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HISTÓRIA DA TRIBUTAÇÃO NO MUNDO

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TRIBUTAÇÃO

O tributo tem origem remota e certamente acompanhou a evolução do


homem, a criação das primeiras sociedades, o surgimento de líderes tribais,
chefes guerreiros e políticos.
 As primeiras manifestações de tributos foram através de presentes, ofertas
oferecidas aos líderes, chefes dos povos antigos por seus serviços ou sua
atuação junto à sua comunidade (forma voluntária).

 Nas guerras, quando os povos vencidos entregavam tudo ou parte do que


tinham aos povos vencedores, eram os “despojos” (forma compulsória).

 Após essas épocas, começou a cobrança de tributos por chefes de Estado


de seus súditos.
 Texto mais antigo descoberto remonta a 2.350 A.C., o documento relata
reformas feitas pelo Rei Urukagina na cidade-estado de Lagash, localizada
na Suméria (atual Iraque), entre os Rios Tigres e Eufrates.

 O documento relata a cobrança de impostos extorsivos e leis opressivas,


exploração de funcionários corruptos e confisco de bens para o rei.
 Na Grécia (século VII A.C.) institui-se o tributo administrado
pelo estado como temos hoje, à custa do trabalho e dos tributos
pagos pelos cidadãos, os gregos construíram uma das maiores e
mais importantes civilizações do mundo.
 Romanos conquistaram os gregos (146 A.C.), mas não conseguiam fazê-los
adotar a sua cultura.

 Conquistavam os povos sem agredir crenças e costumes, utilizando-se de uma


imposição sutil e disfarçada. Com isso conseguiram sustentar e alargar seu
império, se utilizando da cobrança de tributos como meio de fortalecer seus
exércitos e conquistar terras.

“PÃO E CIRCO”
Roma cobrava dois tipos de Tributos:

 Imposto pela importação de mercadorias – “Portorium”;

 Imposto pelo consumo de qualquer bem – “Macelum”.

Os tributos vinham de duas fontes de rendas:

 Tributos pagos pelas províncias anexadas;

 Tributos pagos pelos cidadãos romanos.


 Queda do Império Romano trouxe o início da idade média que vai do ano
de 476 – 1453;

 O grande império foi dividido em feudos (pedaços de terra);

 Noção de estado na Europa medieval foi perdida (ausência do estado);

 Cada feudo tinha seu Senhor, que era um nobre (senhores feudais), os
camponeses eram os servos;

 Maioria das pessoas vivia no campo;


 Todas eram obrigadas à uma carga tributária muito pesada.

 Não havia moedas, e os tributos eram pagos em produtos (in natura).

 O servo estava preso à terra do senhor, sua liberdade era muito restrita, após pagar
o tributo restava muito pouco para si, apenas para sua sobrevivência e de sua
família.

 Servos tinham com seu senhor uma relação hereditária de dependência conhecida
como vassalagem.
 Em troca da proteção, ofereciam trabalho – corveia - e pagavam pesados tributos.

 Senhores de terras tinham poder de vida e morte de seus vassalos, quem não
pagasse os tributos poderia ser morto.

 Religião Católica era muito forte na Europa.

 Senhores feudais, convencidos pela Igreja, começaram a participar das Cruzadas


(1.095/1.291), Guerras Santas que tinham por objetivo reconquistar a Palestina,
lugar sagrado para os Cristãos, tomado pelos islamitas.
 Para alcançar esse objetivo, esses senhores gastavam cada vez mais e
cobravam cada vez mais tributos, nada era feito a favor do povo.

 Na Inglaterra, Ricardo Coração de Leão deixa o trono na mão de João


Sem Terra e vai guerrear nas Cruzadas.

 João sem Terra, querendo se perpetuar no poder, dobra a carga


tributária, parte do dinheiro vai para financiar as cruzadas, e outra parte
fica para financiar os seus próprios exércitos.
Isso provoca uma revolta dos Nobres em 15/06/1.215, e João Sem Terra foi
obrigado a assinar uma “CARTA MAGNA” que impôs os direitos e deveres
do Rei, algo totalmente inédito, esse documento é histórico, o primeiro a
expressar uma limitação legal ao poder dos reis de instituir ou aumentar
tributos.
 Fim das Cruzadas trouxe o enfraquecimento dos senhores feudais,
exércitos inteiros foram destruídos e muitos desses senhores morreram nas
guerras.

 Camponeses foram se libertando do poder dos senhores feudais, cansados


da exploração, migraram para as cidades.

 No final da idade média as cidades floresciam na Europa, o contato com a


cultura oriental trouxe mudança de hábitos de consumo.
 Produtos orientais, como as especiarias (pimenta, gengibre, canela,
cravo, noz-moscada, entre outras), eram muito valorizados.

 Surgem novas classes sociais: comerciantes, industriais e banqueiros.

 Burguesia, palavra derivada de burgos – significa cidade pequena.

 Comércio cresce e se diversifica, as cidades atraem cada vez mais pessoas.


 Logo surge a dificuldade em se adquirir especiarias, a rota das especiarias era
dominada pelos árabes, inimigos mortais dos europeus desde as cruzadas.

 Cidades que mais se beneficiaram com esse comércio foram Gênova e Veneza,
justamente pela sua localização geográfica, os hábeis comerciantes italianos
conseguiram manter acordos comerciais com os árabes, que lhes permitiram
monopolizar o comércio com o oriente.
 Isso trouxe grande progresso para aquela região, criando condições para o
surgimento de uma nova era da história da humanidade, o Renascimento, o
que marcou o fim da Idade Média.

 Na Idade Moderna (1.453 – Tomada de Constantinopla – 1.789 –


Revolução Francesa) os feudos foram transformados em Reinos.

 Os pequenos Reinos foram crescendo e se unindo, dando origem aos


Estados Nacionais.
 Monopólio Árabe/Italiano sobre o comércio com o oriente fazia o preço das
especiarias muito caro.

 Para o resto da Europa era necessário então conseguir uma nova rota
comercial para o oriente que pudesse baratear o custo desses produtos tão
cobiçados. Não havia outra opção a não ser navegar pelo oceano Atlântico,
desconhecido até então.

 Era uma navegação perigosa e cara que exigia a construção de esquadras de


caravelas. Só o Rei, fortalecido pela criação dos Estados nacionais
viabilizados pelos tributos, conseguia bancar essas viagens.
 Assim, nessa época se generalizou a cobrança de tributos em moeda e não mais em
mercadorias, como aconteceu ao longo de toda a Idade Média.

 Portugal e Espanha, devido à sua posição geográfica privilegiada e grande desenvolvimento


da navegação, foram os primeiros a se lançar em grandes expedições marítimas.

 Descobriram rotas para a África e Ásia e chegaram às Américas, densamente habitadas por
povos de cultura totalmente diferentes da europeia.
A descoberta de metais preciosos nas Américas mudou totalmente a face da
Europa:

 Financiou a Revolução Industrial.


 Proporcionou a ascensão da burguesia como classe rica e influente.

Colônias foram exploradas e suas riquezas extraídas, mandadas para a Europa,


sem gerar benefício algum para seus habitantes, os Reis foram se
fortalecendo e acumulando poder, fazendo surgir o Estado Absolutista.
No absolutismo a sociedade estruturava-se em castas, as classes dominantes
eram a nobreza e o clero, que nada pagavam, eram classes sociais
absolutamente parasitárias, o Estado era sustentado exclusivamente pelos
pesados tributos pagos pelos comerciantes (burgueses) e trabalhadores
(camponeses/artesãos).
REI

CLERO

NOBREZA

SERVOS
Exemplo histórico é o Estado Nacional na França de Luis XIV (1.638-1.715), o Sistema
Tributário Imposto L’Etat c´est moi (O Estado sou eu).

“Quero que o clero reze, que o nobre morra pela pátria, e que o
povo pague.”
 Não aguentando mais os seguidos aumentos de carga tributária que visavam a
manutenção do reino, o povo viria a reagir violentamente, deflagrando a Revolução
Francesa (1.789).

 Revolução Francesa marca o início da idade Moderna, e teve como principal objetivo
instaurar a República, seu lema foi Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

 Surge em 1.789 a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, primeiro


documento que definiu direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana e em
1.791 foi aprovada a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã.
 Nessa época, os EUA se tornaram independentes da Inglaterra, uma
das maiores causas da guerra de independência americana foram os
pesados impostos que a Coroa Britânica cobrava de suas colônias.

 Esses movimentos inspiraram várias revoltas importantes ocorridas no


Brasil nos fins do século XVIII e início do século XIX, tais movimentos
queriam declarar independência de Portugal e criar a República no Brasil.
 Dentre esses havia a Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira, que
possuía com uma das suas causas a cobrança do quinto do ouro, ou seja, a
quinta parte de todo ouro extraído no garimpo era pago à Coroa
Portuguesa como tributo.

 No final do século XVIII as minas começaram a se esgotar e a produção a


declinar rapidamente.

 O governo português, muito endividado, não aceitava a redução das


quantidade que recebia, passou a desconfiar que estava sendo enganado.
 Dona Maria, a louca, Rainha de Portugal, determinou que se a produção de ouro que
cabia a seu país não fosse atingida, a diferença seria cobrada de uma só vez por meio
da derrama.

 Esse evento aterrorizava o povo de Vila Rica, Tiradentes e os demais inconfidentes


perceberam que esse seria o dia certo para anunciarem o movimento, pois tinham
grande apoio popular.

 Porém, antes que isso acontecesse, foi denunciado por Joaquim Silvério dos Reis, e a
derrama foi suspensa, o movimento acabou contribuindo para a independência
posteriormente.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
TRIBUTAÇÃO NO BRASIL
ÉPOCA DAS DESCOBERTAS E DAS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES
(1.500 a 1.532)

 Primeiro ônus suportado pelo Brasil foi na indústria extrativa (extração de pau-
brasil). Coroa Portuguesa considerou o pau-brasil como um monopólio real.

 Extração era autorizada se o extrator erguesse fortificações ao longo da costa, iniciasse a


colonização e pagasse o quinto do pau-brasil.

 Nenhuma organização fiscal, tributos eram pagos em espécie (in natura) que
posteriormente eram enviados para Portugal.
GOVERNO GERAL – 1.548 a 1.808

 Tributos cobrados pelos rendeiros, cobradores de rendas, possuíam


poderes em demasia, podiam prender qualquer um que estivesse devendo
tributo ou estivesse atrasado em suas obrigações.

 Continua o pagamento de tributo in natura.


CORTE PORTUGUESA E DO REINO UNIDO – 1.808 A 1.822

Napoleão invade Portugal e a família real foge para o Brasil.

 Brasil passa a ser sede da monarquia portuguesa.

 Muitas leis são criadas.

 Príncipe D. João VI em 24/01/1.808 abre os portos do Brasil às nações amigas,


liberando a atividade comercial do país com outros países, até então isso era proibido.
 Vinda da família Real para o Brasil aumenta muito as despesas
para os cofres públicos. Isso exigiu aumento da carga tributária
com a instituição de novos tributos.

 Houve a decretação do Ato Adicional de 12/08/1834 onde


foram traçados os limites e os fundamentos do Direito
Tributário Nacional.
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IMPOSTÔMETRO

Fonte: https://impostometro.com.br/ , em 13/08/2023 às 14h:40min. acesso em


Referencia bibliográfica:
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo, da interpretação e da exoneração tributária.
São Paulo: Dialética, 2003, p.26-43.

Obrigado a todos, boa noite!

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