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INTRODUÇÃO

Neste trabalho será abordado sobre o modelo de gestão financeira no contexto


das MPME, onde o estudo de caso foi feito na empresa "Casimiro Finanças" no período
de 2020-2021.
Observa-se que as MPME têm sido um dos principais instrumentos de
sustentação da economia moderna dos países mais desenvolvidos, não só por
participarem na redução do desemprego, mas também por se ajustar as necessidades da
sociedade e, com isso, contribuírem de forma significativa para redução da
informalidade e da pobreza.
Apesar de apresentarem um papel preponderante para a economia elas enfrentam
vários desafios que tem dificultado o seu desenvolvimento. Neste projecto foi estudado
as ferramentas usadas na gestão das MPME, bem em como elas são usadas buscando
diferentes formas de gerenciar as finanças de uma empresa adaptando-se de acordo ao
tipo e o tamanho do negócio.
Este trabalho poderá contribuir para que as mesmas optem por saber controlar e
planear de modos a que se faça a gestão financeira. Essas ferramentas já veêm a ser
estudadas a bastante tempo para se encontrar melhorias

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Estrutura do trabalho

Este trabalho está dividido em três capítulos:


I Capítulo: Conceitos, definições de diversos autores sobre a gestão financeira.
II Capítulo: Iremos Abordar sobre o tema estudado, seu impacto e importância
no contexto socioeconómico.
III Capítulo: far-se-á estudo de caso da empresa Casimiro LDA 2020- 2021.

Delimitação do tema
Esta pesquisa estará voltada para o modelo de gestão financeira nas MPME.
Estudo de caso da empresa Casimiro LDA ano 2020/2021.

Justificativa
Até hoje, o mundo empresarial vem encarando grandes desafios, e constante
mutação através das estratégias feitas pelas mesmas.
Este projecto, visa a criar modelos eficazes, que poderão contribuir de uma
forma relevante na gestão Financeira das MPME.
Uma das piores consequências de um mau planeamento financeiro é a falência, e
isso é um grande problema nas MPME em Angola, esta pesquisa poderá contribuir para
que as mesmas optem por saber controlar e planear de modos a ter uma boa gestão
financeira.

Problemática
Toda MPME tem como objectivo tornar-se uma grande empresa e é este o
problema que as MPME em Angola enfrentam.
Como a gestão financeira pode influenciar no crescimento das MPME?
Sendo este o ponto de partida, surgiram outras perguntas nomeadamente:
1º.Como é feita a gestão financeira?
2ºQual é o papel da área financeira?
3º.Qual é o impacto da gestão financeira nas MPME para sociedade e economia?
4ºQual é a necessidade da criação das MPME?

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Hipóteses
H1-Ela tem um peso importante em momentos decisivos. Se uma empresa
possuir bastante dinheiro, ela pode permitir que uma parte seja utilizada para fins de
investimentos, evitando investimentos em alguns sectores para evitar gastos sem
necessidades.
H2- É por meio de um conjunto de técnicas como objectivo de obter de forma
regular e oportunados recursos financeiros necessários para o desenvolvimento da
empresa, como mais baixo custo possível, sem alguma ligação a sua independência, e
também estudar e controlar a rendibilidade de todas as aplicações que afectam esses
recursos.
H3- Controlar, administrar, acompanhar e planear as finanças de um negócio.
H4- As MPME cada vez mais se revelam decisivas no crescimento económico
com a criação de grande quantidade de postos de trabalho na diversificação da
economia e na produção nacional.
No contexto Social visa desenvolver a economia familiar impactando de forma
positiva ou negativa no índice de desenvolvimento humano (IDH).
H5- Elas são criadas para o desenvolvimento promocional através da criação de
programas de incentivos em contra partida ajustado a realidade das empresas em
Angola.

Objectivos da pesquisa
Objectivo Geral
Analisar o modelo de gestão financeira no contexto das MPME.
Objetivos Específicos
 Identificar quais os documentos utilizados dentro das MPME no contexto actual.
 Analisar os dados 2020/2021, e saber qual foi o impacto dos modelos de gestão
financeira das MPME
 Descrever o impacto da gestão financeira nas MPME para sociedade e
economia.

Metodologia
Para a realização deste trabalho vamos usar o método qualitativo, onde poder-se-
-a analisar os dados colectados sem que haja a interferência do pesquisador. O tipo de
pesquisa descritiva.

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CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo dedica-se na definição dos termos, conceitos usuais no corpo deste
trabalho para permitir a compreensão do trabalho.

1.1- Gestão financeira

Para Hayrton (2010) a Gestão Financeira é um conjunto de acções e


procedimentos administrativos que envolvem o planeamento a análise e o controle das
actividades financeiras da empresa. Uma correcta administração financeira permite que
se visualiza a actual situação da empresa.

A gestão financeira é fundamental para profissionais que desejaram aprender


grandes lições sobre a administração financeira. Ele desenvolveu uma teoria baseada em
catorze pontos da gestão de qualidade.

Neslon Aristudes Chuvuca (2010) Gestão Financeira constitui o conjunto de


técnicas cujos objectivos são a obtenção regular e oportuna dos recursos financeiros
necessários para o funcionamento e desenvolvimento da empresa, ao menor custo
possível e sem alineação da sua independência e, também o estudo e controlo da
rentabilidade de todas as aplicações a que são afectos esses recursos.

A gestão financeira moderna encerra, em si, um conjunto significativo de


operações, em função do prazo e também no nível hierárquico onde elas vão ser
tomadas.

1.2- Conceitos de Gestão


Gestão: vem do termo em latim gestione e configura o ato de administrar ou de
gerir recursos, pessoas ou qualquer objectivo que possa ser administrado com alguma
finalidade: seja em benefício próprio ou de uma entidade.

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(Luís Miguel Guerreiro 2020) gestão como um processo contínuo de alocação
(recursos humanos e económicos) por funções gerenciais típicas (planeamento,
organização, movimentação e controle) com o objectivo de alcançar, objectivos
declarados, ou seja, a saída de bens e serviços desejados por uma organização.

1.3-Finanças
Finanças: é a arte e a ciência de administrar fundos.
Finanças – ocupa-se no processo, instituições, mercados e instrumentos
envolvidos na transferência de fundos entre pessoas empresas e governos.

O dicionário Aurélio define os termos finanças como sendo a ciência e a


profissão do manejo do dinheiro particularmente do dinheiro do estado.

Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam


fundos, gastam ou investem, em última análise.
Os principais tipos de controlo financeiro:
1. Fluxo de caixa
2. Gestão de contas a pagar e a receber
3. DRE (demonstração de resultados de exercício)
4. Balanço patrimonial

1.4-Conceitos de empresa
Carlos Nabais/Francisco Nabais, a empresa considera-as uma unidade produtiva
onde qualquer indivíduo, sociedade ou organismo público que crie e adicione valores.
As empresas desenvolvem a sua actividade num quadro político económico e social
vasto, complexo e interdependente, que transcende o país onde se localiza, e estabelece
múltiplas relações entre os diversos intervenientes ou agentes económicos, originando
fluxos reais e fluxos financeiros.
A empresa: é reconhecida como a organização económica e social mais
capacitada para gerir e rentabilizar recursos escassos.
Para Maximiano (2006, p. 6), “a empresa é uma iniciativa que tem o objectivo
de fornecer produtos e serviços para atender a necessidade de pessoas, ou de mercados,
e com isso obter lucros”.

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Neste sentido, as empresas nascem com a finalidade de produzir produtos e / ou
serviços que possam servir a sociedade.

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CAPÍTULO II
CONTEXTO ACTUAL DAS MPME EM ANGOLA

2.1- Análise financeira e gestão financeira

A análise financeira refere-se a avaliação ou o estudo de viabilidade,


estabilidade e capacidade de lucro de um negócio ou projecto. Engloba um conjunto de
instrumentos e métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira
de uma empresa, assim como prognósticos sobre o seu desempenho futuro.

A análise financeira de uma empresa recorre a um conjunto de instrumentos


Analíticos que procuram auxiliar um conjunto heterogéneo de entidades no
conhecimento da situação e evolução económica e financeira de uma empresa ao longo
de um certo espaço de tempo e procurar antecipar o seu provável comportamento futuro.

A análise económico-financeira é um processo baseado num conjunto de técnica


que tem por fim avaliar e interpretar a situação económica e financeira da empresa. E
estas avaliações e interpretações encontram-se centradas em torno de questões
fundamentais para a sobrevivência e desenvolvimento da empresa.

Os gestores para munir-se de respostas em volta de tais questões financeiras


recorrem em vários métodos de análise financeira. Portanto, tais métodos podem ser
feitos segundo duas ópticas:
Análise estática – Verifica-se quando a empresa é analisada em dado momento,
comparando os valores apresentados pelo seu balanço nesse momento.
Análise dinâmica – Quando a empresa é analisada num horizonte temporal. Isto
é, São analisada as massas patrimoniais em períodos sucessivos por forma avaliar a sua
evolução e fazer previsões quanto ao futuro.

“A análise Financeira equivale à realização de uma «radiografia» da empresa,


numa perspectiva de evolução temporal, detectando pontos fortes e fracos e propondo
medidas que ultrapassem possíveis fraquezas detectadas.”

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Martins (2002) A análise financeira é um elemento fundamental para todos
aqueles que pretendem fazer algum tipo de avaliação à saúde financeira de uma dada
organização (FMT, 2005). Esta engloba um conjunto de instrumentos e de métodos que
permitem uma avaliação da situação financeira e, também, do desempenho de uma
empresa, e tem vindo a ser aplicada cada vez mais às mais diversas organizações
dotadas de autonomia financeira (Cohen, 1990).

2.2-Objectivo da gestão financeira

A gestão financeira é o centro de uma empresa, pois ela é a área responsável


por fornecer recursos para que toda a operação possa existir como um todo, e de forma
eficiente.
Os profissionais que lidam com a gestão financeira têm o importante dever de
cuidar da entrada de caixa do negócio, quitar as contas e, ainda, trabalhar para
identificar gastos desnecessários.
Independente do tamanho da companhia, é preciso investir em uma boa
gestão financeira para administrar corretamente o capital da empresa. Assim, torna-se
possível fortalecer sua presença no mercado, apostar em novos investimentos e
expandir suas operações. Com uma gestão financeira eficaz, a empresa consegue
entender quanto ela tem a receber, o que tem para pagar e como está o equilíbrio entre
essas duas variáveis.
Através desta gestão, é possível identificar se a empresa está gerando lucro ou
prejuízo. E também entender quanto pode ser investido em novas áreas, equipamentos
e softwares, além de quais as acções precisam ser tomadas para melhorar o financeiro
da empresa, em casos de prejuízos.

Então, quais os objectivos dessa gestão?

A teoria financeira tradicional, uma variante da visão microeconómica da


empresa, considera que o objectivo da empresa é a maximização do lucro um factor
importante que explica o aumento do valor da empresa. Trata-se de uma perspectiva
empresarial muito restrita, visto que o lucro é uma medida subjectiva e condicionada
pelas normas e princípios contabilísticos emanados do plano oficial de contabilidade.

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A gestão financeira tem como um dos objetivos maximizar os resultados
financeiros de uma empresa a partir do controle, análise e planeamento das suas
movimentações financeiras.

Segundo Ross (1998), é objectivo normativo da gestão financeira “maximizar o


valor do mercado de capital dos proprietários existentes”.

Se refletirmos sobre este objectivo poderemos verificar que, quando se busca a


maximização da riqueza da empresa, atende-se também ao desejo dos accionistas, que é
remunerar o capital aplicado por eles a uma taxa que compense o risco pela decisão do
investidor em aplicar recursos em uma empresa

A maximização da riqueza dos accionistas que deve ser entendida como o valor
actual dos fluxos monetários é o indicador mais adequado para medir o valor da
empresa. Esta medida tende a ser dominante no contexto da teoria financeira moderna.
Assim, a maneira de gerenciar as finanças de uma empresa pode variar de acordo com o
tipo e o tamanho do negócio.

Entretanto, podemos listar alguns objectivos comuns a gestão financeira de uma


empresa:

1. Captar e aplicar recursos financeiros

Consiste em analisar e negociar a capitação dos recursos financeiros


(investimentos, empréstimos, etc.) necessários para o crescimento e bom funcionamento
da empresa, bem como a utilização sensata dos recursos financeiros disponíveis.

2. Crédito e cobrança

Analisar e conceder créditos aos clientes (pagamentos a prazo, por exemplo) e


administrar o recebimento dos créditos concedidos, a partir de um processo de cobrança.

3. Contabilidade

Registrar as operações realizadas pela empresa, apurando impostos e emitindo


guias de recolhimento fiscal. Geração de relatórios contábeis da empresa, como, por
exemplo, balancete, balanço patrimonial e DRE.

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4. Análise e planeamento financeiro

Analisar os resultados financeiros, apurando lucro ou prejuízo, e identificando


quais são os maiores custos e de onde estão vindo as principais receitas. Planear as
acções necessárias para obter resultados financeiros cada vez melhores.

5.Caixa

Efetuar os recebimentos e pagamentos, controlando o saldo disponível para as


operações da empresa. Toda entrada e saída de dinheiro deve ser registrada.

6. Contas a receber

Controlar as contas a receber relativas às vendas a prazo. A actividade de contas


a receber está relacionada com a atividade de Crédito e Cobrança.

7. Contas a pagar

Controlar as contas a pagar relativas às contas a prazo, impostos e despesas


operacionais. O agendamento de contas recorrentes (água, luz, telefone, aluguel,
internet, honorários do contador, etc.) auxilia na previsão de resultados financeiros.

Todas essas atividades da gestão financeira geram dados e informações para


elaboração de relatórios financeiros, como controle de vendas, apuração dos resultados,
fluxo de caixa e balanço gerencial.

Também podemos citar alguns indicadores financeiros, que ajudam a


acompanhar o desenvolvimento financeiro da empresa: lucro sobre vendas,
rentabilidade do negócio, poder de pagamento, nível de endividamento, margem de
contribuição e ponto de equilíbrio.

A gestão financeira vem para Planear, organizar, direcionar e controlar o


capital de uma empresa. Ou seja, ela vem para guiar as decisões de investimentos,
de uso de capital para ferramentas e tecnologia e do pagamento de contas (incluindo
funcionários, aluguel e fornecedores), entre outros.

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Além disso, quando uma empresa se preocupa com essa gestão, podemos dizer
que ela está em busca de assegurar:
 Fornecimento: obter uma cadeia de suprimentos/ produtos regular e adequada;
 Recursos: aquisição e uso correcto dos bens da empresa;
 Capital: planeamento sólido para equilíbrio entre gastos e ganhos.

Com estes objectivos, a empresa consegue desenhar cenários e definir qual é o


rumo que deve tomar.

2.3-Funções da gestão financeira


Dentro da gestão financeira existe um conjunto de funções responsáveis por
assegurar a saúde financeira dos negócios e dos recursos da empresa.
Apresentamos as principais funções de uma gestão financeira:

2.3.1-Planeamento financeiro
Segundo Lana (2000), um dos principais factores do insucesso das empresas é a falta
de qualquer tipo de planeamento financeiro e principalmente a não utilização do fluxo de
caixa.
Quando não é possível ganhar mais, a única saída é gastar menos. Parece óbvio,
e é mesmo, mas poucas pessoas quando se tornam micro ou pequenos empresários não
levam em conta noções elementares de Matemática quando se trata de administrar
próprias finanças.

Segundo Assaf Neto (1997), o planeamento financeiro aborda a programação do


orçamento, a racionalização dos gastos e a optimização dos investimentos. É um
processo racional de administrar as receitas, os investimentos, as despesas, o património
e as dívidas.
Uma área financeira estratégica requer planeamento para garantir a melhor
utilização dos recursos. E, para construir esse planeamento, é preciso seguir alguns
passos simples, como:
Situação actual
A etapa de situação actual em um planeamento financeiro é onde entende-se a
posição da empresa, em relação às finanças, actualmente. Aqui, se pode analisar o seu
histórico de facturamento, lucro e despesas dos últimos meses no seu fluxo de caixa.

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Objectivo
Agora depois de entender onde está, ou seja a situação da empresa, é preciso
responder para onde se quer chegar. Sendo assim, deve-se definir um objectivo
financeiro a ser conquistado em um período máximo de um ano. Lembre-se: o objectivo
precisa ser alcançável, porém desafiador.
Planeamento
Com as duas etapas finalizadas, já se pode começar a montar o planeamento
financeiro. Dependendo do ponto, o que será preciso fazer para alcançar a linha de
chegada (objectivo)? Aumentar vendas; reduzir custos; aumentar investimentos. Com as
acções definidas, depois é só acompanhar o desempenho financeiro.
Acompanhamento
A empresa estava a facturar bem nos primeiros meses do planeamento. Contudo,
os custos cresceram muito acima do esperado. Portanto, acções para reduções de custos
foram necessárias. Já as despesas se mantiveram constantes, o que não requereu
nenhuma mudança.

Esse é o papel do acompanhamento: entender a performance financeira com o


passar dos meses e tomar acções sempre que necessário, tendo em mente o objectivo a
ser alcançado.

Segundo Braga (1995), o planeamento financeiro é um aspecto importante para


funcionamento e sustentação da empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e
controlar as suas acções na consecução de seus objectivos.

Nota-se que o planeamento financeiro além de indicar caminhos que levam a


alcançar os objectivos da empresa tanto a curto prazo como a longo prazo, cria
mecanismos de controle que envolvem todas as suas actividades operacionais e não
operacionais. O planeamento e o controle orçamentário quando realizado juntamente
com o controle financeiro, possibilitam mudanças táticas rápidas para tratar de eventos
estranhos ao processo administrativo, os quais colocam em risco o alcance das metas
estabelecidas.

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2.3.2- Aplicação do capital

Uma responsabilidade resultante do planeamento é o plano de aplicação do


capital ou ainda denominado aplicação dos recursos financeiros, que nada mais é do que
uma previsão de desembolsos necessários para colocar em prática o planeamento de
uma empresa ou de projectos específicos.

Todas as acções da organização dependem de recursos. O custo é, portanto,


inerente à actividade empresarial. Isto é qualquer propósito dependerá de investimentos,
por menores que sejam como a aquisição de matéria-prima. Mais do que saber o que
entra e o que sai, precisa-se apreender e saber a ser mais assertivo na hora de destinar os
recursos.

A aplicação de recursos compreende:

 Recursos físicos, como equipamentos, imóveis e materiais diversos;


 Recursos humanos, compreendendo processos que vão desde a atração até
a retenção de talentos;
 Recursos de gestão, alinhados às estratégias do negócio.

As aplicações financeiras são importantes para que ocorra uma boa gestão
financeira dos recursos da empresa. Afinal, ao deixar o montante parado, a
inflação vai corroendo o seu valor.

Na gestão financeira, definir a aplicação de recursos requer a definição de


prioridades, já que é preciso distribuir os recursos em áreas distintas, como as que
citamos acima (recursos físicos, humanos e de gestão). No entanto, é necessário
estabelecer prioridades antes de determinar para onde vai cada recurso.

2.3.3-Controle do fluxo de caixa

O primeiro passo é entender que controle de caixa registra as movimentações


financeiras da empresa, apresentando o saldo atual. Já o fluxo de caixa, que também faz
esse registro, permite que as entradas e saídas do valor monetário sejam previsíveis, o
que ajuda no planeamento da empresa.
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Ou seja, o controle de caixa é um sistema de organização mais simples e que
serve para consultar de forma objectiva os recursos que estão disponíveis no momento,
sem considerar contas futuras.

O controle de um fluxo de caixa garante a identificação de quanto e quando


os recursos financeiros irão entrar e sair da empresa. Ele importante porque é a
ferramenta que ajuda o empresário a fundamentar suas tomadas de decisões, pois
permite acompanhar toda a movimentação de valores da empresa, ou seja, auxilia
no controle da parte financeira.

2.3.4-Análise de investimento

Um investimento pode ser caracterizado genericamente como um sacrifício feito


hoje para a obtenção de uma série de benefícios futuros. Em finanças, os conceitos de
sacrifícios e benefícios futuros estão associados aos fluxos de caixa necessários e
gerados pelo investimento. Assim, a análise de investimentos consiste, basicamente, em
uma análise de projecção de fluxos de caixa.

Sob a ótica de decisão financeira empresarial, os investimentos podem ter duas


naturezas distintas: investimento financeiro propriamente dito ou investimento de
capital. Na categoria de investimentos financeiros propriamente ditos estão presentes as
compras de títulos e valores mobiliários, caracterizados por uma maior liquidez
(possibilidade de mais rápido reaver os gastos no investimento) e pela possibilidade de
obtenção de informações relevantes nos mercados de capitais ou financeiros.

Na categoria de investimentos de capital estão os gastos corporativos mais


relevante, como a aquisição de uma nova máquina, a reforma de uma planta industrial, a
abertura de um novo centro distribuidor e outros. A perspectiva de investimento de
capital costuma ser denominada projecto de investimento.

A análise de investimentos envolve decisões de aplicação de recursos com


prazos longos (maiores que um ano), com o objectivo de proporcionar retorno adequado
aos proprietários desse capital.

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Orçamento de capital é um processo que envolve a seleção de projectos de
investimento e a quantificação dos recursos a serem empregados e busca responder a
questões como:

1. O projecto vai se pagar?


2. O projecto vai aumentar a riqueza dos accionistas ou vai diminuí-la?
3. 3. Esta é a melhor alternativa de investimentos?

O orçamento de capital requer uma estimativa de fluxos de caixa livres que


serão obtidos com o projecto de análise. As previsões de investimentos em activos, de
vendas, também de preços, de custos e despesas devem ser elaboradas da forma mais
realista a acurada possível.

De qualquer modo, a incerteza em orçamentos de capital é elevada, pois envolve


cenários econômicos e políticos de longo prazo.

Os métodos mais comuns de avaliação de projetos de investimento são:

•Payback simples;
•Payback descontado;
•Valor presente líquido-VPL;
• Taxa interna de retorno – TIR.

2.3.4.1-Payback

O método payback, apesar de ser um método não exato, auxilia no


descobrimento do tempo necessário para se recupera o capital investido em um projecto,
porém é importante fazer uma combinação dos métodos do valor presente e da taxa
interna de retorno.

A técnica de payback identifica o período de tempo necessário para recuperar o


custo do capital por meio as entradas de caixa produzidas pelo investimento, assim o
projecto escolhido entre as alternativas disponíveis será aquele que proporcionará a

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recuperação mais rápida dos recursos desembolsados para a sua implantação, ou seja,
quanto mais rápido o período de payback, mais desejável é o investimento.

O período de payback está definido como o comprimento de tempo necessário


para recuperar o capital investido. Em outras palavras, quanto tempo leva para se pagar
um projecto. Se esse período for inferior, ao período de vida útil do projecto, diz-se que
o projecto é economicamente viável. Ou seja com base na regra Payback um
investimento é economicamente viável ou aceitável se o seu período de payback
calculado for menor do que o número predeterminado de anos.

O cálculo do período de payback está representado a seguir:

𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑃𝑒𝑟𝑖ó𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =
𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎

O método do payback torna-se inadequado quando o empreendimento demandar


um grande número de períodos para atingir a plena capacidade produtiva. Além disso,
não leva em consideração a vida do investimento (considerada infinita).

O payback é um método bastante simples e deve ser utilizado na análise de


investimento, onde auxiliará uma melhor interpretação para tomada de decisão. O
payback é a técnica de análise de investimento mais simples que existe. Este método
visa calcular o número de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para
recuperar o investimento realizado. Um investimento significa uma saída imediata de
valor monetário. Em contrapartida se espera receber fluxos de caixa que visem
recuperar essa saída. O payback calcula em quanto tempo isso irá ocorrer.

O payback pode ser:

 Simples ou nominal, se calculado com base no fluxo de caixa com


valores nominais, e
 Descontado, se calculado com base no fluxo de caixa com valores
trazidos ao valor presente líquido.

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A decisão em se rejeitar ou em aceitar um projecto de investimento é realizada
comparando-se o payback calculado com o tempo considerado como mínimo para a
recuperação do capital investido.

Critérios de tomada de decisão pela técnica do payback

 Se o período de payback for menor que o período definido como o


máximo para o pagamento do projecto devemos aprovar o projecto.
 Se o período de payback for maior que o período definido como o
máximo para o pagamento do projecto devemos descartar o projecto.

2.3.4.1.1-Payback simples

É o período de tempo necessário para que as entradas de caixa do projecto se


igualem ao valor a ser investido, ou seja, o tempo de recuperação do investimento
realizado. Considerado o modelo “convencional”. É mais prático e simples de
calcular, mas não engloba variáveis que podem afetar o investimento ao longo do
tempo;

Se levarmos em consideração que quanto maior o horizonte temporal, maiores


são as incertezas, é natural que as empresas procurem diminuir seus riscos optando por
projectos que tenham um retorno do capital dentro de um período de tempo razoável.

O cálculo do payback simples é bem prático, basta usar a seguinte fórmula:

𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 =
𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜( 𝑜𝑢 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑜)

Exemplo: Suponhamos que uma empresa investiu em uma tecnologia de


60.000,00kz que irá trazer um retorno mensal de 5.000,00kz. Então, o cálculo fica da
seguinte forma:

60.000
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 =
5.000

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 = 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

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É importante destacar que se deve descontar variáveis do fluxo de
caixa médio, como despesas geradas pelo investimento. Além disso, é preciso ter
atenção ao período determinado no cálculo para evitar resultados equivocados.

Portanto, caso a operação seja feita usando o ganho mensal, o resultado será
em meses. Já se for feita utilizando ganhos anuais, o resultado será em anos. É algo
bem simples, mas que pode causar uma interpretação incorreta do prazo.

2.3.4.1.2-Payback descontado

É o período de tempo necessário para recuperar o investimento, avaliando-se os


fluxos de caixa descontados, ou seja, considerando-se o valor do dinheiro no tempo. De
maneira simplificada, inclui uma taxa anual no cálculo que desconta um valor
definido do rendimento.

O cálculo do payback descontado é mais complexo, porém, de certa forma,


mais assertivo. Adiciona-se uma taxa de desconto na fórmula para representar as
variáveis que influenciam o valor da moeda, como a inflação.

Para isso, é preciso entender dois novos conceitos:

 Taxa Mínima de Atratividade: é a taxa que será descontada. Ela é definida por
quem faz o cálculo. Normalmente, utiliza-se como base a taxa SELIC, que é a
taxa básica de juros;

 Valor presente líquido (VPL): cálculo usado para descobrir o fluxo de caixa,
com o desconto da TMA, em determinado período.

Antes de partir para a operação do payback descontado, deve-se usar esta


fórmula:

𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎
𝑉𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 =
(1+ 𝑡𝑎𝑥𝑎)𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜

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Pegando o exemplo anterior, considerando o período de um ano e uma taxa de
10%, a conta fica assim:

5.000
𝑉𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 =
(1+ 0,1)1

𝑉𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 4.545,45 𝑘𝑤𝑎𝑛𝑧𝑎𝑠

Agora, basta incluir esse valor na seguinte fórmula, que é semelhante à do


payback simples:

𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜 =
𝑉𝑃𝐿

60.000
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜 =
4.545,45 𝑘𝑧

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜 = 13,2 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

Nota-se que o prazo de retorno de investimento teve um leve aumento. Isso é


normal, pois o cálculo considera um fluxo de caixa menor.

Segundo Gitman (1987) o método de Payback é mais eficaz do que a taxa


interna de retorno, pois considera fluxos de caixa em vez de lucros contábeis. O índice
de Payback confere implicitamente à época dos fluxos de caixa, e deste modo ao factor
tempo no valor dinheiro. Outra razão para empresas adoptarem o método como factor
decisivo, ou como fator relevante, é que reflete a liquidez do projecto e deste modo o
risco de recuperar o investimento. Quanto maior for o período de Payback, maior é o
risco para a empresa, menor a liquidez do investimento, e vice-versa. Entretanto o
método não considera o fluxo futuro do projecto, podendo assim, apontar para um
investimento de liquidez mais curta, mas que não gera os maiores lucros.

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2.3.4.2-Valor presente líquido (VPL)

De acordo com Souza e Clemente (2004), o VPL é método de análise robusta e


mais conhecida e utilizada. O Valor Presente Líquido (VPL) é a concentração de todos
os fluxos de caixa esperados, na data zero. Para o juro, é costumeiro utilizar a Taxa
Mínima de Atratividade (TMA), explicam Souza e Clemente (2004); Casarotto Filho e
Kopittke (2000).

Segundo Brealey (2006, p.26) “o valor presente líquido é encontrado ao subtrair


o investimento necessário.” Se o valor encontrado for maior que zero, devesse aceitar o
projecto de investimento, pois os retornos oferecidos cobrirão o capital investido, o
retorno mínimo exigido (taxa de atractividade) e ainda oferecerão um ganho líquido
extraordinário ao investidor.

Caso o resultado seja igual à zero, o projecto de investimento apresenta-se


indiferente, pois seu retorno apenas cobrirá o capital investido e o retorno mínimo
exigido, não oferecendo qualquer vantagem ou ganho além disto. Entretanto, caso o
valor constatado seja menor que zero o projecto de investimento deve-se ser rejeitado,
pois os retornos oferecidos não cobrirão o capital investido acrescido do retorno mínimo
(taxa de atractividade) exigido.

Motta e Calôba (2002) definem VPL, como sendo a soma algébrica de todos os
fluxos de caixa descontados para o instante presente (t=0), em uma determinada taxa de
juros.
O cálculo do Valor Presente Líquido (VPL), leva em conta o valor do dinheiro
no tempo. Portanto, todas as entradas e saídas de caixa são tratadas no tempo presente.
O VPL de um investimento é igual ao valor presente do fluxo de caixa líquido do
projecto em análise, descontado pelo custo médio ponderado de capital.

O Valor Presente Líquido (VPL) é calculado para se conhecer o valor atual do


retorno de um investimento. A análise do seu valor permite decidir se um projecto é
viável ou não.

20
O cálculo do VPL é feito atualizando todo o fluxo de caixa de um investimento
para o valor atual. Na fórmula se utiliza uma taxa de desconto que pode ser a Taxa
Mínima de Atractividade (TMA).

 Critérios de tomada de decisão na técnica do VPL

 VPL > 0, projecto é economicamente viável a custo de oportunidade ou


atratividade;
 VPL < 0, o projecto não é economicamente viável;
 VPL = 0, o projecto ainda é economicamente viável.

A partir do VPL se o valor for positivo significa que a empresa conseguiu


recuperar todo o investimento realizado. Significa que a emprese conseguiu obter uma
remuneração adequada dos capitais investidos, isto é conseguiu obter pelo menos a
remuneração pretendida. Ou ainda signifique que conseguiu cobrir os riscos económicos
e financeiros do projecto. Ou que provavelmente o projecto gerou um excedente
monetário ou seja aumentou a riqueza do investidor.

A fórmula para o cálculo da VPL é a seguinte:

𝑛
𝐹𝐶𝑛
𝑉𝑃𝐿 = ∑ − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
(1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑛
𝑛=1

 FC = Fluxo de Caixa
 TMA = Taxa mínima de atractividade, representada também pela letra ( i )
 N = Período de cada fluxo de caixa

Nesta fórmula temos um somatório que actualiza cada um dos valores do fluxo
de caixa que geram entrada de dinheiro ao investidor, subtraído do investimento inicial.

21
A fórmula geral então para o cálculo do VPL seria:

𝑉𝑃𝐿 = 𝑉𝑃 – 𝐼

Onde: VP- Valor presente


I-Investimento

𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎
𝑉𝑃𝐿 =
(1+ 𝑡𝑎𝑥𝑎)𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑜𝑢 𝑛

𝐹𝑐1 𝐹𝑐2 𝐹𝑐3


𝑉𝑃𝐿 = + + −𝐼
(1 + 𝑖)𝑛 (1 + 𝑖)𝑛2 (1 + 𝑖)𝑛3

Exemplo: Suponhamos que uma empresa determinada empresa investiu


50.000kz em um determinado projecto, onde pretende arrecadar 10.000kz, no primeiro
ano, 20.000kz e 30.000kz nos anos seguintes respectivamente e a taxa de oportunidade
ou atractividade é de 8% ao ano. Calcule o VPL após os 3 anos de maturidade do
projecto.

𝑉𝑃𝐿 = 𝑉𝑃 – 𝐼
Ano Fc ou Cash flow 10.000 20.000 30.000
𝑉𝑃𝐿 = + 2
+
(1 + 0,08) (1 + 0,08) (1 + 0,08)3

1 10.000 − 50.000

2 20.000 𝑉𝑃𝐿 = 9.259,25 + 17.146,77 + 23.814,96 − 50.000

3 30.000 𝑉𝑃𝐿 = 220,98

22
2.3.4.3-Taxa interna de retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa “i” que iguala as entradas de caixa
ao valor a ser investido em um projecto. Em outras palavras, é a taxa que faz o VPL de
um projecto ser igual a zero.

Um aspecto que deve ser considerado é que a utilização exclusiva da TIR como
ferramenta de análise pode levar ao equívoco de se aceitar projectos que não remuneram
adequadamente o capital investido, por isso deve ser uma ferramenta complementar à
análise.

2.4-Tarefas da gestão financeira

Tarefa é tudo aquilo que o trabalhador faz no seu dia-a-dia para que possa
cumprir suas responsabilidades, ou seja conjunto de actividades realizadas pelo
funcionário.

A gestão das finanças do passado, do presente e do futuro de uma


organização passa por três tarefas de gestão financeira, embora distintas, estão
interligadas.As tarefas da gestão financeira são:

2.4.1-Planeamento financeiro

Identifica os objectivos da organização para o futuro, de quanto valor


monetário irá precisar para alcançar esses objectivos e como ou onde encontrará
recursos financeiros suficientes para alcançar tais objectivos e manter a
organização em actividade no futuro.

Para gerir é preciso planear. Com o planeamento, se estabelece metas e


objectivos e principalmente os caminhos para alcança-los. O planeamento
financeiro deve estar lado a lado com o planeamento estratégico de negócio. As
finanças influenciam na estratégia da saúde financeira. Isso significa que cada
passo deve considerar os gastos necessários para entender se a operação é

23
consistente a ponto de sustentar ou se é frágil o suficiente para balançar suas
estruturas.

É aqui que entra a constante e consistente análise, responsável por


acompanhar e entender se os resultados gerados são positivos para os negócios ou
se precisam de mudanças, responsável em manter a operação saudável e
totalmente regular perante as tributações.

2.4.2-Controlo financeiro

É uma forma de organizar as finanças pessoais ou empresarias. Mas


vamos no focar na empresarial. Essa organização pode ser feita a curto ou longo
prazo. O controle financeiro é responsável por “gerir as despesas” de ” de uma
empresa, equilibrar as finanças, realizar investimentos, construir reservas
emergenciais e diversas outras medidas essenciais para manter a saúde financeira
do negócio.

É um processo que se baseia em analisar toda a condição financeira do


empreendimento através de avaliação de relatórios, fluxo de caixa, etc. Apenas
com um bom controle financeiro as empresas podem se manter activas no
mercado de forma crescente e saudável.Os principais controles financeiros
utlizados:

 Fluxo de caixa;
 Capital de giro;
 Controle de contas a pagar e a receber;
 DRE- Demonstração de resultados;
 Gestão de custos;

É essencial que as finanças do negócio sejam acompanhadas de perto para


garantir que os planeamentos e estratégias sejam concluídos da melhor forma
possível ou que estão sendo postos em prática de forma eficiente. Além disso,
caso aconteça algo fora dos planos, o controle financeiro vai permitir tornar uma
decisão precisa e coerente, sem grandes dores de cabeça. A ideia do controle

24
financeiro é ter um objectivo definido para o estabelecimento e acompanhar todo
o andamento do negócio.

2.4.3- Monitorização financeira

A monitorização financeira nos projectos tem sobretudo a ver com dispor


de relatórios financeiros regulares e actualizados para analisar o progresso do
projecto e tomar decisões para mobilização de recurso. Ela visa melhorar a
empresa sobre gerir eficazmente relatórios financeiros e informação

2.5-Principais documentos da gestão financeira

2.5.1-Fluxo de caixa

Denomina-se fluxo de caixa de uma empresa ao conjunto de ingressos e


desembolsos de numerário ao longo de um período determinado (Zdanowicz,
2000,P.23).

É a principal ferramenta de gestão financeira que planeja, controla e analisa as


receitas, as despesas e os inventários. É uma representação gráfica e cronológica de
entrada (ingressos) e saídas (desembolsos) de recursos financeiros na empresa. A partir
da elaboração do fluxo de caixa, é possível verificar e planejar eventual escassez do
caixa para cobrir obrigações, ou o excesso de dinheiro parado, sem render nada à
organização.
O fluxo de caixa para Frezatti (1997) é um dos principais instrumentos de
análise e avaliação de uma empresa, integrando o caixa central, as contas correntes em
bancos, contas de aplicação, receitas, despesas e as previsões.

Souza (2009) apregoa que, “a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é uma


peça contábil elaborada sob o regime de caixa. Essa característica torna difícil sua
comparação com outras demonstrações elaboradas à luz do regime de competência”.

25
Segundo Hoji (2000, p. 79), “o fluxo de caixa é um esquema que representa as
entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Em um fluxo de caixa, deve existir pelo
menos uma saída e pelo menos uma entrada (ou vice-versa).”

Em uma operação financeira, ocorrem entradas e saídas de dinheiro (e vice-


versa). Um empréstimo implica receber o dinheiro (entrada de caixa) em uma data e
devolve-lo posteriormente acrescido de juro (saída de caixa); uma aplicação financeira
implica desembolsar um valor (saída de caixa) para recebê-lo (entrada de caixa) após
algum tempo, acréscimo de juro. Essas operações podem ser representadas pelo fluxo de
caixa.

De forma separada do tamanho, toda organização empresarial é movida à caixa,


e é através do fluxo de caixa que se identifica exactamente o quanto está disponível para
ser distribuído aos credores, aos accionistas; as carências de recurso e suas fontes.

A insuficiência de caixa pode determinar cortes de créditos, suspensão de


entrega de mercadorias, descrédito junto a fornecedores e clientes, a falta de capital de
giro faz a empresa recorrer a recursos com custos financeiros elevados, podendo perder
o controle sobre endividamento.

O Fluxo de Caixa como uma ferramenta de informação de gerência permite


identificar o processo de circulação do dinheiro, a liquidez da empresa e as necessidades
futuras de caixa. Deve se destacar que o modelo de fluxo de caixa estruturado para a
empresa, tenha capacidade informativa de fácil interpretação, tanto para os gestores
como para os demais usuários.

Apesar da importância das informações contábil, as pequenas empresas são


normalmente as mais carentes dessas informações. A contabilidade é feita apenas para
fins fiscais, normalmente desactualizado ou descompassado e não fornece informações
suficientes e necessárias para decisão (Inez Gazzoni, Elizabeth 2003 p 30).

Segundo Salloti (2009) a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é uma


valiosa ferramenta para analisar os efeitos das actividades operacionais, de investimento
e de financiamento no fluxo de caixa de um determinado período.

26
O fluxo de caixa como um instrumento de controle financeiro de gerência, cuja
finalidade é a de auxiliar no processo decisório de uma organização, visando sempre
atingir os objetivos esperados, fazendo frente à incerteza associada ao fluxo de
recebimentos e pagamentos. O caixa de uma empresa gera lucro à medida que sua
disponibilidade para aplicação permite o recebimento de juros. Da mesma forma, a
ausência de caixa impacta o resultado à medida que se pagam os encargos cobrados
pelos recursos de terceiros, tornando o resultado menor. É de fundamental importância a
identificação do montante gerado no caixa da empresa.

É relevante reconhecer o fluxo de caixa como instrumento que traga subsídios


para o processo de tomada de decisões. O fluxo de caixa deve ter um formato que
permita a adequada análise das informações contidas. Caso o mesmo não esteja
adequadamente estruturado levará a empresa ao não entendimento e a dificuldade em
decidir adequadamente sobre sua liquidez.

Para Zdanowicz (apud Ludícibus 1995: 33), "o fluxo de caixa é o instrumento
que permite demonstrar as operações financeiras que são realizadas pela empresa", o
que possibilita melhores análises e decisões quanto à aplicação dos recursos financeiros
que a empresa dispõe.

Ludícibus (1999, p. 218) afirma que a DFC "demonstra a origem e a aplicação


de todo o dinheiro que transitou pelo caixa em um determinado período e o resultado
desse fluxo", sendo que o caixa engloba as contas Caixa e Bancos, evidenciando as
entradas e saídas de valores monetários no decorrer das operações que ocorrem ao longo
do tempo nas organizações.

Por sua vez, Campos Filho (1999) complementa explicando que a DFC "permite
mostrar, de forma directa ou mesmo indirecta, as mudanças que tiveram reflexo no
caixa, suas origens e aplicações.

Por sua vez, Campos Filho (1999) complementa explicando que a DFC "permite
mostrar, de forma directa ou mesmo indirecta, as mudanças que tiveram reflexo no
caixa, suas origens e aplicações".

27
Assaf Neto e Silva (1997) explicam que o fluxo de caixa, de maneira ampla, "é
um processo pelo qual a empresa gera e aplica seus recursos de caixa determinados
pelas várias actividades desenvolvidas", onde as actividades da empresa dividem-se em
operacionais, de investimentos e de financiamento.

Mediante diversas definições pode-se conceituar fluxo de caixa como um


instrumento de controle financeiro de gerência, cuja finalidade é a de auxiliar no
processo decisório de uma organização, visando sempre atingir os objetivos esperados,
fazendo frente à incerteza associada ao fluxo de recebimentos e pagamentos.

O caixa de uma empresa gera lucro à medida que sua disponibilidade para
aplicação permite o recebimento de juros. Da mesma forma, a ausência de caixa
impacta o resultado à medida que se pagam os encargos cobrados pelos recursos de
terceiros, tornando o resultado menor. É de fundamental importância a identificação do
montante gerado no caixa da empresa.

É relevante reconhecer o fluxo de caixa como instrumento que traga subsídios


para o processo de tomada de decisões. O fluxo de caixa deve ter um formato que
permita a adequada análise das informações contidas. Caso o mesmo não esteja
adequadamente estruturado levará a empresa ao não entendimento e a dificuldade em
decidir adequadamente sobre sua liquidez.

A interpretação do fluxo de caixa pode ser feita através de simulações onde se


considera que todas as contas que venceram no período foram pagas e todas as facturas
vencidas nesse mesmo período foram recebidas, independentemente disso ter
acontecido ou não. Várias estruturas de fluxo de caixa podem ser criadas a depender das
necessidades e das características de cada empresa.

Frezatti (1997) designa o fluxo de caixa estruturado sob quatro focos. Esses
fluxos abaixo intercambiam dados entre si e separam adequadamente as actividades
desenvolvidas pela empresa.

28
Poder-se-ia perceber o formato de tal fluxo da seguinte forma:

Fluxo operacional
Cobrança - Pagamentos = Fluxo de caixa operacional

Fluxo do permanente
Venda de ativos - Pagamentos referentes a aquisições = Fluxo do permanente

Fluxo dos acionistas


Integralização de capital - Distribuição de lucro = Fluxo dos acionistas

Fluxo financeiro
Entradas - Saídas = Fluxo financeiro

Frezatti (1997) justifica tal detalhamento para viabilizar a percepção de


diferentes questões ligadas à gestão da empresa. Os fluxos indicarão escassez ou não de
caixas oriundos das actividades fins da empresa. Essa percepção estaria mais difícil caso
os fluxos não estivessem explicitados.

A saúde da empresa pode ser percebida pelo fluxo operacional. Escassez de


caixa, ou seja, se o valor das entradas menos o valor das saídas for constantemente
negativo, torna-se muito difícil da empresa sustentar suas atividades. Podem ser
observadas empresas jovens com vendas pequenas, mesmo que crescentes e os gastos
em geral significativos, continua sendo um alerta.

Para Frezatti (1997) o formato do fluxo de caixa, seja ele para finalidades de
tesouraria, elaboração do plano e mesmo projetos de investimentos, deveria seguir o
mesmo formato básico:

Fluxo operacional + Fluxo do acionista + Fluxo do permanente = Total fluxo não


financeiro +/- Fluxo financeiro.

Segundo Frezatti (1997): A soma do fluxo operacional com o fluxo dos


accionistas e o fluxo do permanente gera um valor que, em módulo, é igual ao valor

29
dado pelo fluxo financeiro, na verdade, os sinais são contrários (quando a adição indica
um valor positivo; o fluxo financeiro é negativo e vice-versa). Isto indica o que a
actividade financeira da tesouraria deve fazer para equalizar o fluxo: aplicar as sobras
de caixa e captar/resgatar quando faltarem recursos. (FREZATTI, 1997, p.40 e 41).

A separação do fluxo permite que se avalie o desempenho de diferentes áreas da


empresa. Nesse sentido, misturar juros com pagamentos de materiais é algo que
dificulta o entendimento da ocorrência e mesmo a análise do gestor responsável por
implementação. Da mesma forma, entender quando um fluxo de caixa é desfavorável
não porque deixou de gerar fluxo operacional positivo, mas porque os accionistas
retiraram parcela do valor em poder da empresa sob a rúbrica distribuição de resultados,
é muito importante.

O mesmo pode acontecer quando uma organização constrói uma nova unidade
de produção, por exemplo: O fluxo de saída de caixa é intenso e, caso não tenha
separado tal informação, decisões incorrectas e distorcidas podem ser tomadas. Afinal, o
fluxo de caixa de uma organização no momento de investimento tende a ser mais difícil
de ser gerenciado. (FREZATTI 1997, p. 50-51).

Uma das vantagens desse demonstrativo é facilitar a administração financeira


das empresas. Com ele podemos saber se os problemas financeiros têm origem no
Operacional, nos Investimentos ou nos Financiamentos, ou ainda numa combinação dos
três grupos. (Campos Filho, 1999, p.32) A demonstração dos fluxos de caixa resume as
origens e as aplicações de caixa durante um dado período.

2.5.1.1-Fluxo de caixa simples

O modelo é recomendado para empreendimentos menores, que não possuem um


alto volume de transações e não precisam de análises tão detalhadas.

Basicamente, o fluxo de caixa simples oferece a visualização das entradas e


saídas de recursos, controle de pagamentos e recebimentos parcelados e também
prevê contas a pagar e receber dos próximos meses. Este tipo de fluxo de caixa oferece

30
informações básicas, mas, para a elaboração de um planeamento, por exemplo, é
recomendado recolher dados mais específicos.
Sendo assim, o modelo é ideal para empresas que estão começando a se
organizar e possuem poucos processos financeiros.

2.5.1.2-Fluxo de caixa descontado

Também conhecido pela sigla FDC, o fluxo de caixa descontado é um cálculo


que determina o valor da empresa, geralmente utilizado em casos de venda da
companhia e também na captação de investidores.

A análise é feita com o objectivo de prever o retorno que pode ser obtido ao
investir na marca, com base na previsão do fluxo de caixa.

O cálculo envolve a projecção do fluxo de caixa para um prazo futuro,


subtraindo-se um valor referente aos possíveis riscos do investimento e também o valor
calculado da empresa.

O Fluxo de Caixa Descontado (FCD) funciona como um orçamento, que é


utilizado para estabelecer o valor atual de uma empresa, ativo, projecto ou investimento
com base no dinheiro que pode ser gerado futuramente.

2.5.1.3-Fluxo de caixa operacional

Como o próprio nome diz, este modelo de fluxo de caixa contabiliza as


transações financeiras relacionadas às operações responsáveis por manter a
sobrevivência da empresa.

A ferramenta não contabiliza impostos, juros ou investimentos. Apenas


considera os pagamentos e recebimentos essenciais para manter o empreendimento
funcionando, como abastecimento de estoque, pagamento de salários e contas, entre
outros.

31
O fluxo de caixa operacional também é recomendado para empresas menores
que ainda não possuem processos financeiros complexos. É ideal para organizar as
finanças e garantir que os gastos essenciais sejam sempre pagos em dia.

2.5.1.4-Fluxo de caixa indirecto

O fluxo de caixa indirecto aponta os resultados líquidos, que são informados


no DRE. Ele considera o Balanço Patrimonial, reajustando o lucro obtido em
determinado período de tempo a partir das amortizações, juros e depreciações. Com esse
tipo de fluxo de caixa, contadores avaliam se a empresa obteve, naquele período, lucro
ou prejuízo.

2.5.1.5-Fluxo de caixa livre (FCL)

O fluxo de caixa livre calcula a capacidade da empresa de gerar lucro em um

prazo determinado. Com este modelo, é possível descobrir se haverá recursos sobrando

para investir ou se faltará dinheiro para o pagamento das contas previstas. Assim, a

empresa pode fazer planeamentos para se preparar e tomar decisões inteligentes em

relação ao cenário apresentado.

Essa informação é extremamente importante para prever os lucros e a

capacidade da empresa de criar capital. São informações essenciais para planear os

próximos passos e também para captar novos investidores.

2.5.1.6-Fluxo de caixa projectado

Neste modelo de fluxo de caixa, não são considerados valores inseridos no

passado. Assim, o objectivo é prever as saídas e entradas de dinheiro para um período

futuro.

32
É uma forma de preparar o orçamento para ocasiões imprevistas, como falta de

recursos, ou, até mesmo, planear expansões e inovações com a renda positiva da

previsão.

2.5.1.7-Fluxo de caixa incremental

O fluxo incremental contabiliza as entradas e saídas de recursos na empresa de


acordo com o lançamento de um projecto. O gestor consegue identificar se o projecto é
relevante ou não para a empresa, de acordo com os resultados apresentados no fluxo de
caixa incremental, tomando decisões que beneficiem ou protejam o seu negócio.

2.5.1.8-Fluxo de caixa diário

Como o próprio nome diz, o fluxo diário é actualizado e consultado


diariamente, apresentando sempre as últimas novidades sobre os movimentos
financeiros da empresa.

O fluxo de caixa diário é um sistema utilizado em empresa de grande porte que


possuem diversos processos financeiros complexos. Este cenário exige análises
constantes e minuciosas, e uma equipe dedicada em manter as atualizações.

Conforme Rosa e Silva (2002), o fluxo de caixa pode ser apresentado por meio
de duas formas: pelo método directo e pelo método indirecto.

Segundo ele, o método directo demonstra os recebimentos e pagamentos


derivados das actividades operacionais da empresa. Mostra, efectivamente, as
movimentações dos recursos financeiros que aconteceram no período.

O método directo considera todas as transacções relacionadas às actividades


operacionais, investimentos e lucros da empresa. É uma forma de análise completa e
mais utilizada entre os empresários. Com ele, se tem os resultados brutos da empresa.

33
Demonstração de fluxo de caixa-Método Directo

Empresa.............................................................................Demonstração de
Fluxos de caixa para o exercício findo em .........................................Valores expressos
em ....................

Exercícios
Designação Notas
2XXX 2XXX-1

Fluxo de caixa das actividades operacionais:

Rebimento (de caixa) de clientes . . . . . . . . . . . .


Pagamento (de caixa) a fornecedores e empregados . . . . .
........................

Caixa gerada pelas operações:

Juros pagos:
………………….

Impostos s/os lucros pagos

Fluxos de caixa das actividades da rúbrica


extraordinária:
……………………..

Caixa líquida proveniente das actividades operacionais . .


...........................
Fluxo de caixa das actividades de investimento:

Recebimentos provenientes de:

Imobilizações corpóreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Imobilizações incorpóreas . . . . . . . . . . . . . . . . .

Investimentos financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Subsídios a investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Juros e proveitos similares. . . . . . . . . . . . . . . . .

Dividendos ou lucros recebidos . . . . . . . . . . . .


……………………

Pagamentos respeitando a:

34
Imobilizações corpóreas . . . . . . . . . . . . . . . . .

Imobilizações incorpóreas . . . . . . . . . . . . . . .

Investimentos financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . .
……………….... 46

Fluxo de caixa antes da rúbrica extraordinária:


…………………

Caixa líquida usada nas actividades de investimento . . . .


.........................

Fluxo de caixa das actividades de financiamento:

Recebimento provenientes de:

Aumento de capital, prestações suplementares e vendas


de acções ou quotas próprias . . . . . . . .

Cobertura de prejuízos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Empréstimos obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Subsídios à exploração e doações . . . . . . . . .


………………..

Fluxos de caixa antes da rúbrica extraordinária:


…………………

Caixa líquida usada nas actividades de financiamento . .


...... ...................

Aumento líquido de caixa e seus equivalentes

Caixa e seus equivalentes no início do período 43,47


43,47
Caixa e seus equivalentes no fim do período
Quadro 1: Fluxo de Caixa – Método Directo

Já o método indireto se baseia nos lucros e prejuízos apresentados no DRE


(Demonstrativo Resultado do Exercício).

O método aponta se a empresa ganhou ou perdeu em um determinado período,


já que considera os resultados líquidos, sem permitir análises profundas sobre as
movimentações financeiras.

35
Modelo de Demonstração de Fluxos de Caixa
(método indirecto)
Empresa...................................................................................................
Demonstração de Fluxos de caixa para o exercício findo em..........................
.................................................. Valores expressos em ......................
Exercícios
Designação Notas
2XXX 2XXX-1

Fluxo de caixa das actividades operacionais:

Resultado líquido antes dos impostos e das rúbricas


extraordinárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ajustamentos:
Depreciações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Amortizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Ganhos na alienação de imobilizações . . . . . .
Perdas na alienação de imobilizações . . . . . . .
Resultados financeiros . .. . . .. . . . . . . . . . . . . .
Resultados extraordinários . . . . . . . . . . . . . . . .
………………….

Resultados operacionais antes das alterações do


capital circulante:
Aumento das existências . . . . . . . . . . . . . . . . .
Diminuição das existências . . . . . . . . . . . . . . . .
Aumento das dívid. de terc. operac. . . . . . . . . .
Diminuição das dívid. de terc. operc. . . . . . . . .
Aumento de outros activos operc. . . . . . . . . . . .
Diminuição de outros activos. Operac. . . . . . . .
Aumento das dívidas a terc. operac. . . . . . . . . .
Diminuição das dívidas a terc. operac. . . . . . . .
Aumento de outros passi. operac. . . . . . . . . . . .
Diminuição de outros passivos operac. . . . . . . .
……………..

Caixa gerada proveniente das operações:

Juros pagos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Impostos s/ os lucros pagos. . . . . . . . . . . . . . .

Fluxo de caixa antes dos resultados extraordinários:


…………………

Caixa líquida proveniente das actividades operacionais .


............................

36
Fluxo de caixa das actividades de investimento:

Recebimento provenientes de:

Imobilizações corpóreas . . . . . . . . . . . . . . . .

Imobilizações incorpóreas . . . . . . . . . . . . . . .

Investimentos financeiros . . . . . . . . . . . . . . . .
45
Subsídios a investimento. . . . . . . . . . . . . . . .

Juros e proveitos similares . . . . . . . . . . . . . . .

Dividendos ou lucros recebidos . . . . . . . . . . .


………………..

Pagamentos respeitantes a:

Imobilizações corpóreas . . . . . . . . . . . . . . . .

Imobilizações incorpóreas . . . .. . . . . . . . . . .

Investimento financeiros . . . . . . . . . . . . . . . .
46
.......................

Fluxos de caixa antes da rubrica extraordinária:


……………….

Caixa líquida usada nas actividades de investimento . . .


..... ...................

Fluxo de caixa antes da rubrica extraordinária:


……………….

Caixa líquida usada nas actividades de investimento . . .


.....................

Fluxo de caixa das actividades de

Financiamento:

Recebimentos provenientes de:

Aumentos de capital, prestações suplementares e


prémios de emissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

37
Vendas de acções ou quotas próprias . . . . . . .
Cobertura de prejuízos . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Empréstimos obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Subsídios à exploração e doações . . . . . . . . . .

………………..

Pagamentos respeitantes a:

Reduções de capital e prest. suplement. . . . . .


Compras de acções ou quotas próprias . . . . . .
Dividendos ou lucros pagos . . . . . . . . . . . . . . .
Empréstimos obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Amortiz. de contratos de locação finan. . . . . . .
Juros e custos similares pagos . . . . . . . . . . . .
……………

Fluxos de caixa antes da rúbrica extraordinária:

Caixa líquida usada nas actividades de financiamento . .


.........................
Aumento líquido de caixa e seus equivalentes . . .

Caixa e seus equivalentes no início do período. . .


43,47
Caixa e seus equivalentes no fim do período. . . . .
43,47
Quadro 2: Fluxo de Caixa – Método Indirecto

2.6-Demonstração de resultado

2.6.1 Noções de demonstração financeira

A análise das demonstrações financeiras é basicamente o estudo de desempenho


económico e financeiro de uma empresa em determinado período passado, para
diagnosticar questões de sua posição actual a fim de prever tendências futuras.

Em outras palavras Ludícibus (2009) afirma que a análise das demonstrações


financeiras visa a relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas
empresas, a posição económica financeira actual, as causas que determinaram a
evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de
balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projectada)
de uma empresa.

38
Este tipo de análise é um dos estudos mais importantes na gestão financeira e
desperta um enorme interesse tanto para os administradores internos como para
analistas externos. Para o analista interno a análise dos relatórios contábeis visa uma
avaliação do desempenho da empresa, como forma de identificar as consequências das
diversas decisões financeiras que foram tomadas.

O analista externo à empresa, vai examinar os relatórios financeiros de acordo


com o seu objectivo. Um banco que vai emprestar uma quantia significativa de capital
de giro para a empresa, por exemplo, vai examinar mais os aspectos de geração de fluxo
de caixa e estrutura de capital. Já uma pessoa que deseja investir na empresa procurará
observar aspectos de geração de valor e lucratividade.

Não existe uma maneira única para se realizar uma análise de demonstração
financeira de uma empresa, a maneira que os indicadores são analisados é particular de
quem faz a análise, sobressaindo-se, além do conhecimento técnico, a experiência da
própria instituição pelo analista. Dois analistas podem chegar a conclusões diferentes
sobre uma empresa, mesmo tendo eles trabalhado com as mesmas informações e
utilizando iguais técnicas de análise.

Antes de abordarmos o histórico, precisamos conceituar o que é análise das


demonstrações contábeis. De forma resumida, podemos conceituá-la como uma técnica
que nos auxilia a avaliar a situação económico-financeira das organizações, pois fornece
diversos tipos de informações financeiras aos tomadores de decisão.

Essa técnica consiste na análise do resultado das atividades empresariais de uma


empresa. Essas atividades estarão delineadas nas demonstrações financeiras de uma
empresa. Como principais demonstrativos podemos citar:
De acordo com Stickney e Weil (2012) as demonstrações financeiras procuram
medir o sucesso das atividades de uma empresa, proporcionando informações sobre:

• A posição financeira (Balanço Patrimonial);

39
• Lucratividade (Demonstração do Resultado do
Exercício);
• Capacidade de geração de caixa (Demonstração do
Fluxo de caixa);

2.6.2-Demonstração de resultados do exercício

A contabilidade é cercada por diversas demonstrações contábeis, cada uma


referenciando dados específicos da contabilidade e arregrando sua representatividade
específica no contexto empresarial.

A função da DRE é mostrar as operações de receitas, custos e despesas da


empresa do seu cliente, no período contábil estipulado pela legislação, evidenciando ao
final do período o resultado da empresa, podendo ser lucro ou prejuízo.

De acordo com a lei nº11.638/07, a DRE é obrigatória para todas as empresas,


excepto as Micro empresas, de acordo com a publicada de 27 de dezembro de 2007.
A DRE está dividida em três (3) grandes grupos: Receitas, Custos e Despesas.

 Benefício da DRE

Realizando a DRE para a MPME, é possível obter muitos benefícios que


acarretarão lucratividade e otimização do tempo, já que a DRE trás uma clareza na
mensuração dos resultados da empresa na qual pode-se analisar os dados para obter seus
rendimentos.

A Demonstração de Resultados é um documento contabilístico que fornece um


resumo financeiro dos resultados das operações financeiras da empresa durante um
determinado período específico, o qual pretende retratar os proveitos e custos desse
mesmo período de exercício. Em suma, trata-se de um mapa financeiro que permite a
avaliação do desempenho da empresa no ano e face ao ano anterior.

40
Ao somatório da facturação do período, isto é, ao valor total das vendas do
período, e de outros eventuais proveitos, relativos ao mesmo período, subtraem-se todos
os custos imputáveis ao mesmo período. Assim, o saldo final desta aritmética
contabilística é o Resultado Líquido do Exercício, no caso de se terem também
deduzido os custos com os impostos.

Normalmente, a demonstração do resultado cobre o período de um ano,


encerrado numa data específica, geralmente o dia 31 de Dezembro do ano de calendário.
Algumas grandes empresas, no entanto, podem operar com um ciclo financeiro de 12
meses, ou ano fiscal, que se encerra numa outra data, diferente de 31 de Dezembro.

Em muitas empresas há centenas ou talvez até milhares de transacções, todos os


meses, envolvendo proveitos e custos. Subordinar todas essas transacções a uma única
conta seria incorrecto e, além disso, impossibilitaria que se estabelecessem certas
relações entre as várias rubricas, o que originou um conjunto temporário de contas de
receitas e despesas ao longo do mapa financeiro.

Qualquer tipo de empresa, independentemente de seu porte, seja microempresa,


empresa de pequeno, médio, ou grande porte, de qualquer natureza jurídica, seja
sociedade, associação, cooperativa, fundação, ou sindicato, etc., necessita manter
escrituração contabilística e consequente elaboração da Demonstração de Resultados.

O Plano geral de Contabilidade (PGC) contempla duas variantes, a


Demonstração de Resultados por natureza, em que os elementos são descritos pela
sua natureza, e a Demonstração de Resultados por funções, em que as verbas são
agrupadas segundo as funções a que respeitam. Uma empresa suporta custos com vista
à obtenção de proveitos, que por sua vez concorrem a formação de resultados.

Na Demonstração de Resultados tudo anda à volta destes três conceitos,


tornando-se, portanto, necessário familiarizar-se com estes elementos importantes.
Seguidamente são desenvolvidos de modo explícito as partes constituintes da
demonstração de Resultados.

41
Custos

“A contabilidade de custos tem por finalidade última a prestação de informações


de custos para auxiliar os gerentes a administrar as parcelas da actividade empresarial
que estarão a seu cargo”. Borges, A. et al (1998).

“A contabilidade de custos tem duas funções relevantes: no auxilio ao Controle


e na ajuda às tomadas de decisões”. Os custos que uma organização tem que suportar
são factores chaves quanto a uma boa gestão interna e por isso são elementos que
compõem a Demonstração de Resultados.

Segundo “Contabilidade Financeira” os custos “são diminuições nos benefícios


económicos futuros, durante o período contabilístico, na forma de exfluxos ou de
reduções de activos, ou na incorrência de passivos que resultam em diminuição do
capital próprio, que não seja as relacionadas com as distribuições aos sócios.”

O Plano Geral de Contabilidade (PGC) não faz distinção nítida entre custos e
perdas, agrupando-os pela sua idêntica natureza, na classe 6. A definição de custos
engloba quer as perdas, quer os custos que resultam da actividade normal da empresa,
tais como o custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas, os salários e as
amortizações. Nas perdas incluem-se as situações resultantes de tragédias naturais
(incêndios e inundações, bem como as que resultam da alienação de activos não
correntes).

Um Custo é reconhecido como tal na Demonstração de Resultados “quando


tenha surgido uma diminuição nos benefícios económicos futuros relacionados com
uma diminuição num activo ou com o aumento de um passivo e que o mesmo possa ser
mensurado com fiabilidade.” Ou seja, o reconhecimento de um custo ocorre em
simultâneo com o reconhecimento de aumentos de passivos ou com o reconhecimento
de diminuição de activos.

Em “Elementos de Contabilidade Geral”, consideram-se custos e perdas, “os que


comprovadamente forem indispensáveis para a realização dos proveitos ou ganhos

42
sujeitos a imposto, ou para a manutenção da fonte produtora, nomeadamente os
seguintes:

 Encargos relativos à produção ou aquisição de quaisquer bens ou


serviços, tais como matérias utilizadas, mão-de-obra, energia e outros
gastos gerais de fabricação, conservação e reparação;

 Encargos de distribuição e venda, abrangendo os transportes, publicidade


e colocação de mercadorias;

 Encargos de natureza financeira, como juros de capitais alheios aplicados


na exploração, descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio,
gastos com operações de crédito, cobrança de dívidas e emissão de
acções, obrigações e outros títulos e prémios de reembolso;

 Encargos de natureza administrativa, tais como remunerações, ajudas de


custos, pensões ou complementos de reforma, material de consumo
corrente, transportes e comunicações, rendas, contencioso e seguros
incluindo de vida e operações do ramo “vida”, contribuições para fundos
de poupança reforma, contribuições para fundos de pensões e para
quaisquer regimes complementares da Segurança Social;

 Encargos com análise, racionalização e consulta;

 Encargos fiscais e parafiscais;

 Reintegração e amortizações;

 Provisões;

 Menos valias realizadas;

43
 Indemnizações resultantes de eventos cujo risco não
seja segurável;”

Resumidamente podemos classificar o custo como sendo a diminuição de capital


próprio resultante do desenvolvimento da actividade produtiva da organização. Em
montante, os custos correspondem ao valor dos serviços e dos bens usados ou
consumidos no decurso da actividade da empresa.

Proveitos

Os Proveitos são outros elementos que compõe a Demonstração de Resultados,


sendo que estes, à partida, apresentam a parte mais agradável de todo exercício de uma
organização.

Em “Contabilidade Financeira” descreve-se proveitos como sendo “os aumentos


nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de influxos ou
aumento de activos ou diminuições de passivos, que resultem em aumentos do capital
próprio, que não sejam os relacionados com as contribuições dos sócios.”

À semelhança que acontece no tópico anterior, o Plano Oficial de Contabilidade


(POC) agrupa na mesma categoria (classe 7) os Proveitos e Ganhos. Nesta categoria
apresentam-se nas Demonstrações de Resultados todos os proveitos e ganhos resultantes
do exercício da organização. A definição de proveitos engloba quer os réditos (resultam
da actividade normal da empresa), quer os ganhos (podem ou não provir de tal
actividade).

“Um proveito é reconhecido como tal na Demonstração de Resultados, quando


tenha surgido um aumento dos benefícios económicos futuros, relacionados com um
aumento no activo ou com uma diminuição no passivo, e que posa ser mensurado com
fiabilidade.” Por outras palavras, o reconhecimento de um proveito ocorre em
simultâneo com o reconhecimento de aumentos de activos ou com o reconhecimento de
diminuição de passivos.

44
De acordo com “Elementos de Contabilidade Geral” os proveitos e ganhos são
considerados “ os derivados de operações de qualquer natureza em consequência de
uma acção normal ou ocasional, básica ou meramente acessório, e designadamente os
resultantes de:

 Vendas ou Prestações de Serviços, descontos, Bónus e Abatimentos,


comissões e Corretagens;

 Rendimentos de Imóveis;

 Rendimentos de Carácter Financeiro, tais como juros,


dividendos, descontos, ágios, transferências, diferenças
de câmbio e prémios de emissões de obrigações;

 Rendimentos da Propriedade Industrial ou outros


análogos;

 Prestações de serviços de Carácter Científico ou Técnico;

 Mais valias realizadas;

 Indemnizações auferidas, seja a que título for;

 Subsídios ou Subvenções de exploração;

Resumidamente pode-se classificar proveitos como sendo o aumento de capital


próprio resultante da venda de bens ou da prestação de serviços pela empresa. Em
montante, os proveitos correspondem a dinheiro, valores a receber, ou outros activos
obtidos como compensação pelos bens vendidos ou pelos serviços prestados.

45
Modelo de Demonstração de Resultado
(por natureza)
Empresa ALFA Empreiteiros, Lda…Demonstração de resultados em .................
Valores expressos em kwanzas

Designação Notas Exercício

2XXX 2XXX-1
Vendas…………………………………. 22 12.000.000 7.000.000

Prestação de serviço…………………. 23 40.000.000 35.000.000

Outros proveitos operacionais ……… 24 900.000 1.000.000

Total 52.900.000 43.000.000

Variações nos produtos acabados e


produtos em vias de fabrico…………. 25 100.000 90.000
Trabalhos para própria empresa……. 26 50.000 60.000
Custo das mercadorias vendidas e das
matérias-primas e subsidiárias
consumidas…………………………… 27 4.000.000 2.600.000
Custo com o pessoal………………… 28 19.000.000 17.000.000
Amortizações…………………………. 29 7.500.000 6.300.000
Outros custos e perdas operacionais. 30 19.500.000 14.700.000

Resultados Operacionais: 2.950.000 2.460.000

Resultados financeiros………………. 31 (1.300.000) (950.000)


Resultados de filias e associados…. 32 26.000 23.000
Resultados não operacionais………. 33 (235.000) (217.000)

Resultado antes de impostos: 1.441.000 1.316.000

Imposto sobre o rendimento………… 35 516.000 474.500

Resultados líquidos das actividades 925.000 841.500


correntes:

Resultados extraordinários…………. 34 100.000 90.000


Imposto sobre o rendimento………… 35 35.000 31.500

Resultado líquido do Exercício…... 990.000 900.000

Quadro 3- Demonstração de Resultado.

46
2.7 –Balanço
2.7.1-Noções do balanço

O balanço é um instrumento contabilístico que figura por um lado o valor dos


bens e direitos pertencentes a empresa (activo), por outro o montante das dívidas pelas
quais deve responder (passivo), e por fim a diferença entre ambos os valores (capital
próprio).

O balanço, como demonstração financeira, é o documento que apresenta a


posição financeira, ou estrutura financeira de uma determinada entidade num
determinado momento.

É, de facto, e apesar de a informação nele contida ser de extrema importância e


relevância, um documento estático, uma vez que ser reporta a uma determinada data,
normalmente a data da prestação de contas ou de relato financeiro, sendo a mais comum
a data de 31 de dezembro do ano civil em questão.

Todavia, a data a que se reporta o balanço pode não coincidir com o final do ano
civil, já que qualquer entidade pode apresentar balanços intercalares ao longo de um
exercício económico, como é o caso das sociedades cotadas em bolsa onde as
demonstrações financeiras são apresentadas trimestralmente e reportadas ao último dia
do trimestre que apresentam.

O balanço é um instrumento financeiro que demonstra como os activos, o


passivo, e o capital se encontram distribuídos a qualquer momento. É normalmente
preparado a intervalos regulares; por exemplo, no fim de cada mês e, sobretudo, no fim
de cada exercício fiscal.

O balanço proporciona uma visão geral da situação financeira de uma


organização a um determinado momento, normalmente no fim do exercício financeiro.
Demonstra em detalhe tudo quanto a organização possui, os seus activos e tudo quanto a
organização deve.

47
Os activos não se limitam ao dinheiro em caixa, mercadorias, terreno, edifícios,
equipamentos, maquinaria, mobiliário, patentes, marcas comerciais e congéneres, mas
incluem também o dinheiro que é devido a organização por outras organizações e
pessoas, (conhecido por contas a receber).

O passivo é o dinheiro ou artigos que uma organização deve a outras


organizações ou pessoas. Isto pode incluir os valores monetários concedidos em
empréstimo a organização ou quaisquer produtos ou serviços que a organização
comprou a crédito.

Relação fundamental que se verificar obrigatoriamente no Balanço:

Activo = Passivo + Capital Próprio

A expressão acima constitui o princípio básico da contabilidade, segundo o qual


a aquisição do património da empresa (activo) tem que ser financiada por capitais dos
sócios (capital próprio) ou por capitais alheios (passivo).

Um outro aspecto fundamental é a relação entre activo circulante e passivo de


curto prazo (ou exigível num prazo inferior a um ano). Se o primeiro for superior ao
segundo, a empresa evidencia capacidade para satisfazer os seus compromissos de curto
prazo. Caso contrário, é provável que a empresa se veja forçada a recorrer a
empréstimos para saldar as suas dívidas mais imediatas.

 Objectivo do Balanço

O balanço é um dos levantamentos mais essenciais para uma boa gestão


financeira. Mas na prática, para que serve o balanço patrimonial? De forma básica, ele
lista tudo que seu negócio possui e o que deve.

Desse modo, o balanço financeiro de uma empresa ajuda seus líderes a


compreender quanto dinheiro sobraria caso vendesse todos os seus bens e pagasse todas
as suas dívidas. Ou, é claro, quanto dinheiro faltaria.

48
A finalidade do balanço patrimonial, no entanto, não se resume a um único
indicador da saúde financeira do negócio.

Na verdade, o documento fornece as bases para calcular as taxas de retorno dos


investidores, bem como avaliar a estrutura de capital da empresa.

Ao aprender como montar um balanço patrimonial, a empresa tem em mãos um


desenho detalhado do que possui, do que deve e o valor que foi investido por
accionistas/sócios.

Os balanços podem ser usados de forma individual ou em conjunto com outras


demonstrações para realizar análises aprofundadas sobre a gestão financeira, o
direcionamento estratégico e a definição de metas do negócio.

Segundo o PGC actualizado o balanço é constituído pelas seguintes


classes:

Activo: recursos (bens e direitos) controlados por uma entidade como resultado
de acontecimentos passados e dos quais se espera que fluam para entidade benefícios
económicos futuros. Estes recursos podem dividir-se em duas categorias principais:

 Activos não corrente, que se espera que permaneçam na pose da entidade por
um período superior a um ano.

 Activos correntes, que se espera que permaneçam na posse da entidade por um


período até um ano.

Passivo: Obrigações presentes da entidade provenientes de acontecimentos


passados, do pagamento dos quais se espera que resulte exfluxos da empresa
incorporando benefícios económicos. Estas obrigações podem dividir-se em duas
categorias principais:
 Passivo não corrente, que se espera que venham a ser pagos num período
superior a um ano.

49
 Passivo corrente, que se esperam que venham a ser liquidados pela entidade
num período até um ano.

Capital próprio, interesse residual no activo depois de deduzido o passivo.

A estrutura do Balanço deve obedecer ao modelo:


Modelo de Balanço
Empresa: ALFA Empreiteiros, Lda…Balanço em….Valores expressos em kwanzas

Exercícios
Designação Notas
2XXX 2XXX-1
Activo

Activos não corrente:

Imobilizações corpóreas………………………. 4 9.600.000


10.300.000
Imobilizações incorpóreas…………………….. 5 2.000.000
2.000.000
Investimento em subsidiárias e associadas… 6 3.000.000
3.000.000
Outros activos financeiros……………………. 7 90.000
100.000
Outros activos não correntes…………………. 9 210.000
230.000

Total do activo não corrente 14.900.000


15.630.000

Activos correntes:
Existências……………………………………… 8 5.900.000
6.600.000
Contas a receber………………………………. 9 4.700.000
4.900.000
Disponibilidades………………………………… 10 1.300.000
1.200.000
Outros activos correntes………………………. 11 190.000
200.000

Total do activo Corrente 12.090.000


12.900.000

Total do activo 26.990.000


28.530.000

Capital próprio e Passivo

50
Capital próprio:
Capital…………………………………………… 12 5.000.000
Reservas………………………………………... 13 5.000.000 1200.000
Resultados transitados………………………… 14 165.000 1.200.000
Resultados do exercício………………………. 15 2.055.000 900.000
990.000
Total do Capital próprio 7.220.000
8.210.000

Passivo não corrente:

Empréstimo de médio e longo prazo………… 16 3.000.000


Impostos diferidos……………………………… 17 2.900.000 730.000
Provisões para pensões………………………. 18 585.000
Provisões para outros riscos e encargos…… 19
Outros passivos não correntes……………….

Total do passivo não corrente 3.485.000 3.730.000

Passivo corrente:

Contas a pagar………………………………… 19 9.300.000 10.600.000


Empréstimos de curto prazo…………………. 20 7.000.000 5.000.000
Parte cor. dos empr. a médio e longo prazo. 15 100.000 120.000
Outros passivos correntes……………………. 21 435.000 320.000

Total do passivo corrente 16.835.000 16.040.000


Total do passivo 20.320.000 19.770.000
Total do capital próprio e passivo 28.530.000 26.990.000

Quadro 4- Balanço Patrimonial.

51
2.8-Gestão de contas a pagar e a receber
2.8.1-Contas a receber

As contas a receber originam das vendas a prazo, gerados riscos para a empresa.
Também, podem produzir gastos, como análise de crédito, cobranças. Em contrapartida
aumentam as vendas, logo aumenta o lucro.

De acordo Ludícibus (2000, p.88) “ As contas a receber geralmente são a activo


mais importante da empresa. São os valores oriundos das vendas de mercadorias a prazo
ou oriundas de outras transações que não representa o objectivo principal da empresa".

Para uma boa gestão de controles internos dos recursos financeiros das contas a
receber, há necessidade de um sistema apto para acompanhar de forma que possibilite a
visão do administrador financeiro do fluxo de caixa, pois quando as contas são mal
administradas podem deixar a organização com sérios problemas.

As contas a receber são nomeadas como créditos representados na maioria das


vezes por notas e estão interligadas com as receitas das empresas, através de um
eficiente controle de contas a receber é possível analisar quais são os clientes que estão
com os pagamentos em dia, os clientes inadimplentes e as duplicatas a vencer. Mas todo
o processo de contas a receber começa com uma boa análise da concessão de crédito a
clientes, esse factor determinará o índice de inadiplência da empresa.

É necessário uma correcta administração das contas a receber para não gerar
inadimplência para a empresa resultando em problemas no seu fluxo de caixa, fazendo
com que a empresa busque capital de terceiros. Sendo assim é necessário um sistema de
controle que possa reduzir até ao mínimo risco.

Esse controle deve ser feito de forma rotineira, conferindo as duplicatas em


atraso, analisando a situação de cada cliente.

As contas a receber são obrigações que as pessoas ou outras empresas assumem


com a empresa, oferecer pagamento a prazo pode ser um grande atractivo para

52
conquistar novos clientes, as pessoas são atraídas pela possibilidade de comprar e pagar
depois. Porém, isso também significa que os clientes poderão atrasar os pagamentos.

2.8.2-Contas a pagar

O total de pagamentos está incluindo todos os desembolsos no período coberto.


Os pagamentos mais comuns são: compras à vista, pagamentos de duplicatas, folha
de pagamentos, pagamentos de impostos, pagamentos de juros, dividendos em
dinheiro, pagamentos de empréstimo, recompra de imóveis.

Para Leone (2000) as contas a pagar é o controle dos compromissos que a


empresa deverá honrar junto a seus fornecedores. Portanto, destaca-se a necessidade de
uma conferência, contabilidade chamada conciliação, nas contas individualmente
tratadas de cada fornecedor.

Basicamente as contas a pagar correspondem ás obrigações da empresa com


terceiros, sendo através de compras de mercadorias e prestação de serviços.

A gestão financeira de uma empresa está relacionada com o planeamento,


análise e controle de montante que entram e saem da empresa, podendo ser eles
oriundos de diversos segmentos de empresas. O qual tem por objectivo aumentar o
patrimônio da empresa, através de melhoras dos resultados, fazendo assim um registro
adequado das transações realizadas.

Por meio do controle financeiro das contas a pagara é possível visualizar quais
foram os compromissos assumidos pela empresa possibilitando um controle das datas
para serem efectuados os pagamentos.

2.9-Relação entre Finanças e Contabilidade

Existe dois regimes importantes usados nestas duas áreas:

Regime da competência;
Regime de caixa

53
A semelhança entre os dois regimes causa muita confusão e dúvidas nos
profissionais das áreas financeiras e contábeis.

No regime da competência, as receitas são reconhecidas no momento da venda,


e as despesas, quando incorridas. Enquanto que no regime de caixa, as receitas são
reconhecidas no momento do efectivo recebimento e as despesas, no momento do
efectivo pagamento.

O quadro a seguir irá mostrar a separação e a semelhança entre esses dois


regimes:

Contabilidade Adopta o regime de É pela contabilidade que se


competência apura o resultado
operacional que é o lucro
ou prejuízo da empresa.
É pela contabilidade que se
mede a rentabilidade das
operações.
Gestão financeira Adopta o regime de caixa Para controlar as sobras ou
escassez de caixa, bem
como apurar o resultado
financeiro, tendo como
principal objectivo manter
a solvência da empresa,
proporcionando fluxos de
caixa necessários para
honrar seus compromissos.

O resultado da empresa pode ser diferenciado utilizando a perspectiva contábil e


financeira. Por exemplo supondo que uma determinada empresa realizou vendas no
período de 2020 de 20.000kz, sendo todas feitas a prazo para recebimento em 2021. As
despesas relativas a este período foram de 10.000kz, sendo todas pagas dentro do
exercício económico de 2020.
54
A apuração do resultado contábil e financeiro pode ser observada no quadro a
seguir:

Contabilista Financeiro

Demostração de resultado- 31/12/2020 Fluxo de caixa- 31/12/2020

Receitas com Vendas- 20.000 kz Entradas de caixa- 0,00 kz

(-) Despesas 10.000kz (-) Saídas de caixa- 10.000kz

Lucro líquido 10.000kz Fluxo líquido de caixa- (10.000kz)

É notório que, apesar da empresa obter um lucro contábil no período estudado,


houve um deficit de caixa no mesmo período, obrigando a empresa a buscar uma fonte
de recurso para cobrir este déficit.

É por esta razão que, por muitas vezes, escutamos ou lemos que uma
determinada empresa apresentou um prejuízo no período, porém continua normalmente,
pois, provavelmente, está empresa está financeiramente equilibrada. O contrário
também ocorre, ou seja, uma determinada empresa apresenta lucro em um período, mais
tem dificuldade em saldar seus compromissos financeiros.

2.10-Indicadores financeiros

Para Silva (2010), é preciso realizar uma apuração através de quocientes ou


índices para que se tenha uma visão abrangente acerca da situação econômica,
financeira e patrimonial em que a organização se encontra. E essa análise é feita por
meio de uma construção sequencial e histórica de índices, contabilizados através da
associação entre contas que compõem as demonstrações contábeis. Bruni (2014) indica

55
que os dados essenciais para a análise realizada por indicadores são a demonstração de
resultado (DRE) e o balanço patrimonial dos períodos a serem explorados. Segundo o
autor, será feita uma análise comparativa:

Se o balanço patrimonial de um ano tem valor limitado, a análise de vários anos


de resultados dá mais consistência aos números; se é difícil chegar a uma conclusão
sobre a qualidade da empresa, uma comparação com outras firmas no mesmo setor
ajuda a esclarecer a questão. O trabalho é também cumulativo no sentido que qualquer
conclusão depende da consideração de um conjunto de indicadores (BRUNI, 2014,
p.122).

De acordo com Iudícibus (2009), o principal objetivo do uso de indicadores


financeiros é o de possibilitar ao usuário da contabilidade extrair tendências e comparar
os quocientes com padrões preestabelecidos, relatando o que aconteceu no passado e
gerando bases de ação para possíveis resultados futuros. Contudo, uma avaliação
devidamente apurada, resguardada por auditorias e comparadas com padrões
preestabelecidos, é de fundamental importância para a administração financeira da
organização. Buscando asseverar a confiabilidade da apuração dos indicadores
financeiros, Ching, Marques e Prado(2010), enumeram algumas prescrições:
•. Realizar a análise de índices através de associações com outros, nunca os
interpretando de maneira isolada;
•. Apurar os dados de mais de um ano, para que se possa acompanhar sua
evolução;
•. Comparar os índices da entidade com os índices de empresas do mesmo setor,
concorrentes.

2.10.1-Vantagens e Desvantagens dos Rácios Financeiros

“Os rácios financeiros contem, como qualquer instrumento de medida, vantagens


e inconvenientes”. No que concerne as vantagens dos rácios, estas podem sintetizar-se
em:
• A elaboração do diagnostico financeiro de uma empresa baseia-se no triangulo
da liquidez, estrutura financeira e rentabilidade que tem subjacente os rácios;
• Permitem tirar conclusões com base em dados quantificados;

56
• Possibilitam a utilização de grandes quantidades de informação de modo
relativamente sintético, simples e objectivo;
• Permitem tratar uma amostra constituída por dados de várias empresas num só
momento de tempo ou usar dados de uma só empresa reportados a vários anos;
• Contribuem para determinar a performance das empresas em termos de
rentabilidade, solvabilidade, liquidez e equilíbrio financeiro.

Quanto as desvantagens podemos resumi-las em:


• Se tiver havido incorrecções ao nível dos Balanços, Demonstrações de
Resultados e Anexos, os rácios reflectirão essas incorrecções;
• Em relação a determinados fenómenos, os relatórios financeiros podem não ser
a base de dados mais adequada para a sua análise;
• As empresas podem realizar actividades em vários segmentos de negócios.
Cada empresa tem uma classificação das actividades económicas que corresponde a
área de negócio mais importante, se as conclusões disserem respeito a um só segmento e
não a actividade global da empresa, os resultados dos rácios podem ser enviesados;
• As políticas de provisões e de amortizações adoptadas pelas empresas podem
ser diferentes e conduzir a distorções ao nível dos rácios;
• Um grupo económico pode seguir uma politica de transferência de preços entre
empresas no seio do grupo, motivada por interesses de optimização fiscal. Esses preços
podem não corresponder aos custos obtidos através da Contabilidade analítica,
conduzindo a que numa empresa os resultados sejam superiores e que noutra sejam
inferiores aos que factos se verificariam se o critério fosse somente o dos preços de
mercado, sem que houvesse outras motivações;
• Os rácios financeiros são apenas um instrumento de análise que pode e deve
ser complementada por outros; tratam apenas dados quantitativos, não tendo em
consideração factores qualitativos como a ética, motivação, etc.

2.10.1.1-Tipos de rácios
Apesar de se poderem construir inúmeros rácios, a sua utilização depende dos
objectivos da análise: qual a natureza dos fenómenos que pretende revelar ou medir,
quais as fontes de informação utilizadas, etc.
Quanto aos fenómenos a revelar, estes podem ser rácios financeiros, económico-
financeiros, técnicos e de funcionamento sendo eles os seguintes:

57
 Rácios de Rendibilidade;
 A Rendibilidade operacional das vendas;
 Rendibilidade líquida das vendas;
 Rendibilidade financeira;
 Rendibilidade Económica;
 Rácios de Funcionamento;
 Rácios Rotação do Activo;
 Rotação das Existências;
 Prazo médio de Recebimentos;
 Prazo médio de Pagamentos;
 Rácios Baseados no Mercado;
 Liquidez Geral;
 Liquidez Corrente;
 Liquidez Reduzida;
 Liquidez Imediata;
 Endividamento Geral;
 Solvência Geral;
 Capital de Giro;
 Necessidade de Capital de Giro;

Dentre os rácios os mais importantes são:


 Rácios de Liquidez;
 Rácios de Funcionamento;
 Rácios de rentabilidade;
 Rácios de Endividamento;
 Rácios de Estrutura

Rácio de solvabilidade
R.S= Capital próprio/ passivo total*100%
Interpretação: Este rácio dá-nos a conhecer a capacidade da empresa para solver os
seus compromissos.
Quanto maior for o valor deste rácio, melhor está a estrutura financeira da
empresa. Um valor superior a 1 significa que os capitais próprios excedem os capitais

58
alheios, ou seja, a empresa tem capacidade para solver todos os seus compromissos. Se
o rácio for inferior a 1, a empresa tem de ser capaz de gerar lucro para satisfazer as suas
obrigações para com terceiros nos prazos previstos, ou, em alternativa, os seus
accionistas têm de injectar capitais na empresa.
Nota: Valores inferiores a 0.5 são considerados insuficientes.
Exemplo com base no balanço apresentado acima:
Ano n
R.S= 8.210.000/ 20.320.000*100%
R.S= 4%
Ano n-1
R.S= 7.220.000/ 19.770.000*100%
R.S= 36%

Rácio de liquidez geral


R.L. G=Activo circulante/ passivo a curto prazo*100%
Interpretação: Permite dar uma ideia aproximada da capacidade da empresa para fazer
face aos compromissos a curto prazo no momento do seu vencimento.
Valores entre 1,2 e 1,4 - muito bom
Valor <1 – dificuldade da empresa em pagar as suas obrigações a curto prazo.
Nota: Um valor elevado deste rácio pode ser consequência de:
 Elevados stocks em armazém, até mesmo de stocks inútis;
 Um valor bastante elevado de dívida por parte dos clientes;
 Grandes disponibilidades em caixa ou bancos, o que é um sinal de má gestão
Exemplo: Ano n
R.L.G= 12.900.000/ 20.220.000*100%
R.L.G= 63%
Ano n-1
R.L.G= 12.090.000/ 19.650.000*100%
R.L.G= 61%

Rácio de rendibilidade do activo total


R.R.A.T= Resultado líquido/ Activo líquido*100%
Interpretação: Este rácio mostra o nível de lucro que a empresa obteve por
cada 100kz nela investido.
59
Exemplo: Ano n
R.R.A.T= 990.000/ 15.630.000*100%
R.R.A.T= 6%
Ano n-1
R.R.A.T= 900.000/14.900.000*100%
R.R.A.T= 6%

2.11-As MPMEs em Angola

A empresa é reconhecida como a organização económica e social mais


capacitada para gerir e rentabilizar recursos escassos. É a principal célula económica
das sociedades. As empresas contribuem para a criação de valor acrescentado para a
sociedade em geral e para a vida das pessoas em particular, quando criam, desenvolvem
e distribuem novos produtos e serviços ou quando melhoram os processos de
distribuição dos produtos e serviços já existentes.

Existe, assim, uma força constante para que as empresas evoluam no sentido da
crescente criação de valor, transmitindo a maior parte desse valor criado à sociedade,
cumprindo assim parte da sua função social e aumentando o excedente e a diversidade
de produtos para o consumidor.

Deste modo, ocorre um processo de «destruição criativa» que funciona como


«motor» do progresso económico (Shumpeter, 1934).

Além do objectivo de satisfazer necessidades provenientes da natureza humana,


quer de ordem económica, social, cultural, técnica, material ou política, são as
empresas, enquanto instituições sociais e económicas, e não os governos que criam e
distribuem a maior parte da riqueza de uma economia, que inovam. Fazem comércio e
elevam os padrões de vida (Ghoshal, Barlett, Moran, 2000).

Desde a opção pela construção de uma economia de mercado, em 1992, o


executivo angolano vem implementando medidas destinadas a incentivar o
empresariado privado nacional, em particular fomentando o desenvolvimento das micro,
pequenas e médias empresas.

60
Note-se que, tradicionalmente, as micro, pequenas e médias empresas (MPME)
têm sido dos principais instrumentos de sustentação das economias modernas, incluindo
as dos países mais desenvolvidos, não apenas por participarem na redução do
desemprego, mas também por se ajustarem às necessidades das comunidades e, com
isso, contribuírem significativamente para a redução da informalidade e da pobreza.

2.11.1- Principais características das MPMES

Esse fomento, que tem assento na Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas
(Lei n.º 30/11, de 13 de Setembro), verifica-se através da adopção e implementação de
uma ambiciosa estratégia de fomento das MPME, da simplificação de práticas
administrativas, da regulamentação e da facilitação do acesso aos mercados e a novas
oportunidades de negócios, bem como da formalização de parcerias visando o
desenvolvimento de novos produtos e serviços em geral.

Em Angola, nos termos do n.º 2 do artigo 5.º da Lei das Micro, Pequenas e
Médias Empresas, consideram-se:

 Microempresas (ME) aquelas que empreguem até 10 trabalhadores e/ou


tenham uma facturação bruta anual não superior em Kz ou equivalente a USD 250 mil;
 Pequenas empresas (PE) aquelas que empreguem mais de 10 e até 100
trabalhadores e/ou tenham uma facturação bruta anual em Kz superior ou equivalente a
USD 250 mil e igual ou inferior a USD 3 milhões;
 Médias empresas (ME) aquelas que empreguem mais de 100 até 200
trabalhadores e/ou tenham uma facturação bruta anual em Kz superior ou equivalente a
USD 3 milhões e igual ou inferior a USD 10 milhões.

As micro, pequenas e médias empresas têm um enorme peso na sociedade e na


economia angolana, atendendo quer à sua importância qualitativa e quantitativa na
economia, quer ao seu papel na geração de empregos.

61
2.11.2 -Papel das MPMES no contexto sócio económico de Angola

Certo número de pesquisadores, em especial os economistas ligados ao


crescimento e desenvolvimento económicos, procuram respostas sobre os factores que
mais influenciam o crescimento económico dos países.

As MPME têm um papel fundamental para alavancar o crescimento económico


dos países, na Muitos são os estudos que procuram mostrar a relação entre as MPME e a
sua contribuição medida em que os pequenos negócios, pela sua especificidade, são um
importante motor de criação de postos de trabalho e, consequentemente, para fomentar o
desenvolvimento económico.

Nas economias em desenvolvimento, como é o caso de Angola, não era esse o


quadro observado, não obstante as MPME terem peso económico e social significativos
em várias regiões do país.

Tem-se, todavia, como particularidade o facto de os grandes aglomerados


empresariais serem geralmente de origem estrangeira, o que amplia o grau dos factores
de dependência externa, e pode constituir-se num entrave ao processo de distribuição
dos benefícios auferidos com o crescimento económico.

Segundo Bernabé Manuel membro da organização da conferência sobre


Evolução das MPME em Angola e a Importância dos nove anos da lei das MPME
recordou que as MPMEs desempenham um papel preponderante na geração de
rendimentos, sobretudo para as famílias angolanas, e considerou que a Covid-19 afectou
as acções das mesmas.

A economia estuda a forma como as sociedades utiliza os recursos escassos, para


produzir bens e/ou serviços com valores que ainda como os distribuir entre os vários
indivíduos. São precisamente as empresas particularmente as MPME como células da
economia, a assumir a base esse papel. Elas não são mais do que associações de pessoas
para explorar negócios, oferecendo os tais bens ou serviços, geralmente com vista a
obtenção de lucros.

62
A informalidade dos pequenos negócios como prevení-la está entre as
económias orientadas para factores de produção, Angola continua a ser um dos países
com mais forte pendor empreendedor, particularmente por necessidade pois a sua taxa
de desemprego ronda os 30%. Contudo não nos devemos esquecer que a maior parte
dos negócios encontram-se no sector informal. Urge legalizar-se esses negócios, a
operação regaste levada a cabo oportunamente pelo executivo para salvaguardar os
valores morais, éticos e cívicos e obviamente importante, no entanto deveremos
concomitantemente prevenir o engrossar do exército de desempregados que
tendencialmente poderá aumentar os níveis de criminalidade e prostituição.

Resumidamente as MPME tem um papel importante para sociedade por:

 Geram emprego;
 Aumentam a oferta de produtos e serviços;
 Aumentam a competividade de um país; e
 Diversificam as actividades, estimulando a criatividade e inovação

2.11.3-Programas actuais de desenvolvimento das MPME em Angola

Em Angola o executivo tem implementado vários programas que visam


impulsionar o crescimento socioeconómico do país e das MPME, muitos foram extintos
e outros continuam em funcionamento e dentre eles citamos os seguintes:

PRODESI-Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e


Substituição das Importações;

PAC-Programa de apoio ao crédito

2.11.3.1- O PRODESI

É o Acrónimo do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das


Exportações e Substituições das Importações. Foi aprovado pelo Decreto Presidencial
n˚169/18 de 20 de julho. É um programa exclusivo para acelerar a diversificação da
produção nacional e geração de riqueza, num conjunto de produções com maior

63
potencial de geração de valor de exportação e substituição de importações
designadamente nos seguintes sectores: Alimentação e Agro-indústria, Recursos
Minerais, Petróleo e Gás Natural, Florestal, Têxteis, Vestuário e Calçado, Construção e
Obras Públicas, Tecnologia de informação e Telecomunicações, Saúde, Educação
Formação e Investigação Científica, Turismo e Lazer.
O PRODESI aproveita o melhor do que foi proposto e/ou já está em curso, no
entanto, reconhece, e visa corrigir vários constrangimentos.

-Prioridades e Objectivos Fundamentais:

O PRODESI tem na sua génese a aceleração do processo de diversificação da


economia nacional. Para isso, prioriza o fornecimento da produção e da exportação nos
sectores não petrolíferos, assim como as fileiras com forte potencial de substituição de
importações.

Nesta fase de desenvolvimento da economia nacional, o PRODESI prevê que o


foco das acções de aceleração da diversificação da economia, quer pela via da
substituição de importações, quer pela via da diversificação e aumento das exportações,
seja dirigido para produção de bens e serviços prioritários, para que possam ganhar
escala e criar relações intra e intersectoriais, que permitam construir fileiras produtivas.

O PRODESI detém os seguintes objectivos fundamentais:

 Aumentar a produção e volume de vendas das produções e fileiras


prioritárias, acelerando a diversificação e potenciando as vantagens
comparativas nacionais;
 Reduzir o dispêndio de recursos cambiais com a cesta básica;
 Aumentar as fontes de investimento externos, volume de investimento
directo estrangeiros realizados nas produções e fileiras produtivas;
 Melhorar o ambiente de negócio nacional.

64
2.11.3.2- Programa De Apoio Ao Crédito- PAC

O Projecto de Apoio ao Crédito ( PAC), inserido no PRODESI aplica-se aos


projectos de investimentos que contribuam ,directa ou inderectamente ,na produção
interna.

Para que empresas se destina o PAC:

 Empresas ou cooperativas de produtores nos ramos da actividade


económica da agropecuária, das pescas e da indústria que já produzem
alguns dos bens apresentados …
 Empresas ou cooperativas de produtores nos ramos da actividade
agropecuária, dás pescas, e da indústria que pretendam começar a
produzir algum dos bens supracitados
 Empresas detidas por qualquer cidadão nacional ou estrangeiro residente,
que no caso dos últimos devem cumprir com o estipulado no artigoº da
Lei nº10/18, de 26 de Junho.
 Empresas que demostrem a idoneidade dos gestores e dos detentores do
capital social da empresa beneficiária, com base na apresentação de
documentos da regularidade da situação judicial e fiscal dos mesmos e
das empresas candidata.

Ao contrário do PAI (Programa Angola Investe) que atendeu vários segmentos


e sectores da economia, o PAC tem um âmbito mais concreto, ou seja, destina-se a
promover o aumento da produção interna de 54 bens identificados no PRODESI,
conferindo maior foco á implementação do PAC e ao alcance de resultados do
PRODESI.

Um total de 353 projectos foram assinados entre o estado e os empreendedores.


No conjunto do crédito á economia real ,48 projectos foram aprovados, sendo 32 por
cento no sector agrícola, 26 por cento na indústria alimentar ,16 por cento na pecuária,
cinco na pesca marítima e igual percentual na pesca continental entre os 48 projectos,
dez já foram desembolsados na totalidade, dos 19 acordos em pagamento.

65
2.11.3.3- INAPEM

O Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas,


abreviadamente INAPEM, é o órgão da administração indirecta do Estado angolano, ao
qual compete genericamente a implantação das políticas e estratégias no domínio da
capacitação e financiamento das micro, pequenas e médias empresas. É uma entidade de
direito público, dotada de personalidade e capacidade jurídica, bem como de autonomia
administrativa e financeira. O INAPEM, por forma a dirimir as debilidades dos
empreendedores, bem como dotá-los dos devidos conhecimentos, tem vindo a realizar
acções de formação.

Outra das funções do INAPEM é a atribuição da devida certificação às MPME.


A certificação das MPME constitui uma imensa mais-valia, passando estas a ser
abrangidas por um conjunto de incentivos e facilidades a atribuir pelo Estado, definindo
as condições de acesso aos respectivos incentivos/benefícios.

Em 2019 o INAPEM criou mecanismos de modos a ajudar alguns cidadãos na


criação de negócios e aceder ao crédito para impulsionar o crescimento das MPME
ajudando assim no crescimento socioecónomico de Angola. Existem 31 136 empresas
certificadas no INAPEM onde 2.935 são micro, 2.802 pequenas e 10.086 são médias
empresas.

2.12-Impacto das MPME no contexto socioecónomico de Angola

Segundo Porter (1992) o empreendedorismo contribuiu positivamente para o


desenvolvimento económico, pois introduz inovação tanto pela inovação de produtos ou
de processos de produção, ou seja, leva a competividade e ao aumento da eficiência
económica.

Convém observar, porém não se tratar de propor estímulos ou mecanismos que


privilegiem uma economia que funcione exclusivamente com base nas MPME e
circunscritos à participação do capital nacional.

66
Ao longo deste século, o reconhecimento da importância e do papel das MPME
variou muito. Nas análises económicas mais usuais, geralmente considera-se que as
pequenas empresas apresentam reduzida capacidade de sobrevivência e de alavancagem
de desenvolvimento económico de um país, tendo sido tais empresas relegadas a um
papel marginal na economia.

Apesar das considerações sobre tais desvantagens, o número destas tendeu a


crescer, mesmo aquando do processo de industrialização oligopolista. Com este
reconhecimento, este tipo de empresa ganhou novo relevo e valorização, e algumas das
suas características vêm sendo apontadas como vantagens, principalmente a capacidade
de gerar empregos e de absorver mão-de-obra, assim como estimular o desenvolvimento
regional.

Acompanhando tal tendência, nas três últimas décadas do milénio passado, e


particularmente na última, ganhou relevância a discussão de formas e instrumentos de
promoção destas empresas.

Pequenas empresas que apresentavam elementos fundamentais para atendimento


das novas exigências despontaram como alternativas de desenvolvimento, destacando-
se, entre outras características positivas, a sua maior especialização, flexibilidade,
economia de escopo, cooperação inter-firma e estrutura menos hierárquica. Estas
vantagens foram consideradas por muitos como uma via de desenvolvimento alternativa
adequada ao novo modelo.

Desde então, inúmeras análises focalizaram o desempenho positivo de grupos de


pequenas empresas, apresentando um intenso grau de cooperação e gerando efeitos
colectivos sinérgicos, destacando-se, particularmente:

 as pequenas empresas localizadas em sectores tradicionais;


 os conglomerados de pequenas empresas intensivas em tecnologia interagindo
de forma dinâmica;

67
 as redes de pequenas empresas actuando com fornecedoras especializadas de
grandes e médias empresas produtoras, particularmente de bens de consumo de massa
em áreas de tecnologia madura.

Estes exemplos já demonstram a diversidade que caracteriza este tipo de


empresas e sua actuação. Uma característica marcante sempre ressaltada nas análises
sobre tais empresas, seja no nível internacional ou nacional, é que o universo das
empresas de menor porte é muito grande e extremamente heterogéneo, conforme já
salientado.

Dentro dele coexistem empresas que, num extremo, produzem bens e serviços
dos mais tradicionais, utilizam intensamente mão-de-obra (muitas vezes com muito
baixa qualificação), com alta rotatividade, com pequena ou nula capacidade inovadora e
alta taxa de mortalidade e, noutro extremo, empresas produzindo dispendiosos e
sofisticados bens e serviços, altamente flexíveis, inovadoras, que empregam mão-de-
obra qualificada e bem remunerada, assim como utilizam novas tecnologias e técnicas
de gestão e apresentam novos formatos organizacionais.

Os factores geralmente indicados como importantes quanto ao grau de


heterogeneidade de tal conjunto de empresas dizem respeito a estrutura, dinamismo e
abrangência do mercado de actuação das mesmas. Salientam-se particularmente a maior
ou menor capacidade destas empresas em:

 Alavancar financiamentos;
 Actuar em mercados locais, nacionais e internacionais;
 Revelar capacidade de aprender, incorporar e desenvolver novos processos e
produtos e de interagir e cooperar com outras empresas e instituições.

Neste sentido, na discussão sobre o perfil, porte e formato mais adequados para
enfrentar o novo modelo de produção, estudiosos observam que não se devem analisar
as micro, pequenas e médias empresas de um modo uniforme.

68
Conforme apontaram Gatto e Ferraro (1993), a variedade de critérios utilizados
faz com que as definições de pequena empresa ou de pequena e média empresa sejam
pouco claras, pois escondem a ampla heterogeneidade existente entre empresas deste
tipo. Esta tendência de utilização de critérios comuns para classificação de empresas
pelo porte já pode ser observada em alguns blocos de países, como é o caso da União
Europeia e do Mercosul.

É importante ressaltar que as micro, pequenas e médias empresas se revelam


cada vez mais decisivas no crescimento económico, com a criação de grande quantidade
de postos de trabalho, na diversificação da economia e no aumento da produção
nacional.

Segundo Gilberto Sarfati (2006), enquanto nos países desenvolvidos as micro,


pequenas e médias empresas (MPME) representam cerca de 50% no Produto Interno
Bruto (PIB) e são responsáveis por 60% da força de trabalho, em países emergentes o
peso é bem menor, com uma participação de pouco mais de 10% do PIB e de 30% dos
empregos.

Entretanto, novas evidências (Henrekson e Johansson, 2008) apontam que


algumas empresas de crescimento acelerado, também chamadas «gazelas», têm um
grande impacto na geração de empregos e crescimento económico. Como indicam
Henrekson e Stenkula (2009), a variação nas pesquisas podem ser resultado das
diferenças entre empreendedorismo e o trabalhador por conta própria, também
conhecido como empreendedor estilo de vida.

O trabalhador por conta própria ou o tradicional pequeno empresário (estilo de


vida) não pode ser confundido com o empreendedor de alto impacto, pois o primeiro
constitui uma empresa para satisfazer minimamente as suas necessidades, o que
logicamente gera empregos mediante, por exemplo, actividades como cabeleireiros,
padarias, confecções etc. Por outro lado, o segundo tem uma actividade de alto
crescimento que aceleradamente gera empregos e valor económico.

Para a OCDE (2011), empresas de alto crescimento podem ser definidas como
as que geraram um aumento no número de empregos maior do que 20% ao ano num

69
período de três anos, considerando um mínimo de 10 empregados no início do período
observado. As empresas chamadas «gazelas» seriam um subtipo das de elevado
crescimento, tendo menos de cinco anos de vida e apresentando num período de três
anos crescimento no número de empregados ou receita de pelo menos 20% ao ano. Esta
diferença leva à segunda questão, a de necessidade e escopo de políticas públicas. É
preciso diferenciar políticas públicas de empreendedorismo de políticas públicas para as
MPME.
Políticas voltadas para as MPME envolvem programas que apoiam o estilo de
vida empreendedor, o que pode ser justificado por diversas razões, como efeitos
macroeconómicos positivos de criação de empregos ou mesmo compensação por efeitos
microeconómicos colaterais de economias de escala. Por outro lado, políticas de
empreendedorismo visam fomentar empreendedores (indivíduos) altamente inovadores
que possam gerar um alto impacto no crescimento económico, movendo a economia
para produtos e serviços com maior valor agregado (Henrekson e Stenkula, 2009).

Uma visão sobre políticas públicas aponta que empresas de grande porte são
mais capazes de ter ganhos de escala e de alavancar fundos para pesquisa e
desenvolvimento, além de prover mais empregos estáveis. Fora isso, a interrogação
sobre a eficiência de actividades de promoção, já que empresas grandes poderiam gerar
mais efeitos positivos sobre o crescimento económico (Beck, Demirguç-Kunt e Levine,
2005).

Podemos relacionar as diferenças sobre as visões de política pública com as


fases de desenvolvimento económico sugeridas por Porter e colaboradores (2002):

1) fase movida por factores de produção;


2) fase movida pela eficiência;
3) fase movida pela inovação.

A fase de factores é marcada por uma economia agrícola e estilo de vida


empreendedor. Nessa fase, o país é caracterizado pela produção de commodities e
produtos com baixo valor acrescentado, e grande parte das empresas são
manufactureiras e de pequenos serviços. Já na fase de eficiência, o país tem de explorar
economias de escala, o que favorece a concentração industrial.

70
Finalmente, na fase movida por inovação, a economia passa a ser fortemente
caracterizada por actividades intensivas em conhecimento, o que caracteriza fortemente
a actividade empreendedora. O gráfico abaixo mostra a relação entre a actividade
empreendedora e as fases de desenvolvimento económico de Porter.

Apesar do espírito empreendedor ter sido excluído na teoria de crescimento


económico, muitos economistas postulam que a capacidade empreendedora é vital para
o progresso económico, principalmente com as contribuições de Schumpeter (1934) e
Kirzner (1973).

Schumpeter contribuiu para o estudo das MPME ao recuperar a figura do


empreendedor na economia, apresentando-o como o principal promotor do
desenvolvimento económico graças à sua função de inovador e à sua capacidade de
fazer novas combinações de recursos produtivos (Lambing & Kuehl, 2007). Schumpeter
(1942) expandiu o conceito de empreendedorismo com a introdução da noção de
«destruição criativa», onde demonstrava que o empreendedor, ao incorporar inovações e
novas tecnologias, contribuía para a substituição de produtos e processos ultrapassados.

Assim, o empreendedor não apenas assumia um papel central no avanço e


desenvolvimento da economia e da sociedade como protagonizava também um papel
fundamental na evolução da vida empresarial e na substituição das empresas
estabelecidas por novas organizações mais capazes de aproveitar as inovações. Os
trabalhos de Reynolds (1935) comprovaram a associação entre a destruição criativa e o
crescimento económico.

A limitação dos modelos neoclássicos não se restringe à exclusão do


empreendedorismo nas suas análises. Na década de 80, a partir dos trabalhos de Paul
Romer e Robert Lucas, as teorias de crescimento económico passaram a inserir nos
modelos tradicionais variáveis não necessariamente económicas, como é o caso da
formação do capital humano como um dos principais determinantes de crescimento de
longo prazo (Sala-I-Martin & Mulligan, 2000 e Bleaney & Nishiyama, 2002).

71
Os modelos de crescimento económico tiveram ainda as contribuições de
Romer, de 1987 e 1990, as de Aghion e Howitt, em 1992, e as de Grossman e Helpman,
em 1991. Estes inseriram nos modelos, entre outras coisas, a pesquisa e o
desenvolvimento, a concorrência imperfeita, o governo e o progresso técnico (Tenani,
2004).

Esta evolução na teoria do crescimento económico, com a inserção do capital


humano, da tecnologia e da inovação na função de produção, ofereceu um melhor
arcabouço teórico e científico, visando compreender mais profundamente a evolução do
Produto Interno Bruto (PIB) dos países ao longo do tempo, visto que acrescentaram ao
modelo original variáveis como capital humano e tecnologia/inovação.

Considerado um dos mais novos paradigmas das ciências administrativas


(Bygrave, 1989), o empreendedorismo tem atraído grande interesse. Muito desse
interesse é resultado do entendimento de que as MPME, sob a direcção de
empreendedores, contribuem significativamente para a geração de empregos e
desenvolvimento económico.

Tal percepção, partilhada por economistas, políticos e por uma crescente parcela
da sociedade, é, na verdade, a razão pela qual muitas nações estão a tentar promover a
actividade empreendedora, em reconhecimento das evidências do seu contributo para o
crescimento económico40 e consequentes efeitos no campo social.

Reconhecendo este facto, já em 1993 a Organização das Nações Unidas —


ONU, em assembleia geral, aprovou unanimemente uma resolução reconhecendo o
empreendedorismo como uma força social e económica da maior importância.

O documento apresenta a actividade empreendedora como um elemento-chave


para a melhoria do padrão de vida da população em redor do globo e encoraja os países
membros a criarem programas e implementarem políticas para a promoção do
empreendedorismo entre seus habitantes (Slaughter, 1996).

O empreendedorismo(MPME) tem um impacto positivo pois é apontado como o


responsável pela abertura de novos negócios, impactando directamente na geração de

72
novos empregos e de renda, além de estimular a competitividade, a inovação aumento
da produtividade e diversificação de produtos e serviços.

73
Agradecimento

Primeiramente agradecemos a Deus pelo dom da vida e por nos proteger até
aqui, por nos conceder a força e sabedoria para conseguirmos nos levantar em todos os
momentos dificies da nossa vida, e ainda durante a elaboração do nosso trabalho de fim
de curso;

Ao nosso orientador Manzambi Paulo pela orientação prestada, paciência e


disponibilidade que demonstrou para connosco;

Sem esquecer os nossos pais que desde sempre estiveram connosco a apoiar-nos
nos nossos projectos curricular e na nossa trajectória do insino médio;

Aos caríssimos professores do IPAS que foram muito incríveis; super


profissionais ao longo do nosso do processo de aprendizado; por nos aturarem durante
muito tempo e que esses conhecimentos adquiridos levaremos para toda nossa vida, e
que com a nossa boa imagem levaremos o bom nome da instituição em toda parte que
iremos. O nosso muito obrigado!

74
FOLHA DE APROVAÇÃO

INSTITUTO POLITÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO

CURSO DE FINANÇAS

MODELO DE GESTÃO FINANCEIRA NO CONTEXTO DAS


MPME (ESTUDO DE CASO UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO).

Aprovado em.........../........../2023

BANCA EXAMINADORA

Presidente

__________________________________________________

1º Vogal

___________________________________________________

2º Vogal

____________________________________________________________

75
EPÍGRAFE

O ensino deveria ser assim:


quem o receba o recolha como um dom inestimável,
mas nunca como uma obrigação penosa
(Albert Einstein).

76
SUMÁRIO

FOLHA DE APROVAÇÃO----------------------------------------------------------------- I

BANCA EXAMINADORA------------------------------------------------------------------ II

DEDICATÓRIA------------------------------------------------------------------------------- III

AGRADECIMENTO------------------------------------------------------------------------ IV

EPÍGRAFE------------------------------------------------------------------------------------- V

RESUMO--------------------------------------------------------------------------------------- VI

ABSTRACT----------------------------------------------------------------------------------- VII

LISTA DE TABELAS----------------------------------------------------------------------- VIII

LISTA DE ABREVIATURAS------------------------------------------------------------- IX

INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------- 1

Estrutura do trabalho------------------------------------------------------------------------ 2

Delimitação do tema-------------------------------------------------------------------------- 2

Justificativa------------------------------------------------------------------------------------- 2

Problemática------------------------------------------------------------------------------------3

Hipóteses---------------------------------------------------------------------------------------- 3

Objectivo da pesquisa------------------------------------------------------------------------ 3

Metodologia------------------------------------------------------------------------------------ 3

CAPÍTULO I---------------------------------------------------------------------------------- 4

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA--------------------------------------------------------- 4

1.1-Gestão financeira------------------------------------------------------------------------- 4

1.2-Concitos de gestão------------------------------------------------------------------------ 4

1.3-Finanças------------------------------------------------------------------------------------ 5

1.4-Conceitos de empresa-------------------------------------------------------------------- 5

CAPÍTULO II- Contexto actual das mpme em angola------------------------ 7


2.1- Análise financeira e gestão financeira----------------------------------------------- 7

77
2.2-Objectivo da gestão financeira---------------------------------------------------------- 8
2.2.1-Captar e aplicar recursos financeiros-------------------------------------- 9
2.2.2- Crédito e cobrança------------------------------------------------------------ 9
2.2.3-Contabilidade------------------------------------------------------------------- 9
2.2.4-Análise e planeamento financeiro------------------------------------------ 10
2.2.5-Caixa----------------------------------------------------------------------------- 10
2.2.6-Contas a receber e a pagar-------------------------------------------------- 10
2.3-Funções da gestão financeira---------------------------------------------------------- 11
2.3.1-Planeamento financeiro--------------------------------------------------------------- 11
2.3.2-Aplicação do capital------------------------------------------------------------------- 13
2.3.3-Controle do fluxo de caixa------------------------------------------------------------ 13
2.3.4-Análise de investimento--------------------------------------------------------------- 14
2.3.4.1-PayBack ----------------------------------------------------------------------- 15
2.3.4.1.2-PayBack simples----------------------------------------------------------- 17
2.3.4.1.3-PayBack descontado------------------------------------------------------ 18
2.3.4.2-Valor presente líquido------------------------------------------------------ 20
2.3.4.3-Taxa interna de retorno---------------------------------------------------- 23
2.4-Tarefas da gestão financeira------------------------------------------------------------ 23
2.4.1-Planeamento financeiro------------------------------------------------------- 23
2.4.2-Controle financeiro------------------------------------------------------------ 24
2..4.3-Monitorização financeira---------------------------------------------------- 25
2.5-Principais documentos da gestão financeira----------------------------------------- 25
2.5.1-Fluxo de caixa------------------------------------------------------------------- 25
2.5.1.1-Fluxo de caixa simples------------------------------------------------------ 30
2.5.1.2-Fluxo de caixa descontado------------------------------------------------- 31
2.5.1.3-Fluxo de caixa operacional------------------------------------------------- 31
2.5.1.4-Fluxo de indirecto------------------------------------------------------------ 32
2.5.1.5-Fluxo de caixa livre---------------------------------------------------------- 32
2.5.1.6-Fluxo de caixa projectado-------------------------------------------------- 32
2.5.1.7-Fluxo de caixa incremental------------------------------------------------ 33
2.5.1.8-Fluxo de caixa diário-------------------------------------------------------- 33
2.6-Demostração de Resultado-------------------------------------------------------------- 38
2.6.1-Noções de demonstração financeira---------------------------------------- 38
2.6.2-Demonstração de resultado do exercício---------------------------------- 38

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2.7-Balanço-------------------------------------------------------------------------------------- 40
2.7.1-Noções de balanço-------------------------------------------------------------- 47
2.8-Gestão de contas a receber e a pagar-------------------------------------------------- 52
2.8.1-Contas a receber---------------------------------------------------------------- 52
2.8.2-Contas a pagar------------------------------------------------------------------ 53
2.9-Relação entre finanças e contabilidade----------------------------------------------- 53
2.10-Indicadores financeiros----------------------------------------------------------------- 55
2.10.1-Vantagens e Desvantagens de rácios financeiros----------------------- 56
2.10.1.1-Tipos de rácios-------------------------------------------------------------- 57
2.11-As MPMES em Angola----------------------------------------------------------------- 60
2.11.1-Principais características das MPMEs----------------------------------- 61
2.11.2-Papel das MPMEs no desenvolvimento socioeconómico de Angola-62
2.11.3-Programas actuais de desenvolvimento das MPMEs em Angola--- 63
2.11.3.1-PRODESI-------------------------------------------------------------------- 63
2.11.3.2-PAC--------------------------------------------------------------------------- 65
2.11.3.3-INAPEM--------------------------------------------------------------------- 66
2.12-Impacto da MPMEs no desenvolvimento socioeconómico de Angola ------- 66

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Dedicatória

Dedicamos o nosso trabalho aos nossos queridos, hérois, guereiros, incansáveis “PAIS”

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