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AVALIAÇÃO DE LITERATURA–2ªCHAMADA 2º BIMESTRE

Aluno: _____________________________________ Turma: ______


Prof. ___ / ___ / 2022
— Não digo que seja uma mulher perdida, mas recebeu uma educação muito livre, saracoteia sozinha por toda
a cidade e não tem podido, por conseguinte, escapar à implacável maledicência dos fluminenses. Demais, está
habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o mais caro; em casa arranjam-se ela e a tia sabe Deus como. Não é
mulher com quem a gente se case. Depois, lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde cair morto.

Enfim, és um homem: faze o que bem te parecer.

Essas palavras, proferidas com uma franqueza por tantos motivos autorizada, calaram no ânimo do bacharel.
Intimamente ele estimava que o velho amigo de seu pai o dissuadisse de requestar a moça, não pelas
consequências morais do casamento, mas pela obrigação, que este lhe impunha, de satisfazer uma dívida de
vinte contos de réis, quando, apesar de todos os seus esforços, não conseguira até então pôr de parte nem o
terço daquela quantia.

AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.

1)O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona representações sociais da sociedade brasileira da época.
Em consonância com a estética realista, traços da visão crítica do narrador manifestam-se na

Caracterização pejorativa do comportamento da mulher solteira.

Concepção irônica acerca dos valores morais inerentes à vida conjugal.

Contraposição entre a idealização do amor e as imposições do trabalho.

Expressão caricatural do casamento pelo viés do sentimentalismo burguês.

Sobreposição da preocupação financeira em relação ao sentimento amoroso.

2)Assinale a alternativa em que se encontram características da prosa do Realismo. 

a) Objetivismo; subordinação dos sentimentos a interesses sociais; críticas às instituições decadentes da


sociedade burguesa. 

b) Idealização do herói; amor visto como redenção; oposição aos valores sociais. 

c) Casamento visto como arranjo de conveniência; descrição objetiva; idealização da mulher. 

d) Linguagem metafórica; protagonista tratado como anti-herói; sentimentalismo. 

e) Espírito de aventura; narrativa lenta; impasse amoroso solucionado pelo final feliz.

3) Assinale a alternativa que melhor caracteriza o Realismo:

a) Preocupação em justificar, à luz da razão, as reações das personagens, seus procedimentos e os


problemas sentimentais e metafísicos apresentados.

b) A apresentação do homem como um ser dominado pelos instintos, taras, pela carga hereditária, em
detrimento da razão.

c) A preocupação em retratar a realidade como ela é, sem transformá-la. O autor, ao relatar, deverá estar
baseado na documentação e observação da realidade.

d) amor é visto unicamente sob o aspecto da sexualidade e apresentado como uma mera satisfação de
instintos animais.
e) Aspectos descritivos e minuciosos, sempre que possível, baseados na observação da realidade e do
subjetivismo e sentimentalismo do autor.

Casinha branca

(Roberta Campos)

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente


Que nem vejo à minha frente
Nada que me dê prazer

Sinto cada vez mais longe a felicidade


Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer

Eu queria ter na vida simplesmente


Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher

Ter uma casinha branca de varanda


Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

Às vezes saio a caminhar pela cidade


À procura de amizades
Vou seguindo a multidão

Mas eu me retraio olhando em cada rosto


Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão

Eu queria ter na vida simplesmente


Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher

Ter uma casinha branca de varanda


Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

A partir da leitura e da análise do texto anterior, responda.

4)Na canção “Casinha branca”, o eu lírico revela o desejo de fuga para uma realidade diferente da vivida no
presente. Considerando uma das temáticas do Arcadismo; o fugere urbam, explicite a relação que a canção
estabelece com esse tema.

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Marília de Dirceu

(Tomás Antônio Gonzaga)

PARTE I

Lira I

Os seus compridos cabelos,


Que sobre as costas ondeiam,

São que os de Apolo mais belos,

Mas de loura cor não são.

Têm a cor da negra noite;

E com o branco do rosto Fazem, Marília, um composto

Da mais formosa união.

Na sua face mimosa, Marília, estão misturadas

Purpúreas folhas de rosa,

Brancas folhas de jasmim

Dos rubins mais preciosos

Os seus beiços são formados;

Os seus dentes delicados

São pedaços de marfim.

5)Obra essencial do arcadismo brasileiro, o extenso poema autobiográfico Marília de Dirceu foi composto pelo
poeta luso-brasileiro Tomás Antônio Gonzaga. Nos versos, nota-se a idealização da mulher, característica
presente na produção árcade. Comente de que forma ocorre essa poetização.

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TEXTO I

Exagerado

(Cazuza)

Amor da minha vida


Daqui até a eternidade
Nossos destinos foram traçados
Na maternidade

Paixão cruel, desenfreada


Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras
Minhas mancadas

Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar

Por você eu largo tudo


Vou mendigar, roubar, matar
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais

TEXTO II

Adeus, meus sonhos!

(Álvares de Azevedo)

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!


Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! Votei meus pobres dias


À sina doida de um amor sem fruto,
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus? Morra comigo


A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Analisando os textos anteriores, assinale a alternativa que corrobora com a afirmativa a seguir:

6)A ficção romântica é repleta de sentimentalismos, inquietações, amor como única possibilidade de
realização, personagens burgueses idealizados, culminando sempre com o habitual “… e foram felizes para
sempre”.

O texto I reforça a ideia de inquietação e culto a melancolia, característica própria da segunda geração do
Romantismo, assim como o texto II revela sentimentalismo exacerbado, condição da geração conhecida como
“mal do século”.

Em ambos os textos, o ufanismo é característica própria da geração Ultrarromântica.

O texto II assemelha-se ao estilo Barroco, tendo em vista a dualidade e a hipérbole, já o texto I, reforça a
idealização exagerada, característica da terceira geração do Romantismo.

O texto II explicita a visão ultrarromântica do Barroco, já o texto I reforça características da segunda geração
do Romantismo.

Leia um trecho do poema Navio Negreiro de Castro Alves

O Navio Negreiro

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço


Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos


Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas


Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes


Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora


Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

7) O único item incorreto em relação ao poema e a geração do Romantismo no Brasil é:

a) Na primeira parte do poema, o eu-lírico canta as belezas do mar, fazendo uma descrição do movimento das
velas ao toque do vento, da fusão do céu e do mar, do brilho da lua e dos astros, da música criada pela brisa

b) Castro Alves pertence a geração romântica conhecida como Condoreira, que possuía como característica o
comprometimento social, a luta a favor dos escravos e a influência de um sentimento de liberdade

c) No poema, Castro Alves usa muitas figuras de linguagem para proporcionar diferentes interpretações ao
leitor e também trazer sonoridade ao texto

d) Castro Alves pertence a geração do Romantismo que valorizava o tema da morte, demonstrando uma visão
negativa do mundo e da sociedade, pessimista e com sentimento de inadequação à realidade.

O Jornal do Commércio deu um brado esta semana contra as casas que vendem drogas para curar a gente,
acusando-as de as vender para outros fins menos humanos. Citou os envenenamentos que tem havido na
cidade, mas esqueceu de dizer, ou não acentuou bem, que são produzidos por engano das pessoas que
manipulam os remédios. Um pouco mais de cuidado, um pouco menos de distração ou de ignorância, evitarão
males futuros. Mas todo ofício tem uma aprendizagem, e não há benefício humano que não custe mais ou
menos duras agonias. Cães, coelhos e outros animais são vítimas de estudos que lhes não aproveitam, e sim
aos homens; por que não serão alguns destes, vítimas do que há de aproveitar aos contemporâneos e
vindouros? Há um argumento que desfaz em parte todos esses ataques às boticas; é que o homem é em si
mesmo um laboratório. Que fundamento jurídico haverá para impedir que eu manipule e venda duas drogas
perigosas? Se elas matarem, o prejudicado que exija de mim a indenização que entender; se não matarem,
nem curarem, é um acidente e um bom acidente, porque a vida fica.

(ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1967)

8) No gênero crônica, Machado de Assis legou inestimável contribuição para o conhecimento do contexto
social de seu tempo e seus hábitos culturais. O fragmento destacado comprova que o escritor avalia o(a)

Manipulação inconsequente dos remédios pela população.

Uso de animais em testes com remédios desconhecidos.


Fato de as drogas manipuladas não terem eficácia garantida.

Hábito coletivo de experimentar drogas com objetivos terapêuticos.

Ausência de normas jurídicas para regulamentar a venda nas boticas.

No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o
romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa
raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as
mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às
sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era
bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a
outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

9)A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:

[...] o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas [...]

[...] era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça [...]

[...] Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, [...]

[...] Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos [...]

[...] O indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

O nascimento da crônica

Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se
isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca.
Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras
sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.

Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de
Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No
paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão
andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia
sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é
provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem.

(ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007)

10)Um dos traços fundamentais da vasta obra literária de Machado de Assis reside na preocupação com a
expressão e com a técnica de composição. Em O nascimento da crônica, Machado permite ao leitor entrever
um escritor ciente das características da crônica, como:

Texto breve, diálogo com o leitor e registro pessoal de fatos do cotidiano.

Texto ficcional curto, linguagem subjetiva e criação de tensões.

Priorização da informação, linguagem impessoal e resumo de um fato.

Linguagem literária, narrativa curta e conflitos internos.

Síntese de um assunto, linguagem denotativa, exposição sucinta.

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