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REVISTA ACADÊMICA SÃO MARCOS

FLUXO DE CAIXA – PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO


UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA NO RAMO DE
VENDAS DE MOTOCICLETAS

Letícia Antonini Castro 1


Cilane da Rosa Vieira 2

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo propor a implantação de um controle de


fluxo de caixa como ferramenta de controle financeiro em uma empresa no
ramo de vendas de motocicletas, visando obter melhoria na organização e
controle deste setor, subsidiar a tomada de decisão e obter melhores
resultados. A problemática a ser analisada é a ausência de controle financeiro
da empresa, bem como evidenciar a importância do planejamento financeiro
para o sucesso dos negócios na organização. Para possibilitar o atendimento
do objetivo geral e objetivos específicos propostos neste trabalho, foi
estruturado um referencial teórico com informações e conhecimentos de
princípios relevantes aos assuntos inerentes ao tema. Quanto aos fins, para
atingir os propósitos da pesquisa, foi realizada de forma exploratória, descritiva
e explicativa e os instrumentos adotados para a realização da pesquisa foram
através dos documentos da empresa, bibliografias citadas e estudo de caso. A
empresa em questão atua no ramo de vendas de motocicletas novas e usadas
em sua sede na cidade de Cachoeirinha. O estudo foi realizado
especificamente no setor financeiro da empresa no período de janeiro a
dezembro de 2010. Destaca-se que é fundamental a consolidação e o cuidado
com a área financeira da empresa, a fim de garantir o sucesso e
desenvolvimento da organização.

Palavras-chave: Fluxo de Caixa. Planejamento Financeiro. Controle


Financeiro.

1. INTRODUÇÃO

O planejamento e controle financeiro apresentam uma das principais


atividades das empresas que buscam obter melhores resultados perante seus
concorrentes e que almejam destaque diante de um cenário cada vez mais
competitivo.
Com o objetivo de tornar-se cada vez mais competitiva no mercado dos
negócios, as empresas buscam em primeiro lugar estruturar o seu
departamento financeiro. Um planejamento financeiro constitui-se em
instrumento para que a empresa possa ter agilidade e segurança em suas

1
Bacharel em Administração pela Faculdade Luterana São Marcos
2
Mestre em Econômica do Desenvolvimento pela PUC-RS e professora da Faculdade Luterana São
Marcos, e-mail: cvieira@saomarcos.br.

RASM, Alvorada, ano 2, n. 1, p. 41-69, jan./jun. 2012


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atividades financeiras e assegurar aos sócios a realidade da situação


econômica da empresa.
O fluxo de caixa é uma ferramenta essencial para o controle financeiro
das empresas, pois auxilia na previsão, visualização e controle das
movimentações, permite um gerenciamento adequado de controle de entradas
e saídas de recursos monetários. Através deste instrumento o administrador
financeiro pode antecipar-se quanto às necessidades ou excessos de recursos
e definir um planejamento quanto às atividades de financiamento ou
investimento, obtendo assim melhor desempenho.
Por meio do controle de fluxo de caixa, as empresas podem: avaliar se
as vendas serão suficientes para honrar compromissos; planejar o momento
ideal para reposição de estoque; verificar a necessidade de realizar
promoções; identificar redução ou aumento de preços dos produtos; verificar se
é ou não possível conceder prazos de pagamentos aos clientes; identificar
possibilidade de compras a vista; identificar necessidade de obter empréstimos
de capital de giro; antecipar decisões quanto às sobras ou faltas de caixa. Ou
seja, a empresa pode se beneficiar de diversos aspectos quando desfruta de
um planejamento bem estruturado.
De modo geral, os dados devem ser constantemente atualizados e
analisados periodicamente, para garantir um bom gerenciamento do fluxo de
caixa, que tem como principal objetivo preservar a saúde financeira da
empresa.
O controle dos fluxos de caixa é muito importante para a eficiência
gerencial financeira das empresas sejam elas: micro, pequenas, médias ou
grandes. Toda organização, independente do seu porte ou ramo de atividade,
necessita de um planejamento de suas finanças. O fluxo de caixa é
extremamente importante para as empresas, para que tenha visibilidade da
movimentação dos recursos monetários. Um controle seguro e eficaz é obtido
através da aplicação sistemática do fluxo financeiro permitindo ainda obter
respostas rápidas quanto aos volumes/valores das entradas e saídas de
recursos financeiros.
A empresa em estudo é uma microempresa que atua no segmento
comercial, e seu faturamento é basicamente o resultado de suas vendas. A
necessidade de organizar o setor financeiro tem sido prioridade dos
administradores; a empresa sofre com a ausência de um controle de caixa,
pois as informações das disponibilidades de recursos são necessárias para a
tomada de decisão nos negócios. É através destas informações que a empresa
adotará decisões de compra e investimentos. Portanto, torna-se indispensável
a aplicabilidade de instrumentos de controle financeiro.
Em geral, toda organização que deseja prosperar, deve ter o setor
financeiro estruturado e bem dirigido. A empresa em questão apresenta
claramente a necessidade de reorganização deste departamento, já que a falta
de planejamento financeiro é um dos principais fatores que rumam empresas à
falência. A empresa está motivada em adotar estratégias e ferramentas de
gestão financeira para obter o controle adequado de suas ações aguardando
com expectativa a conclusão desta pesquisa.
Este trabalho foi desenvolvido em uma empresa no ramo de vendas de
motocicletas, em sua sede na região Metropolitana de Porto Alegre, no setor
financeiro, com o objetivo de obter o controle de entradas e saídas de recursos

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financeiros. A empresa, objeto de estudo deste trabalho, está enfrentando
dificuldades na estruturação deste setor, tem percebido que falta um
instrumento que permita ao administrador financeiro planejar e organizar os
recursos financeiros da empresa. A empresa não tem registro de suas
movimentações, não apresenta demonstrativos da geração de caixa, o que
gera impossibilidade de se planejar e gerar informações confiáveis. A empresa
não sabe antecipadamente quando será necessário um financiamento, optando
por operações bancárias menos vantajosas, onde os juros são maiores como,
cheque especial, desconto de duplicatas. A falta de planejamento do setor
financeiro, afeta a empresa no sentido de não ter controle de suas entradas e
saídas, o que impede os administradores de terem conhecimento do resultado
mensal de suas operações financeiras e planejamentos futuros.
Portanto, a questão problemática é: Como a utilização de uma
ferramenta financeira pode contribuir para melhorar o desempenho da
empresa?
O presente estudo tem por objetivo propor a implantação de um fluxo de
caixa na empresa, para que a empresa possa usufruir de um instrumento que
proporcione melhores condições de planejamento e controle de seus recursos.
Visto que, a empresa apresenta carência na administração de suas finanças e
a falta de planejamento e controle constitui a problemática a ser analisada. O
fluxo de caixa torna-se um instrumento indispensável para a estratégia
empresarial, viabilizando a tomada de decisões e proporcionando agilidade e
segurança aos usuários.
Em suma, o objetivo geral consiste em propor ações e o emprego de
ferramentas voltadas à administração financeira, para usufruir de um processo
que permita obter o controle de entradas e saídas de recursos da empresa.
E quanto aos objetivos específicos, este trabalho tratará de:
 Verificar o processo atual adotado pelo setor financeiro para contro-
le de ingressos e saídas de recursos;
 Identificar os pontos chaves do processo;
 Avaliar as variáveis mais significativas envolvidas no processo atual
da gestão financeira;
 Propor ações que permitam obter o controle financeiro da empresa.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Administração Financeira

A Administração Financeira compreende uma tarefa de suma


importância para as empresas em todos os tipos de negócios. Segundo Gitman
(2010, p. 3), os princípios básicos de finanças são aplicáveis a empresas de
todos os tipos. O autor define finanças como “a arte e a ciência de administrar
o dinheiro”.
Conforme Brigham e Houston (1999, p. 24), “o objetivo principal da
administração financeira deve ser o de maximizar a riqueza dos acionistas e
isso significa maximizar o preço das ações da empresa. Entretanto, medidas
que maximizam o preço das ações também aumentam o bem-estar social”.
Assaf Neto (2003) ratifica, o principal objetivo da administração

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financeira, na tomada de decisão, é maximizar a riqueza de seus proprietários,


toda atividade empresarial envolve recursos financeiros e se volta para a
obtenção de lucros e alocação eficiente desses recursos na empresa.
Para Zdanowicz (2004, p. 22), a administração financeira “constitui-se a
gerência do conjunto de operações destinadas à formação de recursos
financeiros necessários ao pagamento dos fatores de produção ou de serviços
e sua distribuição, assim como da distribuição decorrentes das transações
comerciais da empresa”.
A administração financeira está voltada para o planejamento e controle
eficiente dos recursos da empresa, no que diz respeito à captação, aplicação e
distribuição destes recursos, a fim de que esteja de acordo com os objetivos e
metas da organização, Zdanowicz (2004).
Sanvicente (1997) caracteriza a função financeira em duas áreas: de
investimento e de financiamento.
 Investimento: onde, a prioridade é a avaliação e escolha de apli-
cação de recursos nas atividades da empresa, integra ainda um conjunto de
decisões visando dar à empresa a base necessária em termos de ativos, para
alcançar os objetivos da empresa.
 Financiamento: neste caso, o enfoque é definir e alcançar uma
base ideal em termos de captação de recursos.

2.2 Gestão Financeira

A gestão financeira prioriza o controle de caixa nas empresas, de forma


a permitir a tomada de decisões em termos de programação financeira. Para
Quintana (2009), a demonstração dos fluxos de caixa, além de ser um
importante documento contábil, pode contribuir de forma expressiva para a
gestão financeira, pois grande parte dos fatos que ocorrem nas empresas
envolve a movimentação de recursos financeiros. Por isso, a gestão financeira
acaba tornando-se um elemento indispensável no processo de gestão de
empresas.
Neste aspecto, a importância da gestão financeira encontra-se,
conforme Zdanowicz (apud QUINTANA, 2009), na responsabilidade pela
gerência das operações relativas à formação de recursos financeiros que serão
utilizados para o pagamento dos fatores de produção ou de serviços e à
distribuição desses recursos.
Portanto, Braga (apud QUINTANA, 2009, p. 15) afirma que, “as
projeções dos fluxos de entradas e de saídas de numerário constituem um
instrumento imprescindível na administração de disponibilidades”.
A gestão financeira vem passando por uma significativa evolução nos
últimos anos. Segundo Vieira (apud QUINTANA, 2009, p. 101) “muita energia
tem sido empregada no desempenho de novos conceitos, ferramentas e
instrumentos, visando capacitar os executivos a tomar melhores decisões e
implementar programas que criem riqueza para os proprietários”.

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2.3 Administrador Financeiro

O Administrador financeiro é responsável por uma das funções mais


importantes da empresa. O fluxo de caixa como ferramenta de planejamento e
controle é um dos instrumentos mais utilizados pelas empresas, segundo
Zdanowicz (2004, p. 28):
O fluxo de caixa é o instrumento mais importante para o
administrador financeiro, pois, através dele, planeja as
necessidades ou não de recursos financeiros a serem captados
pela empresa. De acordo com a situação econômico-financeira
da empresa, ele irá diagnosticar os objetivos máximos de
liquidez e de rentabilidade para o período em apreciação, de
forma quantificada em função das metas propostas.

Para Gitman (2010, p. 4), a administração financeira está diretamente


relacionada às atribuições dos administradores financeiros. Segundo o autor,
os administradores financeiros “são responsáveis pela gestão dos negócios
financeiros de organizações de todos os tipos – financeiras ou não, abertas ou
fechadas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos”. Realizam as
diversas tarefas financeiras, tais como: “planejamento, concessão de crédito,
avaliação de propostas que envolvam grandes desembolsos e captação de
fundos para financiar as operações das empresas”, ou seja, os administradores
estão cada vez mais envolvidos com o desenvolvimento das estratégias
empresariais que visam o crescimento da organização.
O administrador financeiro ou qualquer que seja o título do cargo (diretor
financeiro, tesoureiro, controlador, etc.) é o agente ou grupo de agentes que
preocupam-se com a obtenção de recursos monetários para que a empresa
possa desenvolver e expandir suas atividades. Também é responsável pela
análise eficiente da qual os recursos obtidos são utilizados dentro da
organização, segundo Sanvicente (1997).
Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p. 28) acreditam que, “a tarefa mais
importante de um administrador financeiro seja criar valor a partir das
atividades de orçamento de capital, financiamento e liquidez da empresa”, ou
seja, a empresa deve originar um fluxo de caixa maior do que o volume de
recursos utilizados.
Segundo Archer e D’ambrosio (apud SANVICENTE, 1997, p. 21), “... a
função financeira compreende os esforços despendidos objetivando a
formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos
dos proprietários, das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que
possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”.
Para Gitman (2010), o administrador financeiro tem a responsabilidade,
além de envolver-se constantemente com a análise e o planejamento
financeiro, de tomar decisões de investimento e financiamento. As de
investimento determinam a combinação e os tipos de ativos mantidos pela
empresa e, as de financiamento determinam a combinação e os tipos de
financiamento usados pela empresa.
Gitman (2010, p. 27) enfatiza que “o administrador financeiro deve
entender o ambiente econômico e apoiar-se fortemente no princípio econômico
da análise marginal, ao tomar decisões, ele utiliza a contabilidade, mas
concentra-se nos fluxos de caixa e na tomada de decisões”.

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2.4 Planejamento e Controle Financeiro

O planejamento financeiro constitui um exercício importante dentre as


atividades da empresa, pois estabelece um mapa para orientação, a
coordenação e o controle das ações que a empresa tomará para atingir seus
objetivos e metas, Gitman (2010).
A importância do planejamento financeiro, segundo Gitman (apud
CAMPOS FILHO, 1999, P. 17):
O planejamento de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não
se saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações ou
quando se necessitará de financiamentos bancários. Empresas que
continuamente tenham falta de caixa ou que necessitem de empréstimos de
última hora, poderão perceber como é difícil encontrar bancos que as
financiem.
Sanvicente (1997, p. 208) menciona que “ao planejar uma empresa
procura formular de maneira explicita as tarefas a serem cumpridas e prever a
obtenção de recursos necessários para isso, dentro de uma limitação
específica de prazo”. Quanto ao controle, o autor destaca que “para controlar é
preciso registrar os resultados que vão ocorrendo durante a execução dos
planos e orçamentos”.
Segundo Zdanowicz (2004, p. 50), a experiência tem comprovado que
“as dificuldades financeiras, principalmente as que embaraçam as micro e as
pequenas empresas, parecem decorrer das ausências do planejamento e do
controle de suas atividades operacionais”.
Gitman (2010) destaca que o processo de planejamento financeiro pode
ser dividido em dois planos, os planos financeiros de longo prazo (estratégicos)
e os planos financeiros de curto prazo (operacionais).
Os planos financeiros de longo prazo (estratégicos) expressam, segundo
Gitman (2010, p. 106), “as ações financeiras planejadas por uma empresa e o
impacto previsto dessas ações ao longo de períodos que vão de dois a dez
anos”.
Para Zdanowicz (2004), o fluxo de caixa pode ser projetado em função
do tempo, a longo prazo que deve atender as questões de investimento em
itens do ativo permanente.
Gitman (2010, p. 107) define os planos financeiros de curto prazo
(operacionais): “especificam ações financeiras de curto prazo e de impacto
previsto. Esses planos geralmente cobrem períodos de um a dois anos”.
Para Zdanowicz (2004), o fluxo de caixa elaborado a curto prazo serve
para atender às finalidades da empresa, principalmente a de capital de giro.

2.5 Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é uma ferramenta primordial para planejamento e


controle financeiro, que auxilia o administrador na tomada de decisões, pois
demonstra a situação financeira da empresa em determinado período.
Conforme Zdanowicz (2004, p. 40), conceitua o fluxo de caixa de uma
empresa “ao conjunto de ingressos e desembolsos de numerários ao longo de
um período determinado”. De forma mais sintética, Zdanowicz (2004, p. 40)

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define o fluxo de caixa como “o instrumento de programação financeira, que
corresponde às estimativas de entradas e saídas de caixa em certo período de
tempo projetado”.
Azevedo (2009, p. 36) define: “fluxos de caixa são entradas e saídas de
caixa e equivalentes de caixa” e define equivalentes de caixa como:
“aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente
conversíveis em caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de
mudança de valor”.
Para Berti (apud QUINTANA, 2009, P. 16), “é um instrumento
administrativo que registra (relaciona) as entradas e saídas de recursos
provenientes das atividades de uma empresa, num período de tempo”, assim
sendo possível identificar com antecedência a necessidade de recursos para a
empresa.
Quintana (2009, p. 16) destaca que “a falta de controle de caixa pode
causar uma falha em suas operações, por isso constitui-se em um elemento
básico e indispensável para o administrador, sendo de grande importância
também, para avaliar a posição financeira da empresa”.
Neste contexto, Assaf Neto e Silva (apud QUINTANA, 2009, p. 16) define
o fluxo de caixa como “um instrumento que possibilita o planejamento e o
controle dos recursos financeiros de uma empresa, sendo, em nível gerencial,
indispensável em todo o processo de tomada de decisões financeiras”.
Para Iudícibus, Martins e Gelbcke (apud QUINTANA, 2009, p. 20), o
objetivo primário da demonstração dos fluxos de caixa “é prover informações
relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma
empresa, ocorridos durante um determinado período”, facilitando o processo de
administração dos recursos disponíveis na empresa.
O objetivo principal da demonstração dos fluxos de caixa, conforme
Azevedo (2009, p. 19), é a de “oferecer aos usuários informações relevantes
sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa de uma entidade num
determinado período ou exercício, no sentido de evidenciar/tornar transparente
a situação financeira da empresa”. O autor acrescenta que, por meio do
controle do fluxo de caixa e seus equivalentes, a empresa pode se programar
para efetuar suas compras, bem como ajudará a elaborar os vencimentos de
suas faturas para datas em que provavelmente terá caixa, visando evitar
descontos de duplicatas, contratação de empréstimos, juros por atraso etc.
Zdanowicz (2004, p. 23) menciona o objetivo básico do fluxo de caixa: “a
projeção das entradas e saídas de recursos financeiros para determinado
período visando prognosticar a necessidade de captar empréstimos ou aplicar
excedentes de caixa nas operações mais rentáveis da empresa”.
Para Matarazzo (1998), os principais objetivos do fluxo de caixa, de uma
forma resumida são avaliar as alternativas de investimentos e analisar a
situação financeira da empresa, a fim de evitar uma situação de iliquidez.
De acordo com Zdanowicz (2004), o tesoureiro é responsável pelo
dinheiro, pelo direcionamento dos recursos e duplicatas. Ao caracterizar-se o
fluxo de caixa deve-se levar em conta quais os tipos de recursos que
ingressam no caixa e de qual maneira eles são desembolsados, para então,
realizar-se a análise dos fluxos de recursos da empresa.
Para Frezatti (1997), em algumas organizações, o fluxo de caixa serve
como instrumento tático, e em outras, o alcance é maior, ou seja, sua utilização

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é estratégica. A abordagem tática refere-se a um uso restrito e de


acompanhamento do fluxo de caixa aparecendo como um cumpridor de
determinações mais amplas e complexas quando a empresa já possui um
escopo mais definido em termos estratégicos e quer apenas manter o foco. A
abordagem estratégica é aquela que afeta o nível dos negócios da empresa no
curto prazo, e principalmente no longo prazo. Assim, o fluxo de caixa tem efeito
sobre questões ligadas às decisões realmente estratégicas da empresa.

2.5.1 Equilíbrio e Desequilíbrio Financeiro

A importância do fluxo de caixa também está na abrangência de sua


interferência, pois não somente a área financeira deve estar comprometida com
os resultados de caixa, mas também as demais áreas da empresa, conforme
destaca Assaf Neto e Silva (apud QUINTANA, 2009).
São características das empresas equilibradas financeiramente,
conforme Zdanowicz (2004):
 Há permanente equilíbrio entre os ingressos e desembolsos de
caixa;
 Tende a aumentar a participação do capital próprio, em relação ao
capital de terceiros;
 É satisfatória a rentabilidade do capital empregado;
 Nota-se uma menor necessidade de capital de giro;
 Há uma tendência em aumentar o índice de rotação de estoques;
 Há tendência de estabilidade nos prazos médios de recebimento
e pagamento;
 Não há imobilizações excessivas de capital, nem ela é insuficiente
para o volume necessário de produção e comercialização;
 Não há falta de produtos prontos ou mercadorias para o atendi-
mento das vendas.
Hope e Leite (apud CAMPOS FILHO, 1999, p. 23) destaca a importância
do equilíbrio financeiro: “As dificuldades financeiras nascem da disritmia entre
entradas e saídas de caixa, que somente podem ser detectadas pelo minucioso
estudo de uma coleção de demonstrativos do fluxo de caixa. O ritmo das
entradas de caixa provenientes das operações deve estar coerente com os
desembolsos por elas provocados e com a cobertura do serviço da divida. O
ritmo dos investimentos deve estar coerente com a disponibilidade de fundos
levantados junto a acionistas, credores de longo prazo ou acumulado pelas
próprias operações (financiamentos).”
Zdanowicz (2004) destaca alguns fatores que causam o desequilíbrio
financeiro:
 Excesso de investimento em estoque;
 Prazo de recebimento maior que prazo de pagamento;
 Excesso de imobilizações;
 Inflação monetária;
 Recessão econômica;
 Captação sistemática de recursos de terceiros.

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2.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa

Para Marion (2002), a demonstração dos fluxos de caixa proporciona ao


gestor financeiro a condição para elaborar um planejamento financeiro de
melhor qualidade, pois não é recomendável um excesso de caixa, mas o
estritamente necessário para que a empresa possa honrar com seus
compromissos, visto que, com o planejamento financeiro. Dessa maneira, o
gerente identificará o momento correto para contrair empréstimo para suprir a
insuficiência de recursos, bem como aplicar no mercado financeiro o excedente
de caixa, visando maior rentabilidade para a empresa.
Quintana (2009) destaca a importância da demonstração do fluxo de
caixa para o controle financeiro, pois, além de servir como um demonstrativo
contábil, pode ser utilizado como um instrumento de gestão, em decorrência de
gerar informações efetivas, em termos de fluxo de caixa, em determinado
período.
Conforme Ribeiro (apud QUINTANA, 2009, p. 19), “é um relatório
contábil que tem por fim evidenciar as transações ocorridas em um
determinado período e que provocaram modificações no saldo da conta caixa”,
pois trata-se de uma demonstração que sintetiza os fatos administrativos que
envolvem fluxo de recursos.
Azevedo (2009) argumenta que pela demonstração dos fluxos de caixa,
o administrador pode esclarecer qual atividade está gerando maior entrada de
recursos e qual está contribuindo menos com a empresa, bem como identificar
a atividade que mais absorve os recursos da empresa.
A demonstração do fluxo de caixa poderá ser elaborada e apresentada
por dois métodos, conforme Azevedo (2009): método direto e método indireto.
 Método Direto: Esse método tem por objetivo discriminar todas as
entradas (origens) e saídas (aplicações) de recursos, para efeito de justificar a
variação de caixa.
O método direto, conforme descrito por Iudícibus, Martins e Gelbcke
(apud QUINTANA, 2009), identifica as entradas e saídas de dinheiro dos
principais componentes das atividades operacionais, resultando, ao final, em
volume liquido de caixa consumido pelas operações da empresa.

 Método Indireto: Esse método, parte do lucro líquido do exercício,


regime de competência, efetuando-se alguns ajustes de valores, para efeito de
justificar a variação encontrada no caixa.
De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (apud QUINTANA, 2009), o
método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas
operações permitindo que o usuário avalie quanto do lucro está sendo
transformado em caixa a cada período.
O quadro a seguir representa a estrutura da demonstração dos fluxos de
caixa pelo método indireto, conforme Quintana (2009):
Quintana (2009) esclarece a diferença entre o método direto e o método
indireto:
A diferença efetiva existente entre o método direto e o indireto
é a estruturação do fluxo de caixa das atividades operacionais,
pois, no indireto, o resultado do período é ajustado pelas
despesas e receitas que não interferem diretamente no caixa

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ou equivalentes. No método direto, todos os pagamentos e


recebimentos relativos aos fluxos de atividades operacionais
das empresas são demonstrados. Em consequência, pode-se
afirmar que os fluxo das atividades de investimento e de
financiamento são iguais tanto no método direto como no
indireto. (2009, p. 27)

2.6.1 Vantagens e Desvantagens entre Métodos

Os dois métodos são considerados ótimos, segundo Azevedo (2009),


porque geram informações importantes sobre o caixa, lembrando que o
resultado final é idêntico, nos dois métodos, nas três atividades: operacionais,
investimentos e financiamentos, pois mostram por onde os recursos entraram
na empresa e quais foram os caminhos tomados para saídas destes recursos.
Campos Filho (1999) destaca algumas vantagens do método direto:
 Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebi-
mentos e pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais;
 Permite que a cultura de administrar pelo caixa seja introduzida
mais rapidamente nas empresas;
 As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.
O autor destaca algumas desvantagens do método direto:
 O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos.
 A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e finan-
ceira, em usar as partidas dobradas para classificar os recebimentos e paga-
mentos.
Vantagens do método indireto, segundo Campos Filho (1999):
 Apresenta baixo custo: utiliza-se os balanços patrimoniais, do iní-
cio e do final do período, a demonstração de resultados e informações da con-
tabilidade;
 Concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido,
mostrando suas diferenças.
O autor destaca como desvantagem do método indireto:
 O tempo necessário para gerar informações pelo regime de com-
petência e depois convertê-las ao regime de caixa, pode trazer surpresas de-
sagradáveis e tardiamente.

2.6.2 Fluxo de Caixa Realizado X Projetado

De acordo com Azevedo (2009), a empresa elabora a demonstração do


fluxo de caixa para evidenciar o fluxo de caixa realizado e o fluxo de caixa
projetado.
Entende-se que fluxo de caixa realizado refere-se às movimentações
reais de todas as entradas e saídas de recursos financeiros, através do caixa e
equivalentes, dentro de um período determinado.
De forma conceitual, Zdanowicz (apud QUINTANA, 2009, P. 16) afirma
que “denomina-se por fluxo de caixa projetado ao conjunto de ingressos e
desembolsos de numerários ao longo de um período projetado”, que serve para
representar a situação financeira da empresa.

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O fluxo de caixa projetado, conforme conceitua Azevedo (2009), refere-
se à projeção de orçamento empresarial, em que estão previstas as receitas e
as despesas de um período determinado. Desta forma, identificam-se as
insuficiências ou excessos de recursos financeiros num período
determinado/projetado, também se identifica necessidades de investimento,
financiamentos ou aplicações destes recursos em caso de excessos. Através
do fluxo de caixa projetado é possível planejar pagamentos, diante de uma
programação financeira eficaz por um período determinado.

2.7 Principais Transações que Afetam o Caixa

Zdanowicz (2004) destaca fatores internos e externos que causam


alterações nos saldos de caixa:

2.7.1 Quanto aos Fatores Internos

Todas as áreas financeiras estão ligadas à administração


financeira, uma vez que as tomadas de decisões estão diretamente
relacionadas a situação financeira da empresa. Neste contexto, se faz
necessário e preciso um controle eficiente e participação constante nas
decisões com repercussão financeira. Zdanowicz (2004) destaca as principais:
 Alteração na política de vendas: A área financeira deve ter conhe-
cimento das decisões tomadas pelo departamento de vendas, pois estas deci-
sões podem repercutir no fluxo de caixa da empresa, uma vez que determina
os prazos de pagamento e recebimento. Outras decisões como despesas com
propaganda, publicidade e pagamento de comissões aos vendedores, necessi-
tam da participação do administrador financeiro.
 Decisões na área de produção: As decisões quanto a aquisição
de máquinas e equipamentos, devem ser tomadas juntamente com a área fi-
nanceira, que vai analisar as disponibilidades existentes.
 Política de compras: Os prazos concedidos pelos fornecedores
devem ser analisados e comparados com os prazos de recebimentos de clien-
tes, visando evitar um descompasso entre ingressos e desembolsos de caixa.
Os descontos oferecidos pelos fornecedores merecem uma análise imediata,
para que a empresa possa usufruir das vantagens financeiras oferecidas pelo
mercado.
 Política de pessoal: Decisões quanto às admissões, demissões e
política salarial e de treinamento, devem ser tomadas paralelamente com o se-
tor financeiro, devido aos aumentos que podem representar no fluxo de caixa
da empresa.

2.7.2 Quanto aos Fatores Externos

Vários são os fatores externos que influenciam a área de finanças e os


fluxos de caixa da empresa. Zdanowicz (2004) destaca os principais, que
devem ser analisados pelo administrador financeiro no planejamento e controle

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do fluxo de caixa:
 Desaquecimentos da demanda ocasionada por uma redução es-
tacional, ou cíclica da atividade econômica, repercutindo diretamente na receita
operacional da empresa. Exigem medidas imediatas de precaução para pre-
servar a liquidez da empresa.
 Fase de expansão: a pressão é exercida sobre a capacidade pro-
dutiva da empresa, exigindo maior volume de capital de giro e imobilizações;
 Atraso dos clientes: neste fator, os desembolsos de caixa são co-
bertos pelos valores em disponibilidade, o controle dos recebimentos da em-
presa deve ser rigoroso, para que seja verificado a tempo a inadimplência por
parte dos clientes.
 Nível de preço: os níveis de preços são determinados pelo mer-
cado e tem grande influência sobre o fluxo de caixa.
 Atraso na entrega de produtos: reflete diretamente nos ingressos
de caixa, pelo atraso no faturamento e no retorno dos recursos aplicados. O
administrador financeiro deve interferir para que o fluxo de recursos seja resta-
belecido.
 Alterações das alíquotas e criação de novos tributos, podem cau-
sar alterações no fluxo de caixa das empresas.

2.7.3 Ciclo de Caixa

Partindo da análise do fluxo de caixa pode-se avaliar o deslocamento


dos recursos financeiros da empresa. Para Zdanowicz (2004), partindo-se do
disponível (caixa, bancos e aplicações) pode-se verificar os caminhos
percorridos pelos valores monetários na empresa, principalmente operações
que aumentam ou diminuem o caixa da empresa. O autor classifica os ciclos de
caixa em:
 Regulares: são entradas e saídas de recursos financeiros que fa-
zem parte da rotina da empresa como, recebimento de vendas e pagamentos
de salários a funcionários da empresa;
 Razoavelmente regulares: são ingressos e desembolsos que
ocorrem de tempo em tempo tais como: compras de matérias-primas e secun-
dárias, amortização de empréstimos ou financiamentos, etc.
 Irregulares: são todas as contribuições de recebimento ou paga-
mento pela empresa de forma inesperada, sem prévio planejamento, como:
compra a vista de item do ativo imobilizado (reposição de peça), pagamento de
ação trabalhista ou multa fiscal pela empresa.

2.8 Planejamento do Fluxo de Caixa

Zdanowicz (2004, p. 125) destaca que “o processo de planejamento do


fluxo de caixa da empresa, consiste em implantar uma estrutura de informação
útil, prática e econômica. A proposta é dispor de um mecanismo seguro para
estimar os futuros ingressos e desembolsos de caixa na empresa”. O autor
expressa o fluxo de caixa projetado pela seguinte equação: saldo final de caixa
é igual ao somatório do saldo inicial de caixa e dos ingressos deduzidos os

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desembolsos.
A importância do planejamento se dá, pois a empresa poderá saber
antecipadamente as necessidades de saldo de caixa para que possa atender
seus compromissos dentro dos prazos previamente estipulados. Ou realizar
aplicações com base na liquidez, na rentabilidade e nos prazos, Zdanowicz
(2004).
Para Frezatti (1997), é importante a empresa trabalhar com um prazo
mínimo de planejamento de três meses. O fluxo de caixa mensal deverá
transformar-se em semanal e este em diário. O modelo diário fornecerá a
posição dos recursos em função dos ingressos e desembolsos de caixa,
tornando-se instrumentos de planejamento e controle financeiro para a
empresa.
O período determinado para o planejamento do fluxo de caixa depende
do tamanho e ramo de atividade da empresa. A tendência é para estimativas
com prazos curtos (diário, semanal ou mensal) quando as atividades estão
sujeitas a grandes oscilações, enquanto as empresas que apresentam volume
de vendas estável, preferem projetar o fluxo de caixa para períodos longos
(trimestral, semestral ou anual). A finalidade do planejamento também influi no
período de abrangência. Por exemplo, em um programa de investimento
intensivo por parte da empresa, torna-se conveniente um planejamento mais
detalhado, em referência a um prazo menor, do que o utilizado para dar uma
ideia aproximada da projeção dos saldos mensais durante o exercício,
Zdanowicz (2004).
Zdanowicz (2004) destaca que, o planejamento de fluxo de caixa em
longo prazo dispensa a apresentação de muitos detalhes, pois tem em vista
apenas relacionar alterações significativas nos futuros saldos de caixa da
empresa. De acordo com os planos de ação aprovados pela direção, deverão
resultar de expansão ou modernização da capacidade de produção e/ou
comercialização, lançamento de novas linhas de produtos e crescimento
almejado da empresa dentro de um ou três anos, ou em futuro próximo. O
autor destaca ainda que o objetivo é demonstrar a possibilidade de serem
geradas as disponibilidades de caixa e deverão indicar as épocas em que
hajam indisponibilidades de recursos, para que o administrador financeiro fique
apto a:
 Incluir no planejamento de caixa, o montante dos empréstimos ou
financiamentos com que a empresa deverá a curto, médio e longos prazos;
 Prever aumento de capital social, mediante aproveitamento de re-
servas ou subscrição de novas ações;
 Analisar os efeitos de cada uma dessas maneiras de obter maio-
res recursos;
 Determinar, para a alta administração, os projetos que poderão
ser executados e quais deverão ser imediatamente abandonados.

2.8.1 Mapas Auxiliares do Fluxo de Caixa

A utilização de mapas auxiliares são ferramentas muito úteis para a


elaboração do fluxo de caixa. Zdanowicz (2004) destaca a importância desses
mapas, no sentido de que, quanto mais organizada for a empresa, maior a

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quantidade de instrumentos gerenciais, sem cair em exagero, tornando o


sistema muito mais prático e menos burocrático. O autor destaca alguns mapas
auxiliares mais utilizados: recebimento de vendas a prazo, recebimento das
vendas a prazo com atraso, pagamentos de contas a prazo, despesas
administrativas, despesas de vendas e despesas financeiras.
Os mapas auxiliares são tabelas que se emprega para elaboração do
fluxo de caixa. Para Zdanowicz (2004), existem diversos modelos de mapas
auxiliares, que poderão ser utilizados para melhor planejamento do fluxo de
caixa. Cabe salientar que quanto mais organizada for a empresa em suas
atividades operacionais, maior será o numero de mapas/tabelas utilizadas. O
autor destaca os principais mapas utilizados pelas empresas:
 Recebimento de vendas a prazo;
 Recebimento de vendas a prazo com atraso;
 Pagamentos de contas a prazo;
 Despesas administrativas;
 Despesas de vendas;
 Despesas financeiras.

A quantidade mapas auxiliares pode variar dependendo do porte e


atividade da empresa.

2.9 Implantação do Fluxo de Caixa

A implantação do fluxo de caixa, segundo Zdanowicz (2004), consiste


em apropriar os valores fornecidos por todas as áreas da empresa de acordo
com o período que deverão ocorrer os ingressos e desembolsos. Desta forma,
o principal item a ser levado em consideração é a apropriação de valores, nas
determinadas épocas em que ocorrerão os recebimentos e pagamentos de
recursos pela empresa.
A implantação do fluxo de caixa, de acordo com Zdanowicz (2004, p.
133), “consiste essencialmente em estruturar as estimativas de cada unidade
monetária em dois grandes itens: o planejamento dos ingressos e o
planejamento dos desembolsos”
A implantação do fluxo de caixa requer alguns requisitos, Zdanowicz
(2004) destaca os principais:
 Apoio da direção da empresa;
 Organização da estrutura da empresa definindo de forma clara os
níveis de responsabilidade de cada área;
 Integração dos setores da empresa ao sistema do fluxo de caixa;
 Definição do sistema de informação, quando à qualidade e os
formulários a serem utilizados, periodicidade e os responsáveis pela elabora-
ção das projeções;
 Treinamento dos funcionários envolvidos diretamente na implan-
tação do fluxo de caixa na empresa;
 Criação de um manual de operações financeiras;
 Comprometimento dos responsáveis pelos departamentos, priori-
zando os objetivos e as metas propostas no fluxo de caixa;
 Controle financeiro, enfoque em movimentação bancária;

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 Utilização do fluxo de caixa para avaliar antecipadamente os efei-
tos da tomada de decisões de impacto financeiro na empresa;
 Fluxograma das atividades da empresa, definindo atividades meio
e atividades fins.
O administrador financeiro deve elaborar o conjunto de ingressos e
desembolsos financeiros que compõem o fluxo de caixa. Na elaboração do
fluxo de caixa, devem estar discriminadas todas as entradas e saídas
realizadas pela empresa num determinado período. Zdanowicz (2004, p. 145)
destaca que “quanto mais especificado for o fluxo de caixa, melhor será o
controle sobre as entradas e saídas de caixa, verificando assim as suas
defasagens e determinando as medidas corretivas ou saneadoras para os
períodos subsequentes”.

2.10 Controle do Fluxo de Caixa

O controle do fluxo de caixa, para Zdanowicz (2004), é tão importante


para a empresa quanto seu planejamento, pois um depende do outro para que
sejam úteis e práticos e para que alcancem os objetivos definidos.
Para o autor, a revisão do fluxo de caixa requer os seguintes controles:
 Controle diário da movimentação bancária;
 Boletim diário de caixa e bancos;
 Controle financeiro diário de ingressos e desembolsos de recur-
sos financeiros.
É recomendado pelo autor o controle diário, pois desta forma pode-se
aliviar os acúmulos normais de final de mês, ao mesmo tempo em que se
diminui a margem de erros e permite-se avaliar a tempo de aplicar medidas
corretivas, caso necessário. O acompanhamento dos ingressos e desembolsos
deve estar acompanhados por documentos, para garantir a legitimidade das
operações financeiras de caixa.
De acordo com Zdanowicz (2004), o controle do fluxo de caixa pode ser
realizado de acordo com:
 O período de controle deve ser igual ao orçado;
 Os títulos de conta a receber e a pagar devem estar de acordo
com os adotados pela contabilidade da empresa;
 O prazo entre realização e comparação deve ser o menor possí-
vel;
 O indivíduo responsável pelo controle, deverá ser diferente do que
efetuou operações de encaixe e desencaixe.
São diversas as finalidades do controle do fluxo de caixa. Zdanowicz
(2004) destaca algumas:
 Controlar a atividade financeira: o nível desejado de disponibilida-
des fixado, deve satisfazer as necessidades correntes da empresa, sem que se
faça necessária a captação de recursos em fontes de longo prazo, pois pode
representar um custo financeiro elevado.
 Controlar a atividade da empresa: deve-se analisar não apenas as
atividades financeiras, como também as atividades operacionais, para relacio-
nar as faltas de disponibilidades. Essas faltas podem estar relacionadas a uma
queda de vendas ou devido a entregas com atraso de mercadorias. Uma dimi-

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nuição nos ingressos pode resultar em aumento de desembolsos devido a fato-


res internos e externos à empresa.
Para Zdanowicz (2004) a correta avaliação do fluxo de caixa permite
revisar os planos e auxiliar nas futuras projeções da empresa. Manter um fluxo
de caixa significa estabelecer um controle rígido dos recursos financeiros da
empresa, de forma a prever qual destino a ser dado às receitas e determinar
como serão pagas as despesas da mesma. O administrador poderá utilizar
modelos de fluxo de caixa diários ou mensais, bem como, modelos de
controles auxiliares de caixa. Os modelos de controle poderão variar conforme
o porte e atividade desenvolvida pela empresa.
Segundo Quintana (2009 p. 18), “a objetividade e a eficácia do controle
de fluxo de caixa tendem a beneficiar a empresa em suas atividades
operacionais”.
De acordo com Quintana (2009), o controle do fluxo de caixa se dá a
partir da comparação entre o valor projetado e o valor realizado. Desta forma,
mais do que atingir o valor projetado, que se trata do principal objetivo da
empresa quando se prepara o fluxo de caixa, é identificar os motivos das
variações entre o que foi projetado e o que foi realizado.

3. METODOLOGIA

Neste capítulo, apresenta-se os procedimentos metodológicos que foram


utilizados para a realização da pesquisa junto à empresa em estudo.
Conforme Vergara (2010), a pesquisa pode ser conceituada em dois
critérios básicos para a classificação de uma pesquisa:
a) Quanto aos fins: Os objetivos desta pesquisa foram abordados de
forma exploratória, descritiva e explicativa. A forma exploratória devido à falta
de conhecimento integral da empresa quanto as suas atividades financeiras; o
método descritivo serviu de base para demonstrar os corretos procedimentos
que deverão ser adotados pela empresa; e a investigação explicativa, demons-
tra os fatores que afetam a empresa pela falta de planejamento e controle fi-
nanceiro e como uma ferramenta de controle de fluxo de caixa poderá ser útil
na solução deste problema.
b) Quanto aos meios: Os instrumentos necessários para se chegar
aos fins, quanto à pesquisa, foi utilizada a investigação por pesquisa de campo,
documental, bibliográfica e estudo de caso.
Para Vergara (2010), pesquisa de campo é investigação empírica
realizada no local onde ocorre o fenômeno ou onde se dispõem de elementos
para sua explicação. Foram utilizadas nesta pesquisa, questionários com as
pessoas envolvidas no departamento financeiro da empresa.
Vergara (2010) acrescenta que investigação documental é quando
realizada em documentos internos de qualquer natureza. Neste caso, foram
analisados documentos como: registros, balancetes, diários, comprovantes de
pagamentos e recebimentos, como base para a construção do fluxo de caixa.
Pesquisa bibliográfica, segundo Vergara (2010), é o estudo baseado em
material publicado em livros, revistas, jornais, ou seja, material disponível ao
público em geral. Na presente pesquisa, foram abordados conceitos
pertinentes ao assunto do trabalho através de livros de autores conceituados.

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Estudo de caso é, segundo Vergara (2010), o limitado a uma ou poucas
unidades, tais como: família, produto, empresa, comunidade ou mesmo país.
Sendo assim, foi utilizado o procedimento de estudo de caso, pois limita-se ao
estudo na empresa, a fim de obter um conhecimento que proporcione a
realização do objetivo geral proposto.
O universo e amostra da presente pesquisa foi o departamento
financeiro da empresa, onde foram coletados os dados necessários, junto às
pessoas envolvidas neste setor.
Existem dois tipos de amostra, segundo Vergara (2010): probabilística e
não probabilística. Foi utilizada para esta pesquisa a amostra não probabilística
que está classificada por acessibilidade, pois os elementos foram selecionados
pela facilidade de acesso a eles. O período de análise do problema foi de
Janeiro a Dezembro de 2010.
Conforme Vergara (2010), os sujeitos da amostra são as pessoas que
forneceram os dados necessários para a construção do projeto. Para o
desenvolvimento desta pesquisa, os sujeitos que forneceram os dados foram o
proprietário representante da empresa e o auxiliar financeiro. Foi importante a
participação destes representantes para obter os dados e informações
necessárias para atingir o objetivo principal desta pesquisa.
A autora destaca ainda as técnicas que podem ser utilizadas para a
coleta de dados, tratando-se de pesquisa de campo esses meios podem ser: a
observação, o questionário, o formulário e a entrevista. Neste caso, foram
utilizados para coleta de dados a observação participante, o qual é um
espectador interativo, onde se está engajado na vida do grupo ou na situação;
e o questionário, que será apresentado combinando questões abertas e
fechadas.
De acordo com Vergara (2010), o tratamento dos dados refere-se à parte
na qual se explica como se pretende tratar os dados que serão coletados,
explicando porque tal tratamento é adequado aos objetivos da pesquisa. Neste
contexto, os dados coletados serviram de base para o desenvolvimento desta
pesquisa. Serão apresentados de forma estruturada, através da apresentação
de tabelas, quadros e gráficos, para facilitar a visualização e seu entendimento,
visando atender o objetivo deste trabalho.
Vergara (2010) menciona que todo o método tem possibilidades e
limitações, que pode, de forma benéfica, antecipar-se às criticas que o leitor
poderá fazer ao trabalho, esclarecendo quais as limitações que o método
escolhido apresenta, porém, ainda assim justificam como o mais adequado aos
propósitos da pesquisa. Algumas dificuldades foram encontradas durante o
processo de coleta e tratamento dos dados entre eles:
 Alguns documentos fornecidos pela empresa estavam incomple-
tos, devido à ausência de controle financeiro;
 Ocorreram equívocos de informações que foram sanados com a
contabilidade externa.
As limitações citadas dificultaram o processo de coleta e tratamento dos
dados, mas não prejudicaram o resultado da pesquisa.

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4. ESTUDO DE CASO

4.2 Coleta de Dados

Por meio da coleta de dados será possível abordar uma análise


financeira da empresa em estudo, através de um questionário aplicado aos
responsáveis pelo setor financeiro (diretor e auxiliar financeiro) e da análise dos
documentos pertinentes a este setor (entradas e saídas de caixa).

4.2.1 Aplicação de Questionário

Para a análise da movimentação dos recursos financeiros foi aplicado


um questionário, o qual segue resultado obtido a seguir;
Nas questões 01 e 02, foram questionados se a empresa realiza algum
planejamento financeiro e de que forma. As respostas foram afirmativas, porém
foram citadas apenas as contas a pagar como planejamento de caixa.
Nas questões 03 e 04, foram indagados quanto ao controle financeiro de
caixa, se existe e de que forma são realizados, nestas questões as respostas
também foram afirmativas, e que o único controle existente é uma planilha de
vendas mensal realizada em Excel.
Nas questões 05 e 06, perguntou-se se a empresa controla contas a
pagar e receber e de que forma são realizados estes controles. Nestas
questões, os respondentes responderam que sim e que se organiza em uma
pasta as contas a pagar por data de vencimento, quanto às contas a receber
são controladas através de uma agenda também por ordem de vencimento.
As questões 07 e 08 tratavam de questionar quanto aos controles
bancários, se eram controlados e de que forma. Nestas questões, foi
respondido que sim e que controlam via extrato bancário.
A questão 09 foi questionada como a empresa identifica quando haverá
falta de capital, se obteve como resposta que não há esta previsão, porém
quando há quedas nas vendas pode-se ter a ideia de que haverá falta de
capital futuramente. Na questão 10, complementando a questão anterior,
indagou-se como a empresa reage no caso de falta de capital, foi respondido
que a empresa costuma buscar alternativas de empréstimos bancários.
Nas questões 11 e 12, foi questionado se a empresa realiza controle de
fluxo de caixa e se os controles realizados pela empresa são suficientes, as
respostas obtidas foram não para as duas questões.
Na questão 13, foi abordada a opinião sobre como os controles de fluxo
de caixa poderiam ser úteis para a empresa. Obteve-se como resposta que
através de um controle adequado a empresa poderá prever entradas e saídas
de recursos e ainda proporcionaria uma visão mais real dos resultados obtidos
pelos negócios da empresa.
Na questão 14, foi questionado se existem falhas no atual controle
financeiro da empresa. Nesta questão, ambos responderam que sim, que o
controle atual é precário, não atendendo as necessidades da empresa e que
muitas vezes o processo atual resulta em falhas no resultado do caixa por não
haver um registro adequado.

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Por fim, solicitou-se a opinião dos entrevistados quanto às melhorias que
poderiam ser feitas para o controle financeiro. Na opinião dos respondentes, a
empresa poderia contar com um sistema mais eficiente, que atenda às
necessidades da empresa, que apresente de forma mais clara os fluxos
financeiros, assim proporcionando maior agilidade e segurança nos
procedimentos financeiros.

4.2.2 Coleta Documental

Os dados foram coletados através de vários recursos, conforme descrito


a seguir:
 Vendas: a coleta foi realizada através do controle interno que a
empresa possui no aplicativo Excel;
 Ingressos e Saída de Caixa: foram coletados através dos extratos
bancários conservados pela empresa;
 As Receitas e as Despesas geradas pela empresa foram coleta-
das através das notas fiscais de compras, guias de arrecadação, boletos ban-
cários pagos e levantamento realizado junto ao contador externo da empresa.
A seguir, no item de Análise de Dados serão apresentados os resultados
obtidos com base no levantamento documental realizado e a análise
propriamente dita dos dados.

4.3 Análise de Dados

Apresentam-se neste item os dados coletados na empresa no período


de janeiro a dezembro de 2010, cuja análise engloba tabelas, quadros, gráficos
e figuras que embasaram a análise descrita em cada um dos processos.
A análise foi baseada nos processos de venda, contas a pagar e contas
a receber, a fim de verificar a importância de um controle financeiro dentro de
uma empresa.
Cabe destacar, também, o conceito utilizado para vendas e faturamento
nesta análise. Com o intuito de diferenciar as quantidades vendidas do valor
obtido nas vendas, determinou-se que as vendas referem-se às quantidades
vendidas e o faturamento diz respeito ao valor auferido nas vendas, ou seja, a
receita da empresa.
Dessa forma, toda a vez, que o texto a seguir fizer referências às
vendas, está se referindo às quantidades vendidas, enquanto que, quando o
texto apresentar o termo faturamento, está expressando o valor das vendas
(quantidade vendida x preço), independente da empresa ter recebido ou não
tais valores.

4.3.1 Análise do Processo Atual

Quanto ao processo financeiro da empresa, cabe destacar que, no


modelo atual, o auxiliar financeiro realiza o caixa em planilha Excel, fazendo
um fechamento das vendas, não existindo nenhum planejamento financeiro

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quanto às sobras ou falta de caixa. O atual processo conta apenas com


conferência e nenhum controle diário confiável, pois não se utilizam
devidamente as informações, não existe controle bancário diário nem controle
de contas a pagar e receber.
Diante desta situação e não havendo um controle formal dos recursos
financeiros, se torna impossível prever com antecedência os períodos em que
a empresa, nos casos de necessidade financeira, deverá captar recursos para
saldar seus compromissos.
Neste contexto, cabe destacar ainda que, a previsão da movimentação
financeira, tem por objetivo subsidiar, com informações precisas e em tempo
hábil, as tomadas de decisões através de um bom planejamento financeiro.
Percebe-se que, no processo atual adotado pela empresa, há carência
de um controle mais eficiente quanto aos seus recursos financeiros para que a
empresa possa planejar e coordenar seus negócios de forma a se tornar
competitiva e manter-se no mercado de atuação.

4.3.2 Ingressos de caixa

Neste item, serão apresentados os ingressos de caixa provenientes do


faturamento da empresa, compreendendo o período de análise de janeiro de
2010 a dezembro de 2010.
Os dados foram coletados através do controle interno que a empresa
possui no aplicativo Excel. Durante a coleta, verificou-se que a venda de
motocicletas é a principal fonte de recursos da empresa.
Destaca-se ainda que as vendas são, em quase sua totalidade,
realizadas a vista para a empresa. Se o cliente não efetuar a compra a vista
diretamente com a empresa, poderá realizar um financiamento com a
instituição financeira externa parceira da empresa. No caso de financiamento, o
valor financiado é creditado imediatamente após a aprovação e em sua
integralidade para a empresa em estudo e a entrada que representa de 10% a
20% do valor total do bem é negociada diretamente com a empresa, podendo
ser: a vista, em cheques pré-datados ou em notas promissórias.
Cabe ressaltar que, no período analisado, não houve outras entradas de
caixa, como por exemplo, venda de ativo permanente, financiamento e
integralização de capital.
A seguir representa-se, na tabela 01, o faturamento da empresa
referente às vendas do período de janeiro a dezembro de 2010, bem como a
quantidade de motocicletas vendidas neste período:

Tabela 01: Vendas e Faturamento no Período de Janeiro/10 a Dezembro/10


Período Faturamento - R$ Vendas – Quantidade
Janeiro/10 79.580,00 19
Fevereiro/10 81.000,00 21
Março/10 89.070,00 22
Abril/10 90.800,00 25
Maio/10 84.450,00 22
Junho/10 94.680,00 25
Julho/10 111.800,00 24
Agosto/10 84.300,00 22

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Setembro/10 102.100,00 27
Outubro/10 74.500,00 21
Novembro/10 91.200,00 25
Dezembro/10 105.200,00 28
Total 1.088.680,00 277
Média 90.723,33 23
Fonte: Autora

O faturamento da empresa no período analisado se manteve em uma


média de R$ 90 mil e uma quantidade média vendas de 23 motocicletas
vendidas mensalmente. O faturamento pode variar em relação à quantidade
vendida, devido ao valor do produto (veículo/motocicleta), pois este também
tem uma variabilidade significativa que depende do modelo, cilindrada ou ano
do bem.
Como pode ser visualizado na tabela acima, o mês de dezembro obteve
o número maior de vendas (28 motocicletas), no entanto, o faturamento se
manteve abaixo do mês de julho que teve maior faturamento e menor
quantidade de vendas (24 motocicletas).
A figura 01 representa graficamente o faturamento mensal da empresa
no período de janeiro a dezembro de 2010.

Figura 01: Representação gráfica do Faturamento


Fonte: Autora

O comportamento das vendas neste período obteve pequenas


oscilações, sendo que a média de faturamento permaneceu em torno de R$ 90
mil. Observa-se que os meses que apresentaram um pico de faturamento
foram: julho, setembro e dezembro/2010.
O mês de julho se destacou, neste caso não pela quantidade vendida,
mas ocorreu uma venda específica de veículo com maior valor alavancando
assim o faturamento do mês, conforme pode ser observado na tabela 01.
O mês de setembro também realizou um aumento nas vendas de
motocicletas que pode ter sido ocasionado pela chegada da primavera, onde
um clima mais quente e estável incentiva o uso desse tipo de veículo.
No mês de dezembro, a demanda por diversos tipos de produtos
geralmente é maior, devido ao aquecimento que o mercado recebe nesta
época do ano. O setor de motocicletas também é favorecido por este mercado
aquecido. Algumas das razões que resultam em aumento nas vendas de

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62 REVISTA ACADÊMICA SÃO MARCOS

motocicletas poderão ser elencadas como:


 Aumento de renda das pessoas, em virtude do recebimento do
13º salário;
 Renda extra que as pessoas recebem, tais como, férias, maiores
comissões, emprego temporário, entre outras;
 As festas natalinas em que as pessoas trocam presentes ou se
presenteiam, podendo, inclusive, ser a troca de veículo;
 A chegada do verão que motiva as pessoas a utilizarem com mais
frequência as motocicletas, para se deslocarem ao trabalho ou ao lazer.

Os meses de menores vendas foram os meses de janeiro e fevereiro


que mostram as vendas em torno de R$ 80 mil. Esses meses possuem
características específicas. Embora seja o auge do verão, fato que induz a um
uso mais efetivo de motocicletas, são meses que as pessoas reduzem seu
consumo, principalmente em bens duráveis, em função dos gastos elevados
realizados no final de ano e das férias escolares que alteram suas rotinas.
Os meses que apresentaram oscilações negativas mais significativas
foram: maio, agosto e outubro. Verifica-se que esses meses se referem a
meses intermediários entre as estações do ano e em períodos distantes das
regulares férias das famílias ou de alguma renda extra que incremente a renda
familiar.
Ressalta-se que a queda mais expressiva no faturamento das vendas foi
constatada no mês de outubro/2010, apenas R$ 74 mil, uma redução de 27%
em comparação ao mês de setembro/2010. Em novembro/2010, as vendas
retomam seu crescimento e o faturamento supera o do mês anterior em 22%,
assim como, as quantidades vendidas também obtiveram um aumento de 19%.
Ao comparar o início do período analisado com o período final do
estudo, observou-se que as vendas em dezembro/2010 obtiveram um
incremento no faturamento ao redor de 32% em relação a janeiro/2010.
Inclusive a média de faturamento também sofreu aumento, de R$ 80 mil em
janeiro e fevereiro, passou para R$ 90 mil ao longo do ano.

4.3.2.1 Vendas a Prazo

As vendas a prazo não são classificadas nesta modalidade, pois as


vendas a prazo são através de uma instituição financeira, para a empresa em
estudo, o valor financiado entra integralmente como se fosse pagamento a
vista. Apenas são considerados os pagamentos feitos diretamente para a
empresa, que representa uma pequena fatia, como entrada ou diferença no
caso de troca, que eventualmente são feitos a prazo, a sua representatividade
em relação à receita bruta da empresa é em média de 10%.
As vendas a prazo quando realizadas diretamente com a empresa têm
seus recebimentos agrupados por cliente mensal, o qual é efetuado através de
cheques pré-datados ou notas promissórias. Destaca-se que a empresa não
estipula nenhum contrato, a fim de formalizar esta operação a prazo e de obter
o comprometimento do cliente em honrar sua dívida.
O estudo realizado demonstra que não há uma efetividade no controle
das contas a receber, entretanto os recebimentos a prazo realizados

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diretamente com o cliente correspondem a uma pequena fatia, visto que os
financiamentos propriamente ditos são realizados por uma instituição financeira
externa.

4.3.3 Desembolsos de Caixa

Neste item, serão apresentados os desembolsos operacionais e extra-


operacionais, relacionando compra de mercadoria e demais despesas
administrativas.
Os desembolsos de caixa da empresa, no período em análise, são
compostos por:
 Compras: referente às compras de mercadorias a serem vendi-
das, neste caso, compras de motocicletas.
 Aluguel: pagamento de aluguel do prédio comercial, acrescido do
valor de imposto (IPTU).
 Remuneração de pessoal: compreende salários, pró-labore, fé-
rias, 13º salário e demais benefícios.
 Impostos: impostos provenientes das vendas e encargos sociais.
 Despesas Administrativas: compostas pelos pagamentos de
energia, água, telefones, honorários de assistência contábil, materiais de escri-
tório e limpeza.
Os desembolsos estão descriminados, na tabela abaixo, mês a mês
referente ao ano de 2010.

Tabela 02: Desembolsos de Caixa no Período de Janeiro a Dezembro/10


Período Remuneração Despesas
Compras Aluguel Impostos Total
de Pessoal - Adminis-
R$ R$ R$ R$
R$ trativas R$
Jan/10 60.000,00 2.300,00 6.745,00 1.045,78 1.013,11 71.103,89
Fev/10 68.000,00 2.300,00 6.745,00 1.114,31 994,91 79.154,22
Mar/10 76.200,00 2.300,00 6.745,00 988,67 1.007,10 87.240,77
Abr/10 73.700,00 2.664,00 8.612,00 1.016,78 959,83 86.952,61
Mai/10 69.700,00 2.664,00 5.345,00 1.080,00 1.068,81 79.857,81
Jun/10 74.580,00 2.664,00 8.539,00 1.189,00 1.056,25 88.028,25
Jul/10 97.500,00 2.664,00 5.400,00 1.242,00 972,15 107.778,15
Ago/10 75.000,00 2.664,00 6.745,00 948,00 969,73 86.326,73
Set/10 84.500,00 2.664,00 6.745,00 1.098,00 960,44 95.967,44
Out/10 62.200,00 2.300,00 6.745,00 980,00 968,24 73.193,24
Nov/10 70.700,00 2.300,00 8.117,50 1.050,00 988,02 83.155,52
Dez/10 89.600,00 2.300,00 8.117,50 1.090,00 1.069,91 102.177,41
Total 901.680,00 29.784,00 84.601,00 12.842,54 12.028,50 1.040.936,04
Média 75.140,00 2.482,00 7.050,08 1.070,21 1.002,38 86.744,67
% 86,62% 2,86% 8,13% 1,23% 1,16% 100%
Fonte: Autora

Com base no levantamento dos desembolsos da empresa, está


demonstrado que as compras de mercadorias representam o maior
desembolso em relação aos demais itens, seguido dos desembolsos com
remuneração de pessoal e pagamento de aluguel. Em geral, os desembolsos
tiveram uma média de R$ 86 mil no período analisado. Cabe destacar que a

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empresa não realiza qualquer planejamento de desembolsos de caixa.


A figura a seguir demonstra graficamente os desembolsos mensais da
empresa no ano de 2010:

Figura 02: Valores dos Desembolsos no Período de Janeiro a Dezembro/2010.


Fonte: Autora

O gráfico demonstrado na figura 02 possibilita visualizar os desembolsos


de caixa obtidos no período e apontar as oscilações ocorridas durante o ano de
2010.
Observa-se que nos meses de julho e dezembro se obteve maior
numerário de desembolsos, devido aos custos com compras de mercadorias
que nestes meses foram maiores em consequência da alta nas vendas. Da
mesma forma, no mês de outubro se obteve uma baixa nos desembolsos da
empresa, devido à queda nas vendas que a empresa sofreu neste período.
De modo geral, observa-se que os desembolsos acompanham o fluxo
das vendas no mesmo período. Este fato ocorre devido às despesas com
compras de motocicletas representarem o maior desembolso da empresa.
A figura 3, denominada “Representatividade dos Desembolsos no
Período de Janeiro a Dezembro/2010”, apresentado a seguir, ilustra a
representatividade dos desembolsos que compõem o total das saídas da
empresa.

Figura 3: Representatividade dos Desembolsos no Período de Janeiro a


Dezembro/2010.
Fonte: Autora

As compras de mercadorias apresentam a maior representatividade

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86,62% em relação ao total dos desembolsos, seguido da remuneração de
pessoal que significa 8,13% e do pagamento de aluguel que representa 2,86%
em relação aos desembolsos totais da empresa. Estes principais desembolsos
juntos representam um total de 97,61% das saídas de recursos da empresa.
Os demais desembolsos são referentes a pagamento de impostos 1,23% e
despesas administrativas que equivalem a 1,16% dos recursos despendidos.
Apesar de os desembolsos com despesas administrativas serem a
menor fatia de recursos despendidos da empresa, estes também merecem a
devida atenção, para que não haja desembolso sem planejamento. Ou seja,
todos os desembolsos são importantes no controle financeiro. Qualquer
desembolso deve representar uma fonte de contrapartida nos resultados da
empresa.

4.3.4 Análise do Mercado x Empresa

As vendas e a produção de motocicletas no país voltaram a acelerar no


ano de 2010, e o setor Duas Rodas reiniciou o ciclo de crescimento visto em
2007 e encerrado no fim de 2008, com a crise financeira mundial. Segundo
dados divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira de Motocicletas,
Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), as vendas de motos no
mercado interno, que representam as negociações entre as fabricantes e as
concessionárias, cresceram 15% em 2010.
Foram vendidas 1,818 milhão de motos no ano de 2010, ante 1,579
milhão de unidades comercializadas em 2009. Levando em conta os meses,
outubro registrou uma queda em relação a setembro; em novembro, as vendas
recuperam o crescimento registrando alta de 9,2% em relação ao mês anterior.
Dezembro registrou 119.498 unidades vendidas, número 16,9% maior que o de
dezembro de 2009. No que diz respeito à produção, em 2010, a indústria
também cresceu (19%) frente a 2009, foram fabricadas no ano passado 1,830
milhão de motos, contra 1,539 milhão do ano anterior.

Figura 4: Venda de motocicletas pela Figura 5: Venda de motocicletas pelo


empresa no período de jan/10 a dez/2010 mercado no período de jan/2010 a
Fonte: Autora dez/2010
Fonte: Autora
As figuras 4 e 5 acima representam graficamente o comparativo do
desempenho da empresa em estudo frente ao Mercado no período de janeiro a
dezembro de 2010.
Ao confrontar o comportamento das vendas da empresa, percebe-se
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que a mesma apresentou um desempenho compatível ao do setor, obtendo um


ano de desenvolvimento apesar das oscilações no decorrer do período,
conforme representado nas figuras 4 e 5.
A tabela 03, por sua vez, mostra os percentuais de vendas tanto da
empresa, quanto do mercado no setor motociclista.

Tabela 03: Percentuais de Vendas da Empresa x Mercado


Mercado Empresa em Estudo
Jan/10 - -
Fev/10 7,00% 10,52%
Mar/10 46,00% 4,76%
Abr/10 -7,24% 13,63%
Mai/10 5,68% -12,00%
Jun/10 -15,78% 13,63%
Jul/10 5,08% -4,00%
Ago/10 11,41% -8,33%
Set/10 6,79% 22,72%
Out/10 -6,83% -22,22%
Nov/10 9,20% 19,04%
Dez/10 -32,78% 12,00%
Fonte: Autora

Durante o primeiro semestre do ano de 2010, a empresa apresentou a


primeira queda no mês de maio, -12%, enquanto o mercado teve sua queda
mais significativa em junho, -15,78%. No segundo semestre, a empresa
apresentou uma queda expressiva no mês de outubro, -22,22, recuperando no
mês seguinte seu crescimento. No mesmo período, o comportamento do setor
no mercado também registrou uma queda, apesar de não ter sido tão
significativa, de -6,83%, apresentando, em novembro, uma recuperação nas
vendas. A empresa também obteve crescimento em 2010, que registrou um
incremento de 32% ao longo do ano, de acordo com o desempenho do
mercado que também obteve resultados positivos em 15,14% (1,818 milhão de
motos vendidas no ano de 2010, e 1,579 milhão em 2009).

4.4 Fluxo de Caixa Realizado

Após a coleta e análise dos dados referentes às entradas e as saídas


dos recursos financeiros da empresa, será possível apresentar o
comportamento destes numerários no período de janeiro a dezembro de 2010,
através da construção do fluxo de caixa realizado, na empresa, sendo o
resultado final o modelo proposto de fluxo de caixa.
A elaboração deste modelo de fluxo de caixa permitiu demonstrar o que
realmente ocorreu objetivando esclarecer, do ponto de vista financeiro, quais os
pontos apresentaram dificuldades e onde deverá haver alteração no
planejamento.
Através da análise deste, é possível observar que o fluxo líquido de
caixa apresenta uma oscilação o qual existe períodos críticos, em que seu
saldo chegou a ficar negativo, considerando como causa os altos índices de
desembolsos com compras de mercadorias, comprometendo assim o capital de
giro da empresa. Ainda assim, o saldo final de caixa se manteve positivo, em

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virtude da sobra de caixa obtida no mês anterior.
Neste contexto, pode-se exemplificar o mês de agosto que apresentou
um fluxo de caixa negativo, onde as despesas foram maiores que as receitas
do mês, resultando em um caixa a descoberto de mais de 2 mil reais.
Entretanto, o saldo final do mês se manteve positivo com pouco mais de R$ 30
mil, em virtude do acréscimo do saldo do mês anterior de R$ 32 mil.
Consideram-se estáveis e rotineiras as demais despesas da empresa,
porém se reforça a necessidade de planejar todo e qualquer desembolso,
verificando sempre a situação financeira da empresa, evitando assim um futuro
fluxo de caixa negativo e o descontrole da situação financeira da empresa.
Cabe ressaltar que a empresa não realiza nenhum investimento com a
sobra de caixa, ficando estes valores disponíveis em conta corrente.

5. CONCLUSÃO

A administração financeira é a função fundamental de uma empresa,


nesta área se concentram as principais informações quanto ao funcionamento
e desempenho da organização. Tal área administrativa, pode ser considerada
como o combustível da empresa que possibilita o funcionamento de forma cor-
reta, sistêmica e sinérgica, sendo preciso circular constantemente, possibilitan-
do a realização das atividades necessárias, objetivando o lucro, maximização
dos investimentos, mas acima de tudo, o controle eficaz dos ingressos e de-
sembolsos de recursos financeiros, sempre visando a viabilidade dos negócios,
que proporcionem não somente o crescimento mas o desenvolvimento e esta-
bilização.
O estudo foi realizado em uma empresa no ramo de vendas de
motocicletas, no setor financeiro, no período de janeiro a dezembro de 2010. O
objetivo principal deste trabalho é prover a empresa, por meio de ferramentas
voltadas à administração financeira, um controle mais adequado dos ingressos
e desembolsos de recursos monetários. Para tanto, observou-se o processo
atual adotado pelo setor financeiro da empresa, a fim de verificar como é
realizado o controle financeiro, além de analisar os processos de vendas, de
cobrança.
Através do questionário aplicado e na análise dos dados, verificou-se
que a implementação do fluxo de caixa como ferramenta de controle financeiro
se faz necessária, pois o mesmo trará benefícios para o planejamento e
controle financeiro da empresa. Além disso, é uma demonstração dinâmica,
que oferecerá ao usuário financeiro uma bagagem de informações que o
ajudará no processo de tomadas de decisões. Representa a previsão, o
controle e o registro das entradas e saídas financeiras durante um período
determinado. É capaz ainda de resumir e refletir todas as atividades da
empresa sejam elas: operacionais, econômicas ou financeiras. A falta de
informações precisas para controle e planejamento financeiro pode levar os
administradores a tomar decisões incorretas e comprometer o futuro da
empresa.
Perante o exposto e a importância do assunto, foi desenvolvido um
modelo de fluxo de caixa para controle diário da empresa no período de janeiro
a dezembro de 2010. Através deste, foi possível analisar os principais

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ingressos e desembolsos da empresa e avaliar sua real situação, bem como


suas carências, desta forma, identificando falhas na gestão dos recursos
financeiros da organização. A administração financeira através dos controles de
fluxo de caixa constitui-se em um sistema de informações gerenciais,
objetivando principalmente a realização de relatórios voltados ao planejamento
e controle financeiro. Pode-se concluir que o fluxo de caixa é uma ferramenta
simples, mas extremamente útil e eficaz para o planejamento e controle
financeiro.
Com a análise dos dados levantados da empresa, se avaliou sua
situação financeira, que apesar de não apresentar déficit de caixa, requer um
controle e um planejamento estruturado que atenda as necessidades da
empresa. A empresa apresentou um desempenho compatível ao do mercado,
no mesmo setor, durante o período analisado. Com uma visão tanto
generalizada quanto especifica dos acontecimentos, a empresa apresentará
maior agilidade e segurança em seus negócios, sendo possível identificar os
períodos de maior e menor captação de recursos, bem como, as oscilações de
desembolsos. Também dispensa grandes investimentos em informática para
ser utilizado de forma satisfatória.
Embora o fluxo de caixa seja uma ferramenta de extrema importância
para a área financeira de uma empresa de pequeno porte, esta não cumprirá
sua finalidade se não houver um acompanhamento e uma gestão eficiente que
aplique ajustes necessários ao longo do processo, com o intuito de atingir seus
objetivos e maximizar seus resultados. De fato, a principal condição para o
sucesso do fluxo de caixa é a existência de uma cultura de planejamento na
empresa.
O desenvolvimento desta ferramenta essencial, fluxo de caixa, foi
elaborada para a empresa, podendo servir de base para outras empresas do
mesmo segmento. Para a continuidade da empresa, se busca principalmente
uma situação financeira estável e que ela seja capaz de gerar mais receitas do
que despesas para o período projetado. A administração do caixa é uma
condição decisiva para a sobrevivência e o crescimento de uma pequena
empresa.
Este trabalho poderá servir de apoio para outros estudos dentro da
própria empresa, dentre eles, pode-se citar a pesquisa de perfil dos clientes da
empresa. Pois, conhecendo melhor seus clientes, suas características, suas
preferências, seus objetivos e suas necessidades, a empresa terá condições
de realizar planos de vendas que fidelize seus clientes e capte novos
motociclistas para fazerem parte de sua carteira de vendas.
Este trabalho não tem a pretensão de encerrar a pesquisa sobre a
gestão financeira aplicada em pequenas empresas. Todavia, busca ser uma
base para que outros trabalhos sejam desenvolvidos nesta área e que se
desmistifique a ideia de que em pequenas empresas não é possível aplicar os
métodos de administração em função de seu porte.
Por fim, destaca-se que é de fundamental importância a consolidação e
o cuidado com a área financeira na empresa, uma vez que a mesma é
importante para o sucesso e desenvolvimento da organização.

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