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Apresentação da unidade 1 -

Fundamentos da administração
financeira
Marcos Valério Martins Soares

Olá, caro estudante!

Nesta primeira unidade temática você será capaz de entender o conceito de finanças corporativas, a evolução das
finanças empresariais e o papel do administrador financeiro.

Sabe aquele saldo da rubrica conta corrente do balanço patrimonial das organizações? Pois bem, esses valores,
que representam disponibilidades, ou seja, os ativos disponíveis, quase sempre correspondem a sobras
temporárias de capital, cabendo ao administrador financeiro, a decisão de melhor aplicar essas sobras a fim de
que possa gerar ainda mais riquezas aos acionistas ou proprietários da organização.

Essas decisões exigem do administrador financeiro conhecimentos e habilidades profissionais concernentes com
contabilidade, estatística, direito, economia, matemática, etc. Em geral, tudo aquilo que for necessário para
fundamentar, não somente de forma prática, mas, principalmente, de forma científica sua capacidade de análise
e interpretação de dados e informações diárias do cotidiano econômico financeiro das organizações.

Assim, veremos que as finanças corporativas consistem no estudo dos processos e as tomadas de decisões nas
organizações.

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Conceito de finanças
corporativas
Marcos Valério Martins Soares

Introdução
Caro estudante, neste tópico veremos como a dinâmica da evolução do mundo contemporâneo tem exigido do
administrador financeiro maior comprometimento com a especialização e atualização dos métodos de avaliação
e conteúdo conceitual das finanças corporativas. Além disso, compreenderemos como a globalização aproximou
ainda mais os investidores, padronizando as demonstrações financeiras, fonte de informação do desempenho da
empresa para os acionistas atuais e futuros, fornecedores, clientes e instituições financeiras.

Finanças Corporativas
Ao ingressarmos no estudo das Finanças Corporativas é importante compreendermos a interação dessa
disciplina com outras áreas de estudo, como Ciências Contábeis, Administração, Economia, Marketing, Direito,
Tecnologia da Informação, Matemática, Estatística e Econometria, o que configura a interdisciplinaridade da
administração financeira.

No sistema capitalista moderno, independente da classe social ou formalidade jurídica, praticamente todas as
pessoas lidam com o dinheiro. Segundo Gitman (2010, p. 3) “[...] o termo finanças pode ser definido com a arte e
a ciência de administrar o dinheiro”. Dessa forma, pode-se compreender finanças como tudo aquilo que esteja
envolvido na transferência de dinheiro entre indivíduos, negócios e governos. As finanças podem ser divididas
em três grandes segmentos, como pode ser observado na figura a seguir.

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Figura 1 - Segmentos das finanças
Fonte: ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 4.

O segmento do mercado financeiro corresponde ao ambiente de negociação de títulos e valores mobiliários. Por
finanças corporativas, entende-se o estudo dos processos e tomadas de decisões nas organizações. Já as finanças
pessoais correspondem ao estudo negócios financeiros desenvolvidos pelas pessoas físicas, como investimentos
e financiamentos relacionados com área de mercado financeiro. Essa relação traz ainda um novo campo de
estudo, o das finanças comportamentais, atento ao comportamento do investidor nos mercados financeiros
(ASSAF NETO; LIMA, 2014).

Para Ross, Westerfield e Jordan (2000) os tópicos em finanças são agrupados em quatro áreas principais:

• finanças corporativas;
• investimentos;
• instituições financeiras;
• finanças internacionais.

A necessidade de tomar decisões a partir de relatórios, demonstrações e indicadores, talvez, seja a principal
razão de se conhecer finanças, especialmente se essas decisões afetam a vida pessoal daqueles que contribuem
para a formação do capital corporativo das organizações (sócios, investidores, fornecedores, empregados etc.)
ou mesmo das micro e pequenas empresas.

Independente do tamanho da organização, existem questões de ordem financeira que devem ser resolvidas
todos os dias. Decisões de compra e venda, de investimentos em máquinas, equipamentos e outros ativos
imobilizados ou permanentes ou ainda das sobras temporárias de capital.

Em nosso conteúdo adotaremos o termo organização de um modo geral para: empresa, entidade, pessoa jurídica
ou pessoa física equiparada à jurídica, entidade do terceiro setor, associações, órgãos públicos, enfim, toda e
qualquer empresa, independente do tamanho ou natureza jurídica como organização.

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Figura 2 - Interação das finanças corporativas
Fonte: Shutterstock, 2018.

A administração das atividades financeiras cotidianas requer uma gestão planejada da tesouraria e
controladoria, coordenadas com as áreas de contabilidade fiscal e de custos, área de processamento de dados,
setor de vendas, departamento jurídico e relações públicas.

FIQUE ATENTO
Os relatórios contábeis e financeiros das organizações representam de forma sintética as
informações da evolução patrimonial das organizações exigindo, portanto, análise mais
qualificada de seus dados pois são estes que irão fundamentar as decisões da administração
tanto para as ações do dia a dia da organização quanto para suas pretensões futuras.

A organização, independente de seu porte, deve preocupar-se com a comunicação eficiente de seus setores ou
áreas de atuação a fim de que se possa garantir que as informações geradas pelos instrumentos de controle e
análise subsidiem as decisões da administração financeira.

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Administração financeira
É no campo da administração financeira que se busca otimizar com eficiência o processo de gestão empresarial
de captação e aplicação de recursos de capital buscando sempre a manutenção da saúde financeira da
organização e a geração de valor aos seus investidores.

De acordo com Gitman (2010, p. 4):

A administração financeira diz respeito às atribuições dos administradores financeiros nas


empresas. Os administradores financeiros são responsáveis pela gestão dos negócios financeiros de
organizações de todos os tipos — financeiras ou não, abertas ou fechadas, grandes ou pequenas, com
ou sem fins lucrativos.

Com a evolução das finanças, houve uma necessidade maior do administrador abrir suas perspectivas de análise
e estender sua visão a toda a empresa, realçando suas estratégias de competitividade, continuidade e
crescimento futuro (ASSAF NETO; LIMA, 2014). Neste sentido, o administrador moderno deve comprometer-se
com a gestão dos recursos financeiros de modo a assegurar aos acionistas e investidores a obtenção de ganhos
nos investimentos realizados. Isso consiste na realização positiva da equação patrimonial conforme figura a
seguir.

Figura 3 - Valor corporativo


Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

O gestor moderno, atento às contínuas e sistemáticas mudanças provocadas pela dinâmica da globalização,
cuidará para que suas habilidades e competências correspondam à expectativa dos sócios/investidores em um
mercado cada vez mais exigente daqueles capazes de interpretar cuidadosamente os modelos financeiros, bem
como a construção de uma visão estratégica com relação ao futuro organizacional.

FIQUE ATENTO
Em um mercado cada vez mais dinâmico, o administrador financeiro precisa ficar atento à
velocidade da informação e em relação às inovações tecnológicas que contribuem para o
crescimento e permanência das organizações. O conhecimento tem se tornado o maior valor
agregado de qualquer profissional. Neste sentido, é importante que esse profissional seja
capaz de reunir conhecimentos de contabilidade, controladoria, economia, legislação fiscal,
tributária, trabalhista e previdenciária, além das questões de relacionamento pessoal e com o
meio ambiente.

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A relação econômico-financeira do mercado com a globalização das atividades empresariais, em que empresas
estrangeiras investem em empresas locais e vice-versa, ampliaram a necessidade de contar com administradores
financeiros capacitados à gestão de fluxos de caixa em diferentes moedas e linguagens, livres dos riscos
decorrentes das transações internacionais e capazes de consolidarem-se como investimentos a longo prazo ou
prazo indeterminado.

Demonstrações financeiras
As demonstrações financeiras são capazes de retratar, de forma resumida, um determinado período da
organização, bem como os efeitos operacionais dos eventos econômicos ocorridos durante esse período.

Imaginemos a rotina de um atleta esportivo. Seu dia a dia é repleto de registros e marcações de desempenho que,
uma vez organizados, permitirão demonstrar-lhe a evolução de seus treinos e o desenvolvimento de suas
habilidades em relação a outros competidores e, até mesmo, de seus recordes. Assim, é a gestão financeira.

EXEMPLO
Uma maneira bem interessante de compreender as demonstrações financeiras é correlacioná-
la com uma fotografia pessoal. Lembra daquela fotografia de infância? Compare ela com
alguma dos seus dias atuais. Assim também ocorre com as organizações. Devemos, de tempo
em tempo, comparar sua situação estática e verificarmos sua evolução.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), em seu último pronunciamento técnico n. 26 (R1), documento
emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Técnicos (CPT), trata da apresentação das demonstrações contábeis
em correlação às normas internacionais de contabilidade. Nesse documento, as demonstrações contábeis são
definidas como sendo aquelas cujo propósito reside no atendimento das necessidades informacionais de
usuários externos, que não se encontram em condições de requerer relatórios especificamente planejados para
atender às suas necessidades peculiares com conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e
que revisem e analisem a informação diligentemente (CPC, 2012).

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Figura 4 - Demonstrações financeiras
Fonte: Shutterstock, 2018.

As demonstrações financeiras são regidas pela Lei n. 6.404/76, já a Lei n. 11.638/2007 e a Lei n. 11.941/2009,
embora aplicadas às empresas de grande porte, trouxeram significativas alterações nas formas de apresentação
das demonstrações financeiras. Para explicar melhor:

Demonstrações Contábeis (ou financeiras) equivalem a um conjunto de informações apuradas e


divulgadas pelas empresas, revelando os vários resultados de seu desempenho em um exercício
social. Através das demonstrações, é possível obter conclusões sobre a efetiva situação da empresa.
(ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 204).

Vale ressaltar que o Conselho Federal de Contabilidade editou, em 2009, as normas brasileiras de contabilidade
aplicadas ao setor público, cuja norma NBC T 16.6, trata de demonstrações contábeis e, mesmo sendo de caráter
específico, sob regência da Lei n. 4.430/64 e Lei Complementar n. 101/2000, os instrumentos que evidenciam a
evolução da situação patrimonial da organização pública são as demonstrações contábeis e financeiras.

Neste sentido, podemos então, compreender as demonstrações financeiras como o instrumento de comunicação
da contabilidade com seus usuários. Essa comunicação ocorre por meio de quatro demonstrações consideradas
mais importantes que são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE),
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).

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SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro Finanças corporativas: teoria e
prática do autor Eduardo Luzio. Editora Cengage Learning. Ano: 2014. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571506

Em finanças corporativas, a partir da análise e interpretação do balanço patrimonial, por exemplo, os usuários da
contabilidade terão condições de identificar não somente a evolução, mas também a estrutura patrimonial da
organização, sua rentabilidade, capacidade de pagamento etc. Com a DRE, será possível determinar desde o
posicionamento estratégico no mercado até o planejamento fiscal e tributário necessário à maximização da
riqueza dos acionistas e a preservação do bem estar dos stakeholders .

Fechamento
Neste tópico, estudamos sobre as finanças corporativas e o segmento das finanças, que é divido em: mercado
financeiro, finanças corporativas e finanças pessoais. Compreendemos que é essencial a elaboração do balanço
de abertura, para que se identifique a situação patrimonial da organização e a sua real situação financeira, já a
partir do início de suas atividades. Por fim, vimos como as demonstrações financeiras são determinadas
legalmente por meio de quatro demonstrações.

Referências
ASSAF NETO, A. l.; LIMA, F. G.Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571222

BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, DF, 27 mai. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 18/10/2018.

______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 18/10/2018.

______. Lei /complementar n. 101, de 04 de maio de 2000. Brasília, DF, 04 mai. 2000. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em 18/10/2018.

______. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Brasília, DF, 15 dez. 1976. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 18/10/2018.

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______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Brasília, DF, 17 mar. 1964. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em: 18/10/2018.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico nº 26, de 02 de dezembro de 2011.


Apresentação das demonstrações contábeis. Cpc 26. Brasília, DF: CPC, 15 dez. 2011.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, Addison Wesley, 2010.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Evolução das finanças das
empresas
Marcos Valério Martins Soares

Introdução
Caro estudante, desde o início do século XIX, as questões financeiras permeiam nossas relações, ocupando
grande parte das preocupações dos administradores. Sob o efeito da nova ordem econômica mundial, várias
teorias sobre finanças se desenvolveram em meio às incertezas e às dificuldades financeiras até então
desconhecidas, especialmente, no que se refere à integração promovida pela globalização e internacionalização
dos negócios.

Questões como risco e retorno das oportunidades declaradas de investimentos assumiram as preocupações dos
teóricos e pesquisadores da administração, que desenvolveram entre outros fundamentos, teorias como a da
eficiência, formação de portfólio associadas, inclusive, ao desenvolvimento de novas técnicas de custeio. Neste
sentido, pretende-se apresentar neste tópico a evolução das finanças corporativas e a influência do fenômeno da
globalização econômica para a administração financeira.

Entendendo as finanças corporativas e sua


evolução
O início do século XIX foi marcado pela evolução das finanças que segundo Debei, Lima e Moritz (2013), com a
conclusão das redes ferroviárias americanas surgiu um conglomerado industrial com mais de 300 indústrias, das
quais mais de 25% delas eram responsáveis por cerca de 50% da produção industrial.

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Figura 1 - Início do século XIX
Fonte: Computer Earth, Shutterstock, 2018.

Os profissionais das áreas de Administração, Contabilidade e Economia, buscam estudar e evoluir as técnicas de
administração financeira, baseando-se nos acontecimentos históricos das últimas duas décadas, como o
crescimento das indústrias químicas e de automóveis, a Crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial, a segmentação
dos mercados a partir dos anos 1960, as práticas de diversificação dos investimentos, a eficiência dos mercados,
as flutuações cambiais, o advento da globalização e as mais recentes crises de 1990 e 2008.

Este estudo é realizado com o intuito de garantir a saúde financeira das organizações frente as crises que possam
surgir, cada vez mais fortes e mais frequentes.

Para Assaf Neto e Lima (2014, p. 4):

O estudo de finanças vem se ajustando aos diversos momentos da economia, e encontra seu maior
desafio atualmente, diante das evidências de fim da era industrial e surgimento de uma era de
informação e, mais adiante, de conhecimento.

Para os autores, a base das finanças modernas consiste na teoria das finanças corporativas, inaugurada por
Modigliani e Miller (1958), e pelos estudos sobre a diversificação de portfólio de Harry Max Markowitz
(economista norte-americano considerado o pai das finanças modernas), apresentado no The Journal of Finance

(1952), que difundia a noção de que um investidor deve formar uma carteira com base em seu retorno esperado

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(1952), que difundia a noção de que um investidor deve formar uma carteira com base em seu retorno esperado
e na variância dos retornos, de maneira que sejam maximizados os retornos e minimizados os riscos (ASSAF
NETO; LIMA, 2014).

Para o economista, as decisões da gestão devem seguir o equilíbrio da relação risco-retorno e não apenas a ideia
de formação do portfólio na base do maior retorno esperado (ASSAF NETO; LIMA, 2014).

Figura 2 - Risco e retorno


Fonte: Shutterstock, 2018.

O esgotamento do modelo de crescimento Pós-guerra, associado à crise do petróleo e da bolsa de Nova York, na
década de 1970, resgatou os modelos quantitativos criados anteriormente por Markowitz, Tobin e Sharpe e
ainda favoreceu o desenvolvimento da Teoria de Eficiência, considerada uma das mais importantes
contribuições à Teoria das Finanças, desenvolvida nesse período (ASSAF NETO; LIMA, 2014). Essa teoria,
desenvolvida pelo economista Eugene Fama, consiste em presumir um comportamento eficiente dos mercados a
partir da racionalidade de seus agentes.

Nos anos 1980, aumentou ainda mais a utilização de modelos matemáticos, aproximando definitivamente as
finanças da Matemática, da Estatística e da Econometria, estabelecendo a chamada criação de valor, ou seja, as
medidas quantitativas, explicativas e preditivas do objeto das finanças. O acordo de Basiléia tornou-se referência
para a supervisão bancária estabelecendo uma estrutura de capital regulamentar mínimo para as instituições
financeiras (ASSAF NETO; LIMA, 2014).

Este acordo, firmado em 1988 na cidade de Basileia (Suíça), por iniciativa do Comitê de Basileia e ratificado por
mais de 100 países, teve como objetivo criar exigências mínimas de capital, que devem ser respeitadas por
bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito.

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Outra contribuição para o estudo das finanças foi o desenvolvimento da técnica Balanced Score Card (BSC),
elaborada por Kaplan e Norton, em 1990. Essa técnica consiste no alinhamento das estratégias das organizações
com medidas de desempenho sob a perspectiva financeira do cliente, dos processos internos, de aprendizagem e
de crescimento, de modo que atenda à demanda dos acionistas e dos stakeholders (ASSAF NETO; LIMA, 2014).
Esses últimos, também conhecidos como qualquer parte envolvida no ambiente da empresa.

Dos anos 1990 até o início do século XXI, o advento da globalização aproximou os mercados permitindo o
incremento do fluxo internacional de capitais, produtos e serviços entre as organizações. O estabelecendo das
práticas de finanças corporativas internacionais diversificou os investidores, cujas decisões de investimento
passaram a influenciar fortemente as economias dos países, principalmente, daqueles em desenvolvimento,
como é o caso do Brasil (ASSAF NETO; LIMA, 2014).

SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro Curso de Administração
financeira dos autores Alexandre Assaf Neto e Fabiano G. Lima. Editora Atlas. Ano: 2014.
Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571222

Com a unificação dos mercados financeiros e de capital, nossa vida financeira está fortemente influenciada pelo
comportamento dos títulos públicos no mercado, que determinando o grau da saúde financeira das
organizações, inclusive, daquela em que trabalhamos, independente de seu porte, natureza ou personalidade
jurídica.

Administração financeira e o fenômeno da


globalização econômica
O fenômeno da globalização da economia determinou o incremento do fluxo internacional de capitais, levando as
economias dos países a uma interdependência maior, com a implicação de que um eventual colapso econômico
de uma dessas econômicas possa contagiar as demais.

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EXEMPLO
Um exemplo de eventual colapso econômico foi a crise dos subprime de 2008, crise hipotecária
dos Estados Unidos na qual títulos de baixa ou nenhuma liquidez, derivados de hipotecas, de
empréstimos com taxas variáveis, das famílias americanas de baixa renda que levou um dos
bancos de investimentos mais tradicionais dos Estados Unidos à falência, além de fazer com
que muitas bolsas de valores do mundo despencassem e os governos de diversos países
anunciassem planos de socorro emergenciais para suas economias.

Os efeitos dessa crise foram sentidos no mundo inteiro, deixando sequelas como o endividamento e o sofrimento
de muitos poupadores e investidores com a perda de suas economias. Ocorrências desta natureza têm
contribuído para o desenvolvimento de novas práticas de gestão financeira em todo o mundo, considerando,
essencialmente, o efeito interdependente destas economias.

Figura 3 - Crise financeira internacional


Fonte: Shutterstock, 2018.

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Para Assaf Neto e Lima (2014, p. 9) “[...] outra contribuição importante foi o desenvolvimento de novas técnicas
de custeio importantes para o momento de reestruturação pela qual passaram as empresas”.

Segundo os autores, escândalos contábeis envolvendo organizações de relevante influência no mercado de


capitais, exigiram a ampliação dos mecanismos de controle e estabelecimento de práticas de maior
transparência entre gestores e investidores, com destaque para a aprovação pelo congresso norte-americano, em
2002, pela lei Sarbanes Oxley (SOX), com a finalidade de oferecer maior proteção aos investidores.

FIQUE ATENTO
Ao considerar que o preço da ação representa a riqueza do investidor na organização,
maximizar o preço da ação aumenta essa riqueza, ampliando, assim, a função do administrador
financeiro de maneira que se possa atender aos interesses não só dos investidores, mas de
todas as pessoas ligadas a ele.

Isso implica responsabilidade social de modo que se preserve a integridade da organização e dos mercados,
garantindo proteção aos seus investidores.

O objetivo da administração financeira de maximizar a riqueza dos acionistas determina que o preço das ações
tenha como base o tempo de retorno dos resultados, sua magnitude e seu risco.

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Figura 4 - Administração financeira contemporânea
Fonte: Shutterstock, 2018.

Para administração financeira contemporânea, o administrador financeiro deve gerenciar os recursos de


investimento e financiamento das organizações de maneira que se preserve sua saúde financeira, não
permitindo a existência de crises internas, que possam afastar os investidores ou desacreditar os stakeholders.

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FIQUE ATENTO
Uma organização, por menor que seja, está sob os olhares de muitos interessados e
intervenientes como fornecedores, empregados, credores, clientes, a comunidade em que está
inserida, o governo e, principalmente seus acionistas e investidores. Nesse sentido, é preciso
compreender que a organização, como um organismo vivo, pode influenciar ou ser
influenciado, de alguma forma, pelas decisões tomadas pelos seus gestores.

As atividades do administrador financeiro tornaram-se mais importantes, exigindo maiores níveis de

responsabilidade e a previsão de grandes desafios para o futuro.

Fechamento
Vimos nesse tópico que desde o início do século XIX, as questões financeiras ocupam a maior parte das
preocupações dos gestores das organizações, tendo como principal desafio, assegurar ao investidor melhor
gestão dos recursos aplicados nas organizações, de maneira que haja equilíbrio entre risco e retorno, ou seja,
resultados que apresentem cada vez menor risco e maior retorno dos investimentos. Percebemos a importância
de se manter uma postura menos ambiciosa e mais questionadora e reveladora, em relação ao processo de
tomadas de decisão gerencial, proporcionando-lhe decisões de investimento e financiamento mais consistentes
com as expectativas de maximização da riqueza de seus investidores. Nos próximos tópicos veremos como as
funções do administrador financeiro e o ambiente da gestão financeira devem estar alinhadas com os objetivos
da organização.

Referências
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G.Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571222

DEBEI, L. H.; LIMA, M. V. A. de; MORITZ, G. de O. Finanças corporativas: sua organização e base epistemológica. In:
III COLÓQUIO INTERNACIONAL DE EPISTEMOLOGIA E SOCIOLOGIA DA ADMINISTRAÇÃO. Anais.F
Florianópolis: UFSC, 2013. p. 1 - 23. Disponível em: <http://coloquioepistemologia.com.br/site//wp-
content /uploads/2013/03/ANE113.pdf>. Acesso em: 17/10/2018.

FAMÁ, R.; CIOFFI, P. L. M.; COELHO, P. A. R. Contexto das finanças comportamentais: anomalias e eficiência do
mercado de capitais brasileiro. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 65-78, abril/junho 2008.

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mercado de capitais brasileiro. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 65-78, abril/junho 2008.

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Ambiente da gestão financeira
Marcos Valério Martins Soares

Introdução
Caro estudante, o objetivo fundamental das organizações corresponde à maximização da riqueza de seus
acionistas e à equação investimento versus financiamento, que diz respeito às aplicações e às origens dos
diversos recursos a serem utilizados em seu dia a dia. Desse modo, são demandados dos administradores
financeiros diversas tarefas e ações, que estão distribuídas nos muitos setores organizacionais.

Neste tópico, pretendemos apresentar o ambiente da gestão financeira, destacando as funções do administrador
financeiro e as habilidades necessárias para o desempenho destas. Independente do porte da organização haverá
sempre a preocupação com a boa gestão dos recursos financeiros e a falta de controle e planejamento podem
comprometer significativamente os resultados operacionais da organização, exigindo, assim, a qualificação
especifica dos agentes de cada área, setor ou departamento.

Funções do administrador financeiro


A maximização da riqueza dos investidores requer do gestor administrativo a capacidade analítica de
interpretação dos dados extraídos dos relatórios gerenciais e demonstrações financeiras, de maneira que as
decisões tomadas sejam ambientais e socialmente responsáveis, além de estarem à altura da expectativa dos
investidores e das exigências legais e mercadológicas.

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Figura 1 - Maximização da riqueza dos acionistas
Fonte: Oleksiy Mark, Shutterstock, 2018.

Sabe-se que, independente do porte, forma ou finalidade jurídica, uma vez constituído um empreendimento, este
ajuda a compor um cenário socioeconômico em que estão envolvidos muitos atores como funcionários,
fornecedores, clientes, governos, instituições financeiras e agências de fomento, agências de regulação e de meio
ambiente etc. E, de um modo geral, todos dependem das decisões do administrador financeiro.

Para Gitman (2010, p. 8) “[...] profissionais de todas as áreas de responsabilidade em cada empresa precisam
interagir com o pessoal e os procedimentos de finanças para desempenhar suas tarefas”.

O porte e a importância da função de administração financeira dependem do tamanho da empresa. Observamos


que nas pequenas, essa função costuma ser realizada, ainda que involuntariamente, pelo departamento de
contabilidade e, na sua ausência, concentrada nas muitas funções do empresário (proprietário). Naturalmente, a
medida que a empresa cresce, essa função passa a ser dedicação de um departamento em separado que se
reporta ao presidente executivo por meio de seu principal executivo financeiro.

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FIQUE ATENTO
No ambiente empresarial, a administração financeira está voltada para as funções de
planejamento financeiro, controle financeiro, administração de ativos e administração de
passivos. Ou seja, as decisões de investimento e financiamento, obrigatoriamente passarão
pelo crivo deste profissional.

A avaliação de uma organização perpassa a tomada de pelo menos três decisões financeiras significativas: a
decisão de investimento (aplicação), o financiamento (origem) e a remuneração do capital próprio (dividendos).
Em relação à remuneração do capital próprio, corresponde à decisão de retribuir financeiramente os acionistas
proprietários pelo financiamento das atividades com recursos próprios. No quadro a seguir é possível observar
as funções típicas da administração financeira.

Quadro 1 - Funções típicas da administração financeira


Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

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É importante esclarecer que as funções da administração financeira dependerão especificamente das dimensões
e forma de organização da entidade.

EXEMPLO
Em pequenas ou médias empresas é comum que o funcionamento, controle e análise das
finanças, quando demandados, sejam realizados pelo departamento contábil, de modo que se
possa reduzir custos e evitar exageros de departamentos. No entanto, na maioria das vezes,
essas funções são concentradas na pessoa do sócio-administrador, titular ou empresário.

Já em outras organizações, como é o caso das sociedades anônimas ou grandes corporações, o administrador
financeiro poderá exercer essas funções típicas ao atuar em cargos específicos como os relacionados na figura a
seguir.

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Quadro 2 - Cargos específicos do administrador financeiro
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A segregação dessas funções dependerá, essencialmente, do tamanho e porte da organização que podem
oferecer uma descentralização ainda mais analítica. O que é o caso das grandes corporações, sob as quais são
dedicados esses estudos, por conta da complexidade das relações econômicas tratadas no mercado financeiro e
de capitais.

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FIQUE ATENTO
A função do administrador financeiro dependerá dos objetivos e metas da organização a partir
das intenções propostas por seus acionistas e investidores de maneira, que possa assegurar
desenvolvimento e prosperidade, não só da organização, mas também, do bem-estar de sócios,
acionistas e stakeholders.

Para Silva (2009) as funções financeiras podem ser de curto e longo prazos e podem surgir, expandir e
desaparecer de acordo com a natureza, porte e estágio de desenvolvimento da organização e podem ser
classificadas em atividades de tesouraria e de controladoria conforme relacionadas no quadro.

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Quadro 3 - Funções da administração financeira
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em LEMES JÚNIOR, RIGO e CHEROBIM, 2009.

Ainda segundo o mesmo autor, em geral, no Brasil, as funções de tesouraria são exercidas pelo gerente
financeiro ou tesoureiro, e as funções de controladoria pelo controller. Essas funções são bem especificas da
formação de contadores e administradores (SILVA, 2009).

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SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 1 da obra Administração
financeira: uma abordagem global, do autor Clóvis Luís Padoveze. Editora Saraiva. Ano: 2016.
Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=562410

São funções para as quais se exige dos profissionais níveis elevados de conhecimento e vivência com a
elaboração e análise de indicadores, bem como significativa habilidade para decidir sob efeito de pressões tanto
do ambiente interno quanto externo da organização.

Fechamento
Vimos neste tópico que as funções do administrador financeiro estão fortemente alinhadas às expectativas de
geração de riqueza dos acionistas das organizações, pertencentes ao mundo corporativo. Um profissional com
evoluída capacidade de leitura dos cenários econômicos e financeiros vividos pelas organizações.

Neste universo, as decisões de investimento e financiamento, que contribuirão para a geração de resultados
líquidos para os investidores das organizações, requerem do profissional à frente das decisões financeiras,
qualificada capacitação para a produção e analise de indicadores e de ferramentas de gestão capazes de
assegurar o controle e gestão dos recursos disponíveis.

Referências
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G.Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571222

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, Addison Wesley, 2010.

LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A.P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e
.
práticas brasileiras. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

SILVA, E. C. da. Introdução à administração financeira: uma nova visão econômica e financeira para a gestão
de negócios das pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

-8-
Universo de atuação da gestão
financeira
Marcos Valério Martins Soares

Introdução
Caro estudante, neste tópico apresentaremos o ambiente da gestão financeira e o objetivo das organizações.
Internamente, podemos dizer que o ambiente da gestão financeira é a controladoria e a tesouraria e estas por
sua vez, relacionam-se com os setores de marketing, planejamento estratégico, publicidade e propaganda,
tecnologia da informação, departamento jurídico.

Por outro lado, o ambiente macro corresponde aquele reservado ao mercado financeiro, em que os recursos
excedentes da economia, como as sobras temporárias de capital, são direcionados para o financiamento de
novos investimentos, do qual fazem parte os mercados: monetário, de crédito, cambial e de capitais. É sobre isto
que discutiremos, aqui. Vamos lá?

Ambiente da gestão financeira e o objetivo das


organizações
Nossas experiências profissionais dão conta de identificar como parte do ambiente financeiro das organizações:
os bancos, as companhias de crédito, taxas de juros e de câmbio, títulos de dívida pública, títulos de crédito, o
crédito e o crediário e, outras operações correspondentes ao mercado financeiro.

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002), o mercado de capitais é reconhecido como o lugar em que as
organizações, que precisam de recursos, conseguem financiamentos por meio da emissão de títulos vendidos aos
investidores, sem intermediação bancária, ou seja, sem a participação dos bancos, pois diz respeito à negociação
de títulos e documentos correspondentes às ações e, ou, quotas das organizações, que são ou de longo prazo ou
prazo indeterminado.

-1-
Figura 1 - Segmentação do mercado financeiro
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

Já o mercado monetário, corresponde ao mercado de títulos de dívida que vencem a curto prazo e aplica-se a um
grupo de mercados interligados de maneira pouco definida.

-2-
Figura 2 - Mercado de capitais
Fonte: Shutterstock, 2019.

De acordo como Assaf Neto (2010, p. 64) “[...] o desenvolvimento econômico do mundo moderno exige a
formação de uma poupança (definida como a parcela de renda que não foi consumida) voltada a financiar os
investimentos necessários e setores produtivos da economia”. Mesmo bem-sucedidas, a maioria das
organizações tem necessidades permanentes de fundos (GITMAN, 2007) e sua obtenção se dá por meio das
instituições financeiras, do mercado financeiro e por transações fechadas.

EXEMPLO
Como instituição financeira os bancos comerciais que captam recursos através de depósitos de
seus correntistas poupadores e emprestam aos que tem necessidade de financiar suas
operações, como é o caso do financiamento da casa própria pela Caixa Econômica Federal com
recursos do FGTS. Recursos captados dos trabalhadores à taxa anual de 3% e emprestados aos
tomadores à aproximadamente 9% ao ano.

Para Gitman (2007) os mercados financeiros são fóruns nos quais os fornecedores e os demandadores de fundos
podem transacionar diretamente, conhecendo o destino do empréstimo ou da aplicação, enquanto que os

empréstimos e as aplicações pelas instituições financeiras ocorrem sem o conhecimento direto dos poupadores.

-3-
empréstimos e as aplicações pelas instituições financeiras ocorrem sem o conhecimento direto dos poupadores.
Diante desse processo de intermediação e distribuição e recursos no mercado que se destaca a importância
social e econômica do Sistema Financeiro Nacional (ASSAF NETO, 2010).

O Sistema Financeiro Nacional (SFN)


O Sistema Financeiro Nacional (SFN) pode ser conceituado como o conjunto de instituições financeiras e
instrumentos financeiros que visa transferir recursos dos agentes econômicos (pessoas, empresas, governo)
superavitários para os deficitários, permitindo que todos se encontrem na situação desejável uma vez que os
investidores (poupadores) têm seus capitais remunerados com o pagamento dos juros decorrentes dos
empréstimos junto aos tomadores, que conseguem realizar seus projetos.

Quadro 1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional


Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

O quadro demonstra que o Sistema Financeiro Nacional está estruturado em subsistema normativo ou de
supervisão, responsável pela regulação e fiscalização do SFN e pelo funcionamento do mercado e de suas
instituições e subsistema de intermediação ou operativo que compreende as instituições financeiras e auxiliares,
o sistema de pagamentos e de distribuição de títulos e valores mobiliários.

O Banco Central do Brasil (Bacen)


Sediado em Brasília, o Bacen, órgão máximo do SFN, foi regulamentado como autarquia federal pelo Decreto-Lei
n. 7.293, de 2 de fevereiro de 1945, controla a oferta da moeda e do crédito desempenhando a função de
executor das políticas monetária e cambial do País.

O Bacen conta com representação regional nas seguintes capitais: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza,
Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

-4-
Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
A CVM foi criada pela Lei n. 6.385, em 7 de dezembro de 1976, com a finalidade de fiscalização, normatização,
disciplina e desenvolvimento do mercado de valores mobiliários no Brasil.

Por valores mobiliários entende-se a menor fração do capital das organizações e, portanto, negociáveis no
mercado de capitais pelas organizações quer seja para fins de investimento ou de captação, cabendo à CVM
incentivar a poupança no mercado acionário, que é representado por um conjunto de produtos de investimento
oferecidos ao público como as ações das organizações negociadas em bolsa de valores, fundos de investimentos
etc.

FIQUE ATENTO
No Sistema Financeiro Nacional, as instituições financeiras bancárias são representadas pelas
caixas econômicas, os bancos comerciais, bancos comerciais cooperativos, as cooperativas de
crédito e os bancos múltiplos com carteira comercial. Essas instituições são reconhecidas pela
sua capacidade de criar moeda escritural, ou seja, uso de depósitos bancários como meio de
pagamento, representada pelos depósitos à vista realizados pelos depositantes. Como
podemos perceber, este é o canal mais acessível desse sistema, estando ao alcance de todos,
independente se pessoa física ou jurídica, correntista, poupador ou simples usuário.

Também são atribuições da CVM o estímulo ao funcionamento das bolsas de valores e de instituições operadoras
do mercado acionário, assegurar a lisura nas operações de compra e venda de valores mobiliários, promover a
expansão dos negócios do mercado acionário garantindo proteção aos seus investidores.

Superintendência de Seguros Privados (Susep)


É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966,
que controla e fiscaliza os mercados de seguro, previdência complementar, capitalização e resseguro e, tem
como missão desenvolver os mercados supervisionados, assegurando sua estabilidade e os direitos do
consumidor.

Secretaria de Previdência Complementar (SPC)


É importante saber que no Brasil, a previdência complementar fechada integra o sistema de previdência social
constituindo importante instrumento de proteção adicional ao trabalhador e uma oportunidade para a formação
de uma poupança interna de longo prazo, o que amplia a capacidade de investimento do País diversificando as
fontes de financiamento do crescimento econômico.

-5-
A previdência complementar também se apresenta como uma oportunidade de investimento do mercado
financeiro e, graças a sua característica de fundo de investimento, tem atraído cada vez mais investidores que
buscam maior segurança e confiabilidade.

Objetivos das organizações

No ambiente empresarial, normalmente, os empresários que fazem parte do quadro societário é quem
administra a organização, que pode ser em conjunto, individualmente, ou nomear um dos sócios ou um
administrador para o exercício dessa função. No mundo corporativo, das sociedades por ações, os diretores
administrativos são eleitos pela assembleia de acionistas com direito a voto.

FIQUE ATENTO
Em qualquer dos casos, as funções do administrador financeiro deverão alinhar-se com os
objetivos da organização e, consequentemente, dos sócios ou acionistas (investidores)
independente se com ou sem finalidade de lucro.

E quais são os objetivos das organizações?

Nos tópicos anteriores vimos que o objetivo a ser perseguido pelos administradores financeiros é a maximização
da riqueza dos acionistas. O alcance desses objetivos depende dos resultados líquidos auferidos pela
organização, bem como da política de distribuição destes resultados.

No caso das sociedades por ações, os lucros são medidos por ações, ou seja, o resultado do período
para cada ação ordinária. Para determinação do Lucro por Ação (LPA), deve-se dividir o lucro total
do período, disponível aos acionistas ordinários da organização, pelo número de ações ordinárias
(GITMAN, 2004, p. 12).

-6-
Figura 3 - Administrador precisa estar sempre atento quanto ao preço das ações
Fonte: Shutterstock, 2019.

O lucro é, portanto, o retorno ao acionista pelo investimento realizado na organização. Dessa forma, resta
destacar que o objetivo geral da organização (diretores, administradores, funcionários etc.) é maximizar a
riqueza dos proprietários e isso somente será possível, estando o administrador atento às ações que promovam
aumento do preço da ação.

Fechamento
Vimos neste tópico que o mercado financeiro está segmentado em quatro grandes áreas, as quais destacamos o
mercado de capitais por representar o lugar onde as organizações negociam suas intenções de investimento e
financiamento de ativos tendo como intermediários destas operações, as instituições financeiras, que
representam o subsistema de intermediação do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Pode-se dizer que a maximização do lucro é um objetivo razoável da administração, pois ainda há que se
considerar a distribuição dos resultados no tempo, os fluxos de caixa disponíveis aos acionistas e o risco.

Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, DF, 27 mai. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.

-7-
BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, DF, 27 mai. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 18/10/2018.

______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 18/10/2018.

-------______. Lei n. 10.303, de 31 de outubro de 2001. Brasília, DF, 31 out. 2001. Disponível em: <http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/lei/2001/lei-10303-31-outubro-2001-414210-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso
em: 23/10/2018.

______. Lei n. 6.385, de 07 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a
Comissão de Valores Mobiliários. Brasília, DF, 7 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03
/LEIS/L6385.htm>. Acesso em: 23/10/2018.

______. Decreto-lei n. 73, de 21 de novembro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados,
regula as operações de seguros e resseguros e dá outras providências. Brasília, DF, 21 nov. 1966. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0073.htm>. Acesso em: 24/10/2018.

______. Superintendência Nacional de Previdência Complementar. Ministério da Fazenda. Previdência


complementar fechada. 2018. Disponível em: <http://www.previc.gov.br/a-previdencia-complementar-
fechada/sobre-o-setor>. Acesso em 23/10/18.

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2004.

NIYAMA, J. K.; GOMES, A. L. O. Contabilidade de instituições financeiras. 4. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2012.
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597011555>. Acesso em 24/11/ 2018.

ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

-8-
Atividades empresariais de
operação, investimento e
financiamento
Marcos Valério Martins Soares

Introdução
Caro estudante, a tomada de decisão é a parte mais delicada do processo administrativo, pois reside a
responsabilidade de viabilizar todo o processo operacional da organização, como: a reposição de estoque, a
aplicação das sobras temporárias de capital, a capitalização ou a integralização, a contratação ou a demissão de
mão de obra. Além das decisões diárias que exigem planejamento e controle.

Neste tópico, abordaremos sobre a relação entre a dinâmica das decisões financeiras e as atividades
empresariais que envolvem os setores operacionais, de investimento e financiamento. Estudaremos sobre o
exercício da administração financeira, que exige do administrador várias habilidades e conhecimento
interdisciplinares. Acompanhe!

Atividades empresariais e a dinâmica das


decisões financeiras
Como já sabemos o objetivo da administração financeira é a maximização da riqueza dos sócios da organização e
não diz respeito apenas ao aumento do rendimento. O lucro corresponde à expectativa de retorno dos sócios em
relação ao investimento realizado, ou seja, a remuneração do capital.

No universo das grandes organizações, isto é, no mundo corporativo, os investidores: sócios, acionistas, agentes
de fomento e financiamento, realizam, por meio das empresas, essa expectativa de retorno, dependendo dos
prazos e das condições correspondentes ao plano de investimento.

Em qualquer ramo de atividade, ao menos três grandes decisões compõem o plano operacional das
organizações: a decisão de investimento, a decisão de financiamento e a decisão de alocação de seus resultados
líquidos. Graficamente, podemos verificar a representação dessas decisões no balanço patrimonial da
organização. Vejamos no quadro uma síntese dessa demonstração financeira elaborada pela contabilidade do
qual podemos extrair os principais indicadores de análise fundamentais para a tomada de decisões.

-1-
Figura 1 - Decisões de investimento e financiamento
Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

Duas dessas grandes áreas decisórias da empresa apresentam-se de forma integrada, como se pode observar no
quadro 1 e sua ocorrência acontece de forma contínua e inevitável.

• Decisões de investimento: correspondem ao processo de identificação, avaliação e seleção das


alternativas de aplicações de recursos, e podem ser identificadas nos ativos da organização.
• Decisões de financiamento: Estas, por sua vez, envolvem a estrutura das fontes de capital demandadas
pelas decisões de investimento, ou seja, as origens dos recursos. Normalmente, advindas de recursos
próprios (capital) e de terceiros (fornecedores, bancos, financeiras, agências de fomento etc.).

Figura 2 - Decisões de investimento, financiamento e dividendos


Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em ASSAF NETO e LIMA, 2014.

-2-
A rotina do gestor de uma organização é um continuo exercício de tomada de decisões. Destas decisões,
dependem o futuro e a continuidade das organizações e, portanto, devem ser feitas com base em dados e
informações a serem fornecidas pela contabilidade e outros setores da empresa, ou ainda pela observação e
interpretação do ambiente micro e macro em que esta organização se insere. Fatores que requerem da
administração financeira o planejamento e controle financeiro e a administração dos ativos (aplicações) e dos
passivos (origens).

Planejamento financeiro
É no planejamento financeiro que se propõe as ações correspondentes à necessidade de expansão da
organização, correções para desajustes futuros como contingências e também aquelas voltadas para a
rentabilidade dos investimentos.

Figura 3 - Planejamento financeiro


Fonte: Diego Cervo, Shutterstock, 2018.

Considerando que quase todas as decisões envolvem períodos longos de implantação (ROSS; WESTERFIELD;
JAFFE, 2002), o processo de planejamento financeiro começa com a elaboração de planos financeiros de longo
prazo (GITMAN, 2004). Esses projetos também são compreendidos como estratégicos e derivam os planos
operacionais, ou seja, os planos e orçamentos de curto prazo.

• Planos financeiros de longo prazo: estabelecem as medidas financeiras da entidade e o impacto delas

-3-
• Planos financeiros de longo prazo: estabelecem as medidas financeiras da entidade e o impacto delas
para os períodos determinados, que podem ser de dois a dez anos.
• Planos financeiros de curto prazo: correspondentes ao ciclo operacional da organização,
normalmente abrangem um período de um a dois anos. São determinadas as providências financeiras
como a previsão de vendas, os planos de produção, o orçamento de caixa, o plano de gastos com ativo
permanente, as demonstrações financeiras projetadas e os planos financeiros de longo prazo em que
deve estar inserido.

Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005) as empresas precisam estabelecer critérios que lhes permitam fazer
uma alocação de recursos capaz de assegurar a maximização da riqueza do acionista.

FIQUE ATENTO
O planejamento financeiro vai auxiliar o administrador a alcançar esse objetivo. Estabelecido
estrategicamente (longo prazo) é imprescindível ao seu sucesso, a existência de planos
operacionais (de curto prazo). Isso que dizer que sua operacionalização corresponde às fases
necessárias para se alcançar o objetivo maior do plano estratégico e, consequentemente,
maximizar a riqueza da organização.

Com o planejamento financeiro, a organização será capaz de projetar seu resultado operacional, a alocação de
recursos e as atividades envolvidas com seus respectivos custos e despesas, além de orientar para a aplicação
das sobras em investimentos que contribuam para o alcance da maximização da riqueza da organização.

Controle financeiro
Uma vez estabelecido um plano de ação, estratégico ou operacional, será necessário analisar periodicamente os
resultados alcançados com esse plano para que seja possível realizar a correção dos desvios entre o previsto e o
realizado. O controle financeiro é a parte responsável por mensurar as operações da organização com eficiente
aplicação dos recursos disponibilizados, quer seja a curto ou longo prazo. O controle financeiro corresponde a
uma das fases do processo de tomada de decisão.

Figura 4 - Processo de tomada de decisão


Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

Caberá ao setor de controladoria da organização, avaliar os resultados das ações implementadas a partir dos
relatórios de desempenho operacional, que traduzidos em indicadores, darão à administração subsídios para a
revisão e, caso necessário, realinhamento dos processos.

-4-
EXEMPLO
Digamos que uma organização decida reduzir em 20% sua produção industrial eliminando os
produtos com pouca rotatividade que, segundo os dados apresentados pelo controle interno,
têm comprometido o resultado operacional da organização. Essa medida tem como base, por
exemplo, a combinação da análise horizontal com a análise vertical dos resultados individuais
e geral.

A partir do controle financeiro é que a organização terá condições de determinar suas disponibilidades e
elaborar seu planejamento para realização das transações econômico-financeiras de modo eficiente.
Basicamente, os controles financeiros de uma organização correspondem ao controle de:

• caixa;
• bancário;
• venda;
• recebimentos ou contas a receber;
• pagamentos ou contas a pagar;
• despesas;
• estoques.

A administração do capital de giro de maneira eficiente pode manter a organização livre da maioria dos
problemas de natureza financeira, principalmente, no que se refere a sua capacidade de liquidez, controle de
seus ativos e passivos, especialmente os de curto prazo.

SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro Controladoria estratégica e
operacional, do autor Luís Clóveis Padoveze. Editora Cengage Learning. Ano: 2012. Disponível
em:https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571183

Afinal, as atividades de curto prazo correspondem às operações que compõem o ativo circulante da organização
que se consolidam como capital de giro ou capital de giro bruto e que, devido sua importância na composição do
ativo da organização, vai merecer do administrador financeiro uma gestão muito particular para cada uma
dessas atividades (compras, vendas, cobranças, recebimento, aplicações, produção etc.).

-5-
Administração de ativos e passivos
A administração de ativos e passivos corresponde à identificação da melhor estrutura dos investimentos em
termo de risco e retorno (ativos) e gerenciamento de composição do financiamento (passivo), isto diz respeito às
decisões de Investimento, Financiamento e Dividendos.

FIQUE ATENTO
Dos componentes do balanço patrimonial, o ativo representa os investimentos da organização
para a consecução de seus objetivos e, portanto, uma das decisões mais difíceis para a
administração financeira é a determinação da estrutura do ativo, ou seja, a decisão de
investimento, uma vez que sua justificativa deve corresponder ao negócio proposto.

As decisões de investimento e financiamento consistem no exercício contínuo e interdependente, que encontra


na maximização da riqueza da organização a sua essencial finalidade.

Se por um lado, as decisões de investimento envolvem o processo de análise, avaliação, identificação e seleção
das alternativas de aplicação dos recursos. As decisões de financiamento permeiam a definição da natureza dos
fundos captados, ou seja, “[...] a estrutura das fontes de capital [...]” (GITMAN, 2004, p. 482).

Fechamento
Neste tópico estudamos as atividades operacionais, de investimento e financiamento, que correspondem ao ciclo
operacional e à composição do ativo e da formação do passivo da organização. Compreendemos como o
administrador financeiro pode promover o equilíbrio entre o custo do capital necessário ao desenvolvimento do
planejamento estratégico da organização e a garantia de rentabilidades mais atraentes de seus ativos com
minimização dos riscos e otimização dos retornos.

Referências
ASSAF NETO, A. A dinâmica das decisões financeiras. Caderno de Estudos. São Paulo: FIPECAFI, 1997.

______. Finanças corporativas e valor. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

______.; LIMA, F. G.Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Disponível
em:https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571222

-6-
FILHO, J. S. Controles financeiros e fluxo de caixa. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2004.

______.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo: Pearson: Addison Wesley, 2003.

LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas
.
brasileiras. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Disponível
em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571183.

OLIVEIRA, D. C. (Org.). Como elaborar controles financeiros. Belo Horizonte: SEBRAE/MG, 2013.

______. Manual como elaborar controles financeiros. Belo Horizonte: SEBRAE/MG, 2013.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

-7-
Dinâmica das decisões
financeiras
Marcos Valério Martins Soares

Introdução
Caro estudante, as decisões de investimento e financiamento exigem do administrador financeiro conhecimento
das diversas áreas da organização, para que seja possível avaliar e selecionar as propostas de aplicação de
capital tanto de curto como de longo prazo. Essas operações, normalmente, envolvem riscos, por isso, merecem
criteriosa avaliação quanto aos seus efeitos futuros, sob pena de comprometer a continuidade da organização.

Neste tópico, estudaremos sobre como administrador financeiro deve gerir as fontes de financiamento de curto e
longo prazo, conhecendo as taxas de juros, os encargos contratuais, o valor do capital no tempo, a vida útil do
ativo financiado, o valor residual, o valor presente líquido, dentre outros. Vamos começar?

Integração das decisões de investimento e de


financiamento
As decisões de investimento e de financiamento correspondem, essencialmente, à manutenção de um dos
fundamentos básicos da contabilidade, que é o método das partidas dobradas. Para que haja aplicação deverá
haver uma origem, ou seja, para que se tenha um investimento, é preciso que haja um financiamento.

-1-
Figura 1 - Decisões de investimento e financiamento
Fonte: Creo77, Shutterstock, 2018.

Para Assaf Neto (2010, p. 313) “[...] as decisões de investimento podem promover alterações no volume de
capital voltado para a produção de bens e serviços”. Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005, p.122), as
decisões de investimento “[...] são realizadas porque se tem a expectativa de obter retornos, podendo ser em
ativos fixos ou títulos de mercado, interessando às finanças corporativas os investimentos em ativos fixos”.

Assim, as decisões exigirão do administrador financeiro habilidades para medir o grau de risco e a capacidade de
retorno dos investimentos. Podemos listar essas decisões como: a aquisição de ativos imobilizados (máquinas e
equipamentos, imóveis etc.); a ampliação da participação no mercado; o desenvolvimento de pesquisas para
novos produtos; os investimentos em outras companhias, inclusive, as ações de combinação de negócios e a
informatização e a automação.

Propostas de investimentos
As diversas propostas de investimentos em uma organização dependem, essencialmente, de seus objetivos e
podem ser de ampliação de sua capacidade produtiva, atualização de seus ativos fixos, aquisição ou locação de
bens fixos e outras origens como assessoria, pesquisa e desenvolvimento (P&D), publicidade etc.

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No momento da tomada de decisão, a organização pode deparar-se com diversas situações que ocorrem sempre
que se apresentar um número maior de propostas do que a sua capacidade ou disponibilidade física ou
orçamentária para realizá-las.

FIQUE ATENTO
O administrador financeiro, quanto às suas decisões de investimento, deve ficar atento ao
custo e aos prazos de pagamento do financiamento dos recursos necessários para que não
comprometa a liquidez da organização. Assim, ao decidir financiar investimentos permanentes
ou mesmo aqueles indispensáveis ao ciclo operacional, é conveniente que sejam financiados a
médio ou longo prazo.

Portanto, a implantação de uma determinada proposta de investimento dependerá da análise da qualidade e


origem do financiamento, especialmente, no que diz respeito às condições de subvenção, encargos contratuais,
relacionamento etc. Por maior que seja a demanda da organização por investimentos, somente com adequado
planejamento será possível atender sem comprometer sua estrutura patrimonial.

Risco e retorno
O administrador financeiro, como bom curador da saúde financeira da organização, deve zelar para que ela
esteja mais afastada possível das ameaças ou perigos que possam comprometer seu desenvolvimento segundo
as expectativas dos investidores.

-3-
Figura 2 - Risco e retorno
Fonte: Raywoo, Shutterstock, 2018.

Em finanças, os investimentos são realizados porque se tem a expectativa de obter retorno e o risco é uma
medida de incerteza que está associada aos retornos esperados de uma decisão de investimento, cujos principais
fatores são: volatilidade e maturidade.

Segundo Assaf Neto e Lima (2014, p. 424), “[...] na prática, as decisões financeiras não são tomadas em ambiente
de total certeza com relação a seus resultados”. Já para Gitman (2004, p. 203) “[...] em sua acepção mais simples,
risco é a chance de perda financeira”.

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O retorno esperado dos investimentos é o principal balizador das decisões. É por conta dos retornos que os
riscos de realizar este ou aquele investimento são assumidos. Todo investimento está sujeito à influência do
ambiente interno e externo. Para Gitman (2004, p. 204) “[...] retorno é o ganho ou prejuízo total que se tem com
um investimento ao longo de um determinado período de tempo”.

EXEMPLO
Em um caso hipotético, Paulo Quintana trabalhou durante 35 anos como funcionário em uma
multinacional, entretanto, sempre quis ser dono de padaria. Ao aposentar-se, resolveu
empregar suas disponibilidades em seu próprio negócio. Diante das dificuldades previstas em
operacionalizar uma atividade comercial, pensou em outras oportunidades de investimento,
como o mercado de capitais. Para fundamentar sua decisão, será necessário avaliar os riscos e
expectativa de retorno de cada uma dessas opções.

Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005, p. 125) “[...] o quanto de risco se vai assumir depende do retorno
esperado. É natural esperar que quanto maior o risco assumido, maior seja o retorno”.

Figura 3 - Risco e retorno


Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

A figura mostra que para que haja um retorno de 20% sobre o investimento, o risco será de nível 2, portanto,
exigindo mais disposição do investidor em assumir os efeitos positivos ou negativos de sua decisão.

As principais formas de mensuração do risco ocorre por meios estatísticos e, portanto, deve-se considerar os
registros históricos das ocorrências correspondentes ao investimento. Os meios mais comuns utilizados são:

• média: que corresponde a soma de todos os valores encontrados, dividida pelo número de observações;
• variância: que procura observar quanto os valores efetivamente praticados distanciam-se da média;

• desvio padrão: que em finanças corresponde ao valor o risco quando as decisões são tomadas a partir

-5-
• desvio padrão: que em finanças corresponde ao valor o risco quando as decisões são tomadas a partir
das médias;
• distribuição: que é a forma como os valores se distribuem entre as observações;
• volatilidade: representa as flutuações dos eventos em torno de um denominador comum que,
estatisticamente, é a média;
• probabilidade: expressão de forma percentual da possibilidade de ocorrência de um evento;
• covariância: que consiste na medida do grau de relação entre duas variáveis;
• coeficiente de correlação: é uma outra medida do grau de relação entre duas variáveis e corresponde à
tendência de duas variáveis se moverem juntas.

Para reduzir os riscos de aplicações ou projetos de investimento, o administrador financeiro, poderá, por
exemplo, lançar mão da teoria do portfólio de Markowitz. Com essa teoria, pode-se selecionar uma carteira de
investimentos de maneira que os riscos sejam diluídos nos diversos ativos da organização. Segundo Harry
Markowitz, a diversificação de investimentos (teoria do portfólio) sempre foi o procedimento recomendado para
a adequada gestão das variáveis risco e retorno em carteiras de ativos.

Fontes de financiamento
As principais fontes de financiamento de uma organização são: aporte de capital de sócios ou acionistas, geração
e reinvestimentos de lucros e empréstimos captados com instituições financeiras que compõem o Sistema
Financeiro Nacional.

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Figura 4 - Fontes de financiamento
Fonte: Miriam Doerr Martin Frommherz, Shutterstock, 2018.

Em geral, as melhores condições financeiras para viabilização de seus projetos de investimentos ocorrem por
meio da participação dos sócios e acionistas, pois representam um tipo de captação permanente e baixo
comprometimento do caixa.

Financiamento de curto prazo


O cenário ideal para a administração financeira seria financiar suas necessidades sazonais com as fontes de
financiamento de curto prazo, no entanto, o que geralmente acontece é a utilização de recursos de curto prazo
para financiamento de ativos circulantes permanentes e temporários, enquanto que os ativos permanentes e
temporários são financiados com capital próprio, por exemplo.

De acordo com Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005), as fontes de financiamento de curto prazo correspondem
ao capital próprio, capitais de terceiros (crédito comercial e crédito bancário).

Os capitais próprios são os recursos aportados na organização correspondentes à subscrição e integralização de


capital, por meio dos sócios e acionistas ou reinvestimento de lucros acumulados e, ou, do exercício.

Os capitais de terceiros relacionados ao endividamento da empresa, são utilizados por períodos de tempo
definidos gerando, inclusive, encargos financeiros e, servem para financiar o capital de giro das organizações.
Dividem-se em:

• crédito comercial: decorrente das condições negociadas entre a organização e seus fornecedores de

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• crédito comercial: decorrente das condições negociadas entre a organização e seus fornecedores de
bens, materiais e serviços.
• crédito bancário: consiste em uma operação de empréstimo realizada junto aos bancos comerciais,
instituições financeiras, empresas de factoring e os bancos de investimento.

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002) existem várias outras fontes de fundos a curto prazo utilizadas pelas
empresas, como é o caso da emissão de comercial paper e o financiamento por meio de aceites bancários.

Financiamento de longo prazo


As fontes básicas de financiamento de longo prazo, reconhecidas na literatura da administração financeira,
correspondem às ações ordinárias, ações preferenciais e endividamento a longo prazo.

FIQUE ATENTO
Ao optar pelo capital de terceiros como fonte de financiamento, o administrador financeiro
deve ficar atento ao custo desse capital, normalmente disponibilizado pelos bancos comerciais,
implicam despesas financeiras a serem absorvidas pelas atividades operacionais da
organização.

Com fontes de financiamento a longo prazo, as organizações podem contar com os recursos disponibilizados
pelos bancos comerciais, ou ainda, pela capitalização por meio da emissão de títulos de crédito ou valores
mobiliários (ações) no mercado financeiro e de capitais. No caso dos bancos, os custos desses recursos
correspondem às taxas de juros, como o pagamento de um aluguel ao poupador pela oportunidade de uso do
dinheiro pelo tomador. Portanto, quanto maiores forem as taxas de juros, maior será o custo financeiro da
decisão operacional da organização. No Brasil, o Sistema Financeiro Nacional é quem garante a intermediação no
mercado financeiro e de capitais entre as organizações e seus investidores.

Fechamento
Neste último tópico da unidade, estudamos o papel do administrador financeiro e como ele deve agir frente às
opções de financiamento para investimento dos ativos operacionais e, ou, permanentes da organização, tanto de
curto quanto de longo prazo, especialmente no que se refere aos custos operacionais envolvidos na captação de
recursos de terceiros.

Estudamos, ainda, que o financiamento de ativos circulantes com capital próprio não é uma prática muito
comum, ocorrendo apenas em circunstâncias especiais como é o caso de implantação de projetos com alto índice
de capital de giro. Além disso, falamos sobre as fontes de financiamento de longo prazo do mercado externo, que
além dos termos ajustados diretamente com as organizações, estão vulneráveis ao comportamento do mercado,
políticas cambiais e níveis de transparência nas demonstrações.

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Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

______.; LIMA, F. G.Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=571222

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2004.

LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e
práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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