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História

As independências da América espanhola

Objetivo
Compreender o processo de independência das colônias espanholas na América, relacionando o
contexto geral do Ocidente – com a Revolução Francesa, a independência dos Estados Unidos, a
difusão do Iluminismo e as Guerras Napoleônicas – à crescente insatisfação dos moradores das
colônias. A aula também visa explorar as fases desse processo e os diferentes projetos políticos
pensados para a América independente.

Se liga
Para mandar bem nesse conteúdo, é essencial ter visto as matérias sobre a América espanhola e a
Era Napoleônica.

Curiosidade
Em 2013 foi lançado nos cinemas a produção venezuelana “O Libertador”, que conta a história de
Simón Bolívar, desde a sua infância, destacando seus amores, a educação iluminista, as viagens
pela Europa e a participação do líder revolucionário nas lutas de independência. O filme foi uma
grande produção do diretor Alberto Arvelo, sendo um dos filmes mais caros já produzidos na
América Latina; além disso, foi indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Teoria

A administração colonial
A Espanha exercia um rígido controle sobre suas colônias; assim, o exclusivo metropolitano era
muito presente nas terras dominadas na América e especialmente
rigoroso no combate à evasão dos metais preciosos aqui explorados.
Dessa forma, para melhor gerir as riquezas coloniais, a metrópole
espanhola dividiu suas posses na América em quatro vice-reinos, com
representantes da Coroa responsáveis por administrar as regiões mais
ricas e com maior foco em comércio, que seriam:
• Vice-Reino da Nova Espanha (México e parte dos Estados Unidos);
• Vice-Reino de Nova Granada (Colômbia e Equador);
• Vice-Reino do Peru (Peru e Bolívia);
• Vice-Reino do Rio da Prata (Paraguai, Uruguai e Argentina).

Além dos vice-reinos, a Coroa espanhola também criou regiões administrativas, conhecidas como
capitanias-gerais, para administrar regiões de importância estratégica e militar para o domínio
espanhol. Tais capitanias foram:
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• Capitania-geral de Cuba (1764);


• Capitania-geral do Chile (1541);
• Capitania-geral da Guatemala (1560);
• Capitania-geral da Venezuela (1777).

Tal divisão administrativa, portanto, permitia que a metrópole enviasse importantes súditos do rei
para comandar as defesas coloniais e administrar a exploração e a saída das riquezas da América.
Entretanto os principais conselhos administrativos que tomavam as decisões sobre a colônia não
estavam sediados nas posses ultramarinas, nem mesmo contavam com a participação de colonos.

A chamada Casa de Contratação das Índias, por exemplo, foi uma importante empresa colonial
responsável pela administração das posses americanas e fiscalização da cobrança de impostos.
Apesar de contar com filiais na colônia, sua sede se localizava na importante cidade de Sevilha e
posteriormente em Cádiz.

Como a Casa de Contratação era a responsável pela fiscalização de impostos e de comércio, todos
os mercadores e riquezas que circulassem entre a Europa e as Américas deveriam prestar contas
à instituição. Dessa forma, para evitar contrabandos e a perda de riquezas, a Casa de Contratação
instituiu o chamado regime de porto único, que determinava que o comércio só poderia ser realizado
com mercadorias saindo dos portos coloniais de Vera Cruz (México), Porto Belo (Panamá) e
Cartagena (Colômbia) e entrando apenas por Sevilha ou Cádiz.

Por fim, a instituição mais importante para a organização de toda essa administração foi o Conselho
das Índias, que era responsável por auxiliar o rei na administração de suas colônias. Assim, o
conselho deveria criar e organizar os vice-reinos, indicar indivíduos para cargos de importância,
estabelecer como seria a relação com os indígenas, orientar as defesas coloniais, criar as normas
que seriam aplicadas às colônias, funcionar como tribunal e organizar a ocupação da colônia.
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Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse,1987. P.282

A sociedade colonial
A pirâmide social nos territórios americanos motivou muitos problemas e conflitos. Durante a
colonização, a elite política da sociedade era formada pelos chapetones, espanhóis nascidos na
metrópole e que tinham diversos privilégios, entre eles a possibilidade de ocupar importantes
cargos políticos e religiosos, como administradores, fiscais, clérigos e oficiais escolhidos pela
metrópole.

Abaixo dos chapetones, sem muitos privilégios e poderes políticos, mas com um crescente poder
econômico, estavam os chamados criollos, filhos de espanhóis brancos nascidos na colônia. Por
terem nascido na América, não eram escolhidos pela metrópole para os cargos administrativos
mais importantes; no entanto, graças à força econômica, puderam controlar alguns órgãos, como
os cabildos (equivalente às câmaras municipais).
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Por volta de 1800, a elite colonial hispano-americana era


composta por cerca de três milhões de criollos. Essa elite não
formava um bloco coeso, subdividindo-se de acordo com os
interesses regionais, surgidos em decorrência da própria
organização administrativa colonial. Vale destacar que a maioria
desses criollos, ao longo do século XVIII, passou a ser
influenciada por importantes movimentos que ocorriam no
ocidente. Como muitos jovens costumavam frequentar as
universidades europeias, ler livros atuais e se encontrar em lojas
maçônicas, os textos iluministas logo se difundiram por esse
grupo social, assim como as notícias de movimentos como as independências dos Estados Unidos
e do Haiti e a Revolução Francesa.

Abaixo dos criollos, com pouquíssimos privilégios ou poderes, havia os mestiços, que eram os filhos
de espanhóis com indígenas ou negros que atuavam muitas vezes como trabalhadores livres,
artesãos e pequenos comerciantes. Por fim, na base dessa sociedade, encontravam-se os negros
escravizados (sobretudo nas ilhas da América central) e os indígenas em regime de trabalho
compulsório pela mita ou encomienda.

Cabe ressaltar que, na sociedade colonial, a possibilidade de ascensão social era baixíssima; além
disso, entre os séculos XVI e XVIII, a condição dos indígenas, mestiços e negros escravizados havia
mudado pouco. Apesar de alguns mestiços e indígenas possuírem pequenos privilégios, a realidade
da maior parte da população era uma condição severa de exploração, com muito trabalho. Para os
criollos, também havia alta carga de impostos e poucos benefícios e privilégios, quando
comparados aos chapetones.

Essa situação se tornou ainda mais agressiva no século XVIII, quando o déspota esclarecido Carlos
III (1759–1788) promoveu as Reformas Bourbônicas. Ao longo do século XVIII, a fraqueza
espanhola ante a ascensão de potências (como a Inglaterra), o fracasso em conflitos (como a
Guerra dos Sete Anos) e os gastos militares colocaram a economia espanhola em uma situação
delicada. Dessa forma, interessado em uma redução da dependência econômica espanhola e em
uma modernização do reino, o rei Carlos III promoveu um conjunto de reformas de caráter liberal e
outras claramente pautadas nas práticas mercantilistas.

Entre elas, podemos citar a manutenção da proibição do comércio entre as colônias e outros reinos
(reforçando o exclusivo metropolitano), a continuidade na proibição de indústrias na América,
aumento da força militar, criação de novas companhias de comércio e do Vice-Reino do Prata,
expulsão dos jesuítas do Império espanhol e o aumento da carga tributária entre os colonos.

De fato, as Reformas Bourbônicas tentaram modernizar a economia espanhola com medidas mais
liberais internamente. No entanto, para as colônias, havia um reforço da prática mercantilista e uma
nítida tentativa de revigorar a colonização. Tais medidas foram recebidas com grande insatisfação
pelos habitantes da colônia, que logo se organizaram em importantes movimentos
emancipacionistas.
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As independências da América espanhola


Nessa conjuntura, as Reformas Bourbônicas, a ascensão de Napoleão Bonaparte na França e o
estabelecimento do bloqueio continental contra a Inglaterra foram fundamentais para o processo
de independência da América Espanhola.

Para fins didáticos, podemos dividir as lutas coloniais contra a Espanha em três fases:

1. Movimentos precursores (1780–1810)


A população colonial demonstrou-se altamente insatisfeita com as Reformas Bourbônicas; assim,
logo surgiram movimentos defendendo a emancipação de regiões da colônia. Essa fase é
considerada a primeira etapa do processo de independência e foi um importante momento para
demonstrar o enfraquecimento do poder da Coroa.

Rebelião de Tupac Amaru (1780)


Em novembro de 1780, no Vice-Reino do Peru, o líder indígena José Gabriel Condorqui, que se
autoproclamava Tupac Amaru II (por ser descendente do antigo imperador inca), rebelou-se contra
a metrópole. A chamada Rebelião de Tupac Amaru organizou um exército formado por
trabalhadores livres, mestiços, indígenas e negros que eram contrários à exploração das camadas
mais pobres. Apesar do apoio inicial de alguns criollos, eles logo retiraram o suporte, já que o
movimento se tornou extremamente popular e uma ameaça para essa própria elite. Tupac Amaru
foi capturado; e, para servir como exemplo, o líder indígena teve sua língua cortada e o corpo
arrastado por cavalos.

Movimento Comunero (1781)


Em 1781, no Vice-Reino de Nova Granada, colonos insatisfeitos com as reformas criaram uma junta
de governo chamada de El Común. Mais uma vez a camada criolla apoiou inicialmente o movimento;
no entanto, com a rápida e massiva adesão dos setores populares e a radicalização promovida por
líderes mestiços, como José Antônio do Galan, essa elite econômica se afastou. Com o
afastamento dos criollos e a prisão de Galan, o movimento que visava se rebelar contra a metrópole
também fracassou e viu seu principal líder ser esquartejado.

2. Rebeliões fracassadas (1810–1816)


No início do século XIX, a Europa se tornou palco de uma série de conflitos, que ficaram conhecidos
como as Guerras Napoleônicas. Nesse período, os avanços de Napoleão Bonaparte na Península
Ibérica, a imposição de José Bonaparte como rei da Espanha (após a prisão de Felipe VII), a difusão
do pensamento iluminista (assim como a influência das independências dos Estados Unidos e do
Haiti) e o enfraquecimento da administração colonial desencadearam novas lutas por
independência nas colônias da América espanhola.

Visto isso, quando o rei Felipe VII foi deposto pelas tropas napoleônicas, os criollos na colônia se
organizaram em cabildos e formaram as juntas governativas. Por meio dessa nova organização, a
elite econômica enfraqueceu ainda mais a autoridade metropolitana e passou a conviver com
grande autonomia, controlando a administração colonial.

Essa experiência de liberdade aguçou os interesses por uma emancipação definitiva. Assim, esse
período foi marcado por algumas declarações de independência e por alguns sucessos iniciais –
como a emancipação da Venezuela, da Colômbia, do México e do Equador, em 1810, e da Argentina,
em 1816.
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Nessa fase, ficou evidente a falta de concordância entre os colonos e as dificuldades encontradas
para consolidar as independências. Havia, além disso, falta de apoio externo, pois a Inglaterra, por
exemplo, embora tivesse interesse nos mercados americanos, enfrentava ainda os exércitos
napoleônicos e tinha que lidar com as dificuldades causadas pelo bloqueio continental.

Apesar dessas lutas e das pequenas vitórias, a derrota de Napoleão não alterou muito a antiga
condição colonial; pois, em 1814, Fernando VII voltou ao trono na Espanha e buscou ampliar a
repressão aos movimentos de emancipação e reconquistar os territórios perdidos.

3. Rebeliões vitoriosas (1817–1824)


Com o retorno de Fernando VII ao poder, as forças realistas, que apoiavam o monarca e eram
formadas por alguns criollos leais à metrópole e por chapetones, logo se mobilizaram para frear o
processo de emancipação. Dessa forma, apesar das declarações de independências, apenas após
1817 esses movimentos passaram a conquistar definitivamente suas vitórias, com lutas sangrentas.

Sob as lideranças de figuras como Simón Bolívar, José de San Martín, Miguel Hidalgo, Manuel
Belgrano e Bernardo O’Higgins, os chamados Libertadores da América, conseguiram reunir grandes
exércitos populares na luta contra as forças realistas. Além disso, interessados em lucrar com a
abertura comercial do continente, países como a Inglaterra e os Estados Unidos – por meio da
Doutrina Monroe, expressa na ideia de “América para os americanos”) – também se posicionaram
a favor dos processos de independência. Os Estados Unidos se opuseram a qualquer tentativa de
intervenção militar, imperialista ou colonizadora da Santa Aliança (criada durante o Congresso de
Viena) no continente americano.

Assim, em diversas partes da América os movimentos emancipacionistas foram conquistando


espaço e derrotando as tropas leais à metrópole. A partir de 1820, com as revoluções liberais na
Espanha, o poder da metrópole se enfraqueceu ainda mais; possibilitando, enfim, que os exércitos
de independência saíssem vitoriosos.

Indispensável dizer que nem todas as colônias americanas se tornaram independentes nesse
período; algumas, como Cuba e Porto Rico, só conseguiram sua independência no final do século.
Outras áreas hoje, como as Ilhas Malvinas e a Guiana Francesa, ainda permanecem sob a tutela de
países europeus. Recentemente, Barbados, que era uma possessão inglesa, tornou-se uma
república independente; e, ninguém mais, ninguém menos que a cantora Rihanna foi condecorada
heroína nacional do país. É ELA!!!
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Os libertadores da América

José de San Martín


José de San Martín foi um criollo nascido em 1778, em Yapeyú (atual Argentina), que teve papel
importante nas lutas de libertação da Argentina, Chile e Peru. Como San Martín foi educado e viveu
parte de sua vida na Espanha, tornou-se um militar das forças espanholas na juventude e chegou a
atuar com grande importância nas Guerras Napoleônicas ao lado dos espanhóis.

Ainda no início do século XIX, a entrada de San Martín para a maçonaria o colocou em contato com
as ideias iluministas e com colonos americanos que já se empenhavam nas lutas pela
independência. Esse crescente contato foi fundamental para uma transformação na mentalidade
de San Martín, que renunciou em 1812 ao seu cargo no exército espanhol e se dirigiu para a América.

As expedições de San Martín o levaram da Argentina ao Peru; entretanto, antes da independência


peruana definitiva, as tropas de San Martín, que já haviam conquistado grande parte da região,
encontraram-se em Guayaquil, no Equador, com as forças de um outro importante líder separatista,
o venezuelano Simón Bolívar. No encontro em Guayaquil, apesar de não divergirem quanto a
importância das independências, os projetos políticos almejados por Bolívar e por San Martín eram
opostos.

O argentino, educado na Espanha, era monarquista e acreditava que a melhor forma de consolidar
as independências e garantir o reconhecimento delas seria mantendo o continente fragmentado e
governado por nobres europeus em um regime de monarquia constitucionalista, que poderia evitar
futuras guerras. Bolívar, por sua vez, defendia um projeto de independência completamente oposto.
Pela falta de apoiadores, após o encontro em Guayaquil, San Martín decidiu abrir mão de seu projeto
e voltar para a Argentina.

Simón Bolívar
Nascido na atual Venezuela, Bolívar fazia parte da camada criolla da sociedade e contava com
grande prestígio econômico, uma educação iluminista e grande preparo militar. Graças a essa
formação, aos poderes econômicos e à popularidade entre as camadas mais pobres, o criollo
venezuelano teve papel de destaque na emancipação política das colônias espanholas, ficando
conhecido como “O Libertador”.

Enquanto San Martín realizava expedições pelo sul e pela costa chilena; Bolívar protagonizava o
processo de independências das colônias ao norte da América do Sul, sendo a grande liderança nas
emancipações da Venezuela (1817), Colômbia (1819) e Equador (1821),
onde formou a nação independente e republicana da Grã-Colômbia, em
1821.

A construção da Grã-Colômbia já revelava o quanto os ideais de Bolívar e


seus projetos políticos divergiam dos de San Martín. Diferentemente do
“libertador” argentino, o líder venezuelano almejava unificar a América em
uma grande confederação republicana; defendendo, assim, ideias que
ficaram conhecidas como pan-americanistas. As ideais de Bolívar foram
sintetizadas na Carta de Jamaica, escrita em 1815:
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“É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o mundo novo uma só nação com um só vínculo,
que ligue suas partes entre si e com o todo. Já que tem uma mesma origem, uma mesma língua,
mesmos costumes e uma religião, deveria, por conseguinte, ter um só governo que considerasse os
diferentes Estados que haverão de formar-se […].”
(“A Carta de Jamaica”)

A proposta do Pan-americanismo foi discutida no Congresso do Panamá (1826); mas os esforços


de Bolívar não foram suficientes para manter unidas as regiões que ajudou a libertar. Seus ideais
se chocaram com os interesses das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados
Unidos, que não consideravam interessante a formação de uma confederação que garantisse a
união e força às regiões recém-independentes. Após o fracasso no Panamá, a América Latina
fragmentou-se politicamente em pequenos Estados soberanos, governados pela aristocracia criolla.
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Exercícios de fixação

1. Como era chamada a elite econômica da América espanhola que não possuía privilégios
políticos?
(A) Criollos.
(B) Chapetones.
(C) Curacas.
(D) Mamelucos.

2. As colônias espanholas na América foram divididas em:


(A) Capitanias hereditárias.
(B) Vice-reinos.
(C) Metrópoles.
(D) Sesmarias.

3. Dos Libertadores da América citados, qual desses foi responsável pela formação da Grã-
Colômbia?
(A) D. Pedro I.
(B) Simón Bolívar.
(C) San Martín.
(D) Tupac Amaru.

4. Quais eram as principais diferenças entre os projetos políticos de San Martín e Simón
Bolívar para a América independente?

5. Qual país apoiou as independências da América Espanhola?


(A) Espanha.
(B) Rússia.
(C) Inglaterra.
(D) Portugal
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Exercícios de vestibulares

1. (UPE, 2016) O XIX foi o século de efervescência nacionalista na Europa, marcado pela
implantação das instituições da Revolução Francesa e pelo desenvolvimento das forças
produtivas via Revolução Industrial inglesa. A ruptura com o processo colonial no Novo Mundo
se deriva dessas revoluções europeias. Surge uma coleção de nações com variados
processos genéticos e padrões de construção diferenciados.
LESSA, Carlos. Nação e Nacionalismo a partir da experiência brasileira. São Paulo: Estudos Avançados. 22 (62), 2008.
(Adaptado)

Os primeiros processos de emancipação política, no contexto descrito, que causaram grande


impacto na América Latina e influenciaram fortemente os demais territórios ocorreram,
respectivamente, no:
(A) Brasil e na Argentina.
(B) na Guiana e no Suriname.
(C) no México e na Venezuela.
(D) na Colômbia e no Equador.
(E) nos Estados Unidos e no Haiti.

2. (Enem, 2021) Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiu em
vários países?
Para o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, no Brasil, parte da sociedade era muito
mais coesa ideologicamente do que a espanhola. Carvalho argumenta que isso se deveu à
tradição burocrática portuguesa. "Portugal nunca permitiu a criação de universidades em sua
colônia”. Por outro lado, na América espanhola, entre 1772 e 1872, 150 mil estudantes se
formaram em universidades locais. Para o historiador mexicano Alfredo Ávila Rueda, as
universidades na América espanhola eram, em sua maioria, reacionárias. Nesse sentido, o
historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de impressos (jornais, livros e
panfletos) na América espanhola, que não era permitida na América portuguesa (a proibição
só foi revertida em1808), teve função muito mais importante na construção de regionalismos
do que propriamente as universidades.
BARRUCHO, L. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 8 set. 2019 (adaptado).

Os pontos de vista dos historiadores referidos no texto são divergentes em relação ao


(A) papel desempenhado pelas instituições de ensino na criação das múltiplas identidades.
(B) controle exercido pelos grupos de imprensa na centralização das esferas administrativas.
(C) abandono sofrido pelas comunidades de docentes na concepção de coletividades
políticas.
(D) lugar ocupado pelas associações de acadêmicos no fortalecimento das agremiações
estudantis.
(E) protagonismo assumido pelos meios de comunicação no desenvolvimento das nações
alfabetizadas.
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3. (Unesp, 2015) Era o fim. O general Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y
Palacios ia embora para sempre. Tinha arrebatado ao domínio espanhol um império cinco
vezes mais vasto que as Europas, tinha comandado vinte anos de guerras para mantê-lo livre
e unido, e o tinha governado com pulso firme até a semana anterior, mas na hora da partida
não levava sequer o consolo de acreditarem nele. O único que teve bastante lucidez para saber
que na realidade ia embora, e para onde ia, foi o diplomata inglês, que escreveu num relatório
oficial a seu governo: “O tempo que lhe resta mal dá para chegar ao túmulo. ”
(Gabriel García Márquez. O general em seu labirinto, 1989.)

O perfil de Simón Bolívar, apresentado no texto, acentua alguns de seus principais feitos, mas
deve ser relativizado, uma vez que Bolívar
(A) foi um importante líder político, mas jamais desempenhou atividades militares no
processo de independência da América Hispânica.
(B) obteve sucesso na luta contra a presença britânica e norte-americana na América
Hispânica, mas jamais conseguiu derrotar os colonizadores espanhóis.
(C) defendeu a total unidade das Américas, mas jamais obteve sucesso como comandante
militar nas lutas de independência das antigas colônias espanholas.
(D) teve papel político e militar decisivo na luta de independência da América Hispânica, mas
jamais governou a totalidade das antigas colônias espanholas.
(E) atuou no processo de emancipação da América Hispânica, mas jamais exerceu qualquer
cargo político nos novos Estados nacionais.

4. (Unicentro, 2019) Em 1822, Simon Bolivar e José de San Martim reuniram-se em Guaiaquil,
atual Equador. Os dois “libertadores da américa” tinham planos diferentes para o futuro do
continente, daí que, após esse encontro:
(A) San Martin retornou para a Argentina e Bolívar continuou as lutas de independência contra
as forças espanholas.
(B) San Martim continuou as lutas de independência e Bolívar retornou para a Venezuela.
(C) eles uniram os exércitos e, juntos, venceram definitivamente as forças espanholas na
América.
(D) Bolívar planejava a fragmentação da América espanhola em diversos pequenos países
independentes, o que enfraqueceu a luta de ambos, sendo, finalmente, derrotados pelos
exércitos espanhóis.
(E) San Martim traiu Bolívar e revelou a conspiração de independência para a Coroa
espanhola.
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5. (FGV, 2021) As independências das colônias da América Ibérica tiveram aspectos


semelhantes e particularidades locais.
Entre as semelhanças mais relevantes, pode-se citar
(A) a ruptura política sem uma revolução comparável nas estruturas sociais do período
colonial.
(B) a oposição manifesta dos libertadores aos princípios revolucionários da filosofia
iluminista.
(C) a ausência de participação de significativos movimentos populares nos processos
independentistas.
(D) a manutenção dos laços comerciais privilegiados com a economia das antigas
metrópoles.
(E) a importância ideológica do projeto futuro de unificação política dos povos americanos.

6. (FGV, 2011) “A luta pela independência na América espanhola implicou uma passagem de
todo poder político àqueles que já possuíam a maior parte do poder econômico. ”
(Leon Pomer. As Independências na América Latina, 1981.)

A partir do fragmento, é correto afirmar que o processo de independência da América


espanhola
(A) decorreu de uma série de contradições políticas e sociais, como a questão do espaço
social a ser ocupado pelos povos indígenas e os negros, e não teve qualquer influência
decisiva da conjuntura europeia do início do século XVIII.
(B) foi produto de uma longa negociação entre os interesses absolutistas espanhóis, sob o
comando do rei Fernando VII, e as classes médias espalhadas pelos vice-reinos, que
possibilitou a ruptura dos vínculos políticos sem a quebra dos econômicos.
(C) contou com o importante apoio das forças diplomáticas e militares portuguesas,
interessadas no rompimento dos vínculos coloniais entre a Espanha e a América, com o
objetivo maior de atender aos anseios ingleses.
(D) foi, em geral, comandado pelos criollos, a elite colonial, que se sentiam prejudicados pela
centralização administrativa e pelos privilégios oferecidos aos chapetones, a elite
nascida na Espanha.
(E) permitiu, inicialmente, que os interesses ingleses fossem atendidos, porém a dinâmica
das emancipações nacionais estabeleceu a fragmentação dos vice-reinados, o que gerou
revoluções escravas pelo continente.
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7. (FGV, 2015) Em 1776, foi declarada a emancipação política dos Estados Unidos. Comparando
o processo de independência estadunidense com outros casos na América, podemos afirmar
que:
(A) a independência dos Estados Unidos foi pacífica, semelhante ao processo brasileiro e
diferente do restante da América espanhola, caracterizado pelas guerras contra forças
metropolitanas.
(B) a escravidão não foi abolida pelo governo dos Estados Unidos no momento da
independência política, de maneira semelhante ao que ocorreu no Brasil e na maior parte
da América Latina.
(C) ao contrário do caso brasileiro e latino-americano, a independência dos Estados Unidos
foi liderada pelas camadas populares da sociedade colonial.
(D) a instauração de repúblicas democráticas é um traço comum entre o processo de
emancipação política dos Estados Unidos e o das outras nações do continente americano.
(E) ao estabelecer a sua independência, os líderes estadunidenses imediatamente
concederam direito de voto às mulheres, o que não ocorreu no Brasil e tampouco no
restante da América Latina.

8. (UFRGS, 2019) “O propósito de muitos, se não da maioria, dos conflitos políticos da América
espanhola, no período posterior à independência, foi simplesmente determinar quem deveria
controlar o Estado e seus recursos. Não obstante, surgiram outras importantes questões
políticas que variaram de país para país em caráter e importância. Entre 1810 e 1845, a
discussão sobre estrutura centralista e federalista do Estado foi fonte de violento conflito no
México, na América Central e na região do Prata.”
SAFFORD, Frank. Política, ideologia e sociedade na América espanhola do pós-independência. In: BETHELL, Leslie. História da
América Latina, vol. III: da Independência até 1870. São Paulo: Edusp, 2001. p. 369.

O segmento faz menção aos conflitos que se seguiram às independências na América


Espanhola. Assinale a alternativa que indica algumas das consequências desses confrontos.
(A) O conflito entre federalistas e centralistas resultou em governos constitucionalmente
frágeis e politicamente instáveis em quase toda a região, durante parte do século XIX.
(B) A recolonização da região pela Espanha, dada a fragilidade institucional das novas
repúblicas independentes.
(C) O surgimento de governos democráticos e com ampla participação popular, ainda no
século XIX, como uma das formas de resolução desses conflitos políticos.
(D) A estruturação de monarquias centralizadas por toda a região, após o fracasso político
das repúblicas independentes.
(E) A vitória dos movimentos federalistas e a derrota definitiva dos projetos centralistas e
autoritários que se opunham a eles.
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9. (Cesmac, 2018) A independência da América Espanhola teve por fundo um quadro político
internacional que lhe favoreceu, sobressaindo-se nele:
(A) a vitória do Absolutismo de direito divino na Espanha.
(B) a Revolução Industrial espanhola.
(C) o Despotismo Esclarecido.
(D) a vitória britânica na guerra de independência dos Estados Unidos.
(E) as guerras napoleônicas.

10. (UFPR, 2020) Considere o texto abaixo:


A emancipação fora conseguida num contexto de violência generalizada, que causara a
morte de centenas de milhares de pessoas, em especial na Colômbia, na Venezuela, no
México e no Haiti. Os países que sofreram menos baixas foram Brasil, Equador, Paraguai e
os da América Central. Os sofrimentos da população foram agravados pelos
deslocamentos, como o “êxodo oriental” no Uruguai em 1811 e a fuga em massa dos
partidários da independência do Chile, que tiveram de emigrar de Concepción para Santiago
em 1817.
(DEL POZO, José. História da América Latina e do Caribe: dos processos de independência aos dias atuais. Trad. Ricardo
Rosenbusch. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2009, p. 41.)
Considerando as informações do trecho acima, os conhecimentos sobre o contexto
histórico e os aspectos sociais e políticos da independência dos países latino-americanos
e do Caribe, é correto afirmar:
(A) As políticas liberais que surgiram na década de 1850, no processo de consolidação das
independências, favoreceram a aquisição de terras pelas comunidades indígenas.
(B) Líderes políticos como Bolívar e Bernardo O’Higgins, entre outros, passaram a apoiar a
independência do Brasil em 1822, e, sobretudo, incentivaram a instauração do regime
monárquico.
(C) A participação das mulheres nos processos de independência assumiu somente o
papel atribuído a elas nesse tipo de conflito, como o de preparar comida para as tropas
e cuidar dos feridos.
(D) Com o fim dos conflitos, os países emancipados da região saldaram as pesadas dívidas
que contraíram com os bancos ingleses.
(E) Somente Cuba e Porto Rico não se emanciparam, permanecendo como colônias
espanholas até 1898.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. A
A sociedade colonial espanhola era dividida entre: chapetones, que formavam a elite política
dos nascidos na metrópole; criollos, que eram ricos nascidos na colônia, mas sem privilégios
políticos; e, na base, os trabalhadores livres, indígenas, mestiços e negros escravizados.

2. B
Para facilitar a administração colonial e a exploração das riquezas, a metrópole dividiu a colônia
em vice-reinos, que seriam governados por espanhóis indicados pela Coroa.

3. B
Simón Bolívar foi o grande libertador das capitanias e vice-reinos do norte da América do Sul,
sendo responsável por unificar a região, criando a república da Grã-Colômbia.

4. San Martín defendia uma América fragmentada e com monarquias constitucionais, formadas
por reis que seriam nobres europeus. Já Bolívar defendia uma América unificada, com as
antigas colônias espanholas formando um único Estado, independente e republicano.

5. C
A Inglaterra apoiou o processo de independência das colônias espanholas, pois tinha interesse
na formação de um mercado para os produtos da Revolução Industrial.

Exercícios de vestibulares

1. E
A independência dos Estados Unidos, em 1776, e a independência do Haiti, em 1804,
influenciaram profundamente os processos de emancipação das colônias espanholas no início
do século XIX.

2. A
Enquanto José Murilo de Carvalho evidencia a importância das universidades para a
construção de múltiplas identidades, Alfredo Ávila Rueda diminui essa importância e destaca o
valor da circulação de impressos.

3. D
O trecho destaca que, apesar de todos os feitos de Simon Bolívar para tentar manter as antigas
colônias espanholas independentes e unidas, essa não foi uma realidade que se concretizou;
portanto, ele não pôde governar um Estado republicano unido, como era da sua vontade.

4. A
O projeto de San Martín não contou com grande apoio popular, pois visava construir Estados
com regimes monarquistas e governados por europeus. Assim, após o encontro de Guayaquil,
San Martín renunciou a seu projeto e voltou para a Argentina.

5. A
Apesar da quebra do monopólio instituído pela metrópole e da liberdade política proveniente da
independência, as estruturas sociais das antigas colônias espanholas se mantiveram bem
parecidas, com a elite no poder (agora a criolla), a manutenção da escravidão na maioria das
regiões e a exploração massiva dos nativos.
História

6. D
Imbuídos das ideias iluministas e liberais, boa parte dos movimentos emancipatórios na
América Latina contaram com a liderança dos criollos, elite econômica que não possuía tanto
poder político nas colônias.

7. B
A maioria dos processos de independência da América não tiveram como consequência a
imediata abolição da escravidão. No caso do Haiti e da República Dominicana, houve um
processo de independência paralelo ao da abolição; mas, na América espanhola, a abolição
contou com datas diferentes.

8. A
Apesar de possuir defensores de uma integração regional, as diferenças fizeram com que a
unidade territorial da antiga colônia espanhola não fosse mantida. Entre as principais
diferenças, estão os confrontos entre centralizadores e federalistas.

9. E
Os avanços do exército francês na Península Ibérica e a imposição de José Bonaparte como
rei da Espanha levou ao enfraquecimento da administração colonial, que desencadeou vários
movimentos por independência nas colônias da América espanhola.

10. E
Cuba e Porto Rico tiveram processos revolucionários tardios se comparados aos outros
ocorridos na América Espanhola, ainda na primeira metade do século XIX.

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