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APOSTILA 1
O PARLAMENTO INGLÊS
A História moderna inglesa teve algumas marcas que a
distinguiram da experiência história de outras sociedades europeias do
Antigo Regime. Umas dessas marcas é a existência do Parlamento,
instituição que, desde muito cedo, impôs certa dificuldade ao pleno
estabelecimento do Absolutismo Monárquico na Inglaterra. As origens
do Parlamento Inglês remontam ao século XI, na Idade Média, quando
os reis ingleses passaram a convocar, anualmente, cavaleiros e bispos
da Igreja de todas as províncias do reino para aconselhá-lo sobre as
questões de seu governo. Essa reunião era conhecida como o Grande
Conselho. No século XIII, os Barões ingleses pressionaram o rei João A Magna Carta de 1215, considerada um dos
da Inglaterra a assinar a Magna Carta, documento que obrigava o rei documentos mais importantes da história do
direito na Inglaterra.
a consultar o Grande Conselho sempre que fosse criar novos impostos
e que criava o Habeas Corpus, que proibia o rei de prender alguém
sem causa justa e sem julgamento. Mais tarde, o Grande Conselho passou a ser conhecido como Parlamento, e se
dividiu em duas câmaras: a Câmara dos Lordes, que reunia a alta nobreza da Inglaterra e os Bispos da Igreja; e
a Câmara dos Comuns, que reunia elementos da Baixa Nobreza (conhecidos como Gentry ou Gentlemen,
nobres proprietários de terra, mas sem títulos, e que tinham práticas econômicas semelhantes às da Burguesia) e
Burgueses. Como a Inglaterra não possuía um exército profissional, o rei precisava contratar mercenários sempre
que entrava em guerra com outra nação. A única forma de conseguir os recursos para sustentar as tropas
mercenárias era através da criação de novas taxas, o que significava convocar o Parlamento. Essa situação dava
aos membros do Parlamento oportunidades de fazerem exigências ao rei e de tentarem limitar seu poder.
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terras foi utilizada na agricultura. Os Cercamentos também aceleraram um processo que vinha ocorrendo desde
a Idade Média – a da transformação das terras cultiváveis em mercadoria.
A prática dos Cercamentos teve grande impacto na vida das comunidades camponesas. Por um lado, retirava
o acesso aos recursos das terras comunais, que davam renda complementar ou, em alguns casos, eram a única
fonte de renda dos camponeses. Por outro lado, a prioridade dada à criação de ovelhas reduzia a oferta de
empregos que antes eram oferecidos pela agricultura. Mesmo nos campos em que o cultivo de vegetais ainda era
praticado, o uso de nova tecnologias aumentou a produtividade das lavouras, modernizando os campos e
reduzindo a necessidade de mão-de-obra. O resultado dos Cercamentos para os camponeses mais pobres foi,
portanto, o êxodo rural, ou seja, a migração de grandes populações camponesas para as cidades, onde os
trabalhadores se empregaram nas oficinas e manufaturas. Alguns poucos camponeses com mais recursos e
proprietários de suas próprias terras também cercaram suas propriedades e mantiveram lavouras que abasteciam
os mercados locais. Esses pequenos proprietários se tornaram uma nova categoria da elite inglesa abaixo da
Gentry, conhecida como Yeomenry (no singular, Yeoman).
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da Espanha, a mais poderosa frota naval do mundo naquele momento. Os ingleses saíram vitoriosos, o que só
aumentou o prestígio da Inglaterra e da rainha. Elizabeth não deixou herdeiros. Sua morte, em 1603, encerrou
a Dinastia Tudor na Inglaterra. Seu primo, o rei da Escócia Jaime Stuart, foi convocado para assumir o trono
inglês, iniciando a segunda Dinastia do Absolutismo inglês – a Dinastia Stuart.
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autoritários do rei, o Parlamento se reuniu e criou a Petição de Direitos, documento onde demandavam que o rei
respeitasse os direitos e liberdades do povo inglês, estabelecidos desde a Magna Carta, como o direito de Habeas
Corpus e a proibição do rei criar taxas ou impostos sem o consentimento do Parlamento. O rei Carlos I se recusou
a assinar a Petição de Direitos e dissolveu o Parlamento em 1629 e ordenou a prisão de nove de seus membros (o
que era considerado um abuso, pois os parlamentares estavam protegidos pelo privilégio parlamentar). Depois
disso, o rei governou sem convocar o Parlamento por 11 anos. Ao longo desse período, Carlos I continuou a
arrecadar dinheiro para os cofres da Coroa através de taxas consideradas ilegais.
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de 1642, os parlamentares aprovaram sem a assinatura do rei uma lei que dava ao Parlamento o controle das
milícias urbanas. Em resposta, o rei começou a juntar um exército para enfrentar as forças parlamentares. Era o
começo da Guerra Civil Inglesa, também conhecida como a Revolução Puritana ou Guerra dos Três Reinos
(porque envolveu a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda). Como o rei não conseguiu dissolver aquele Parlamento (que
só viria a ser dissolvido em 1660), ele ficou conhecido como “O Parlamento Longo” (mais tarde, também
conhecido como Parlamento Coto).
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propostas de reformas sociais, defendendo que o estilo de vida inglês fosse completamente abandonado e, em seu
lugar, a sociedade fosse reorganizada em pequenas comunidades rurais, onde todos fossem considerados iguais
e a posse da terra fosse coletiva. A maioria dos Levellers e Diggers era de protestantes ex-combatentes da Guerra
Civil, tendo lutado no Exército de Novo Tipo em nome do Parlamento. Nessa disputa de projetos, foram os
Grandees puritanos que saíram vitoriosos sob o comando de Oliver Cromwell. Os parlamentares que se opunham
às ideias de Cromwell foram expulsos da Casa dos Comuns, dando origem ao chamado “Parlamento Coto”, que
dali em diante aprovaria somente os desígnios do líder puritano. Crowmell tomou, então, medidas contra os
Levellers e os Diggers, perseguindo-os e prendendo-os, até que ambos os grupos ficaram sem forças para
buscarem as reformas por eles desejadas. Em 1649, o rei Carlos I foi julgado pelo Parlamento pelo crime de alta
traição. O grupo liderado por Thomas Cromwell conseguiu a condenação do rei, que foi considerado “tirano,
traidor, assassino e inimigo público”. A Câmara dos Lordes foi abolida, e a Inglaterra foi proclamada uma
República.
A execução de Carlos I. Pintura de autor holandês anônimo. Embora na Inglaterra fosse proibido fazer qualquer tipo de representação da execução
do rei, em outros países não era incomum encontrar esse tipo de pintura. O pintor colocou em primeiro plano uma mulher desmaiando,
evidenciando o choque da população com aquele acontecimento. Em destaque, no canto superior direito, Oliver Cromwell aparece posando com
a cabeça de Carlos I.
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Cromwell teve poucas realizações, e seu governo ficou marcado mais pelo autoritarismo. Ele fez duas tentativas
de eleger um Parlamento que aprovasse suas medidas, mas ambas resultaram em fracasso. Sua posição no poder
só se mantinha graças à sua ligação com os líderes do Exército de Novo Tipo. Com a morte de Oliver Cromwell
em 1658, seu filho, Richard Cromwell, foi elevado à posição de Lorde Protetor. Richard não tinha, entretanto,
servido no exército e não contava com a fidelidade dos oficiais. As lideranças do exército convocaram os
membros do Parlamento Coto de volta à Casa dos Comuns e, em 1660, aprovaram o fim da República e a
Restauração da Monarquia. O filho de Carlos I, Carlos II, que estava exilado na França, foi convocado para
assumir o trono e restituir a Dinastia Stuart ao poder.
O REINADO DE JAIME II
Com a morte de Carlos II, Jaime de York foi elevado ao trono, tornando-se Jaime II da Inglaterra. Desde o
início, Jaime II demonstrou sua simpatia pela teoria do Direito Divino dos Reis. Seu primeiro grande embate com
o Parlamento veio com uma tentativa de estabelecer a tolerância religiosa ao Catolicismo, como seu irmão já
havia tentado. Diante de nova recusa do Parlamento, o rei impôs a medida através de um decreto real, o que
reforçou seu caráter autoritário. Os parlamentares tentavam evitar uma crise maior com o rei que pudesse levar a
uma nova guerra civil como a de 1642. Viam a religiosidade de Jaime II como um inconveniente temporário, que
se resolveria com sua morte, já que a primeira na linha de sucessão era a filha mais velha do rei, Maria, que era
anglicana e casada com um protestante, Guilherme de Orange.
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o trono da Inglaterra vago. Para nomear oficialmente Guilherme como o novo rei da Inglaterra, entretanto, os
parlamentares exigiram que ele assinasse a Declaração de Direitos de 1689 (Bill of Rights), documento que
transferia para o Parlamento a soberania da Inglaterra, modificando o equilíbrio entre os poderes. Era o fim
definitivo do Absolutismo na Inglaterra. Todo esse processo ficou conhecido como “A Revolução Gloriosa”
porque praticamente não houve derramamento de sangue em solo inglês (embora, conflitos mais graves tenham
ocorrido na Escócia e, principalmente, na Irlanda, onde Jaime II tentou levantar um exército).
ATIVIDADES
1) (Mack-1997) "Art. 2 - O pretendido direito de dispensar as leis ou de execução das leis pela autoridade real,
como foi usurpado e exercido ultimamente, é contrário às leis."
"Art. 3 - O imposto em dinheiro para uso da Coroa, sob pretexto de prerrogativas reais sem que haja
concordância por parte do Parlamento, é contrário às leis."
Os trechos anteriores foram retirados da DECLARAÇÃO DOS DIREITOS, elaborada em 1689, após a
Revolução Gloriosa, que implantou:
a) uma monarquia absolutista.
b) uma república parlamentarista.
c) uma monarquia parlamentarista.
d) uma república federativa.
e) um principado vitalício.
2) (Vunesp-2003) “... o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma
nova estrutura política dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente.”
(Christopher Hill, A revolução inglesa de 1640)
O autor do texto está se referindo
a) à força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna.
b) ao controle pela coroa inglesa de extensas áreas coloniais.
c) ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.
d) ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã.
e) às disputas entre burguesia comercial e agrária, que caracterizaram o período.
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3) (UNIFESP-2003) Nas outras monarquias da Europa, procura-se ganhar a benevolência do rei; na Inglaterra, o
rei procura ganhar a benevolência [da Câmara] dos Comuns.
(Alexandre Deleyre. Tableau de l’Europe. 1774)
Essa diferença entre a monarquia inglesa e as do continente deve-se
a) ao rei Jorge III que, acometido por um longo período de loucura, tornou-se dependente do Parlamento para
governar.
b) ao fato da casa de Hannover, por sua origem alemã, gozar de pouca legitimidade para impor aos ingleses o
despotismo esclarecido.
c) ao início da rebelião das colônias inglesas da América do Norte contra o monarca, que o obrigou a fazer
concessões.
d) à peculiaridade da evolução política inglesa a qual, graças à Magna Carta, não passou pela fase da monarquia
absolutista.
e) às revoluções políticas de 1640 (Puritana) e 1688 (Gloriosa), que retiraram do rei o poder de se sobrepor ao
Parlamento.
4) Observe a charge alemã abaixo, satirizando o líder da Revolução Puritana inglesa, Oliver Cromwell, e, de
acordo com seus conhecimentos históricos, responda à questão seguinte.
É possível afirmar que o artista ao satirizar Cromwell
estava relacionando-o ao fato de o autointitulado
Lorde Protetor:
a) ter se tornado rei da Inglaterra.
b) ter cortado a cabeça de Carlos I.
c) ter se tornado um ditador durante a República
Inglesa.
d) ter reinstaurado a monarquia.
e) ter reaberto o Parlamento.
5) Explique as consequências dos Cercamentos para a os camponeses mais pobres da Inglaterra da Idade
Moderna.
6) O Exército de Novo Tipo trouxe uma inovação que era uma ruptura significativa com as estruturas do Antigo
Regime. Que inovação era essa?
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8) Explique de que modo a Revolução Gloriosa modificou o equilíbrio até então existente entre os poderes na
Inglaterra.
9) Por que se pode dizer que a Revolução Gloriosa foi uma vitória para os homens de negócios na Inglaterra?
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