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"Lá de onde Alice vem é longe que só a gota.

Longe que só a gota no tempo, que é muito mais longe que só a gota do que longe que
só a gota no espaço.

Porque, vir de longe no espaço é lonjura besta, que qualquer bicho falado derrota. Agora
vir de longe, no tempo, é lonjura cabulosa.

Lonjura, que prá ficar desimpossível, demora.

Lá no tempo de Antonio, o mundo já tinha virado uma doidice. Mas prá se entender
direitinho a história da doidice desse tempo, há de se começar do começo,

bilhões de anos atrás, quando o mundo foi criado. Tudo era uma seca só, num tinha
terra, num tinha céu, num tinha bicho, num tinha gente, num tinha nada. Era só o breu.

Aí, Deus foi ficando meio enjoado e decidiu criar o mundo.

'Vê que besteira minha, por que é que há de ficar tudo sem nada, se eu posso inventar o
que eu quiser?' E saiu inventando!

Primeiro Deus inventou o tempo, que era prá ter tempo de inventar o resto.

Em seguida inventou o céu, que era pra ter onde morar.

E como o céu tem que ficar em cima de alguma coisa, Deus inventou a Terra prá botar
por debaixo.

'A Terra vai ficar assim, só com o céu em cima e sem ficar com nada por baixo não é?'

E aí ele pegou o inferno e botou debaixo da Terra.

No começo, a terra só servia prá isso: prá ficar embaixo do céu e em cima do inferno.

'Oxente, já que tem a Terra, eu tenho que botar gente pra morar lá'

E foi assim que ele criou a vida!


E no que ele criou a vida já criou a morte junto pois tudo que é vivo morre.

'Danosse!' Deus pensou na hora. 'Se todo ser vivo tem nariz, boca, orelha e olho, tem
que ter uma serventia pra isso tudo!' Os olhos e o nariz já tinha as dele: os olhos eram
prá olharem pro céu, e o nariz prá pessoa respirar enquanto viva, prá parar de respirar,
prá poder morrer em paz.

Mas carecia arranjar uma utilidade prá boca e prás orelha.

E não foi por isso que Deus fez o verbo?

Verbo era como Deus chamava as palavra.


E Deus haja inventar palavra. 'Montanha, rio, riacho, elefante, jumento, capim, abacate,
saputi, laranja cravo.

' Mas, como prá cada palavra tinha que ter uma coisa, Deus teve que inventar um monte
de coisa, pra ficar uma coisa pra cada palavra.

Abacate, saputi, laranja-cravo, capim, elefante, jumento, montanha, rio, riacho.

E os homem acharam pouco, e se botaram a inventar mais coisa ainda!

Ihh... prego, parafuso, munguzá, picolé...

Desde o começo do mundo até o tempo de Alice, muita palavra se inventou, muita coisa
aconteceu, muito tempo teve que passar até chegar o dia do tempo dela. Mas o tempo de
Alice, assim conhecido desse jeito,

O tempo de Alice, como foi chamado esse tempo,

O tempo de Alice

AHHHHHHHHH
FALA LOGO

Começouuuuuuuuuuuu!

Do começo!

Narrador(a)
Transporto com muito gosto
Para o cordel brasileiro
História de encantamento,
Famosa no mundo inteiro,
Lewis Carrol é o autor;
Pois foi ele, meu leitor
Quem a redigiu primeiro

Narrador(a)

Narrador(a)
Como sempre, todo dia,
Bem no alpendre se sentou
E sua irmã mais velha
Sem jeito se acomodou.

Narrador(a)
Estudaram a lição
Com muita disposição
Até que Alice falou:
Alice
Vamos lá para o jardim
Ver a paisagem bela!
O sol afagando as nuvens,
Pintando linda aquarela.

Narrador(a)
Na hora, sua irmãzinha,
Para não ficar sozinha
Saiu correndo atrás dela.

Coelho
Perdi a hora
O que vou fazer agora?
Estou de novo atrasado.

Alice
Coitado!
Entrou no buraco errado
O que foi que aconteceu?

Coelho
Oh céus! Estou atrasado
Quem do relógio depende
Sua liberdade vende
Pois assim diz o ditado!

Narrador
Na beirada da cacimba,
Alice chegou cansada,
Olhou tudo com cuidado
Não conseguia ver nada
Ai caiu na cacimba,
Perdeu a concentração
E em vez de se esborrachar,
A menina foi parar
Num gigantesco salão.

Narrador

Salão de rara mobilia


De estilo colonial;
Uma mesa sem cadeiras
Ali na parte central
E num canto uma portinha
Toda pintada, novinha,
Na parede lateral.

Refazendo-se do susto
Caminhou, com precisão,
Curiosa como sempre,
Prestando muita atenção
Na maior tranquilidade,
Foi, com curiosidade
bisbilhotar o salão.

Alice viu sobre a mesa,


E ficou interessada,
Numa jarrinha de suco
Cheinha de limonada:

Alice:

Será que posso beber


Ou é melhor esquecer
Minha vontade apressada?

Mas na jarra estava escrito


“pode beber – é verdade!”
Alice não perdeu tempo,
Lá se foi a ansiedade:

Alice:
- Que gostosa limonada!
A sede foi saciada
Minha sede tá saciada
Matou de vez minha vontade

Narrador:

O seu corpo de repente


Foi entortando sem parar
O são ficou estranho
O mundo começou a girar.
Alice disse, assustada;

Alice:

- Que coisa descontrolada,


Assim não posso ficar!

Narrador:

De repente ela viu


Correndo pelo jardim

Coelho:

Estou atrasado!
Narrador:

O mesmo coelho apressado


Numa carreira sem fim

Alice:

Me espere ai, senhor coelho!

Narrador:

Porém o coelho, correndo,


Nem sequer a escultou.
Por isso, na mesma hora
Em que o coelho foi embora,
A pobrezinha chorou

Ainda muito chorosa,


Encontrou ali no chão
Uma pequenina chave
Que chamou sua atenção

Alice:

É para abrir a portinha


Mas como posso, sozinha,
Sair desse salão?

Narrador:

Contudo vê sobre as lágrimas


Um pontinho de alimento

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