Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEXTO 1
O rosto de Peri irradiava com o sentimento de um gozo imenso, de uma felicidade infinita;
meteu as pistolas na cinta de penas e ergueu a cabeça orgulhoso, como um rei que acabasse de
receber a unção de Deus. Para ele essa menina, esse anjo louro, de olhos azuis, representava a
divindade na terra; admirá-la, fazê-la sorrir, vê-la feliz, era o seu culto; culto santo e respeitoso
em que o seu coração vertia os tesouros de sentimentos e poesia que transbordavam dessa
natureza virgem.
A cultura e a arte brasileiras do século XIX foram marcadas por uma tentativa de construir e
consolidar símbolos nacionais visando à identificação do povo brasileiro e à formação de um
sentimento de nação em um território recém-independente. No que se refere a esse contexto, o
quadro e o trecho do romance
a) trazem aspectos tipicamente nacionais em suas composições, a fim de introduzir no
imaginário sociocultural dos cidadãos as características particulares da natureza
brasileira e de sua abundância.
b) romantizam a figura do indígena brasileiro, dotando-o de um caráter tipicamente
europeizado, com valores similares a de um guerreiro medieval, como a coragem e a
devoção.
c) buscam o enaltecimento da imagem do índio frente aos portugueses, explicitando as
particularidades da sua cultura e de seu modo de organização social.
d) utilizam a imagem do indígena como forma de promover um conjunto de regras e
valores morais, financiados e patrocinados pela família real brasileira na época do
Império.
DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt
TEXTO 1
Canção do Exílio
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
[...]
DIAS, Gonçalves. Poesia e Prosa Completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
TEXTO 2
Canção do Exílio
Murilo Mendes
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2007.
DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt
O Texto 2 apresenta uma reescrita da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, pelo poeta
mineiro Murilo Mendes. A estratégia de intertextualidade utilizada na composição poética é
marcada pelo (a)
a) citação, uma vez que o poema de Murilo Mendes replica de maneira literal o título dado
por Gonçalves Dias.
b) paráfrase, já que no Texto 2 há uma reescrita em que se mantêm os sentidos originais
da Canção do Exílio de Gonçalves Dias.
c) ironia, porquanto o poeta mineiro promove uma crítica das diferenças sociais e políticas
entre os contextos históricos relativos às duas Canções.
d) pastiche, visto principalmente na manutenção formal e na repetição de estruturas
semânticas, reiterando a obra original.
e) paródia, a partir do momento em que ocorre uma sátira do texto original de Gonçalves
Dias, destituindo-lhe a idealização romântica.
DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt
As alegorias do abolicionismo no Brasil do final do século XIX são marcadas por inúmeras
críticas à escravidão e por fortes pressões sociais pelo fim do sistema escravocrata no país.
Pedro Américo, importante pintor e gravurista da época, retrata, no quadro Libertação dos
Escravos, de 1889, uma visão desse processo que
a) glorifica o papel real no processo de abolição a partir da exaltação da figura da Princesa
Isabel e das figuras mítico-religiosas dela acompanhadas, ao passo que representa uma
subserviência e uma participação coadjuvante dos negros nesse movimento.
b) reitera a visão do grupo liberal, que enxergava a abolição a partir não só do valor
fundamental da liberdade, mas também do ponto de vista socioeconômico como sendo
fundamental para o desenvolvimento do Brasil.
c) romantiza o processo da abolição, afirmando a participação heroica dos negros
escravizados no processo que levou à libertação de seus povos dos grilhões de um
sistema violento de desumano.
d) mistifica o abolicionismo como sendo fruto de obra divina, mobilizando diversas
imagens religiosas e mitológicas com intuito de demonstrar a graça concedida ao povo
negro no contexto brasileiro e a ausência de participação popular no processo.
e) realça a figura mítica da Liberdade, representada por uma figura feminina angelical,
assim como centraliza a Princesa Isabel, enaltecendo uma benevolência típica dos
membros da realeza e da nobreza imperiais.
DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt
A Lagartixa
Álvares de Azevedo
A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.
Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores,
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.
Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Sobre o poema destacado acima, é possível inferir que
a) o eu-lírico se identifica com a figura da lagartixa, demonstrando o prazer advindo de
seu contato com a natureza, habitat natural do animal representado.
b) o sujeito do poema se enamora com a mulher amada, dotando-a de um caráter místico
o qual é constituído por figurações advindas de uma natureza idílica.
c) o enaltecimento da figura feminina a partir do amor do sujeito se constrói por meio de
símbolos naturalistas, os quais servem de palco para a concretização desejo erótico.
d) a lagartixa é uma metáfora para um arquétipo da figura feminina, já que, assim como
tais animais, a mulher do século XIX tinha um espaço reservado para banhos de sol nos
períodos de verão.
e) o amor do sujeito evocado no poema é dedicado antes à boemia que à mulher amada,
como é característico do estilo ultrarromântico.
DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt
FELÍCIO – Sr. Negreiro, a quem pertence o brigue Veloz Espadarte, aprisionado ontem junto
quase da Fortaleza de Santa Cruz pelo cruzeiro inglês, por ter a seu bordo trezentos africanos?
NEGREIRO – A um pobre diabo que está quase maluco... Mas é bem feito, para não ser tolo.
Quem é que neste tempo manda entrar pela barra um navio com semelhante carregação? Só um
pedaço de asno. Há por aí além uma costa tão longa e algumas autoridades tão
condescendentes!...
FELÍCIO – Condescendentes porque se esquecem de seu dever!
NEGREIRO – Dever? Perdoe que lhe diga: ainda está muito moço... Ora, suponha que chega
um navio carregado de africanos e deriva em uma dessas praias, e que o capitão vai dar disso
parte ao juiz do lugar. O que há de este fazer, se for homem cordato e de juízo? Responder do
modo seguinte: Sim senhor, sr. capitão, pode contar com a minha proteção, contanto que V.
S.ª... Não sei se me entende? Suponha agora que este juiz é um homem esturrado, destes que
não sabem aonde têm a cara e que vivem no mundo por ver os outros viverem, e que ouvindo
o capitão, responda-lhe com quatro pedras na mão: Não senhor, não consinto! Isto é uma infame
infração da lei e o senhor insulta-me fazendo semelhante proposta! – E que depois deste aranzel
de asneiras pega na pena e oficie ao Governo. O que lhe acontece? Responda.
FELÍCIO – Acontece o ficar na conta de íntegro juiz e homem de bem.
NEGREIRO – Engana-se; fica na conta de pobre, que é menos que pouca coisa. E no entanto
vão os negrinhos para um depósito, a fim de serem ao depois distribuídos por aqueles de quem
mais se depende, ou que têm maiores empenhos. Calemo-nos, porém, que isto vai longe.
PENA, Martins. Os Dois ou O Inglês Maquinista. Domínio Público.
O teatro brasileiro se consolida enquanto expressão artística e cultural no século XIX, em que
surge a chamada comédia de costumes: um gênero teatral, baseado no humor e na sátira, que
abordava os comportamentos da sociedade da época, com personagens caricatos. Acerca do
trecho da peça de Martins Pena acima, pode-se afirmar que o diálogo entre os personagens
Felício e Negreiro comporta um(a)
a) crítica de ambos ao sistema escravocrata brasileiro e ao descumprimento da Lei Eusébio
de Queiroz, a qual proibia o tráfico negreiro em território nacional.
b) complacência com relação à escravidão e à comercialização de negros escravizados,
uma vez que ambos concordam que a escravidão seria a melhor forma de dar um fim
objetivo à ociosidade dos trabalhadores negros.
c) divergência de opiniões, já que Felício questiona o descumprimento da proibição do
trafica negreiro no Brasil, ao passo que Negreiro defende esta prática pois sua negação
sugeriria condições negativas para os negros que chegavam.
d) oposição ao estabelecimento de regras burocráticas para a compra de força de trabalho
escrava, pois que esses procedimentos retardariam a destinação dos escravos às suas
respectivas designações, ficando em condições insalubres.
e) defesa irrestrita da abolição, já que as condições dos navios negreiros e do trabalho
forçado eram violentas e extremamente degradantes para a população negra
escravizada.
DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt
GABARITO
Questão 1 E
Questão 2 C
Questão 3 D
Questão 4 E
Questão 5 E
Questão 6 A
Questão 7 B
Questão 8 D
Questão 9 C
Questão 10 C