS, com os princípios e) essa atuação respondeu pelo impacto positivo
da universalidade, 15 integralidade assistencial, pro- do SUS, decorridos vinte anos de sua criação.
moção da saúde e 16 participação da comunidade,
com fundos públicos para 17 prestação de cuidados
de saúde gratuitos para os cidadãos 18 brasileiros.
Questão 147 - (ACAFE SC)
Jovens estão consumindo mais álcool
19
O SUS tem duas linhas principais de atuação: o 20
Programa Saúde da Família, que presta cuidados pri-
mários 21 de saúde em 5.295 municípios; e uma rede
de clínicas e 22 hospitais públicos ou contratados pelo O álcool é a droga mais usada entre jovens com me-
SUS, que presta 23 atendimento secundário e terciá- nos de 18 anos. Estudo feito pela Universidade Fede-
rio em todo o país. Junto 24 com intervenções de saú- ral de São Paulo (Unifesp) mostrou que cerca de 40%
de pública, que começaram na 25 década de 1970 e dos 5.200 estudantes entrevistados haviam bebido
que, mais recentemente, implementaram 26 políticas no mês anterior à pesquisa. Destes, 46% afirmaram
sociais relacionadas ao emprego e à transferência 27 que o primeiro consumo de álcool ocorreu em casa.
condicional de renda, considera-se que foi positivo o Já o I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool,
28
impacto do SUS depois de vinte anos. Tabaco e Outras Drogas verificou que 80% dos 18 mil
universitários entrevistados, menores de 18 anos,
já consumiram algum tipo de bebida alcoólica. Mas
qual será a explicação para um consumo tão alto en-
29
Nas últimas três décadas, a mortalidade infantil 30 tre os adolescentes?
diminuiu em cerca de 6,3% ao ano e a expectativa de
vida 31 aumentou em 10,6 anos. A mortalidade por
doenças 32 infecciosas diminuiu de 23% do total de
óbitos em 1970 33 para menos de 4% em 2007. Apesar O psicólogo especializado no Tratamento e Preven-
de tais conquistas, é 34 preciso que sejam reconheci- ção ao Uso Abusivo de Álcool e Drogas, Rodrigo Gar-
dos os sérios problemas que 35 envolvem a igualdade cez, acredita que, diante de um número cada vez
de oportunidades, qualidade e 36 eficiência. Insufi- maior de drogas ilegais que surgem no mercado,
ciência de investimentos, corrupção e a má 37 gestão como crack, cocaína e maconha, o uso do álcool aca-
decorrente da burocracia governamental estão 38 en- ba sendo encarado pelas pessoas como algo menos
tre esses problemas. O principal determinante da bai- perigoso. “A bebida é uma droga socialmente aceita,
xa 39 qualidade dos cuidados prestados pela rede SUS e a cultura da ‘cervejinha’ no fim de semana faz parte
é a 40 limitação dos recursos humanos, a qual, no en- da sociedade brasileira. Muitas famílias ainda consi-
tanto, é de 41 ordem qualitativa, não quantitativa. (...) deram essa droga menos nociva e, por esse motivo,
na maioria das vezes, a iniciação ao álcool ocorre no
Naomar Almeida-Filho. www.abc.org.br. 09/05/2011. ambiente familiar”, alerta o especialista.
Adaptado.
A história mostra-nos que há séculos o homem tem a) o Brasil se ressente da falta de uma medicina po-
procurado alternativas para eliminar seus males físi- pular de conotações mágico-religiosas.
cos, de forma empírica ou intuitiva. A partir da déca-
da de 1970 começou-se a questionar a definição de b) africanos e, sobretudo, indígenas ofereceram al-
saúde vigente e, consequentemente, aumentou tam- ternativas para tratamento de saúde no Brasil.
bém a conscientização da importância da natureza
no equilíbrio do homem, já utilizada há muito pelos c) a extensão geográfica do Brasil influi negativa-
orientais, estimulando a busca de alternativas man- mente na utilização de plantas medicinais.
tenedoras de saúde e prevenção das doenças. d) a procura de alternativas para tratamento de
saúde, no Brasil, data da década de 1970.
No Brasil, muito se recebeu de influência dos africa- e) as forças religiosas constituem, hoje, resíduos de
nos e principalmente do indígena da terra. Muitas uma mentalidade atrasada e bárbara, no país.
plantas, além de serem usadas como medicinais, fa-
zem parte dos ritos afro-brasileiros e, para grande
parte da população, têm poderes mágicos. TEXTO: 87 - Comuns às questões: 150, 151
Texto 1
Em um país como o nosso, com imensa extensão
geográfica, em espaços de grandes diversidades e
peculiaridades e, em diferentes circunstâncias e com
diversas concepções, opiniões e valores sobre a me-
dicina popular, usa-se um conjunto de técnicas, co-
nhecimentos e práticas, que são incorporadas e res-
peitadas no cotidiano, cristalizadas nos hábitos, nas
tradições e nos costumes. Sem que se preste atenção,
elas se repetem diariamente no meio em que vive-
mos.
(GALVÃO, J. Folha de São Paulo, 5-06-2013, caderno opi-
nião, p.2)
Curandeiros, médiuns, raizeiros, parteiras e a popula-
ção em geral utilizam ervas medicinais em um verda-
deiro sincretismo de concepções. Dessa forma, é pos-
sível admitir a existência, no Brasil, de uma medicina Texto 2
popular de conotações mágico-religiosas, presa a um
universo sacralizado controlador das forças sobrena-
turais, de certa forma responsáveis pelo aparecimen- O fosso e a fossa
to e cura das doenças do corpo e do espírito. Assim,
também as rezas, entre os ritos religiosos e mágicos,
se sobressaem na defesa dos problemas de saúde.
Apesar de ter passado por vários episódios de saúde,
desde o sarampo da infância a múltiplas complica-
ções do ofício de viver, falar sobre medicina é teme-
Atualmente, as forças religiosas voltam a interessar ridade e pretensão. Mas vamos lá. A crônica fica va-
os estudiosos do Brasil, já não como resíduos de uma lendo como um depoimento pessoal, testemunho de
mentalidade atrasada e bárbara, mas como estímu- alguém que, com certo exagero, é obrigado a apelar
los poderosos à vida em comum, saídas grupais do para a classe médica na condição ambígua de pacien-
desespero e da opressão. te, ou seja, dotado de pouca saúde e muita paciência.
(www.scielo.br. Adaptado.)
246 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 89 - Comuns às questões: 153, 154 Solto, fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as pi-
saduras, engolir soluços, gemer baixinho e embalar-
Um cinturão -me com os gemidos. Antes de adormecer, cansado,
vi meu pai dirigir-se à rede, afastar as varandas, sen-
tar-se e logo se levantar, agarrando uma tira de sola,
As minhas primeiras relações com a justiça foram do- o maldito cinturão, que desprendera a fivela quando
lorosas e deixaram-me funda impressão. Eu devia ter se deitara. Resmungou e entrou a passear agitado.
quatro ou cinco anos, por aí, e figurei na qualidade Tive a impressão de que ia falar-me: baixou a cabe-
de réu. Certamente já me haviam feito representar ça, a cara enrugada serenou, os olhos esmoreceram,
esse papel, mas ninguém me dera a entender que se procuravam o refúgio onde me batia, aniquilado.
tratava de julgamento. Batiam-me porque podiam
bater-me, e isto era natural. [...]
Pareceu-me que a figura imponente minguava – e
minha desgraça diminuiu. Se meu pai se tivesse che-
Meu pai dormia na rede, armada na sala enorme. gado a mim, eu o teria recebido sem o arrepio que
Tudo é nebuloso. Paredes extraordinariamente afas- a presença dele sempre me deu. Não se aproximou:
tadas, rede infinita, os armadores longe, e meu pai conservou-se longe, rondando, inquieto. Depois se
acordando, levantando-se de mau humor, batendo afastou.
com os chinelos no chão, a cara enferrujada. Natural-
mente não me lembro da ferrugem, das rugas, da voz
áspera, do tempo que ele consumiu rosnando uma Sozinho, vi-o de novo cruel e forte, soprando, espu-
exigência. Sei que estava bastante zangado, e isto me mando. E ali permaneci, miúdo, insignificante, tão
trouxe a covardia habitual. [...] insignificante e miúdo como as aranhas que traba-
lhavam na telha negra.
A dissolução da tensão dramática apresenta-se no amigo do peito, é o mergulho no mar, é unir, é ven-
trecho do texto: cer, é curtir
e) Antes de adormecer, cansado, vi meu pai dirigir- Questão 155 - (Fac. Direito de Sorocaba SP)
-se à rede.
À relação que se pode estabelecer entre os textos I e
II dá-se o nome de
b) argumento.
248 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 91 - Comum à questão: 157 b) reflete o desejo de documentar a sociedade bra-
sileira por meio de lentes mais realistas.
Leia o texto de Silas Martí.
c) colabora para promover a reflexão sobre a com-
plexidade da sociedade brasileira.
Para inglês ver d) descreve o cotidiano da elite, omitindo a situa-
ção de miséria de muitos brasileiros.
Fotografias de estrangeiros que retratam o “novo”
Brasil reforçam clichês surrados do país e) reproduz visões estereotipadas e, portanto, dis-
torcidas da realidade brasileira.
É esse tipo de imagem – de belos corpos ardendo na Clarice Lispector não era de entrevistas. Na única te-
praia, favelas pacificadas ao som do batidão do funk levisionada, dada à TV Cultura no começo de 1977, a
e flagras de miséria estetizada – que predomina nos autora falou da novela que acabara de escrever: “A
ensaios recentes de fotógrafos estrangeiros, na ten- história de uma moça tão pobre que só comia cachor-
tativa de documentar o país em tempos de euforia. ro-quente. A história não é isso só, é de uma inocên-
cia pisada, de uma miséria anônima”.
David Alan Harvey, norte-americano que acaba de
lançar um ensaio sobre o Rio, diz que busca exagerar
mesmo todos os clichês que vê desfilar diante de sua
objetiva. A Hora da Estrela, lançado em outubro daquele ano,
pouco antes da morte da autora, ainda não tinha
“Não me preocupo com clichês, já que eles são todos nome. “Tem 13 títulos diferentes”, disse ela, sobre a
verdadeiros”, diz Harvey. “Vejo o Rio como um gran- história da migrante que levava uma vida difícil no
de palco. Parece um anfiteatro em que as montanhas Rio de Janeiro.
descem suaves até o mar e todo o drama humano de
ricos e pobres se encontra na praia.”
Na opinião de Boris Kossoy, fotógrafo e professor da A novela virou o filme de 1985, dirigido por Suzana
USP, exemplos desse fotojornalismo um tanto edul- Amaral e incluído no quarto volume da Coleção Folha
corado* atestam o surgimento do que ele chama de Grandes Livros no Cinema, que vai às bancas no pró-
“documentação produzida”. “São imagens encena- ximo domingo (1º de setembro).
das e preparadas de coisas já cansadas”, diz Kossoy.
“O interesse documental que havia em décadas pas-
sadas foi se desviando nos últimos tempos para uma Marcélia Cartaxo – melhor atriz nos festivais de Ber-
produção de forte cunho estético, que pode virar pro- lim e Brasília por esse papel – faz Macabéa, datiló-
paganda falsa.” grafa alagoana que sonha em ser estrela de cinema.
O filme também ganhou um prêmio da crítica do fes-
(Folha de S.Paulo, 25.08.2013. Adaptado.) tival alemão, dado à diretora Suzana Amaral.
*edulcorado: tornado doce ao paladar, manso, suave José Dumont faz o papel de Olímpico, namorado que
troca Macabéa pela amiga e rival Glória (Tamara Ta-
xman), que, à certa altura, diz: “Você é muito desbo-
Questão 157 - (FAMECA SP) tada, Macabéa!”. Fernanda Montenegro é Madame
Carlota, cartomante que prevê um futuro brilhante
Na opinião de Boris Kossoy, o fotojornalismo de forte para a protagonista, apesar do seu presente de invi-
cunho estético que se tem realizado ultimamente sibilidade.
a) mostra a sociedade por ângulos diversos, enfati- “Eu senti na pele o que é ser Macabéa em um am-
zando a diversidade cultural brasileira. biente urbano estranho”, disse a diretora sobre o
www.PROJETOREDACAO.com.br - 249
tempo em que estudou cinema em Nova York. Pelo Vejo aqui pela sua ficha que o senhor está conosco
longa, seu primeiro, venceu como melhor diretora em há vinte e oito anos. Sempre na seção de entorte de
Brasília e Havana. fresos. O senhor nunca falhou no serviço, nunca ti-
rou férias e já recebeu várias vezes nosso prêmio de
(Folha de S.Paulo, 25.08.2013. Adaptado.) produção.
b) acontecer a diversificação dos cenários de (3) Segundo Marco Antônio Zonta, professor univer-
aprendizagem organizados nas instituições fe- sitário e sócio de laboratório, “áreas relacionadas à
derais de ensino. pesquisa do genoma humano, ao estudo e à mani-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 253
pulação de células-tronco, diagnóstico clínico, assim e) no último parágrafo: há pronomes e formas ver-
como a aplicação de novas técnicas e tratamentos, bais que comprovam esse empenho de intera-
certamente serão campos em destaque”. ção.
254 - www.PROJETOREDACAO.com.br
a) saber que se trata de um parágrafo eminente- Questão 166 - (Mackenzie SP)
mente narrativo-expositivo.
Considere as seguintes afirmações sobre os textos:
b) saber o nome da classe gramatical a que perten-
ce cada uma das palavras presentes no parágra-
fo.
I. O texto literário e a fotografia jornalística, que
c) conhecer a instituição denominada como Orga- retrata a mendicância na cidade de São Paulo,
nização Mundial da Saúde (OMS). pretendem fazer uma descrição objetiva da rea-
lidade cotidiana.
d) identificar que referências são retomadas pelas
expressões “esses fatores” e “esses efeitos”. II. O texto literário e a fotografia jornalística, que
tem em primeiro plano o corpo de um mendigo
e) discernir entre o que constitui saúde física e o dormindo na rua, tratam de uma parcela do ser
que constitui saúde mental. humano de forma zoomorfizada.
Aluísio Azevedo, O Cortiço, 1890 01 Meu professor de análise sintática era o tipo do
sujeito
02 inexistente.
Texto II
03 Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular
258 - www.PROJETOREDACAO.com.br
d) Gerson não deixava que ninguém pusesse a mão E a mudança demográfica em curso é um novo fator
nela, a não ser quando ele próprio queria ser fo- de pressão sobre gastos da previdência e de saúde.
tografado (refs. 3 a 5) compreende-se a impor-
tância que a personagem Gerson dá à sua má-
quina da marca Agfa.
Assim, é provável que a manutenção da estabilidade
e) POUCO tempo depois eu iria viver uma das expe- econômica com crescimento e inclusão social exija
riências mais fantásticas da minha vida (refs. 1 um ajuste do nosso pacto social, como, por exemplo
e 2) entende-se que o narrador personagem re- , uma reforma da previdência, redefinição da regra
memora uma das várias aventuras de sua vida. atual de reajuste do salário mínimo e de alguns pro-
gramas sociais (seguro desemprego e abono salarial).
Texto 1 Texto 2
Custo alto do novo pacto social tira competitividade Constituição mudou muito, mas não no essencial,
do país diz pesquisa
DE SÃO PAULO
MANSUETO ALMEIDA
www.PROJETOREDACAO.com.br - 259
O aspecto danoso, diz, está na consequência dessa tituição.
necessidade: “Para mexer na Constituição, o pre-
sidente terá que ter uma maioria muito grande no e) meramente informar sobre o tempo de existên-
Congresso.Opreço disso é que acaba sendo alto, com cia da Constituição Federal da República Federa-
a divisão da administração entre os partidos”. tiva do Brasil.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 261
b) problemas se sobrepõem a cenários de grande João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas va-
beleza nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte leu.
está em mar.
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.)
c) belos cenários estimulam grandes problemas
nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está
em terra.
Questão 179 - (UNIFESP SP)
d) problemas e lugares exóticos se equilibram nas
fronteiras do Brasil, as quais também estão em As informações do texto permitem afirmar que
equilíbrio em extensão.
TEXTO: 107 - Comum à questão: 179 b) as edições artesanais, como as de João Cabral de
Melo Neto, raramente se destinam à produção
Poetas e tipógrafos de obras literárias para pessoas dos círculos ínti-
mos de convivência dos autores.
1
Fazia calor no Rio, quarenta graus e 2 qualquer coisa,
Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas
quase quarenta e um. No dia 3 seguinte, os jornais
de – acredite ou não – João Cabral, Manuel Bandeira,
diriam que fora o dia 4 mais quente deste verão que
Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vini-
inaugura o 5 século e o milênio. Cheguei ao Santos
cius de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jor- 6
Dumont, o voo estava atrasado, decidi 7 engraxar
ge de Lima e até o conto “Com o Vaqueiro Mariano”
os sapatos. Pelo menos aqui no Rio 8 são raros esses
(1952), de GuimarãesRosa. E de Donne, Baudelaire,
engraxates, só existem nos 9 aeroportos e em poucos
Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot,
lugares avulsos.
Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor.
262 - www.PROJETOREDACAO.com.br
10
Sentei-me naquela espécie de cadeira 11 canônica, ( ) Com o troco generoso deixado para o engraxate,
de coro de abadia pobre, que 12 também pode pare- o cronista quis disfarçar um preconceito que o
cer o trono de um rei 13 desolado de um reino deso- dominava naquele momento.
lante.
( ) A culpa que o cronista experimenta é tão grande
que extrapola aquele incidente pequeno da lim-
peza do sapato.
14
O engraxate era gordo e estava com 15 calor — o
que me pareceu óbvio. Elogiou 16 meu sapato, cro- ( ) O espanto do engraxate ao receber a gorjeta
mo italiano, fabricante 17 ilustre, os Rossetti. Uso-o aceita a seguinte leitura: os fregueses habituais
pouco, em parte 18 para poupá-lo, em parte porque não eram tão generosos.
quando 19 posso estou sempre de tênis.
( ) O dinheiro estava para o sentimento de culpa do
cronista assim como os votos de felicidade esta-
vam para o sentimento de gratidão que o engra-
20
Ofereceu-me o jornal que eu já havia 21 lido e co- xate experimentava.
meçou seu ofício. Meio careca, o 22 suor encharcou-
-lhe a testa e a calva. Pegou 23 aquele paninho que
dá brilho final nos 24 sapatos e com ele enxugou o
próprio suor, 25 que era abundante. Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequên-
cia.
26
Com o mesmo pano, executou com 27 maestria
aqueles movimentos rápidos em 28 torno da biquei- a) F, V, V, V.
ra, mas a todo o instante o 29 usava para enxugar-se
— caso contrário, o 30 suor inundaria o meu cromo b) V, F, F, F.
italiano. c) F, V, F, V.
d) V, F, V, F.
31
E foi assim que a testa e a calva do valente fi-
32
7
A dimensão econômica e social da nova forma do a) apoia-se em experiências inconstantes e tran-
8
capital é inseparável de uma transformação sem 9 sitórias, marcadas por instantaneidades super-
precedentes na experiência do espaço e do tempo, ficiais, que cerceiam a capacidade humana de
10
designada por David Harvey como a “compressão transformação.
11
espaço-temporal”. A fragmentação e a globaliza-
ção da 12 produção econômica engendram dois fe- b) gera equívocos entre o que é real e o que é vir-
nômenos 13 contrários e simultâneos: de um lado, a tual, comprometendo o poder de observação
fragmentação 14 e dispersão espacial e temporal e, em relação às práticas neoliberais que a alicer-
de outro, sob os 15 efeitos das tecnologias eletrôni- çam.
cas e de informação, a 16 compressão do espaço — c) é fruto de experiências socioeconômicas em
tudo se passa aqui, sem 17 distâncias, diferenças nem que as relações humanas e o respeito ao próxi-
fronteiras — e a compressão 18 do tempo — tudo se mo ficam sempre em segundo plano, diante da
passa agora, sem passado e sem 19 futuro. Em outras valorização do que é imediato e superficial.
palavras, fragmentação e dispersão 20 do espaço e
do tempo condicionam sua reunificação 21 sob um d) é um fenômeno social sem precedentes, carac-
espaço indiferenciado (um espaço plano de 22 ima- terizado pela falta de profundidade política e
gens fugazes) e um tempo efêmero desprovido de 23 ideológica, resultante da desvalorização tempo-
profundidade. A profundidade do tempo e seu poder -espacial.
24
diferenciador desaparecem sob o poder do instan-
tâneo. 25 Por seu turno, a profundidade de campo, e) valoriza a economia neoliberal por meio da ex-
que define o 26 espaço da percepção, desaparece sob periência de fragmentação dos valores e concei-
o poder de uma 27 localidade sem lugar e das tecno- tos que permeiam a pós-modernidade.
logias de sobrevoo. 28 Vivemos sob o signo da tele-
presença e da 29 teleobservação, que impossibilitam
diferenciar entre a 30 aparência e o sentido, o virtual
e o real, pois tudo nos é 31 imediatamente dado sob Questão 183 - (UEFS BA)
a forma da transparência 32 temporal e espacial das
Sobre o texto, está correta a análise que se faz do
aparências, apresentadas como 33 evidências.
fragmento transcrito em
34
Volátil e efêmera, hoje nossa experiência 35 des-
a) “o que se convencionou chamar de a condição
conhece qualquer sentido de continuidade e se 36
pós-moderna” (Refs. 4-5) refere-se à ideologia
esgota num presente sentido como instante fugaz.
atual que surgiu da valorização socioeconômica
Ao 37 perdermos a diferenciação temporal, não só
da mass media.
rumamos 38 para o que Virilio chama de “memória
imediata”, ou 39 ausência da profundidade do pas- b) “A fragmentação e a globalização da produção
sado, mas também 40 perdemos a profundidade do econômica engendram dois fenômenos contrá-
futuro como possibilidade 41 inscrita na ação humana rios e simultâneos” (Refs.. 11-13) trata da análi-
enquanto poder para determinar 42 o indeterminado se de um fenômeno tecnológico que se constrói
e para ultrapassar situações dadas, 43 compreenden- a partir de atitudes éticas paradoxais do ser hu-
do e transformando o sentido delas. Em 44 outras pa- mano.
lavras, perdemos o sentido da cultura como 45 ação
histórica. c) “tudo se passa agora, sem passado e sem futu-
ro.” (Refs.. 18-19) apresenta a constatação de
Chauí, Marilena. Cultura e democracia. Crítica y emanci- um fenômeno existencial, que decorre da com-
pación: pressão temporal praticada pelas tecnologias
Revista latinoamericana de Ciencias Sociales. Dispo- eletrônicas e da informação.
nível em:<http:// bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/
libros/secret/CyE/cye3S2a.pdf>. Acesso em: 19 out. d) “A profundidade do tempo e seu poder diferen-
2013. Adaptado. ciador desaparecem sob o poder do instantâ-
neo.” (Refs.. 23-24) evidencia uma denúncia do
comportamento ético da indústria cultural e dos
meios de comunicação de massa, que manipu-
lam o tempo a favor de seus interesses.
264 - www.PROJETOREDACAO.com.br
e) “Em outras palavras, perdemos o sentido da cul- Ternura
tura como ação histórica.” (Refs.. 43-45) faz um
resumo do contexto pós-moderno, que apresen-
ta uma nova forma de experiência existencial,
marcada pela valorização do futuro em detri- 1 Eu te peço perdão por te amar de repente
mento do passado. 2 Embora o meu amor seja uma velha canção nos
teus
[ouvidos.
Questão 184 - (UEFS BA)
A análise do cartum, devidamente contextualizada, 10 Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
permite inferir que
11 É um sossego, uma unção, um transbordamento
de
b) as prioridades da classe alta nem sempre con- 12 E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
templam as necessidades básicas da camada so-
1 3 E deixes que as mãos cálidas da noite encon-
cial menos favorecida.
trem sem
c) a produção em massa de biocombustíveis repre-
[fatalidade o olhar extático aurora.
senta um desrespeito à sobrevivência humana
por seu impacto nos preços mundiais dos ali- MORAES, Vinícius de. Ternura. Antologia poética.
mentos. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. p. 76.
d) a fome é um fato social específico de alguns paí-
ses e só será mitigada depois que as nações de-
senvolvidas possibilitarem a equidade social. II.
5 Ser amado por ti, o teu alento TEXTO: 111 - Comum à questão: 186
6 A bafejar-me a abrasadora frente! Leia o texto a seguir, uma tirinha com dois persona-
gens – Grump e um observador.
7 Em teus olhos mirar meu pensamento,
d) Os versos de Vinícius de Moraes explicitam uma III. Com base na tira, pode-se inferir que Grump se
valorização do amor, presente também no poe- considerava um indivíduo com capacidade supe-
ma de Castro Alves, resgatando, assim, caracte- rior à dos moluscos, por isso não entendeu que
rísticas do Romantismo. ele era o observado.
e) Os dois poemas, por meio de vocativos, dialo- IV. A capacidade intelectual dos moluscos constitui
gam com a pessoa amada, colocando-a na con- parâmetro para o estabelecimento da compa-
dição de um ser inatingível e platônico. ração entre os elementos observados: Grump e
moluscos.
266 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Assinale a alternativa correta. (Adaptado de: Rodrigo Garcia, Secretário de Estado de
Desenvolvimento Social (São Paulo-SP).)
a) V, V, F, F.
268 - www.PROJETOREDACAO.com.br
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. arrancado suas asas). Em outras aves e mamíferos,
no entanto, o canto deve ser executado na frente dos
indivíduos para que eles possam aprendê-lo. Somen-
te ouvindo um canto é que os indivíduos poderão ob-
TEXTO: 115 - Comuns às questões: 190, 191, 192 ter a informação que lhes permitirá reproduzi-lo. Em
outras palavras (...), não existe informação latente
A comunicação simbólica como herança
que possa pular gerações.
c) I e II
a) Cada espécie tem cantos e danças caracterís-
ticos, que permitem às moscas identificarem d) I e III
a própria espécie. Esses cantos e danças são
inatos, e sabe-se um bocado sobre sua gené- e) II e III
tica, mas o ponto importante é que eles serão
herdados mesmo que os pais nunca cheguem a
executá-los (talvez porque um cientista malvado
tenha arrancado suas asas). Questão 192 - (UEPA)
b) Os sistemas genético e simbólico são parecidos O texto apresenta quatro sistemas de herança que
porque ambos podem transmitir informação la- desempenham um papel na evolução: a genética; a
tente, mas o sistema simbólico pode fazer muito epigenética; a comportamental e a simbólica. Dentre
mais do que isso. esses quatro sistemas, dois deles, o comportamental
e o simbólico, desenvolvem transmissão de:
c) A necessidade de aprendizado e instrução é vis-
ta ainda com mais clareza em outros tipos de sis-
tema simbólico: nos ensinam o sistema simbóli- a) características celulares e tecnológicas para
co da leitura, nos ensinam o sistema simbólico meios de comunicação.
da matemática, nos ensinam como entender e
participar dos rituais da nossa cultura. b) seleção natural de conhecimentos e comunica-
ção por meio de fontes inovadoras.
d) Isso não acontece com a transmissão através do
sistema simbólico. Seres humanos podem trans-
270 - www.PROJETOREDACAO.com.br
c) variações genéticas e seus processos de comuni- poder que as redes sociais têm e o efeito que elas
cação e de outras formas de evolução. podem causar na vida das pessoas! Todos os twitts
e compartilhamentos, que começaram nas redes so-
d) linguagem e de outras formas de comunicação. ciais, se transformaram em uma grande multidão nas
ruas protestando por melhorias em todo o país!
e) dimensões para comunicações específicas, de-
sempenhando o papel evolutivo de comunica-
ção ente seres naturais.
Um levantamento da agência digital Today mostrou
que os protestos geraram 548.944 publicações nas
principais redes sociais. O Twitter foi o meio mais
TEXTO: 116 - Comuns às questões: 193, 194 utilizado pelas pessoas, com 88% (cerca de 483.839
posts). No Facebook foram 60 mil postagens. O Goo-
Saimos do Facebook
gle+ e blogs correspondeu aos 2% restantes.
32
É a nossa base cultural, a permear a literatura, a TEXTO: 118 - Comum à questão: 197
33
música, o cinema e o teatro, que contém os ele-
mentos 34 para desenvolver essas capacidades. São
1
O pobre é pop. A periferia é o centro do mundo.
nossas 35 viagens intelectuais pelo mundo das artes E 2 a música popular brasileira nunca mereceu tanto
a nos 36 permitir escapar das convenções, olhar além ser 3 chamada assim — embora esteja cada vez mais
dos 37 lugares-comuns, fazer conexões, pensar fora distante 4 de um certo totem conhecido como MPB.
do 38 convencional e buscar novas ideias. Quem não
tem a 39 oportunidade de mergulhar no amálgama
cultural tem 40 menores chances de desenvolver tais 5
A expansão da classe média tem impacto evidente
capacidades. 6
sobre os padrões de consumo no Brasil, inclusive
cultural. 7 Mas o protagonismo das classes C, D e E
WOOD JR., Thomaz. A educação pela arte. Carta Capital.
nos novos 8 fluxos de produção e circulação de músi-
São Paulo: Confiança, n. 756, p. 48, 10 jul. 2013.
ca não é efeito 9 colateral de um aumento da renda
Adaptado.
familiar, simplesmente.
e vou
274 - www.PROJETOREDACAO.com.br
PARENTE, Helena Cunha . Perpetuum mobile. Além É CORRETO o que se afirma apenas em:
de estar
: antologia poética. Rio de Janeiro: Imago, 2000. p.
32.
a) I.
b) II.
Assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F,
as falsas. c) III.
e) I, II e IV.
http://mataatlantica-pangea.blogspot.com. br/2009/10/
parodia-meio-ambiente_02.html
A alternativa que contém a sequência correta, de
cima para baixo, é a
Texto II
(Claudinho e Buchecha)
Questão 199 - (UNIFOR CE)
Analise as afirmativas a seguir sobre os textos da
questão anterior. Os textos I e II apresentam intertextualidade, que,
para Julia Kristeva, é um conjunto de enunciados,
tomados de outros textos, que se cruzam e se rela-
cionam. Dessa forma, pode-se dizer que o tipo de
I. Os textos focalizam o mesmo tema de forma intertextualidade do texto I em relação ao texto II é
irônica.
d) II e IV.
276 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 119 - Comum à questão: 203 Procurando dar maior expressividade ao texto, seu
autor
Foi então que ela atravessou uma crise que nada pa-
Questão 203 - (FUVEST SP) recia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda
piedade. A cabeça tão limitada, tão bem penteada,
No texto, empregam-se, de modo mais evidente, mal podia suportar perdoar tanto. Não podia olhar o
dois recursos de intertextualidade: um, o próprio au- rosto de um tenor enquanto este cantava alegre – vi-
tor o torna explícito; o outro encontra-se em um dos rava para o lado o rosto magoado, insuportável, por
trechos citados abaixo. Indique-o. piedade, não suportando a glória do cantor. Na rua
de repente comprimia o peito com as mãos enluva-
das – assaltada de perdão. Sofria sem recompensa,
a) “Você é um horror!” sem mesmo a simpatia por si própria.
b) “E você, bêbado.”
c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no es- Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade
pelho e ver o alcoólatra machista de sempre.” como de doença, escolheu um domingo em que o ma-
rido viajava para procurar a bordadeira. Era mais um
d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o em- passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soube-
prego, a família e o autorrespeito.” ra: passear. Como se ainda fosse a menina que pas-
seia na calçada. Sobretudo passeava muito quando
e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!” “sentia” que o marido a enganava. Assim foi procu-
rar a bordadeira, no domingo de manhã. Desceu uma
rua cheia de lama, de galinhas e de crianças nuas –
aonde fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de
Questão 204 - (FUVEST SP) filhos com cara de fome, o marido tuberculoso – a
Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de bordadeira recusou- se a bordar a toalha porque não
um produto alimentício: gostava de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e per-
plexa. “Sentia-se” tão suja pelo calor da manhã, e um
de seus prazeres era pensar que sempre, desde pe-
quena, fora muito limpa. Em casa almoçou sozinha,
EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS deitou-se no quarto meio escurecido, cheia de sen-
COM O MELHOR DA NATUREZA timentos maduros e sem amargura. Oh pelo menos
uma vez não “sentia” nada. Senão talvez a perplexi-
dade diante da liberdade da bordadeira pobre. Senão
talvez um sentimento de espera. A liberdade.
Selecionamos só o que a natureza tem de melhor
para levar até a sua casa. Porque faz parte da natu- (Clarice Lispector. Os melhores contos de Clarice Lispec-
reza dos nossos consumidores querer produtos sabo- tor, 1996.)
rosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.
e) dar relevância aos aspectos subjetivos das rela- (SANT’ANNA, Sérgio. Breve história do espírito.
ções humanas, pondo em sintonia os pontos de São Paulo, Companhia das Letras, 1991. p. 63-64.
vista da senhora e da bordadeira. Adaptada.)
c) mesmo com os obstáculos impostos pelo gover- TEXTO: 124 - Comuns às questões: 213, 214
no.
Leia o poema de Manoel de Barros.
d) com os estrangeiros a serviço da metrópole.
280 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Eu fiz o nada aparecer. E depois de já muito ter chovido,
Mas quando se chega ao fundo do poço já se pode Há-de ir humilde, atravessando o mar,
ver
o nada.)
Envolver-te de preito 4 enternecido,
1
cômoro: elevação de terreno não muito alta.
Questão 213 - (Fac. Cultura Inglesa SP) 2
inumar: enterrar.
Analisando-se a conceituação de “nada”, conclui-se
que o eu lírico confere a esse termo uma significação
3
olvido: esquecimento.
4
preito: tributo, homenagem.
e) contraditória, baseada em sua literalidade. a) a morte contribuirá para o seu rápido esqueci-
mento.
No poema, o poço é uma metáfora que remete c) a humildade é resultado do orgulho arrefecido.
a) à relação vida-morte.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 281
Questão 217 - (IBMEC SP Insper) os exploradores portugueses jamais sabiam com cer-
teza em que ponto do oceano seus navios realmente
se achavam. E isso dá uma ideia de quão arriscada
era a aventura marítima.
(José Paulo Paes, A poesia está morta mas juro que não a) É correto afirmar que as cartas de marear torna-
fui eu. ram-se mais precisas à medida que a superfície
São Paulo: Duas Cidades, 1998) curva da Terra foi corretamente representada
num mapa plano?
Um juiz, com bigodes, sem ouvidos, Eles colocaram frases engraçadinhas nos 250 paco-
tes de balas que Thiago vende diariamente para ver o
Três presos de piolhos carcomidos, que aconteceria com as vendas.
Por comer dois meirinhos esfaimados. Silva, que levava seis horas para vender as bali-
nhas, gastou metade do tempo após usar nas emba-
lagens frases como “Vendo essas balas porque não
O feijão, que só faz ventosidade4 posso vender a minha sogra” ou “Balas mágicas: você
compra e a minha vida fica mais doce”.
Farinha de pipoca, pão que greta,
“Queríamos testar o poder das palavras para mu-
De Sergipe d’El-Rei esta é a cidade. dar a vida de uma pessoa”, conta um dos publicitá-
rios do “Candy Project” (Projeto Doce), Will Ferrari
(DIMAS, Antônio. Gregório de Matos. Júnior, 27.
São Paulo: Nova Cultural, 1988.)
A vida de Silva não mudou, mas o vendedor gostou
da ideia e pretende fazer cópias das frases divertidas,
pois o humor, segredo dos publicitários, é um velho
1
mentrasto: tipo de erva conhecido de Thiago nas vendas. “Já chego sorrindo
e dando bom dia, dou algumas balinhas de cortesia”,
2
baeta: tecido felpudo
conta.
3
chita: tecido de algodão de pouco valor
No mesmo ponto há sete anos, Silva conhece os
4
ventosidade: que provoca flatulência clientes por nome e diz que “já fez até amizades”. De
tão comunicativo, já recebeu propostas de trabalho
de clientes.
Pela leitura do soneto, é correto afirmar que o poeta Voltar a estudar está nos seus planos, pois deixou
a escola no 8o ano. Mas agora o que ele quer são
novas frases para aumentar as vendas.
a) critica veladamente o governo português por ter “Vamos continuar alimentando o Silva com novas
escolhido essa cidade para ser a sede adminis- frases”, conta Alexandre Freire, 24, que também par-
trativa da colônia. ticipou do projeto.
b) escreve esse poema para expor as angústias vi- (Sabine Righetti, Folha de S. Paulo, 12.04.2013. Adapta-
vidas durante o período em que cumpria a pri- do)
meira ordem de desterro.
b) I e II, apenas.
Questão 227 - (PUC MG) c) II e III, apenas.
I. No último ano do levantamento, diabetes e d) I, II e III.
doenças respiratórias são responsáveis, em con-
junto, por mais de cem mil óbitos.
II. A tabela mostra que cerca de três em cada dez TEXTO: 131 - Comum à questão: 229
óbitos no Brasil em 2009 se deveram a doenças
cardiovasculares. Considere o soneto abaixo, do poeta português Ce-
sário Verde.
III. Durante a última década do século XX e a pri-
meira do século XXI, o câncer matou quatro ve-
zes mais que o diabetes.
“Heroísmos”
288 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Eu temo muito o mar, o mar enorme, c) satirizar e desprezar o mar enquanto símbolo do
heroísmo nacional.
Solene, enraivecido, turbulento,
d) manifestar temor e respeito pela imensidão dos
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento; oceanos.
O mar sublime, o mar que nunca dorme.
Questão 229 - (PUC MG) No poema, a literatura brasileira é vista como uma
referência para a literatura angolana. Segundo o tex-
Considerando-se a importância do mar no contexto to, isso ocorre devido:
histórico de Portugal, no poema de Cesário Verde, a
atitude do eu lírico demonstra uma intenção de
Considerando as afirmativas acima, são INCORRETAS: 2º § Essa condição fez com que a indústria farmacêutica internacional
desenvolvesse uma estratégia “sui generis” que, não obstante, imita um
comportamento comum entre animais inferiores, a simbiose.
290 - www.PROJETOREDACAO.com.br
7º § Aos poucos, os médicos acabam por sepultar sua própria percepção para baixo. Assane passou as palmas das mãos pelas
dos conflitos de interesse que regem essa maléfica simbiose. Três empre-
sas multinacionais do setor farmacêutico foram há pouco multadas e 18 desempregadas coxas. Tinha sido apenas há dias que
de seus funcionários presos na China por adotarem essa prática. lhe abriram a porta da prisão. Ainda nem sabia bem
se arrastar de mão pelo chão. Por isso as sacudia,
8º § Recentemente, o médico britânico e Nobel de medicina Richard J.
Roberts acusou as farmacêuticas de evitar a cura em prol da dependên- limpando essas mãos que ele sempre aplicara nos
cia, um fato já conhecido. Se você cura o doente, você deixa de faturar. documentos.
Se você simplesmente o mantém vivo, você fatura indefinidamente. Uma
estratégia também adotada por animais parasitas. Quantas corporações
médicas denunciaram essa condição maléfica?
9º § Médicos e suas associações já se opuseram, se não publicamente, Com base no trecho e em seu contexto, leia as se-
pelo menos nos bastidores, a iniciativas positivas do Estado. Isso ocor- guintes afirmativas.
reu com a instalação do SUS e com as poucas iniciativas de produção
de medicamentos em laboratórios estatais. Agora acontece com o pro-
grama Mais Médicos, que, para as condições atuais da saúde no Brasil,
é imprescindível. Tudo que pareça interferir com a tradicional simbiose
médicoprodutoras de medicamentos, mesmo que tangencialmente, pas- I. As obras de Mia Couto exploram, de modo geral,
sa a ser hostilizado.
o mundo simbólico moçambicano, a guerra e as
10º § Quantos dos médicos que se declaram contra o programa repudia- tensas relações entre o africano e o europeu.
ram ofertas de passagens e estadias em gostosas conferências? Quantos
colocam o interesse da sociedade brasileira acima dos seus próprios e de II. O trabalho com a linguagem literária torna-se
sua corporação?
evidente a partir da criação de novos vocábulos
(Extraído de: Folha de S.Paulo, 19 nov. 2013.) e da utilização de outros com diferentes senti-
dos.
a) Denunciar relações de compadrio entre a indús- A(s) afi rmativa(s) correta(s) é/são
tria farmacêutica e a classe médica brasileira.
e) I, II e III.
– Desorientem essas cavalgaduras. Olhem que estou Qorpo-Santo ia perguntar afinal por que o amigo es-
fazendo obra pública e não cobro imposto. É uma tava assim tão misterioso e abalado – intimamente
vergonha. O município devia auxiliar-me. Fale com o já sabia –, mas naquele momento passava pela ou-
prefeito, dr. Nogueira. Veja se ele me arranja umas tra calçada um vereador da Câmara, a quem Eusébio
barricas de cimento para os mata-burros. saudou largamente, tirando o chapéu quase até o
chão, enquanto o vereador apenas levou dois dedos
Não recebi o cimento, mas construí os mata-bur- displicentes à aba da cartola.
ros. Como os meus planos eram volumosos e ado-
tei processos irregulares, as pessoas comodistas – Você não devia ser tão abaixado para esta gente
julgaram-me doido e deixaram-me em paz. Tive por – Qorpo-Santo exclamou, já esquecido das inquieta-
esse tempo a visita do governador do Estado. [...] O ções de Eusébio –. Um dia ainda vou escrever uma
governador gostou do pomar, das galinhas Orping- comédia desancando essa gente de cérebro de gali-
ton, do algodão e da mamona, achou conveniente nha, você vai ver, tenho até o nome na minha cabe-
o gado limosino, pediu-me fotografias e perguntou ça. – Calou-se depois em respeito à angústia do bom
onde fi cava a escola. Respondi que não fi cava em Eusébio, que não se envergonhava de ter Qorpo-San-
parte nenhuma. No almoço, que teve champanhe, o to a seu lado, quando toda esta maléfi ca cidade o
dr. Magalhães gemeu um discurso. S. Ex.ª tornou a indigitava de maluco. Maluco é a senhora sua madre,
falar na escola. Tive vontade de dar uns apartes, mas Qorpo-Santo dizia entredentes, quando ouvia os risi-
contive-me. Escola! Que me importava que os outros nhos abafados das raparigas e dos senhores graves.
soubessem ler ou fossem analfabetos? [...] De repen-
te supus que a escola poderia trazer a benevolência
do governador para certos favores que eu tencionava
solicitar. Com base no trecho e em seu contexto, analise as
seguintes afirmativas.
– Pois sim senhor. Quando V. Ex.ª vier aqui outra vez,
encontrará essa gente aprendendo cartilha.
Com desvelo,
Mas um dia,
De repente, a) I, apenas.
d) II e III, apenas.
Renunciou carismaticamente, falando nos pobres e TEXTO: 135 - Comum à questão: 238
12
Dona Alzira, de matemática. Óculos grossos, de 13
ESTÁ EM PAZ COM A SUA CONSCIÊNCIA aro escuro, contrastando com a pele clara. Paciente,
14
repetia o que fosse necessário de uma lição de ál-
gebra 15 ou geometria. Eu me divertia com as pala-
vras novas, 16 que logo transformava em apelidos dos
E que se danem os pobres e humildes que é tão difícil
colegas: 17 Maria Clara ficou sendo a Hipotenusa, por
ajudar. ser comprida 18 e magra, e o Zé Roberto passou a ser
Cateto, por 19 conta do nariz comprido. As palavras
prestam-se a associações 20 estranhas, talvez arbi-
trárias. O frequente 21 vestido de folhas vermelhas de
Com base no poema, afirma-se:
www.PROJETOREDACAO.com.br - 293
Dona Alzira me parecia 22 bandeira vistosa das mi- tado 70 tanto quanto possível. Regulava-se o compri-
nhas dificuldades com as 23 equações e os teoremas. mento 71 das saias, que algumas colegas enrolavam
sorrateiramente 72 na cintura. Afinal, a moda era a
míni... 73 Discos recém-lançados de Roberto Carlos e
dos 74 Beatles animavam o intervalo maior, colocados
24
Dava-me melhor em Português. Não tanto com a 25 na vitrola 75 reivindicada e conseguida pelo centro es-
Gramática das regras severas e nomenclatura difícil, tudantil.76 77 Volta e meia aparecia um jornalzinho
26
mas com os textos bonitos que nos levavam para dos estudantes, 78 de corpo editorial instável e de vida
fora 27 da escola, na viagem da imaginação. Descobri curta.
com 28 seu Alex, professor grandalhão de voz grave e
dicção 29 perfeita, o encantamento de versos ou fra-
ses em 30 prosa ditos com muita expressão, valoriza-
dos em cada 31 sílaba. E me iniciei em alguns autores 79
Como esquecer, ainda, as figuras dos nossos ins-
que acabaram 32 ficando, como Fernando Pessoa. petores 80 de alunos? Seu Alípio, baixinho e bravo,
vociferando 81 por nada; dona Gladyr, apelidada de
Arco-íris 82 por conta das roupas multicoloridas; dona
Gervásia, a 83 mais velha funcionária da escola, con-
33
A História, ao que me lembro, dividia-se em Geral, tadora de 84 “causos”; Albertina, moça vigilante e de
34
da América e do Brasil. Tive mais de um professor, poucas palavras, 85 encarregada do portão de entra-
o 35 mais entusiasmado e entusiasmante era o seu da das meninas. 86 Na cantina, os três irmãos proprie-
Euclides, 36 quase nunca imparcial, admirador dos tários (“os três mosqueteiros 87 ou os três patetas?”,
gregos, não tanto 37 dos romanos, capaz de descre- brincávamos) atendiam 88 a todos com desenvoltura
ver as viagens marítimas 38 dos portugueses e espa- e bom humor. E, por todo 89 lado, as criaturas mais
nhóis como se fosse um tripulante. 39 Não deixava de antigas e veneráveis: os 90 flamboyants copados, os
admirar Napoleão, acentuando 40 a incomensurável plátanos, as duas figueiras. 91 Provavelmente ainda
diferença entre o tio e o sobrinho. Na 41 História do todas vivas, florescendo.
Brasil, enfatizava as insurreições populares 42 e cen-
surava o Estado Novo.
92
De clique em clique armou-se na tela do monitor, 93
em grande angular, a imagem da preciosa e velha 94
43
Clicando aqui e ali (quem diria que havíamos de biblioteca da escola. Sim, tinha bibliotecária: uma 95
44
conhecer e usar esse tal de computador?) chego senhora idosa e prestativa, sempre perfumada, rigo-
a outros 45 mestres, a outras aulas inesquecíveis. As rosa 96 na disciplina: dona Augusta, de hábitos e gos-
meninas 46 torciam o nariz nas de Química: o profes- to 97 conservadores. Na “sua” biblioteca não entrava
sor fazianos 47 usar o laboratório e praticar reações “esse 98 tal de Sartre, francês ateu e comunista que
(com sulfato? 48 com sulfeto?) que não cheiravam desencaminha 99 a juventude”. Recomendava-nos
nada bem. As mais 49 frágeis simulavam desmaios... Coelho 100 Netto e Olavo Bilac, Machado de Assis e
Havia as salas-ambiente, 50 destinadas e aparelhadas Euclides da 101 Cunha, e parava por aí: nenhum entu-
para disciplinas específicas. 51 Na de Geografia, gran- siasmo pelos 102 modernos. Mas lá estavam Bandeira,
des mapas, projetor 52 de slides, maquetes e figuras Drummond, 103 Clarice, Graciliano, Guimarães Rosa,
em alto relevo; na de 53 Biologia, acreditem: um es- que íamos descobrindo 104 aos poucos. A biblioteca
queleto completo, de verdade, 54 apelidado de Toni- tinha algumas preciosidades 105 do século XIX, enca-
nho (dizia-se que de um indigente, 55 morto há várias dernadas e dispostas 106 nas prateleiras mais altas.
décadas); na de Física, armários 56 com instrumentos
que lembravam ilustrações de 57 Da Vinci. O professor
Geraldo não era exatamente 58 uma grande vocação
de pedagogo: com ele a Física ficava 59 mais difícil do 107
Ah, a educação física... Luxos dos luxos: um ginásio
que já é. Dividia o curso em três 60 partes: Cinemática, 108
de esportes, com boa quadra e pequena arquiban-
Estática e Dinâmica, mas não sobrava 61 quase nada cada, 109 e um campo gramado de futebol, com traves
de nenhuma. Como ficava ao lado 62 da sala de Mú- 110
oficiais e rede, instalada apenas nos jogos impor-
sica, distraía-nos o piano de Dona 63 Mariinha, que tantes. 111 Lembro-me quando a seleção da escola
punha seus alunos para cantar peças do 64 folclore recebeu 112 o time do Seminário Presbiteriano, uns
nacional, das cirandas e emboladas do nordeste 65 às jovens educadíssimos, 113 diante dos quais parecía-
danças gauchescas. mos uns trogloditas. 114 Pois nos deram uma goleada,
com todo o respeito. 115 Nosso comentário ressentido:
− Mas também esses 116 caras vivem concentrados...
66
E havia, é claro, os pátios de recreio, movimentados
67
nos intervalos. A moralidade da época recomenda-
va 68 dois pátios: um para os meninos, outro para as 69 Velha escola. Por ironia, a tecnologia moderna 118
117
meninas. As turmas eram mistas, mas o convívio evi- me leva ao passado e materializa reminiscências que
294 - www.PROJETOREDACAO.com.br
119
pareciam condenadas à pura e desmaiada memó- TEXTO: 136 - Comum à questão: 239
ria. 120 Ao som das músicas daquela época, as jovens
colegas 121 continuam moças e bonitas, e os rapazes Fora os fantasmas que me acompanham e me
1
Questão 238 - (PUCCamp SP) chegou 17aqui em casa com um presente para mim:
era uma 18gatinha siamesa. Faltou-me coragem para
A História, ao que me lembro, dividia-se em Geral, dizer não, 19mesmo porque a bichinha me encantou à
da América e do Brasil. Tive mais de um professor, o primeira vista. 20Manteve-se arredia por algum tem-
mais entusiasmado e entusiasmante era o seu Eucli- po, mas logo me aceitou 21e nos tornamos amigos.
des, quase nunca imparcial, admirador dos gregos,
não tanto dos romanos, capaz de descrever as via- Hoje me sinto praticamente lisonjeado pelo fato
22
www.PROJETOREDACAO.com.br - 295
b) aborda o fato comum de conviver com bicho lambuzemos um pouco, ou até bastante. Nessa nova
de estimação, descrevendo, com delicadeza de configuração, parece necessário resgatarmos alguns
poeta, os hábitos da gata siamesa, responsá- 13
conceitos, para que o nosso tempo não seja devo-
veis definitivos pelo fato de consentir, depois de rado por banalidades como se fosse matéria ordiná-
anos, com a substituição do gatinho que tivera ria. E talvez o 14 mais urgente desses conceitos seja
anteriormente. mesmo o da urgência.
e) V – F – V – V – F
89
RISCOS SIMBÓLICOS
90
A realização da Copa do Brasil em 1950 91 viria a
TEXTO: 139 - Comuns às questões: 242, 243 se constituir, neste sentido, em uma 92 rara oportu-
nidade. No dia da decisão contra o 93 Uruguai sobre-
O texto (subdividido em seções) faz uma reflexão so- veio o inesperado revés. Foi, 94 então, que os torce-
bre a maneira como se comporta, em determinado dores descobriram os riscos 95 simbólicos envolvidos
momento, a sociedade brasileira, que, mais cedo ou na tarefa de reimaginar a 96 nação dentro das quatro
mais tarde, teria que integrar negros e mulatos. linhas do campo. As 97 reportagens da crônica espor-
tiva elegiam o 98 goleiro Barbosa e o defensor Bigode
como 99 bodes expiatórios, exprimindo a vontade de
José Paulo Florenzano
100
“descarregar nas costas” dos referidos 101 jogado-
res os “prejuízos” acarretados pela 102 derrota. Uma
chibata moral, eis a sentença 103 proferida no tribunal
dos brancos.
FUTEBOL E RACISMO: O MITO 50 DA DEMOCRACIA
49
EM CAMPO
51
A história do futebol brasileiro contém, ao 52 longo
104
A REVOLTA DA CHIBATA
de quase um século, registros de e 53 pisódios marca-
dos pelo racismo. Eis o 54 paradoxo: se de um lado a
105
Nos anos 1970, por não atender às 106 expectativas
atividade 55 futebolística era depreciada aos olhos da normativas suscitadas pelo 107 estereótipo do “bom
56
“boa sociedade” enquanto profissão destinada a 57 negro”, Paulo César Lima 108 foi classificado como “jo-
pobres, negros e marginais, de outro ela se 58 achava gador-problema”. 109 Responsabilizado pelo fracasso
investida do poder de representar e 59 projetar a na- do Brasil na 110 Copa da Alemanha, pleiteava o direi-
ção em escala mundial. to de voltar 111 a vestir a camisa verde e amarela. O
rumor de 112 que o banimento tinha o respaldo de
um 113 ministro de Estado, não o surpreendia: “Se for,
114
mais uma vez vou ter a certeza de que sou um 115
60
VÍNCULO MENOS ASSIMÉTRICO ENTRE 61 NEGROS negro que incomoda muita gente”. E 116 acrescentava:
E BRANCOS “Não vou ser um negro tímido, 117 quieto, com medo
e temor das pessoas”. Dessa 118 maneira, nas páginas
62
O trem do futebol descortinava perspectivas 63 de O Estado de S. Paulo, 119 Paulo César esboçava a
promissoras no terreno das relações sociais. 64 Mas revolta da chibata no 120 futebol brasileiro. Enquan-
embora transportasse ricos e pobres,65 negros e to Barbosa e Bigode, 121 sem alternativa, suportaram
brancos, ele o fazia alocando os66 diversos grupos com dignidade o 122 linchamento moral na derrota de
em vagões separados. 67 Enquanto a juventude privi- 1950, Paulo 123 César contra-atacava os que preten-
legiada agia de 68 modo a reforçar as divisões internas diam
da 69 composição, a mocidade alegre dos subúrbios 70
buscava franquear a passagem a fim de 71 enriquecer 124
condená-lo pelo insucesso de 1974, reeditando
a experiência da viagem. Caberia, 72 nesse sentido, 125
as acusações de “covarde” e de “mercenário” – 126
um papel de destaque aos 73 jogadores que logravam as mesmas dirigidas a Leônidas no passado. 127 Paulo
transitar entre os 74 diversos compartimentos. César, no entanto, assumia, sem 128 ambiguidades, as
cores e as causas defendidas 129 pela esquadra dos
pretos em todas as esferas 130 da vida social. “Sinto na
pele esse racismo 131 subjacente”, revelou certa vez à
75
LEÔNIDAS DA SILVA: IDENTIDADE AMBÍGUA 76 DO imprensa 132 francesa: “Isto é, ninguém ousa pronun-
ATLETA ciar a 133 palavra racismo. Mas posso garantir que ele
77
Seria nesta conjuntura adversa que 78 Leônidas da
134
existe, mesmo na Seleção Brasileira”. Sua 135 ou-
Silva pegaria o bonde da história. 79 Símbolo da proe- sadia consistiu em pronunciar a palavra 136 interdita
298 - www.PROJETOREDACAO.com.br
no espaço simbólico utilizado pelo 137 discurso oficial 1
Na nossa vida de todo dia, estamos 2 sempre em
para reafirmar o mito da 138 democracia racial. contato com outras pessoas. 3 Esse contato frequen-
te acontece a partir das 4 afinidades e das semelhan-
José Paulo Florenzano é professor de Antropologia ças, mas inclui 5 também as relações de diferença en-
da PUC-SP e autor do livro tre o que 6 pertence ao “eu” e o que diz respeito ao 7
“A Democracia Corinthiana” (2009). Texto adaptado. “outro”. Para se referir a essas relações, 8 costuma-se
utilizar uma noção importante: 9 alteridade.
10
A palavra alteridade, ao pé da letra, 11 significa “na-
Questão 242 - (UECE) tureza do que é outro”. Para 12 entender melhor seu
significado, podemos 13 opô-la a expressões como
Na primeira parte do texto, o autor fala em paradoxo
“identidade” e 14 “subjetividade”. As relações de alte-
(Ref. 54), palavra que pode ser entendida como uma
ridade 15 dizem respeito às diferenças que perpassam
contradição entre opiniões divergentes de uma mes- 16
o nosso cotidiano, e que podem se 17 manifestar
ma pessoa; entre opinião e comportamento ou entre
nas divergências de opinião em 18 um debate, na di-
os termos de uma proposição. Assinale a opção que
versidade de preferências 19 que define as comuni-
expressa corretamente, no texto, os elementos que
dades nas redes sociais, 20 ou podem estar presentes
formam o paradoxo.
em questões bem 21 mais complicadas, como as dife-
renças de 22 nacionalidade, de raça, de religião, de 23
gênero ou de classe social, que motivam 24 conflitos
a) O racismo das classes mais altas e a prática do dos mais diversos.
futebol por negros e pobres.
25
Perceber as relações de alteridade entre 26 várias
b) O futebol, por um lado, profissão de negros e pessoas nos leva não apenas a 27 identificar os tra-
pobres e, por outro, profissão de marginais. ços dessas diferenças – de 28 nacionalidade, de cor
da pele, de sotaque –, 29 mas a considerar como se
c) O futebol, considerado profissão dos marginali- produzem, 30 socialmente, tanto a diferença quanto a
zados, mas com a responsabilidade de represen- 31
identidade. É preciso compreender que o 32 “eu” e
tar o país. o “outro” não são entidades fixas e 33 isoladas, mas se
constituem na relação: nós 34 só nos tornamos quem
d) Entidade conhecida como boa sociedade e a se- somos a partir da 35 visão do outro, assim como o ou-
gregação que ela impunha aos negros. tro só se 36 torna diferente de nós porque projetamos
37
sobre ele um olhar que o diferencia. Ainda 38 que,
muitas vezes, seja difícil perceber, 39 nessa jornada
Questão 243 - (UECE) ocorre um processo contínuo 40 de diferenciação: eu
sou desse jeito, e não 41 daquele outro; eu gosto des-
Na segunda seção, o enunciador, para representar a sas coisas, e não 42 dessas outras.
difícil relação entre negros e brancos, mediada pelo
futebol, lança mão de uma imagem, o trem. Assinale
43
Um processo semelhante acontece com as 44 iden-
a opção que reúne somente expressões que reme- tidades coletivas (sejam elas nacionais, 45 étnicas, se-
tem, direta ou indiretamente, a trem. xuais, religiosas ou outras). Elas 46 não são “essências”,
mas sim construídas 47 histórica e socialmente: o “ser
brasileiro” não 48 significa somente “ter nascido no
Brasil”, 49 mas sim fazer parte de uma identidade que
a) Perspectivas promissoras, vagões, primeira clas- 50
se transforma com o passar do tempo. Dizer 51 “sou
se, passagem, viagem, compartimentos. brasileiro” significa dizer, 52 implicitamente, “não sou
argentino”, “não 53 sou chinês”, “não sou moçambi-
b) Transportasse, vagões, primeira classe, passa- cano”. 54 Identificar-se com um grupo é diferenciar-
gem, viagem, compartimentos. -se 55 de outro, estabelecer fronteiras entre “nós” e 56
“eles”, em um processo que é permeado não 57 ape-
c) Relações sociais, transportasse, vagões, compo-
nas por escolhas, mas também por 58 tentativas de
sição, passagem, viagem.
fixar as identidades, dizendo –59 muitas vezes implici-
d) Terreno, transportasse, vagões, primeira classe, tamente – que ser de um 60 jeito é normal, mais cor-
passagem, viagem. reto ou melhor. Fixar 61 uma determinada identidade
como a norma 62 é uma das formas privilegiadas de
63
hierarquização das identidades e das 64 diferenças.
Normalizar significa eleger – 65 arbitrariamente - uma
TEXTO: 140 - Comum à questão: 244 identidade específica 66 como o parâmetro em rela-
ção ao qual as 67 outras identidades são avaliadas e 68
Comunicação e alteridade hierarquizadas. Normalizar significa atribuir a 69 essa
identidade todas as características positivas 70 possí-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 299
veis, em relação às quais as 71 outras identidades só TEXTO: 141 - Comuns às questões: 245, 246
podem ser avaliadas 72 de forma negativa.
Barcos de Papel
73
O processo de produção das identidades e 74 das
diferenças envolve muitos conflitos. Esse 75 processo
não é ingênuo, mas sim permeado 76 por relações de
poder.
77
Quando a chuva cessava e um vento fino
78
Franzia a tarde úmida e lavada
( ) Na primeira estrofe, o vocábulo “chuva” deve 91 Qualquer que seja a chuva desses campos
ser lido como uma metáfora para pranto.
92 devemos esperar pelos estios;
( ) Nos dois primeiros versos, o poeta trabalhou as
percepções tátil, visual, olfativa e auditiva. 93 e ao chegar os serões e os fiéis enganos
( ) No sintagma “vento fino”, há uma combinação 94 amar os sonhos que restarem frios.
inusitada entre o substantivo “vento” e o adje-
tivo “fino”. Essa combinação substitui o clichê
“vento frio”. As duas expressões se misturam 95 Porém se não surgir o que sonhamos
em nossa mente, levando-nos a sentir com mais
intensidade o que diz o texto. 96 e os ninhos imortais forem vazios,
Está correta, de cima para baixo, a sequência seguinte: 98 os pássaros que nós idealizamos.
d) V, F, F, V.
TEXTO: 142 - Comum à questão: 247 103 possa mirar-se as asas depenadas
Jorge de Lima (*1893, em União-AL †1953, no Rio 104 e contentar-se com as secretas penas.
de Janeiro), poeta, mas também médico e pintor,
compôs seus primeiros poemas sob a égide passa- (LIMA, Jorge de. In: Invenção de Orfeu.
dista. Em 1925, no entanto, adere ao Modernismo, Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967. p. 57-58.)
publicando um folheto intitulado O mundo do me-
nino impossível, onde reúne alguns de seus poemas
livres. O ano de 1928 foi o de Essa negra Fulô, talvez Questão 247 - (UECE)
sua obra mais lida. O ano de 1935 é marcado por sua
conversão ao Catolicismo. Passa, a partir de então, a Assinale a opção que traz um comentário INCORRE-
construir uma obra marcada por uma temática cris- TO sobre o texto.
tã de sentido bíblico e apocalíptico. Em 1952, lança
Invenção de Orfeu, um longo poema hermético divi-
dido em 10 partes ou cantos, como Os Lusíadas, de
Camões, por meio do qual o poeta, segundo suas a) Nos dois primeiros versos, o vocábulo “chuva”
palavras, queria modernizar a epopeia clássica. São se opõe ao vocábulo “estios”. Os dois são meta-
ainda palavras de Jorge de Lima: “A ideia central des- fóricos: o primeiro significa tempos difíceis, e o
se poema [Invenção de Orfeu] é a epopeia do poeta segundo, tempos amenos.
olhado como herói diante das vicissitudes do mun-
b) Os pássaros que aparecem a partir do oitavo
do através do tempo e do espaço. O que atravessa o
verso (linha 98) devem ser entendidos como
poema de ponta a ponta é o drama da Queda. Sem
animais terrenos que indicam a materialidade
a Queda não haveria história, não haveria Epopeia.
da vida.
O poeta é o seu herói”. O texto que vem a seguir foi
extraído desse grande poema intitulado Invenção de c) Os vocábulos “serões” e “enganos” no terceiro
Orfeu. verso (linha 93) apontam para a velhice, quando
os sonhos permanecem, mesmo sem a expecta-
(Observação: Orfeu, personagem da mitologia gre-
tiva de realização.
ga, é considerado o músico por excelência, o músico
e o poeta. Tocava lira e cítara, da qual teria sido o d) O poema constitui uma alegoria do desejo hu-
inventor.)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 301
mano de libertar-se das contingências terrenas do soneto, uma forma poética fixa, muito co-
e atingir o plano da divindade. mum em movimentos como o Barroco, Arcadis-
mo e Romantismo.
Sem mim como sem ti e) Oferece uma visão poética das dificuldades de
entendimento entre variantes da língua portu-
posso durar. Desisto guesa, uma vez que Drummond é brasileiro e
Fernando Pessoa, português.
de tudo quanto é misto
O poema acima integra o livro Claro Enigma, de 1951, Quase nada do que eu digo
obra em que Carlos Drummond de Andrade opera
uma mudança de direção em relação à sua trajetória Eu quero ir-me embora
poética anterior, mais ligada ao engajamento social,
como se evidencia num livro como A Rosa do Povo. Eu quero é dar o fora
Diante disso, as escolhas linguísticas feitas pelo autor E quero que você venha comigo
confere ao texto:
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo – Então quer dizer que de verdade ninguém morre –
disse Tubi afinal.
E quero que você venha comigo
– É isso mesmo. Vejo que você já entendeu.
E quero que você venha comigo
VEIGA, José J. Na estrada do amanhece. In: ______.
E quero que você venha comigo Melhores contos J. J. Veiga. Seleção de J. Aderaldo
Castello.
E quero que você venha comigo São Paulo: Global, 2000. p.154.
Disponível em: <http://letras.mus.br/caetano-velo-
so/44792/>.
Acesso em: 12 mar. 2014. No trecho transcrito, as explicações da personagem
Belmiro ao menino Tubi exprimem um questiona-
mento sobre os limites entre o mundo real e o imagi-
nado, o qual se evidencia por meio da
Questão 249 - (UFG GO)
O verso que remete à reação provocada pelo ácido
propenilsulfênico é: a) equivalência entre pessoas e bichos, visível no
trecho “quando dizemos que uma pessoa, ou
um bicho, morreu...”
a) “Eu quero tocar fogo neste apartamento”. b) conclusão acerca do caráter ilusório da vida, ex-
b) “Você traz a coca-cola eu tomo”. plícita na frase “ — Então quer dizer que de ver-
dade ninguém morre.”
c) “Lágrimas nos olhos, de cortar cebola”.
c) hipótese de superação da morte pela fé, expres-
d) “Traz meu café com suita eu tomo”. sa no enunciado “Você entendendo isso vai ver
que quando Mangarito morria de cá nascia de
e) “Bota a sobremesa eu como, eu como”. lá”.
Arroz, feijão, peixe, minério, algodão. Restrições à parte, eu gostava do curso. Não: eu ado-
rava o curso. Não era o mesmo que estudar o Ma-
Gente, romaria. Gente, mercadoria. nifesto, longe disso, mas falava em coisas objetivas,
palpáveis, úteis: geradores, acumuladores, dínamos,
motores. Trabalhar com eletricidade era ingressar no
6. O automóvel terreno confortador da lógica científica, da precisão
tecnológica: faça isso e acontecerá aquilo – sempre,
sempre, sempre. Nenhuma margem para dúvida, ali:
o polo positivo era positivo, o negativo era o negati-
A paisagem morreu. É só a máquina. vo, e estávamos conversados. Nada de dialética, nada
de uma coisa virar o seu contrário, nada de mentiras
A máquina minha. Ela eu. progressistas e verdades reacionárias, nada de crítica
e autocrítica. Um alívio, portanto, ainda que inevita-
Meu corpo. Meu automóvel.
velmente acompanhado de uma pesada culpa.
[...]
SCLIAR. Moacyr. Eu vos abraço, milhões.
GARCIA, José Godoy. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 220.
Poesias. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 252.
c) A personagem narradora, representada pela No trecho acima, a briga entre as aves remete ao se-
mãe, é incapaz de se envolver emocionalmente guinte tema desenvolvido no conto Minha Gente:
com familiares e animais, motivo pelo qual rece-
beu um presente inesperado.
d) A personagem narradora estabelece uma apro- a) A humilhação da mulher em uma sociedade ma-
ximação entre curiosidade e adoração. Para ela, chista, não lhe restando mais do que obedecer
o surgimento de um pinto e o nascimento de aos homens, o que pode ser exemplificado pela
Cristo provocam impressões semelhantes diante prima Maria Irma, que se submete aos desejos
do mistério da vida. dos homens da casa.
e) A pequena vida pulsante do animal desperta na b) A frivolidade dos amores do narrador, que, mes-
mulher sentimentos desagradáveis e assustado- mo apaixonado por sua prima, em alguns mo-
res, dos quais procura se resguardar, para que mentos percebe-lhe modos bastante desagradá-
sua fragilidade emocional não seja exposta. veis, motivo pelo qual, ao final, a troca por outra
mulher.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 305
c) A violência nas sociedades rurais, especialmente qual todas as pessoas vivem juntas e em harmonia
o assassinato de Bento Porfírio, testemunhado e têm 21 oportunidades iguais. É um ideal pelo qual
pelo narrador e considerado um fato corriqueiro eu espero viver e alcançar. Mas, se preciso for, é um
pela prima Maria Irma, o que o leva a afastar-se ideal pelo 22 qual estou disposto a morrer”.
da região.
23
Por que a vida e a saga de Mandela fundam uma es-
d) O contraste entre o narrador e “suas gentes” do perança no futuro da humanidade e de nossa 24 civi-
sertao, uma vez que suas habilidades de homem lização? Porque chegamos ao núcleo central de uma
da cidade não lhe garantem conhecimentos su- conjunção de crises que pode ameaçar o nosso 25 fu-
ficientes para compreender e se situar naquela turo como espécie humana. [...] Isso quer dizer que
sociedade de feição rural. a crença persistente no mundo inteiro, também no
26
Brasil, de que o crescimento econômico material
nos deveria trazer desenvolvimento social, cultural e
27
espiritual é uma ilusão. Estamos vivendo tempos
TEXTO: 144 - Comum à questão: 255 de barbárie e sem esperança. [...]
O significado de Mandela para o futuro ameaçado da 28
Acrescento a opinião do conhecido filósofo e cien-
humanidade tista político, Norberto Bobbio, que, como 29 Mande-
la, acreditava nos direitos humanos e na democra-
Leonardo Boff
cia como valores para equacionar o problema da 30
violência entre os estados e para uma convivência
pacífica. Em sua última entrevista declarou: “Não sa-
1
Nelson Mandela, com sua morte, mergulhou no beria 31 dizer como será o Terceiro Milênio. Minhas
inconsciente coletivo da humanidade para nunca 2 certezas caem, e somente um enorme ponto de in-
mais sair de lá porque se transformou num arquétipo terrogação 32 agita a minha cabeça: será o milênio da
universal do injustiçado que não guardou rancor, que guerra de extermínio ou o da concórdia entre os se-
3
soube perdoar, reconciliar polos antagônicos e nos res humanos? 33 Não tenho condições de responder
transmitir uma inarredável esperança de que o ser a esta indagação”.
4
humano ainda pode ter jeito. Depois de passar 27
anos de reclusão e eleito presidente da África do Sul
34
Em face destes cenários sombrios, Mandela res-
em 5 1994, se propôs e realizou o grande desafio de ponderia seguramente, fundado em sua experiência
transformar uma sociedade estruturada na suprema
35
política: Sim, é possível que o ser humano se recon-
injustiça 6 do apartheid, que desumanizava as gran- cilie consigo mesmo, que sobreponha sua dimensão
des maiorias negras do país, condenando-as a não de 36 sapiens àquela de demens e inaugure uma nova
pessoas, numa 7 sociedade única, unida, sem discri- forma de estar juntos, na mesma casa.
minações, democrática e livre. 37
Talvez valham as palavras de seu grande amigo, o
8
E o conseguiu ao escolher o caminho da virtude, do arcebispo Desmond Tutu, que coordenou o 38 proces-
perdão e da reconciliação. Perdoar não é 9 esquecer. so de Verdade e Reconciliação: “Tendo encarado a
As chagas estão aí, muitas delas ainda abertas. Per- besta do passado olho no olho, tendo pedido e 39 re-
doar é não permitir que a amargura e o espírito 10 cebido perdão e tendo feito correções, viremos ago-
de vingança tenham a última palavra e determinem ra a página — não para esquecer esse passado, mas
o rumo da vida. Perdoar é libertar as pessoas das 11
40
para não deixar que nos aprisione para sempre.
amarras do passado, é virar a página e começar a es- Avancemos em direção a um futuro glorioso de uma
crever outra a quatro mãos, de negros e de brancos. nova 41 sociedade em que as pessoas valham não em
A 12 reconciliação só é possível e real quando há a ad- razão de irrelevâncias biológicas ou de outros estra-
missão completa dos crimes por parte de seus auto- nhos 42 atributos, mas porque são pessoas de valor
res e o 13 pleno conhecimento dos atos por parte das infinito [...]”.
vítimas. A pena dos criminosos é a condenação moral 43
Essa lição de esperança nos deixa Mandela: nós
diante de 14 toda a sociedade. Uma solução dessas,
ainda viveremos se, sem discriminações, pusermos 44
seguramente originalíssima, pressupõe um conceito
em prática de fato o ubuntu.
alheio à nossa 15 cultura individualista: o ubuntu, que
quer dizer: “eu só posso ser eu através de você e com (Disponível em: <http://leonardoboff.wordpress.
você”. Portanto, 16 sem um laço permanente que liga com/2013/
todos com todos, a sociedade estará, como na nossa, 12/07/o-significado-de-mandela-para-o-futuro-a-
sob risco de 17 dilaceração e de conflitos sem fim. meacado-dahumanidade/>,
acesso em: 10 mar. 2014. Adaptado.)
18
Deverá figurar nos manuais escolares de todo o
mundo esta afirmação humaníssima de Mandela: 19
“Eu lutei contra a dominação dos brancos e lutei con-
tra a dominação dos negros. Eu cultivei a esperança Questão 255 - (UNIMONTES MG)
do 20 ideal de uma sociedade democrática e livre, na
306 - www.PROJETOREDACAO.com.br
O trecho “[...] sem um laço permanente que liga do 18 ar mata ou fere de maneira invisível os habitan-
todos com todos, a sociedade estará, como na nos- tes das cidades em que o nível de poluição supera o
sa, sob risco de dilaceração e de conflitos sem fim.” mínimo 19 tolerável.
(Refs. 16-17) pressupõe
20
Não adianta, agora, culpar o governo do PT ou a
suposta herança maldita legada pelo PSDB, ou os 21
crimes praticados pela ditadura militar ou a turbulên-
a) a virtude social. cia que precedeu o golpe de 1964. O país foi sendo
22
construído de maneira torta, irresponsável, sem o
b) o desprendimento por parte dos brancos. mais leve sinal de planejamento, de preparação para
c) a fraternidade social. o 23 futuro.
a) tranquilo e sortudo.
Este, que aqui aportou,
b) pessimista e enojado.
Foi por não ser existindo.
c) seguro e despreocupado.
Sem existir nos bastou.
d) capacitado e robusto.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
TEXTO: 147 - Comum à questão: 260
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
De nada morre.
O mesmo sol que abre os céus Passamos dois dias inteiros tateando em busca de
www.PROJETOREDACAO.com.br - 309
uma definição. Descobrimos que tínhamos de rejei- pos. O gênero que encanta mais da metade do país é
tar todas as definições costumeiras porque elas não o sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pago-
eram suficientemente abrangentes. de. Outros gêneros em ascensão, sobretudo entre as
classes C, D e E, são o funk e o religioso, em especial
O simples fato é que, à medida que a crescente o gospel. Rock e música eletrônica são músicas de
margem a que chamamos de vanguarda continua minoria.
suas exploração pelas fronteiras do som, qualquer
definição se torna difícil. Quando John Cage abre a É o que demonstra uma pesquisa pioneira feita
porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua entre agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Institu-
a atravessar suas composições, ele ventila a arte da to Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).
música com conceitos novos e aparentemente sem A pesquisa Tribos musicais – o comportamento dos
forma. ouvintes de rádio sob uma nova ótica faz um retrato
do ouvinte brasileiro e traz algumas novidades. Para
SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, quem pensava que a MPB e o samba ainda resistiam
1991 (adaptado). como baluartes da nacionalidade, uma má notícia:
os dois gêneros foram superados em popularidade.
O Brasil moderno não tem mais o perfil sonoro dos
A frase “Quando John Cage abre a porta da sala de anos 1970, que muitos gostariam que se eternizasse.
concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar A cara musical do país agora é outra.
suas composições”, na proposta de Schafer de for- GIRON, L. A. Época, n. 805, out. 2013 (fragmento).
mular uma nova conceituação de música, representa
a
Que tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma e) contraposição a impressões fundadas em eli-
questão discutida há muito tempo, que desperta opi- tismo e preconceito, com a alusão a artistas de
niões extremadas. Há fundamentalistas que desejam renome para melhor demonstrar a consolidação
impor ao público um tipo de som nascido das raízes da mudança do gosto musical popular.
socioculturais do país. O samba. Outros, igualmente
nacionalistas, desprezam tudo aquilo que não tem
estilo. Sonham com o império da MPB de Chico Buar-
que e Caetano Veloso. Um terceiro grupo, formado Questão 264 - (UFPR)
por gente mais jovem, escuta e cultiva apenas a mú- Considere o seguinte trecho da peça Anjo negro, de
sica internacional, em todas as vertentes. E mais ou Nelson Rodrigues:
menos ignora o resto.
VIRGÍNIA (mudando de tom) – Você ficou cego como? d) Elias mente ao explicar a causa da sua cegueira,
com a intenção de conquistar a cunhada.
ELIAS (num lamento) – Foi uma fatalidade; eu estava
doente dos olhos e Ismael, que me tratava, trocou os e) As ações de Ismael e de Virgínia os aproximam,
remédios. Em vez de um, pôs outro... Perdi as duas uma vez que ambos praticam crimes motivados
vistas... Mesmo depois de cego ele me atormentava. pelo preconceito racial.
Estudava muito para ser mais que os brancos, quis ser
médico — só por orgulho, tudo orgulho. O que ele
fez com São Jorge? Tirou da parede o quadro de São TEXTO: 149 - Comum à questão: 265
Jorge, atirou pela janela — porque era santo de pre-
to. Um dia, desapareceu de casa, depois de ter dito à Dez anos de Flip
mãe dele: ‘Sou negro por tua causa’. (doce, suplican-
te) Já ouviu o que eu disse. Agora responda — gosta
dele? (silêncio) Gosta?
Ao mesmo tempo, poucos eventos culturais des-
VIRGÍNIA (obcecada) – Ele trocou os remédios de pro- pertam reações tão contraditórias quanto a Flip (Fes-
pósito... Para cegar você!... (muda de tom) Se eu gos- ta Literária Internacional de Paraty), desde que, há
to dele? Não... não gosto... dez anos, ela fez de Paraty uma das capitais mundiais
da literatura. Recorrendo à polarização proposta por
ELIAS – Odeia? Umberto Eco décadas atrás, há os apocalípticos e os
integrados. Para os primeiros, a Flip é um show midiá-
VIRGÍNIA (incerta) – Odeio... tico patrocinado pelas grandes corporações da vida
editorial, uma prova de como o capitalismo compra e
ELIAS – Tem medo dele?
corrompe tudo – e podemos encontrar sinais de “apo-
VIRGÍNIA (incerta) – Medo? (mudando de tom, levan- calipse” até no insuspeito escritor Jonathan Franzen
ta-se, anda, enquanto Elias se desorienta, sem saber (capa da Time como “o romancista da América”). Em
em que direção virar-se). A transpiração dele está por sua palestra lembrou que, ao chegar a Paraty, encon-
toda a parte, apodrecendo nas paredes, no ar, nos trou placas enormes com propaganda de um cartão
lençóis, na cama, nos travesseiros, até na minha pele, de crédito e, sussurrou, conspirador, “isso já diz muita
nos meus seios (aperta a cabeça entre as mãos). E nos coisa”. Os americanos também adoram falar mal do
meus cabelos, meu Deus! dinheiro.
(cheira as mãos em concha, como se quisesse encon- Franzen é um realista de carteirinha. Mas outro
trar nelas o cheiro três vezes maldito.) grande escritor, este de vocação nefelibata, o espa-
nhol Enrique Vila-Matas, denuncia com uma certa
(RODRIGUES, Nelson. Anjo negro. Rio de Janeiro: volúpia a “extinção da literatura”, entregue hoje ao
Nova Fronteira, 2005. p. 28-30.) horror das leis do mercado. Bem, não tomemos ao
pé da letra a afirmação, uma licença poética transcen-
dente – segundo o clássico gosto ibérico, a realidade
é uma consequência do desejo, e não o contrário. A
A peça Anjo negro, escrita por Nelson Rodrigues em ideia apocalíptica pressupõe uma utopia poética, mas
1946, permaneceu sob interdição da censura por também política, redentora e pura, onde a arte, en-
dois anos, até estrear em abril de 1948. Integrante do fim, brilhará como um diamante intocado pelo mun-
grupo das peças míticas, a ação dramática apresenta do real.
um conflito ligado ao tema do preconceito racial. No
www.PROJETOREDACAO.com.br - 311
Enquanto isso não acontece, os integrados leem Considere o poema de Luís Delfino (1834-1910) e a
livros, pedem autógrafos, lotam as tendas da Flip, be- reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale.
bem cachaça, passeiam pela cidade histórica, conver-
sam fiado, odeiam alguns autores e amam outros; há
um clima de devoção e um culto das celebridades que
faz parte do pacote (a diária num hotel de Paraty du- Jesus Pantocrátor 1
rante a Flip é uma das mais caras do mundo).
(Adaptado de TEZZA, Cristovão. Dez anos de Flip. Gazeta Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja
do Povo, 30 jul. 2012.)
De Monreale, feita em mosaico, a divina
(1) Até a americana revista Forbes anda I. A intertextualidade explícita é recurso fundamen-
rindo da obsessão do brasileiro em encarar o tal na construção do Texto, o qual cita, do início
automóvel como símbolo de status. No último ao fim, um artigo publicado na revista Forbes.
sábado, o blog do colaborador Kenneth Rapoza,
II. O uso de aspas é recorrente no Texto, a fim de
especialista nos chamados Bric´s (Brasil, Rús-
ironizar o ponto de vista defendido no artigo da
sia, Índia e China), trouxe um artigo intitulado
revista Forbes.
“O Jeep Grand Cherokee de ridículos 80 mil dó-
lares do Brasil”. A tese do artigo: os brasileiros III. A tese defendida no artigo da revista Forbes é
confundem qualidade com preço alto e se dis- sustentada no Texto pela apresentação de vários
põem a pagar 189 mil reais (89.500 dólares) por argumentos, dos quais muitos são diferentes
um carro desses que, nos Estados Unidos, é só dos que se encontravam no artigo.
mais um carro comum. Por esse preço, ironiza
Rapoza, “seria possível comprar três Grand Che- IV. O fato de o automóvel ser símbolo de status no
rokees se esses brasileiros vivessem em Miami Brasil é evocado, logo no início do Texto, como
junto de seus amigos.” conhecimento prévio e aparentemente consen-
sual.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 313
V. Por constituir um resumo de um texto prévio, constituir o 37 desenvolvimento humano em várias di-
não se pode dizer qual o posicionamento do Tex- mensões 38 simultâneas e interativas? Ou seja, unifi-
to em relação ao tema que aborda. cando os 39 desafios econômicos, sociais, políticos, 40
ecológicos, culturais e coparticipativos, 41 direciona-
dos por princípios éticos e por razões de 42 sustenta-
bilidade? Mais que uma utopia, é o que 43 se discute,
Estão CORRETAS, apenas, se estuda e se propõe no Centro 44 Internacional de
Desenvolvimento, fundado por 45 um brasileiro exila-
do, Josué de Castro, um 46 pioneiro da luta contra a
a) I e II. fome e as desigualdades, 47 na Universidade de Paris
VIII. Ou ficamos com o 49 discurso radical da pós-mo-
b) I e IV. dernidade, enunciando 50 que a história não tem nem
terá rumos? E viva o 51 niilismo! Mas isto não seria
c) II e V. uma sentença de 52 morte?
d) III e IV. Malaquias B. Filho e Luciano V. Batista. Transição alimen-
tar/ nutricional
e) I, III e V.
ou mutação antropológica? Adaptado. http://cien-
ciaecultura.bvs.br/scielo
e) expressa uma postulação humanística, já devi- Questão 271 - (USP Faculdade de Saúde Pública SP)
damente ultrapassada pela investigação científi-
ca desenvolvida na Universidade de Paris VIII. Pelo fato de conjugar a exposição da complexidade
dos problemas que determinam o campo da saúde
pública no Brasil a uma dimensão programática, o
texto constrói uma perspectiva que projeta
TEXTO: 153 - Comuns às questões: 270, 271
1
“O Brasil não é para principiantes”, disse Tom
2
Jobim, um dos compositores mais populares do 3 a) a urgência do combate às diferenças étnicas re-
século XX. Ao longo desta Série, os artigos 4 demons- gionais.
tram que a declaração do compositor 5 brasileiro pa-
rece, de fato, estar correta. Evidenciase 6 um progres- b) um impasse sem solução que se possa vislum-
so considerável em alguns aspectos 7 das condições brar.
de saúde da população e do 8 sistema de saúde, em c) a necessidade de agir ao arrepio da ordem insti-
franco contraste com a 9 estagnação ou mesmo de- tucional vigente.
terioração de outros 10 indicadores. Como uma das
dez maiores 11 economias globais, o Brasil ainda tem d) a exigência de aumento das verbas públicas para
um longo 12 caminho a percorrer até atingir os níveis a saúde.
de saúde 13 vigentes nas nações mais prósperas do
mundo. e) um desafio que é, em última análise, político.
b) empregar vocábulos pertencentes à variedade tudo teve como objetivos descrever os padrões 43 de
popular da língua, mesclando-os ao jargão cien- consumo de alimentos mais frequentemente 44 en-
tífico que predomina no conjunto. contrados entre residentes no Município de 45 Ribei-
rão Preto, São Paulo, e identificar quais 46 fatores se
c) elencar com desenvoltura os problemas de que associam a eles (sociodemográficos, de 47 estilo de
trata, guardando-se, no entanto, de hierarquizá- vida e de saúde).
-los com clareza.
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(3):533-
d) ser enfático na formulação de sua tese central, 545, mar, 2011. Adaptado.
negligenciando, todavia, a exposição de elemen-
tos úteis para demonstrá-la.
e) privilegiar a argumentação baseada em concei- Questão 273 - (USP Faculdade de Saúde Pública SP)
tos de Sociologia e Política, quando seu tema
exigiria o primado de noções médicobiológicas. No terceiro parágrafo do excerto, o trecho “em es-
tudos epidemiológicos em que se pretende investi-
gar o papel da dieta no desenvolvimento de doenças
crônicas”
TEXTO: 155 - Comum à questão: 273
1
Sabe-se que dietas com alta densidade 2 ener-
gética, ricas em gorduras (particularmente as 3 de a) classifica os estudos publicados por Alves et al.,
origem animal) e pobres em fibras alimentares, 4 as- Lenz et al. e Hu, citados logo anteriormente.
sociadas à redução da atividade física, ao 5 tabagismo
b) enuncia um pré-requisito universal dos estu-
e ao consumo excessivo de álcool 6 podem explicar
dos epidemiológicos aplicados a populações de
parte substancial dos casos de 7 algumas doenças
composição heterogênea.
crônicas como, por exemplo, a 8 obesidade, as doen-
ças cardiovasculares, o 9 diabetes mellitus e a sín- c) ressalta a raridade dos bons estudos epidemio-
drome metabólica, tanto 10 em países desenvolvidos lógicos referentes à dieta alimentar.
316 - www.PROJETOREDACAO.com.br
d) denuncia o caráter pretensioso dos estudos 20
O medo, portanto, é positivo e é negativo. O
cujos resultados não são verificáveis por crité- fato é que quase nenhum vivente deixa de ter medo.
rios científicos. Os 21 corajosos, os intrépidos, assim mesmo guardam
algum medo. Conheci uma mulher que tinha medo
e) define a natureza e os objetivos das pesquisas de engravidar, 22 no entanto o seu maior desejo e
em cujo âmbito o artigo irá defender seu ponto ideal era engravidar. Mas é que ela achava que não
de vista. iria poder administrar a gravidez 23 e temia a ideia de
que não pudesse fazer cesariana e tivesse que sofrer
as dores do parto. Vejam vocês, nesse caso, 24 o con-
teúdo fantástico do medo: a mulher sabia que ter um
TEXTO: 156 - Comuns às questões: 274, 275, 276,
filho significava a sua ansiada felicidade. Mas tinha
277 como 25 oponente à felicidade justamente o medo.
Medo de ser feliz 26
Eu não tenho dúvida de que a posição mais im-
Paulo Sant’Ana portante na conduta humana é o medo. Chega a tal
ponto a 27 importância do medo na vida humana, que
há pessoas que vivem aterrorizadas com a possibili-
dade de virem a ter 28 medo de alguma coisa. Tanto
1
Confesso que sou quase escravo do medo. até, que o samba e a filosofia consagram a expres-
Quando vou ao dentista e fico por uma hora e meia são: “Medo de ser feliz”. E tanto isso 29 é verdade,
sofrendo um 2 tratamento de canal, sinto umas 40 que conheço inúmeras pessoas, entre elas eu, que
vezes ataque de medo pânico. E, no entanto, não me têm medo de vir a ganhar a Mega Sena. Não é uma
dói uma única vez durante 3 os 90 minutos. Ocorre 30
idiotice? Estudem bem a questão e verão que não.
então um fenômeno: com os 40 ataques de medo
que tenho, acabo sofrendo muito mais do 4 que se (Zero Hora, p. 59, 1 fev. 2012. – Texto adaptado.)
doesse o tratamento da minha dentista. Sei que ar-
risco ser chamado de idiota. Só não se agrava mais
essa 5 minha desvantagem pelo fato de que o medo
é intrínseco à conduta humana, é quase impossível
Questão 274 - (UCS RS)
viver sem medo de 6 qualquer coisa Com base no texto, é correto afirmar que
7
Sobre o medo, Shakespeare tem uma sentença
genial: “O covarde (pessimista) morre mil vezes antes
de 8 morrer”. É isto mesmo. Quando sinto medo do a) a palavra quase (Ref. 01) relativiza a ideia de su-
dentista, isso equivale exatamente à dor que sentiria jeição imposta pelo medo.
se o dentista 9 tocasse com o ferro no nervo do meu
dente. Ou seja, o medo é um sofrimento, uma dor. b) a dor que o autor sente tem relação de depen-
Pior, é uma dor que não10 acontece, mas sabem os dência com o tempo do tratamento dentário.
medrosos o quanto dói.
c) a quantificação do medo pânico (Ref. 02) é pro-
11
Quando me retorço na cadeira da dentista, ela porcional ao tipo de tratamento dentário.
me pergunta: “Está doendo?”. Eu respondo: “Não,
estou com 12 medo”. O que vem a ser a mesma coisa: d) a locução conjuntiva no entanto (Ref. 02) reforça
de que adianta não estar doendo se o medo é às ve- a ideia da natureza da dor física.
zes até pior que a dor?
e) a intensidade do sofrimento se dissipa em virtu-
13
E o pior é aquele medo que se tem de determi- de do tratamento.
nada coisa trágica que nos possa acontecer, ela aca-
ba não 14 acontecendo em meses ou anos, mas nós
sentimos tanto medo de que ela ocorreria, que esse Questão 275 - (UCS RS)
medo nos causa um 15 dano às vezes maior do que a
coisa trágica que temíamos. Com base no texto, é correto afirmar que
16
Eu sei que se afirma com razão que a maior
defesa do corpo humano é o medo. Muitas vezes,
se você não 17 tivesse medo de atravessar a rua, se- a) a relação de sentido estabelecida pelo conector
ria atropelado. Mas é que essa função protetiva do E (Ref. 02) é de adição.
medo humano tem a 18 concorrência do medo noci-
vo, como, por exemplo, o homem que tem medo de b) a palavra então (Ref. 03) estabelece a relação de
se submeter a uma cirurgia, não se 19 submete a ela e sentido de explicação.
por isso acaba morrendo por incúria.
c) a retirada da palavra muito (Ref. 03) implicaria
www.PROJETOREDACAO.com.br - 317
a alteração do uso do conector de comparação geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios
mais do que (Refs. 03 e 04). de fórmulas, de receitas, só capazes de colher 4 fatos
detalhados e impotentes para generalizar, curvados
d) o verbo arrisco (Ref. 04) poderia ser substituído aos fortes e às ideias vencedoras, e 5 antigas, adstri-
por prefiro, mantendo inalterado o sentido ori- tos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por
ginal da frase. conceitos obsoletos e um pueril 6 e errôneo critério
de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para
e) a palavra desvantagem (Ref. 05) sintetiza os te- que ele possa ser lido, pois 7 quero falar das minhas
mores do autor. dores e dos meus sofrimentos ao espírito geral e no
seu interesse, com 8 a linguagem acessível a ele. É
esse o meu propósito, o meu único propósito. Não
Questão 276 - (UCS RS) nego que para 9 isso tenha procurado modelos e nor-
mas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao al-
Com base no texto, pode-se inferir que cance 10 das mãos, tenho os autores que mais amo.
(...) Confesso que os leio, que os estudo, que procu-
ro11 descobrir nos grandes romancistas o segredo de
fazer. Mas não é a ambição literária que me 12 move
a) os distintos agentes do medo são referidos como ao procurar esse dom misterioso para animar e fazer
indecifráveis. viver estas pálidas Recordações. 13 Com elas, queria
b) as situações mais temidas vêm a se efetivar, por modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-
isso a angústia causada pelo medo. -los a pensar de outro modo, 14 a não se encherem
de hostilidade e má vontade quando encontrarem na
c) a conquista mais desejada pelo receoso é con- vida um rapaz como 15 eu e com os desejos que tinha
trolar seus instintos de autopreservação frente há dez anos passados. Tento mostrar que são legíti-
às adversidades. mos e, se não 16 merecedores de apoio, pelo menos
dignos de indiferença.
d) o temor inexplorado motiva as pessoas a aguar-
darem acontecimentos trágicos.
17
Entretanto, quantas dores, quantas angústias!
Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de 18
e) a superação do medo, não raro, traz como re- qualquer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis
compensa a realização de anseios. idiotas e um médico mezinheiro, repletos 19 de or-
gulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram.
(...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse 20 falar neste
livro - que espanto! que sarcasmo! que crítica desa-
Questão 277 - (UCS RS) nimadora não fariam. Depois que 21 se foi o doutor
Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido
Com base no texto, é correto afirmar que o autor, ao
de sua carta apergaminhada, 22 nada digo das minhas
expor seus medos, revela-se
leituras, não falo das minhas lucubrações intelectuais
a ninguém, e minha 23 mulher, quando me demoro
escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto:
a) um homem obstinado pela dor.
- Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para
24
320 - www.PROJETOREDACAO.com.br
03. Os parágrafos são organizados de forma tal, que ( ) O fato que serve de pretexto para a voz autoral
o último, se deslocado para o primeiro lugar — fazer a sua reflexão sobre a questão da saúde no
abertura do discurso —, não prejudica a lógica Brasil ocorre num tempo hipotético no passado.
do pensamento progressivo.
( ) As expressões “os médicos mais antigos que co-
04. A subjetividade do enunciador do discurso é ma- nheci” (Ref. 1) e “os seus alunos” (Ref. 4) cons-
nifestada tão somente no último parágrafo, ao tituem exemplos de complementos verbais nos
assumir uma postura de conselheiro comporta- respectivos contextos.
mental.
( ) O locutor, na frase “Habilitava, dessa forma, o
05. Os traços discursivos do texto são de um estilo conceituado mestre os seus alunos a tratarem a
em que se mesclam formalidade e informalida- ambos, o cliente abastado e o carente de recur-
de com termos de opinião, sinalizando o papel sos, talvez com a mesma eficiência, porém com
comunicativo do enunciador, a fim de influen- custo diferente.” (Refs. 3-5), não assume o seu
ciar o interlocutor. ponto de vista como inquestionável.
Por falar nisso , o jovem Joaquim passou em todas É confortante ver a evolução, embora lenta. Nas
as provas do Instituto Rio Branco, mas foi reprova- dezenas de tribunais brasileiros, tanto na área federal
do na entrevista oral. Muito estranho. O Itamaraty quanto na estadual, o número de presidentes negros
perdeu um grande diplomata, o Judiciário ganhou é muito pequeno. Ainda predomina o sexo masculi-
um grande ministro. Votos para que seja um ótimo no, mas já se está no ritmo do equilíbrio entre ho-
presidente do Supremo. mens e mulheres. As antigas resistências à presença
feminina nos serviços da Justiça, que pareciam irre-
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ movíveis até a segunda metade do século 20, hoje
elianecantanhede são encaradas como passadismo pré-histórico.
/1189695- sem-firulas-sem-floreios.shtml. Acesso
em: 23 nov.2012. Nesse perfil histórico, o ingresso de Joaquim Bar-
bosa na Corte Suprema se fez credenciado por títulos
de pós-graduação no país e no exterior, tendo feito
carreira no Ministério Público Federal. É o 44º presi-
Texto 2 dente do STF, depois da proclamação da República,
sendo o oitavo mineiro a chegar ao cargo, conforme
Joaquim Barbosa: presidente
o decano do tribunal, ministro José Celso de Mello
Walter Ceneviva Filho, informou no discurso de saudação. A conduta
de Barbosa no processo do “mensalão” sugere que
Folha de S.Paulo, 13 out. 2012 está pronto para os embates da presidência. [...]
www.PROJETOREDACAO.com.br - 323
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ “A cidade em conjunto poderia ser explicada em dois
walterceneviva/ grandes arcos. Um antigo, irregular, atrabiliario, in-
1168667- joaquim-barbosa-presidente.shtml. Aces- corrigivel em todo, parte tradicional, parte iniciadora
so em: 26. nov.2012. Adaptado. da cidade centenaria, arco cujas extremidades tocam
as Roccas e o Baldo. A recta partida destes extremos
marca a verdadeira cidade de Natal. O outro arco,
parte moderna. Já racciocinado, um pouco mono-
Questão 285 - (Fac. Direito de Franca SP) tona pela sisudez geometrica do enxadrezado, terá
seus extremos tocando os dois do primeiro arco e
Segundo o quarto parágrafo do Texto 2, no início do
correndo de leste a sul emquanto o primeiro parte
século 19, para um juiz era requerido que fosse letra-
do norte ao oeste.”
do, isto é, que conhecesse exemplarmente o direito.
Atualmente, exige-se, CASCUDO, Câmara. Crônicas de origem: a cidade de Na-
tal nas
crônicas cascudianas dos anos 20. Natal: EDUFRN,
a) além de expressivo saber jurídico, reputação 2005. p. 142
exemplar.
324 - www.PROJETOREDACAO.com.br
mil integrantes das forças insurgentes da região, e vimento messiânico’; para políticos, uma tentativa
entre 800 e mil soldados, de guarnições do governo de desestabilização das oligarquias; para administra-
federal e dos estados. Foram destruídos, durante o dores públicos, aconteceu uma ‘questão de limites’;
período do Contestado, cerca de 9 mil casas e case- para militares, tratou-se de uma ‘campanha militar’;
bres em toda a região, incluindo povoados inteiros. para socialistas, aconteceu uma ‘luta pela terra’. En-
Morreram homens, mulheres, velhos e crianças”. tretanto, para historiadores regionais da atualidade,
a Guerra do Contestado foi tudo isso simultaneamen-
O parlamentar contextualizou a questão política te”. (Nilson Thomé)
dos limites de Santa Catarina e do Paraná, apenas um
dos componentes de deflagração de conflitos, numa Disponível em:< www.unc.br/index.php?...id...guerra-do-
esfera político-administrativa e ressaltou a importân- contestado....> Acesso em: 31/10/2012. Adaptado.
cia ainda maior do componente social. “Aquela gente
sofrida, então revoltada, começou a se organizar, in-
clusive com alguns fazendeiros que também tiveram
suas terras expropriadas. E ganhou força um terceiro Questão 287 - (ACAFE SC)
ingrediente para o conflito, que foi a questão religio-
Com base no texto, é correto o que se afirma em:
sa.”
O escritor Péricles Prade, membro da Academia
Catarinense de Letras e um dos homenageados da a) Na sessão da Assembleia Legislativa de Santa
noite, destacou o fundo de natureza messiânica na Catarina, o deputado estadual Péricles Prade
Guerra do Contestado. Segundo ele, por conta da preferiu ressaltar o componente político do con-
precariedade da medicina e do papel dos monges na flito entre posseiros e proprietários de terras,
promoção de curas, na salvação de doentes com re- em detrimento das questões sociais.
zas e no conhecimento de remédios naturais, feitos
com infusões, eles conquistavam fiéis e eram reco- b) Na Guerra do Contestado houve ao menos três
nhecidos como expoentes religiosos. componentes: disputa por terras, exclusão so-
cial e fanatismo religioso.
“Esta visão messiânica é também de natureza an-
tropológica, pois é marcante a posição do homem c) Fernando Tokarski, um dos sobreviventes da
que integra determinada comunidade. Dessa forma, Guerra do Contestado, mora em Canoinhas,
a sociologia também se faz importante com um fun- onde fundou um Museu sobre o conflito.
damento que se pode determinar econômico. Do
lado positivo, houve abertura para o progresso. Do d) As guarnições federais e estaduais foram lidera-
lado negativo, houve a dizimação de milhares de vi- das por comandantes messiânicos.
das. Hoje nada se comemora, tragédia não se come-
mora, evoca-se. Evoca-se a repercussão de um episó-
dio histórico”, finalizou.
Questão 288 - (ACAFE SC)
O conflito, que passou por muitos episódios, em
Assinale a pergunta que pode ser respondida com
que o sangue correu em vários rincões de Santa Ca-
base no texto.
tarina, acabou com os insurgentes derrotados, pela
exaustão e pela fome. Mas ainda assim pode ser con-
siderado responsável pela integração de Santa Cata-
rina, pois uma grande área do estado passou a ser a) Em que mês e ano acabou a Guerra do Contesta-
reconhecida como território catarinense, a ponto de do?
o Contestado ser uma grande marca do regionalismo
local. b) Quem propôs a sessão especial da Assembleia
Legislativa de Santa Catarina em referência a to-
O historiador e chefe de gabinete da prefeitura de dos os que participaram da Guerra do Contesta-
Canoinhas, Fernando Tokarski, estudioso da guerra, do?
fez um resgate histórico e citou o também historiador
da região do Contestado Nilson Thomé, para quem a c) Quem foram os principais líderes religiosos dos
Guerra do Contestado foi o evento bélico mais im- insurgentes da Guerra do Contestado?
portante da história de Santa Catarina, envolvendo
a população sertaneja de um lado, forças militares d) Por que as forças militares do governo tiveram
e nacionais do outro. “O evento, que aconteceu em dificuldades para vencer a Guerra do Contesta-
terras administradas por Santa Catarina e leste do do?
Rio do Peixe, é definido por estudiosos como ‘insur-
reição xucra’ ou ‘guerra civil’ para religiosos, ocorreu
uma ‘rebelião de fanáticos’; para sociólogos, houve Questão 289 - (ACAFE SC)
um ‘conflito social’; para antropólogos, foi um ‘mo-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 325
De acordo com o texto, é possível afirmar que: Ferreira Gullar, que, no domingo, escreveu um artigo
defendendo o “modo correto” de usar a língua por-
tuguesa.
a) os custos da Guerra do Contestado foram finan- Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor
ciados, em boa parte, pelos grandes proprietá- comecemos a dizer “nós vai” ou “debateu sobre as
rios de terras da região. alternativas”, mas não dá para comparar violações
à norma culta com um erro conceitual como afirmar
b) para cada combatente das forças governamen- que tuberculose não é doença, para ficar nos exem-
tais morto na Guerra do Contestado foi destruí- plos de Gullar. Fazê-lo é passar com um “bulldozer”³
da uma casa ou casebre dos insurgentes em sobre o último meio século de pesquisas, em especial
toda a região do conflito. os trabalhos de Noam Chomsky, que conseguiram
c) a principal causa do conflito foi a disputa territo- elevar a linguística de uma disciplina entrincheirada
rial entre os estados do Paraná e Santa Catarina nos departamentos de humanidades a uma ciência
pelas terras produtoras de madeira. capaz de fazer previsões e articular-se com outras,
como psicologia, biologia, computação.
d) a Guerra do Contestado, que durou menos de
quatro anos, terminou em 1916. Chomsky mostra que a capacidade para a lingua-
gem é inata. É só lançar uma criança no meio de uma
comunidade que ela absorve o idioma local. O fenô-
meno das línguas crioulas revela que grupos expostos
Questão 290 - (ACAFE SC) a «pidgins» (jargões comerciais que misturam vários
idiomas, geralmente falados em portos) desenvol-
De acordo com o historiador Nilson Thomé, confor- vem, no espaço de uma geração, uma gramática
me se afirma no texto, a Guerra do Contestado: completa para essa nova linguagem. Mais do que de
facilidade para o aprendizado, estamos falando aqui
de uma gramática universal que vem como item de
a) serviu para definir que todas as terras situadas fábrica em cada ser humano. Foi a resposta que a
a leste do Rio do Peixe deveriam pertencer ao evolução deu ao problema da comunicação entre ca-
estado de Santa Catarina. çadores-coletores.
b) foi um grande evento bélico, cuja origem foi a Nesse contexto, o único critério para decidir entre
cessão de terras para uma empresa americana o linguisticamente certo e o errado é a compreen-
como pagamento pela construção da estrada de são da mensagem transmitida. Uma frase ambígua
ferro São Paulo - Rio Grande do Sul. é mais “errada” do que uma que fira as caprichosas
regras de colocação pronominal.
c) teve como principal motivação a cobiça pelas
terras do planalto catarinense e a exploração de Na verdade, as prescrições estilísticas que deco-
madeiras nobres da região. ramos na escola e que nos habituamos a chamar de
gramática são o que há de menos essencial e mais
d) foi um conflito motivado por múltiplos fatores aborrecido no fenômeno da linguagem. Estão para
de ordem social, religiosa, política, administrati- a linguística assim como a pesquisa da etiqueta está
va, militar e agrária. para o estudo da história.
Hoje eu peço vênia¹ para discrepar2 do grande a) estabeleceu, dentro da área de humanidades,
326 - www.PROJETOREDACAO.com.br
uma linha de combate contra as violações à TEXTO: 163 - Comuns às questões: 294, 295
norma culta da língua portuguesa.
“O homem não pode abster-se da filosofia”, diz
b) foi pioneira na área de humanidades a desen- Jaspers com razão. “Ela está presente em todo lugar
volver pesquisas científicas sobre uma gramáti- e sempre. A única questão que se apresenta é saber
ca universal. se ela é consciente ou não, boa ou má, confusa ou
clara”. Na verdade, a pesquisa da verdade científica,
c) era uma disciplina que se defendia de ataques a que só interessa aliás a uma minoria, não exaure¹ em
suas teorias, tornando-se uma ciência articula- nada a natureza do homem, mesmo nessa minoria.
da com outras áreas científicas. Resta que o homem vive, toma partido, crê em mul-
tiplicidade de valores, hierarquiza-os e dá assim um
d) outrora restrita aos meios acadêmicos, ganhou
sentido à sua existência por opções que ultrapassam
“status” de ciência e enredou-se com outras
sem cessar as fronteiras do seu conhecimento efeti-
áreas do conhecimento.
vo. No homem que pensa, essa coordenação pode
e) destacou-se nos últimos cinquenta anos, fazen- ser raciocinada, no sentido de que, para fazer a sínte-
do previsões sobre os rumos da língua portu- se entre aquilo em que acredita e que sabe, só pode
guesa. utilizar uma reflexão, seja prolongando seu saber ou
opondo-se a ele em um esforço crítico para determi-
nar suas fronteiras atuais e legitimar a colocação dos
valores que o ultrapassam. Essa síntese raciocinada
Questão 292 - (ESPM SP) entre as crenças, quaisquer que sejam, e as condições
do saber, é o que nós chamamos de uma “sabedoria”
Segundo o texto, o autor: e tal nos parece o objeto da filosofia.
c) preconiza que uma frase com transgressões às Questão 294 - (ESPM SP)
“caprichosas regras de colocação pronominal”
prejudica o ato da fala. De acordo com o texto:
d) prega o caráter supérfluo e vão das prescrições
gramaticais, linguísticas e estilísticas.
a) A minoria que está interessada na verdade cien-
e) reclama da natureza complexa e enfadonha do tífica não se ocupa com o sentido da vida.
estudo da gramática nas escolas.
b) A busca da verdade filosófica esgota a natureza
de uma minoria da humanidade.
Questão 293 - (ESPM SP) c) O homem que vive, que toma partido, que crê
em multiplicidade de valores, não dispõe de
O autor lança mão de expressões com carga pejorati- tempo para a filosofia.
va ou irônica para referir-se à gramática, exceto em:
d) A reflexão amplia o saber, questiona o próprio
saber e justifica o que está fora do alcance do
saber.
a) “universal”
e) A crença nos valores e sua organização fazem
b) “caprichosas regras” parte da natureza humana para alcançar a ver-
c) “prescrições estilísticas” dade científica.
d) “decoramos”
www.PROJETOREDACAO.com.br - 327
a) estabelecer um contraste entre o homem que c) a disputa entre as tribos gira invariavelmente
pensa e o homem que vive. em torno de alimentos.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 331
68) Gab: E 85) Gab: E 102) Gab: C 119) Gab: D
332 - www.PROJETOREDACAO.com.br
136) Gab: A e as poucas recompensas 161) Gab: A 178) Gab: A
reservada aos que se desta-
cam pela curiosidade, pela
inteligência e pelo aprendi-
137) Gab: C zado. 162) Gab: D 179) Gab: A
334 - www.PROJETOREDACAO.com.br
263) Gab: A 280) Gab: C 297) Gab: C
www.PROJETOREDACAO.com.br - 335
QUESTÕES DIFÍCEIS Naquela manhã de sol, a tranquilidade da rica
cidadezinha californiana de Palo Alto foi subita-
mente quebrada por uma visão rara: policiais al-
TEXTO: 1 - Comum à questão: 1 gemando um estudante branco e conduzindo-o
firmemente ao banco de trás da viatura, sob o
Leia o seguinte texto: olhar assustado dos vizinhos. Aquele seria o pri-
meiro de nove jovens levados presos.
336 - www.PROJETOREDACAO.com.br
que os sujeitos tomando choques eram ―le- Texto II
gais‖. Em outros, o comentário era: ―eles pare-
cem animais‖. Embora os atores fingindo levar
choque fossem sempre os mesmos, os sujeitos
da pesquisa estavam muito mais dispostos a ele- O Bicho
trocutar o outro quando ele era descrito como Manuel Bandeira
―animal‖.
Vi ontem um bicho
É que o primeiro passo para a desumanização é
rotular o sujeito do outro lado. A partir do mo- Na imundície do pátio
mento em que acreditamos que o outro não é
um ser humano, mas um animal, tornamo-nos Catando comida entre os detritos.
capazes de basicamente tudo. Um ambiente
onde há uma grande desigualdade de poder –
como uma prisão – é o lugar perfeito para que
Quando achava alguma coisa,
ocorra rotulagem e, portanto, desumanização. É
exatamente o que existe hoje no Oriente Médio, Não examinava nem cheirava:
onde, na prática, todo um povo (os palestinos)
virou prisioneiro de um país (Israel). Engolia com voracidade.
O que as pesquisas mostram é que, nessas si- O bicho não era um cão,
tuações, não adianta procurar culpados. Não in-
teressa saber quem começou a briga ou quem Não era um gato,
tem mais razão – o que interessa é o ambiente.
Enquanto os dois povos se relacionarem como Não era um rato.
se estivessem numa prisão, é inevitável que um
não enxergue a humanidade do outro. Os mais
poderosos tendem a perder a compaixão pelo O bicho, meu Deus, era um homem.
outro lado, e acabam achando normal ser bru-
tal. Os menos poderosos tendem a acreditar BANDEIRA, Manuel. Meus poemas preferidos. Coor-
que seus rivais são todos maus e precisam ser denação:
destruídos. A única solução para uma situação André Seffrin. 10ª ed. São Paulo: Global, 2014.
assim é mudar o ambiente. Foi o que a Alema- p. 122.
nha fez nas últimas três décadas, quando uma
sociedade tolerante, igualitária e largamente
desmilitarizada foi instituída.
Questão 01 - (UFJF MG)
(Sermão da Sexagésima, Pe. Antonio Vieira) O trecho inicial do texto – “No plano coletivo, o pro-
cesso saúde-doença é mais do que a soma das con-
¹empeçado: com obstáculo, com empeci-lho. dições orgânicas de cada indivíduo que integra um
grupo ou população” – encerra um raciocínio similar
ao que ocorre na frase:
Questão 02 - (ESPM SP)
Assinale a incorreta sobre o texto de Padre Vieira: a) Somar é melhor que dividir.
338 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Mas, quando falo a estudantes do último ano do se-
cundário, encontro algo diferente. Eles memorizam
os “ fatos”. Porém, de modo geral, a alegria da des-
coberta, a vida por trás desses fatos, se extinguiu em
suas mentes. Perderam grande parte da admiração e
ganharam muito pouco ceticismo. Ficam preocupa-
dos com a possibilidade de fazer perguntas “imbecis”;
estão dispostos a aceitar respostas inadequadas; não
fazem perguntas encadeadas; a sala fica inundada
de olhares de esguelha para verificar, a cada segun-
do, se eles têm a aprovação de seus pares. Vêm para
a aula com as perguntas escritas em pedaços de pa-
pel que sub-repticiamente examinam, esperando a
sua vez, e sem prestar atenção à discussão em que
seus colegas estão envolvidos naquele momento.
(...)
elas saltam, se beijam, se dissolvem, I. A liberdade com que o poeta compõe o poema
tem, como contrapartida, a seriedade com que
no céu livre por vezes um desenho, considera sua atividade.
são puras, largas, autênticas, indevassáveis. II. O poeta se abre para o mundo exterior, mas con-
tinua a examinar a si mesmo, de modo atento e
exigente.
Uma pedra no meio do caminho III. O foco na subjetividade do poeta desdobra-se
ou apenas um rastro, não importa. em uma poesia de vocação coletiva, com alcan-
ce social e tendências anticapitalistas.
Estes poetas são meus. De todo o orgulho,
340 - www.PROJETOREDACAO.com.br
b) I e II, apenas. dão a ser seguido pelos ouvintes.
18 Em tenebrosas transações
Questão 10 - (PUC MG)
92
De clique em clique armou-se na tela do monitor, 93 a) é inadequado o nome Hipotenusa, dado à cole-
em grande angular, a imagem da preciosa e velha 94 ga Maria Clara, porque ele próprio não conse-
biblioteca da escola. Sim, tinha bibliotecária: uma 95 gue levantar nenhuma hipótese sugestiva dessa
senhora idosa e prestativa, sempre perfumada, rigo- nomeação.
344 - www.PROJETOREDACAO.com.br
b) é injusto o apelido Cateto, porque para alguns foram pesados em uma balança de precisão, co-
não seria razoável falar de “nariz comprido” no locados em cima da placa de vidro, 10 gramas de
caso do Zé Roberto, por essa se tratar de uma cada, tudo misturado com uma espátula. A água
avaliação subjetiva. de um conta-gotas pingou em cima. Foram 2 go-
tas.
c) é efetivamente pouco elegante se apropriar de
palavras novas para apelidar colegas. c) Primeiro peguei 10 gramas das substâncias em
pó, que estavam em frascos, uma amarela (A)
d) é razoável que, às vezes, certas formas de no- outra branca (B) e coloquei ambas em uma placa
meação sejam difamatórias, principalmente no de vidro, onde misturei com uma espátula, com 2
caso de apelidos, quando se dá uma designação gotas de água em cima. Saiu uma fumaça branca
estranha ou pouco comum a alguém que já tem e ficou alaranjada. Conclusão: a mistura das subs-
nome próprio. tâncias esquentaram.
e) é possível o entendimento de que a relação d) Sobre uma placa de vidro foram colocados 10 gra-
vestido/ bandeira seja produto somente da sua mas de cada uma das substâncias A (amarela) e
própria visão, admitindo-se como estranho ou B (branca), em pó, que foram depois misturadas
inexistente qualquer vínculo lógico entre eles. com uma espátula. Com o auxílio de um conta-
-gotas, foram acrescentadas 2 gotas d’água. Ob-
servou-se então o aquecimento da mistura, que,
Questão 13 - (UFPR) além disso, tornou-se alaranjada e desprendeu
uma fumaça branca.
Ao realizar um experimento no laboratório da escola,
um estudante fez as seguintes anotações: e) De um frasco com um pó branco e outro amarelo
foram subtraídas 10 gramas dos mesmos e colo-
cados ambos em uma placa de vidro. A mistura
então desprendeu uma fumaça branca, a tempe-
· 2 frascos com substâncias em pó, uma amarela, ou- ratura da mesma se elevou tornando-se alaran-
tra branca. jada. Isso aconteceu após as substâncias serem
misturadas entre si e com 2 gotas de água respec-
· 10 gramas de cada uma, usando uma balança de pre- tivamente.
cisão.
· Água em cima da mistura, com um conta-gotas: 2 Quando o falante de uma língua depara um conjun-
gotas. to de duas palavras, intuitivamente é levado a sentir
entre elas uma relação sintática, mesmo que estejam
· A mistura ficou alaranjada, esquentou e soltou uma fora de um contexto mais esclarecedor.
fumaça branca.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 345
Pior a emenda do que o soneto., queixar”.
(Flávia de Barros Carone. Morfossintaxe, 1986. Adapta- Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.
do.)
Leia o texto.
a) Exceto pelo fato de que dividirão, com outras de-
zenas de esportes, as atenções de TVs e rádios,
portais de internet, jornais e revistas nos próxi- Na mídia em geral, nos discursos, em mensagens
mos dias numa rara disputa, de onde sairão dois publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, en-
retratos do Brasil. fim, nos diversos contextos em que a comunicação
b) Nas paredes do Instituto Moreira Salles, pode-se se faz presente, deparamo-nos repetidas vezes com
ver diferentes concepções de fotojornalismo: da a palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não tor-
beleza pouco comprometida com a veracidade na seu significado evidente. Ao contrário, o fato de
de Jean Manzon à objetividade das imagens de admitir vários empregos deprecia seu valor concei-
guerra de Luciano Carneiro. tual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender
certa ordem de eventos. Assim, pode-se dizer que,
c) Num mundo cada vez mais dominado pela re- contemporaneamente, a palavra cidadania atende
produção eletrônica e imagética dos aconteci- bastante bem a um dos usos possíveis da linguagem,
mentos, há uma interessante oportunidade de a comunicação, mas caminha em sentido inverso
resgatar o momento em que a imagem começou quando se trata da cognição, do uso cognitivo da lin-
a questionar o poder da palavra. guagem. Por que, então, a palavra cidadania é cons-
tantemente evocada, se o seu significado é tão pouco
d) A revista O Cruzeiro seguia a cartilha da revista esclarecido?
norteamericana Life, que preconizava “um novo
jornalismo, no qual as imagens formam o texto Maria Alice Rezende de Carvalho, Cidadania e direitos.
e as palavras ilustram as imagens”.
346 - www.PROJETOREDACAO.com.br
geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios dos detentores da opinião nacional. Que ela tenha a
de fórmulas, de receitas, só capazes de colher 4 fatos sorte que merecer, mas que possa também, 35 ama-
detalhados e impotentes para generalizar, curvados nhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais
aos fortes e às ideias vencedoras, e 5 antigas, adstri- hábil que a refaça e que diga o que não 36 pude nem
tos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por soube dizer.
conceitos obsoletos e um pueril 6 e errôneo critério
de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para
37
(...) Imagino como um escritor hábil não saberia
que ele possa ser lido, pois 7 quero falar das minhas dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri 38 e pensei
dores e dos meus sofrimentos ao espírito geral e no não o sei narrar. Já por duas vezes, tentei escrever;
seu interesse, com 8 a linguagem acessível a ele. É mas, relendo a página, achei-a 39 incolor, comum, e,
esse o meu propósito, o meu único propósito. Não sobretudo, pouco expressiva do que eu de fato tinha
nego que para 9 isso tenha procurado modelos e nor- sentido.
mas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao al-
cance 10 das mãos, tenho os autores que mais amo. LIMA BARRETO Recordações do escrivão Isaías Caminha.
(...) Confesso que os leio, que os estudo, que procu- São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras,
ro11 descobrir nos grandes romancistas o segredo de 2010.
fazer. Mas não é a ambição literária que me 12 move
ao procurar esse dom misterioso para animar e fazer
viver estas pálidas Recordações. 13 Com elas, queria Questão 17 - (UERJ)
modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-
-los a pensar de outro modo, 14 a não se encherem só capazes de colher fatos detalhados e impotentes
de hostilidade e má vontade quando encontrarem na para generalizar, (Refs. 3-4)
vida um rapaz como 15 eu e com os desejos que tinha
há dez anos passados. Tento mostrar que são legíti-
mos e, se não 16 merecedores de apoio, pelo menos
Esse trecho se refere à utilização do seguinte método
dignos de indiferença.
de argumentação:
17
Entretanto, quantas dores, quantas angústias!
Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de 18
qualquer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis a) indutivo
idiotas e um médico mezinheiro, repletos 19 de or-
gulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. b) dedutivo
(...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse 20 falar neste
livro - que espanto! que sarcasmo! que crítica desa- c) dialético
nimadora não fariam. Depois que 21 se foi o doutor
Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido d) silogístico
de sua carta apergaminhada, 22 nada digo das minhas
leituras, não falo das minhas lucubrações intelectuais
a ninguém, e minha 23 mulher, quando me demoro TEXTO: 14 - Comum à questão: 18
escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto:
Ciência e Hollywood
- Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para
24
amanhã!
25
De forma que não tenho por onde aferir se as 1
Infelizmente, é verdade: explosões não fazem
minhas Recordações preenchem o fim a que as 26 barulho algum no espaço. Não me lembro de um 2 só
destino; se a minha inabilidade literária está preju- filme que tenha retratado isso direito. Pode ser que
dicando completamente o seu pensamento. 27 Que existam alguns, mas se existirem não 3 fizeram muito
tortura! E não é só isso: envergonho-me por esta ou sucesso. Sempre vemos explosões gigantescas, es-
aquela passagem em que me acho, em 28 que me dis- trondos fantásticos. Para existir 4 ruído é necessário
po em frente de desconhecidos, como uma mulher um meio material que transporte as perturbações
pública... Sofro assim de tantos 29 modos, por causa que chamamos de ondas 5 sonoras. Na ausência de
desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações
vezes acordo, vem dela, 30 unicamente dela. Quero não têm onde se 6 propagar. Para um produtor de ci-
abandoná-la; mas não posso absolutamente. De ma- nema, a questão não passa pela ciência. Pelo menos
nhã, ao almoço, na 31 coletoria, na botica, jantando, não como 7 prioridade. Seu interesse é tornar o filme
banhando-me, só penso nela. À noite, quando todos emocionante, e explosões têm justamente este pa-
em casa se 32 vão recolhendo, insensivelmente apro- pel; 8 roubar o som de uma grande espaçonave ex-
ximo-me da mesa e escrevo furiosamente. Estou no plodindo torna a cena bem sem graça.
sexto 33 capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la
pública, anunciar e arranjar um bom recebimento 34 9
Recentemente, o debate sobre as liberdades
www.PROJETOREDACAO.com.br - 347
científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O 10 tos contrários ao ponto de vista defendido, para, em
sucesso do filme O dia depois de amanhã (The day seguida, negá-los ou reduzir sua importância.
after tomorrow), faturando mais de meio bilhão 11 de
dólares, e seu cenário de uma idade do gelo ocorren-
do em uma semana, em vez de décadas 12 ou, melhor
ainda, centenas de anos, levantaram as sobrancelhas O fragmento do texto que exemplifica essa estratégia
de cientistas mais rígidos que 13 veem as distorções é:
com desdém e esbugalharam os olhos dos especta-
dores (a maioria) que 14 pouco ligam se a ciência está
certa ou errada. Afinal, cinema é diversão. a) Infelizmente, é verdade: explosões não fazem
barulho algum no espaço. (Ref. 1)
15
Até recentemente, defendia a posição mais rí-
gida, que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis b) Pode ser que existam alguns, mas se existirem
à 16 ciência que retratam. Claro, isso sempre é bom. não fizeram muito sucesso. (Refs. 2-3)
Mas não acredito mais que seja absolutamente 17 ne-
cessário. Existe uma diferença crucial entre um filme c) Para um produtor de cinema, a questão não pas-
comercial e um documentário científico. 18 Óbvio, sa pela ciência. (Refs. 6)
documentários devem retratar fielmente a ciência,
educando e divertindo a população, 19 mas filmes não d) Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da
têm necessariamente um compromisso pedagógico. letra. (Refs. 28-29)
As pessoas não vão ao 20 cinema para serem educa-
das, ao menos como via de regra.
TEXTO: 15 - Comum à questão: 19
21
Claro, filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis
à ciência têm enorme valor cultural. Outros 22 edu- A língua e o poeta
cam as emoções através da ficção. Mas, se existirem
exageros, eles não deverão ser 23 criticados como tal.
Fantasmas não existem, mas filmes de terror sim.
Pode-se argumentar que, 24 no caso de filmes que
versam sobre temas científicos, as pessoas vão ao ci-
nema esperando uma 25 ciência crível. Isso pode ser
verdade, mas elas não deveriam basear suas conclu-
sões no que diz 26 o filme. No mínimo, o cinema pode
servir como mecanismo de alerta para questões cien-
tíficas 27 importantes: o aquecimento global, a inteli-
gência artificial, a engenharia genética, as guerras 28
nucleares, os riscos espaciais como cometas ou aste-
roides etc. Mas o conteúdo não deve ser 29 levado ao Hoje eu peço vênia¹ para discrepar2 do grande
pé da letra. A arte distorce para persuadir. E o cinema Ferreira Gullar, que, no domingo, escreveu um artigo
moderno, com efeitos especiais 30 absolutamente es- defendendo o “modo correto” de usar a língua por-
petaculares, distorce com enorme facilidade e poder tuguesa.
de persuasão.
Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor
O que os cientistas podem fazer, e isso está vi-
31
comecemos a dizer “nós vai” ou “debateu sobre as
rando moda nas universidades norte-americanas, 32 alternativas”, mas não dá para comparar violações
é usar filmes nas salas de aula para educar seus alu- à norma culta com um erro conceitual como afirmar
nos sobre o que é cientificamente correto 33 e o que que tuberculose não é doença, para ficar nos exem-
é absurdo. Ou seja, usar o cinema como ferramenta plos de Gullar. Fazê-lo é passar com um “bulldozer”³
pedagógica. Os alunos certamente 34 prestarão muita sobre o último meio século de pesquisas, em especial
atenção, muito mais do que em uma aula conven- os trabalhos de Noam Chomsky, que conseguiram
cional. Com isso, será possível 35 educar a população elevar a linguística de uma disciplina entrincheirada
para que, no futuro, um número cada vez maior de nos departamentos de humanidades a uma ciência
pessoas possa discernir 36 o real do imaginário. capaz de fazer previsões e articular-se com outras,
como psicologia, biologia, computação.
MARCELO GLEISER Adaptado de www1.folha.uol.com.br.
Chomsky mostra que a capacidade para a lingua-
gem é inata. É só lançar uma criança no meio de uma
Questão 18 - (UERJ) comunidade que ela absorve o idioma local. O fenô-
meno das línguas crioulas revela que grupos expostos
Na construção argumentativa, uma estratégia co- a «pidgins» (jargões comerciais que misturam vários
mum é aquela em que se reconhecem dados ou fa- idiomas, geralmente falados em portos) desenvol-
348 - www.PROJETOREDACAO.com.br
vem, no espaço de uma geração, uma gramática Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o ho-
completa para essa nova linguagem. Mais do que de mem. Vais entendendo?
— Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó...
facilidade para o aprendizado, estamos falando aqui — Não há morte. O encontro de ditas expansões, ou a expansão
de uma gramática universal que vem como item de de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas,
fábrica em cada ser humano. Foi a resposta que a rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma
evolução deu ao problema da comunicação entre ca- é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atin-
çadores-coletores. ge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e
benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
Nesse contexto, o único critério para decidir entre famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tri-
bos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à
o linguisticamente certo e o errado é a compreen-
outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas
são da mensagem transmitida. Uma frase ambígua tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nu-
é mais “errada” do que uma que fira as caprichosas trir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é
regras de colocação pronominal. a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina
a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos,
Na verdade, as prescrições estilísticas que deco- aclamações, recompensas públicas e todos demais efeitos das
ramos na escola e que nos habituamos a chamar de ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não
chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemo-
gramática são o que há de menos essencial e mais
ra e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional
aborrecido no fenômeno da linguagem. Estão para de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a
a linguística assim como a pesquisa da etiqueta está destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
para o estudo da história. (ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 648-649.)
(HÉLIO SCHWARTSMAN, Folha de S.Paulo, 27 de março
de 2012)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 349
amigos que cobrem sua presença e te estimulem a
participar de treinos e competições.
Afirma-se corretamente:
Relacione as teorias dos pensadores citados ao excer- b) “Manual” supõe diálogo entre uma pessoa ex-
to de Machado de Assis. Por defender posição simi- periente em determinada prática e um jovem
lar, infere-se que, no jogo, o “filósofo” Quincas Borba iniciante, situação didática que, em modalidade
NÃO poderia ser adversário de oral, ou até em escrita formal, aceita como cor-
reta a variação do emprego de você e te notada
no trecho.
a) Aristóteles, pois ao definir a paz como “destruição” e a guerra c) Expressões enérgicas como faça, prefira, você
como “conservação”, Quincas Borba recupera a ideia de que
“o homem é livre só dentro de regras”.
precisa, É necessário são típicas de textos de
b) Jean Paul-Sartre, pois, assim como o filósofo existencialista, autoajuda, inconvenientes, porém, aos padrões
o mentor do Humanitismo mostra que a necessidade de ali- de um manual, em que deve prevalecer o tom
mentação determina a obediência ou a violação às regras. amistoso característico das formas de aconse-
c) Hobbes, pois a tese do Humanitismo reafirma a ideologia do lhamento.
autor de “Leviatã”, entendendo que o estado natural é o con-
flito. d) No contexto desse manual, especialmente ob-
d) Rousseau, pois defende os mesmos princípios do filósofo ilu-
servado o trecho prefira assessorias esportivas
minista, mostrando que, embora pareça ser uma solução, a
guerra traz grandes prejuízos à humanidade. próximas, desaprova-se o fato de alguém ser ex-
e) nenhum dos pensadores citados, pois Quincas tremamente social e precisa[r] de estímulo para
Borba, ao contrário deles, prevê um destino pro- treinar.
missor para a humanidade.
e) O segmento precisa de estímulo para treinar ex-
pressa uma dedução que se obtém a partir da
hipótese se você é um ser extremamente social,
TEXTO: 17 - Comum à questão: 21 esta motivada pela específica situação do inter-
locutor: aluno distante.
Manual do aluno distante
Texto I
350 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Brinca o luar — dourada borboleta; Questão 22 - (Mackenzie SP)
E as vagas após ele correm... cansam O crítico Alfredo Bosi, ao referir-se ao poeta Castro
Alves, afirma: “A palavra do poeta baiano seria, no
Como turba de infantes inquieta. contexto em que se inseriu, uma palavra aberta.” To-
das as alternativas abaixo justificam a expressão usa-
da pelo crítico, EXCETO:
‘Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro... a) diferentemente dos poetas da segunda geração
O mar em troca acende as ardentias, romântica, voltados para o culto do eu, Castro
Alves tematizou questões sociais.
— Constelações do líquido tesouro...
b) o poeta produziu poesia altissonante, com forte
[...] apelo ao enunciatário, dando destaque à função
conativa da linguagem.
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
c) usou imagens da natureza que expressam o sen-
Que música suave ao longe soa! tido de amplidão, vastos horizontes, adequadas
à temática desenvolvida pelo poeta.
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
d) o tom grandiloquente de seus versos apoia-se
Pelas vagas sem fim boiando à toa! em linguagem mais coloquial, com vocabulário
de uso corriqueiro, sintaxe simples, em busca de
Castro Alves, “O navio negreiro”
uma comunicação fácil e imediata com os leito-
res.
5 Ouvem-se gritos... o chicote estala. A bagaceira, obra de José Américo de Almeida, publi-
cada em 1928, é a precursora do moderno romance
E voam mais e mais... brasileiro do Nordeste.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 351
TEXTO 91
— Milonga, olha aqui!
46
A mata fronteira, o padrão majestoso, 47 estava ace- 92
E, enquanto a retirante segurava o copo 93 com os
sa numa cor de incêndio. dedos mirrados, interpelou, indicando 94 um rapaz
que a acompanhava:
48
Havia uma semana, surdira um toque 49 estranho
na monotonia da verdura. Dir-se-ia 50 um ramo ama- 95
— São irmãos?
relido à torreira da estação.
96
Senhor não; mas, é como se fosse — 97 respondeu o
mais velho que procurava 98 esconder a cara na barba
intonsa.
51
Dominava ainda a esmeralda tropical. Mas, 52 com
pouco, emergira o mesmo matiz em 53 outro trecho 99
Seguiram caminho.
vizinho, como um efeito de luz, 54 um beijo fulguran-
te do sol em árvore favorita. 55 E, logo, o pau d’arco
100
— Manuel Broca! Ma-nuel!
assoberbou a flora, como 56 um banho de ouro na fo-
lhagem.
101
Chegou o feitor. E Dagoberto, apontando o
81
E esbravejou:
82
— O que já disse está dito!! Está correto o que se afirma em
83
Nisto, desmontou-se uma rapariga e, com 84 a vozi-
ta soprara: a) I e III somente.
— Se o senhor pudesse mandar
85 86
alcançar-me um b) I, II e III.
pouco d’água...
c) II e III somente.
87
Ele examinou-a através das pestanas 88 cerdosas e
ficou com a fisionomia suspensa, 89 como quem re- d) I e II somente.
constitui uma visão ou evoca 90 um fato.
352 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 20 - Comum à questão: 24 Figura ES.2 Principais áreas de atuação do Brasil em
arranjos de cooperação com a África, 2009.
BRASIL E ÁFRICA SUBSAARIANA: PARCERIA SUL-SUL
PARA O CRESCIMENTO
1
Atualmente, Brasil e África vêm restabelecendo
ligações que poderão ter efeitos importantes sobre
2
a prosperidade e o desenvolvimento de ambos. Na
última década, a África tornou-se 3 um continente
de 3 oportunidades, com tendências econômicas po-
sitivas e uma melhor governança.
4
O crescimento de alguns países africanos, sua
resistência às crises globais recentes e a 5 implemen-
tação de reformas de políticas que fortaleceram os
mercados e a governança democrática vêm 6 expan-
dindo o comércio e o investimento na região. Apesar
dessa tendência positiva, muitos países 7 africanos
ainda enfrentam enormes gargalos de infraestrutura,
são vulneráveis à mudança do clima e 8 apresentam
capacidade institucional deficiente. Consequente- 27
No que se refere à diplomacia, o Brasil mantém
mente, a ajuda para o desenvolvimento 9 continua
atualmente 37 embaixadas na África, comparado a
sendo uma das principais fontes de apoio ao desen- 28
17 em 2002, um incremento correspondido pelo
volvimento em vários países do continente, de 10
aumento do número de embaixadas africanas no
modo que a transferência e a troca de conhecimento
Brasil: 29 desde 2003, 17 embaixadas foram abertas
ainda são necessidades prementes.
em Brasília, somando-se às 16 já existentes, o que re-
11
A partir do final século XX, a África se tornou um
presenta a 30 maior concentração de embaixadas no
dos principais temas da agenda externa do Brasil, 12
Hemisfério Sul.
que tem demonstrado um interesse cada vez maior
em apoiar e participar do desenvolvimento de um 13 31
Os países da África Subsaariana solicitam coo-
continente que se encontra em rápida transforma-
peração com o Brasil em cinco áreas principais: 32
ção. A intensificação do engajamento do Brasil com a
agricultura tropical; medicina tropical; ensino técnico
14
África não somente demonstra a ambição geopolí-
(em apoio ao setor industrial); energia; e proteção 33
tica e o interesse econômico do Brasil: os fortes laços
social (figura ES.2). (Áreas de interesse relativamen-
15
históricos e a afinidade com a África diferenciam o
te menor incluem ensino superior, esportes e ação 34
Brasil dos demais membros originais do BRICs [grupo
afirmativa.).
16
formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia e Chi- 35
No que se refere à agricultura, a Empresa de
na e que incluiu depois a África do Sul].
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em parceria com
17
O crescimento econômico do Brasil, sua atua- 36
várias outras instituições brasileiras de pesquisa,
ção crescente no cenário mundial, o sucesso 18 al-
atua com parceiros locais na implementação de
cançado com a redução da desigualdade social e a
projetos 37 modelo em agricultura com o objetivo de
experiência de desenvolvimento oferecem lições 19
reproduzir o sucesso alcançado no cerrado brasileiro
importantes para os países africanos que, dessa for-
– semelhante 38 a alguns solos africanos − e aprimorar
ma, buscam cada vez mais a cooperação, assistên-
o desenvolvimento agrícola e o agronegócio na Áfri-
cia 20 técnica e investimentos do Brasil. Ao mesmo
ca.
tempo, multinacionais brasileiras, organizações não 39
Investimentos do setor privado brasileiro na
21
governamentais e diversos grupos sociais passa-
África tiveram início nos anos 1980 e chegaram a
ram a incluir a África em seus planos. Em outras pa-
tal 40 ponto que atualmente as empresas brasileiras
lavras, a 22 nova África coincide com o Brasil global.
atuam em quase todas as regiões do continente, com
23
Complementando as fortes ligações históricas e 41
atividades concentradas nas áreas de infraestrutu-
culturais, a tecnologia brasileira parece ser de fácil
ra, energia e mineração. A presença do Brasil chama
24
adaptabilidade a muitos países africanos em razão
a 42 atenção devido à forma como as empresas bra-
das semelhanças geofísicas de solo e de clima. O 25
sileiras realizam seus negócios; elas tendem a con-
sucesso recente do Brasil no plano social e econô-
tratar mão 43 de obra local para seus projetos, favo-
mico atraiu a atenção de muitos países de língua 26
recendo o desenvolvimento de capacidades locais,
portuguesa com os quais o país possui ligações his-
o que acaba por 44 elevar a qualidade dos serviços
tóricas.
e produtos. Dado o ambiente de negócios favorável
aos investimentos 45 brasileiros na África, a Agência
www.PROJETOREDACAO.com.br - 353
Brasileira de Exportação vem fomentando a presen- TEXTO: 21 - Comum à questão: 25
ça de pequenas e 46 médias empresas no continente,
por meio de feiras de negócios, por exemplo. As Sotaques no papel
tendências analisadas em 47 estudos internacionais
Feitos sem pretensão científica, “dicionários” infor-
indicam que o Brasil e a África desenvolvem, em con- mais
junto, um modelo de relações 48 Sul-Sul que pode aju- exploram as falas típicas de estados brasileiros
dar a reunir os dois lados do Atlântico.
49
Embora as relações entre o Brasil e a África te-
nham se intensificado muito na última década, ainda
50
existem desafios consideráveis. Em particular, exis-
1
Em suas viagens para casa, de Brasília ao Piauí, o
te um desconhecimento nos dois lados do Atlântico. jornalista Paulo José Cunha, de 57 2 anos, gosta de
A 51 maioria dos brasileiros possui conhecimento li- puxar uma cadeira e ouvir as histórias de dona Yara,
mitado e normalmente desatualizado sobre a África; sua mãe. Desses 3 momentos familiares, o professor
as 52 poucas informações que têm, muitas vezes, se da Universidade Federal de Brasília (UnB) coletou
grande 4 parte dos verbetes e expressões tipicamente
limitam a Angola, Moçambique e, às vezes, à África
piauienses que deram origem à Grande 5 Enciclopé-
do Sul. 53 A burocracia de ambos os lados atrasa o
dia Internacional de Piauiês
comércio marítimo que chega a levar 80 dias, em vez
de 10. O 54 Banco Mundial poderia contribuir para a
superação desses obstáculos, de modo a favorecer
a ampliação do 55 relacionamento entre a África e o 6
O cirurgião vascular paraibano Antonio Soares da
Brasil e trazer benefícios adicionais para todos. Fonseca Jr., de 61 anos, autor do 7 Dicionário do
BANCO MUNDIAL/IPEA. Ponte sobre o Atlântico. Brasil e Português Nordestino, conta que primeiro escolhia
África Subsaariana: parceria Sul-Sul para o aleatoriamente algum 8 destino entre Rio Grande do
crescimento. Norte e Sergipe. Depois de pegar um avião de São
Brasília: [s.n.], 2011. p. 1-8. (Adaptado). Paulo, 9 sentava na primeira mesa de boteco da re-
gião e chamava o primeiro que passava para 10 divi-
dir uma cerveja. Aí era ligar o gravador e registrar o
Questão 24 - (UEG GO) papo carregado de expressões, 11 como o substantivo
“lapada” (pancada), o verbo “cascavilhar” (procurar
São ideias presentes no texto: minuciosamente), a 12 profissão “capagato” (técnico
agrícola) e a aprendiz de interjeição “pronto” (“quan-
do olhei, 13 pronto!, tudo havia acabado”).
a) a presença de empresas privadas brasileiras no
continente africano tem sido positiva apenas do
ponto de vista econômico, pois a mão de obra 14
É nesse ambiente informal de pesquisa empírica
utilizada é estrangeira, o que não favorece o de- que a maioria dos dicionários 15 regionais é concebi-
senvolvimento local nem a melhoria de qualida- da. Sem o peso da responsabilidade de seguir as me-
de de produtos e serviços. todologias exigidas 16 pela academia, esses trabalhos
são marcados pela despretensão e pelo bom humor.
b) apesar do crescimento das parcerias em diver-
sos setores – agricultura, saúde, educação etc. 17
[...]
−, as relações diplomáticas entre Brasil e África
têm diminuído nos últimos dez anos, o que se 18
De tão encantado com o falar do catarinense, o
reflete na diminuição do número de embaixadas comerciante, taxista e escritor Isaque 19 de Borba
africanas no Brasil. Corrêa, de 47 anos, é um autodidata em linguística.
Nada parecido com o Isaque 20 que em 1981 lançou o
c) devido ao desenvolvimento que a África vem Dicionário do Papa-Siri, com expressões típicas da re-
tendo na última década, o que é tendência po- gião de 21 Camboriú e do Vale do Itajaí. Ele conta que
sitiva, o continente não mais necessita de ajuda tinha vergonha de dizer que estava montando 22 um
para seu desenvolvimento e tem se tornado um livro naqueles moldes. Hoje, termos como “dialetolo-
parceiro igualitário do Brasil, principalmente no gia” (estudo dos traços linguísticos 23 dos dialetos) e
que diz respeito às parcerias econômicas. “idiotismos” (traços que mais caracterizam uma lín-
gua em relação a outras 24 que lhe são cognatas) são
d) um dos setores que mais apresentam acordos rotina na vida do autor que, em 2000, lançou uma
de cooperação entre Brasil e África atualmente obra “mais 25 evoluída”, segundo sua avaliação: o Di-
é o da agricultura, o que se explica por certa se- cionário Catarinense
melhança entre os solos africanos e os brasilei-
ros, especialmente o cerrado. 26
[...]
27
O trabalho desenvolvido pelos apaixonados por re-
354 - www.PROJETOREDACAO.com.br
gionalismos é visto com ressalvas 28 pelos lexicógrafos substantivo e porque não existe uma classe dos
profissionais. Mesmo o termo “dicionário” para iden- “aprendizes de interjeição”.
tificar as obras é 29 contestado, por exemplo, pelo le-
xicógrafo Francisco da Silva Borba, organizador do 30 04. O título Grande Enciclopédia Internacional de
Dicionário Unesp do Português Contemporâneo, que Piauiês (Refs. 4-5), dado ao dicionário elaborado
reúne cerca de 60 mil verbetes. por Paulo José Cunha, revela ao leitor a grande
abrangência e seriedade do trabalho dos lexicó-
31
– Esses trabalhos são, na verdade, vocabulários. grafos amadores.
É o recolhimento de palavras de 32 determinada re-
gião – explica. 08. O emprego dos termos informais “boteco” (Ref.
9) e “papo” (Ref. 10), que destoa um pouco do
33
[...] restante do texto, marcado pelo uso da varie-
dade culta escrita, pode ser explicado em parte
como reflexo do próprio assunto tratado, a in-
formalidade com que Antonio Soares da Fonse-
34
– Eles podem, assim, induzir a erro e oficializar ver- ca Jr. colhe dados para seu dicionário.
sões equivocadas – analisa o 35 lexicógrafo Francisco
Filipak, autor do Dicionário Sociolinguístico do Para- 16. O adjetivo “diletantes” (Ref. 43) funciona no tex-
ná [...]. to como sinônimo de “profissionais” (Ref. 28),
uma vez que o texto aproxima o trabalho dos
autores diletantes, “apaixonados por regionalis-
36
Diferentemente dos demais vocabulários regio- mos”, ao dos lexicógrafos profissionais.
nais, o de Filipak é concebido como um 37 dicionário, 32. As expressões “de fato” (Ref. 37), “à risca” (Ref.
de fato. Após 30 anos de pesquisa, catalogação e se- 38), “grandes dicionários do país” (Ref. 39) e “ri-
leção, ele reuniu os 6 mil 38 verbetes que compõem o gor metodológico” (Ref. 41), assim como a infor-
estudo de 400 páginas. Seguindo à risca a metodolo- mação de que o dicionário de Filipak consumiu
gia dos 39 grandes dicionários do país, Filipak incluiu “30 anos de pesquisa, catalogação e seleção”
todas as designações de cada verbete, citando 40 (linha 37), servem ao mesmo fim argumentati-
suas variações vocabulares típicas só daquela região. vo, que é dar ao leitor uma impressão de solidez
Hoje, com 83 anos, diz desconhecer 41 outro dicioná- científica dessa obra.
rio regional que tenha se guiado pelo mesmo rigor
metodológico.
42
[...] TEXTO: 22 - Comum à questão: 26
43
Mesmo sendo de autores diletantes, os dicionários Leia o seguinte texto, presente na obra Eles eram
regionais são valorizados pelos 44 pesquisadores que muitos cavalos, de Luiz Ruffato.
formulam obras consagradas. Todos constam das
prateleiras das 45 equipes que atualizam os maiores
dicionários da língua.
13. Natureza-morta
BONINO, Rachel. Sotaques no papel. Língua Portuguesa,
ano II, n. 27, p. 18-21. [Adaptado]
A tia girou a chave, empurrou a porta, Ê!, algo a em-
perrava, estranhou. O corpo no ombro direito, a custo
Questão 25 - (UFSC) cedeu, pororoca estraçalhando, arrastando, O quê?
Em algazarra, as crianças, às suas costas, espiavam-
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) com rela- -na, assustadiças, curiosas. Pela fresta, antecipou-se
ção aos fatos de linguagem do texto. a manhã frágil iluminando o quadro de avisos – fel-
tro verde colado sobre uma placa de cortiça – agora
ponte em diagonal ligando o rodapé à maçaneta, ga-
01. O uso das aspas em “dicionários” (subtítulo), ratujas e desenhos ainda assentados com tachinhas.
“dialetologia” (Ref. 22) e “idiotismos” (Ref. 23)
serve para indicar ironia, discordância da auto-
ra em relação ao valor que outros atribuem aos No corredor, onde desaguavam as três salas-de-aula,
termos. gizes esmigalhados, rastros de cola colorida, massi-
nhas-de-modelar esmagadas, folhas de papel sulfite
02. A classificação elaborada por Antonio Soares da estragadas, uma lousa no chão vomitada, trabalhi-
Fonseca Jr. (Refs. 11 e 12), além de informal, é nhos rasgados, pincéis embebidos de fezes que ris-
equivocada, porque o termo “lapada” seria mais caram abstrações nas paredes brancas, pichações
bem enquadrado como verbo do que como
www.PROJETOREDACAO.com.br - 355
ininteligíveis, uma garrafa de coca-cola cheia de mijo, televisão? Televisão...televisão é pra poucos, pra
um cachimbo improvisado de crack – a capa de uma uns. (“Fran”)
caneta bic espetada lateralmente num frasco de
Yakult. Ao fundo, a fechadura arrombada, cacos do d) Desci do norte de pau-de-arara. Se o senhor
vidro do basculante, do barro do filtro d’água, marcas soubesse o que era aquilo... Um caminhão ve-
de chutes nas laterais do fogão, panelas e talheres lho, lonado, umas tábuas atravessadas na carro-
amassados. Em correria, gritos atravessam as telhas ceria servindo de assento, a matula no bornal,
francesas, olhos mendigam explicações. rapadura, farinha dias e dias de viagem, meu
deus do céu! Mas posso reclamar não. São Pau-
lo, uma mãe pra mim. Logo que cheguei arrumei
serviço, fui trabalhar de faxineiro numa autope-
Puxada, empurrada, vozes choramingas, “A hortinha, ças em Santo André. (“Táxi”)
a hortinha...”, conduziram a tia ao quintal: à sua fren-
te, fuçadas as leiras, legumes e verduras repisados,
arrancados, enterrados, brotos de cenoura, beterra-
bas, alfaces, couves, tomates, tanto carinho desper- Questão 27 - (UNIFOR CE)
diçado, nunca mais vingariam, as crianças caminhan-
do, com cuidado, por entre os pequenos cadáveres “ No princípio eram as trevas
verdes, olhos baços, e ela, até onde a vista alcança, e o silêncio absoluto.
observa as escandalosas casas de tijolos à mostra, es-
queletos de colunas, lajes por acabar, pipas singran- E veio o primeiro verso:
do o céu cinza, fedor de esgoto, um comichão na pál-
pebra superior esquerda e a solidão e o desespero. Fiat lux!”.
Carlos Vasconcelos
Questão 26 - (UEMG)
A cena descrita na passagem compõe um quadro de De acordo com a intertextualidade presente nesse
miséria e solidão, recorrente nas narrativas de Eles poema, o título mais apropriado para lhe dar seria:
eram muitos cavalos. Esse mesmo quadro pode ser
identificado no trecho:
a) Apocalipse.
c) (...) outros tempos esteve ligada à rede Globo, Se a felicidade não me acompanhar?
papéis secundários em novelas, pontas em es-
peciais, aparições rápidas em programas domi- Adeus, paulistinha do meu coração,
nicais, vilã, ingênua. Chegou a, na rua, ser apon-
Lá pro meu sertão eu quero voltar;
tada, cutucada, mexida, apalpada, você não é da
356 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Ver a madrugada, quando a passarada, O inhambu piando no escurecer,
Cortando o estradão, saio a galopar; Eu preciso ir, pra ver tudo ali,
Sabiá cantando no jequitibá. (Goiá em duas vozes – o compositor interpreta suas mú-
sicas.
Discos Chororó. CD nº 10548, s/d.)
Por Nossa Senhora, meu sertão querido,
Que saudade imensa, do campo e do mato, Antes, minha mãe, com muito afago, fatiava o to-
mate em cruz, adivinhando os gomos que os olhos
Do manso regato que corta as campinas. não desvendavam, mas a imaginação alcançava. Isso,
depois de banhá-los em água pura e enxugá-los em
Ia aos domingos passear de canoa pano de prato alvejado, puxando seu brilho para o
lado do sol. Cortados em cruzes eles se transfigura-
Na linda lagoa de águas cristalinas; vam em pequenas embarcações ancoradas na baía
da travessa. E barqueiros eram as sementes, vestidas
Que doces lembranças daquelas festanças,
em resina de limo e brilho. Pousado sobre a língua,
Onde tinha danças e lindas meninas! o pequeno barco suscitava um gosto de palavra por
dizer-se. Há, sim, outras palavras mais doces que o
Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, açúcar.
O mundo judia, mas também ensina. QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Vermelho amargo.
São Paulo: Cosac Naify, 2011. p. 14-
Estou contrariado, mas não derrotado,
358 - www.PROJETOREDACAO.com.br
sim: quem tem força tem a última palavra...” ALVES, Rubem. Linguagem politicamente correta. Folha
de S. Paulo,
São Paulo, 16 mar. 2012. Cotidiano, p.C2. Disponível
em:
O que aprendi com aquela mulher naquele jantar é <http://escreverdireitooab.blogspot.com/2010/08/
que as palavras não são inocentes. Elas são armas linguagempoliticamente-
que os poderosos usam para ferir e dominar os fra- correta.html>. Acesso em: 10 mai. 2012.
cos.
[...]
1. Em seu texto, Rubem Alves apresenta uma tese
que se origina de um fato. IDENTIFIQUE essa
A regra fundamental da linguagem politicamente tese e ESPECIFIQUE as críticas por ele feitas nes-
correta é a seguinte: nunca use uma palavra que se texto.
humilhe, discrimine ou zombe de alguém. Encontre
uma forma alternativa de dizer a mesma coisa.
Leia o texto 2.
Não se deve dizer “Ele é aleijado”, “Ele é cego”, “Ele
é deficiente”, etc. O ponto crucial é o verbo “ser”. O TEXTO 2
verbo ser torna a deficiência de uma pessoa parte da
sua própria essência. [...] A linguagem politicamente
correta, ao contrário, separa a pessoa da sua defi-
ciência.
TEXTO 3
A linguagem politicamente correta pode se transfor-
mar em ridículo. Chamar velhice de “melhor idade”
só pode ser gozação. É claro que a “melhor idade” é
a juventude.
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Para Carr, internet atua no comércio da distração
Carlos Drummond de Andrade: Poesia e Prosa.
Editora Nova Aguilar:1988. p. 506-507. Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência
da tecnologia na mente
Questão 32 - (UFMG)
O jornalista americano Nicholas Carr acredita que
Leia os textos. a internet não estimula a inteligência de ninguém.
O autor explica descobertas científicas sobre o fun-
cionamento do cérebro humano e teoriza sobre a in-
fluência da internet em nossa forma de pensar.
Texto 1
360 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Para ele, a rede torna o raciocínio de quem nave- comprimem o tempo e quase eliminam a distância,
ga mais raso, além de fragmentar a atenção de seus a crescente financeirização da riqueza e outras ca-
usuários. racterísticas atuais da expansão capitalista, nos mar-
cos da denominada “produção flexível”, viabilizam a
constituição de um espaço mundial de acumulação
(SANTOS, 1999; VELTZ, 1996; ALONSO, 2000; 15MAT-
Mais: Carr afirma que há empresas obtendo lucro TOS, 2004). Constituiu-se um território em rede, radi-
com a recente fragilidade de nossa atenção. “Quanto calmente distinto do anterior, onde cidades, polos e
mais tempo passamos on-line e quanto mais rápido regiões transformaram-se em pontos e nós dos fluxos
passamos de uma informação para a outra, mais di- de uma rede imensa e articulada, que se superpõem
nheiro as empresas de internet fazem”, avalia. às fronteiras entre diversos países, transformando-
-os em espaços nacionais da economia internacional,
em que grandes empresas valorizam seus capitais em
“Essas empresas estão no comércio da distração um número crescente de áreas e atividades, 20produ-
e são experts em nos manter cada vez mais famintos zindo rápidas mudanças na divisão territorial do tra-
por informação fragmentada em partes pequenas. É balho.
claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar
vantagem da nossa compulsão por tecnologia.” Como os fluxos internacionais já não se dirigem
preferencialmente para onde os recursos (e princi-
ROXO, E. Folha de S. Paulo. 18 fev. 2012 (adaptado) palmente o trabalho) são mais baratos, mas para os
países mais ricos e para os grandes polos urbanos,
produz-se um movimento de diferenciação e homo-
geneização que torna o território cada vez mais ho-
A crítica do jornalista norte-americano que justifica o mogêneo 25em grande escala e fracionado em peque-
título do texto é a de que a internet na escala. A hierarquização espacial associada a essa
dinâmica (que integra determinadas áreas e segmen-
tos da população enquanto exclui outros) também é
a) mantém os usuários cada vez menos preocupa- acentuada, na medida em que as articulações entre
dos com a qualidade da informação. os diversos pontos e nós do sistema global tendem a
se tornar mais relevantes para o seu desenvolvimen-
b) torna o raciocínio de quem navega mais raso, to que as antigas relações com suas 30periferias regio-
além de fragmentar a atenção de seus usuários. nais ou nacionais.
c) desestimula a inteligência, de acordo com des- Além disso, com a configuração de uma nova ar-
cobertas científicas sobre o cérebro. quitetura produtiva que supõe dispersão e articula-
ção desses nós em um número crescente de lugares
d) influencia nossa forma de pensar com a superfi- e cujas principais atividades requerem a existência
cialidade dos meios eletrônicos. de um múltiplo conjunto de centralidades para ma-
nejar e materializar o seu desenvolvimento em esca-
e) garante a empresas a obtenção de mais lucro la planetária, a 35globalização vem contribuindo para
com a recente fragilidade de nossa atenção. revitalizar o papel e o crescimento das grandes aglo-
merações metropolitanas. [...]
A escrava já tinha feito da menina inocente, don- intérprete do Afro-Brasil. Salvador: EDUFBA: CEAO, 2007.
zela maliciosa e sabida de mais do que para sua glória p. 126-127.
podia ignorar ainda por alguns anos.
362 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Tomando-os como ponto de referência, é correto vestes coloridas resguardam esperanças
15
afirmar:
aguardam a luta
08. O perfil do escravo construído no fragmento I ALVES, Miriam. Mahin amanhã. In: Quilombhoje (Org.).
adequa-se àquele mostrado no fragmento III. Cadernos
16. O fragmento III, ao discutir a contribuição afri- negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje,
cana para a formação da sociedade brasileira, 1998. p. 104.
dá validade aos pontos de vista enunciados nos
fragmentos I e II.
32. A religião, nos três fragmentos, é valorizada pe- Tendo em vista a temática da obra Cadernos Negros
los benefícios espirituais que produz. — os melhores poemas, pode-se afirmar que, nesse
texto, o sujeito poético
Questão 36 - (UFBA)
01. deixa evidenciada a ideia de que fronteiras étni-
MAHIN AMANHÃ cas e linguísticas dificultam o intercâmbio cultu-
ral entre africanos e afrodescendentes.
5
Revolta 08. retém imagens auditivas e visuais que recom-
põem o passado transfigurado por meio de uma
há revoada de pássaros representação linguística criativa.
nagôs
Questão 37 - (UFBA)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 363
I. Régua e compasso
5
Quem sabe de mim sou eu
1
Alguns anos vivi em Itabira. Aquele abraço!
Aquele abraço!
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
GIL, Gilberto. Aquele abraço. Disponível em: <http://
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres letras.terra.
e sem horizontes.
com.br/gilberto-gil/16138/7>. Acesso em: 23 ago.
2011. Fragmento.
Não, segundo ele, o corpo era feito de tempo. — Pensem em classe e clamor — disse Francisca
Acabado o tempo que nos é devido, termina tam- enquanto colocava o slide com o pronome e o verbo.
bém o corpo. Depois de tudo, sobra o quê? Os ossos.
O não-tempo, nossa mineral essência. Se de alguma — Eu re — disse um camponês.
coisa temos que tratar bem é do esqueleto, nossa tí-
mida e oculta eternidade. — Eu remo! — disse outro.
COUTO, Mia. O último voo do flamingo. São Paulo: Com- — Eu clamo — disse outro.
25
O último voo do flamingo retrata a realidade da Mesmo agora, já habituado a assistir e a ensinar
fictícia Tizangara, onde acontecimentos extraordiná- ele próprio, Nando sentia os olhos cheios d’água,
rios têm lugar. quando diante de um camponês uma coisa ou uma
ação virava palavra. A criança tantas vezes vai fazer
a coisa a comando da palavra. 30Para aqueles campo-
neses tudo já existia menos a palavra.
A partir do pensamento “O mundo não é o que
existe, mas o que acontece” — um dito de Tizangara — De — disse um camponês.
que abre o capítulo inicial do romance de onde foi
extraído o fragmento em análise —, comente o tom — Cla — disseram todos.
de comicidade e o universo mágico que envolvem a
trama desse romance da literatura moçambicana. — Ra — disse um camponês.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 365
JOHN: — Adeus Sputniks e Gagarins. Este é o me-
lhor programa de TV que eu já vi. Custou apenas cen-
to e oitenta milhões de dólares. TEXTO: 26 - Comum à questão: 41
CÉSAR: — É, você. Eu e Fernando vamos pra luta LIMA BARRETO. Recordações do escrivão Isaías Caminha.
armada. A gente quer saber se você também vai. Rio de Janeiro; Belo Horizonte: Livraria Garnier,
1989. p.26-27.
ARTUR: — Vocês tão brincando...
Drama. Roteiro de Leopoldo Serran, baseado em livro Pássaro que mora na neblina
homônimo
destila seu canto de água limpa
de Fernando Gabeira. Produção: Luiz Carlos Barreto Pro-
duções. – longe, sozinho –
O compromisso social do artista tem sido objeto ROQUETTE-PINTO, Claudia. Corola. São Paulo: Ateliê Edi-
de debates na sociedade contemporânea. torial, 2000. p. 67.
366 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 41 - (UFF RJ) A flor e a náusea
a) Comente o efeito criado pela sequência de ver- Uma flor nasceu na rua!
bos em relação ao comportamento da persona- Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do trá-
gem, na seguinte passagem: fego.
“Não sei que de raro, excepcional e delicado, e Suas pétalas não se abrem.
ao mesmo tempo perigoso, ela via em mim, para
me deitar aqueles olhares de amor e espanto, Seu nome não está nos livros.
de piedade e orgulho.” (linhas 8-9)
É feia. Mas é realmente uma flor.
Natal é uma cidade sem flores. Falta dagua. Terra de Pequenos pontos brancos movem-se no mar, gali-
taboleiro muito mais para mangaba que para flor. Bri- nhas em pânico.
za quente do mar. Sopro do rio salgado. Lagôas no
meio da cidade que infiltravam salôbridades. Não ha É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo
flores. Melhor é dizer que já não ha. Lembro-me de e o ódio.
Natal cheia de jardins. Uma quase obrigação de cul-
ANDRADE, Carlos Drummond de. A flor e a náusea. In:
tivar os palmos de terrinha que se estendiam depois
_____. Nova
do portão. Era um encanto andar em certas ruas. As
cercas vestidas de jasmim branco davam vontade de reunião: 23 livros de poesia. v. 1. Rio de Janeiro: Bestbol-
fazer soneto. [...] so, 2009. p. 143-144.
CASCUDO, Luís da Câmara. A taça florida. In: ARRAIS,
Texto 2
www.PROJETOREDACAO.com.br - 367
Texto 3 tanto conservador em seus hábitos, não é pessoa fá-
cil de persuadir.[...]
[...] o caminho de Leão está dentro dele mesmo, em- Questão 44 - (UNIFOR CE)
bora os frutos de sua busca possam ser aclamados
pelo mundo todo. A descoberta mais importante é O QUE FAZ VOCÊ FELIZ?
que “algo” dentro dele é capaz de oferecer imagens
criativas através de seu espírito e de suas mãos. [...]
Em Leão, predomina o fogo, elemento de forma va-
riável que traz luz à escuridão. Isto equivale a dizer Sentado na frente da televisão, a propaganda do
que é ativo, com forte personalidade e inerente ins- hipermercado me interpela: “O que faz você feliz?”.
tabilidade, entusiasta, alegre, ardente, criativo, vigo- Ouço o poema de Arnaldo Antunes, declamado em
roso, confiante em si mesmo, destemido, combativo sua voz grave, enquanto acompanho com olhar sur-
e aventureiro. E ainda consegue rápidos resultados preso o brilho da felicidade publicitária, invadindo a
através de sua perseverança e determinação. Um sala, meu coração e minha mente. O desejo de pos-
368 - www.PROJETOREDACAO.com.br
suir aquela felicidade instala-se e eu sou capaz de e) G-20 promete apoio a bancos durante crise in-
responder que tudo aquilo que ali se diz me faz feliz. ternacional
[...]
Ricardo Fiegenbaum. O que faz você feliz? Revista Os meus olhos míopes e cansados.
Mundo Jovem, ano 47, nº 401, out.2009.
Espelho, amigo verdadeiro,
d) A propaganda citada no texto está ligada ao Pensa ainda em pôr seus chinelinhos atrás da porta.
ideal de consumo e para isso associa a imagem
de ser feliz às coisas simples da vida. (Manuel Bandeira)
b) a maturidade liberta-nos das sensações de so- Diferentemente do que ocorria na referida seção da
nho experimentadas na infância. revista Manchete e ocorre também no texto acima,
nos quais o assunto é a poesia, a maioria das crônicas
c) só o ocultismo poderia desvendar nossos senti- de Rubem Braga baseava-se no seguinte tema:
mentos internos e profundos.
370 - www.PROJETOREDACAO.com.br
a música de harmônica, e com paisagens humanas IV. O fato de o autor declarar que fazia “fantásticas
– pessoas que em redor nos fitavam, 19encantadas, viagens” em “cavalinhos de pau, firmemente
talvez invejosas. presos” justifica o uso do conectivo “no entan-
to” (ref. 17).
Ora, a imaginação, escanchada nesses cavali-
20
Aurélio Buarque de Holanda. http://www. Academia.org. A correta leitura desse texto permite afirmar que,
br/abl . Adaptado.
I. O início do poema de Bandeira, devido ao seu c) com base na observação do cotidiano, o autor
teor de lirismo, agradara ao autor da crônica, afirma que a queda dos mitos traz como conse-
mas seu final o frustrara. quência o fim das ideias que os acompanham.
II. No trecho “a imaginação (...) não ouviu o apito d) por não haver relação de sentido entre o título e
que anunciava o fim da corrida” (ref. 20 e 21), as duas frases seguintes, o texto pode ser consi-
por meio da personificação, o cronista afirma derado um exemplo de nonsense.
que não quis ouvir a explicação contida no ante-
penúltimo parágrafo. e) ao contrário do que ocorre com a palavra “he-
róis”, o termo “pedestais” deve ser entendido
III. Na expressão “suposto dono do poema”, o autor apenas em seu sentido literal.
do texto insinua que Manuel Bandeira poderia
não ser o verdadeiro autor de “Rondó dos cava-
linhos”.
TEXTO: 31 - Comum à questão: 51
www.PROJETOREDACAO.com.br - 371
Leia o seguinte texto sobre a ópera O Guarani, de b) a figuração de uma gênese do Brasil, que con-
Carlos Gomes: juga elementos históricos, ficcionais e mitológi-
cos.
Voltar “às origens”, sublinhado no texto, tendo como (Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM,
base o romance O Guarani, de José de Alencar, signi- 1998, pp. 15-6)
fica, para Carlos Gomes, retomar
Questão 52 - (FGV )
a) o livro que dá início à história do romance brasi-
leiro, inaugurando a prosa de ficção em nossas Na frase – A respeitosa atitude de todos e a deferência
Letras. universal que o cercavam… –, a palavra destacada pode
ser substituída, sem prejuízo do sentido original, por
372 - www.PROJETOREDACAO.com.br
a) constrição. TEXTO: 34 - Comum à questão: 54
www.PROJETOREDACAO.com.br - 373
c) desconsideração do valor do trabalho. ta de que a locomotiva que conduz apresenta sérias
avarias. O maquinista tem de assumir ou não o risco
d) crença na existência de um caráter nacional bra- do acidente regenerador. A assombrar o planejamen-
sileiro. to do futuro livro, o descarrilamento estético pode re-
vigorar a obra literária à beira da insipidez. Tramas e
e) tendência ao antilusitanismo. personagens criados em obras anteriores morrem no
desastre anunciado, que gera a fagulha propulsora
da criação ousada, cuja escrita será um risco. Em vir-
Questão 55 - (IBMEC SP Insper) tude do ramerrame em que a locomotiva vinha sendo
conduzida, os olhos do leitor crítico, já tomados pela
malícia, serão surpreendidos. O julgamento sairá es-
tampado nos jornais.
374 - www.PROJETOREDACAO.com.br
conta e quem ficara mandando, e até dizendo quanto Fui recebido por todos com evidente indelicadeza.
1
a gente tinha que pagar. E tudo tinha sido ideia dele. A explicação de que me apaixonara não foi suficiente.
Silvana seria, apenas, o nome de uma mulher?
FRANCA JUNIOR, Oswaldo. Jorge, um brasileiro.
10ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, pp. Não me recordo bem como parei nesse lugar. Pa-
85/86. rece que, no fim da primavera (ou era no começo?),
quando abandonei meu sexto filho, fascinou-me o
som de uma música 5profana. Segui a melodia até
à beira do rio, tendo, na ocasião, me impressionado
Questão 57 - (UDESC SC) com o curso natural de uma folha amarela.
Analise as proposições, tendo como base a obra Jor- Sobre a folha, coloquei o pé esquerdo. Ele dimi-
ge, um brasileiro e o texto. nuiu, ela cresceu.
III. Da leitura da obra e do texto, depreende-se que Analise as proposições a respeito da obra Ao som do
em “E tudo tinha sido ideia dele” (ref. 10), o ter- realejo e do seu autor, Pericles Prade.
mo destacado se refere às trapaças de dinheiro
que os caminhoneiros costumavam fazer à dona
Olga.
I. Péricles Prade, por meio de suas produções lite-
IV. A palavra “você” (ref. 1) dirigida a um interlo- rárias, procura desmontar o convencional e tra-
cutor, o uso frequente do “a gente”, do “que”, zer a alegoria, o encantamento, despertando no
do “e” no início das orações, juntamente com a leitor o fantástico, ou seja, o não comum.
disposição das frases, entre outras marcas, con-
ferem à linguagem empregada no texto um tom II. O autor procura mostrar, por meio da sua litera-
de conversa. tura fantástica, situações e vivências estranhas,
às vezes também ligadas ao ocultismo.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 375
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. 20
[toda.
21
Durante muitos anos minha repugnância por
e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 22
[esta fruta
23
trazendo a recordação permanente do castigo.
24
Sentia, sem definir, a recreação dos que
TEXTO: 37 - Comum à questão: 59
25
[ficaram de fora,
26
assistentes, acusadores.
1. Cora Coralina começou a escrever em 1965, aos 72 27
Nada mais aprazível no tempo, do que
anos de idade. Dentre suas obras, encontra-se Crian- 28
[presenciar a criança indefesa
ça no meu tempo, composta de poemas que falam 29
espernear numa coça de chineladas.
sobre a vida das crianças de antigamente. (O texto 1 30
“É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
deste exame, “Sequência”, é um dos poemas dessa 31
[fruita na rua”.
obra.) (Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
Nesse livro, Cora Coralina revela o tratamento que
os adultos davam às crianças. Os pequenos não rece-
biam carinho, eram relegados a uma posição inferior Questão 59 - (UECE)
à dos adultos, ridicularizados, desestimulados e até
A expressão no tempo (verso 18, ref. 27-28) refere-se
mal alimentados, mesmo nas famílias de posses. Ela,
ao
inclusive, conclui um outro poema do mesmo livro
com os seguintes versos:
a) tempo de maneira geral, sem distinção.
b) tempo em que o eu lírico era criança.
Digo sempre: ”Jovens, agradeçam a Deus todos os
c) tempo do leitor — tempo que cada leitor atuali-
dias
za.
Terem nascido nestes tempos novos...”
d) passado como um todo.
2. Por serem muito longos, alguns versos do poema
“Sequência”, de Cora Coralina, ultrapassam o espaço Questão 60 - (UEL PR)
de uma linha. Quando isso acontece, usa-se colchete
( [ ). É o caso do verso 2, que ocupa as linhas 2 e 3. Leia o fragmento da crônica “Saudade”, de Rachel
Assim sendo, o texto apresenta um maior número de de Queiroz:
linhas (31) do que de versos (20).
TEXTO 3
“Os arredores florem”
Com base no depoimento da internauta, explique a Os arredores florem:
seguinte afirmação da cronista: “Mocidade é a qua-
figos, nervos, libélulas
dra dramática por excelência, o período dos confli-
a criarem nas águas
tos, dos ajustamentos penosos, dos desajustamentos
os brevíssimos movimentos.
trágicos”.
(Paulo Roberto Sodré)
Questão 62 - (UFES)
TEXTO 1
“O navio negreiro”
www.PROJETOREDACAO.com.br - 377
TEXTO: 38 - Comum à questão: 63 Procura um apoio, mas não encontra. A tontura é de-
mais. Cai no chão, sobre a calçada […]
[…]
[…]
[...]
[…]
380 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 66 - (UFG GO) Considerando o exposto, responda:
[...]
a) Explique como a bitcoin se diferencia das moe- Uma frase que escutara por acaso, na rua, trouxe-
das do mundo real, quanto ao seu modo de -me nova esperança de romper em definitivo com a
emissão e quanto ao seu modo de gerencia- vida. Ouvira de um homem triste que ser funcionário
mento. público era suicidar-se aos poucos.
Questão 68 - (UFG GO) Obra completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
p. 23; 24.
A pergunta “Dá para confiar num sistema desses?”
define a linha argumentativa do Texto 1.
que a gente mal aspira b) No que difere a angústia sentida pelo eu lírico,
explicitada na terceira estrofe do poema, da-
o alento do dia quela expressa na última fala da personagem Zé
Paulo?
aqui no Leblon
382 - www.PROJETOREDACAO.com.br
seu desempenho, 18e pelo tom resmungado da voz,
de que estava fora de controle. É pena. Fosse delibe-
A fala da personagem Álvares, na peça Uma noite em rada, e interpretada com 19arte, sua versão do hino
cinco atos, de Alberto Martins, é representativa de teria dois altos destinos. Primeiro, iria se revestir do
um contraste que permeia toda a obra e se explicita caráter de uma variação, 20interessante por ser uma
na oposição entre espécie de comentário à composição tal qual a co-
nhecemos. Não seria uma 21variante tão bela como
a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional
a) a visão provinciana e a cosmopolita. Brasileiro, de Gottschalk, mas teria 22seus encantos.
Segundo, assumiria a feição de uma leitura crítica do
b) o pensamento conservador e o progressista. hino. Serviria para mostrar, com a 23insistente troca
de palavras e de versos, como a letra é difícil, e ex-
c) as vanguardas surrealistas e as futuristas. trairia um efeito cômico – deliberadamente 24cômico
– das confusões que pode causar na mente de quem
d) a arte clássica e a contemporânea. a entoa.
e) os ideais românticos e os modernos. 25
O inglês Lewis Carroll (1832-1898), autor de
Alice no País das Maravilhas, criador do Chapeleiro
26
Maluco e da festa de desaniversário, levou seu gos-
TEXTO: 40 - Comum à questão: 74 to pelo absurdo para a criação de um poema feito
de 27palavras inventadas que se alternam com outras
IMPÁVIDA CLAVA FORTE existentes, e cuja bonita sonoridade contrasta com o
28
enigma de um significado impossível de ser alcança-
Roberto Pompeu de Toledo do. O poema chama-se Jabberwocky, e jabberwocky,
em 29inglês, passou a significar um texto brincalhão,
composto em linguagem inventada, mas parecen-
do real, 30sonora e sem sentido. Uma tradução do
1
Quem não conhecia a cantora Vanusa, ou não
Jabberwocky para o português, do poeta Augusto de
se lembrava dela, agora já a conhece e tem motivos
Campos, 31começa assim: “Era briluz. As lesmolisas
2
para dela não mais se esquecer. Ela fez seu triunfal
touvas / Roldavam e relviam nos gramilvos. / Esta-
ingresso, ou retorno, à fama com uma interpretação
vam mimsicais as 32pintalouvas / E os momirratos da-
do 3Hino Nacional que circula amplamente na inter-
vam grilvos”.
net. Para os poucos que ainda não viram o vídeo, fei-
to durante 4uma cerimônia na Assembléia Legislativa 33
Não. Não é que o Hino Nacional seja exatamen-
paulista, a cantora, cuja voz arrastada, de tonalida- te um jabberwocky. Não há nele palavras inventadas.
des 5sonambúlicas, já fazia suspeitar de algo errado 34
Mas a combinação dos raios fúlgidos com o penhor
desde o início, a certa altura se atrapalha de vez e dessa igualdade, do impávido colosso com o florão
faz a 6melodia descasar-se sem remédio da letra, e da 35América e do lábaro estrelado com a clava forte
a letra por sua vez livrar-se da sequência em que foi tem tudo para produzir um efeito jabberwocky para
composta, 7a terra mais garrida estranhando-se com a 36multidão de brasileiros com ouvidos destreinados
o sol do Novo Mundo, o gigante pela própria nature- para os preciosismos parnasianos. A presença de pa-
za irrompendo 8em lugar que nunca antes frequen- lavras 37familiares no meio de outras estranhas, como
tara. O braço forte ganhou reforços, e virou braços no jabberwocky, confere a certeza de que caminha-
fortes. O berço 9esplêndido transmudou-se em verso mos num 38terreno conhecido – no nosso caso, a lín-
esplêndido. E, na mais estonteante estocada na es- gua portuguesa; no do jabberwocky original, a língua
tabilidade das 10estrofes, entoou: “És belo és forte és inglesa. Ao 39mesmo tempo, o inalcançável significa-
risonho límpido se em teu formoso risonho e límpi- do das palavras nos transfere para um universo em
do a imagem do 11Cruzeiro” – assim mesmo, não só que a realidade se 40perde numa nebulosa onírica. Já
deslocando ou pulando palavras, como terminando houve, e ainda deve haver, movimentos para mudar
abruptamente na 12palavra “Cruzeiro”, desprovida do a letra do Hino 41Nacional. Não, por favor, não – seria
socorro do “resplandece”. uma pena. Seu caráter jabberwocky lhe cai bem. Se
à sonoridade das 42palavras se contrapõe um miste-
13
A performance de Vanusa passa de computador
rioso significado, tanto melhor: o hino fica instigan-
a computador para fazer rir. Este artigo tem por 14ob-
te como encantamento de 43fada, e impõe respeito
jetivo defendê-la. Que atire a primeira pedra quem
como reza em latim. Vanusa devia aproveitar a ex-
nunca confundiu os versos de ida (“Ouviram do 15Ipi-
periência e a reconquistada fama 44para aprimorar
ranga” etc.) com os da volta (“Deitado eternamente
uma versão cara limpa, sem voz arrastada nem tons
em berço esplêndido”). Que só continue a ridiculari-
sonambúlicos, de sua interpretação. Ela 45explicita
zar 16a cantora quem nunca removeu os raios fúlgi-
como nenhuma outra o charme jabberwocky da letra
dos para o lugar do raio vívido, ou vice-versa. Vanusa
de Osório Duque Estrada.
disse que 17estava sob efeito de remédios, daí seus
atropelos. Não há dúvida, pelo andar hesitante de
www.PROJETOREDACAO.com.br - 383
VEJA, 23 de setembro de 2009, p. 150. e não de imediato daquilo que está sendo proposto,
“tomar” e “roubar” talvez queiram dizer estar pron-
tos a captar, capturar, se apropriar daquilo que está
escondido nas entrelinhas de um texto. É assim que a
Questão 74 - (UFPA) leitura se torna criativa e produtiva, pela descoberta
O enunciado em que se apresenta uma relação de dos sentidos do texto e a atribuição de outros. Do
condicionalidade entre as ideias expressas é contrário, ela se torna apenas o ato de assistir a um
desfile de letras, palavras e frases vazias, diante de
olhos tão passivos quanto sonolentos.
a) “Quem não conhecia a cantora Vanusa, ou não O mundo simbólico se amplia diariamente. A maior
se lembrava dela, agora já a conhece e tem mo- parte dos fenômenos, sejam de natureza política,
tivos para dela não mais esquecer.” (ref. 01 - 02) econômica, social ou cultural, fazem parte de um
registro contínuo do homem. Também a reinven-
b) “Fosse deliberada, e interpretada com arte, sua ção da realidade por meio dos textos literários, que
versão do hino teria dois altos destinos.” (ref. 18 constroem uma nova linguagem, nos dá a dimensão
- 19) de emoções, sentimentos, críticas e vivências do ho-
mem, na sua busca de sentido para a existência.
c) “Primeiro, iria se revestir do caráter de uma va-
riação, interessante por ser uma espécie de co- Nos contos, crônicas, romances, poemas, nos mais
mentário à composição tal qual a conhecemos.” variados textos criados, há sempre um universo inte-
(ref. 19 - 20) rior e exterior de pessoas que vivem ou viveram num
determinado tempo e espaço. Ler os textos escritos
d) “Não seria uma variante tão bela como a Grande e as diversas linguagens inerentes ao ser humano é
Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasilei- ampliar o nosso próprio mundo simbólico, é desen-
ro, de Gottschalk, mas teria seus encantos.” (ref. volver nossa capacidade de comunicar e criticar, en-
20 - 22) fim, é um ato contínuo de recriação e invenção.
e) “Vanusa devia aproveitar a experiência e a re- (Carla Caruso. Texto disponível em: http://educacao.uol.
conquistada fama para aprimorar uma versão com.br/portugues/
cara limpa, sem voz arrastada nem tons sonam-
búlicos, de sua interpretação.” (ref. 43 - 44) leitura-por-que-ler-e-fundamenta. jhtm. Acesso em
05/11/2011. Adaptado).
384 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO: 42 - Comum à questão: 76 O levantamento pode ser um esforço hercúleo,
mas não escapa das críticas dos especialistas. Ronal-
Crack avança na classe média e entra na agenda política do Laranjeira, psiquiatra da Associação Brasileira de
Psiquiatria, diz que o governo deveria substituir pes-
quisas por ações. “Há doze anos, a comunidade cien-
Devastador como nenhuma outra droga no Brasil, tífica aponta que o crack é uma droga diferente. Para
ele se espalha pelo país e demanda ações mais con- que gastar dinheiro com um grande levantamento
tundentes das autoridades quando o que precisamos é de ação e de propostas?”,
questiona. O governo contra-ataca. Lembra que, em
A tragédia do crack não é nova para o Brasil. Há maio, lançou o Plano Integrado para Enfrentamento
anos, o país convive com o drama de violência e do Crack e outras drogas, com investimento estima-
morte. Novo e oportuno, contudo, é o fato de a elite do em 410 milhões de reais em pesquisa, prevenção,
política do país, enfim, reconhecer a emergência do combate e tratamento.
problema. No último dia 31, em seu primeiro discur-
so como presidente eleita, Dilma Rousseff disse que Droga nefasta – “Comparado a outras drogas, o
o governo não deveria descansar enquanto “reinar crack é sem dúvida a mais nefasta, porque produz
o crack e as cracolândias”. Poderia ter falado gene- rapidamente a dependência: sob a compulsão pela
ricamente “drogas”, mas referiu-se especificamente substância, o usuário desenvolve comportamentos
ao “crack”. Não foi à toa. Estima-se que no mínimo de risco, que podem chegar à atividade criminosa e
600.000 pessoas sejam dependentes da droga no à prostituição”, diz Solange Nappo, da Unifesp. Pablo
país - variante devastadora da cocaína que, como ne- Roig, psiquiatra e dono de uma clínica de tratamento
nhuma outra, mata 30% de seus usuários no prazo de dependentes químicos, acrescenta que a depen-
máximo de cinco anos. dência chega a tal ponto que “o usuário perde a ca-
pacidade de decidir se usará ou não a droga”.
A praga do crack nasceu e grassou entre os mise-
ráveis, a tal ponto que “cracolândia” virou sinônimo A mancha do crack se espalha entre usuários de
de “local onde pobres consomem sua droga”. É mais drogas devido a uma combinação de acesso econô-
do que tempo de rever esse conceito. Pesquisa da mico e potência química. Jairo Werner, psiquiatra da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divul- Universidade Federal Fluminense e da Universidade
gada em 2009 constatou que o crack avança rapida- Estadual do Rio de Janeiro, chama a atenção para a
mente entre os mais abastados: o crescimento entre relação “custo-efeito” da droga. “A relação entre pre-
pessoas com renda superior a vinte salários mínimos ço e efeito faz do crack uma droga muito popular, de
foi de 139,5%. Além dos números, os dramas pes- fácil acesso”, diz. Ele explica ainda que os trafican-
soais confirmam que a química do crack corrói toda a tes desenvolveram uma verdadeira estratégia para
sociedade. Nas clínicas particulares, que custam aos ampliar o mercado da droga: a “venda casada”, de
viciados que tentam se livrar da cruz alucinógena mi- maconha mais crack. “No primeiro momento, a ma-
lhares de reais ao mês, multiplicam-se universitários, conha dá um relaxamento e o efeito do crack é miti-
empresários, professores, militares. [...] gado. Depois, o usuário resolve experimentar o crack
puro e sente um efeito muito mais poderoso.”
O crack se espraia pelas classes sociais e pelas
paragens brasileiras. “Antes, São Paulo era o reduto. Começam, então, as mudanças de comporta-
Falava-se do assunto como um fenômeno paulistano. mento. Além de graves consequências para a saúde,
Agora, ele chega com força em outras cidades e esta- a droga provoca no dependente atitudes violentas.
dos”, diz Dartiu Xavier, coordenador do Programa de “Ele fica alterado, inquieto, irritado e, em geral, passa
Orientação e Atendimento a Dependentes da Univer- a se envolver com a criminalidade como nenhum ou-
sidade Federal de São Paulo (Unifesp). [...] tro usuário de drogas”, diz Laranjeira, da Associação
Brasileira de Psiquiatria. [...]
Embora tardias, duas pesquisas em andamento
na esfera do governo federal explicitam a preocu- http://veja.abril.com.br/noticia/saude/crack-avanca-na-
pação das autoridades com a questão. Uma, a cargo -classe-media-e-entra-na-agenda-politica
do Ministério da Saúde, vai traçar o perfil do usuá-
rio de crack. Outra, nas mãos da Secretaria Nacional
Antidrogas (Senad), pretende determinar padrões de Questão 76 - (UFT TO)
consumo, barreiras para o tratamento e histórico so-
cial e médico de 22.000 usuários - que farão testes Assinale a alternativa em que o termo em negrito, ao
de HIV, hepatites (B e C) e tuberculose. Paulina Duar- ser substituído, altera o sentido.
te, secretária adjunta da Senad e responsável técnica
pelo estudo, acredita que será a maior pesquisa já
realizada no mundo sobre o crack. “Um estudo dessa a) ‘A praga do crack nasceu e grassou entre os mi-
magnitude vai produzir um banco de dados gigantes- seráveis, a tal ponto que “cracolândia” virou si-
co”, diz. nônimo de “local onde pobres consomem sua
www.PROJETOREDACAO.com.br - 385
droga”’. (2° parágrafo) = propagou-se. — A sua ética manda também no meu corpo? Se
b) ‘O crack se espraia pelas classes sociais e pelas pago, se quero, é porque quero fazer do meu corpo
paragens brasileiras’. (3° parágrafo) = alastra aquilo que desejo. E se acabou.
c) ‘O levantamento pode ser um esforço hercúleo,
mas não escapa das críticas dos especialistas.’ — Olha, a gente vai ficar o dia inteiro nesta dis-
(5° parágrafo) = árduo. cussão boba. E não tenho tempo a perder. Por que o
d) “‘Comparado a outras drogas, o crack é sem dú- senhor quer cortar um pedaço do cérebro?
vida a mais nefasta, porque produz rapidamente
— Quero eliminar a minha memória.
a dependência: sob a compulsão [...]’” (6° pará-
grafo) = trágica. — Para quê?
e) “‘No primeiro momento, a maconha dá um rela-
xamento e o efeito do crack é mitigado. [...]’” (7° — Gozado, as pessoas só sabem perguntar: o quê?
parágrafo) = potencializado. por quê? para quê? Falei com dezenas de pessoas e
todos me perguntaram: por quê? Não podem aceitar
pura e simplesmente alguém que deseja eliminar a
memória.
TEXTO: 43 - Comum à questão: 77
— Já que o senhor veio a mim para fazer esta ope-
Considere a passagem de um conto de Ignácio de
ração, tenho ao menos o direito dessa infor-
Loyola Brandão (1936-) e parte de um artigo de Ber-
mação.
nardo Jefferson de Oliveira.
— Não quero mais me lembrar de nada. Só isso.
As coisas passaram, passaram. Fim!
O homem que queria eliminar a memória
— Não é tão simples assim. Na vida diária, o se-
nhor precisa da memória. Para lembrar pequenas
coisas. Ou grandes. Compromissos, encontros, coisas
(...) a pagar, etc.
Estava na sala diante do doutor. Uma sala branca, — É tudo isso que vou eliminar. Marco numa
anônima. Por que são sempre assim, derrotando a agenda, olho ali e pronto.
gente logo de entrada?
— Não dá para fazer isso, de qualquer modo. A
O médico: medicina não está tão adiantada assim.
— Um pedaço do cérebro? Por que vou tirar um — Seria muito melhor para os homens. O dia a
pedaço do seu cérebro? dia. O dia de hoje para a frente. Entende o que eu
quero dizer? Nenhuma lembrança ruim ou boa, ne-
— Porque eu quero. nhuma neurose. O passado fechado, encerrado. De-
finitivamente bloqueado. Não seria engraçado? Não
— Sim, mas precisa me explicar. Justificar. se lembrar sequer do que se tomou no café da ma-
— Não basta eu querer? nhã? E para que quero me lembrar do que tomei no
café da manhã?
— Claro que não.
(Ignácio de Loyola Brandão. Cadeiras proibidas: contos.
— Não sou dono do meu corpo? Rio de Janeiro: Codecri, 1984, p. 32-34.)
— Em termos.
386 - www.PROJETOREDACAO.com.br
imaginação e projetar em histórias emocionantes as identidade biológica, inválida para aquela atividade,
possíveis aplicações da ciência e alguns de seus efei- tinha que ser ocultada todo o tempo e com muita
tos inesperados. astúcia, pois a manutenção da ordem social se
baseava em constantes escaneamentos genéticos.
A possibilidade de recriação da vida humana ou As situações enfrentadas pelo personagem nos
do controle que poderíamos ter sobre seus corpos e levam a compartilhar sua percepção de injustiça, e
destinos são alguns dos grandes temas que há muito torcer pela subversão ao sistema.
tempo vêm sendo explorados. O que seria de nossa
vida se soubéssemos como prolongá-la indefinida- (Bernardo Jefferson de Oliveira. Os avanços da genética
mente? Como ficariam nossos corpos se pudéssemos nos filmes.
transformá-los à vontade ou se conseguíssemos fa-
bricar seres para nos substituírem nas tarefas duras pré-Univesp, edição 6, 15.11.2010: www.univesp.ensino-
e chatas? Não seria uma maravilha se pudéssemos superior.sp.gov)
implantar ou fazer um download de memórias e co-
nhecimentos que nos dispensassem de ter que apren-
der “na marra”, com muito estudo e algumas expe- Questão 77 - (UNESP SP)
riências ruins? Que tal poder escolher e reconfigurar
nossas características e as das pessoas com quem No primeiro parágrafo e em outras passagens do ar-
convivemos? tigo, Bernardo Jefferson de Oliveira destaca que os
literatos e os cineastas desfrutam de uma liberdade
Nosso imaginário é povoado por robôs, clones, que os cientistas não têm ante suas próprias desco-
artifícios fantásticos, instrumentos poderosos e tec- bertas científicas. Que liberdade é essa?
nologias sofisticadas que aparecem sob variadas
formas nos enredos de diversos filmes. Metrópolis,
Frankenstein, Blade Runner, Inteligência Artificial, Eu
Robô e Matrix são alguns que se tornaram clássicos, TEXTO: 44 - Comum à questão: 78
pois foram marcantes para gerações e continuam
sendo referidos e revisitados. De maneira geral, re- Um livro para um tempo de múltiplas vozes
tratam como boas ideias podem ter desdobramen-
tos imprevistos e indesejáveis. É o que acontece, por
exemplo, nas narrativas utópicas que descrevem so- 1
Livros foram, até hoje, a forma mais eficaz que a
ciedades ideais, mas que se revelam sombrias e nada humanidade encontrou para absorver, armazenar e
atraentes quando conhecidas de perto, como nos fil- transmitir conhecimento. Eles se tornaram, ao longo
mes 1984 ou Brazil. da história, um meio de mitigar os limites de memó-
ria, inteligência e imaginação de cada um dos nossos
Isto obviamente não invalida, nem deveria deses-
cérebros. Lineares como o passar do tempo. Portá-
timular, os avanços do conhecimento. Pelo contrário!
teis como nossas roupas. Íntimos como o pensamen-
Juntamente com as dúvidas que essas histórias lan-
to. Houve quem quisesse queimá-los em nome de
çam sobre nossas certezas e expectativas, elas susci-
crenças políticas ou religiosas, quem quisesse trans-
tam interrogações e recolocam questões fundamen-
formá-los em tecnologia obsoleta e mesmo quem
tais. Se a engenharia genética pode fazer as pessoas
tentasse proclamar sua irrelevância no frenético
melhores, mais saudáveis, mais desejáveis, por que
mundo moderno. Mas os livros resistiram a todo tipo
não seguir em frente? Quais seriam as implicações
de ameaça e intempérie. Nunca se publicou tanto
dessa seleção artificial?
como hoje, nunca se venderam tantos livros.
Assistir e conversar sobre o filme GATTACA é uma
boa forma de entrar nessa discussão. O nome da
produção e do local onde se passa vem das letras com 2
Eis, então, que a tão festejada revolução digital,
que representamos as sequências do DNA (G, A, T, depois de abalar os negócios da música, das ima-
C). Mais precisamente, as iniciais das bases químicas gens e – naturalmente – das notícias, se abate sobre
dessas moléculas: Guanina, Adenina, Timina e o universo dos livros. Sim, é verdade que um tablet
Citosina. O filme retrata uma sociedade organizada como o iPad não tem aquele delicioso cheiro de pa-
e estratificada de forma racional, tomando como pel. Mas, se você tiver as mesmas limitações oculares
base o levantamento genético dos indivíduos. que o autor deste texto, sentirá o indescritível prazer
Aparentemente, uma forma de se aproveitar melhor, de aumentar o tamanho da letra para tornar a leitura
e para o bem comum, as características e o potencial mais confortável. Ou de comprar um livro digital sem
de cada um. Acontece que um jovem, inconformado sair de casa e, em questão de minutos, ler o maior
com o destino que seus genes “defeituosos” lhe poema do século XX, The Waste Land, de T. S. Eliot,
reservara, falseia sua identidade genética para ao mesmo tempo em que escolhe se prefere ouvi-lo
assumir a profissão com que sempre sonhara, a de recitado pelo próprio autor ou por alguma dentre as
espaçonauta. Boa parte da trama e do suspense outras tantas interpretações disponíveis. E no futuro
do filme advém do fato de que sua verdadeira
www.PROJETOREDACAO.com.br - 387
ainda haverá, no novo formato, dezenas de compen- de do livro, é desenvolvido por meio de vocabu-
sações de outra natureza para a falta do cheiro do lário relacionado ao campo semântico “tempo”,
papel. Pelo menos é essa a promessa trazida por algo como se pode ver em palavras como “hoje” (1º
tão intangível quanto o conteúdo dos livros – mas, ao parágrafo), “então” (2º parágrafo), “futuro” (2º
contrário dele, dinâmico e cambiante: os programas parágrafo).
de computador.
V. A promessa a que se refere o fragmento “É essa
a promessa” (2º parágrafo) é ler o maior poema
do século XX, The Waste Land, de T. S. Eliot.
Estaríamos, então, prestes a testemunhar a lenta
3
empunhando o espadim
Questão 78 - (UPE)
levantando o corpanzil
Sobre os recursos lexicais e gramaticais que promo-
vem a coesão e a coerência do texto, analise as afir- indiferente ao poviléu
mativas a seguir:
o homenzarrão abriu a bocarra
fitando admirado
I. No fragmento “Lineares como o passar do tem-
po. Portáteis como nossas roupas. Íntimos como a naviarra do capitorra
o pensamento.” (1º parágrafo), o paralelismo fa-
vorece não só a progressão e continuidade do (Carlos Saldanha, In: 26 poetas hoje, RJ: Aeropla-
texto mas também garante qualidade estética à no, 2001)
linguagem.
III. O fato de o fragmento “absorver, armazenar e a) Todos os verbos presentes nos versos estão no
transmitir conhecimento” aparecer no início do gerúndio para criar a sensação de prolongamen-
1º parágrafo e no final do 3º evidencia um pro- to e dilatação, características do instrumento
cesso coesivo eficiente que fecha a ideia princi- mencionado no título.
pal defendida ao longo do texto.
b) A presença de aumentativos é um recurso que
IV. Um conceito que perpassa o texto, a historicida-
388 - www.PROJETOREDACAO.com.br
procura simular o efeito das imagens veiculadas a) mostra que inexistem critérios para definir graus
por meio das lentes de um binóculo. de superioridade entre linguagens.
c) A legitimação poética traz um efeito paradoxal, b) defende que as aulas de Português sejam aboli-
já que o binóculo se opõe à constante presença das nas escolas.
de substantivos no diminutivo.
c) compara a normatividade das gramáticas à obje-
d) Os versos desse poema valorizam um padrão tividade da ciência.
linguístico erudito que amplifica a arte poética,
metaforicamente representada pelo instrumen- d) julga igualmente válidas todas as variedades da
to óptico. língua portuguesa.
e) A flexão dos substantivos sugere um procedi- e) ironiza pessoas que corrigem formas condená-
mento antitético promovido pelo jogo equilibra- veis de linguagem.
do de oposições entre o aumentativo e o dimi-
nutivo, como se o poeta buscasse o foco em um
binóculo. TEXTO: 45 - Comum à questão: 81
A lógica do humor
Questão 80 - (IBMEC SP Insper)
Leia o texto abaixo. Piada racista termina com polícia em casa de shows.
É engraçado gozar de minorias? Até onde se pode
chegar para fazer os outros rirem? Aliás, do que ri-
Da fala ao grunhido mos?
Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto Cometo agora a heresia de explicar a piada. Aqui,
que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale. o fato de o sujeito da anedota ser um masoquista
Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo subverte a lógica normal: ele faz o contrário do que
ou está posando de bacana, de avançadinho? (...) gosta, porque gosta de sofrer. É claro que a lógica
normal não coexiste com seu reverso, daí a graça da
A conclusão inevitável é que o professor deveria mu- pilhéria. Uma variante no mesmo padrão é: “O sádico
dar de profissão porque, se acredita que as regras é a pessoa que é gentil com o masoquista”.
não valem, não há o que ensinar.
Essa “gramática” dá conta da estrutura intelectual
Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não das piadas, mas há também dinâmicas emocionais.
se adota nos demais campos do conhecimento. Não
vejo um professor de medicina afirmando que a tu- Kant, na “Crítica do Juízo”, diz que o riso é o resultado
berculose não é doença, mas um modo diferente de da “súbita transformação de uma expectativa tensa
saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar cha- em nada”. Rimos porque nos sentimos aliviados. Tor-
rutos. na-se plausível rir de desgraças alheias. Em alemão,
há até uma palavra para isso: “Schadenfreude”, que
É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, é o sentimento de alegria provocado pelo sofrimen-
certamente, dizendo «nós vai» e desconhecendo as to de terceiros. Não necessariamente estamos felizes
normas da língua, nunca entrará para a universidade, pelo infortúnio do outro, mas sentimo-nos aliviados
como entrou o nosso professor. com o fato de não sermos nós a vítima.
(Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, 25/03/2012) Mais ou menos na mesma linha vai o filósofo francês
Henri Bergson. Em “O Riso”, ele observa que muitas
piadas exigem “uma anestesia momentânea do cora-
Ao se manifestar quanto ao que seja “correto” ou “in- ção”. Ou seja, pelo menos as partes mais primitivas
correto” no uso da língua portuguesa, o autor de nosso eu acham graça em troçar dos outros. Daí
os inevitáveis choques entre humor e adequação so-
cial.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 389
Como não podemos dispensar o riso nem o combate <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/fer-
à discriminação, o conflito é inevitável. Resta torcer reira_gullar2_formigueiiro.html>.
para que seja autolimitado. Não deixaremos de rir de Acesso em: 30 abr. 2012.
piadas racistas, mas não podemos esquecer que elas
colocam um problema moral.
a) Outrossim, o conflito é inevitável; não podemos Não vou discutir se o que escrevo, como poeta, é
dispensar o riso nem o combate à discrimina- bom ou ruim. Uma coisa, porém, é verdade: parto
ção. sempre de algo, para mim inesperado, a que chamo
b) O conflito, no entanto, é inevitável, não poden- de espanto. E é isso que me dá prazer, me faz criar o
do dispensar o riso nem o combate à discrimina- poema.
ção. E, por isso mesmo, também, copiar não tem graça.
c) Conquanto não possamos dispensar o riso nem Um dos poemas mais inesperados que escrevi foi “O
o combate à discriminação, o conflito é inevitá- Formigueiro”, no comecinho do movimento da poe-
vel. sia concreta.
d) A menos que não possamos dispensar o riso É que, após os últimos poemas de “A Luta Corporal”
nem o combate à discriminação, o conflito será (1953), entrei num impasse, porque, inadvertida-
inevitável. mente, implodira minha linguagem poética. Não po-
dia voltar atrás nem seguir em frente.
e) O conflito é inevitável, porquanto não podemos
dispensar o riso nem o combate à discrimina- Foi quando, instigado por três jovens poetas paulis-
ção. tas, tentei reconstruir o poema. Havíamos optado
por trocar o discurso pela sintaxe visual.
A casa tinha um amplo quintal, em que surgiu, certa GULLAR, Ferreira. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 jan.
manhã, um formigueiro: eram formigas ruivas que 2012. p. E10. Ilustrada.
brotavam de dentro da terra.
Tinha a palavra “formiga”, que era o elemento cer- Sei lá o que penso do mundo!
ne. Experimentei desintegrá-la numa explosão que
dispersou as letras até o limite da página e depois Se eu adoecesse pensaria nisso.”
a reconstruí numa nova ordem: já não era a palavra
(PESSOA, Fernando. O eu profundo e outros eus. Rio
“formiga”, e sim um signo inventado. Foi então que
de Janeiro: Nova Fronteira, [s/a], p. 139.)
pensei em grafar as palavras numa ordem outra e
que nos permitisse lê-las.
Em seguida, surgiu a ideia mais importante para a in- B – “Tenho medo de pensar
venção do poema: constituir um núcleo, formado por
uma série de frases dispostas de tal modo que as le- (...)
tras de certas palavras servissem para formar outras.
Nasceu o núcleo do poema, a metáfora gráfica de um O meu mistério eu avivo
formigueiro.
Se me perco a meditar.”
Ele surgiu da conjugação das seguintes frases: “A for-
miga trabalha na treva a terra cega traça o mapa do (PESSOA, Fernando. O eu profundo e outros eus. Rio
ouro maldita urbe”. de Janeiro: Nova Fronteira, [s/a], p. 90.)
de carreira,
muito acima das montanhas, das cidades, das ca- Examinando-se a reprodução do quadro de Daumier,
choeiras, pintor francês do século XIX, conclui-se que ele re-
produz o ideário da época, visto que
mais alto que a chuva, no ar!
Questão 86 - (FGV )
Questão 84 - (ESPM RJ)
Este texto foi extraído de um conto de Monteiro Lo-
Na sequência dos versos, percebe-se que o sonho do bato, cujo personagem principal enlouquece, quan-
herói é: do vê seu cafezal inteiramente destruído pela geada.
a) um mergulho nos abismos marinhos. E a geada veio! Não geadinha mansa de todos os
anos, mas calamitosa, geada cíclica, trazida em on-
b) uma viagem em torno do planeta Terra. das do Sul.
c) uma lenta ascensão e uma rápida queda. O sol da tarde, mortiço, dera uma luz sem lumino-
sidade, e raios sem calor nenhum. Sol boreal, tiritan-
d) uma constante e progressiva escalada. te. E a noite caíra sem preâmbulos.
392 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Deitei-me cedo, batendo o queixo, e na cama, era o dia; e o do rei, a quem ia servir, e sobre os dois
apesar de enleado em dois cobertores, permaneci en- o seu, na língua dos novos irmãos.
tanguido uma boa hora antes que ferrasse no sono.
Acordou-me o sino da fazenda, pela madrugada. Sen- (José de Alencar. Iracema. São Paulo: Moderna, 1993. p.
tindo-me enregelado, com os pés a doerem, ergui-me 83)
para um exercício violento. Fui para o terreiro.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 393
Questão 88 - (PUCCamp SP) afirmar:
(Arthur Dapieve. Eles são a fonte. Música. Não era dia nem noite.
In BRAVO!, set 2011. p. 31) Suspiro? Voo de pássaro?
e de lembranças violentas.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 395
que se entranhavam no seu. Questão 91 - (IFPE)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. II. Os dois últimos versos na primeira estrofe cons-
Rio de Janeiro: Nova Aguilar,1979, pp. 154-5. tituem eufemismos das ideias de mortalidade e
de trabalho infantil.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 397
TEXTO: 52 - Comum à questão: 93 Amou daquela vez como se fosse a última /
No texto, o verso que permite duplicidade de leitura Subiu a construção como se fosse sólido/
é o transcrito em
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
398 - www.PROJETOREDACAO.com.br
no meio do passeio náufrago Queria querer gritar /
Amou daquela vez como se fosse máquina / Beijou Como são lindos / Como são
sua
lindos os burgueses
mulher como se fosse lógico.
E os japoneses / Mas tudo é
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas / Sentou
muito mais...
pra descansar como se fosse um pássaro
Será que nunca faremos /
E flutuou no ar como se fosse um príncipe /
Senão confirmar
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
A incompetência / Da
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
América católica
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
Que sempre precisará / De
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir,
ridículos tiranos
Por me deixar respirar, por me deixar existir, / Deus
lhe Será, será, que será? / Que
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Será que esta / Minha
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir estúpida retórica
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair, / Terá que soar / Terá que se
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir Por mais mil anos...
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, / exercem / Seus podres
Deus
poderes
lhe pague.
Índios e padres e bichas /
(Chico Buarque)
Negros e mulheres
E adolescentes / Fazem o
Texto II – Podres Poderes
carnaval...
www.PROJETOREDACAO.com.br - 399
Com sua burrice fará / se ouvir
poderes geniais
400 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 94 - (UEPA) a) O modo como as investigações para esclarecer
o assassinato de Armindo são conduzidas em A
Observa-se, no Texto I, que o autor retrata: Confissão exemplifica bem a noção de violência
simbólica.
b) A atitude do Lopo em relação a Casimiro, após
I. A vida do trabalhador sendo banal, sofrida, sem receber a sentença da justiça, é um caso típico
rumo, sem motivação quando é relacionada ao de violência simbólica.
sistema capitalista, é a negação social que os
operários sofrem e que promove comportamen- c) O fato de o Pe. Artur, - que ouvira Reinaldo em
tos de acordo com critérios e padrões impostos confissão à época do assassinato de Armindo,-
a eles. não ter revelado à polícia que fora ele, Reinaldo,
e não Bernardo o assassino, é uma forma de vio-
II. O fim da ética cultural, pois os EUA passam a lência simbólica.
interferir na sociedade brasileira e mundial, im-
pondo, de certa forma, seus ideais capitalistas, d) O Garrinchas, que costuma agredir fisicamente
na tentativa de degradar ou controlar a classe quem não lhe dá esmolas, pratica o tipo de vio-
operária por meio de condutas de intimidação e lência que se opõe conceitualmente à violência
manipulação explícitas. simbólica.
III. A vida de um cidadão trabalhador, não neces- e) Sentir-se diminuído por não saber ler, é o tipo
sariamente da construção civil, que vive em de consequência da violência simbólica que des-
função de sua força de trabalho: uma troca, qualifica o analfabeto, vivenciado por Fabiano e
na realidade, com os empresários, que deixam Sinhà Vitória. A grande admiração que os dois
transparecer o poder de seu discurso dominante têm por seu Tomás da Bolandeira, por exemplo,
sobre o proletariado. reside, em boa parte, no fato de este último do-
minar a linguagem.
IV. A atual indiferença social quanto aos problemas
alheios, configurada no momento em que o tra-
balhador cai da construção na rua e atrapalha o
tráfego, assim como o menino, drogado ou não, Questão 96 - (UFMG)
que pede moedas nas esquinas das ruas.
Leia estes poemas:
V. O canteiro de obras como um lugar inseguro,
pois sua infraestrutura é inadequada, igualmen-
te às ruas de Belém, que não oferecem seguran-
POEMA 1
ça à população, o que evidencia a discriminação
do governo em relação aos operários em geral.
c) II, III e V
e) I, III e IV
Recuperação da adolescência
Questão 95 - (UEPA)
é sempre mais difícil
Com base no texto, analise os comentários contidos
nas opções e assinale aquele que estiver correto. ancorar um navio no espaço
b) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III. a) I e II.
b) I e III.
Q. 08 d) II e III.
e) III.
c) Segundo o autor, qual é o “essencial proveito” Os fragmentos transcritos dizem respeito à visão fic-
404 - www.PROJETOREDACAO.com.br
cional da existência de afrodescendentes no Brasil, ADONIAS FILHO. O largo da Palma: novelas.
em momentos históricos distintos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 17; p. 31 e
32.
I.
Questão 105 - (UFBA)
Falará com a mãe, à noite seguinte, pouco antes
de sair para encontrar-se com o rapaz. E se a mãe Leslie acenou para um camponês.
perguntar quem é ele e o que faz, como responderá?
Dir-lhe-á que não sabe sequer o nome porque não – Lázaro, venha cá.
houve tempo para maior aproximação. Confessará,
porém, o detalhe: “Ele é mudo.” Inútil discutir, pro- – Sim, seu Lelo – disse Lázaro.
curar explicar, tentar justificar-se frente ao espanto
da mãe. Sabe que ela não compreenderá, ninguém – Conta aqui ao padre Nando, lá do mosteiro, como
entenderá, o sobrado inteiro a dizer que tem um pa- é que te trataram na polícia.
rafuso a menos. Uma doida, apenas uma doida se – Ah, eu guardei a cara do sargento que me cuspiu
deixaria seduzir e fascinar por um mudo! Deitada, em cima. Aquele eu corto de peixeira um dia. Os que
com os olhos fechados, espera que a noite passe de- me bateram ainda vai. Mas foi por nada, seu padre.
pressa e ainda mais depressa o dia seguinte. Eu sou homem temente a Deus e nunca tinha tido
Venderá os pãezinhos de queijo com maior alegria conhecimento de polícia. Mas o sargento me cuspiu.
porque deve ser mesmo amor o que sente no cora- Feito eu fosse uma poça d’água na rua que a gente
ção. (A moça dos pãezinhos de queijo) cospe assim de desafogo, pra ver se acerta. Eu corto
ele, seu padre.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 405
– Deu – disse Leslie – mas ainda não aconteceu Cancioneiro, 150
coisa nenhuma. O capataz é o braço direito do se-
nhor de engenho, que deve ter achado a história
compreensível, até corriqueira. [...]
Não sei se é sonho, se realidade,
CALLADO, Antonio. Quarup. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2006. p. 38-39. Se uma mistura de sonho e vida,
Com base no fragmento transcrito e na leitura da Que na ilha extrema do sul se olvida.
obra, destaque e comente dois aspectos da realidade É a que ansiamos. Ali, ali
social presentes na narrativa ficcional.
A vida é jovem e o amor sorri.
Sonho que a traz ansiosa e embevecida, O mal não cessa, não dura o bem.
E que não chega nunca em toda a vida. Não é com ilhas do fim do mundo,
Essa felicidade que supomos, Que cura a alma seu mal profundo,
Porque está sempre apenas onde a pomos (Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro:
Aguilar Editora, 1965.)
E nunca a pomos onde nós estamos.
Com base no trecho acima, responda as questões a Rancor cisticircose caxumba difteria
seguir.
Encefalite faringite gripe leucemia
Catapora culpa cárie câimbra lepra afasia a) detalhe do espaço indica que a composição da
personagem alia a percepção do narrador e
aquilo que o homem vê refletido diante dele.
O pulso ainda pulsa b) o narrador atém-se à descrição objetiva do exte-
rior da personagem, feita passo a passo, não se
O corpo ainda é pouco permitindo fazer comentários de qualquer tipo.
Arnaldo ANTUNES, Tony BELLOTTO, Marcelo FRO- c) as ações da personagem são apresentadas na
MER, In: Titãs, Õ Blésq Blom, 1989. ordem em que ela as rememora, sem que seja
seguida a ordem cronológica dos fatos.
Tendo em vista o texto acima dos Titãs, d) os traços que configuram a personagem apare-
cem isolados em trechos descritivos, isto é, to-
talmente descolados das ações praticadas.
a) explique por que a utilização de elementos for- e) há elementos que comprovam ser o narrador
mais da poesia tradicional, tais como rimas e es- uma personagem que, ao lado de Henri - de
trofes simétricas, provocam um efeito surpreen- quem, até então, só conhecia o nome - observa
dente no texto; detalhadamente sua movimentação.
01
Simples, sóbrio, tranquilo; olhos de um homem ho- As coisas começaram a melhorar. Fazendo parte
nesto; 02 boca de um homem sensível, um intelectual de uma equipe eficaz, comecei cedo a praticar a reu-
talvez; educado, 03 respeitável e pontual. No quadra- nificação, a embelezar a paisagem com antenas para-
do do espelho sua mão surgiu, 04 longa, branca, forte bólicas.
e meticulosamente limpa, acariciando 05 sua barba Os ventos da mudança pairavam sobre as ruínas
negra. Virando um pouco a cabeça, por um efeito 06 de nossa República. No verão, Berlim era o lugar mais
óptico, os fios de barba brilhavam como se tivessem bonito do mundo. Nós estávamos no centro do mun-
luz 07 própria; isso ele fez, várias vezes, ficando qua- do, onde as coisas finalmente estavam acontecendo e
se de perfil, 08 tendo que esquinar bem os olhos até nós íamos no embalo.
que eles começassem a 09 doer. Henri olhou então sua
cabeça lisa como um ovo. Sua 10 calvície sempre lhe Lara: — Pena ela (a mãe) estar perdendo tudo
dava um aperto no coração, que ele 11 amenizava di- isso.
zendo para si mesmo que sua cabeça alta (era 12 enor-
me a distância entre as orelhas e a ponta do crânio) Alex: — Talvez seja melhor assim... Tudo aquilo
13
significava inteligência e que o fato de ser calvo ja- em que ela acreditava evaporou em meses.
mais tivera 14 efeito negativo sobre o seu trabalho, o
que era uma absoluta 15 verdade. O futuro estava em nossas mãos, incerto, mas
promissor.
(Rubem Fonseca. “Henri”, In 64 contos de Rubem Fonse-
ca. ADEUS, Lenin. Direção: Wolfgang Becker. Produção: Ste-
São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 46) fan Arndt. Intérpretes:
“Brinquedo”
Em redor da varanda
www.PROJETOREDACAO.com.br - 409
Mando tiro tiro lá (Distraídos venceremos)
[...]
…
ele veio
Art. 182. Da inveja.
meio a esmo
O que se chama comumente inveja é um vício que
praticamente não disse nada consiste numa perversidade de natureza que leva cer-
ta gente a se desgostar com o bem que vê acontecer
e ficou por isso mesmo
aos outros homens; mas sirvo-me aqui dessa palavra
para significar uma paixão que nem sempre é vicio-
sa. A inveja portanto, enquanto é uma paixão, é uma
TEXTO 4 espécie de tristeza mesclada de ódio que nasce do
fato de se ver acontecer o bem àqueles que julgamos
tarde de vento indignos dele: o que só podemos pensar com razão
apenas dos bens de fortuna; pois, quanto aos da alma
até as árvores ou mesmo do corpo, na medida em que os temos de
querem vir para dentro nascença, é suficiente para sermos dignos deles têlos
recebido de Deus, antes de estarmos capacitados a
410 - www.PROJETOREDACAO.com.br
cometer qualquer mal. 5 e quanto nela passei.
Mas quando a fortuna envia bens a alguém que ver- 6 Ali, o rio corrente
dadeiramente não os merece, e quando a inveja não
é provocada em nós senão porque, amando natural- 7 de meus olhos foi manado;
mente a justiça, ficamos desgostosos pelo fato de ela
não ser observada na distribuição desses bens, é um 8 e, tudo bem comparado,
zelo que pode ser desculpável, mormente quando o 9 Babilônia ao mal presente,
bem que invejamos a outros é de tal natureza que
pode converter-se em mal nas mãos deles; como é o 10 Sião ao tempo passado.
caso de algum cargo ou serviço em cujo exercício eles
possam comportar-se mal, e desejamos para nós o
mesmo bem e somos impedidos de tê-lo, porque ou-
tros menos dignos o possuem, isso torna essa paixão […]
mais violenta, e ela não deixa de ser desculpável, des-
de que o ódio nela contido se relacione apenas com
a má distribuição do bem que se inveja e não com as 11 Mas ó tu, terra de Glória,
pessoas que o possuem ou o distribuem. Mas há pou-
cas que sejam tão justas e tão generosas a ponto de 12 se eu nunca vi tua essência,
não alimentar ódio por aqueles que os impedem de
adquirir um bem que não é comunicável a muitos, e 13 como me lembras na ausência?
que haviam desejado para eles próprios, embora os
que o adquiriram sejam tanto ou mais dignos. E o 14 Não me lembras na memória
que é ordinariamente mais invejado é a glória; pois,
15 senão na reminiscência.
embora a dos outros não impeça que a ela possamos
aspirar, ela torna, todavia, o seu acesso mais difícil e
encarece o seu preço.
“Sôbolos rios que vão”, Luís de Camões
DESCARTES, René. As paixões da alma. Coleção Os
pensadores. (poeta do Classicismo português)
São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 291-296.
Texto I
Observações:
Sôbolos = sobre os
1 Sôbolos rios que vão
Sião = Jerusalém
2 por Babilônia, me achei,
4 as lembranças de Sião
www.PROJETOREDACAO.com.br - 411
Questão 115 - (Mackenzie SP) TEXTO: 58 - Comum à questão: 117
c) Os versos ironizam a idealização de Babilônia · No dia em que completa três anos, “Negócios&Cia”
(verso 02), considerada pelo poeta como terra pede licença e reverencia os mestres Cacá Diegues,
de Glória (verso 11). Roberto Menescal e Chico Buarque. De carona na Ca-
d) O eu lírico canta as glórias de Portugal, terra tão ravana Rolidei, passeia pelas transformações socioe-
abençoada quanto a Jerusalém celeste (ref. 02). conômicas expressas em “Bye Bye Brasil”, o filme e a
canção que estão fazendo 30 anos neste 2009. Chico
e) A idealização da terra santa tem como causa a não lembra; Cacá, sim. Viu o filme duas vezes antes
relação especular entre os rios da Babilônia (ver- de pôr a letra na música de Menescal. Recheou o tex-
sos 01 e 02) e o rio corrente (verso 06) dos olhos to com referências á economia. Estão lá o embrião
do poeta. da globalização e a opção nacional pelo transporte
rodoviário; o emprego fácil de baixa qualificação e a
telecomunicação restrita; a industrialização do Brasil
grande e a massificação da TV. Um detalhe: a usina
Questão 116 - (Mackenzie SP) no mar, como muita gente pensa, não era o comple-
xo nuclear de Angra, mas Jari, no Pará, Chico garante.
Considerando a leitura dos dois textos, assinale a al- “Foi um Filme muito premonitório, que nasceu em
ternativa correta. 1972, numa viagem a Alagoas”, diz Cacá. Ele voltara
de filmagens em união dos Palmares e avistou uma
luz azulada. Parecia um disco voador, mas era uma TV
a) O texto II é paródia do texto I, traço estilístico instalada pelo prefeito em plena praça. “Ali, tive o in-
que define sua contemporaneidade. sight de que algo importante estava acontecendo no
Brasil. Minha motivação foi antropológica, mas hoje
b) O texto II dessacraliza o sentido da idealidade percebo que aquilo era o início da globalização. O Bra-
ao concebê-la como construção humana e não sil passou por uma modernização intensa. Para o bem
divina, como prova o trecho A Jerusalém é nos- e para o mal”, completo o cineasta. É prova de que ci-
sa, mas construímo-la tão longe, tão dentro da nema e música dão economia. Ou música e economia
nossa violenta inquietação (refs. 02 e 03). é que dão cinema?
c) Embora escritos em épocas diferentes, I e II con- Flávia Oliveira. O Globo, Caderno Economia, 22 de
vergem num ponto: ambos concebem a cidade agosto de 2009. Adaptação.
de Jerusalém como a pátria dos portugueses,
por suas características geográficas e históricas.
d) O texto II vale-se de linguagem metafórica – A articulista Flávia Oliveira associa, no Texto Trinta
hora das raízes e das sombras (refs. 04 e 05) – anos na estrada, a canção Bye Bye Brasil de Chico
recurso literário ausente no texto I. Buarque e Roberto Menescal às injunções socioeco-
nômicas vividas pelo Brasil e pelo mundo nas últimas
e) Em II, o narrador critica o descaso da humani- três décadas.
dade para com o passado cultural, concebido
atualmente como miragem e sombras (refs. 04
e 05).
412 - www.PROJETOREDACAO.com.br
TEXTO II Eu vou me mandar de trenó
www.PROJETOREDACAO.com.br - 413
Capaz de cair um toró Meu amor (Texto II, versos 10-12):
Eu tesão é no mar
teu suor,
todas as palavras da tribo
tua espuma
tua língua?
Te vendo, medito: foi negro, foi índio ou foi cris- trocou a vida
tão?
asa lá se vai
Questão 119 - (UFU MG)
Ao pé da pena
dá de cara com nada
Raros momentos de prazer 16. “Pena de Pavão de Krishna, maravilha, vixe Maria/
Mãe de Deus, será que esses olhos são meus?”
Que eu gravo agora nessa fita demo-tape (Texto II, v. 13-14)
Que é pra ninguém esquecer 32. “Os letreiros a te colorir/Embaraçam a minha vi-
são/Eu te vi suspirar de aflição/E sair da sessão,
frouxa de rir” (Texto III, v. 7-10)
A vontade de falar tudo isso pra você 64. “Já te vejo brincando, gostando de ser/Tua som-
bra a se multiplicar/Nos teus olhos também pos-
Já virou mais uma página
so ver/As vitrines te vendo passar” (Texto III, v.
Palavras são como os boêmios 11-14)
416 - www.PROJETOREDACAO.com.br
b)
c)
Questão 121 - (UFF RJ)
a)
e)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 417
Questão 122 - (FUVEST SP) rodas para o trabalho ou a escola, através de um siste-
ma batizado de Velib. A população parisiense faz uma
Examine a tirinha e responda ao que se pede. espécie de aluguel de bicicleta por um dia, uma se-
mana ou um mês para circular nos cerca de 400 quilô-
metros de ciclovias, que estão integrados aos outros
transportes públicos. “É extraordinário. Não é poluen-
te, estimula a saúde com a prática de exercícios físicos
e é amigável ao bolso do mais pobre”, comentou o
governador fluminense, que pretende implantar um
modelo similar em algumas cidades do seu Estado.
A óbvia preocupação com a possibilidade de roubos
não incomoda Cabral. “As bicicletas terão aparelhos
de GPS”, explicou, referindo-se à tecnologia de locali-
zação por satélite.
de algum espanto,
· Engraçada a foto do governador do Rio andando SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia
de braços abertos numa bicicleta. Se fosse aqui
poética. Goiânia: Cegraf/UFG, 1991. p. 161.
no Rio, provavelmente acharíamos que ele esta-
va sendo assaltado. Os cariocas não andam mais
de braços abertos, mas de braços para o alto, pe-
dindo a Deus que nos proteja. Será que o ilustre In extremis
governante e sua comitiva aceitariam fazer um
passeio ciclístico por algumas ruas de São Cristó- Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
vão, Tijuca e Centro? Acredito que ele chegaria ao
fim do percurso sem o terno, o relógio e, princi- Assim! de um sol assim!
palmente, sem a bicicleta. Será que o Rio merece
Tu, desgrenhada e fria,
isso? Antes das bicicletas, queremos ter mais se-
gurança. Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,
LIANE GOUVEA E apertando nos teus os meus dedos gelados...
(por e-mail, 20/05), Rio. E um dia assim! de um sol assim! E assim a esfera
d) Justifique o emprego do pronome demonstrativo Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
na frase “Será que o Rio merece isso?”, levando-
-se em conta a coesão textual. Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Com teus olhos que já não me fitam, o que vês Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
www.PROJETOREDACAO.com.br - 419
A boca que beijava a tua boca ardente, Solemnia verba
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção Marisa Disse ao meu coração: Olha por quantos
Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 91. Caminhos vãos andamos! Considera
Em ambos os textos, o eu lírico dirige-se a uma se- Os ermos que regaram nossos prantos...
gunda pessoa do discurso em um momento extremo.
b) Qual a atitude do eu lírico de cada poema em re- Olha a teus pés o mundo e desespera
lação à circunstância poetizada?
Semeador de sombras e quebrantos! –
www.PROJETOREDACAO.com.br - 421
arrastou-se depois penosamente até o povoado de do corpo de exército de que fez parte não era nem
Miranda.8 podia ser o de vencer a guerra como um todo. Com
base nestes comentários, explique em que consistia
Ali, uma epidemia climatérica de um novo tipo, a essa “ação diversionária”.
paralisia reflexa,9 continuou a dizimar a tropa.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 423
Meu Senhor! A que mais devo este prodígio, Senão ao
seu amor, senão ao meu prestígio?
Hamleto
Ofélia
Meu Senhor.
Hamleto
Ofélia
Príncipe...
[...]
Hamleto
Disponível em: <www.faccar.com.br/desletras/
Sou Vice-Presidente? hist/2005>. Acesso em: 5 mai. 2009.
Sou Presidente? Sou Ditador? Sou cacique?
Oh! que paralisada a minha língua fique Questão 127 - (UFG GO)
Se te minto! Não sou mais do que um homem! Pode-se afirmar que Olavo Bilac compara o ato de go-
vernar uma república com a tragédia de Hamlet. Com
Parte! base no texto B, explique o dilema vivido por Hamle-
to.
Que é de teu pai?
Ofélia
Não sei.
TEXTO: 63 - Comum à questão: 128A juventude em
Hamleto
rede
Devia acompanhar-te.
Anna Paula Buchalla
A lei neste país, não pode andar sozinha...
— Não precisa se virar para falar, fique quieto aí Os fragmentos transcritos retratam situações de po-
mesmo! — gritou o homem, dando-lhe outro ponta- der mostradas em obras distintas.
pé.
Com base no contexto de cada uma das obras, faça
— Que foi que teve? um breve comentário sobre tais situações.
Desferiu novo pontapé, desta vez com muito mais for- TEXTO: 64 - Comum à questão: 130
ça do que os anteriores, Filomeno teve um acesso de
tosse. A arte de ser feliz
Adaptado de http://caderno.josesaramago.
org/2009/04/29/gripe-suina/.
“Mas, quando falo dessas pequenas felicidades cer-
tas, que estão diante de cada janela, uns dizem que
essas coisas não existem, outros que só existem dian- Relacione este comentário jornalístico de José Mi-
te das minhas janelas, e outros, finalmente, que é guel Saramago a sua narrativa Ensaio sobre a ceguei-
preciso aprender a olhar, para poder vê- las assim.” ra, destacando:
c) casas.
Questão 132 - (UFU MG)
d) jardins.
Leia os textos seguintes e responda ao que se pede.
e) pensamentos.
Texto 1
Questão 131 - (UFU MG)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 427
cedo achasse abrigo sileiro são em maior número do que as que os por-
tugueses vão ter que fazer. Portugal a rigor só vai ter
que nos meus desabrigos duas modificações: vão deixar de usar as consoantes
mudas e eliminar o “h” inicial em palavras como úmi-
dormirei contigo. do. O Brasil fez mais cedências.
José Paulo Paes. Prosas seguidas de odes mínimas O GLOBO: Por que se criaram tantos acentos?
Dutra de Menezes(fragmento)
· Recebi a notícia de que o meu livro “O português
que nos pariu” é best-seller em Portugal. “Top ten”, O Globo, Prosa &Verso, setembro de 2007
explicou-me, via e-mail, a Editora Civilização, da cida-
de do Porto.
Feliz? Nem tanto. O livro que está sendo vendido a) Transcreva de cada texto da página anterior duas
no além-mar, descumprindo um pedido meu, foi “tra- afirmativas que apresentam, de forma clara, pon-
duzido” para o, digamos, lusitano. A descortesia dos tos de vista diferentes quanto ao acordo ortográ-
editores esconde mais do que apenas desrespeito ao fico e sua implantação.
meu texto e às minhas convicções. A atitude autori-
tária prova que velejamos a anos-Iuz do acordo orto- Na reportagem “A riqueza da língua” da revista
gráfico que, teoricamente, está prestes a desencantar. VEJA de 12/9/07, o músico Tony Beloto também
Não desencantará. A língua é o mais forte signo de reflete sobre a questão do acordo ortográfico.
uma nacionalidade. Abrir mão de suas características
significa, mesmo que simbolicamente, render-se. b) MINHA PÁTRIA, MINHA LÍNGUA
Mas render-se a quê? A quem? Afinal, todos falamos “Creio que a unificação do português tem um sen-
português. As diferentes versões do nosso idioma não tido político positivo.
anulam a realidade de sua unidade. Negar isto é ne- Aumenta o conceito da língua como nação. A
gar a belissima história das navegações portuguesas adaptação talvez seja difícil.
e assumir uma atitude tímida diante do maravilhoso
mundo novo. Quem acredita que os falantes de um Mas a língua é um organismo vivo e vai seguir em
português são incapazes de ler ou entender outro, frente.
além de se desmerecer intelectualmente, demonstra
medo de perder a sua identidade, a sua História, o seu No meu trabalho de compositor, a ortografia re-
passado, o respeito próprio. percute pouco. Nas letras
Tony Belloto,
COUTO, Mia. O último voo do flamingo. São Questão 136 - (UFT TO)
Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 188. Leia o texto abaixo, retirado da Revista CULT (março
2006).
Escrevo esta carta para vos dar conta dos suces- Leia, vote, não se esqueça
sos da terra de Vera Cruz desde o dia de seu acha-
mento até a construção desta Brasília onde agora Use, seja, ouça, diga...
me encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradei-
ro feito e última louçania da gente de cepa e me
empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou Não senhor, Sim senhor, Não senhor, Sim senhor
tirando para aformosear nem para enfear, mas só
praticando do que vi, ouvi ou me pareceu.
Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, es- Mas lá vêm eles novamente e eu sei o que vão fazer:
432 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Reinstalar o sistema Na atrapalhação da hora da morte
A Daslu e o shopping-bunker
Questão 139 - (UFMG)
RIBEIRO, João. História do Brasil. Rio de Janeiro: Edições Vila Olímpia e ao lado do infelizmente pú-
de Ouro, 1967. p.150-1.
15 trido e mal cheiroso rio Pinheiros.
como diz a dona da loja, a idéia é que o Tais fatores, digamos assim, sinistros
Estranha casa, deve-se dizer. Para em- o pioneirismo da nova Daslu. Sim, a loja é
25 trar nela é preciso fazer uma carteira de uma empreitada verdadeiramente inédi-
sócio, depois de deixar o carro num esta- 60 ta. A Daslu, que desenvolveu no Brasil
ra hora). Obviamente, tudo isso tem por personalizado para ricos, agora introduz,
que, ao se aventurar na antiga loja, recla- 65 Todos sabem como os shopping centers
dasluzetes, muito mais solícitas com brasileiras, tanto pelas facilidades que
aqueles que elas já conheciam ou que de- propiciam para a gente que vive nos cen-
também, embora não se diga com clareza, anos, eles foram surgindo aqui e ali, alte-
a proteger o local e dar segurança aos mi- rando a sociabilidade e a paisagem das ci-
40 rão da nova Daslu um de seus “points” uma espécie de praça (fechada), onde as
durante a estada em São Paulo, como já 75 classes alta e média podiam circular com
um item cada vez mais prioritário nos ne- pela visão e a presença dos numerosos po-
gócios hoje em dia – antes mesmo da inau- bres e miseráveis, que, por sua vez, ocu-
45 guração, a loja teve um de seus caminhões param as praças públicas (abertas), como
quase 20 mil metros quadrados, não mui- ção, limpeza, segurança, facilidades e so-
50 to longe da favela Coliseu (sic). A reporta- bretudo de distinção que lá fora, nas ruas,
gem de um site calculou, por falar nisso, 85 está agora longe de existir.
famílias da favela (R$ 10.725, segundo o mais sofisticados, como o Iguatemi, te-
IBGE) daria para comprar apenas duas nham se tornado democráticos demais
434 - www.PROJETOREDACAO.com.br
para o gosto da classe alta paulista. A Questão 141 - (Mackenzie SP)
90 cada pequeno entusiasmo econômico, logo O tema, do modo como é tratado, revela que o poeta
assim entende “poesia”:
a alvoroçada classe média da cidade resol-
a) um “sinal de menos”, isto é, busca incansável de
vê se intrometer aos bandos nas searas uma original síntese expressiva, em oposição a
discursos redundantes.
exclusivas dos muito ricos. [...]
b) uma “máquina de emocionar” que produz um
(http://wwwl.folha.uol.com.br, por Alcino Leite Neto. jogo de regularidades estéticas perfeitas.
Consulta em 08/07/2005.)
c) a “técnica de fazer versos simétricos, melodio-
sos”, porém inúteis.
Questão 140 - (ITA SP) d) o “nada que é tudo”: a expressão passional do
A denominação “shopping-bunker” é apropriada pelo mundo onírico.
fato de a loja e) a “exata expressão da alma”: única forma artística
a) possuir salões labirínticos, onde praticamente para a revelação dos estados anímicos.
não há corredores.
É a máquina do nada
Questão 142 - (Mackenzie SP)
Que anda ao contrário
Considerados o fragmento e a perspectiva adotada na
Da sua meta obra, assinale a alternativa correta.
A repetição é a morte a) A personagem dr. Cláudio faz um contraponto à
Noutro código lateral personagem Aristarco: o primeiro representa os
vícios que o realismo do escritor exige que sejam
Digita-se ENTRA denunciados; o segundo, o ideal de comporta-
mento que defende na obra.
E os cupins invadem o quarto
b) A expressão Tanto melhor expressa uma apre-
Sebastião Uchoa Leite ciação do dr. Cláudio que estaria coerentemente
apoiada na seguinte crença: a escola deve ilustrar
o espírito, não temperar o caráter.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 435
c) A vivência no internato construído pelo escritor O poeta Paulo Leminski neste poema usa de procedi-
abstrai qualquer traço de darwinismo, presença mento redundante em sua obra.
que poderia ser esperada pelo contexto de pro-
dução da obra. Assinale a alternativa que identifica esse procedimen-
to:
d) As frases interrogativas expressam uma visão que
coincide com a do narrador, e a valorização das a) intertextualidade.
circunstâncias adversas sugere que o dr. Cláudio
está fundamentado no mecanismo de seleção na- b) ironia.
tural. c) crítica à sociedade de massa.
e) Fugindo às idéias deterministas, o relato das tra- d) fuga à realidade.
jetórias de jovens confinados no Ateneu por des-
vios de conduta trata exatamente da força das e) desejo de viver intensamente.
entidades educacionais contra a negatividade do
meio social.
“Boa Conceição! Chamavam-lhe ‘a santa’, e fazia jus sem sua alma, sem seu riso, sem sua terra,
ao título, tão facilmente suportava os esquecimen-
índio morreu. [...] Quando homem branco
tos do marido.”
5 veio, disse que índios falavam com espíritos
b) o tom irônico com que teria sido tomado o texto Com base no TEXTO 3 e na obra de Werner Zotz, é
machadiano. CORRETO afirmar que:
c) a perspectiva feminina, que mudaria a proposta 01. na obra, há dois narradores (o pajé e o curu-
de leitura do texto de partida. mim). No excerto, aparece a voz do pajé que faz
uma reflexão a respeito da aculturação de seu
d) a apropriação paródica, que reverteria a leitura
povo.
do conto de Machado.
02. o trecho faz uma crítica à destituição da cultura
indígena, que pode ser representada pela troca
Questão 144 - (PUC PR) de “cauim por cachaça” (linha 1).
esse baixo astral 08. a frase “E assim roubaram a alma do nosso povo”
(linhas 1-2) pode ser reescrita, mantendo o signi-
em que tudo entra pelo cano ficado, da seguinte forma: “E entretanto eles rou-
baram a alma do nosso povo”.
436 - www.PROJETOREDACAO.com.br
32. a forma “Quando homem branco veio” (linhas carnecia.
4-5) pode ser substituída por “Enquanto homem
branco veio”, sem perda de valor semântico, já 16. nas expressões Do alto (linha 1) e no alto (linha 2)
que as duas expressões são marcadores tempo- as palavras sublinhadas apresentam contração de
rais de ação ocorrida no passado. preposição com artigo, relacionam-se à palavra
alto e significam, respectivamente, procedência e
64. em “Quando homem branco veio, disse que ín- localização.
dios falavam com espíritos maus e índio deixou
de escutar a voz de dentro” (linhas 4-7), os verbos 32. o socorro que os caboclos tinham aguardado veio
destacados indicam, respectivamente, uma ação do alto, na forma de um avião.
concluída e uma ação habitual no passado.
I.
TEXTO: 70 - Comum à questão: 146TEXTO 4
Plácido Rodrigues, o padrinho de Cândida,
conseguira vencer a justíssima repugnância, tal-
vez a instintiva ou providencial obstinação da afi-
1 “Do alto tinham aguardado o socorro, lhada, trazendo-lhe de presente para sua muca-
ma a crioula Lucinda, que sabia pentear e fazer
o do exército encantado, e no alto voava o bonecas.
instrumento da morte. Entre o vôo Depois da ama, mulher livre, a mucama,
crioula escrava!...
espantado dos urubus, inclinavam-se as
Cândida tinha perdido a companhia da mu-
5 asas do aparelho que Setembrino de lher que era nobre, porque era livre, e o serviço
Carvalho tinha mandado para localizar de braços animados por coração cheio de amor
generoso, que é somente grande, quando a liber-
redutos. O avião ia e vinha, subia, baixava, dade exclui toda imposição de deveres forçados
por vontade absoluta de senhor.
girava. Ria-se das pedradas, dos tiros, dos
E em substituição da companheira livre, ami-
insultos. Navegava acima das espadas ga, e devotada, recebeu alegre a crioula quase de
sua idade, a mulher escrava, uma filha da mãe
10 eriçadas e do fogo dos fuzis, um poder que fera, uma vítima da opressão social, uma onda
envenenada desse oceano de vícios obrigados,
tinha saído das mãos dos homens para
de perversão lógica, de imoralidade congênita, de
aniquilar os homens.” influência corruptora e falaz, desse monstro de-
sumanizador de criaturas humanas, que se chama
SCHÜLER, Donaldo. Império caboclo. 2 ed. Florianó- escravidão.
polis: EdUFSC; Porto Alegre: Movimento, 2004, p.
210-211. MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes:
quadros da escravidão. 4 ed. São Paulo: Zouk, 2005.
p. 127.
438 - www.PROJETOREDACAO.com.br
daquelas que tiveram um contato maior com a escola
e com a leitura. Ainda no plano social, é importante
observarmos as diferenças na utilização da língua em Qual argumento, presente no texto I, confirma as afir-
função da situação de uso. Falamos de um modo mais mações presentes no texto II? Justifique.
informal quando estamos entre amigos, por exemplo,
e de um modo mais formal quando estamos no am-
biente de trabalho. Assim, as condições sociais são de- Questão 150 - (UNIFAP AP)
terminantes no modo de falar das pessoas, gerando o
que podemos chamar de variações socioculturais. Leia os textos a seguir:
Um outro fator determinante na utilização do idioma
é a localização geográfica. Nas diversas regiões do
Brasil, observamos diferenças no modo de pronunciar Soneto de Separação
as palavras, ou seja, há diferentes sotaques: o sota-
que mineiro, o gaúcho, o nordestino etc. Também no (Vinicius de Moraes)
vocabulário observam-se diferenças entre regiões e
também na fala de quem mora na capital e de quem
vive na zona rural. De repente do riso fez-se o pranto
Além desses fatores, é importante destacar também Silencioso e branco como a bruma
as variações que a língua sofre no decorrer do tempo,
ou seja, a variação histórica. Por exemplo, o vocabu- E das bocas unidas fez-se a espuma
lário muda: muitas palavras usadas freqüentemente
no século XIX caíram em desuso nos séculos XX e XXI. E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
Por outro lado, novas palavras e expressões surgiram
no século em decorrência de diversos fatores, como
o desenvolvimento tecnológico. Palavras como avião,
De repente da calma fez-se o vento
satélite espacial, computador e televisão certamente
não faziam parte da conversa das pessoas no século Que dos olhos desfez o pressentimento
XIX.
E do momento imóvel fez-se o drama.
(Moysés, Carlos Alberto. Língua Portuguesa: atividades
de leitura e produção de textos. SP: Saraiva, 2005.) De repente da calma fez-se o vento
Você já operou as amígdalas? Se não o fez, não es- De repente, não mais que de repente
tranhe se o médico tentar lhe tirar a tonsila palatina.
O ato cirúrgico continua o mesmo, mas o nome do Fez-se de triste o que se fez amante
órgão mudou. Como, aliás, mudarão muitos mais. A
terminologia anatômica em rigor desde 2001, quando E de sozinho o que se fez contente.
a Sociedade Brasileira de Anatomia traduziu a versão
em latim da Nomina Anatômica, ganhará adendos de
países como o Brasil num congresso internacional na Fez-se do amigo próximo o distante
África do Sul.
Fez-se da vida uma aventura errante
A Comissão Brasileira de Terminologia Anatômica da
SBA começa no início do ano a reunir as contribuições De repente, não mais que de repente.
do país a novas mudanças dos órgãos humanos. A
previsão é que, em 2007, surja nova leva de batismos
para órgãos velhos conhecidos, que, em seguida, ga-
nharão equivalentes em português.
(Camões)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 439
Alma minha gentil, que te partiste Revista IstoÉ, n.º 1882, 9 de novembro de 2005, p. 42.
Memória desta vida se consente, b) Aponte a relação assumida pelas orações do pe-
ríodo composto que você construiu.
Não te esqueças daquele amor ardente
Leia com atenção o fragmento abaixo:
Que já nos olhos meus tão puro vistes.
440 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Te deixo consternado
Mas não sê tão ingrata No texto 2, há vários elementos empregados para es-
tabelecer contrastes entre as culturas portuguesa e
Não esquece quem te amou
5
brasileira, exceto em
E em tua densa mata a) “Sardinhas, mandioca” (linha 27).
Se perdeu e se encontrou b) “Alecrins no canavial” (linha 20).
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal c) “Um vinho tropical” (linha 22).
10
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal d) “Licores na moringa” (linha 21).
E numa pororoca
www.PROJETOREDACAO.com.br - 441
Questão 155 - (UFG GO)
Pela primeira vez o atual prefeito da cidade e candi- Parte das peças deve ser garimpada em sebos, para
dato à reeleição [...] assume a liderança da disputa. transmitir a idéia de conhecimento sólido, erudição.
Entre as posições básicas para demonstrar inteligên-
ISTOÉ, São Paulo, 28 set. 2004, p. 8, Suplemento Elei- cia já na mesinha de centro, está o “ambiente moder-
ções. no”, cuja composição exige livros alegres e coloridos,
de artistas como Miro, Picasso, Mondrian. Acredita-se
que eles dão vivacidade ao espaço. Paloma Cotes
442 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 157 - (Mackenzie SP)
e) artistas como Miro, Picasso e Mondrian são uti- 1931. Óleo sobre tela. The Museum of Modern Art, NY.
lizados em decoração para desenvolver o gosto
pela arte moderna.
O RELÓGIO
como a consciência.
E repete. Repete.
HARPER, B. et al. “Cuidado, escola!”: desigualdade, Cada hora é fixada no ar, na alma,
domesticação e algumas saídas. 35 ed.São Paulo:
Brasiliense, 1994. p.46. continua soando na surdez.
do tempo da vida.
Questão 159 - (UFG GO) Imenso
Compare a reprodução do quadro de Salvador Dalí no pulso
com o poema de Carlos Drummond de Andrade.
este relógio vai comigo.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 443
Antologia poética. 51.ed. Rio de parte dos jovens brasileiros somente ganham essa
autonomia quando podem estudar em outro país. Lá
Janeiro: Record, 2002. p. 344. fora, trabalhar como baby-sitter e regar plantas para
complementar a renda é algo absolutamente normal.
[...]
Em diversos países, sair de casa jovem é um rito de passagem Questão 160 - (USS RJ)
natural para a vida adulta. Uma espécie de serviço militar obriga-
tório para deixar de lado a dependência doméstica e provar que é O texto nos revela que:
possível se virar sozinho. Nos Estados Unidos, alguns estudantes
preferem morar em alojamentos universitários mesmo quando a a) são diversas as razões e conseqüências pelas
casa dos pais está localizada na mesma cidade. Além de [isto] ser quais muitos jovens brasileiros não conquistam
encarado como uma forma de aproveitar ainda mais os anos de
universidade, há uma certa pressão familiar para que os filhos cor- cedo a autonomia.
tem logo o cordão umbilical com os pais.
b) os pais são os verdadeiros responsáveis pela não-
Nos países de cultura latina, a situação é outra. -emancipação dos jovens brasileiros.
Uma pesquisa publicada em 1996 na Espanha reve-
lou que, apesar da taxa de desemprego ser o dobro c) os jovens brasileiros vivem entediados por falta
da taxa alemã, boa parte dos jovens desempregados de oportunidade de realização pessoal.
espanhóis viviam melhor do que os sem trabalho da d) a classe média no Brasil é preconceituosa, por
Alemanha porque viviam com os pais. isso seus filhos trabalham no exterior.
No Brasil, as condições econômicas tornam o ato e) nos EUA, jovens estudantes deixam mais cedo o
de sair de casa um privilégio. Mas é claro que essa não lar quando os pais moram perto da universidade.
é a única razão para ver tantos jovens de classe média
– muitos deles com mais de 30 anos – protegidos no
ninho dos pais. Além das diferenças culturais, há uma
certa mentalidade que não estimula a autonomia Questão 161 - (ITA SP)
dos jovens no país. Talvez o traço mais visível dessa
mentalidade seja a resistência que os jovens brasilei- Leia o texto abaixo e assinale a alternativa correta:
ros têm para aceitar trabalhos considerados “menos
nobres”. É incrível como, por aqui, tarefas como tra-
balhar em fast-foods, servir mesas em restaurantes e Sonolento leitor, o jogo do Brasil já aconteceu. Como
carregar malas em hotéis são vistas com menosprezo. estou escrevendo ontem, não faço idéia do que ocor-
Os pais também são culpados disso. Preferem ver os reu. Porém, tentei adivinhar a atuação dos jogadores.
filhos fazendo nada sob suas asas a tê-los exercendo Cabe ao leitor avaliar minha avaliação e darme a nota
uma atividade “não tão nobre” como primeiro em- final.
prego. Em vez de se orgulharem de vê-los batalhando
seu espaço no mercado de trabalho, ficam preocupa- (TORERO, José Roberto. Folha de S. Paulo, 13/06/2002,
dos com o que as outras famílias vão pensar – como A-1)
se eles não fossem capazes de sustentar sua prole.
444 - www.PROJETOREDACAO.com.br
c) não observou a regra gramatical que impede o aprendizado da gramática.
uso do verbo no presente com aspecto durativo
juntamente com um marcador de passado. e) O conhecimento gramatical não garante que as
pessoas se expressem com clareza.
d) sinalizou explicitamente que a produção e a leitu-
ra do texto acontecem em momentos distintos.
e) lançou mão de um recurso que, embora grama- TEXTO: 76 - Comum à questão: 163
ticalmente incorreto, coloca o leitor e o produtor
do texto em momentos distintos: passado e pre- Gosto de sentir a minha língua roçar
sente, respectivamente. A língua de Luís de Camões
Esta língua?
Questão 162 - (ITA SP)
(...)
Aponte a alternativa que contém uma inferência que
NÃO pode ser feita com base nas idéias explicitadas
no texto.
Questão 163 - (ITA SP)
a) Freqüentemente, uma boa escola é uma espécie
A idéia central é que:
de passaporte para a ascensão.
a) a língua portuguesa está repleta de dificuldades,
b) O conjunto que abrange “gente de nível superior”
principalmente prosódias e paródias, para os fa-
não contém o subconjunto “secretárias”.
lantes brasileiros.
c) No âmbito da Universidade, os estudos da língua
b) autores de língua portuguesa, como Fernando
estão prioritariamente voltados para a prática lin-
Pessoa, Guimarães Rosa e Camões, têm estilos
güística.
diferentes.
d) A escola de qualidade inferior não favorece o
www.PROJETOREDACAO.com.br - 445
c) a pátria dos falantes é a língua, superando as marcha contraída, se desordena em turbulências.
fronteiras geopolíticas. Ainda não abaixaram as cabeças, e o trote é duro, sob
vez de aguilhoadas e gritos.
d) na língua portuguesa, é fundamental a associação
de palavras para criar efeitos sonoros. — Mais depressa, é para esmoer?! — ralha o Ma-
jor. — Boiada boa!...
e) a escola de samba Mangueira é uma legítima re-
presentante dos falantes da língua portuguesa. Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos,
cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias,
chamurros, churriados, corombos, cornetos, bocal-
vos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silvei-
Questão 164 - (ITA SP) ros... E os tocos da testa do mocho macheado, e as
Leia o texto abaixo. armas antigas do boi cornalão...
BoIeiros sob medida — Repele Juca... Viu a brabeza dos olhos? Vai com
sangue no cangote...
Ciência e futebol é uma tabelinha raramente esbo-
çada no Brasil. A academia não costuma eleger os — Só ruindade e mais ruindade, de em-desde o
gramados como objeto de estudo e o mundo dos bo- redemunho da testa até na volta da pá! Este eu não
leiros tampouco tem o hábito de, digamos, dar bola vou perder de olho, que ele é boi espirrador...
para o que os pesquisadores dizem sobre o esporte Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde
mais popular do planeta. Numa situação privilegiada pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os
nos dois campos, tanto na ciência quanto no futebol, vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas, porque
Turíbio Leite de Barros, diretor do centro de Medicina a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-
da Atividade Física e do Esporte da Universidade Fe- -se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro
deral de São Paulo (Cemafe/Unifesp) e fisiologista da da multidão movediça há giros estranhos, que não os
equipe do São Paulo Futebol Clube há 15 anos, produ- deslocamentos normais do gado em marcha – quando
ziu um estudo que traça o perfil do futebol praticado sempre alguns disputam a colocação na vanguarda,
hoje no Brasil do ponto de vista das exigências físicas outros procuram o centro, e muitos se deixam levar,
a que os jogadores de cada posição do time são sub- empurrados, sobrenadando quase, com os mais fra-
metidos numa partida. cos rolando para os lados e os mais pesados tardando
(MARCOS PIVETTA. Pesquisa. FAPESP, maio de 2002, p. para trás, no coice da procissão.
42) — Eh, boi lá!... Eh-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou...
b) O título pode ser considerado ambíguo devido “Um boi preto, um boi pintado,
à expressão “sob medida”. Aponte dois sentidos cada um tem sua cor.
possíveis para a expressão, relacionando-os ao
conteúdo do texto. Cada coração um jeito
Nenhum perigo, por ora, com os dois lados da tem seu pio diferente.
estrada tapados pelas cercas. Mas o gado gordo, na Cantiga de amor doído
446 - www.PROJETOREDACAO.com.br
não carece ter rompante...”. Questão 166 - (Mackenzie SP)
Pouco a pouco, porém, os rostos se desempanam e os De acordo com o texto, é correto afirmar que,
homens tomam gesto de repouso nas selas, satisfei-
tos. Que de trinta, trezentos ou três mil, só está quase a) em todo o Brasil, as palavras xará e tocaio são
pronta a boiada quando as alimárias se aglutinam em utilizadas com o mesmo sentido, isto é, com o
bicho inteiro — centopeia —, mesmo prestes assim significado de “pessoa que tem o mesmo nome”.
para surpresas más.
b) quando se casavam, os romanos modificavam
(João Guimarães Rosa, O burrinho pedrês. In: Sagarana) seus nomes originais para Caio ou Caia, confor-
me o sexo.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 447
TEXTO: 80 - Comum à questão: 168 vernas mais profundas da nossa ancestralidade, nos
subterrâneos da nossa aventura, escondem-se dela-
O MELHOR DE CALVIN / Bill Walterson tores e terroristas, carcereiros e torturadores, cas-
sandras* e patriotas, usurpadores e fanáticos, pre-
dadores e corruptos, seqüestradores e sociopatas. As
guerras são a hora da sua plena liberação.
Questão 169 - (UNESP SP) Às vezes é difícil crer que já fomos assim. Não,
nunca fomos assim, hoje em dia é muito diferente.
A economia argentina já está respirando sem apare- E, por outro lado, quase não dá para acreditar que os
lhos. Um dado eloqüente dessa recuperação: o Bra- portadores de certas cataduras assustadoras ou re-
sil aumentou em 100% suas exportações para lá em pelentes, que vemos na rua ou na televisão, já foram
março, em comparação com o mesmo período do bebês, talvez rechonchudos, fofinhos e todos os ad-
ano passado. jetivos dengosos que costumamos usar em relação a
bebês. Não, não, esse canalha aí nunca foi neném, já
(Revista “Veja”, 02.04.2003.) apareceu com esse aspecto, essa cara untuosa e ma-
lévola de quem está permanentemente aplicando um
golpe no semelhante.
Nas tempestades de areia do nosso destino, nas ca- Mas fomos, já fomos nenéns e, ai de nós, já fomos
448 - www.PROJETOREDACAO.com.br
adolescentes. Penso nisto enquanto procuro conter se enquadra em nenhum desses códigos de velho. Ou-
as nênias de horror que me tumultuam o peito fati- tra passa a sanduíches e cata meticulosamente qual-
gado, ao encontrar de manhã a pia da cozinha cheia quer prato de natureza diversa, enquanto se queixa
de garrafas de água e cubas de gelo vazias, portas de da algozaria do destino, que a submete a um regime
armários abertas, tênis e camisetas jogadas pelo chão inaceitável para qualquer pessoa normal – y compris
e outros vestígios que a adolescência deixa em seu coisas borrachudas, coisas meladas, coisas dessa cor,
rastro, como bem poderão testemunhar pais de ado- coisas daqueloutra, coisas secas, coisas branquelas e
lescentes e de ex-adolescentes. Conheço vários pais muitas outras coisas por nós imemorizáveis. Outra só
que rogam praga – aqui se faz, aqui se paga; quando come o que, a cada dia, lhe ditam entidades para nós
doer no bolso deles, aí é que eles vão ver; deixa ele misteriosas, cuja única coerência é rejeitar tudo o que
casar com uma megera, que ele vai ver o que é bom na semana passada era uma delícia.
para a tosse, e assim por diante.
Isso nos preocupava, porque tornava impossível
Não adianta nada, é claro. As pragas podem até organizar uma mesa de almoço ou jantar. Éramos
colar, mas não têm efeito retroativo e talvez já nem obrigados a conceber e preparar um menu para cada
estejamos neste vale de lágrimas, quando se concre- um, com os naturais transtornos acarretados para a
tizarem. Mas quiçá encontremos algum consolo e es- administração do lar e a economia doméstica. Meu
perança, ao contribuir para o acúmulo e intercâmbio filho, entretanto, me abriu horizontes. Da mesma for-
das descobertas mais relevantes, a respeito dos ado- ma que deixar tudo ligado e comprar novo aparelho
lescentes. Pai de dois e, atualmente, anfitrião de mais de som para substituir aquele em que derramaram
dois, creio que posso oferecer algumas achegas, fruto sorvete é a solução, contratar um bufê para cada um
de observação científica e de experiência duramen- é o caminho mais indicado. Faz-se apenas uma pe-
te vivenciada. Mártir da ciência e do conhecimento, quena despesa, que não é nada diante dos ganhos de
menciono algumas, despretensiosamente e sem or- tranqüilidade e paz obtidos.
dem de importância.
E eles pagam mico. Todos eles pagam mico por
A primeira é que eles são surdos. Estou convicto nossa causa. Em meu caso pessoal, devo evitar, por
de que o sentido da audição só completa seu apara- exemplo, dançar. Se eu dançar em público e na pre-
to com a maturidade. Antes, precisa de considerável sença deles, é um mico impiedoso. Isso se estende a
estímulo para funcionar. É imperioso ter compreen- muitas atividades que me são vedadas e das quais te-
são para com o fato inescapável de que, para que eles nho que manter um rol atualizado. Outro dia, à saída
possam entender o que se fala na TV, necessitam de de um restaurante, resolvi cantarolar, de mãos dadas
um volume suficiente para abafar três trios elétricos. com minha filha mais nova. Ela deu uma corridinha,
Do contrário, não entendem nada e, muito justamen- se afastando de mim em grande embaraço. Inadver-
te, se revoltam. Como lemos nos jornais que os ado- tidamente, eu a tinha feito pagar um mico indelével,
lescentes revoltados esquartejam pais e avós, entram que até agora a traumatiza e, sem dúvida, a seguirá
para seitas orientais que preceituam a abstenção de pela vida afora.
banhos ou erigem Átila como modelo, cabe nos resig-
narmos e nos refugiarmos num quarto acusticamen- Não, nunca fomos assim, no nosso tempo era di-
te isolado. Penso nisso e baixo a mira do rifle que já ferente. Faço um exame de consciência, para confir-
endereçava às caixas de som do home theater de um mar esta impressão. Bem, e o dia em que resolvi botar
brioso adolescente, nosso vizinho, que no momento ácido sulfúrico nas verrugas que me faziam pagar os
espalha seu som por toda a Zona Sul do Rio de Janei- piores micos, assim esburacando por contato a casa
ro. toda, de sofás a estatuetas? E o dia em que, treinando
para lançador de facas, transformei a porta do meu
Apagar luzes e aparelhos elétricos em geral é ab- quarto numa peneira? E como me considerava o mais
solutamente estrangeiro à adolescência. Quando re- infeliz dos homens, por ser forçado a tomar sopa em
clamei a meu filho de 17 anos, ele me apontou uma jantares de cerimônia? É, melhor não mexer nessas
solução óbvia, que minha obtusidade anciã não me coisas. Aqui se faz, aqui se paga, pensando bem.
deixava perceber.
(RIBEIRO, João Ubaldo. Nós também já fomos. O Globo,
– A luz é só pagar – disse ele. – E, os aparelhos, é Rio de Janeiro, 17 jan 1999. c. 1 , p. 6.)
só comprar novos.
Vocabulário:
Perfeitamente, como não me havia ocorrido isso
antes? Nem cheguei a abordar o problema, tornado Algozaria – Ação própria do algoz; crueldade.
bastante flagrante com a presença de outros jovens
aqui em casa. Trata-se da circunstância de que um não Catadura – Semblante, aspecto, aparência.
come carnes (inclusive de peixe), embora se indigne, Nênia – Canto fúnebre; canção plangente, melancó-
quando chamado de vegetariano. Não é vegetariano, lica.
até porque detesta verdura e sua dieta de farofa com
lingüiça, feijão e arroz é absolutamente pessoal, não Y compris (francês) – Incluindo.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 449
Home theater (inglês) – Disposição de aparelho sono- tolerância e pela insinceridade recíprocas.
ro que dá aos ouvintes sensação de som ao vivo.
c) a inconseqüência dos diálogos, já que a um e a
outro interessa apenas a reiteração de seus pon-
tos de vista.
a) I.
Na avaliação da autora, o que habitualmente caracte-
riza a relação do adulto com o velho é: b) II.
Assinale a interpretação sugerida pelo seguinte tre- Existirmos, a que será que se destina?
cho publicitário:
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
c) a descoberta do amor.
Questão 174 - (ITA SP)
d) o sofrimento sem razão.
Leia o seguinte trecho com atenção:
e) a lembrança da infância.
Linguagem Viva, nº 142. São Paulo, jun. 2001, p. 2.) Que a folha traga e traduz
O confronto das frases “Os cavalos pisavam” e “A rigor Em vida, em força e em luz
não pisavam” concretiza:
Céu azul,
a) um desmentido.
Que vem até aonde os pés tocam a terra
b) uma indecisão.
E a terra expira e exala seus azuis.
c) uma ironia.
d) uma contradição.
Reza, reza o rio,
e) um reforço
Córrego pro rio,
www.PROJETOREDACAO.com.br - 451
Doura a areia. ve ciclo da fantasia do samba logo se segue a arden-
te realidade do futebol? Desmontaram o palanque
por onde desfilou a elite do samba? E daí? Lá está o
Maracanã, rampas gigantescas, assentos interminá-
Marcha o homem sobre o chão, veis, tudo pronto para o grande desfile de angústias
Leva no coração uma ferida acesa. e paixões que precedem a glória de um chute. Agora
mesmo, alguém me veio dizer, contente, que a grama
Dono do sim e do não está uma beleza, de área a área, e que, com as últimas
chuvas, o verde rebentou verdíssimo.
Diante da visão da infinita beleza
Salgueiro, Fluminense, Mangueira, Flamengo,
Finda por ferir com a mão essa delicadeza, Império, Botafogo - milagrosa alternação de emoções
na vida de uma cidade; passos e passes de uma gente
A coisa mais querida: que curtiu seu amor ao mesmo tempo no contratem-
po de um tamborim e no instante infinito de um gol.
A glória da vida.
Mal se foi o Salgueiro, já vem chegando o Flamen-
go, preto e vermelho, apontando, ardente, na boca do
(Caetano Veloso) túnel que se abre para a multidão em delírio.
d) alternância
TEXTO: 84 - Comum à questão: 177
e) oposição
A Alma Esférica do Carioca
Por que, então, chorar a festa passada se ao bre- Vertem lustrais irradiações intensas
452 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Cintilações de lâmpadas suspensas a) Recompor sua experiência vivida;
Como os velhos Templários medievais c) Separar sua vida presente da dos amigos que per-
deu;
Entrei um dia nessas catedrais
d) Unir sua vida presente à dos amigos perdidos;
E nesses templos claros e risonhos...
e) Ignorar que o passado e o presente se somam.
e) visuais e cromáticas
(Machado de Assis – Dom Casmurro. Rio: Aguilar, d) de uma narrativa em que se expõem as condi-
1959) ções específicas de trabalho na zona rural, em
confronto com o trabalho mais livre, nas áreas
urbanizadas.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 453
TEXTO: 97 - Comuns às questões: 181, 189, 195 colher uma alternativa menor, conquistar o mundo.
É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, como cidadãos Não sei se é verdade, mas fiquei pensando no que
eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos re-
isto significa para os escritores de hoje e daqui. Em
presentantes no governo. Mas é igualmente verdade que a possibi-
lidade de ação democrática começa e acaba aí. primeiro lugar, claro, leva a pensar na enorme impor-
tância que tinha a literatura nos séculos XVIII e XIX, e
O eleitor poderá tirar do poder um governo que não apenas na França, onde, anos depois de Napoleão
não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu Bonaparte, um Vitor Hugo empolgaria multidões e fa-
voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer ria história não com batalhões e canhões mas com a
efeito visível sobre a única real força que governa o força da palavra escrita, e não só em conclamações e
mundo e, portanto, o seu país e a sua pessoa. panfletos mas, muitas vezes, na forma de ficção. Não
sei se devemos invejar uma época em que reputações
Refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em literárias e reputações guerreiras se equivaliam dessa
particular à parte dele sempre em aumento, gerida maneira, e em que até a imaginação tinha tanto po-
pelas empresas multinacionais de acordo com estra- der. Mas acho que podemos invejar, pelo menos um
tégias de domínio que nada têm que ver com aquele pouco, o que a literatura tinha então e parece ter per-
bem comum a que, por definição, a democracia aspi- dido: relevância. Se Napoleão pensava que podia ser
ra. tão relevante escrevendo romances quanto coman-
dando exércitos, e se Vitor Hugo podia morrer como
Todos sabemos que é assim e, contudo, por uma um dos homens mais relevantes do seu tempo sem
espécie de automatismo verbal e mental que não nos nunca ter trocado a palavra e a imaginação por armas,
deixa ver a nudez crua dos fatos, continuamos a fa- então uma pergunta que nenhum escritor daquele
lar de democracia como se se tratasse de algo vivo e tempo se fazia é essa que nos fazemos o tempo todo:
atuante, quando dela pouco mais nos resta que um para o que serve a literatura, de que adianta a palavra
conjunto de forças ritualizadas, os inócuos passes e os impressa, onde está a nossa relevância? Gostávamos
gestos de uma espécie de missa laica. de pensar que era através dos seus escritores e inte-
lectuais que o mundo se pensava e se entendia, e a
(José Saramago – Trecho do discurso pronunciado no
experiência humana era racionalizada. O estado irra-
“Fórum de Porto Alegre”, realizado em janeiro de
cional do mundo neste começo de século é a medida
2002)
do fracasso desta missão, ou desta ilusão.
O texto:
Questão 182 - (UNIFOR CE)
a) descreve uma situação política para a qual se exi-
Está correta a seguinte afirmação a respeito do texto:
ge mudança.
a) o autor coloca em dúvida a importância que a His-
b) relata fatos vinculados à política partidária.
tória atribui tanto às guerras quanto à literatura.
c) tece comentários a respeito da postura do elei-
b) a época atual não oferece representantes dignos
tor.
do valor e da capacidade literária dos escritores
d) disserta sobre a ausência da verdadeira ação de- de séculos passados.
mocrática.
c) criações literárias são capazes de mobilizar o
e) argumenta a respeito da nulidade do voto como mundo, tanto quanto a guerra.
fator de progresso.
d) na França dos séculos XVIII e XIX obtinham mais
prestígio aqueles que se dedicavam às guerras do
que à literatura.
TEXTO: 99 - Comuns às questões: 182, 197
e) Vitor Hugo consolidou seu valor literário com
Não faz muito, li um artigo sobre as pretensões li- suas obras de fundo histórico, como as guerras
terárias de Napoleão Bonaparte. Aparentemente, Na- napoleônicas.
poleão era um escritor frustrado. Tinha escrito contos
e poemas na juventude, escreveu muito sobre política
e estratégia militar e sonhava em escrever um grande
TEXTO: 90 - Comum à questão: 183
romance. Acreditava-se, mesmo, que Napoleão con-
siderava a literatura sua verdadeira vocação, e que foi Não faz muito, li um artigo sobre as pretensões li-
sua incapacidade de escrever um grande romance e terárias de Napoleão Bonaparte. Aparentemente, Na-
conquistar uma reputação literária que o levou a es-
454 - www.PROJETOREDACAO.com.br
poleão era um escritor frustrado. Tinha escrito contos TEXTO: 91 - Comum à questão: 184
e poemas na juventude, escreveu muito sobre política
e estratégia militar e sonhava em escrever um grande Gostava de jipe, não de automóvel, e dirigia com extrema
romance. Acreditava-se, mesmo, que Napoleão con- cautela. Evitava o centro urbano, e quando tinha de ir
siderava a literatura sua verdadeira vocação, e que foi até lá, descrevia longas voltas e terminava a pé, para
sua incapacidade de escrever um grande romance e não se expor ao tráfego desembestado das ruas prin-
conquistar uma reputação literária que o levou a es- cipais. Os filhos riam, pondo em dúvida sua capacida-
colher uma alternativa menor, conquistar o mundo. de no volante. Mas todos arrebentavam a máquina,
ao usá-la, e ele tinha como pequena glória nunca ter
Não sei se é verdade, mas fiquei pensando no que dado uma batida.
isto significa para os escritores de hoje e daqui. Em
primeiro lugar, claro, leva a pensar na enorme impor- Como pequena glória. Porque as maiores eram as
tância que tinha a literatura nos séculos XVIII e XIX, e que lhe vinham do sítio. Possuíra fazenda, agora tinha
não apenas na França, onde, anos depois de Napoleão sítio. E ficava feliz quando o jipe tropicador o levava
Bonaparte, um Vitor Hugo empolgaria multidões e fa- para a modesta pasárgada. Esquecendo-se da idade,
ria história não com batalhões e canhões mas com a punha exagero de moço – trinta anos depois – em ca-
força da palavra escrita, e não só em conclamações e pinar, plantar, podar; se chovia, plantava mentalmen-
panfletos mas, muitas vezes, na forma de ficção. Não te. Orgulhava-se de produzir não só frutas tropicais
sei se devemos invejar uma época em que reputações como subtropicais. Um cruzamento de espécies, de-
literárias e reputações guerreiras se equivaliam dessa terminando novo sabor, nova forma ou colorido, era
maneira, e em que até a imaginação tinha tanto po- uma festa para ele. O sítio confinava com uma fazen-
der. Mas acho que podemos invejar, pelo menos um da; matava saudades do antigo latifúndio ouvindo, à
pouco, o que a literatura tinha então e parece ter per- distância, o vozeio dos vaqueiros, o urro do jumento,
dido: relevância. Se Napoleão pensava que podia ser pontual como um relógio.
tão relevante escrevendo romances quanto coman-
dando exércitos, e se Vitor Hugo podia morrer como Bacharel? Sim, fizera o curso de Direito, tirara di-
um dos homens mais relevantes do seu tempo sem ploma, se necessário lutava contra empresas podero-
nunca ter trocado a palavra e a imaginação por armas, sas, e vencia, sem ligar muito a isso. Guardava os li-
então uma pergunta que nenhum escritor daquele vros essenciais ao exercício da profissão, só esses, no
tempo se fazia é essa que nos fazemos o tempo todo: pequeno armário envidraçado. Sua consulta constan-
para o que serve a literatura, de que adianta a palavra te era às sementes, à terra, ao tempo; nem se lem-
impressa, onde está a nossa relevância? Gostávamos brava mais de que, na mocidade, cultivara as letras,
de pensar que era através dos seus escritores e inte- escrevera poemas em prosa neo-simbolistas, induzira
lectuais que o mundo se pensava e se entendia, e a o irmão menor a seguir o ofício de juntar palavras.
experiência humana era racionalizada. O estado irra- Em 1959 bateu um recorde negativo, escrevendo só
cional do mundo neste começo de século é a medida quatro cartas, profissionais e concisas.
do fracasso desta missão, ou desta ilusão. Anos e anos escoados na cidadezinha natal, entre
problemas pequenos e grandes que nunca se resol-
viam. [...] Mudou de terra e de vida.
c) o fato de os brasileiros preferirem o produto im- b) pessoas mais velhas e jovens, devido a seus hábi-
portado ao nacional. tos.
Sim, adiamos, uma vez que há um incoercível e) em vão expressa o modo como palavras-tabu de-
destino nacional, do mesmo modo que, por força do vem ser proferidas.
destino, o francês poupa dinheiro, o inglês confia no
Time, o português espera o retorno de Dom Sebas-
tião, o alemão trabalha com furor disciplinado, o es-
Questão 187 - (Mackenzie SP)
panhol se excita diante da morte, o japonês esconde
o pensamento e o americano usa gravatas insuportá-
veis. É correto afirmar:
O brasileiro adia; logo existe. a) o uso do presente verbal é recurso utilizado para
restringir as idéias a algo questionável.
Questão 185 - (UNIFOR CE) c) substituindo-se ela por “elas” em Ela pode tor-
nar-se, a forma verbal correta é “podem torna-
O texto: rem-se”.
a) analisa paralelamente dois traços do comporta- d) em Nós já a encontramos, o pronome oblíquo
mento brasileiro. refere-se a assimilação.
b) encara a conduta do brasileiro como a do ho- e) em Ela pode tornar-se objeto de profanação, a
mem do amanhã. expressão pode tornar-se denota possibilidade
futura.
c) censura a prática do adiamento característica do
brasileiro.
b) apenas II concebe o homem como dependente e) contrapõe-se ao poder econômico enquanto pro-
dos outros. motor do bem comum.
TEXTO: 98 - Comuns às questões: 179, 196 Não sei se é verdade, mas fiquei pensando no que
isto significa para os escritores de hoje e daqui. Em
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, primeiro lugar, claro, leva a pensar na enorme impor-
e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, tância que tinha a literatura nos séculos XVIII e XIX, e
não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em não apenas na França, onde, anos depois de Napoleão
tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se Bonaparte, um Vitor Hugo empolgaria multidões e fa-
só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se ria história não com batalhões e canhões mas com a
mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu força da palavra escrita, e não só em conclamações e
mesmo, e essa lacuna é tudo. O que aqui está é, mal panfletos mas, muitas vezes, na forma de ficção. Não
comparando, semelhante à pintura que se põe na sei se devemos invejar uma época em que reputações
barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábi- literárias e reputações guerreiras se equivaliam dessa
to externo, como se diz nas autópsias; o interno não maneira, e em que até a imaginação tinha tanto po-
agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos der. Mas acho que podemos invejar, pelo menos um
de idade poderia enganar os estranhos, como todos pouco, o que a literatura tinha então e parece ter per-
os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que dido: relevância. Se Napoleão pensava que podia ser
me restam são de data recente; todos os antigos fo- tão relevante escrevendo romances quanto coman-
ram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto dando exércitos, e se Vitor Hugo podia morrer como
às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de um dos homens mais relevantes do seu tempo sem
menos, e quase todas crêem na mocidade. Duas ou nunca ter trocado a palavra e a imaginação por armas,
três fariam crer nela aos outros, mas a língua que fa- então uma pergunta que nenhum escritor daquele
lam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal tempo se fazia é essa que nos fazemos o tempo todo:
freqüência é cansativa.” para o que serve a literatura, de que adianta a palavra
impressa, onde está a nossa relevância? Gostávamos
(Machado de Assis – Dom Casmurro. Rio: Aguilar,
de pensar que era através dos seus escritores e inte-
1959)
lectuais que o mundo se pensava e se entendia, e a
experiência humana era racionalizada. O estado irra-
cional do mundo neste começo de século é a medida
Questão 196 - (UNIMAR SP) do fracasso desta missão, ou desta ilusão.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 461
mo fato de modos distintos, considere os itens abaixo:
As capas das três revistas semanais de maior circula- b) Na segunda versão, uma expressão nominal e
ção no país tratam dos atentados ocorridos nos EUA, uma expressão verbal que possam estar suben-
em 11 de setembro de 2001. tendidas.
Tendo em vista essa possibilidade de abordar o mes- Leia o trecho abaixo, retirado de um artigo de Con-
tardo Calligaris, intitulado “Guerra contra quem?” e
462 - www.PROJETOREDACAO.com.br
publicado na Folha de S. Paulo, de 27 set. 200l: nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas; e
estão acerca disso com tanta inocência como têm em
mostrar o rosto. […] Porém a terra em si é de muito
bons ares, […]. E em tal maneira é graciosa que, que-
No processo de descolonização desde o fim da Segun- rendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
da Guerra Mundial, o mundo islâmico parece nunca águas que tem.”
ter conseguido (ou quase) produzir uma democracia.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 463
Questão 204 - (FUVEST SP) Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! mi-
nha amada; de mim existem apenas meus olhos rece-
Neste anúncio, a imagem fotográfica associa-se mais bendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glória e me
diretamente à palavra sorria e à expressão: faz magnífico.
a) “mais de 300 salas VIP”. Rubem Braga
b) “acumular e utilizar pontos”.
(Aposentada compra caixão para o futuro. Folha de S. Assinale a alternativa que contenha a mesma figura
Paulo, 22/8/1992, adaptado.) de pensamento existente no período abaixo:
a) Localize um trecho que revela ironia. “Uns querem o mal, e fazem-nos o bem. Outros nos
almejam o bem, e trazem o mal.” ( Rui Barbosa)
b) Explique como se dá esse efeito de ironia.
a) “Gente inimiga era tanta, tantas bandeiras no
céu, que o sol, baixando atrás delas, como que se
escureceu.” ( J. Budin)
TEXTO: 103 - Comum à questão: 206
b) “ Sabei, cristãos, sabei, príncipes, sabei, ministros,
O pavão que se vos há de pedir estreita conta do que fizes-
tes, mas muito mais do que deixastes de fazer”. (
Padre Antônio Vieira)
E considerei a glória de um pavão ostentando o c) “O aroma nupcial dos jasmins delirantes, diluindo
esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas an- um cheiro acre de resinas, espiritualizava e ador-
dei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas mecia o ar meigo e silencioso...” ( Raul de Leoni)
não existem na pena do pavão. Não há pigmentos.
O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz d) “O chefe do governo, timoneiro seguro, vai con-
fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco- duzindo a nau do Estado, através de escolhos no
-íris de plumas. mar encapelado de política.” ( Vitório Bergo).
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, e) “Este mundo não é pátria nossa, é desterro, não
atingir o máximo de matizes com o mínimo de ele- é morada, é estalagem; não é porto, é mar por
mentos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu gran- onde navegamos.” ( Padre Bernardes).
de mistério é a simplicidade.
464 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 208 - (UNICAMP SP) tor. Duro, triste, real.” (Laércio Zanini, Garça, SP)
“Não seria o caso de a Prefeitura pagar por cada nova TEXTO: 104 - Comum à questão: 210
pichação feita na cidade? É claro que sim. Se todos
entrassem com uma ação simultaneamente, com O século 12 foi um dos mais dinâmicos e criativos
certeza o prefeito encontraria novas atribuições para da história do Ocidente. Ao longo dele a população
a Guarda Municipal. Vide sugestão na nota anterior européia passou de 4,5 milhões de habitantes para
que também poderia ser aplicada nestes casos. “ quase 6 milhões (cifras expressivas para a época), sur-
giram dezenas de novas cidades, a produção agrícola
e artesanal cresceu muito, foram adotadas e desen-
volvidas diversas inovações científicas e técnicas, re-
a) Qual é a conclusão implícita na seqüência “neste cuperaram-se e revalorizaram-se variados elementos
ano, só no período de janeiro a abril, já foram literários, filosóficos e artísticos da cultura greco-lati-
31”, que se encontra na primeira nota? na (daí se falar em Renascimento do século 12), nas-
ceram as universidades, depois de longa gestação as
b) Explicite a sugestão dada no final da segunda línguas vernáculas consolidaram-se e – sem contradi-
nota. ção com o elemento anterior – o latim conheceu uma
qualidade literária somente igualada muitos séculos
antes, na época de Cícero e Virgílio. E, já se propôs
Questão 209 - (UNICAMP SP) mesmo, “o amor foi uma invenção do século 12”.
O texto abaixo foi publicado na seção “Cartas do lei- Na verdade, essa definição de um estudioso de
tor” da Folha de S. Paulo de 30/08/2000. Referida a fins do século 19 estava muito baseada nas semelhan-
um crime que teve repercussão na imprensa escrita ças que via entre o amor romântico de sua própria
e falada, esta carta dá uma notável demonstração de época e as características do amor do século 12. Este,
machismo e desprezo pelas mulheres. para os dias de hoje, parece bem diferente do sen-
timento que se tende a considerar terreno, carnal,
igualitário. Ele resultava das especulações e experiên-
cias da corrente mística do cristianismo e das conven-
“A recente morte violenta de uma jornalista choca a ções e práticas da vassalagem nas cortes feudais.
todos porque, nesse fato, o assassino foge ao perfil
comum de tais tipos, mas certas situações que le- Hilário Franco Júnior
vam a isso estão aí, nos círculos milionários, meios
artísticos, esportivos e de poder. Tudo porque o ho-
mem não aprende. Há milênios, gosta de passar aos Questão 210 - (Mackenzie SP)
demais uma imagem de eterna juventude e virilida-
de, posando com fêmeas muito mais jovens. Fingem Assinale a afirmação correta, considerando o primei-
acreditar que elas estão aí por amá-los. São poucas ro parágrafo.
vezes atraídas pelo seu intelecto, e muitas pela fama,
poder e dinheiro. A durabilidade de tais ligações, no a) A afirmação inicial sobre o século 12 exige que os
geral, termina quando tal fêmea atinge seu objetivo. dados da frase seguinte se restrinjam a aspectos
Pior ainda, quando essa fêmea mostra também inte- científicos e técnicos da época.
lecto e capacidade de sobrevivência sem seu prote-
b) O segundo período (linhas de 2 a 19) justifica a
www.PROJETOREDACAO.com.br - 465
afirmação feita acerca do século 12 na frase ini-
cial do texto.
Ao assumir o governo de Minas, em 83, Tan-
c) O terceiro período (linhas 19 a 21) apresenta credo Neves herdou de seu antecessor, Francelino
uma idéia que contraria o fato de o século 12 ser Pereira, um decreto que proibia o corte de madeira na
considerado um dos mais dinâmicos e criativos mata, nos arredores de Ouro Preto.
da história do Ocidente.
O objetivo do decreto era preservar a .imagem
d) Cícero e Virgílio foram citados como comprova- histórica. da cidade. Mas os moradores pobres da
ção da importância das universidades no século região protestavam, porque ainda utilizavam fogões
12. a lenha para cozinhar. Tancredo revogou o decreto,
para a ira dos ambientalistas. E justificou-se:
e) A frase (daí se falar em Renascimento do século
12), linhas 12 e 13, indica a causa da citada recu- - Cassei o decreto para garantir o seu objetivo de
peração e revalorização de elementos da cultura manter inalterado o cenário histórico!
greco-latina.
Diante da surpresa dos ambientalistas, passou a
explicar:
Questão 211 - (Mackenzie SP) - No século 18 não havia fogão a gás, só havia
fogão a lenha, concordam?
Assinale a alternativa correta em relação aos frag-
mentos I e II. Todos concordaram. Matreiro, Tancredo arrema-
tou:
TEXTO: 105 - Comum à questão: 212 TEXTO: 106 - Comum à questão: 213
(Marcelo Leite. Ciclo menstrual pode alterar esco- e) Afirmação de que os participantes da reunião es-
lha sexual, Folha de São Paulo, Caderno Ciência. queceram-se que estavam no Brasil.
14/6/1999.)
(Pasquale Cipro Neto. Folha de São Paulo, Caderno Coti- Questão 217 - (ITA SP)
diano. 24/6/1999) No texto, há a seguinte afirmação: “[Entrevistar Sara-
mago] é se equilibrar com dificuldades no dorso de
um tigre.” NÃO se depreende de tal afirmação que o
Pode-se afirmar que há no texto: escritor:
www.PROJETOREDACAO.com.br - 469
canibal Dr. Lecter guagem de criança. Não. Por quê? Essa linguagem de
caipira ou de criança vai ensinar mal. É uma aberra-
ção, uma estorinha trazer “nós vai” e cortar os verbos
infinitivos: “passeá”, “falá”. Isso é incongruente com a
“É difícil pensar e escrever com tanto cabelo” civilização. Quando se diz que os Estados Unidos são
Pamela Anderson, atriz, desmentindo os comentários educated people, educated country, quer dizer que é
de que estaria escrevendo um povo educado, é um povo bem-formado. Ao pas-
so que aqui, no Brasil, educado é somente o fulano
uma autobiografia que come bonito com garfo e faca.”
(Carlos Drummond de Andrade, de A rosa do povo) III) A imagem da terra “sem igrejas nem quartéis”, no
Texto 1, sugere que o sujeito lírico atribui a essas
instituições a defesa de interesses que são de to-
dos os homens.
b) há um acordo quanto à nomenclatura usada, em- d) iniciar um pensamento conclusivo, podendo ser
bora essas mudanças sejam definidas de muitas substituído pelo conectivo portanto.
maneiras.
e) introduzir uma ressalva em relação às idéias que
c) a intelectualidade reconhece seu ritmo intenso, foram expressas nos quartetos.
mas o faz de um modo disfarçado.
pois consigo tal alma está liada. escuta, agora, a canção que eu fiz
que, como um acidente em seu sujeito, eu sou apenas um pobre amador apaixonado
e o vivo e puro amor de que sou feito, que eu sei que embaixo deste neve mora um coração.
me dá tua mão
a) Antônio Carlos Jobim revela grandes influências Na quinta torce agora a porca o rabo:
da literatura ocidental em seus versos, já que os
mesmos são inspirados na produção poética gre- A sexta vá também desta maneira,
co-parnasiana.
Na sétima entro já com grã canseira,
b) Esta é uma composição escrita nos moldes camo-
nianos de Os Lusíadas, que descreve a paisagem, E saio dos quartetos muito brabo.
a fauna e flora, os costumes e tradições do india-
nismo.
Agora nos tercetos que direi?
c) O autor, Antônio Carlos Jobim, sofre a forte in-
fluência poética de Lord Byron e Musset, que Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais,
também é conhecida como influência da Geração
de Orpheu. Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei.
www.PROJETOREDACAO.com.br - 473
tava de bateria arriada e precisava ser empurrado. Questão 229 - (FUVEST SP)
Trabalhava num vespertino, seu texto era barro- A Casa não passava, bem dizer, de uma casarancho.
co, cobria festividades cívicas e religiosas. Era – se- A rebaixa – um alpendre cercado -; o rancho de car-
gundo o meu pai – uma boa alma, embora fosse ruim ros-de-boi; outros ranchos; outras casinhas; outros
de corpo. Um dia, me levou para um canto da redação rústicos pavilhões.
e recitou-me um soneto de sua lavra, os olhos faiscan-
do de lascívia contrariada. A apresentação de elementos descritivos estáticos,
por meio de frases nominais, ocorre também em:
Esqueci o soneto minutos depois. Guardei por
uns tempos o final, aquilo que os parnasianos chama- a) Convidei-o silenciosamente olhando uma janela
por onde se viam, sobre livros de escrituração, as
vam de “chave de ouro”. Transcrito em papel talvez suíças brancas e os óculos de seu Ribeiro.
não impressione.
b) E mestre Caetano gemendo no catre, recebia to-
Dito por ele, num canto empoeirado da redação, das as semanas um dinheirão de Madalena.
com sua voz rachada, a piteira nas mãos trêmulas, era
uma apoteose da dor: “Passei bem junto a ela. E de- Visitas, remédios de farmácia, galinhas.
certo ela nem soube que eu passei tão perto e nem
c) E tu falavas de um amor celeste,
suspeita que eu segui chorando!” O verso quebrado e
a exclamação final faziam parte da poética e das reda- De um anjo, que depois se fez esposa...
ções daquele tempo.
d) Pera aquele fogo ardente,
Chamava-se Cardim. Domingos da Silva Cardim
se não me engano. Casara-se com uma viúva tão feia que nom temeste vivendo.
e magra como ele, também boníssima alma. Não ti- e) Projetava-se nela a imagem de mulher poderosa
nham filhos. e humilde ao mesmo tempo.
Por isso ou aquilo, Cardim apaixonava-se com fre-
qüência e, quanto menos correspondido, mais apai-
xonado ficava. Deve ter feito outros sonetos, circulou Questão 230 - (FUVEST SP)
pela redação um poema pornográfico e anônimo que
desde o redator-chefe até o contínuo que ia buscar Olhava mais era para Mãe. Drelina era bonita, a Chi-
café na esquina atribuíram ao estro do Cardim. ca, Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: - “Tio Terêz, o
senhor parece com Pai...” Todos choravam. O dou-
Cardim morreu como um passarinho – naquele tor limpou a goela, disse: - “Não sei, quando eu tiro
tempo era comum esse tipo de morte. O tempo pas- esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem
sou, esqueci dele, mas nunca esqueci aquele final de d’água...” Miguilim entregou a ele os óculos outra vez.
lascívia contrariada. Outro dia, bestamente, depois de Um soluçozinho veio. Dito e a Cuca Pingo-de-Ouro. E
um dia inglório e triste, cara mais uma vez quebrada, o Pai. Sempre alegre, Miguilim... Sempre alegre, Mi-
me surpreendi recitando em causa própria: e ela nem guilim... Nem sabia o que era alegria e tristeza. Mãe o
soube que eu passei tão perto e nem suspeita que eu beijava. A Rosa punha-lhe doces-de-leite nas algibei-
segui chorando! ras, para a viagem. Papaco-o-Paco falava, alto, falava.
in: CONY, Carlos Heitor. Folha de S. Paulo
Cad. 1. p. 2 – Opinião, 6/7/97
Neste trecho de Campo Geral, de Guimarães Rosa, as
expressões grifadas pelo autor retomam, ao final da
narrativa,
Questão 228 - (UNESP SP)
a) os versos sertanejos cantados pelo vaqueiro Sa-
Cony, cita, no quarto parágrafo da crônica, um trecho lúz, em seu desejo de consolar Miguilim.
do soneto de Cardim, mas sob forma de prosa.
b) a mensagem inicial de Tio Terêz, unindo, assim, o
Leia novamente o mencionado parágrafo e, a seguir, princípio e o fim da história.
a) Transcreva, sob forma de versos, o trecho citado c) as lições de conformidade e alegria de Mãitina a
pelo cronista e diga a que parte do soneto origi- Miguilim, enraizadas no catolicismo popular.
nal deveria pertencer;
d) a derradeira lição da sabedoria do Dito, reforçada
b) Interprete, tomando como referência o conteú- depois por seu Aristeu.
do desses versos, a expressão “lascívia contraria-
da”, que Cony emprega duas vezes em sua crôni- e) o ensinamento do Grivo, cuja pobreza extrema
ca. era, no entanto, fonte de doçura e alegria.
474 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 231 - (FUVEST SP) - Dize que levas somente
www.PROJETOREDACAO.com.br - 475
Questão 234 - (INTEGRADO RJ) tido dentro do aparelho do Estado órgãos incumbidos
de fazer uma reforma agrária, para atender a uma de-
Os Nesse texto que você acaba de ler, estabelece-se manda da sociedade.
uma relação entre bordar e escrever, ações que se de-
senvolvem no esforço da tessitura. Desconfio, no entanto, que na condução da po-
lítica agrária dos governos brasileiros dos últimos 50
Assinale a opção em que o comparativo “bem mais anos tem havido políticos distribuindo diplomas de
difícil”, aplicado ao tecido do texto, justifica-se com benemérito para muitos Joães Romões.
maior prioridade.
(KONDER, Leandro in O Globo, 21/7/96 - com adapta-
a) As palavras são como os pontos do bordado: exi- ções)
gem adestramento de quem vai usá-las.
c) Palavras têm vida própria e exigem sensibilidade Questão 235 - (UNIFICADO RJ)
para se deixarem usar.
Leandro Konder compara nossa sociedade atual
d) Palavras são prenhes de significado e, portanto, àquela apresentada em “O Cortiço” no século XIX.
podem independer de quem as emprega. Após leitura atenta do trecho, marque V para o que
for verdadeiro e F para o que for falso em relação ao
e) Palavras são, por vezes, ambíguas, o que não que é dito no texto I.
ocorre com os pontos do bordado.
“O Cortiço” fez grande sucesso e até hoje ( ) Os políticos estimulam a criação de cortiços
é lido com o gosto por aqueles que chegam volunta- como garantia de dominação dos mais fracos.
riamente às suas páginas. Apesar da distância de mais
de um século que nos separa do mundo descrito por ( ) A pobreza dos menos favorecidos é motivo de
Aluísio de Azevedo, temos a impressão de que o Bra- pilhéria para os mais abastados.
sil, em alguns aspectos, continua sendo um imenso
cortiço, cuja população sobrevive com dificuldade e é ( ) Não se observa o engajamento do povo nas
observada com olhar divertido pelos vozinhos privile- questões que são de seu próprio interesse.
giados do sobrado. ( ) Os detentores do poder abraçam as causas po-
Também a figura de João Romão continua pulares como resposta às próprias vocações de-
tendo, desgraçadamente, alguma atualidade. Quan- mocráticas.
do algum egresso do universo popular consegue en-
riquecer (às custas de expedientes sórdidos), rompe
com os vínculos que teve em sua origem e trata de se A seqüência correta é:
deixar cooptar - gostosamente - pelos barões.
a) V - V - F - F - V.
O mais grave, porém, é o que se passa com as
variantes do movimento abolicionista. Ao longo da b) V - F - F - V - V.
nossa História, os movimentos comprometidos com
as causas populares se ressentem da falta de um c) F - V - V - F - F
apoio organizado por parte das massas. Assim como
d) F - F - V - V - F.
o movimento abolicionista não conseguia se apoiar
na mobilização dos grandes interessados na abolição e) F - F - F - V - F.
(os escravos) e era levado a buscar aliados nas áreas
mais convenientes com os privilégios estabelecidos,
os atuais movimentos empenhados em prover mu-
danças democratizadoras são levados a se aliar com TEXTO: 116 - Comum à questão: 236
forças de escassa (ou nenhuma) vocação democráti-
ca. Um exemplo claro de poder diluídor do coservado- Tomava café, quando um empregado subiu para
rismo sobre as iniciativas voltadas para reformas que dizer que lá embaixo estava um senhor, acompanha-
correspondem aos interesses das camadas mais des- dos de duas praças, e que desejava falar ao dono da
favorecidas da população se acha na história da luta casa.
pela reforma agrária. Há cerca de meio século, temos
- Vou já, respondeu este. E acrescentou para Bo-
476 - www.PROJETOREDACAO.com.br
telho: - São eles! a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada
para eles, sem pestanejar.
- Deve ser, confirmou o velho.
Os policiais, vendo que ela se não despachava,
E desceram logo. desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguen-
do-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto,
- Quem me procura?... exclamou João Romão e antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um
com disfarce, chegando ao armazém. só golpe certeiro e fundo rasgara e ventre de lado a
Um homem alto, com ar de estróina, adiantou-se lado.
e entregou-lhe uma folha de papel. E depois emborcou para a frente, rugindo e esfo-
João Romão, um pouco trêmulo, abiu-a defronte cinhando moribunda numa lameira de sangue.
dos olhos e leu-a demoradamente. Um silêncio for- João Romão fugira até ao canto mais escuro do
mou-se em torno dele: os caixeiros pararam em meio armazém, tapando o rosto com as mãos.
do serviço, intimidados por aquela cena em que en-
trava a políticia. Nesse momento parava à porta da rua uma car-
ruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vi-
- Está aqui com efeito.. disse afinal o negociante. nha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma
Pensei que fosse livre... de sócio benemérito.
- É minha escrava, afirmou o outro. Quer entre- Ele mandou que os conduzissem para a sala de
gar-ma?... visitas.
- Mas imediatamente. (Aluísio de Azevedo. O Cortiço.)
- Onde está ela?
- Deve estar lá dentro. Tenha a bondade de en- Questão 236 - (UNIFICADO RJ)
trar...
Após uma leitura do texto II, percebe-se que o perso-
O sujeito fez sinal aos dois urbanos que o acom- nagem Bertoleza é:
panharam logo, e encaminharam-se todos para o in-
terior da casa. Botelho, à frente deles, ensinava-lhes a) audaz e persuasivo.
o caminho. João Romão ia atrás, pálido, com as mãos
cruzadas nas costas. b) perspicaz e resoluto.
Eu ia dando a minha voltinha num silêncio interior de paz. Questão 238 - (PUC RJ)
Está difícil flanar nas ruas de hoje. Muito barulho, car-
ros voando ou atravancando a calçada, anda sobre- O texto só NÃO apresenta:
carregado o ar que respiramos. Mas há sempre o que a) imagens flagradas ao longo de um percurso.
ver, se levamos olhos desprevenidos, de simpatia. Me
lembrei do tempo em que o pai-de-família saía depois b) sentimentos variados diante de flashes diários.
do jantar pra fazer o quilo. A expressão tem a ver com
o mistério da nossa usina interior. c) reações pessimistas ante a realidade.
Com o perdão da palavra, tem a ver com as nossas d) divagações sobre cenas cotidianas.
tripas. Hoje é o cooper que traz um afã de competi-
ção. Cronometrado e exibido, tira o fôlego e impede e) percepções fugazes de um cenário urbano.
a conversinha mole. É mais uma fábrica de ansiedade
nesta época que fabrica estresse. Pois eu ia andando
pra clarear as idéias, ou pra pensar em nada. Nessa TEXTO: 119 - Comum à questão: 239
hora de entrega e de inocência é que acontece a ilu-
minação. A luzinha do entendimento acende onde As margens da alegria, de Guimarães Rosa.
quer.
478 - www.PROJETOREDACAO.com.br
em branco. O Menino.” gum rio, que proíbe o imaginar. Ou talvez não tenha
sido numa fazenda, nem no indescoberto rumo, nem
tão longe? Não é possível saber-se, nunca mais.”
Questão 239 - (PUC RJ)
www.PROJETOREDACAO.com.br - 479
com as linhas e com as palavras, mas tenho a certeza d) as palavras, assim como os pontos do bordado,
que, desta vez, estou querendo chegar a um resultado escondem a inexorabilidade do destino.
semelhante e descobrir ao fim do bordado e ao fim
desse texto, algo de delicado, recôndito e impercep- e) as palavras, mais que os pontos do bordado, es-
tível sobre o meu próprio destino e sobre o destino condem o traçado imperceptível da obra.
dos seres que me rodeiam. Ontem, quando entrei no
armarinho para escolher as linhas, vi-me cercada de
pessoas com quem não convivia há muito tempo, ou TEXTO: 121 - Comum à questão: 244
convinha muito pouco, de cuja existência tinha es-
quecido. Mulheres de meia-idade que compravam lãs DETERMINISMOS
para bordar tapeçarias, selecionando animadamente
e com grande competência os novelos, comparando
as cores com os riscos trazidos, contando os pontos
na etamine, medindo o tamanho do bastidor. Incor- Acho que o caráter de um povo decorre de sua
porei-me a elas e comecei a escolher, com grande língua, e não o contrário. O constante mau humor
acuidade, as tonalidades das minhas meadas de linha do francês, por exemplo, é uma exigência fonética: a
mercerizada. Pareciam pequenas abelhas alegres (...), língua francesa soa melhor quando exprime alguma
levando a sério as suas tarefas. (...) Naquelas mulhe- indisposição com o mundo ou com um semelhante.
res havia alguma coisa preservada, sua capacidade Certos sons, em francês, só são perfeitamente atin-
de bordar dava-lhes uma dignidade e um aval. Não gidos num determinado grau de irritação. O que, à
queria que me discriminassem, conversei com elas de primeira vista, parece uma insanável assincronia en-
igual para igual, mostrando-lhes os pontos que minha tre o francês e o seu fígado ou o seu destino pessoal
pequena mão infantil executara. não passa de um determinismo da pronúncia. Não se
pode esperar do francês o gesto largo e generoso de
(JARDIM, Rachel. O penhoar chinês. 4 ed. Rio de Janeiro: um povo com amplas vogais, como o Italiano. O que
José Olympio, 1990.) se ouve é uma enganosa amargura, fruto das con-
soantes construtivas.
( ) O temperamento do povo francês se coaduna A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida
com a oclusão constatada na passagem de ar na
emissão dos fonemas consonantais daquela lín- agreste, que me deu uma alma agreste.” (Cap.19)
gua.
( ) A irradiação da língua a outros continentes foi A propósito dos trechos mencionados, é possível
condição fundamental à sobrevivência de idio- considerar que:
mas colonizadores.
a) indicam o único objetivo de Paulo Honório que é
( ) A amplitude espacial pode ser encarada como possuir as terras de S. Bernardo.
fator prejudicial, pois induz a digressões no cam-
po da integridade moral. b) representam meros marcadores temporais, já
que, nesse romance, o tempo não tem impor-
tância na técnica narrativa.
A seqüência correta é: c) indicam mudanças de acontecimentos narrati-
a) V – V – V – F vos, os quais se colocam como pilares estrutura-
dores do romance.
b) V – V – F – F
d) focalizam a preocupação do narrador-persona-
c) F – V – V – V gem, que é dissociar os níveis de propriedade -
terra e mulher.
d) F – F – V – V
e) constituem eventos narrativos cuja função é
e) F – F – F – V apresentar Paulo Honório como herói cruel e, ao
mesmo tempo, vitorioso.
Foi uma idéia que me veio sem que nenhum Em verdade, nunca pensara em tal desastre.
rabo de saia a provocasse. Não me ocupo Vivia tão nela, dela e para ela, que a intervenção de
um peralta
com amores, devem ter notado, e sempre
era como uma vocação
me pareceu que mulher é um bicho esquisito,
www.PROJETOREDACAO.com.br - 481
sem realidade; nunca me acudiu que havia E se eu soubesse que ela me traía? Ah! Se eu sou-
besse que ela me traía, matava-a, abria-lhe a veia do
peraltas na vizinhança, vária idade e feitio, pescoço, devagar, para o sangue correr um dia intei-
ro.” (Cap. 28)
grandes passeadores das tardes.” (Cap. 62)
Graciliano Ramos
Que frase!
482 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Questão 247 - (UNICAMP SP) do fogo, depois me deitei, numa grande rede bran-
ca - foi um carinho ao longo de todos os músculos
Para entender a tira abaixo, é necessário dar-se conta cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe
de que a pergunta de Helga pode ter duas interpre- moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em
tações. comer aquele peixe, que calor bom em tomar aquela
cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos
e vozes distantes de animais noturnos.
c) Explique por que o comportamento lingüístico Mas para instaurar uma vida mais simples e sá-
de Hagar não corresponde ao de um falante co- bia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito,
mum. não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de
palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas,
dizer coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de
singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra,
TEXTO: 122 - Comum à questão: 248 algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas
UM SONHO DE SIMPLICIDADE deixasse a alma sossegada e limpa.
Uma vez, entrando numa loja para comprar uma Questão 248 - (USS RJ)
gravata, tive de repente um ataque de pudor, me sur-
preendendo assim, a escolher um pano colorido para Através das interrogações em torno das quais o autor
amarrar ao pescoço. desenvolve a sua crônica, é possível concluir-se que
ele:
A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos
de uma casa, comida simples, mulher, quê mais? Que a) está cheio de dúvidas.
se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem
frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu to- b) não vê sentido nos seus hábitos sofisticados.
mava a água fresca da talha, e a água era boa. E quan-
do precisava de um pouco de evasão, meu trago de c) não tem resposta para muitas questões.
cachaça.
d) não sabe a razão dos próprios atos.
Que restaurante ou boate me deu o prazer que
e) demonstra ser muito curioso.
tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A
gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a
rede afundando os pés na lama, na noite escura, e
isso era bom. Quando ficamos bem cansados, meio
molhados, com frio, subimos a barraca, no meio do
mato e, chegamos à choça de um velho seringueiro.
Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto
www.PROJETOREDACAO.com.br - 483
GABARITO QUESTÕES to de declínio da ditadura militar, ou seja, anunciava
metaforicamente o fim do autoritarismo e a esperan-
DIFÍCEIS ça da abertura democrática, num contexto histórico
muito diferente do atual. A canção, datada de 1984,
1) Gab:
tematiza a presença do povo nas ruas, reivindicando
O experimento consistiu em uma prisão simulada seus direitos e propondo mudanças, aspecto que se
com a participação de 24 jovens estudantes que se aproxima dos movimentos sociais vividos recente-
voluntariaram para cumprir uma pena de duas se- mente.
manas na situação de guardas ou de prisioneiros.
Apenas seis dias depois o experimento precisou ser
encerrado porque a convivência entre os grupos se 12) Gab: E
tornou extremamente hostil, constatando-se um
processo de desumanização.
13) Gab: D
2) Gab: E
14) Gab: E
3) Gab: C
15) Gab:
4) Gab: a) O trecho que apresenta duplo sentido é “Não
posso me queixar”, que pode ser entendido de
No terceiro parágrafo, Sagan nota, entre os estudan- duas formas: “não tenho de que me queixar, es-
tes do final do curso secundário, a preocupação com tou satisfeito”, ou “não tenho permissão para
a “aprovação de seu pares” e, portanto, com o temor me queixar, pois posso ser punido caso me ma-
de incidir em algo que o grupo condene. Na tirinha nifeste”.
apresentada, o estudante Yuri sofre “bullying” por
confessar um projeto de um futuro que seus colegas b) Mas se você perguntar a quaisquer cidadãos
consideram risível por sua audácia aparentemente de uma ditadura o que acham de seu país, eles
irrealista (mas que, em se tratando de Yuri Gagarin, respondem, sem hesitação: Não podemos nos
o primeiro cosmonauta, revelou-se o contrário disso. queixar.
Os acontecimentos extraordinários fazem parte · O filme toma por objeto a realidade da ditadura
do cotidiano de Tizangara, constituindo uma identi- militar que se instalou no Brasil a partir do golpe
dade ameaçada pelo colonizador. A narrativa revela de 1964.
diferentes vozes portadoras de discursos que mos-
tram a necessidade de se resgatar uma sabedoria, · O filme denuncia a repressão, a censura à im-
uma cultura e um conhecimento formadores de um prensa, a tortura nos porões da ditadura, o clima
povo. Assim, a obra apresenta não só o cômico, haja de delação premiada, a falta de liberdade.
vista o episódio dos pênis decepados, como também
o realismo mágico (vejam-se, por exemplo, o “pen- · O filme também enfoca:
durar os ossos”, referido no fragmento, as “visitas” o cerceamento do direito de ir e vir;
de Hortênsia — a morta em forma de louva-deus — e
a existência da velha Temporina) para traduzir as três o conflito entre os interesses coletivos e indivi-
vilas: Tizangara – terra, Tizangara – céu e Tizangara duais;
– água.
a crítica ao intervencionismo do governo ameri-
O romance cria um universo de ficção diferente cano no mundo.
do tradicional. Nele, convivem a magia, o sobrena-
tural, as histórias e os mitos, produzindo um mundo
que se constitui a partir dos fatos e das narrativas.
41) Gab:
As personagens demonstram e constatam que a
cultura moçambicana lida com valores, comporta- a) Segundo o narrador, a mãe apresentava aflição
mentos e situações que são diferentes daqueles ca- e nervosismo diante dos perigos que ele havia
racterísticos das tradições nacionalistas ocidentais. de passar. A sequência de verbos ajuda a con-
cretizar a imagem aflita e ansiosa da mãe, que
Assim sendo, conclui-se que o misterioso e o inu- se movimenta de um lado para o outro (ir e vir)
sitado também fazem parte do mundo e da cultura e realiza várias ações (remover, coser, futicar).
moçambicana.
b) O período destacado é marcado pelo uso de vá-
rios adjetivos e locuções adjetivas, que retratam
as contradições, as variações e as ambiguidades
39) Gab: do sentimento materno. Exemplos: “raro”, “ex-
cepcional” e “delicado”/ “perigoso”, “de amor e
O fragmento, contextualizado na obra, apresenta espanto”/ “de piedade e orgulho”.
o processo de alfabetização implementado por Fran-
cisca e Nando, como uma tentativa de fazer com que
os camponeses adquiram sua cidadania, tornando-
-se conscientes da condição de explorados, sem se 42) Gab: A
deixarem manipular como eleitores. Nas aulas, era
aplicada a pedagogia de Paulo Freire, uma proposta
para alfabetização de adultos com o propósito de fa-
43) Gab: E
vorecer a construção de uma consciência do mundo,
através da análise dos significados dos temas e pala-
vras mais relevantes da vida dos alunos, dentro do
seu universo vocabular e da comunidade onde eles 44) Gab: D
viviam.
48) Gab: B
www.PROJETOREDACAO.com.br - 487
49) Gab: C inquieto, se “não sabe o que quer, ou quer demais”.
Há várias pistas no relato da internauta que apontam
para essa situação de inquietude: cirurgias plásticas
aos 18 anos, porque se sentia mal com o próprio
50) Gab: A corpo, por exemplo. No mesmo relato, é apresenta-
da a consequência de uma cirurgia plástica: a perda
de sensibilidade nos mamilos. Dessa forma, para se
51) Gab: B resolver um problema estético, um outro foi gerado.
Agora, para resolver esse segundo problema, uma
nova situação de conflito aparece, e há a necessi-
dade de um novo “ajustamento penoso”. Em toda
52) Gab: B “conquista” descrita pela internauta sempre há um
elemento negativo: “... mas eu me sentia péssima”,
“meus seios já eram flácidos”, “...nunca teria cora-
53) Gab: C gem de me despir”, “... mas o problema é que a sen-
sibilidade...”, “não sinto estímulos no bico dos seios”,
“no começo foi difícil aceitar”, “paguei um preço pela
cirurgia”. Essa instabilidade na vida dessa moça só
54) Gab: C cessará, segundo a visão da cronista, na madura ida-
de, com a estabilidade de seus desejos.
57) Gab: D
61) Gab:
Em “O navio negreiro”, impacta não só a descri- 4. O sangue das mães negras mulheres, que
ção triste e forte da cena, em que as crianças suspendem magras crianças às tetas, rega-lhes
– magras – mamam sangue nas tetas das mães, as bocas pretas.
mas também o quadro seguinte, em que outras
mulheres se arrastam, melancólicas, em meio a
“fantasmas”, que, na verdade, são elas mesmas 63) Gab: E
e, possivelmente, o conjunto de negros escravos
www.PROJETOREDACAO.com.br - 489
64) Gab: D qualquer momento. Ele resume essa dúvida uti-
lizando a seguinte frase: “A questão é saber até
quando o otimismo vai durar”.
65) Gab: C
69) Gab:
66) Gab: a) Porque cada espaço descrito representa, aleato-
riamente, uma fase da vida do protagonista.
a) O euro e a bitcoin extrapolam a ideia de que
uma moeda representa uma nação porque o b) Quando o protagonista retorna ao bairro da Es-
euro cobre uma zona integrada por dezessete planada, onde viveu sua infância.
nações europeias e a bitcoin nem mesmo tem
uma zona de abrangência delimitada. A bitcoin é
aceita por estabelecimentos comerciais localiza-
dos em diferentes partes do mundo e nem mes- 70) Gab:
mo está vinculada a uma nação ou a um grupo
de nações. a) A morte de sua capacidade de fazer mágica.
b) Alguém que queira se hospedar no Villa Sart, um b) A impotência do homem para realizar os seus
pequeno hotel na cidade de Danzig, às margens ideais no mundo em que vive.
do mar Báltico, na Polônia, pode fazer a reserva
de um quarto duplo por 95 euros por noite. Se
preferir, o visitante pode se instalar no mesmo 71) Gab:
cômodo pagando com seis unidades de outra
moeda, a bitcoin. a) O tempo célere/rápido/urgente.
77) Gab:
68) Gab:
Segundo Bernardo Jefferson de Oliveira, os literatos
a) O autor questiona a confiabilidade ou a credibi-
e os cineastas não têm compromisso com a realidade
lidade da bitcoin perante o mercado financeiro.
em suas obras, nem precisam basear suas histórias
b) O autor reafirma sua dúvida quanto à duração em elementos do mundo concreto, podendo ultra-
do otimismo das pessoas em relação à bitcoin, passar os limites da imaginação. Os cientistas, por
sugerindo que, apesar de ter vantagens em rela- outro lado, enfrentam aspectos éticos como interdi-
ção a outras moedas, a bitcoin apresenta riscos, ção a sua subjetividade.
logo, a euforia dos investidores pode acabar a
490 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Para o autor, na literatura e no cinema pode-se “dar b) A incorporação dessas expressões pode ser jus-
asas à imaginação e projetar em histórias emocio- tificada quanto às variedades linguísticas regio-
nantes as possíveis aplicações da ciência e alguns de nal, social e estilística: Monteiro Lobato foi um
seus feitos inesperados”, enquanto na ciência deve- escritor regionalista, por isso usava expressões
-se “zelar para não fazer especulações infundadas”. típicas da variedade regional em seus contos; o
meio social retratado no texto justifica o uso da
variedade popular; literariamente falando, essas
expressões contribuem para dar uma “cor local”,
78) Gab: C para tornar a narrativa mais verossímil.
c) Sim, em várias passagens do texto, o autor valeu-se das fra-
ses sem verbo, constituídas de estruturas sintéticas, para dar
79) Gab: B maior agilidade à descrição e para valorizar o aspecto visual
e estético da paisagem.
Logo no início, ele usa, por exemplo, “Sol boreal, tiritante”.
No último parágrafo, há um longo trecho inteiramente com-
80) Gab: C posto de frases nominais:
“Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas envidradas.
As roupas dos varais, tesas, como endurecidas
em goma forte. As palhas do terreiro, os sabu-
81) Gab: E
gos de ao pé do cocho, a telha dos muros, o topo
dos moirões, a vara das cercas, o rebordo das
tábuas – tudo polvilhado de brancuras, lactes-
82) Gab: cente, como chovido por um suco de farinha.
Maravilhoso quadro!”
O núcleo do poema surgiu da conjugação das frases:
“A formiga trabalha na treva a terra cega traça o mapa
do ouro maldita urbe”. Esse núcleo é constituído pela
disposição de uma série de frases, de tal modo que 87) Gab: A
as letras de certas palavras servem para formar ou-
tras, e as letras lembram formigas trabalhando.
88) Gab: A
83) Gab:
89) Gab: E
No fragmento A, a ação de pensar tem a concepção
de “avaliar”, “julgar” o mundo, sendo considerada
desnecessária e/ou sem importância. No fragmento
B, por outro lado, “pensar” significa “ meditar” ou “ 90) Gab:
refletir”.
O sentido da viagem no poema de Drummond é me-
tafórico e abstrato, ou seja, o eu poético viaja com
a sombra do pai pelas reminiscências, lembranças
84) Gab: D e aspectos que caracterizam a memória familiar. Al-
guns dos inúmeros exemplos que justificam essa afir-
mação são: “Longamente caminhamos. / Aqui havia
85) Gab: B uma casa. / A montanha era maior. / Tantos mortos
amontoados, / o tempo roendo os mortos.” ; “Há um
abrir de baús / e de lembranças violentas.” ; “Pisando
livros e cartas, / viajamos na família. / Casamentos;
86) Gab: hipotecas; / os primos tuberculosos; / a tia louca; mi-
nha avó / traída com as escravas, / rangendo sedas
a) Sim. Ao descrever a paisagem coberta pela geada, o narra-
dor adota um” prisma estético”, isto é, um ponto de vista,
na alcova.”
uma perspectiva estética, uma vez que ele procura descrever
os aspectos responsáveis pela beleza do cenário.
São exemplos desse ponto de vista (“prisma”) descritivo as
seguintes expressões: 91) Gab: C
“que maravilhoso espetáculo!, Brancuras por
toda a parte.”; “Rebrilhos de gelo pelo chão.
Águas envidradas.”; “Maravilhoso quadro!”; “es- 92) Gab:
plendoroso véu de noiva”.
a) De acordo com o texto, se a troca de poemas en-
www.PROJETOREDACAO.com.br - 491
tre cliente e banco fosse uma jogada de marke- 96) Gab:
ting, não haveria rimas pobres, desigualdade no
tamanho dos versos, uso de adjetivos manipula- A leitura analítica dos poema “Lar doce lar”, de caca-
tivos, clichês rococós e equalizações frágeis de so, e “Recuperação da adolescência”, de Ana Cristina
advérbios e adjetivos. Se fosse uma jogada de César, revela dois poetas retomando circunstâncias
marketing, os poemas seriam mais bem elabo- existenciais. Cada um recupera uma fase da vida e
rados. Por esse motivo, tal suspeita não se sus- expressa um sentimento relativo ao tempo passado.
tenta. Cacaso revê a infância como uma pátria perdida, irre-
cuperável, daí a associação com a ideia de exílio. Ana
b) As marcas de intertextualidade presentes no Cristina resgata a adolescência como tempo heróico,
texto poderão ser identificadas: repleto de desafios, que convidava a fazer sempre o
que seria mais difícil. Em comum, os poemas trazem
I) na própria resposta do banco a Mauro Jú- essa questão existencial supostamente contraposta a
nior, uma vez que tal resposta implica re- uma vida adulta pouco satisfatória.
missão ao poema feito por esse cliente;
VI) no uso de palavras e ou expressões utili- c) O crítico pretendeu dizer que a arte literária re-
zadas frequentemente em textos de cir- sulta da união entre esforço e criatividade, entre
culação nacional, tais como: “jogada de inspiração e trabalho.
marketing”, “o fez na mesma moeda”, “veia
criativa”.
98) Gab: B
93) Gab: 02
99) Gab: C
94) Gab: E
100) Gab: C
95) Gab: E
101) Gab:
492 - www.PROJETOREDACAO.com.br
rentemente do que pretenderam seus redatores. Na segunda obra, uma narrativa fílmica — Cidade
de Deus — locada numa “favela” carioca, evidencia-
No texto a, além de se interpretar que alguns so- -se que a abolição da escravatura exigida pelo “brado
nhos permanecem essencialmente iguais (apenas do século da liberdade”, pela “opinião do mundo” e
seu tamanho é alterado), também se pode entender pelo “pronunciamento dos governos” não emanci-
que alguns sofrem alterações substanciais (não mu- pou de fato os negros e seus descendentes, não os
dam só de tamanho, são alterados completamente). inseriu na sociedade brasileira. No filme, uma comu-
O mecanismo sintático que explica a dupla possibili- nidade também de afrodescendentes vive num espa-
dade semântica é a elipse: é possível presumir, depois ço pervertido pelas drogas, pelas condições sociais
da vírgula, tanto “mudam” quanto “não mudam”. de descaso do poder governamental. Há, pois, um
espaço de violência, de ameaça à sociedade como
No texto b, o sujeito elíptico da locução verbal um todo, mas, tanto quanto em “As vítimas algozes”,
“vamos dar” (“nós”) tem dupla referência. Por um consequente da segregação, do tratamento a que o
lado, o pronome pode ter sentido inclusivo e se re- negro tem sido submetido ao longo de sua vida no
ferir ao leitor e aos estabelecimentos comerciais. Brasil. Assim, desde cedo, as crianças e os jovens são
Nesse caso, o enunciado é lido como uma exortação, cooptados pelo tráfico, tornando-se também “víti-
uma convocação para que o leitor participe das doa- mas algozes” (vide trajetória de Zé Pequeno).
ções junto dos comerciantes. Por outro, o valor se-
mântico do pronome “nós” pode ser o de exclusão,
e sua referência seriam apenas os comerciantes que
promovem a campanha. O enunciado, então, é visto 104) Gab:
como mero anúncio de que tão somente os estabe-
lecimentos comerciais fariam doações às vítimas de Célia mora com a mãe no Largo da Palma e aí
enchentes. mesmo possui a Casa dos Pãezinhos de Queijo. Co-
nhece Gustavo nesse espaço e o fato de ele ser mudo
Outra leitura possível do texto b diz respeito ao não impede a relação amorosa entre os dois. O amor
duplo sentido do termo “mínimo”: ele pode ser tra- entre eles consegue vencer todas as barreiras (a re-
duzido por “aquilo que é necessário” ou por “a me- sistência e desaprovação dos pais) e operar um “mi-
nor quantidade possível”. lagre”: a recuperação da fala de Gustavo.
494 - www.PROJETOREDACAO.com.br
fermidade. O efeito surpreendente deste desen- língua portuguesa. “Fedeiral” sugere um odor
contro entre forma e conteúdo é especialmente desagradável, de nojo, de emporcalhamento éti-
notável quando ambos os textos apresentam co e moral em que supostamente estaria então
rimas com os nomes de doenças (“reumatismo/ envolvido o governo central. Em Amazona-s, a
raquitismo”, “pneumonia/difteria”, dentre ou- segmentação demonstra como se relacionam as
tros exemplos possíveis). A surpresa se estabele- unidades e organizam os sentidos – o olhar, nesse
ce por causa desta conjugação inusitada entre o caso, é observador e descritivo. Veja-se que Ama-
harmônico e o desarmônico, o lúdico e o tétrico, zonas, para um brasileiro, referencia, de pronto,
o caricato e o macabro. Rio Amazonas ou Estado do Amazonas. Segmen-
tada a unidade, no entanto, os sentidos podem
b) Na canção, as doenças são múltiplas e repre- ser estes: amazona é mulher guerreira, corajosa;
sentam um conjunto perverso de vários males é mulher que monta a cavalo.
que assolam o Brasil. Há doenças que se rela-
cionam ao problema da fome e da miséria social Outro aspecto é que o _V, assim demarcado em
(raquitismo, cárie), doenças que representam Amazona-s, sugere mudança de sentido. “Na
o problema do descaso do Estado com a saúde Bahia ten” e “Cergipe” fazem parte de um jogo
pública (raiva, tuberculose) e doenças relacio- de outra ordem. Algumas letras, ora ganham sig-
nadas à questão do baixo índice educacional do nificado, ora o perdem, conforme seja o contexto
país (cisticercose, tétano, sarampo). Há ainda em que aparecem. Usar “n” ou “m”, no final de
as doenças psíquicas ou psicossomáticas repre- palavra, é convenção: a substituição de um pelo
sentativas dos problemas da vida estressante e outro não implica mudança de sentido, tampouco
solitária das grandes cidades (encefalite, farin- de som. Do mesmo modo, pode-se afirmar com
gite, cleptomania). Finalmente, ainda se podem relação a Cergipe: Cergipe ou Sergipe, Ceará ou
apontar os males morais e emocionais (rancor, Seará. Em todos esses exemplos, o humor pro-
ciúmes, estupidez, hipocrisia) de uma sociedade vém de uma brincadeira, que sugere, no entanto,
marcada pela competitividade e pelo individua- uma atmosfera de insatisfação com as formas de
lismo exacerbado. linguagem vigentes, com seus limites, com a fra-
gilidade das convenções. Reforce-se, ainda, que o
sujeito lírico se disfarça de criança, daí os cons-
tantes e inventivos “erros” de ordem gramatical.
111) Gab: A
b) Espera-se que o candidato explore, em ambas as
imagens, o diálogo que estabelecem com a tradi-
112) Gab: ção cultural: em Oswald, nos ramos de café que
representam parcialmente alguns estados da Re-
As transformações vivenciadas pela sociedade alemã pública, podemos ver uma alusão à imagem re-
pós-queda do Muro de Berlim repercutem tanto na corrente nos cadernos distribuídos pelo governo
paisagem da cidade, através de antenas parabólicas aos estudantes das escolas públicas e, ainda, um
e anúncios de marcas que são ícones do capitalismo, deboche em relação a alguns dos símbolos mais
tais como Coca-Cola e Burger King, como, de maneira caros à brasilidade; em Leminski, uma releitura
mais profunda, na subjetividade do indivíduo (a subs- do ideograma, atribuindo-lhe um novo sentido a
tituição de referenciais ideológicos do comunismo partir da metáfora do “sangue dos três versos”.
por referenciais capitalistas). A relação com o tempo, Assim, o candidato poderá acrescentar às possi-
a fixidez no trabalho, os valores de companheirismo e bilidades semânticas das imagens aspectos pro-
assistencialismo da antiga república são varridos pelo venientes da análise dos textos: a voz do folclore
novo modo de vida do capitalismo hegemônico em e das brincadeiras infantis relida pelo discurso
que os valores estão a serviço da produção e da mo- urbano-industrial em “Brinquedo”, de Oswald de
dernização. Andrade; valores da cultura romântica e da orien-
tal, relidos pelo sujeito lírico contemporâneo nos
Nesse novo mundo unificado, tudo que parecia fixo poemas de Paulo Leminski. Em ambos os livros,
e perene torna-se perecível, como ilustra a cena em destaca-se a presença do humor e da irreverên-
que a estátua de Lênin é transportada. Em meio a essa cia. No caso do Primeiro Caderno, há marcas esté-
transformação e a esse conflito de valores, o filme re- ticas e históricas que o localizam com precisão em
trata indivíduos pressionados pelo mundo capitalista. nosso Modernismo (ver, por exemplo, a referên-
cias aos “bondes da Light”); no caso de Distraídos
venceremos, além da declarada herança oriental,
há marcas ideológicas que identificam um com-
113) Gab:
portamento crítico quanto a valores e instituições
a) Os modos de representar graficamente Capi- conservadores (ver, por exemplo, texto 2: “cora-
tal Fedeiral, Amazona-V, Na Bahia ten e Cergipe ções trocando rosas, / e socos”).
revelam um jogo divertido com as palavras da
www.PROJETOREDACAO.com.br - 495
114) Gab: gêneros textuais diferentes: o tópico explicativo
e a canção Bye Bye, Brasil. O tópico explicativo se
a) De acordo com o texto, o ciúme e a inveja tomam constrói com características da narração, desta-
bens por objeto – bens próprios no primeiro caso cando a transformação socioeconômica em um
e de outrem no segundo. Enquanto o ciúme é texto informativo, com base em dados, cifras e
definido como uma paixão que envolve o temor datas; já a canção se limita a citar um fato e sua
de perder a posse de um bem, a inveja liga-se a consequência utilizando-se de recursos poéticos
um sentimento de desgosto de ver acontecer um como versos, rima e ritmo.
bem a alguém julgado indigno do mesmo.
132) Gab:
128) Gab: 27 a) O candidato deverá mencionar o tema da morte
comum aos dois textos e explicar, de modo com-
pleto, como o sujeito-lírico se manifesta nos dois
129) Gab: textos. Assim sendo, o aluno deverá responder
que no primeiro texto o poeta é contido e trata
O texto de Adonias Filho, que tem como pano de fun- a morte com eufemismo, usando o verbo dormir
do a revolta dos Alfaiates, ilustra a força e a prepo- para exprimi-la. a contenção está também quan-
tência do governo da Bahia, implacável frente aos ad- do o sujeito-lírico argumenta que a vida é mes-
versários políticos. Na narrativa, evidencia-se o poder mo triste, que Glaura permaneceu no sono, uma
opressor do governo que promove o enforcamento, vez que nasceu. Por fim, a morte é vista como
em praça pública, de alguns insurretos, para que sir- aconchego e recolhimento, mas sem o transbor-
vam de exemplo a outros que alimentem o desejo de damento dos românticos e pré- românticos. A
libertação. Do mesmo modo, o fragmento extraído do cantiga de ninar encerra o tratamento eufêmico
romance “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ri- da morte. No segundo poema, o sujeito-Lírico
beiro, expõe a crueldade da polícia do governo contra manifesta seus sentimentos de forma transborda-
aqueles comprometidos com Antônio Conselheiro. da, pois fala das lágrimas e do lamento incessan-
Em “O Último Vôo do Flamingo”, o fragmento mos- te desde a morte da amada. Para o sujeito-lírico,
tra que a sonhada independência de Moçambique, nada vai trazer a amada de volta nem abrandar
Tizangara, não trouxe harmonia com o mundo para seu tormento eterno.
as vítimas da colonização. A violência e os interesses
internos e externos continuam a marcar aquela socie- b) O candidato deverá mencionar e explicar duas
dade no pós-guerra do país. A personagem — vítima marcas textuais de derramamento lírico no se-
da violência de um grupo que está em posição domi- gundo texto tais como: “O”, “Ai”; adjetivos: “des-
nante — pontua que, para haver mudança, os indiví- graçados”, “duros”, “míseros”; interrogação, ex-
duos precisam “matar” as conseqüências dos desas- clamações, versos mais longos.
tres, da opressão e da violência na sua subjetividade.
Confirma-se, nos três episódios, a lógica do poder es-
tabelecido, cruel, e muitas vezes injusta, diante dos 133) Gab:
mais fracos.
a) TEXTO I “As mudanças foram muito modestas”,
Evanildo Bechara
130) Gab: A 1. Era necessário uma reforma em que a manei-
ra de grafar as palavras ajudasse as pessoas a
pronunciá-las corretamente.
131) Gab:
2. Hoje com a rede escolar, com o rádio, com a
a) 1.Identificar o “fenômeno ecológico” como sendo televisão é diferente. Esses meios de comuni-
a causa para p surgimento de novos vírus e novas cação ajudam mais na difusão da pronúncia
epidemias que vitimam as pessoas. correta do que a ortografia.
2. Fazer referência á gripe suína (H1N1) e à ce- 3. Basta ver que há casos em que as pessoas
gueira “branca” como sendo metáforas da aliena- pronunciam a palavra de um jeito diferente
ção e do caos social. do indicado pela grafia.
498 - www.PROJETOREDACAO.com.br
Ângela Dutra de Menezes 137) Gab: C
134) Gab:
144) Gab: B
Na narrativa, o pai do narrador-tradutor personagem,
Sulplício, é o guardião dos valores ancestrais de Tizan-
gara (território imaginário) que se afasta da família
por muitos anos e regressa na esperança de reencon- 145) Gab: 87
trar a vida, a identidade de uma nação em ruínas no
pósguerra; enquanto o filho é testemunha e tradutor
do desaparecimento da nação e é também aquele
que crê na possibilidade de construir uma nova pátria 146) Gab: 30
e acredita na colaboração do estrangeiro para atingir
tal fim. O pai discorda do filho por achar que este tei-
ma em “servir aos mesmos que o haviam arruinado” 147) Gab:
(p. 135), além de julgá-lo imaturo para entender o
processo histórico colonial em que ele vive. As três narrativas sustentam um ponto de vista que
denuncia a escravidão, embora cada uma o faça atra-
O candidato deve apontar que vés de estratégias distintas.
· Sulplício possui um ponto de vista mais realista Em Equador, mostra-se a condição desumana dos tra-
quanto às conseqüências da colonização; balhadores negros transplantados para São Tomé e
Príncipe que os escraviza, apesar de serem, por lei,
· ele, devido à sua experiência de vi da, não acredi-
cidadãos portugueses.
ta na “boa intenção” de quem pertence à cultura
tradicional colonialista, possui vínculo com a Eu- Luís Bernardo assume a defesa dos dois réus por con-
ropa e é herdeiro de empresa colonial; sidera-los cidadãos como quaisquer outros.
· o narrador-tradutor confia na relação com os eu- Em Viva o Povo Brasileiro, a personagem Dafé é apre-
ropeus no processo pós-colonial e acredita que, sentada como um ser humano movido por princípios
finda a guerra, é possível construir a paz com a morais elevados, num momento em que toda a sua
participação deles. afetividade se manifesta em carinho pelo seu avô.
Nego Leléu representa o negro liberto que busca me-
canismos para vencer as dificuldades que a vida lhe
135) Gab: C apresenta. Torna-se comerciante e adota Dafé como
neta, educando-a e transformando-a no sentido de
seu viver. Assim, através dele, na obra, enxerga-se a
possibilidade de o negro sair da condição de escravo
136) Gab: A e alcançar uma função no mundo do trabalho livre.
Finalmente, em As Vítimas Algozes, contrastando com
www.PROJETOREDACAO.com.br - 499
o ponto de vista sobre o negro dominante nas duas dronização da moda.
primeiras obras, o escravo é apresentado como um
ser aviltado pela condição desumana da escravidão, OU
que o torna cruel, perigoso, incapaz de sentimentos
positivos. Lucinda é a vítima da escravidão que cor- O autor condena o fato de a geração hippie se ape-
rompe, perverte Cândida, destruindo-lhe a inocência gar excessivamente a comportamentos radicais
e a pureza. Assim, o negro escravizado constitui uma (irreverentes) como expressão de liberdade. Isso
ameaça aos senhores e isso só será findo com a aboli- pode ser ilustrado pelo exagero de tempo para a
ção da escravidão. Essa é a tese do autor. execução dos solos de guitarra, pela preocupação
com o lado intelectual em situações inadequadas,
pela padronização da moda.
OU
151) Gab:
No último quadro, o interlocutor recusa a propos-
ta de prosseguir com o assunto esotérico, místico
152) Gab: E e apresenta uma afirmação sobre a aparência físi-
ca do locutor, desqualificando-o.
153) Gab: E
155) Gab: C
154) Gab:
156) Gab:
a) O autor define os comportamentos da geração
hippie como sendo repulsivos, insuportáveis, in- a) O fato de Hagar ter entendido “problemas em
toleráveis, em virtude do exagero das atitudes casa” como se fossem “problemas conjugais”.
contrárias à ordem estabelecida. Isso pode ser b) A polissemia da expressão “problemas em casa”,
ilustrado pelo culto excessivo ao rock, à liberdade pois abre-se a possibilidade para se entender
sexual, às roupas extravagantes para marcar sua “casa” como “casamento” e não apenas como um
rebeldia diante do tradicional. “lugar destinado à habitação”.
OU
159) Gab:
•A falta de sentido do tempo, visto que há três re- A expressão “campos” significa também “âmbito”
lógios marcando horas distintas e um relógio fe- e, nessa acepção, tem largo emprego; a Física,
chado. a Sociologia, a Medicina dão também à palavra
”campo” significações próprias, pertinentes a es-
• O sentimento de decomposição da vida. sas esferas do saber.
165) Gab:
No poema de Drummond, os relógios (por metoní- a) O terceiro parágrafo pode ser escandido seja em
mia, “hora”) podem simbolizar, por exemplo: versos redondilhos menores (cinco sílabas mé-
•O ritmo lento da vida na província como organiza- tricas), seja em hendecassílabos (onze sílabas),
ção do sentido da existência e da memória. que se formam da junção de dois pentassílabos.
O penúltimo parágrafo do texto (“Boi bem bra-
• A organização do sentido da existência. vo…”) pode ser escandido seja em versos trissi-
lábicos, seja em redondilhos maiores (sete síla-
• A permanência da memória ao longo da vida. bas).
• O tempo como elemento para dar sentido à vida. b) O terceiro parágrafo contém catorze versos pen-
tassilábicos ou sete hendecassilábicos. O penúl-
•A possibilidade de o tempo produzir múltiplos sig- timo parágrafo contém doze versos trissilábicos
nificados. ou seis heptassilábicos.
•A presença do tempo como fragmentação da exis-
tência.
166) Gab: E
• O tempo como marcação da vida do eu lírico.
167) Gab: D
160) Gab: A
168) Gab:E
161) Gab: D
169) Gab:
www.PROJETOREDACAO.com.br - 501
a) A frase indica que a economia argentina conse-
guiu vencer a situação gravíssima em que se en-
contrava. 182) Gab: C
187) Gab: E
170) Gab: D
188) Gab: C
171) Gab: A
189) Gab: B
172) Gab: E
190) Gab: E
173) Gab: C
191) Gab: B
174) Gab: E
192) Gab: C
175) Gab: B
193) Gab: E
176) Gab: A
194) Gab: E
177) Gab: C
195) Gab: C
178) Gab: D
196) Gab:A
179) Gab:A
197) Gab:A
180) Gab: C
198) Gab:A
181) Gab: D
502 - www.PROJETOREDACAO.com.br
199) Gab: c) Aos indivíduos do sexo masculino.
200) Gab:
210) Gab–1: B
201) Gab: Gab–2: D
Gab–3: A
Gab–5: A
206) Gab:
207) Gab: C
218) Gab: E
208) Gab:
221) Gab: D
209) Gab:
246) Gab: D
229) Gab: B
247) Gab: