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1 Q1292134 Literatura > Modernismo , Escolas Literárias


Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2019 - UFPR - Vestibular - Conhecimentos Gerais

Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do
Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele: - Nunca esperei muita coisa,
digo a Vossas Senhorias. O que me fez retirar não foi a grande cobiça; o que apenas busquei foi defender minha vida da tal
velhice que chega antes de se inteirar trinta; se na serra vivi vinte, se alcancei lá tal medida, o que pensei, retirando, foi
estendê-la um pouco ainda. Mas não senti diferença entre o Agreste e a Caatinga, e entre a Caatinga e aqui a Mata a
diferença é a mais mínima. Está apenas em que a terra é por aqui mais macia; está apenas no pavio, ou melhor, na
lamparina: pois é igual o querosene que em toda parte ilumina, e quer nesta terra gorda quer na serra, de caliça, a vida arde
sempre
com a mesma chama mortiça. [...] Sim, o melhor é apressar o m dessa ladainha, m do rosário de nomes que a linha do rio
en a; é chegar logo ao Recife, derradeira ave-maria do rosário, derradeira invocação da ladainha, Recife, onde o rio some e
esta minha viagem se nda. (MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-187.)
Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.

O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que ainda se iluminavam as casas com lamparinas, e, nessa
A situação, a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é prejudicada pelas limitações da época e por sua
própria ignorância.

A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do rosário”, assim como as várias rezas que Severino
B testemunha ao longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade como um fator de atraso na vida dos
nordestinos.

Ao nal, ca claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos desenvolvidas da
C Caatinga, do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas condições naturais, mas por uma
estrutura social excludente.

O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir aos retirantes que não saiam de sua terra, visto que,
D sem preparo, eles enfrentam di culdades enormes no Recife, valendo mais a pena procurar desenvolver sua própria
região.

Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre dois coveiros e, percebendo que sua viagem havia sido
E
inútil, entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se no rio Capibaribe.

2 Q1292133 Literatura > Modernismo: Tendências contemporâneas , Escolas Literárias


Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2019 - UFPR - Vestibular - Conhecimentos Gerais

O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth
Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de
representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos,
desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o
trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934: Nem a razão para usar as
sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica ao primitivo. Essa
razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura de um ou
outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de
um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas
moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode
ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e
antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.) Considerando a leitura integral de
Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa em que a representação dos
“povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”, ou, segundo de nição dela
mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.

“Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se não
A
um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”
“São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles
B tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo
e não tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.

“Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes,
C um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do
rio Vermelho. Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.

“Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam e
D
nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.

“Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pací co, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou
entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua
E
irmã, seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino
antropólogo”.

3 Q1292132 Literatura > Naturalismo , Escolas Literárias


Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2019 - UFPR - Vestibular - Conhecimentos Gerais

Ao mesmo tempo em que narram fatos, os narradores de Casa de Pensão e Clara dos Anjos também assumem
postura intrusa e opinativa: eles interrompem a narração de acontecimentos e inserem seus comentários e opiniões,
apresentando análises sociológicas ou psicológicas de acontecimentos, ambientes e personagens. Nas alternativas
abaixo, foram transcritos trechos dos dois romances. Assinale a alternativa em que se observa tal atitude intrusa e
opinativa do narrador no romance de Aluísio Azevedo.

“Por outro lado, as mulatas folgavam em tê-lo perto de si, achavam-no vivo e atilado, provocavam-lhe ditos de graça,
mexiam com ele, faziam-lhe perguntas maliciosas, só para 'ver o que o demônio do menino respondia'. E logo que
A
Amâncio dava a réplica, piscando os olhos e mostrando a ponta da língua, caíam todas num ataque de riso, a olharem
umas para as outras com intenção”.

“Muita vez chorou de ternura, mas sempre às escondidas; muita vez sentiu o coração saltar para o lho, mas sempre
se conteve, receoso de cair no ridículo./ E não se lembrava, o imprudente, de que o amor de pai é bem ao contrário do
B
amor de lho; não se lembrava de que aquele nasce e subsiste por si e que este precisa ser criado; que aquele é um
princípio e que este é uma consequência; que um vem de dentro para fora e que o outro vem de fora para dentro”.

“O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do futuro marido.
Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não imaginava as catástrofes imprevistas
C
da vida, que nos empurram, às vezes, para onde nunca sonhamos ter de parar. Não via que, adquirida uma pequena
pro ssão honesta e digna do seu sexo, auxiliaria seus pais e seu marido, quando casada fosse”.

“A casa da família do famoso violeiro não cava nas ruas fronteiras à gare da Central; mas, numa transversal, cuidada,
limpa e calçada a paralelepípedos. Nos subúrbios, há disso: ao lado de uma rua, quase oculta em seu cerrado matagal,
D topa-se uma catita, de ar urbano inteiramente. Indaga-se por que tal via pública mereceu tantos cuidados da edilidade,
e os historiógrafos locais explicam: é porque nela, há anos, morou o deputado tal ou o ministro sicrano ou o intendente
fulano”.

“O provinciano, muito desvigorizado com a moléstia, sentia perfeitamente que os lúbricos impulsos, que dantes lhe
inspirava a graciosa rapariga, iam-se agora destecendo e dissipando à luz de um novo sentimento de gratidão e
E respeito. A primitiva Amélia desaparecia aos poucos, para dar lugar àquela extremosa criança, àquela irmãzinha
venerável, que lhe enchia o quarto com o frescor balsâmico de sua virgindade e rociava-lhe o coração com a trêfega
mimalhice de sua ternura”.

4 Q1292131 Literatura > Teoria Literária


Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2019 - UFPR - Vestibular - Conhecimentos Gerais

Leia os versos abaixo, de Gonçalves Dias e Basílio da Gama:

O Gigante de Pedra (II, Estrofes 5 e 6)


Tornam prados a despir-se, Tornam ores a murchar, Tornam de novo a vestir-se, Tornam depois a secar; E como gota
ltrada De uma abóboda escavada Sempre, incessante a cair, Tombam as horas e os dias, Como fantasmas sombrias, Nos
abismos do porvir!

E no féretro de montes Inconcusso, imóvel, to, Escurece os horizontes O gigante de granito. Com soberba indiferença Sente
extinta a antiga crença Dos Tamoios, dos Pajés; Nem vê que duras desgraças, Que lutas de novas raças Se lhe atropelam
aos pés!

Gonçalves Dias

A Tempestade (Estrofes 1-4)

Um raio Fulgura No espaço, Esparso De luz; E trêmulo E puro Se aviva, S'esquiva, Rutila. Seduz!

Vem a aurora Pressurosa, Côr-de-rosa, Que se cora De carmim; A seus raios As estrelas, Que eram belas, Têm desmaios, Já
por m.

O sol desponta Lá no horizonte, Doirando a fronte, E o prado e o monte E o céu e o mar; E um manto belo De vivas cores
Adorna as ores Que entre verdores Se vê brilhar.

Um ponto aparece, Que o dia entristece, O céu, onde cresce, De negro a tingir; Oh! Vede a procela Infrene, mais bela, No ar
s'encapela Já pronta a rugir!

Gonçalves Dias

O Uraguai (Canto IV, v. 30-52)

Assim quem olha do escarpado cume Não vê mais do que o céu, que o mais lhe encobre A tarda e fria névoa, escura e
densa. Mas quando o sol, de lá do eterno e xo Purpúreo encosto de dourado assento, Co'a criadora mão desfaz e corre O
véu cinzento de ondeadas nuvens, Que alegre cena para nossos olhos! Podem Daquela altura, por espaço imenso, Ver as
longas campinas retalhadas De trêmulos ribeiros, claras fontes E lagos cristalinos, onde molha As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales E arvoredos copados e confusos, Verde teatro onde se admira quanto Produziu a
supér ua Natureza. A terra sofredora de cultura Mostra o rasgado seio; e as várias plantas, Dando as mãos entre si, tecem
compridas Ruas, por onde a vista saudosa Se estende e se perde. O vagaroso gado Mal se move no campo, e se divisam Por
entre as sombras da verdura, ao longe, As casas branquejando e os altos templos.

Basílio da Gama

Com base na análise dos versos acima e na leitura integral de O Uraguai e de Os últimos cantos, considere as
seguintes a rmativas:

1. Embora as “Poesias Americanas” tenham alcançado grande destaque nas leituras posteriores da obra de
Gonçalves Dias, em Últimos Cantos elas ocupam um espaço menor do que o conjunto das outras duas partes:
“Poesias Diversas” e “Hinos”.

2. No poema “O gigante de pedra”, é a montanha, da sua altura, quem assiste aos acontecimentos da história. Os
versos acima citados de O Uraguai, por sua vez, adotam a perspectiva do olhar humano para descrever a natureza
que se descortina do alto de uma montanha.

3. O hino “A tempestade” recria em seus versos os efeitos do fenômeno atmosférico que deslumbra o poeta. Nas três
estrofes citadas, podem-se perceber os recursos poéticos utilizados: métrica crescente, esquema de rimas diferente
a cada estrofe, adjetivos e verbos que vão do claro ao escuro, do tranquilo ao agitado.

4. A reiteração sonora do verbo “tornar”, na mesma posição dos versos iniciais da estrofe 5 de “O Gigante de Pedra”,
marca a variação das estações do ano, sendo que a mesma característica é atribuída à montanha na estrofe seguinte
e ao longo de todo o poema.

5. A partir de acidentes geográ cos de localização precisa, a cadeia de montanhas localizada na atual cidade do Rio
de Janeiro e o rio Uruguai, localizado na fronteira sul do país, “O Gigante de Pedra” e O Uraguai narram um episódio
especí co e datado da história brasileira.

Assinale a alternativa correta.

A Somente a a rmativa 5 é verdadeira.

B Somente as a rmativas 4 e 5 são verdadeiras.

C Somente as a rmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.

D Somente as a rmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.


E As a rmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.

5 Q944715 Literatura > Modernismo , Vanguardas Europeias , Escolas Literárias


Ano: 2018 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2018 - UFPR - Vestibular

Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto:

Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o
governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do
Rio de Janeiro. ( Clara dos Anjos, p. 38.)

Com base no trecho selecionado e na leitura integral do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, assinale a
alternativa correta.

O narrador é imparcial ao descrever os cenários do subúrbio e de outros pontos da cidade, demonstrando


A
neutralidade na constatação das diferenças entre as regiões.

O subúrbio é descrito ora de modo realista, ora de modo idealizado, contribuindo para a construção de uma visão, por
B
vezes, romantizada da pobreza.

O narrador disseca com rigor quase sociológico os problemas políticos da época, citando fatos e personagens
C
históricos reais que se misturam à narrativa.

O romance apresenta o ambiente do subúrbio aliando a descrição pormenorizada do espaço físico à caracterização
D
dos personagens que o habitam.

Os vários bairros e personagens que estão nos arredores da linha férrea do trem urbano são descritos como um
E
conjunto indiferenciado, como se cada bairro não tivesse sua característica própria.

6 Q944714 Literatura > Realismo , Escolas Literárias


Ano: 2018 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2018 - UFPR - Vestibular

Leitor e admirador de Basílio da Gama, e escritor já consagrado pela publicação de Memórias póstumas de Brás
Cubas e Quincas Borba, Machado de Assis lança Várias histórias (1895). O livro reúne 16 contos, publicados
anteriormente no jornal Gazeta de Notícias entre 1884 e 1891. Sobre Machado de Assis, leia o seguinte texto:

Um século depois de sua morte, Milton Hatoum a rma que os leitores atuais “nas narrativas breves do Bruxo vão encontrar
os temas dos grandes romances: a loucura, o adultério, o jogo de sedução e poder, os carreiristas e alpinistas sociais, e a
combinação de falta de escrúpulos e crueldade nas atitudes de determinada elite brasileira do século XIX. Um século depois
da morte de Machado, alguns desses temas perduram, porque fazem parte constitutiva da natureza humana. Quanto à
crueldade de uma elite que cultiva privilégios... até nisso Machado acertou em cheio, e com um pessimismo e uma ironia
que nos deixam sem fôlego”.

( Terra magazine. Publicado em 22/09/2008. Disponível em:<http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,OI3198423-


EI6619,00-Machado+de+Assis+um+seculo+depois.html>.)

Com base na leitura integral dos contos de Várias histórias e no trecho citado de Milton Hatoum, assinale a alternativa que
propõe a associação correta entre tema central e conto.

O conto “Trio em lá menor” tem como tema central “a combinação de falta de escrúpulos e crueldade nas atitudes de
A
determinada elite brasileira do século XIX”

B O conto “A causa secreta” tem como tema central a descrição de personagens “carreiristas e alpinistas sociais”.

C O conto “Mariana” tem como tema central “a loucura”.

D O conto “Adão e Eva” tem como tema central a suposição ou concretização do “adultério”.

E O conto “O diplomático” tem como tema central “o jogo de sedução”.

7 Q944713 Literatura > Modernismo: Tendências contemporâneas , Escolas Literárias


Ano: 2018 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2018 - UFPR - Vestibular

Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já
garantiram seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um certo
oriente, publicado em 1989, marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em 2002, é o
sétimo livro lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de contos Aberração.

A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes a rmativas:

1. Milton Hatoum consegue trazer para a sua cção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo; Bernardo
Carvalho, por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na cção, de fatos e personagens históricos, autobiogra a e
experiências pessoais.

2. Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da obrigação
histórica de recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de uma família
que viveu em Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para entregar ao leitor
a solução de um mistério até então não resolvido.

3. A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro” (em
tradução de Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton Hatoum. O
título do romance de Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain passou na
companhia de Manoel Perna, durante a sua estada entre os índios Krahô.

4. O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser veri cado na humilhação e nos abusos
sofridos pelas caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois
“inomináveis”. Em Nove noites, a narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século XX
– Estado Novo, Ditadura Militar e Período Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade permanente dos
índios num mundo de brancos.

5. Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus lhos, com a curiosidade natural do
imigrante, atravessam constantemente o rio que separa a cidade da oresta. Da mesma forma, o narrador-jornalista
de Nove noites visita inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o suicídio de Buell Quain.

Assinale a alternativa correta

A Somente as a rmativas 1 e 4 são verdadeiras

B Somente as a rmativas 2 e 5 são verdadeiras

C Somente as a rmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras

D Somente as a rmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras

E As a rmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.

8 Q848604 Literatura > Barroco , Escolas Literárias


Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2017 - UFPR - Vestibular

Sobre o Sermão de Santo Antônio aos peixes (século XVII), do Padre Antônio Vieira, assinale a alternativa correta.

Trata-se de um texto barroco, o que se nota pelo reaproveitamento intertextual que faz de um texto clássico, isto é, do
A
sermão que três séculos antes o próprio Santo Antônio havia pregado.

O sermão é dirigido aos outros pregadores, indicando o que devem fazer para ser o sal da terra, ou seja, para que
B
sejam e cazes em sua ação.

Na segunda metade do sermão, ao apontar os defeitos dos peixes, o Padre Antônio Vieira relaciona esses defeitos aos
C
problemas das sociedades humanas.

Os peixes voadores são louvados no sermão, já que superam suas limitações de peixe para se levantarem o quanto
D
possível na direção do céu, aproximando-se de Deus.

Vieira se refere a peixes mencionados por santos, pela Bíblia e por autores clássicos, mas não a peixes da costa
E
brasileira, o que denota seu desinteresse por temas locais.
9 Q848603 Literatura > Simbolismo , Escolas Literárias
Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2017 - UFPR - Vestibular

O romance histórico A última quimera (1995), de Ana Miranda:

é narrado pelo poeta e cronista Olavo Bilac, o qual usa notícias de jornais cariocas para buscar dedignidade aos fatos
A
históricos de que trata o enredo.

fornece um retrato de uma geogra a pouco explorada pela cção brasileira, isto é, os subúrbios do Rio de Janeiro,
B
estado natal de Augusto dos Anjos.

narra de maneira linear a vida de Augusto dos Anjos até seu sepultamento, e essa linearidade permite que o romance
C
seja classi cado como histórico.

cita e parafraseia textos poéticos de Augusto dos Anjos, fazendo com que sua poesia construa ideias e argumentos
D
seus e de outros personagens.

parodia, nas epígrafes, trechos de crônicas de Olavo Bilac e Augusto dos Anjos, retratando de forma bem-humorada a
E
Belle Époque tropical.

10 Q848600 Literatura > Modernismo , Escolas Literárias


Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2017 - UFPR - Vestibular

No romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, o narrador tece considerações generalizantes a respeito da sociedade
de sua época, ao mesmo tempo em que narra a vida da protagonista, de sua família e a malandragem de Cassi Jones.
A respeito de aspectos da construção de Clara ou de fatos de que ela participa, assinale a alternativa correta.

A a rmação “é próprio do nosso pequeno povo fazer uma extravagante amálgama de religiões e crenças de toda a
A sorte, e socorrer-se desta ou daquela, conforme os transes e momentâneas agruras de sua existência” (capítulo I)
explica a frequência de Clara a igrejas e templos de diferentes religiões.

A frase “A gente pobre é difícil de se suportar mutuamente; por qualquer ninharia, encontrando ponto de honra,
B
brigando, especialmente as mulheres” (capítulo VII) alude às provocações que Clara desferia contra suas vizinhas.

A ponderação “Cada um de nós, por mais humilde que seja, tem que meditar, durante a sua vida, sobre o angustioso
C mistério da Morte, para poder responder cabalmente, se o tivermos que o fazer, sobre o emprego que demos a nossa
existência” (capítulo VIII) refere-se à cena da morte de Clara.

O comentário “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do
futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não imaginava as
D
catástrofes imprevistas da vida” (capítulo VIII) prenuncia as di culdades que Clara enfrentou no seu casamento com
Cassi.

A análise “A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da boca dos seus
E pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigos, mas isto ao vivo, com exemplos,
claramente...” (capítulo X) denuncia a frágil educação recebida por Clara como responsável pelo seu destino.

11 Q848599 Literatura > Romantismo , Escolas Literárias


Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2017 - UFPR - Vestibular

A respeito dos poemas que compõem o livro Últimos Cantos (1851), do maranhense Gonçalves Dias, assinale a
alternativa correta.

O nacionalismo romântico se expressa no antológico poema “Canção do exílio”, que abre o livro com um tom
A laudatório: “Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais ores, / Nossos bosques têm mais vida, / Nossa
vida mais amores”.

O embate entre tribos indígenas, com a consequente prisão de um guerreiro, é narrado em “I-Juca-Pirama”, poema
B marcado por variedade métrica: “O prisioneiro, cuja morte anseiam, / Sentado está, / O prisioneiro, que outro sol no
ocaso / Jamais verá!”.

A pureza racial dos indígenas brasileiros é exaltada no poema “Marabá” por meio da descrição da personagem-título:
C “— Meus olhos são garços, são cor das sa ras, / — Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; / — Imitam as nuvens de
um céu anilado, / — As cores imitam das vagas do mar!”.

O aspecto fúnebre das lendas românticas é representado no poema “O gigante de pedra”, em que se destaca a
D monstruosidade do personagem: “Gigante orgulhoso, de fero semblante, / Num leito de pedra lá jaz a dormir! / Em
duro granito repousa o gigante, / Que os raios somente puderam fundir”.

O lirismo romântico prefere temas delicados, como as brincadeiras inocentes da criança em “Mãe-d’água”: “Minha
E mãe, olha aqui dentro, / Olha a bela criatura, / Que dentro d’água se vê! / São d’ouro os longos cabelos, / Gentil a doce
gura, / Airosa leve a estatura; / Olha, vê no fundo d’água / Que bela moça não é!”.

12 Q591393 Literatura > Simbolismo , Parnasianismo , Modernismo: Tendências contemporâneas Escolas Literárias
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase

O trecho a seguir integra o romance A última quimera, de Ana Miranda:


Meus sofrimentos sempre foram menores diante dos de Augusto, sempre competimos de certa maneira sobre quem sofria
mais grandiosamente, como um jogo de xadrez em que as peças não fossem cavalos, bispos, torres, reis, rainhas mas a
angústia, a dor física, a dor mental, o vazio existencial, a depressão, as forças subterrâneas, a morbidez, a neurose, o
pesadelo, a convulsão de espírito, a negação, o não ser, a mágoa, a miséria humana, o uivo noturno, as carnações
abstêmias, os lúbricos arroubos, a fome incoercível, a paixão pelas mulheres impossíveis, a morte; e nesse momento ele
parece zombar de mim, como se dissesse: “Vê, como são tolos seus sofrimentos? Você perdeu um amigo e eu perdi a vida".
(p. 192)
Com base nesse trecho especí co e na totalidade da obra, considere as seguintes a rmativas:
1. O romance cita documentos para con rmar os fatos históricos narrados, além de expor informações biográ cas precisas
sobre dois poetas brasileiros, que caram conhecidos pelo rigor cientí co e pelo estilo descritivo.
2. O estilo poético de Augusto dos Anjos, um dos personagens centrais da obra, está exempli cado em vários trechos do
romance. São exemplos disso a enumeração de vocábulos de teor melancólico e pessimista e o uso de imagens que recriam
uma atmosfera mórbida.
3. O narrador do romance adota uma perspectiva distanciada em relação à história e aos personagens reais que recria,
contribuindo para reforçar o seu caráter documental e o efeito de veracidade que pretende.
4. A construção dos personagens Olavo Bilac e Augusto dos Anjos combina dados biográ cos dos dois poetas com cenas
domésticas e particulares, que conferem a eles uma inegável complexidade humana e psicológica.
5. A dimensão temporal-espacial do romance recria, ccionalmente, a cidade do Rio de Janeiro, no nal do século XIX,
descrevendo o ambiente material da cidade, os fatos de sua história no período e também a atmosfera intelectual da Belle
Époque. 

Assinale a alternativa correta.

A Somente as a rmativas 1 e 4 são verdadeiras.

B Somente as a rmativas 2 e 3 são verdadeiras.

C Somente as a rmativas 3 e 5 são verdadeiras.

D Somente as a rmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

E Somente as a rmativas 2, 4 e 5 são verdadeiras.

Respostas

1: C 2: E 3: B 4: C 5: D 6: E 7: C 8: C 9: D 10: E 11: B 12: E

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