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Cantigas de
adolescer
Ilustrações: Evandro Luiz da Silva
Manual do
ProFessor
Cantigas de adolescer 2
José, Elias
Cantigas de adolescer / Elias José ; ilustrações
Evandro Luiz da Silva. — 1. ed. — São Paulo :
Anglo, 2018
18-17098 CDD-028.5
Elias José
Cantigas de
adolescer
Ilustrações: Evandro Luiz da Silva
Manual do
ProFessor
Cantigas de adolescer 1
Introdução
A cada dia que passa, vê-se menos sentido em se falar em atividades exclusiva-
mente femininas ou masculinas. O ser humano tem se reinventado de maneira tão
criativa que suas habilidades pessoais no cotidiano doméstico e social não se pren-
dem mais a limites e fronteiras. Entretanto, questões biológicas e comportamentais
do ser feminino ou do masculino sempre existirão.
Elias José escreve com tal sensibilidade suas Cantigas de adolescer, o livro que será
objeto de estudo neste Manual, que, quando o professor apresenta aos alunos essa obra,
assiste a uma imediata identificação dos jovens leitores com os poemas. Quando o
autor escreve as Cantigas de Maria e as Cantigas de João, com suas características
peculiares, está, a priori, fazendo um “registro histórico” da humanidade de cada ser.
É a literatura colocando-se à disposição da perpetuação da vida e de seu direito de se
transformar. O leitor, antes de ser introduzido num mundo de constantes e intensos
movimentos, precisa ser orientado a reconhecer o próprio eu para, só então, poder
exercer seu protagonismo de fato e de direito – para isso é necessário o:
Cabe a você, professor, tomar consciência de seu papel como mediador para iniciar
jovens na leitura de modo que se preservem a liberdade e o prazer intrínsecos à fruição
de textos literários e o caráter individual e reflexivo dessa atividade. Lajolo acrescenta:
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Portanto, Elias José não só escreveu a obra baseando-se na vida de seus jovens
alunos, mas também na dos jovens que tinha dentro de casa. Além disso, fez muitos
cursos sobre psicologia da adolescência para retratar com coerência o adolescente
daquela época (início da década de 1990).
Sobre a construção de Cantigas de adolescer, diz o autor:
[...] acabei criando dois personagens, Maria e João, duas vozes poéticas
que retratam o feminino e o masculino. Os problemas por eles vividos
ligam-se aos medos, sonhos, descobertas, inseguranças, desajustes no
relacionamento com os adultos, com os amigos, com o seu próprio eu.
Ligam-se às mudanças no corpo e às descobertas do amor. Mesmo co-
locando tragédia onde não há, busquei o humor e os sentimentos (não
o sentimentalismo) para expressar o que queria. Mesmo buscando ins-
piração nas cantigas medievais de amigo e de amor, valorizei as formas
modernas e livres de cantar.
(p. 69)
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Linguagem
1 . Elias José, ao dividir a obra em duas partes, criando duas vozes poéticas, uma feminina
e outra masculina, inspirou-se nas cantigas líricas do Trovadorismo português (1189-1418).
As cantigas trovadorescas eram composições poéticas musicadas, instrumentadas e can-
tadas. Essas cantigas eram divididas em cantigas líricas e cantigas satíricas. As líricas (sen-
timentais) dividiam-se em cantigas de amor e cantigas de amigo. As satíricas (debochadas)
dividiam-se em cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. Nas cantigas de amor, o eu
lírico é masculino, apaixonado por uma mulher inacessível pertencente a uma classe social
superior, deixando evidente o platonismo-amoroso típico dessas cantigas. Já nas cantigas
de amigo, o poeta se passava por uma mulher, isto é, o eu lírico é uma mulher que sofre
pela ausência de seu amigo – que na época representava um namorado geralmente em
guerra, o qual, por isso, não comparecia ao encontro marcado. Algumas dessas cantigas es-
tão disponíveis em: <http://www.dominiopublico.gov.br> (acesso em: 10 jun. 2018). Basta,
nos campos de busca, selecionar “Texto” e, em Título, digitar “cantiga”.
A linguagem adotada pelos autores do Trovadorismo português era a coloquial, compa-
tível com a dos jovens do livro aqui analisado, Maria e João. Peça aos alunos que deem
exemplos desse tipo de linguagem citando trechos dos poemas de Cantigas de adolescer.
Algumas possibilidades de respostas são: “Já viu que sou chegadinha numas de mística, / de
cabala, olhar sorte, mapa astral e numerologia” (p. 9) / “Na passagem do ano / olhei muito,
muito pro céu” (p. 59).
2. Percebe-se em Cantigas de adolescer o uso frequente da intertextualidade, isto é, a utili-
zação ou a referência de um texto literário em outro.
No poema “Exilada”, Maria diz: “Meu quarto é meu país / de exílio, / sem sabiás nem
palmeiras” (p. 10). Primeiramente, verifique se os alunos reconhecem que o texto é
uma referência à “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias (1823-1864), um dos poemas
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Bate-papo e pesquisa
1. Peça aos alunos que façam uma pesquisa a respeito do empoderamento feminino –
o debate sobre esse tema já foi iniciado, neste Manual, no item 6 da seção Depois da leitura.
Com a ajuda do professor de História, peça que pesquisem sobre as lutas das mulheres por
direitos igualitários.
2. Em seguida, sugira-lhes que pesquisem sobre mulheres importantes para a História, como
Frida Kahlo, Patrícia Galvão (Pagu), Tarsila do Amaral, Clarice Lispector, a jovem Malala
Yousafzai, Irmã Dulce, Dra. Zilda Arns, Madre Teresa de Calcutá, Marta (jogadora de futebol).
Divida a turma em grupos, orientando-os a não repetir a pessoa que será pesquisada.
3. Depois, peça a cada grupo que compartilhe com toda a turma o que pesquisou.
4. Para finalizar, peça aos grupos que construam cartazes apresentando não só o resultado
das pesquisas, mas também o que foi discutido durante a apresentação para a turma, de
modo que possam compartilhar com toda a comunidade escolar a importância do empo-
deramento feminino.
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Fazendo arte
Professor, que tal transformar um dos poemas da obra Cantigas de adolescer em
outras manifestações artísticas? Convide um professor de Arte da escola para traba-
lhar com você e seus alunos nesta atividade.
1. Agora os alunos serão os atores! Que tal as meninas escolherem alguns poemas de Maria
para montar pequenos monólogos, como se fossem esquetes de, no máximo, cinco minutos?
Peça aos meninos que façam o mesmo com os poemas de João.
2. Peça aos alunos que entrevistem pessoas mais velhas (filmando-as) a respeito de como elas
conheceram o namorado/a namorada ou o cônjuge. Se os entrevistados tiverem alguma
história curiosa sobre o primeiro encontro, tanto melhor!
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Leia também
»» Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. São Paulo: Usborne, 2016.
Este clássico da literatura universal jamais deixará de ser uma referência
na reflexão acerca do crescimento e do amadurecimento humano.
»» Tudo o que mais queria, de Tânia Alexandre Martinelli. São Paulo: Editora
do Brasil, 2010.
Em vez de Maria e João, este livro mostra os dilemas de Luana e Carlos
Eduardo. O encontro das histórias deles é na praia, diante de um imenso
mar de desejos e descobertas, diante do mar que tanto amam.
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília,
DF, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br>. Acesso em: 25
maio 2018.
DOMÍNIO PÚBLICO. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
PesquisaObraForm.jsp>. Acesso em: 12 jun. 2018.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6. ed. São Paulo:
Ática, 2010. (Educação em Ação).
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