Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAP. 01
CRISES NO SISTEMA FEUDAL E O NASCIMENTO DA Escaneie com o
leitor de QR
MODERNIDADE Code da busca de
Exportado em: 30/03/2023 capítulos na aba
Conteúdo
SLIDES DO CAPÍTULO
Para começar e refletir
Rotina de pensamento:
ver-pensar-perguntar
ROTINA DE PENSAMENTO
1
1.
O que você vê na pintura?
2.
O que será que representam as figuras humanas e não humanas retratadas na
imagem?
3.
O que você acha que está acontecendo na cena retratada? Que elementos
presentes na imagem levaram você a tal conclusão?
4.
Na sua opinião, o que pode ter acontecido nesse período histórico para que o
artista o tenha retratado de tal forma?
vivenciado na Europa Ocidental no século XIV. Ao longo do capítulo, você irá entender os
fatores que provocaram essa crise, além de ter acesso a uma possível interpretação acerca
do cenário registrado na obra de arte. Por ora, vamos refletir mais um pouco sobre as
informações presentes no texto de introdução ao capítulo, que disserta sobre a questão dos
períodos históricos.
2
feudalismo, sistema político, econômico e social predominante na Europa Ocidental durante
toda a Idade Média. À medida que a economia e a sociedade europeia iam se modificando,
conectados aos interesses dos grupos sociais detentores de poder. Nesse contexto é que
surge a ideia da modernidade e a passagem para um novo período histórico.
Este capítulo se encarregará de ajudar a entender tal conjuntura, resgatando algumas ideias
estudadas em outros momentos e atribuindo a elas novas perspectivas, para que possamos
compreender o contexto no qual ocorre o nascimento da modernidade. Está preparado(a)
Importante
É importante destacar que, para além da Europa, existiam povos com culturas,
valores e costumes distintos vivendo nos continentes africano, americano e asiático.
3
Iluminura em pergaminho presente no livro As riquíssimas horas
do duque de Berry [c. 1413]. Autor desconhecido. Dimensões: 22,5
cm × 13,6 cm. Museu Condé, Chantily, França.
A ilustração representa uma cena típica da paisagem feudal: ao
fundo, o castelo do senhor; e, no primeiro plano, os(as)
camponeses(as) trabalhando no feudo.
Wikimedia Commons
feudalismo foi o sistema político, econômico e social que predominou na Europa Ocidental.
Considera-se que o apogeu feudal ocorreu na transição entre a Alta Idade Média e a Baixa
Idade Média, do século IX até o início do século XIII. A sociedade feudal, que também se
fortaleceu nesse período, estava organizada sob divisões rígidas; isto é, dificilmente um
sujeito conseguiria passar de um grupo social para outro. Havia três grupos sociais
preponderantes: o clero, a nobreza e os trabalhadores.
sociedade.
Assim, cada camada social tinha uma responsabilidade específica: o clero tinha a função de
orar pela salvação das almas; à nobreza cabiam as atividades guerreiras e a proteção das
4
pessoas; e os trabalhadores deveriam garantir o sustento de todos. Os dois primeiros grupos
usufruíam de privilégios e direitos políticos e sociais, ao passo que, ao terceiro grupo, cabia
o pagamento de impostos e, em alguns casos, a servidão.
Na Idade Média, a vida estava centrada no ambiente rural. Na época, a terra era
considerada o bem mais valorizado. O domínio e direito de uso da terra, denominada
feudo, determinava a riqueza de um indivíduo ou uma instituição. A Igreja Católica, por
longo os estudos.
Reprodução
5
Agora é com você
Questão 01
Questão 02
econômicos mudaram a dinâmica da Europa Ocidental, que se voltou cada vez mais para o
comércio e a formação das cidades, em um processo de abertura gradual em relação aos
feudos. Na verdade, é possível dizer que, nesse período, teve início o quadro que levou o
sistema feudal ao declínio, ainda que alguns elementos que o compunham tenham se
perpetuado ao longo do tempo.
6
Iluminura de autoria desconhecida, c. 1515. Dimensões não
identificadas. The Morgan Library & Museum, Nova York, Estados
Unidos.
A ilustração representa camponeses semeando o campo na Idade
Média. No primeiro plano, podemos observar um trabalhador
usando o arado, que ficava preso ao corpo de um animal.
Wikimedia Commons
enxada, a charrua e o arado (estas últimas eram ferramentas utilizadas para cavar a terra e
facilitar a distribuição das sementes pelo solo).
Além disso, desenvolveram-se moinhos movidos pela água e pelo vento, capazes de
movimentar outros equipamentos como a serra ou o martelo. Houve também a introdução
seções: a cada ano, enquanto se cultivavam gêneros agrícolas em duas seções, a terceira
ficava em repouso, para garantir a recuperação do solo para o próximo período de cultivo.
7
feijão, ervilha e lentilha, responsáveis pelo fornecimento de proteínas, que promoveu o
enriquecimento da dieta alimentar da sociedade. Com uma alimentação mais completa e
diversificada, as pessoas passaram a viver por mais tempo, o que contribuiu para o
Para garantir o sustento da população, foi necessário ampliar as áreas de produção agrícola.
Para isso, muitas florestas foram derrubadas e foram abertos novos espaços para o plantio
e o cultivo dos mais variados gêneros, além do desenvolvimento da pecuária. A expansão
regiões europeias no começo da Idade Média, ganharam um novo impulso. Ao redor dos
e ferramentas.
militares impulsionadas pela Igreja Católica com o intuito de restabelecer o controle sobre a
cidade de Jerusalém, considerada sagrada para os fiéis do cristianismo, do judaísmo e do
8
islamismo.
A região, dominada pelos árabes muçulmanos desde o século VII, passou para o domínio
dos turcos muçulmanos, denominados seljúcidas, por volta dos anos 1070. Estes impediram
Como foi possível observar no mapa, entre os séculos XI e XIII foram realizadas oito
objetivando, por vezes, interesses distintos àqueles alimentados pela Igreja Católica. A
quarta Cruzada, por exemplo, foi patrocinada pelos mercadores da cidade de Gênova, que
tinham como intuito exercer o controle das rotas comerciais do mar Mediterrâneo, que
valiosas, o que favorecia as trocas comerciais. Os mercadores das cidades que tinham
o controle sobre essas rotas adquiriam as mercadorias por um determinado preço e
as revendiam para mercadores de outras regiões por um preço muito mais alto,
9
Ilustração representando a atividade comercial nas cidades
portuárias europeias, como Gênova e Veneza, localizadas na atual
Itália. Autor desconhecido.
Reprodução
Embora as Cruzadas não tenham atingido seu objetivo principal, elas trouxeram
As expedições abriram os olhos dos europeus para um mundo bastante diferente daquele a
que estavam acostumados. Ao longo do trajeto pela Ásia, até chegar a Jerusalém, os
europeus tiveram contato com produtos até então desconhecidos por eles, tais como açúcar,
damasco, cetim, seda, entre outros. Essas mercadorias eram levadas para a Europa e
cravo, canela, gengibre etc., utilizados para temperar e conservar os alimentos – com os
comerciais estavam sob o controle dos turcos, que cobravam valores muito altos para a sua
aquisição.
não somente para a proteção de seus habitantes, mas para facilitar a entrada e circulação
10
Nesse sentido, é possível afirmar que as Cruzadas contribuíram, em certa medida, para
desestabilizar as estruturas do mundo feudal, uma vez que, a partir desse evento, a terra e
Questão 01
Pratique:
o mundo feudal e suas mudanças no contexto da
Baixa Idade Média
Questão 01
A sociedade feudal é conhecida por uma organização em três ordens diferenciadas. Cada
ordem seguia um papel definido por Deus: trabalhar, lutar ou rezar. A Igreja Católica
tradicionalmente reforçava a existência das ordens com a ideia de céu e inferno e a
salvação apenas para os que seguissem a vontade de Deus. As três ordens da sociedade
Questão 02
[...] para satisfazer as faltas e necessidades dos da fortaleza, começaram a afluir diante da porta, junto
da saída do castelo, negociantes, [...] mercadores de artigos custosos, em seguida taberneiros, depois
11
hospedeiros para a alimentação e albergue dos que mantinham negócios com o senhor [...]. Os
habitantes de tal maneira se agarraram ao local que em breve aí nasceu uma cidade importante.
LELONG, Jean. Cronista do século XIII. In: ESPINOSA, Fernanda.Antologia de textos históricos
medievais. [S.l.: s.n.], 1972.
O texto refere-se:
Questão 03
3.a)
cidades europeias?
3.b)
Contudo, a partir do século XIV, fatores econômicos, sociais e políticos desencadearam uma
profunda crise na Europa. O continente se transformou em um lugar marcado pela doença,
fome e miséria, palco de revoltas e instabilidades políticas, que provocaram a morte de
milhões de pessoas. A seguir, vamos analisar as mudanças que propiciaram esse contexto
12
de crise.
Nas primeiras décadas do século XIV, entre os anos 1314 e 1315, mudanças climáticas,
especialmente fortes chuvas e geadas, reduziram drasticamente a produção agrícola no
continente europeu. Tal situação provocou o aumento do preço dos alimentos, o que
dificultou a sua distribuição para as camadas mais pobres da população, gerando uma onda
de fome pelo continente europeu. A situação de calamidade era tão intensa que existem
relatos revelando que algumas pessoas chegaram a praticar o canibalismo para sobreviver
à falta de alimentos. No período, a falta de uma alimentação adequada levou milhões de
pessoas à morte.
Glossário
canibalismo: ato de alimentar-se de outro indivíduo da mesma espécie.
Poucas décadas mais tarde, o continente europeu viu-se assolado por uma de suas maiores
catástrofes, a peste bubônica, que, na época, fora chamada de peste negra. A doença teve
origem na Ásia e chegou à Europa pelo mar Mediterrâneo, através de navios, que, além de
mercadorias, traziam ratos contaminados por pulgas infectadas pela bactéria Yersinia pestis,
13
transmissora da doença.
Ao entrar em contato com os seres humanos, a bactéria provocava uma infecção pulmonar
que evoluía depressa e era transmitida rapidamente pelo ar. Na época, não se conhecia
outro remédio a não ser isolar os núcleos contaminados. As péssimas condições de vida e
de higiene de grande parte da população europeia contribuíram para que a doença se
espalhasse rapidamente pelo continente.
Segundo algumas estimativas, entre as décadas de 1340 e 1350, a peste bubônica matou
combates da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), cujo saldo de mortos foi da ordem de 8
milhões de indivíduos. No mapa a seguir, é possível analisar como se deu o processo de
expansão da peste bubônica entre os continentes africano, europeu e asiático.
O alto índice de mortalidade provocado pela doença promoveu uma queda na produção
agrícola, pois faltava mão de obra para cultivar os campos. Enfrentando dificuldades para
cuidar de suas terras, muitos senhores feudais dividiram suas propriedades e venderam
parte delas para terceiros. Como muitos servos também já haviam abandonado os campos,
tornou-se cada vez mais comum senhores feudais contratarem camponeses para cuidar de
suas plantações.
Mão na massa:
a propagação de doenças no passado e no presente –
a peste bubônica e o coronavírus
PRÁTICA ATIVA
14
No século XIV, a peste bubônica causou pânico semelhante ao que ocorreu com
porto da cidade por quarenta dias. Apenas após a passagem desse período era
permitido o desembarque dos tripulantes, dos passageiros e das mercadorias.
• micro-organismo transmissor;
• formas de contágio;
• sintomas;
• período de propagação;
• número de infectados;
• número de mortes;
15
• impactos e transformações sociais provocados pelas doenças;
Orientações gerais
1.
Façam uso dos conhecimentos adquiridos ao longo do capítulo, mas também
realizem pesquisas em jornais, revistas e/ou sites confiáveis da internet para
deixar o seu cartaz mais informativo e atrativo para o público.
2.
Lembrem-se: o cartaz ficará exposto para que outras pessoas possam consultá-
lo e também aprender com ele. Por isso, caprichem na atividade e deixem a
imaginação fluir. Utilizem diversos recursos para a produção do quadro. Se
vocês gostam de trabalhos artesanais, façam uso de cartolina, papel kraft,
ilustrações, colagens, canetinhas coloridas etc. O cartaz também pode ser
produzido digitalmente, utilizando ferramentas como o Canva, uma plataforma
que permite a produção do cartaz a partir de diversos designs.
O cenário do século XIV, contudo, foi bastante desolador para a Europa feudal. A fome e a
disseminação da peste bubônica foram vistos como uma punição enviada por Deus devido
aos pecados cometidos pela humanidade. Os católicos acreditavam que a profecia revelada
16
O livro do Apocalipse, conhecido também como livro da revelação, descreve a visão
pela peste, pela morte e pela guerra. Nesse sentido, o contexto de crise vivenciado
pela sociedade europeia no período justifica o temor dos fiéis.
medieval. O tema passou a ser tratado de maneira recorrente na literatura, nas encenações
bíblicas, na música e nas artes visuais entre os séculos XIV e XV. A pintura que analisamos
no início do capítulo representa a crise a partir da percepção de um artista do período.
Observe-a novamente.
A seguir, apresentamos uma leitura do quadro a partir da análise dos elementos que o
constitui.
17
Detalhe da obra Triunfo da morte, óleo sobre tela de Pieter
Bruegel, 1562. Dimensões: 117 × 162 cm. Museu do Prado, Madri,
Espanha.
Wikimedia Commons
1.
Geralmente, nas pinturas do período, a morte é representada pela figura de um esqueleto
humano. Neste recorte, vemos os símbolos da morte tocando os sinos, elucidando, com isso,
a chegada do Juízo Final, conforme retratada nos textos bíblicos.
2.
A condição da morte era muito presente e temida pela sociedade europeia no século XIV. No
detalhe, é possível perceber o pavor na expressão facial das pessoas que, deitadas sobre a
rede, são arrastadas pela morte.
18
Detalhe da obra Triunfo da Morte, óleo sobre tela, de Pieter
Bruegel, 1562. Dimensões: 117 × 162 cm. Museu do Prado, Madri,
Espanha.
Wikimedia Commons
3.
Observe, neste recorte, que a morte mostra uma ampulheta a uma figura de poder, no caso,
um rei. A cena pode caracterizar a chegada do "fim do mundo" para todos, inclusive para
os mais poderosos. A morte também toma posse das fortunas do nobre, enfatizando que o
acúmulo de riquezas não modificará o que está por vir.
4.
Nesta parte, a morte aparece montada em um esquelético cavalo e estendendo uma longa
foice. Ela avança sobre as pessoas, que são obrigadas a entrar numa espécie de passagem,
que pode simbolizar a passagem para o plano espiritual.
19
Detalhe da obra Triunfo da morte, óleo sobre tela de Pieter
Bruegel, 1562. Dimensões: 117 × 162 cm. Museu do Prado, Madri,
Espanha.
Wikimedia Commons
5.
Neste detalhe, parece haver um combate entre a morte e a vida, representada pelos seres
humanos. Ao redor da cena, vê-se diversos corpos estendidos, o que pressupõe qual será o
desfecho do combate.
6.
Nesta cena, a morte é retratada em maior número que os seres humanos. Os esqueletos
possuem escudos amarelos, que se parecem mais com tampas de caixões, com o desenho de
uma cruz.
20
Detalhe da obra Triunfo da morte, óleo sobre tela de Pieter
Bruegel, 1562. Dimensões: 117 × 162 cm. Museu do Prado, Madri,
Espanha.
Wikimedia Commons
7.
A presença de uma mesa com toalha branca pode significar que até os nobres tiveram que
interromper seu banquete para lutar contra a morte. Observe a figura do bobo da corte,
que se esconde debaixo da mesa, demonstrando medo.
21
Miniatura de autoria desconhecida, presente no livro de crônicas de
Jean Froissart, século XIV. Dimensões não identificadas. Biblioteca
Nacional da França, Paris.
A ilustração representa a Batalha de Sluys – uma das primeiras
batalhas da Guerra dos Cem Anos –, ocorrida nas proximidades do
porto de Bruges, atual Bélgica. Nesse confronto, os ingleses e seus
aliados derrotaram as tropas francesas.
Reprodução
Além do cenário de fome e de doenças, o continente europeu foi palco de alguns conflitos
no século XIV. Entre eles, destacou-se a Guerra dos Cem Anos, um confronto travado entre
a França e a Inglaterra que aconteceu entre os anos de 1337 e 1453. Você consegue
Em 1328, Carlos IV, na época, rei da França, morreu sem deixar herdeiros. Eduardo III, rei
da Inglaterra, reivindicava o direito de assumir o trono, pois era sobrinho de Carlos IV pelo
lado materno. Porém, sua reivindicação não foi aceita pelos franceses devido à Lei Sálica,
que não reconhecia herdeiros da linhagem feminina. Sem outro candidato à linha
sucessória, a coroa francesa foi passada a Felipe de Valois, um parente de Carlos IV, de
linhagem secundária. Os ingleses não aceitaram tal decisão e mobilizaram seus exércitos
em direção à França.
conflito armado na região teve início com a coroação de Felipe de Valois, que se tornava,
então, Felipe VI. As tropas inglesas reagiram à nomeação do rei francês e dominaram a
região de Flandres. Nesse contexto, a França então declarou guerra à Inglaterra, em 1337,
22
dando início à Guerra dos Cem Anos.
O conflito durou, na verdade, 116 anos e pode ser dividido em quatro momentos diferentes:
no primeiro período (1337-1360) os ingleses venceram os franceses na maioria das
batalhas, dominando territórios das costas norte e oeste da França; no segundo (1360 e
1380), houve a retomada dos territórios pelos franceses; no terceiro (1380 a 1420), os
ingleses conquistaram quase toda a região do norte da França e, no último (1420 a 1453), a
França se recuperou: reconquistou os domínios territoriais que havia perdido e, finalmente,
conseguiu vencer o confronto. A vitória francesa foi marcada pela presença de Joana d'Arc,
que, à frente de um pequeno exército, derrotou os invasores. O conflito teve importância
fundamental por estimular a unidade entre os franceses.
23
Perfil
Joana d'Arc (1412-1431) foi uma jovem camponesa que se colocava como enviada por
Deus para salvar os franceses, alegando ter visões de figuras religiosas que a
Anos.
A jovem acabou presa pelos ingleses e foi condenada à morte na fogueira em 1431,
aos 18 anos, acusada de heresia pela Igreja Católica. Dois fatores marcaram a
roupas masculinas próprias para a guerra, o que era visto, na época, como um ato
indecente e pecaminoso.
Anos após a sua morte, a instituição retirou as acusações direcionadas à Joana d'Arc.
No século XV, a camponesa foi inocentada e, em 1920, foi canonizada pelo papa Bento
24
Relembre: o lugar da mulher na Idade Média
seguissem o exemplo de Maria, a mãe de Jesus Cristo, obediente a Deus, fiel ao seu
marido José e preocupada, portanto, apenas com seus afazeres de esposa e de mãe.
como a morte do marido, por exemplo, era comum as mulheres pegarem em armas
para defender suas terras e/ou linhagens. Algumas delas chegaram até mesmo a
participar do movimento das Cruzadas. Nesses casos, não se via com maus olhos a
inserção de mulheres nas atividades militares, uma vez que as causas pelas quais elas
As revoltas populares
Na Guerra dos Cem Anos, à medida que os conflitos entre as tropas francesas e inglesas
avançavam, a produção agrícola dos territórios era destruída, agravando a situação das
camadas mais pobres da população, que já estavam sendo vitimadas pela fome e pela
Além disso, os camponeses tinham que arcar com o aumento dos impostos, cobrados pelos
senhores feudais para compensar os prejuízos causados pelo declínio da produção de
25
Miniatura de autoria desconhecida, presente no livro de crônicas de
Jean Froissart, século XIV. Dimensões não identificadas. Biblioteca
Nacional da França, Paris.
A ilustração representa a derrota dos jacqueries na França, em
1358.
Wikimedia Commons
contestação foram reprimidos pelas autoridades locais e estima-se que cerca de 20 mil
Guerra dos Cem Anos. Os revoltosos chegaram a ocupar a cidade de Cantebury com o
objetivo de pressionar o rei inglês para reconsiderar as cobranças excessivas. Este levante
A Guerra dos Cem Anos foi o conflito mais longo da Idade Média. O vídeo produzido
pelo canal Videoteca pode ajudá-lo(a) a compreender esse acontecimento com mais
detalhes.
26
Agora é com você
Questão 01
Entre 1337 e 1453, ocorreu um longo conflito entre franceses e ingleses. Que conflito foi
esse e quais foram as suas motivações? Quais foram as consequências desse confronto?
Questão 02
que no campo.
B Diminuição das taxas e obrigações senhoriais que recaíam sobre os servos e que
Questão 02
27
Com o crescimento comercial na Baixa Idade Média, a Europa atravessou períodos de
B crença de que as epidemias não podiam ser combatidas, pois advinham da vontade
divina.
D proibição religiosa das pesquisas médicas e científicas durante toda a Idade Média.
E omissão dos poderes políticos, uma vez que as doenças só atingiam as camadas
pobres.
Questão 03
A crise do sistema feudal, que marcou a Baixa Idade Média, se manifestou através:
A Apenas I e II.
B Apenas III e IV.
C Apenas I, II e III.
D Apenas II, III e IV.
E I, II, III e IV.
28
Os efeitos do bom governo na vida das cidades , afresco de
Ambrogio Lorenzetti, 1338. Dimensões não identificadas. Palácio
Comunal, torre del Mangia: Siena, Itália.
A ilustração representa uma cidade medieval. O crescimento das
cidades foi fundamental para as transformações do mundo feudal.
Wikimedia Commons
O cenário do século XIV, marcado pela fome, pela peste bubônica, pelas guerras e revoltas
populares intensificou a crise do sistema feudal. A baixa produção agrícola, prejudicada
senhores feudais a viverem uma intensa crise econômica. Para as camadas mais baixas da
população, a situação era ainda pior, pois muitas pessoas não conseguiam se alimentar de
maneira adequada.
Com isso, a criminalidade cresceu, uma vez que as pessoas estavam desesperadas para
garantir a sua sobrevivência, fazendo com que os feudos se tornassem locais inseguros,
proteção dos territórios, uma vez que a crise havia se espalhado entre as diferentes
camadas sociais.
Temendo por suas vidas, muitos senhores feudais passaram a fazer acordos com os reis,
aos camponeses que permaneceram no campo. Isso facilitou o processo de libertação desses
romper os laços de obrigação feudal devido ao contexto de crise, também se dirigiram para
as cidades, onde tinham a perspectiva de desenvolver atividades artesanais e comerciais,
com as quais esperavam acumular riquezas. Vale destacar que, nesse período, devido à
29
grande mortalidade da população, ocorreu a valorização dos(as) trabalhadores(as)
disponíveis, o que justifica as expectativas dos camponeses em relação à migração para as
Assim, a terra, bem mais valorizado da sociedade feudal, passou a sofrer forte
influente.
30
Leia e analise
Questão 01
Quando o rapaz, depois de ter passado os anos da infância sossegadamente em casa, chegava à
idade varonil, principiava a seguir meios de vida mais prudentes e aprendia com cuidado e
persistência o que ensinava a experiência do mundo. Para isso, decidiu não seguir a vida de
lavrador, mas antes estudar, aprender e exercer os rudimentos de concepções mais sutis. Por
esta razão, aspirando à profissão de mercador, começou a seguir o modo de vida do vendedor
ambulante, aprendendo primeiro como ganhar em pequenos negócios e coisas de preço
insignificante; e então, sendo ainda um jovem o seu espírito ousou pouco a pouco comprar,
vender e ganhar com coisas de maior preço.
[...] Porque trabalhava não apenas como mercador, mas também como marinheiro [...] para a
Dinamarca, Flandres e a Escócia; nas terras onde encontrava certas mercadorias raras e por isso
mais preciosas, transportava-as para outras partes onde sabia que eram menos familiares e
cobiçadas pelos habitantes a preço de ouro. Fez dessa maneira muitos lucros com todas as suas
vendas e reuniu avultados bens com o suor do seu rosto, visto que vendia caro num lugar as
mercadorias que tinha comprado noutro por um preço inferior.
ESPINOSA, Fernando. Antologia de textos medievais. In: PINSKY, Jaime (Org.).Modo de produção feudal.
São Paulo: Global, 1982. p. 137-138.
1.a)
A riqueza dos burgueses era composta por moedas e mercadorias; a riqueza dos
senhores feudais vinha da propriedade da terra e dos impostos pagos pelos servos. Qual
é a diferença existente entre essas duas formas distintas de renda?
1.b)
1.c)
31
Um ourives em sua oficina, óleo sobre painel de carvalho, de
Petrus Christus, 1449. Dimensões: 100,1 × 85,8 cm. Museu
Metropolitano de Arte de Nova York, Estados Unidos.
Os ourives são artesãos que desenvolvem objetos a partir do
trabalho com metais preciosos.
Petrus Christus / Wikimedia Commons
Como vimos, a burguesia se formou enquanto grupo social a partir do século XI, com a
expansão da atividade comercial nos burgos. No contexto do pós-crise do século XIV,
feudais que se mudavam para as cidades. Também adquiriram títulos de nobreza, o que
desse grupo social que, gradualmente, rompia com a tradição da ascensão social pelo
nascimento, uma vez que a riqueza obtida pelas relações comerciais começava a rivalizar
comércio.
32
Nos limites territoriais dos quais tinham domínio, cada senhor feudal estabelecia pesos,
segurança nas estradas era outro ponto de atenção: frequentemente os mercadores eram
Para que a burguesia conseguisse atingir seus interesses, era importante a centralização do
poder, a unificação das moedas, dos pesos e das medidas, a elaboração de leis e regras
comuns, bem como a garantia da segurança e proteção de todos. Na visão dos burgueses,
quem melhor poderia exercer esse papel era o rei; afinal, se ele era um senhor feudal, era o
primus inter pares, expressão em latim que significa "o primeiro entre seus iguais".
para escancarar a ineficiência desse sistema, que não conseguiu solucionar os problemas
que se estabeleciam, além de não se adaptar às transformações exigidas pelo novo grupo
Questão 01
Pratique:
as consequências da crise do século XIV e a ascensão
econômica da burguesia
Questão 01
No final da Idade Média, em boa parte da Europa Ocidental, várias circunstâncias colaboraram com a
crescente centralização política em torno da figura do monarca. Guerras, revoltas camponesas e
novas técnicas militares debilitaram o poder da nobreza feudal, favorecendo a expansão do poder
real. A essa situação, somou-se a gradativa mercantilização e monetarização da economia, expressão
da ascensão da nascente burguesia.
33
MORENO, Jean; VIEIRA, Sandro. História: cultura e sociedade. 2. ed. Positivo, 2010. p. 92.
A A burguesia se une ao clero e aos nobres contra a centralização do poder dos reis.
B A burguesia é a nova camada social em formação, possui capital, mas não poder
político.
Questão 02
A burguesia foi o grupo social que mais se fortaleceu durante a crise do século XIV. Cite
Questão 03
A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a
um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de
GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. (adaptado)
34
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
sistema feudal. As transformações foram tão profundas que provocaram a migração para as
organização de novas estruturas políticas que dessem conta de atender aos anseios do novo
história da humanidade e, por isso, tal conjuntura origina um novo período histórico, ao
reconhecer como sujeitos independentes, movidos pela razão. A Idade Média passa a ser
percebida pelos(as) pensadores(as) modernos(as) como a "Idade das Trevas", do atraso e da
É importante destacar, porém, que a Idade Média não pode ser compreendida apenas sob a
lógica da crise e do obscurantismo. Como você deve ter visto em outros momentos de
35
estudo, nesse período puderam ser observadas diversas inovações nas técnicas artísticas e
um período histórico para o outro não é marcada apenas por rupturas; quer dizer, a
modernidade manteve diversos aspectos e lógicas desenvolvidas durante a Idade Média.
Nos capítulos seguintes, vamos continuar estudando o processo de transição entre a Idade
Média e a Idade Moderna; portanto, é importante ter essas reflexões em mente para
Enquanto isso
A cidade era famosa por abrigar uma série de relíquias cristãs. Os cristãos
36
as Cruzadas, os cristãos que seguiam em direção ao Egito desviaram sua rota,
outro povo, os otomanos, que viviam na região da Anatólia (na atual Turquia).
Resumo
• A partir do século XI, no contexto da Baixa Idade Média, o mundo feudal vivenciou
algumas transformações, derivadas do aumento da produção agrícola e do
crescimento populacional. As atividades comerciais voltaram a ser estimuladas, e um
novo grupo social surgiu no período: a burguesia. A partir do movimento das
Cruzadas, essas transformações se tornaram ainda mais latentes.
37
propriedades e títulos de nobreza, transformando, com isso, a estrutura social da
Europa Ocidental. Para aumentar suas riquezas, os burgueses buscavam ampliar as
atividades comerciais, que enfrentavam desafios para o seu desenvolvimento. Seus
interesses econômicos só seriam atendidos se houvesse uma restruturação da
organização política europeia, que viria a receber um novo corpo a partir da
centralização do poder político nas mãos dos reis.
38