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Exercícios de literatura

Tema: Romantismo

1. (Cesgranrio-RJ)

Pátria minha

"A minha pátria é como se não fosse, é íntima


Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:


Não sei. De fato, não sei [...]
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria


De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido
(auriverde!) tão feias

De minha pátria, de minha pátria sem sapatos


E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho


Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contacto com a dor do tempo (...)

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa


Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão... 
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Teu nome é pátria amada, é patriazinha


Não rima com mãe gentil 
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez."

Vinicius de Moraes (trechos)

Apesar de modernista, Vinicius apresenta, no texto, características da estética romântica.

Assinale a única característica romântica NÃO presente nesse texto:

a) Preocupação com o eu-lírico, através da expressão de emoções pessoais.

b) Valoração de elementos da natureza, como forma de exaltação da terra brasileira.


c) Sentimentos de saudade e nostalgia, causados pela dor do exílio.

d) Preocupação social, através da menção a problemas brasileiros.

e) Abandono do ideal purista dos neoclássicos na prevalência do conteúdo sobre a forma.

Instrução: Esta crônica antecede de cerca de três anos o desfecho de Canudos, que seria assunto de Os
Sertões, de Euclides da Cunha. Utilize-a para responder às questões 2, 3 e 4.
“22 de julho de 1894

Canção de piratas

Telegrama da Bahia refere que o Conselheiro está em Canudos com 2000 homens (dous mil homens)
perfeitamente armados. Que Conselheiro? O Conselheiro. Não lhe ponhas nome algum, que é sair da
poesia e do mistério. É o Conselheiro, um homem, dizem que fanático, levando consigo a toda a parte
aqueles dous mil legionários. [...] Jornais e telegramas dizem dosClavinoteiros e dos sequazes do
Conselheiro que são criminosos; nem outra palavra pode sair de cérebros alinhados, registrados,
qualificados cérebros eleitores e contribuintes. Para nós, artistas, é a renascença, é um raio de sol que
através da chuva miúda e aborrecida, vem dourar-nos a janela e a alma. É a poesia que nos levanta do
meio da prosa chilra e dura deste fim de século. Nos climas ásperos, a árvore que o inverno despiu, é
novamente enfolhada pela primavera, essa eterna florista que aprendeu não sei onde e não esquece o
que lhe ensinaram. A arte é a árvore despida:eis que lhe rebentam folhas novas e verdes.

Sim, meus amigos. Os dous mil homens do Conselheiro, que vão de vila em vila, assim como os
clavinoteiros de Belmonte, que se metem pelo sertão, comendo o que arrebatam, acampando em vez de
morar, levando moças naturalmente, moças cativas, chorosas e belas, são piratas dos poetas de 1830.
Poetas de 1894, aí tendes matéria nova e fecunda. Recordai vossos pais; cantai, como Hugo, a canção
dos piratas:

[...]

O romantismo é a pirataria, é o banditismo, é a aventura do salteador que estripa um homem e morre por
uma dama.

Crede-me, esse Conselheiro que está em Canudos com os seus dous mil homens, não é o que dizem
telegramas e papéis públicos. Imaginais uma legião de aventureiros galantes, audazes, sem ofício nem
benefício, que detestam calendário, os relógios, os impostos, as reverências, tudo que obriga, alinha e
apruma. São homens fartos desta vida social e pacata, os mesmos dias, as mesmas caras, os mesmos
acontecimentos, os mesmos delitos, as mesmas virtudes. Não podem crer que o mundo seja uma
secretaria de Estado, com o seu livro do ponto, hora de entrada e de saída, e de desconto por faltas. O
próprio amor é regulado por leis; os consórcios celebram-se por um regulamento em casa do pretor, e por
um ritual na casa de Deus, tudo com etiqueta dos carros e casacas, palavras simbólicas, gestos de
convenção. Nem a morte escapa à regulamentação universal; [...]. Os partidários do Conselheiro
lembraram-se dos piratas românticos, sacudiram as sandálias à porta da civilização e saíram à vida livre.”

(ASSIS, Machado de. In: BOSI, Alfredo et al. 


Machado de Assis, Antologia e Estudos. São Paulo: Ática, 1982.)

2. (IBMEC/SP) Ao comparar o Conselheiro e seus seguidores aos piratas das canções românticas,
Machado de Assis

a) Desconsidera a importância da guerra dos Canudos.

b) Mostra-se mais compreensivo com os sertanejos, ao conferir-lhes uma feição idealizada.

c) Reforça, por meio da ironia, a visão negativa dos criminosos.

d) Ironiza a irrelevância da temática dos poetas românticos.


e) Reforça por meio da metáfora o primitivismo do Conselheiro e de seus seguidores.

3. (IBMEC/SP) “O romantismo é a pirataria, é o banditismo, é a aventura do salteador que estripa um


homem e morre por uma dama”.

Das características do Romantismo apontadas abaixo, assinale a que melhor explica a definição de
Machado em sua crônica.

a) Busca de uma nova ordem social, moral, religiosa e econômica.

b) Busca das razões do coração em lugar do racionalismo.

c) Ênfase à vida sentimental, valorização do indivíduo.

d) Interesse pela religião, pela pátria e pela união entre as pessoas.

e) Anarquismo, interesse pelo exotismo e pela aventura.

4. (IBMEC/SP) Assinale o excerto de Os Sertões que apresenta características semelhantes às do herói


romântico.

a) “Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma arma, nem um peito resfolegante de
campeador domado:mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças envelhecidas, velhas e
moças indistintas na mesma fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris desnalgados,
filhos encarapitados às costas. velhos, sem-número de velhos; raros homens, enfermos opilados, faces
túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante”.

b) “[...] o jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana como a monárquico-constitucional.
Ambas lhe são abstrações inacessíveis. É espontaneamente adversário de ambas. Está na fase evolutiva
em que só é conceptível o império de um chefe sacerdotal ou guerreiro”.

c) “Paranóico indiferente, este dizer, talvez, mesmo não lhe possa ser ajustado inteiro. A regressão
ideativa que patenteou, caracterizando-lhe o temperamento Vesânico, é certo, um caso notável de
degenerescência, [...]”.

d) “[...] Espécie de grande homem pelo avesso, Antônio Conselheiro reunia no misticismo doentio todos os
erros e superstições que formam o coeficiente de nossa nacionalidade[...]”.

e) “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os
seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas:um velho, dois homens feitos e uma
criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados”.

5.  O sofrimento amoroso é freqüente nas obras dos poetas românticos, como se pode observar abaixo
Se Se Morre de Amor!

"[...] 
Sentir, sem que se veja, a quem se adora, 
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos, 
Segui-la, sem poder fitar seus olhos, 
Amá-la, sem ousar dizer que amamos, 
E, temendo roçar os seus vestidos, 
Arder por afogá-la em mil abraços: 
Isso é amor, e desse amor se morre!
[...]"
DIAS, Gonçalves. Poemas de Gonçalves Dias. São Paulo: Cultrix, [s.d.].

A característica que situa o fragmento dentro da poética romântica é

a) Evasão no espaço, transportando o eu-lírico para um lugar ideal, junto à natureza.

b) Forte subjetivismo, revelando uma visão pessimista da vida.

c) Idealização do amor, transcendendo os limites da vida física.

d) Realização de poemas lírico-amorosos, valorizando o idioma nacional.

e) Idealização da mulher, conduzindo o eu-lírico à depressão.

6. (UFV-MG) Leia com atenção o texto crítico de Antonio Candido:


“À maneira do Arcadismo, o Romantismo surge como movimento de negação; negação neste caso, e na
literatura luso-brasileira, mais profunda e revolucionária, porque visava redefinir não só a atitude poética,
mas o próprio lugar do homem no mundo e na sociedade. O Arcadismo se irmanava aos dois séculos
anteriores pelo culto da tradição greco-romana; aceitava o significado literário da mitologia e da história
clássica; aceitava a hierarquia dos gêneros [...]. Os românticos foram buscar nos países estranhos, nas
regiões esquecidas e na Idade Média pretextos para desferir o vôo da imaginação.”

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. 


Belo Horizonte: Itatiaia, 1975. p. 23.

Com base nas informações contidas no fragmento acima. NÃO se pode dizer que o Romantismo:

a) Concebeu de maneira nova o papel do artista através de uma visão mais antropocêntrica.

b) Assimilou alguns valores árcades como o culto à tradição greco-romana e o retorno à história clássica.

c) Procurou fixar novos valores que dariam à literatura uma dimensão mais atuante e revolucionária.

d) Reestruturou a teoria clássica dos gêneros literários, quebrando a hierarquia existente e miscigenando
as antigas formas.

e) Redimensionou o sentido da obra de arte a partir da liberdade e da imaginação, princípios estes que
nortearam os passos do escritor romântico.

7. (UFV/MG) Leia a letra da composição musical abaixo, de Leoni, e considere as características a ela
referentes, atribuindo V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

Garotos II: o outro lado

"Seus olhos e seus olhares


Milhares de tentações 
Meninas são tão mulheres 
Seus truques e confusões 
Se espalham pelos pêlos 
Boca e cabelo 
Peitos e poses e apelos 
Me agarram pelas pernas 
Certas mulheres como você 
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem 
Aos seus mistérios 
Garotos nunca dizem não 
Garotos como eu 
Sempre tão espertos 
Perto de uma mulher 
São só garotos 
Perto de uma mulher 
São só garotos

Seus dentes e seus sorrisos 


Mastigam meu corpo e juízo 
Devoram os meus sentidos 
Eu já não me importo comigo
E então são mãos e braços 
Beijos e abraços 
Pele, barriga e seus laços 
São armadilhas e eu não sei o que faço 
Aqui de palhaço, seguindo os seus passos

Garotos não resistem 


Aos seus mistérios 
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu 
Sempre tão espertos 
Perto de uma mulher 
São só garotos 
Perto de uma mulher 
São só garotos

Se espalham pelos pêlos 


Boca e cabelo 
Peitos e poses e apelos 
Me agarram pelas pernas 
Certas mulheres como você 
Me levam sempre onde querem

Garotos não resistem 


Aos seus mistérios 
Garotos nunca dizem não 
Garotos como eu 
Sempre tão espertos 
Perto de uma mulher 
São só...

Garotos não resistem 


Aos seus mistérios 
Garotos nunca dizem não 
Garotos como eu 
Sempre tão espertos 
Perto de uma mulher 
São só garotos 
Perto de uma mulher 
São só garotos."

Leoni. EMI Music Brasil. Cd.

(  ) A presença de uma atitude sentimental, que faz com que a composição musical se assemelhe à
temática amorosa da literatura romântica.
(  ) Uma atmosfera amorosa, marcada pela exploração da sensualidade e da idealização da mulher, tal
como ocorre em muitas poesias do Romantismo.

(  ) A negação do romantismo, pois esse tipo de estado de espírito está exclusivamente ligado à literatura
do século XIX.

A sequência CORRETA é:

a) V, V, F. 

b) F, V, F. 

c) F, F, V. 

d) V, F, F. 

e) F, F, F.

8. (UNIFESP/SP) Tema bastante recorrente nas literaturas românticas portuguesa e brasileira, o amor
impossível aparece em personagens que encarnam o modelo romântico, cujas características são

a) O sentimentalismo e a idealização do amor.

b) Os jogos de interesses e a racionalidade.

c) O subjetivismo e o nacionalismo.

d) O egocentrismo e o amor subordinado a interesses sociais.

e) A introspecção psicológica e a idealização da mulher.

9. (PUC/PR/PAES-2006) Assinale o único item incorreto.

São características do Romantismo:

a) Tendência patriótica e nacionalista.

b) Exagero na emoção e no sentimento.

c) Preocupação formal.

d) Reação aos modelos clássicos.

e) Idealização.

GABARITO:

1D 2B 3E 4E 5C 6B 7D 8A 9C

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