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PRELIMINARES

 Na idade média, século V, a região da Bretanha foi invadida pelas tribos germânicas dos Anglos, Saxões,
Jutas e Turíngios; estabelecendo 7 reinos bárbaros que gradualmente se uniram em 4. O que se tornou o
Estado anglo-saxônico desenvolveu os padrões econômicos feudais.
 Quando ocorre a Batalha de Hastings, em 1066,
normandos do norte da França, chefiados por Guilherme, que foi obrigado a dividir as terras
Guilherme da Normandia, acabam com conquistadas entre os barões que o tinham acompanhado
hegemonia dos anglo-saxões; finalizam processo nesta aventura, e também com o desejo de saber ao
de feudalização certo qual o rendimento que teria à sua disposição como
 Em um aspecto o sistema feudal inglês diferia do rei, mandou elaborar um levantamento das terras do seu
resto do continente: a capacidade de obrigar reino (que descrevia a sua extensão, o seu valor, a quem
todos membros da classe dominante a servir o pertenciam e as suas obrigações). Este levantamento foi
elaborado com base em testemunhos dos habitantes
Estado locais que eram prestados sob juramento de dizerem
 A região era dividida em 4 reinos. Rei Henrique toda a verdade e somente a verdade, como se
II iniciou unificação durante século XII estivessem perante Cristo no Juízo Final, no “Domsday”,
no fim do mundo. Assim, o livro que regista todos estes
dados estatísticos e que foi conservado até aos nossos
dias, é conhecido como “Domsday Book”.
 Sob Ricardo Coração de Leão enfrentaram diversas batalhas contra os franceses e estiveram envolvidos nas
Cruzadas, o que enfraqueceu o papel monarca

 Em 1215, sob o rei João Sem Terra, os barões o obrigaram a assinar a Magna Carta, impedindo o rei de criar
novos impostos ou alterar leis e privilégios da classe.
 Em 1265 é criado o Grande Conselho, formado pela nobreza e clero. O Parlamento inglês do século XIII ao
século XVI era um conselho dos três Estados (“Lords Spiritual e Temporal” e os “Commoners” —
representantes dos condados e das cidades)
 Os barões começaram a exigir o pagamento em dinheiro (commutation) aos seus camponeses em vez do
pagamento em géneros gerando grandes revoltas camponesas (ver a chefiada por Wat Tyler)
 A causa próxima da revolta dos camponeses em Inglaterra (1381) foi a introdução de um imposto universal,
conhecido por «imposto de capitação», para arranjar dinheiro para a guerra que se estava a travar com a
França (ver Guerra dos Cem Anos). O exército camponês marcou por Londres com ajuda das demais classes
pobres
 Os revoltosos expuseram ao rei as seguintes pretensões: liberdade completa para todos os camponeses; a
substituição das obrigações de trabalho por pequenas obrigações em dinheiro; a concessão aos camponeses
do direito de vender livremente o produto das suas terras. Alarmados, o rei e os barões primeiro prometeram
fazer concessões e alguns dos destacamentos camponeses dispersaram e voltaram às suas casas. os barões
reuniram as suas tropas e infligiram um cruel castigo aos camponeses revoltosos. No entanto, receando
possíveis repetições de tal revolta, os nobres proprietários de terras continuaram a conceder a liberdade a um
número cada vez maior de camponeses e no final do século XV já não havia servos em Inglaterra
 Na segunda metade do século XV apareceram duas alianças, que se fizeram para apoiar duas famílias
nobres, as casas de Lencastre e de York, cujos brasões eram respectivamente uma rosa encarnada e uma rosa
branca, e que disputavam o trono. Durante esta guerra, a classe dos poderosos barões que tinham constituído
o principal bastião da oposição à unidade política e ao poder centralizado começou a desintegrar-se como
grupo fortemente unido. A segunda metade do século XV assistiu à queda de ambas as casas e ao
aparecimento de uma nova dinastia real, a dos Tudors, quando Henry Tudor (Henrique IV) subiu ao trono
 No final do século XV, a Inglaterra tinha-se tornado um forte Estado centralizado com uma ativa política
externa, que conseguiu pôr em prática com êxito, do ponto de vista dos interesses da classe dominante, pois
tinha ao seu dispor os meios necessários.
 Os representantes dos agora livres camponeses ingleses alistavam-se de bom grado no exército como
arqueiros
 A classe dominante inglesa tinha investido interesses na expansão do comércio, deixando de haver barreiras
insuperáveis que impedissem a penetração dos principais cidadãos em suas fileiras. Os nobres que possuíam
terras organizaram a produção de lã em larga escala nas suas próprias casas senhoriais e tiraram grandes
lucros. Assim os ingleses começaram desde logo a interessar-se pelo dinheiro e pelas empresas lucrativas, e
em comparação com os seus correspondentes franceses eram empresários eficientes
A Liga Hanseática

As cidades alemães situadas ao longo da costa do Báltico e junto dos rios que lá vão desaguar
mantinham comércio activo com os países da Europa Ocidental e Oriental. Estas cidades uniram-se para
formar a Liga Hanseática. As suas esquadras traziam peles, artigos de couro, tecidos de linho, e sementes de
linho do Oriente para o Ocidente, as mesmo tempo que do Ocidente traziam mercadorias da Flandres, como
por exemplo lã e outros têxteis. As cidades tinham pouco contacto com o resto do país, e a única coisa que
temiam eram os ataques e as pilhagens instigadas pelos proprietários de terras alemães. Foi este receio que
os levou a formar a Liga, e a criar um exército. O centro da Liga Hanseática era a cidade de Lúbeck. A Liga
estava representada em todos os Estados por grandes centros comerciais que iam de Londres, no Ocidente, a
Novgorod, no Oriente.
 A exploração de minas e o fabrico de artigos de ferro (desenvolvimento do alto-forno) torna-se mais
precioso do que o ouro sendo transformado em larga escala: assim, tão barato, que as relhas de arado de
ferro, as lâminas de enxadas, os dentes das grades de lavoura, as foices e outros utensílios agrícolas tinham
substituído em toda a parte os utensílios de madeira nas casas dos camponeses.
 Embora no século XIV e no princípio do século XV, como resultado da Peste Negra (1348-1351) e de
grandes guerras, tenha havido uma nítida diminuição na população da Europa e a falta de mão-de-obra fosse
tão grave que causou mesmo uma crise na agricultura (refletida no fato de que muitas das terras
recentemente cultivadas no século XIII foram abandonadas e como resultado o fornecimento de géneros foi
consideravelmente reduzido), este estado de coisas foi temporário e na segunda metade do século XV já se
observavam outros progressos na agricultura. A indústria progrediu ainda mais.
 Outros metais valiosos como o cobre, o estanho e o chumbo foram explorados e houve importantes
inovações nas técnicas de exploração de minas. Os povos aprenderam a utilizar poços de fundos e
inventaram maneiras de extrair a água e de os encher de ar. Foram inventadas máquinas movidas a água e
azenhas. Também houve grandes progressos nos transportes. Com a ajuda do compasso empreendiam-se
agora grandes viagens por mares afastados da terra
 Nas embarcações introduziram-se novas velas que tornavam possível virar de bordo contra o vento,
preparando o caminho para as grandes descobertas geográficas do período entre século XV ao final do
século XVI.
 As guildas medievais faziam o possível por obstruir o aperfeiçoamento das técnicas ou da organização do
trabalho, receando que isso levasse a que uns enriquecessem mais do que os outros. Entretanto, a
necessidade de expandir a produção fazia-se sentir cada vez mais
 A maior produtividade do trabalho e o considerável aumento do volume de produção em várias indústrias
levou a uma divisão do processo de produção em algumas operações ou processos separados, cada um deles
levando a cabo por uma guilda
 Os mercadores que dispunham de meios aquisitivos compravam muitas vezes grandes quantidades de
produtos de uma ou mais guildas e depois encarregavam-se de os vender e de organizar o transporte
necessário para o local onde iam ser vendidos e consumidos. Então começaram a ocupar-se, pouco a pouco,
do fornecimento de matérias-primas e mais tarde de utensílios de trabalho, tornando os membros das guildas
cada vez mais dependentes dos comerciantes
 As cartas de instituição das guildas medievais estabeleciam limites definidos à organização progressiva desta
dependência
 Os empreendedores pagavam aos artesãos só uma parte do trabalho que estes despendiam na produção, e
guardavam o resto para si. O trabalho apropriado deste modo pelo empresário chama-se trabalho excedente e
o produto acabado e produzido pelo trabalho excedente é mais tarde vendido no mercado e traz ao
empresário um sobrevalor ou lucro excedente, pelo qual o empresário afirma a sua autoridade sobre os
trabalhadores a quem paga.
 A soma que o empresário investe no trabalho dos praticantes e dos artesãos das aldeias chama-se capital — a
soma que traz o valor excedente — e ele chama-se capitalista. O valor excedente é uma característica
essencial do modo de produção capitalista; é o fim para que é dirigida a atividade do capitalista e no qual ele
vê a razão da sua atividade.
 O preço pelo qual o empresário ganha controle sobre a força de trabalho de um trabalhador é o
salário
A Fábrica

Vejamos agora a maneira como os primeiros capitalistas tentaram aumentar os seus lucros. De início,
costumavam comprar o produto acabado aos produtores individuais, mais tarde começaram a tomar parte direta na
supervisão da produção. Esta supervisão assumiu várias formas. Por exemplo, o empresário obrigava os artesãos a
realizar algumas das operações mais caras ou mais complexas, tais como
a tinturação dos tecidos, em instalações suas, sob a sua supervisão direta. Se o capitalista fazia com que todo o trabalho,
Mais tarde ainda podia concentrar todas as operações de um tipo isto é, todas as operações necessárias para a
específico de produção em instalações suas, sob a sua supervisão direta. preparação de um dado produto fosse feito em
instalações sob a sua supervisão, a manufatura
Mais tarde ainda não podia concentrar todas as operações de um tipo era considerada centralizada; se, pelo contrário,
específico de produção em instalações especiais sob a sua supervisão o capitalista contratava homens individuais que
direta. Esta última etapa levou ao aparecimento de manufaturas, trabalhavam nas suas oficinas, este tipo de
instituição primitiva da produção capitalista que estava espalhada pela manufatura era chamada dispersa. Finalmente,
Europa no fim do século XV e que ia predominar até ao século XVIII: existia um terceiro tipo, na qual algumas
operações de produção eram realizadas nas
por isso se chama a este período “o período das manufaturas”. Este oficinas de artesãos individuais e o resto em
nome deriva da expressão latina manu facio (feito com a mão), porque instalações que pertenciam ao empresário sob a
sua supervisão e administração.
todas as operações essenciais nestas manufaturas eram feitas à mão pelo trabalhador com a ajuda dos pequenos
utensílios manuais.

 A sede do lucro era a força motora que estava por trás de todas as empresas dos capitalistas e este lutava
sempre por aumentá-lo, tentando pagar ao trabalhador o menos possível e obrigando-o a produzir o mais
possível. No que se refere ao primeiro objetivo, o capitalista tinha interesse em garantir que houvesse o
maior número possível de pobres na cidade, privados de meios de produção e de subsistência, que, por isso,
eram obrigados a vender a sua força de trabalho, a única coisa de que podiam dispor. Quantos mais
houvesse, menos o capitalista tinha de lhes pagar como salário. Assim, para elevar a produtividade de
trabalho dos trabalhadores assalariados o dono da fábrica determinou uma detalhada divisão de trabalho:
cada trabalhador realizava uma só operação, o que significava que se habituava a um só e mesmo movimento
a ser executado com os mesmos instrumentos.
 Trabalhadores de especialidade passaram a executar a sua parte no processo de produção com mais rapidez
realizando um maior número de operações em curto período
 Outro papel importante na elevação da produtividade do trabalho foi o aperfeiçoamento dos utensílios
usados
 A necessidade de processos eficientes e intensificação do lucro levou ao aparecimento das máquinas
As Primeiras Acumulações de Capital

Para que a exploração dos trabalhadores assalariados se tornasse possível era necessário que a grande massa
de camponeses e artífices fosse privada dos instrumentos e meios de produção e dos meios de subsistência e fosse
obrigada a viver vendendo a sua força de trabalho. Na verdade, este fenómeno precedeu o aparecimento do modo
capitalista de produção em todo o Mundo. Foi através de expropriações que expulsaram os camponeses das terras,
através da ruína e do empobrecimento dos artífices, que todos os meios de produção — a terra, os instrumentos de
produção, e, portanto, os meios de subsistência dos trabalhadores — acabaram por se concentrar nas mãos de uma
minoria de capitalistas, que dispunham a seu bel-prazer, não só de tudo o que tinham tirado às massas
trabalhadoras mas também dos trabalhadores que tinham sido obrigados a vender-lhes a sua força de trabalho.

A evolução desta primeira acumulação de capital pode reconstituir-se com mais facilidade em Inglaterra,
país que representa um modelo clássico de desenvolvimento capitalista. Por causa da sua abundante pluviosidade, a
Inglaterra era rica de viçosas pastagens. Durante séculos, os Ingleses tinham prosperado criando gado e vendendo
lã à Flandres, onde era transformada em tecidos. À medida que a procura dos têxteis aumentou, a lã encareceu e, no
final do século XV, comerciantes ingleses começaram a organizar as suas próprias manufaturas para a produção de
tecidos de lã. A procura de lã aumentou mais e os representantes da classe dominante inglesa, para expandirem a
sua lucrativa produção de lã começaram a expulsar os seus camponeses das suas terras, a cercar a terra assim
adquirida para que ninguém a pudesse usar, e a transformá-las em terras de pasto. Vezes houve em que aldeias
inteiras foram destruídas, e os camponeses, que ficaram arruinados, depois de perderem as suas terras dirigiram-se
às cidades para procurarem trabalho nas manufaturas.

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