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 TEMPO DE AULA: 30min

 GÊNERO TEXTUAL: Cordel


 EXPLANAÇÃO DO CONTEÚDO: Definição, elementos composicionais, estrutura e função das
HQ’s.
 DA TEORIA À PRÁTICA: ATIVIDADES DE SALA
 DESCRITORES A SEREM ALCANÇADOS:
 D4 - Inferir uma informação implícita em um texto.
 D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos,
fotos, etc.)
 D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
 D18 – Reconhecer efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão.
 D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos.
 ATIVIDADE PARA CASA [ATIVIDADES COMPLEMENTARES]

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CORDEL

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CORDEL

https://youtu.be/0s4BbHxpUKY

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CORDEL

A SECA E O INVERNO

Na seca inclemente do nosso Nordeste


O sol é mais quente e o céu, mais azul
E o povo se achando sem chão e sem veste
Viaja à procura das terras do Sul

Porém quando chove tudo é riso e festa


O campo e a floresta prometem fartura
Escutam-se as notas alegres e graves
Do canto das aves louvando a natura

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CORDEL
Alegre esvoaça e gargalha o jacu
Apita o nambu e geme a juriti
E a brisa farfalha por entre os verdores
Beijando os primores do meu Cariri

De noite notamos as graças eternas


Nas lindas lanternas de mil vaga-lumes
Na copa da mata os ramos embalam
E as flores exalam suaves perfumes

Se o dia desponta vem nova alegria


A gente aprecia o mais lindo compasso
Além do balido das lindas ovelhas
Enxames de abelhas zumbindo no espaço
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CORDEL

E o forte caboclo da sua palhoça,


No rumo da roça de marcha apressada
Vai cheio de vida sorrindo e contente
Lançar a semente na terra molhada

Das mãos deste bravo caboclo roceiro


Fiel fazendeiro modesto e feliz
É que o ouro branco sai para o processo
Fazer o progresso do nosso país.

(Patativa do Assaré)
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CORDEL

O texto que você leu é um cordel.

O cordel teve sua origem durante a Idade Média e, no Brasil, é muito


mais conhecido e divulgado na região Nordeste.
O nome “cordel” teve sua origem em Portugal, na Idade Média,
porque os folhetos ficavam pendurados por cordões ou barbantes, em
exposição.

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CORDEL

Os folhetos à venda, pendurados em cordéis.

Imagem: Literatura de Cordel / Diego Dacal / Creative Commons -


Atribuição - Partilha nos Mesmos Termos 2.0 Genérica.
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XILOGRAVURA
As capas desses folhetos – geralmente impressos em preto e branco – são
ilustradas com fotos, desenhos ou xilogravuras, que á a sua forma histórica e
tradicional.

Você sabe o que é xilogravura?

É a arte de gravar em madeira. É uma técnica de impressão em que o


desenho é entalhado com formão, faca ou buril em uma chapa de madeira que
servirá de matriz, como um carimbo.
BELTRÃO, Eliana Lúcia Santos. Diálogo: língua portuguesa, 7º ano/Eliana Lúcia
Santos Beltrão, Tereza Cristina S. Gordilho. – Ed. Renovada. – São Paulo: FTD, 2009
– (Coleção Diálogo).

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XILOGRAVURA

As xilogravuras servem para ilustrar e atrair os


leitores.

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XILOGRAVURA

xilogravura / Jost Amman / Domínio Público do Estados Unidos.


Imagem: Xilogravuras do século XVI ilustrando a produção da
Xilogravuras do século XVI ilustrando a produção da xilogravura. No primeiro: ele
esboça a gravura. No segundo: ele usa um buril para cavar o bloco de madeira que
receberá a tinta.
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XILOGRAVURA

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O cordelista geralmente reelabora histórias fantásticas ou reais que
ouviu ou testemunhou, acrescentando sua própria contribuição: seu jeito de
contar, suas experiências e sua cultura.
Até um tempo atrás, em algumas regiões onde não havia jornal,
rádio, telefone ou TV, muitos cordelistas contavam notícias às pessoas
através dos seus livretos.
CAMPOS, Elizabeth Marques. Viva Português: língua portuguesa , 7° ano / Elizabeth Marques Campos, Paula Marques
Cardoso, Sílvia Letícia de Andrade. 2. ed. – São Paulo: Ática, 2009.

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Patativa do Assaré
(Antônio Gonçalves da Silva)

Nasceu em 1909, era cego de um olho


desde os 4 anos de idade, aos 5 já fazia
versos. Alfabetizou-se aos 12 anos,
ficando apenas alguns meses na escola,
foi considerado um autodidata. Morreu
em 2002, aos 93 anos.
BELTRÃO, Eliana Lúcia Santos. Diálogo: língua portuguesa, 7º ano/Eliana Lúcia Santos
Beltrão, Tereza Cristina S. Gordilho. – Ed. Renovada. – São Paulo: FTD, 2009 – (Coleção
Diálogo).

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J. Borges (José Francisco Borges)

Nasceu em Bezerros, cidade do


agreste pernambucano, é um dos
artistas mais celebrados da América
Latina. É considerado um gênio da arte
popular, já ministrou aulas sobre
xilogravura e cultura do cordel em
vários países.

BELTRÃO, Eliana Lúcia Santos. Diálogo: língua portuguesa, 7º


ano/Eliana Lúcia Santos Beltrão, Tereza Cristina S. Gordilho. – Ed.
Imagem: Xilogravurista e cordelista brasileiro J. Borges / imagem do
acervo da TV Brasil / Creative Commons - Atribuição 3.0 Brasil.
Renovada. – São Paulo: FTD, 2009 – (Coleção Diálogo).

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ELEMENTOS COMPOSICIONAIS

OS VERSOS

Os versos possuem métrica (número de sílabas


poéticas) fixa e presença de rima. Os versos mais
populares são as sextilhas setessilábicas.
Mais recentemente, a estrutura formal deixou
de ser tão rígida.

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ELEMENTOS COMPOSICIONAIS

ESTROFE

A estrofe básica do cordel é a sextilha (seis


versos), mas também são populares as quadras ou
quartetos (quatro versos), as sétimas (sete versos), as
oitavas (oito versos) e as décimas (estrofes com dez
versos).

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ELEMENTOS COMPOSICIONAIS

RIMA

As rimas ricas não preocupam os cordelistas. É


muito comum não rimar os versos ímpares nas
quadras e sextilhas. Também não é necessário fazer
rimas em todos os versos.

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ELEMENTOS COMPOSICIONAIS
Observe as rimas presentes nos versos de Patativa do Assaré.

Na seca inclemente do nosso Nordeste


O sol é mais quente e o céu, mais azul
E o povo se achando sem chão e sem veste
Viaja à procura das terras do Sul

Porém quando chove tudo é riso e festa


O campo e a floresta prometem fartura
Escutam-se as notas alegres e graves
Do canto das aves louvando a natura

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ELEMENTOS COMPOSICIONAIS

MUSICALIDADE

O cordel é produzido para ser declamado. O poeta “canta” seus


versos em uma feira, com o objetivo de vender o folheto em que estão
impressos.

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ATIVIDADE
COMPLEMENTAR
QUESTÃO 1 [ADAPTADA]

La Vie en Rose (Foto: ENEM)

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As gravuras talhadas em madeira (imburana, cedro ou pinho) possibilitaram aos artistas
populares o domínio de todo o processo de edição dos folhetos. Os desenhos acompanham o
conteúdo do folheto. A simplicidade das formas, as cores chapadas, a presença de motivos,
paisagens e personagens nordestinas, transportam os leitores para o mundo da fantasia,
imprimindo aos reis e rainhas, criaturas fantásticas e sobrenaturais, características que se
aproximam do universo de experiências dos leitores.
MARINHO, Ana Cristina; PINHEIRO, Hélder. O Cordel no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez. 2012, 47-47.
De acordo com a Xilogravura, isto é, gravura talhada em madeira, a o cordel, infere-se que
a) ambas as artes nasceram na mesma época, ou seja, são contemporâneas.
b) o cordel, arte em xilogravura, não se configura como expressão literária.
c) esta arte, o cordel, não se configura como literatura, pois trata-se de uma manifestação
oral.
d) a arte da xilogravura antecipa a escrita literária e, ainda, faz parte do conjunto que se
denomina de literatura de cordel.
e) a arte pode ser encantadora, faz parte da cultura popular nordestina, mas não se
reconhece como arte literária.
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QUESTÃO 2
Cordel resiste à tecnologia gráfica
O Cariri mantém uma das mais ricas tradições da cultura popular. É a literatura de
cordel, que atravessa os séculos sem ser destruída pela avalanche de modernidade que
invade o sertão lírico e telúrico. Na contramão do progresso, que informatizou a indústria
gráfica, a Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte, e a Academia dos Cordelistas do Crato
conservam, em suas oficinas, velhas máquinas para impressão dos seus cordéis.
A chapa para impressão do cordel é feita à mão, letra por letra, um trabalho artesanal
que dura cerca de uma hora para confecção de uma página. Em seguida, a chapa é levada
para a impressora, também manual, para imprimir. A manutenção desse sistema antigo de
impressão faz parte da filosofia do trabalho. A outra etapa é a confecção da xilogravura
para a capa do cordel.

SOUSA, M. de. Turma da Mônica. Disponível em: http://turmadamonica.uol.com.br. Acesso em: 12 ago. 2020.

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As xilogravuras são ilustrações populares obtidas por gravuras talhadas
em madeira. A origem da xilogravura nordestina até hoje é ignorada.
Acredita-se que os missionários portugueses tenham ensinado sua técnica
aos índios, como uma atividade extracatequese, partindo do princípio
religioso que defende a necessidade de ocupar as mãos para que a mente
não fique livre, sujeita aos maus pensamentos, ao pecado. A xilogravura
antecedeu ao clichê, placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre
metal, usualmente zinco, que era utilizada nos jornais impressos em
rotoplanas.
VICELMO, A. Disponível em: www.onordeste.com. Acesso em: 24 fev. 2013 (adaptado).

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A estratégia gráfica constituída pela união entre as técnicas da impressão
manual e da confecção da xilogravura na produção de folhetos de cordel

a) realça a importância da xilogravura sobre o clichê.


b) oportuniza a renovação dessa arte na modernidade.
c) demonstra a utilidade desses textos para a catequese.
d) revela a necessidade da busca das origens dessa literatura.
e) auxilia na manutenção da essência identitária dessa tradição popular.

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QUESTÃO 3
A literatura de cordel é ainda considerada, por muitos, uma literatura menor. A alma do
homem não é mensurável e — desde que o cordel possa exprimir a história, a ideologia e os
sentimentos de qualquer homem — vai ser sempre o gênero literário preferido de quem
procura apreender o espírito nordestino. Os costumes, a língua, os sonhos, os medos e as
alegrias do povo estão no cordel. Na nossa época, apesar dos jornais e da TV — que
poderiam ter feito diminuir o interesse neste tipo de literatura — e da falta de apoio
econômico, o cordel continua vivo no interior e em cenáculos acadêmicos.
A literatura de cordel, as xilogravuras e o repente não foram apenas um divertimento do
povo. Cordéis e cantorias foram o professor que ensinava as primeiras letras e o médico que
falava para inculcar comportamentos sanitários. O cordel e o repente fazem, muitas vezes,
de um candidato o ganhador da banca de deputado. E assim, lendo e ouvindo, foi-se
formando a memória coletiva desse povo alegre e trabalhador, que embora calmo, enfrenta
o mar e o sertão com a mesma valentia.
BRICKMANN, L. B. E de repente foi o cordel. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso em: 29 fev. 2012
(fragmento).
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O gênero textual cordel, também conhecido como folheto, tem origem em relatos
orais e constitui uma forma literária popular no Brasil. A leitura do texto sobre a
literatura de cordel permite

a) descrever esse gênero textual exclusivamente como instrumento político.


b) valorizar o povo nordestino, que tem no cordel sua única forma de expressão.
c) ressaltar sua importância e preservar a memória cultural de nosso povo.
d) avaliar o baixo custo econômico dos folhetos expostos em barbantes.
e) informar aos leitores o baixo valor literário desse tipo de produção.

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Cordel
Reconhecer as características, elementos composicionais
e função do cordel.

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