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ATIVIDADE DE LITERATURA_ARCADISMO

UNIDADE BETIM

ETAPA SÉRIE TURMA ENSINO DATA VALOR PROFESSORA

1ª 2ª A MÉDIO 06/03/24 GIRLAINE

Estudante: _______________________________________________________nº __________

QUESTÃO 01
O fragmento a seguir é parte do segundo canto de “O Uraguai”, poema épico de Basílio da Gama publicado
em 1769.

Eu, desarmado e só, buscar-te venho.


Tanto espero de ti. E enquanto as armas
Dão lugar à razão, senhor, vejamos
Se se pode salvar a vida e o sangue
De tantos desgraçados. Muito tempo
Pode ainda tardar-nos o recurso
Com o largo oceano de permeio,
Em que os suspiros dos vexados povos
Perdem o alento. O dilatar-se a entrega
Está nas nossas mãos, até que um dia
Informados os reis nos restituam
A doce antiga paz. Se o rei de Espanha
Ao teu rei quer dar terras com mão larga
Que lhe dê Buenos Aires, e Correntes
E outras, que tem por estes vastos climas
Porém não pode dar-lhes os nossos povos.
Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/uraguai.pdf.

A respeito desse poema, considere as seguintes afirmativas:

I - Atendendo às regras de composição da epopeia clássica, Basílio da Gama inspirou-se em um fato


histórico acontecido séculos antes da escrita e narrou-o em versos metrificados e rimados.
II - Em vez de dar voz a um pastor, como é frequente na poesia do Arcadismo, o poeta deu voz a líderes
militares portugueses e aos indígenas que habitavam a região dos Sete Povos das Missões.
III - Como elementos de nativismo, aparecem as personagens Cacambo, guerreiro capaz de argumentar
sobre o direito dos povos indígenas à terra, e a feiticeira Tanajura, que representa o aspecto mítico da
cultura desses povos.
IV - Abalada pela morte de Cacambo e auxiliada por Tanajura, Lindoia tem um sonho no qual vê com
detalhes a destruição dos Sete Povos das Missões, em consequência da expulsão dos jesuítas do Brasil.

Assinale a opção correta.

A) Somente a afirmativa I é verdadeira.


B) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
C) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
D) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
E) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.

QUESTÃO 02
Basílio da Gama, em “O Uraguai”, de 1769, narra os sucessos da expedição militar empreendida por
portugueses e espanhóis contra os Sete Povos das Missões. Sobre esse poema, de pretensões épicas, é
correto afirmar que

1
A) se divide em seis cantos compostos por rimas interpoladas.
B) tenta conciliar a louvação de Pombal e o heroísmo do indígena.
C) glorifica a ação catequizadora desenvolvida pelo jesuíta junto ao indígena.
D) aborda fatos passados à composição da obra.
E) apresenta passagens líricas que foram duramente criticadas pelos leitores ao longo do tempo.

Textos para a questão 3.

Texto 1

Quem deixa o trato pastoril, amado,


Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos, trasladado
No gênio do Pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado.
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre:
Um só trata a mentira, outro a verdade.
[...]
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf.

Texto 2

Sou Pastor; não te nego; os meus montados


São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;

Ali me ouvem os troncos namorados,


Em que se transformou a antiga gente;
Qualquer deles o seu estrago sente;
Como eu sinto também os meus cuidados.
[...]
Enquanto pasta, alegre, o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia Natureza.
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf.

QUESTÃO 03
A partir da leitura dos textos anteriores, e considerando as características do Arcadismo, é possível afirmar
que

A) O Arcadismo retomou temas conflituosos do Classicismo, conforme ilustra o texto 1, o qual apresenta
linguagem rebuscada na representação do fugere urbem (fugir da cidade) e do conflito existencial do eu
lírico quanto às antíteses “pobreza e riqueza”, representativas das imagens campo e cidade,
respectivamente.

2
B) Os textos 1 e 2 exploram a temática do carpe diem (aproveitar o dia) na representação de imagens
bucólicas da natureza e da figura feminina, por meio do cultismo e do conceptismo, marcantes na poesia
árcade brasileira.
C) Os textos 1, 2 e 3 dialogam na representação do locus amoenus (lugar ameno), do carpe diem
(aproveitar o dia) e do inutilia truncat (cortar as inutilidades) na imagem da natureza como local mítico,
calmo e inatingível.
D) A natureza apresenta-se como local calmo e sereno, onde os pastores e as suas musas inspiradoras
desfrutam da tranquilidade da vida no campo, conforme se nota no texto 2.
E) Os textos são exemplos da poesia árcade conceptista e neoclássica, com linguagem figurada composta
por antíteses e hipérbatos na representação da natureza bucólica como espaço utópico.

QUESTÃO 04
Pode-se afirmar que “Marília de Dirceu” e as “Cartas chilenas” são, respectivamente,

A) altas expressões do lirismo amoroso e da sátira política na literatura do século XVIII.


B) exemplos da poesia biográfica e da literatura epistolar cultivadas no século XVII.
C) exemplos do lirismo amoroso e da poesia de combate, cultivados, sobretudo, pelos poetas românticos da
chamada “terceira geração”.
D) altas expressões do lirismo e da sátira da nossa poesia barroca.
E) expressões menores da prosa e da poesia de nosso Arcadismo, cultivadas no interior das academias.

Textos para a questão 5.

Texto 1

O povo, Doroteu, é como as moscas,


Que correm ao lugar, aonde sentem
O derramado mel; é semelhante
Aos corvos, e aos abutres, que se ajuntam
Nos ermos, onde fede a carne podre.
À vista pois dos fatos que executa
O nosso grande Chefe, decisivos
Da piedade, que finge, a louca gente
De toda a parte corre a ver, se encontra
Algum pequeno alívio à sombra dele.
GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 53.

Texto 2

3
Cartas Chilenas em quadrinhos, de Newton Foot. Disponível em: https://newtonfoot.com.br/cartas-chilenas/.

QUESTÃO 05
Com base na leitura dos textos 1 e 2, e tendo em vista as características da obra “Cartas Chilenas”, de
Tomás Antônio Gonzaga, bem como a importância das funções da linguagem na análise de textos literários
e não literários, assinale a alternativa correta.

A) A poesia satírica foi utilizada no Arcadismo para representar a crítica social ao povo brasileiro, como se
pode notar na obra “Cartas Chilenas”, composta por sonetos, com metrificação igual à da epopeia
camoniana.
B) O texto 1 retoma o narrador Doroteu da obra “Cartas Chilenas” e destaca a função metalinguística da
linguagem na construção da sátira social.
C) O texto 1 apresenta Doroteu, destinatário das cartas escritas por Critilo, personagens importantes na
organização da obra “Cartas Chilenas”, a qual se destaca no Arcadismo brasileiro pelo tom satírico de crítica
social.
D) Ao explorar a sátira e o tom humorístico, a obra “Cartas Chilenas” inaugura a poesia satírica no Brasil,
priorizando temas como: bucolismo, abusos de poder, corrupção, cobrança de altos impostos, presentes
nos textos 1 e 2.
E) Com destaque para o seu valor histórico e documental, o texto 1 prioriza a função referencial da
linguagem, quando mostra a comparação entre o povo e as moscas, evidenciando relação harmônica entre
o povo e o governo.

QUESTÃO 06

Soneto XLVI

Não vês, Lise, brincar esse menino


Com aquela avezinha? Estende o braço,
Deixa-a fugir, mas apertando o laço,
A condena outra vez ao seu destino.
Nessa mesma figura, eu imagino,
Tens minha liberdade, pois ao passo

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Que cuido que estou livre do embaraço,
Então me prende mais meu desatino.

Em um contínuo giro o pensamento


Tanto a precipitar-me se encaminha,
Que não vejo onde pare o meu tormento.

Mas fora menos mal esta ânsia minha,


Se me faltasse a mim o entendimento,
Como falta a razão a esta avezinha.
COSTA, Cláudio Manuel da. Poemas. São Paulo: Editora Cultrix, 1966, p. 21.

O poema de Cláudio Manuel da Costa, expoente do Arcadismo brasileiro, tem como efeito de sentido um
tom de

A) resignação.
B) ressentimento.
C) consternação.
D) letargia.
E) lamento.

QUESTÃO 07
Do século XVI até meados do século XVIII, duas manifestações estéticas são de extrema relevância para a
formação da literatura brasileira: o Barroco e o Arcadismo. Para refletir sobre esses dois momentos e
responder à questão, leia os textos a seguir.

Texto 1

Discreta, e formosíssima Maria,


Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria.

Enquanto pois produz, enquanto cria


Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria.

Gozai, gozai da flor da formosura,


Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura

Que passado o zenith da mocidade,


Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.
Gregório de Matos

Texto 2

Brandas ribeiras, quanto estou contente


De ver-nos outra vez, se isto é verdade!
Quanto me alegra ouvir a suavidade,
Com que Fílis entoa a voz cadente!

Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,


Tudo me está causando novidade:

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Oh como é certo, que a cruel saudade
Faz tudo, do que foi, mui diferente!

Recebei (eu vos peço) um desgraçado,


Que andou té agora por incerto giro
Correndo sempre atrás do seu cuidado:

Este pranto, estes ais, com que respiro,


Podendo comover o vosso agrado,
Façam digno de vós o meu suspiro.
Cláudio Manuel da Costa

Sobre os textos 1 e 2 e seus respectivos autores, analise as seguintes proposições.

I - Pode-se afirmar que uma das características do Barroco, presente no texto 1, é o tema da efemeridade
da vida, como pode ser percebido no primeiro terceto.
II - Gregório de Matos foi um repentista, que sabia improvisar; um menestrel baiano que buscava inspiração
no cotidiano, nas circunstâncias da vida, quer fosse pelo êxtase religioso quer pelo afetivo.
III - O texto 1 é marcado pela temática do carpe diem, característica notável também do Barroco.
IV - O texto 2 tem sua temática ligada ao pastoralismo, ao bucolismo e remete à mitologia grega.

Cláudio Manuel da Costa, cujo nome pastoral é Glauceste Satúrnio, tem forte influência dos padrões
cultistas, elevada inventividade lírica e desejo de exprimir a realidade de seu país.

Estão corretas apenas:

A) I, II, III e IV.


B) II, III, IV e V.
C) I, II e V.
D) III e IV.
E) II e V.

QUESTÃO 08

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,


que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
[...]
Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro


do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia.
[...]

Não verás enrolar negros pacotes


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das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa


altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos,


tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.
GONZAGA, T. A. “Marília de Dirceu”.

Casal: pequena propriedade rural.


Assisto: resido, moro.
Bateia: utensílio empregado no garimpo; espécie de gamela.
Altos volumes: referência a processos judiciais, pois o poeta era magistrado.

O excerto contém versos que atestam enfaticamente que, no Brasil, o Arcadismo, também chamado de
Neoclassicismo,

A) desenvolveu-se em meio rural, ao contrário do caráter citadino que tinha no Velho Mundo.
B) procurou situar, na realidade local, os temas e formas de sua matriz europeia.
C) tornou-se nacionalista, abandonando o internacionalismo que é inerente a sua filiação classicista.
D) repudiou, em nome do maravilhoso cristão, as referências à mitologia pagã, greco-latina.
E) imiscuiu-se na política, o que lhe prejudicou a integridade estética.

QUESTÃO 09

Bucólica

O camponês sem terra


Detém a charrua
E pensa em colheitas
Que nunca serão suas.
Um por todos – poesia reunida. São Paulo: Brasiliense, 1986.

O poema anterior é de autoria de José Paulo Paes. O texto apresenta um(a)

A) oposição campo/cidade, de filiação árcade-romântica.


B) um bucolismo típico da tradição árcade, indicado pelo título.
C) representação tipicamente romântica do homem do campo.
D) contraste entre o arcadismo do título e o realismo social dos versos.
E) total ruptura com a representação realista do homem do campo.

QUESTÃO 10

O ser herói, Marília, não consiste


Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:

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E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior augusto.

O trecho anterior exemplifica uma das características do homem ilustrado do século XVIII e pertence a um
dos poetas que conseguiram aliar os princípios iluministas com a sensibilidade poética própria do
Arcadismo. O autor do trecho e a característica aí patente são, respectivamente,

A) Cláudio Manuel da Costa e o repúdio do poder militar representado por César Augusto e por Alexandre, o
Grande, presentes em outras estrofes do poema.
B) Silva Alvarenga e o elogio do homem comum que, por sua bondade inata e sua vida justa, contrasta com
os grandes conquistadores militares.
C) Alvarenga Peixoto e o louvor do homem que consegue assimilar o social ao natural.
D) Tomás Antônio Gonzaga e a exaltação do homem comum que se forma e se constrói segundo um ideal
de bondade inata e de urbanidade.
E) Tomás Antônio Gonzaga e a construção ideal de um homem heroico, cuja medida seria a bondade inata,
base de uma vida harmonizadora das disposições individuais e das vicissitudes sociais.

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