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GOVERNANÇA CORPORATIVA.
Belo Horizonte
2023
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE MINAS GERAIS - CRCMG
Belo Horizonte
2023
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SUMÁRIO
1 Introdução............................................................................................................. 01
1.1 Conceito Governança Corporativa ...................................................................... 02
1.2 Conflitos de agência ............................................................................................ 06
2 Princípios .............................................................................................................. 08
2.1 Premissas ........................................................................................................... 09
2.2 Princípios ............................................................................................................ 11
3 Estruturas ............................................................................................................. 12
3.1 Governanças corporativa no mundo ................................................................... 58
3.2 IBGC ................................................................................................................... 20
3.3 IGC B3 ................................................................................................................ 22
3.4 Cooperativas ....................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 29
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1 Introdução
Há algumas décadas as práticas de Governança Corporativa tornaram-se uma opção
para as organizações otimizarem a gerência de suas atividades e maximizarem seus
rendimentos, consolidando-se como empresas prósperas. Essas práticas demonstram uma
boa imagem da empresa que as adota para atendimento aos usuários interessados
(stakeholders), bem como para atender o mercado como um todo, pois viabiliza uma maior
transparência e equidade na divulgação das informações.
Assim, a adoção das boas práticas de governança corporativa é uma forma das
grandes empresas se preocuparem com uso financeiro do dinheiro obtido do no mercado.
Contudo, Andrade e Rossetti dizem que:
produtivo empreendedor com a vida espiritual; a doutrina liberal que desenvolveu princípios da
propriedade privada, a liberdade de empreendimento e a livre concorrência de mercado; a
revolução industrial dos séculos XVIII e XIX com grandes mudanças nos meios de produção e
nas relações econômicas; o desenvolvimento tecnológico com avanços, diversificação da
indústria, novas escalas e produção em série que diminuíram os custos operacionais com
consequente aumento da receita; a ascensão do capital como fator de produção; o sistema de
sociedade anônima que foi uma importante forma de captar recursos; o crash de 1929-33 uma
derrocada dos impressionantes números do mercado de capitais que exigiam correções da
febre especulativa à perda da prudência, passando pela insuficiência de demanda; o
desenvolvimento da ciência da administração que acompanhou todos os grandes movimentos
de formação e evolução do sistema capitalista (ANDRADE; ROSSETTI, 2007).
Segundo Iudícibus a Teoria do Agenciamento, tem como seu problema mais importante
a assimetria informacional, sendo a diferença no nível informacional de pelo menos dois
agentes ou entre proprietário e agente, ele ainda explica que:
Saito e Silveira (2008) afirmam que esse trabalho de Berle e Means é considerado por
muitos o marco inicial das discussões referentes à temática governança corporativa, e Lopes
(2012) reforça dizendo que essa pesquisa lança as bases fundamentais para o entendimento
do conflito de agência. Porém, Saito e Silveira (2008) confirmam que o artigo de Jensen e
Meckling (1976) é seminal sendo um divisor de águas nos estudos de governança corporativa
apontando novos modelos teóricos relacionados à estrutura de propriedade da firma, custos
de agência e servindo de base para novos estudos empíricos. Corroborando com as
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afirmativas Iudícibus, Martins e Carvalho (2005) enfatizam que o trabalho escrito em 1976 por
Jensen e Meckling referente à proposta de reduzir custos contratuais é pioneiro, e que a teoria
da agência surge tentando a convergência entre a dicotomia de interesses e objetivos de
gerentes e proprietários, ramo de estudo este na economia conhecido como institucional.
direitos e deveres de todos participantes, principal e agente” (SILVA, 2006, p.6). Iudícibus
(2006) enfatiza que a teoria de agência tem como seu problema mais importante a assimetria
informacional, sendo a diferença no nível informacional de pelo menos dois agentes ou entre
proprietário e agente, pois um não consegue ter acesso ao modelo informacional do outro.
2 Princípios
De acordo com Andrade Rossetti (2007, p.182) “de todas as ações regulatórias, a mais
notável e de maior extensão foi a Lei Sarbanes-Oxley, aprovada em julho de 2002 pelo
congresso dos Estados Unidos”. Os mesmos ainda reforçam que a lei Sarbanes-Oxley
promoveu ampla regulação da vida corporativa, fundamentada nas boas praticas de
governança. Seus focos são os quatros valores éticos: “1. compliance, conformidade legal; 2.
accountability, prestação responsável de contas; 3. disclousure, mais transparência; 4.
fairness, senso de justiça” (ANDRADE; ROSSETTI, 2007, p.183).
Lodi (2000) usa as quatro palavras inglesas para indicar com precisão a missão do
Conselho de Administração:
2.1 Premissas
2.2 Princípios
3 Estruturas
De acordo com Andrade e Rossetti, nas principais funções dos atores e órgãos da governança
corporativa estão contidos os princípios, os processos, e as práticas. Os atores seriam os
proprietários e administradores, os órgãos ligados aos proprietários são a assembléia geral e
o conselho fiscal, enquanto que os órgãos ligados aos administradores são o conselho de
administração, o comitê de auditoria, auditoria independente, direção executiva e auditoria
interna, como é mostrado no QUADRO 1 (ANDRADE; ROSSETTI, 2007).
Reformar os estatutos.
Eleger os administradores.
ADMINISTRADORES
MINORITÁRIOS Transações entre partes interessadas: alinhadas aos interesses de todos os acionistas.
FUNÇÕES E OBJETIVOS
CONSTITUIÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
FUNCIONAMENTO
E AUDITORIA
ANÁLISE TRIMESTRAL
macroeconômicas;
relacionados ao setor.
Conforme Fontes Filho (2009) as questões sobre governança das corporações ocupam
espaço crescente nos debates e nas ações do mercado de capital e adquiriram força a partir
da década de 80, nos Estados Unidos, onde grandes investidores institucionais passaram a se
mobilizar contra corporações que eram administradas de maneira irregular, em detrimento dos
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De acordo com Oliveira e Ribeiro de Jesus (2004), o primeiro código que tratou de
governança corporativa surgiu no Reino Unido em 1992, como resultado da inciativa da Bolsa
de Valores de Londres. Outros códigos voltados a governança corporativa podem se
destacados como: o Cadbury e comitê Hempel, o Organization for Economic Co-operation and
Development (OECD) de 1999, o Report Nacional Association of Corporate Directors, de
1996, o Euroshareholders Corporate Governance Guideline criado em 2000, publicado pelo
European Shareholders Group e Global Share Voting Principles, da International Corporate
Governance Network de 1998. Estes diversos códigos deram suporte às bases existentes e
desenvolveram conceitos sobre governança corporativa.
A seguir poderá ser visualizado no QUADRO 4 uma comparação sintética entre esses
modelos:
Predominante
Gestão
Conselhos de Atuantes, foco Atuantes, foco Atuantes, foco em Pressões para Vínculos com
Administração em direitos em operações estratégia maior eficácia gestão
3.2 IBGC
Em 1994, o administrador de empresas Bengt Hallqvist e o professor e consultor João
Bosco Lodi vislumbraram a necessidade de criação de um organismo destinado a colaborar
com a qualidade da alta gestão das organizações brasileiras (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA).
A ideia era fortalecer a atuação desse órgão de supervisão e controle nas empresas.
Com o passar do tempo, entretanto, as preocupações se ampliaram para questões de
propriedade, diretoria, conselho fiscal e auditoria independente (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA).
Fonte: IBGC,2015.
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Link: https://www.ibgc.org.br/certificacao
3.3 IGC B3
A adoção das boas práticas de governança corporativa é uma forma das grandes
empresas se preocuparem com uso financeiro do dinheiro obtido no mercado. Contudo,
Andrade e Rossetti dizem que:
Assim, a Bolsa de Valores brasileira (B3) percebeu que para desenvolver o mercado de
capitais brasileiro, atraindo novos investidores e novas empresas, era preciso ter segmentos
de listagem com regras rígidas de governança corporativa que ultrapassassem as obrigações
que as companhias abertas têm perante a Lei 6.404/76, criando há mais de 10 anos os
segmentos especiais de listagem do mercado de ações: Novo Mercado, Nível 2, Nível 1 e
Bovespa Mais. O Quadro 5 a seguir mostra a diferença entre esses segmentos de
governança:
liquidez
Distribuições
públicas de Esforços de dispersão acionária Não há regra
ações
Vedação a
Limitação de voto inferior a
disposições Não há regra
5% do capital
estatutárias
Composição Mínimo de 5 membros, dos
do Conselho quais pelo menos 20%
de devem ser independentes Mínimo de 3 membros (conforme legislação)
Administraçã com mandato unificado de
o até 2 anos
Vedação à
Presidente do conselho e diretor presidente
acumulação Não há regra
ou principal executivo pela mesma pessoa
de cargos
Obrigação do Manifestação sobre
Conselho de qualquer oferta pública de
Não há regra
Administraçã aquisição de ações da
o companhia
Demonstraçõ
es Traduzidas para o inglês Conforme legislação
Financeiras
Reunião
pública anual
e calendário Obrigatório Facultativo
de eventos
corporativos
Divulgação
Política de negociação de valores mobiliários
adicional de Não há regra
e código de conduta
informações
100% para
ações ON e 80% para
80% para ações
Concessão 100% para PN ações ON 100% para
ON (conforme
de Tag Along ações ON 100% para (conforme ações ON
legislação)
ações ON e legislação)
80% para PN
Oferta Obrigatoried Obrigatoried
Obrigatoriedad
pública de ade em caso ade em caso
e em caso de
aquisição de de de
fechamento de Conforme Conforme
ações no fechamento fechamento
capital ou legislação legislação
mínimo pelo de capital ou de capital ou
saída do
valor saída do saída do
segmento
econômico segmento segmento
Adesão à
Câmara de
Obrigatório Obrigatório Facultativo Obrigatório Facultativo
Arbitragem
do Mercado
Fonte: Sítio Eletrônico da B3, https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-
governanca/indice-de-acoes-com-governanca-corporativa-diferenciada-igc.htm, adaptado pelo autor (2023).
Bressan (2008) essa é a grande diferença do Novo Mercado comparado aos outros Níveis de
governança e ao Mercado Tradicional, é a proibição de emissão de ações preferenciais, e por
se tratar de uma mudança relevante nas estruturas de capital das companhias, é mais comum
que as empresas que decidem abrir o seu capital, já tomem esta decisão de integrar o
segmento especial de listagem do Novo Mercado durante este processo.
Contudo a classificação no Nível 2 segundo Silva, Reis e Lamounier (2011) exige que
as companhias aceitem e cumpram todas as obrigações previstas no regulamento do Nível 1,
com algumas exceções. As empresas listadas no Nível 2 têm o direito de manter ações
preferenciais. No caso de venda de controle da empresa, é assegurado aos detentores de
ações preferenciais o direito de tag along, no mínimo, de 80% do preço pago pelas ações
ordinárias do acionista controlador. As ações preferenciais ainda dão o direito de voto aos
acionistas em situações críticas, como a aprovação de fusões e incorporações da empresa e
contratos entre o acionista controlador e a companhia, sempre que essas decisões estiverem
sujeitas à aprovação na assembleia de acionistas.
Conforme Andrade e Rossetti (2007) com a criação, em 2001, do Novo Mercado e dos
Níveis Diferenciados de Governança Corporativa pela Bolsa de Valores de São Paulo inseriu-
se entre as iniciativas, uma demanda por melhores padrões de governança corporativa nas
empresas com mercado aberto na bolsa, esses Níveis Diferenciados de governança
corporativa juntamente com o Novo Mercados foram criados, tentando superar as algumas
limitações da lei.
3.4 Cooperativas
Com a lei 5.764/71 têm-se já alguns órgãos de governança atuantes nas cooperativas,
sendo a AGO soberana sobre os demais: Conselho de Administração, Diretoria Executiva,
Conselho Fiscal. Cada cooperado tem direito a um voto em assembleia, e todos outros órgãos
devem prestar contas em AGO (BRASIL, 1971). E de acordo com Soares e Balliana (2009) a
Resolução nº 3.442 de 2007, estabeleceu-se que a auditoria das demonstrações contábeis de
cooperativas de crédito deve ser realizada por auditor independente.
Termo criado pelo Banco Central do Brasil, define-se governança cooperativa como
diretrizes e mecanismos para o fortalecimento da governança corporativa em cooperativas de
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crédito no Brasil, foi um projeto estratégico que iniciou-se em 2006 idealizado para contribuir
com o crescimento sustentado do cooperativismo de crédito no país, incentivando a adoção
de boas práticas de governança como fundamentais para o sucesso e a perenidade das
organizações, principalmente no que tange à segurança e ao retorno aos associados (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2008; VENTURA; FONTES FILHO; SOARES, 2009).
Elaborado com base nas pesquisas desenvolvidas no âmbito do projeto, entre outubro
de 2006 até abril de 2008, divididas em quatro etapas: referencial consolidado, entrevistas,
questionário às cooperativas, aos cooperados e divulgação. O documento denominado
diretrizes, apresenta recomendações gerais específicas sobre governança para as
características e necessidades das cooperativas de crédito operando no país, sendo que, num
primeiro momento, a adesão às diretrizes é voluntária e de discussão interna, no sentido de
que não há obrigação por parte das cooperativas em adotá-las por não possuir caráter
normativo. O foco do trabalho foi na necessidade de segregação de funções na administração
e valores como transparência, equidade, ética, educação cooperativista, responsabilidade
corporativa e prestação de contas (VENTURA; FONTES FILHO; SOARES, 2009).
do Diretor-Presidente como líder por longo prazo, em 70,89% das cooperativas não tem
projeto específico para a formação de novas lideranças entre os cooperados (MELO
SOBRINHO; BASTOS; FONTES FILHO, 2009).
No projeto do Banco Central do Brasil (2008, p.15) “as diretrizes estão divididas em
quatro seções, que buscam evidenciar grupo de questões da governança consideradas
essenciais para as cooperativas: representatividade e participação; direção estratégica;
gestão executiva; fiscalização e controle”.
Ainda de acordo com Banco Central do Brasil (2008) a primeira seção, que trata da
representatividade e participação, foca a questão das assembleias, o processo eleitoral, os
canais de comunicação, informação e a formação cooperativista. A seção segunda e terceira
enfatizam a necessidade de separação entre as funções político-estratégicas e as executivas,
transparecendo em cada uma delas as principais atribuições e responsabilidades dos
administradores. Já a seção quarta trata dos diferentes instrumentos de fiscalização e controle
e seriam: associados, auditorias, conselho fiscal e organização sistêmica.
REFERÊNCIAS
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York: Macmillian, 1932.
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LIMA, Romeu Eugênio de; ARAÚJO, Marcelo Bicalho Viturino de; AMARAL, Hudson
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PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.
10 ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SILVA, André Luiz Carvalhal da. Governança corporativa sucesso empresarial: melhores
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Breve Currículo