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Literatura Portuguesa II
Coordenador da Disciplina
7ª Edição
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.
Realização
Autor
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 01: ARCADISMO
CAMÕES
Fonte [2]
ILUMINISMO
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Fonte [3]
1
Com o uso da máquina a vapor, é o momento histórico em que a
classe burguesa começou a praticar o liberalismo econômico, pondo
abaixo o Estado aristocrático, via de regra politicamente incapaz de
gerenciar todo esse conjunto de transformações econômicas e culturais.
REVOLUÇÃO FRANCESA
Fonte [4]
MARQUÊS DE POMBAL
2
Fonte [5]
No Sul No Norte
CURIOSIDADE
PARA SABER MAIS
Fonte [7]
O filme A MISSÃO (The Mission, 1986), dirigido por Roland Joffé,
recupera o contexto histórico do conflito entre o governo português e a
Companhia de Jesus, ocorrido no território brasileiro. A ficha técnica está
em Adoro cinema [8].
DICA
Você conhece a Wikipedia? A enciclopédia do século XXI está na
Internet. Procure na Wikipedia informações sobre a enciclopédia do
século XVIII, que reuniu os mais expressivos intelectuais franceses desse
tempo.
3
Eis o endereço da Wikipedia em português: http://pt.wikipedia.org/
[9]
4
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 01: ARCADISMO
AUREA MEDIOCRITAS
“Mediocridade de ouro”, valorização do equilíbrio da vida quotidiana,
evitando-se os excessos passionais ou a exuberância material. O
pensamento é influenciado pela poesia epicurista do poeta latino Horácio.
CARPE DIEM
“Aproveita teu dia”, valorização do desfrute equilibrado da vida
presente. Trata-se de citação retirada do final da Odes I, 11, do poeta latino
Horácio: “... carpe diem quam minimum / credula postero” (aproveita teu
dia e não te fies no amanhã). Esta ode se encontra no Material de Apoio:
horacio_carpe_diem.pdf (Clique aqui para abrir) (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.).
FUGERE URBEM
“Fugir da cidade”, busca do campo, estabelecimento de cenários
bucólicos. A natureza é tomada, desde o século XVIII, como amplo símbolo
ideológico. Na economia política, por exemplo, o liberalismo era justificado
como aplicação das leis naturais nas relações entre o governo e os negócios.
No urbanismo, a natureza passou a fazer parte da paisagem, surgindo os
jardins dos palácios e os parques públicos. Na educação, Jean-Jacques
Rousseau, em seu livro Emílio, prega uma educação baseada na ideia de
que o homem natural é bom (Mito do Bom Selvagem).
5
NUTILIA TRUNCAT
“Corta o inútil”, ou seja, combate ao exagero na arte. Era o lema da
Arcádia Lusitana (1756-1774).
LOCUS AMOENUS
Valorização do ambiente bucólico e tranquilo, que aparecem
idealizados na arte neoclássica.
ODES
Fonte [2]
EMÍLIO
Fonte [3]
6
Página de manuscrito da Arte Poética de Horácio, poeta latino que muito influenciou o
Neoclassicismo
7
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 01: ARCADISMO
ARCÁDIA LUSITANA
A Arcádia Lusitana é o marco histórico com que se inicia a moda
neoclássica em Portugal. Sua fundação ocorre em março de 1756, com a
reunião de Antônio Dinis da Cruz e Silva, Manuel Nicolau Esteves Negrão e
Teotônio Gomes de Carvalho. Cada árcade, como se sabe, adotava um nome
de pastor:
NOVA ARCÁDIA
Fundada por Domingos Caldas Barbosa (Lereno Selinuntino), Belchior
Manuel Curvo Semedo, Joaquim Severino Ferraz de Campos, Francisco
Joaquim Bingre, a Nova Arcádia funcionou de 1790 e 1794. Participaram da
Nova Arcádia:
8
Fonte [1]
CHAT
Neste chat livre vocês poderão esclarecer suas dúvidas sobre a
disciplina, o conteúdo e o funcionamento das aulas e da tutoria.
9
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 01: ARCADISMO
O POETA BOCAGE
Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em 1765 (Setúbal) e faleceu em
1805 (Lisboa). Tendo servido na marinha, pôde conhecer o domínio imperial
português. Sua vida boêmia e sua frustração amorosa (apaixona-se por
Gertrudes, que se casou com o irmão de Bocage) tem alimentado, na
Fonte [1] imaginação de muitos que apreciam sua obra, um paralelo entre a vida desse
poeta com a não menos atribulada vida de Camões. O próprio Bocage
admitia, em versos, esse paralelo biográfico: “Camões, grande Camões, quão
semelhante / Acho teu fado ao meu quando os cotejo!”.
• líricos,
• satíricos
POESIA REVOLUCIONÁRIA
10
No soneto iniciado por “Liberdade, onde estás?”, é possível voltar ao
tempo da Revolução Francesa na confissão de simpatia do poeta contra a
tirania aristocrática.
SÁTIRA IMPIEDOSA
11
Vi raiar o prazer; porém tão pouco
Momentâneo relâmpago não dura:
12
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do gênio e prazer, ó Liberdade!
13
Posto entre o Sol e a Terra,
Faria eclipse total!
A UM MAU MÉDICO
FÓRUM
Entre os poemas de Bocage, aquele iniciado por “Liberdade, onde
estás?” mostra a simpatia do poeta com a Revolução Francesa. Ele chegou
mesmo a ser preso, acusado de distribuir folhetos favoráveis ao
movimento republicano francês. Neste fórum, vamos discutir a relação
entre a literatura e a liberdade, procurando exemplos no passado e no
presente.
14
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 01: ARCADISMO
Fonte [1]
Correia Garção (1724-1772)
SONETOS
Primeiro soneto
Segundo soneto
15
No rosto macerado, que enfiava,
O lagrimoso pranto reluzia,
E nos olhos, que aos altos céus erguia,
O pensamento intrépido voava.
EPÍSTOLA
16
Filinto Elísio (Padre Francisco Manuel do Nascimento) (1734-1819)
17
Resta agora entender se foi acerto
nos que a língua tão rude nos poliram
co romano esmeril, tornando-a ao grémio
da perdida opulência, ou se deixá-la
no vândalo paul, suevo ou gado.
Quem não diz que mais val desbastar hoje
do bárbaro falar a língua lusa.
introduzindo os termos da latina
que o vasconço primevo desbastara,
que estragá-la com vozes alforrecas:
babugem que nas ribas portuguesas
lança a lição de sécios bonifrates,
que de alheio país só balbuciam
geringonça bastarda, mal intrusa?
Muitos que hoje escrevem franceseiam;
francesear agora é tão absurdo,
quanto o fora nos séculos latinos
vandalear, falar suevo ou godo.
Francesear em língua portuguesa
se atrevem quatro tolos vangloriosos
de uns laivos, que puseram mal assentes
na Face maternal, que se envergonha.
CONTO
18
não vi um só, nem grande, nem plebeu,
que ao passar me corteje co chapéu!»
Fonte [3]
Nicolau Tolentino de Alemeida (1740-1811)
19
«Aqui piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno, a não morrer de fome».
Fonte [4]
José Anastácio da Cunha (1744-1787)
POEMA 01
20
Se deres algum pranto à crueldade
do meu mal, poderei menos senti-lo:
teu pranto abrandará sua impiedade.
POEMA 02
SONETO 01
21
E tu, sacra Virtude, que anuncias,
a quem te logra, o gosto soberano,
vem dominar o resto dos meus dias.
SONETO 02
SONETO 03
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Exemplifique as seguintes características do Arcadismo, apresentando
trechos de poemas apresentados nesta aula, justificando sua escolha:
1. pastoralismo;
2. uso do verso branco;
3. contenção do sentimento;
4. transição para o Romantismo.
22
REFERÊNCIAS
BERARDINELLI, Cleonice. ESTUDOS DE LITERATURA
PORTUGUESA. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1985.
23
SANTOS, Reynaldo dos; AZNAR, José Camón. HISTORIA DEL ARTE
PORTUGUÉS. Barcelona: Labor, 1960.
24
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 02: ROMANTISMO
Até 1821, a sede do império foi o Rio de Janeiro. Nesse ano, D. João VI
fez juramento constitucional, fato inusitado entre os portugueses. No ano
seguinte, deu-se a Independência do Brasil, sendo D. Pedro IV proclamado
imperador do novo país, ganhando o soberano o título de D. Pedro I. Entre
1832 e 1834, D. Pedro entrou em guerra com D. Miguel, seu irmão, sendo
este derrotado. Com a vitória de D. Pedro, este abdica do trono em favor de
sua filha Dona Maria da Glória, que é coroada. Triunfava, assim, a
monarquia liberal e constitucionalista sobre os últimos resquícios do
absolutismo.
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
25
Fonte
FASES DO ROMANTISMO
Fonte [2]
PRIMEIRA FASE
É aquela da implantação do Romantismo, iniciando-se em 1825,
quando Garrett publica o poema CAMÕES. Além de Garrett, pertencem ao
primeiro momento romântico:
◾ Alexandre Herculano
◾ Feliciano de Castilho.
SEGUNDA FASE
É conhecida como Ultra romantismo, caracterizada pela poética da
paixão. Enquadram-se nesse momento:
◾ Soares de Passos
◾ Camilo Castelo Branco.
TERCEIRA FASE
Apresenta uma transição para o Realismo. João de Deus e Júlio Dinis
são escritores desse momento. O marco final do Romantismo é o ano de
1865, quando a Questão Coimbrã deflagra a moda realista.
26
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 02: ROMANTISMO
ALMEIDA GARRETT
VILA-FRANCADA
Fonte [2]
LEITURA COMPLEMENTAR
OBRAS DE GARRETT
27
ALFAGEME DE SANTARÉM OU A ESPADA DO CONDESTÁVEL (1842,
http://purl.pt/53 [15]), FREI LUÍS DE SOUSA (1844,
http://purl.pt/138/3 [16]), dentre outras peças.
DICA
O instituto Camões tem uma biografia de Almeida Garrett em:
http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xix/almeida-
garrett.html#.WUGGa-nauM8" [18]
SÍNTESE ESTILÍSTICA
CURIOSIDADE
Clique na figura abaixo e leia de seu computador uma cópia da peça
FREI LUÍS DE SOUSA, na edição de 1844, que se encontra na Biblioteca
Nacional de Lisboa. O arquivo tem 8,6 MB. Clique aqui
CLIQUE AQUI
28
Fonte [20]
(...)
Não sei se são bons ou maus estes versos; sei que gosto mais deles do
que de nenhuns outros que fizesse.
Por quê? É impossível dizê-lo, mas é verdade. E, como nada são por ele
nem para ele, é provável que o público sinta bem diversamente do
autor. Que importa?
Apesar de sempre se dizer e escrever há cem mil anos o contrário,
parece-me que o melhor e mais reto juiz que pode ter um escritor é ele
próprio, quando o não cega o amor-próprio. Eu sei que tenho os olhos
abertos, ao menos agora.
(...)
VII - SAUDADES
Leva este ramo, Pepita,
De saudades portuguesas;
É flor nossa; e tão bonita
Não na há noutras devesas.
29
Até às vezes mais cresce
Na terra que é mais ingrata.
E, se o quebra e despedaça
Com as raízes mofinas,
Mais ela tem brilho e graça,
É como a flor das ruínas.
IX - DESTINO
Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Florece!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?
LEITURA COMPLEMENTAR
No Material de Apoio, você dispõe da edição digitalizada de FOLHAS
CAÍDAS: (folhas_caidas.pdf - Clique aqui para abrir) (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.)
31
Fonte [21]
CAPÍTULO 9
Clique aqui para ler. (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
LEITURA COMPLEMENTAR
OBRAS DE ALMEIDA GARRETT NO MATERIAL DE APOIO
32
final do século XVI, fato que motivou o Sebastianismo, ou seja, a crença no
retorno do rei, que restauraria a grandeza de Portugal. Entre os que não
voltaram de imediato da fracassada batalha de Alcácer-Quibir, estava D.
João, que fora preso pelos mouros. Como não retornasse a Portugal, sua
esposa, achando-se viúva, acabou casando-se com Manuel de Sousa
Coutinho. O drama chega ao ponto culminante com o retorno de D. João,
que restaura a verdade sobre si. Garrett escreveu essa peça como uma
tragédia, admitindo, porém, no que tange à forma, que fosse chamada de
drama, segundo a moda de seu tempo:
ODISSÉIA
Fonte [22]
CLIQUE AQUI
Romeiro
Levaram
Madalena
Cativo?
Romeiro
Sim.
Madalena
Português?... cavivo da batalha de...
33
Romeiro
Alcácer-Quibir.
Madalena
Meu Deus, meu Deus! Que se não abre a terra debaixo dos meus pés?...
Que não caem estas paredes, que me não sepultam já aqui?...
Jorge
Calai-vos, D. Madalena: a misericórdia de Deus é infinita; esperai. Eu
duvido, eu não creio... estas não são cousas para se crerem de leve (Reflete,
e logo como por uma ideia que lhe acudiu de repente.) Ó inspiração
divina!... (chegando ao Romeiro) Conheceis bem esse homem, romeiro:
não é assim?
Romeiro
Como a mim mesmo.
Jorge
Se o víreis... ainda que fora noutros trajes... com menos anos, pintado,
digamos, conhecê-lo-eis?
Romeiro
Como se visse a mim mesmo num espelho.
Jorge
Procurai nesses retratos, e dizei-me se algum deles pode ser.
LEITURA COMPLEMENTAR
No Material de Apoio, separamos um estudo sobre a peça FREI LUÍS
DE SOUSA (frei_luis_resumo.pdf) (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.), com resumo da peça e descrição das
personagens.
ALEXANDRE HERCULANO
34
Herculano só sairia de seu retiro para apoiar os jovens realistas, censurados
nas Conferências do Cassino Lisbonense, em 1871.
LEITURA COMPLEMENTAR
OBRAS DE ALEXANDRE HERCULANO
II - O PRESBÍTERO
Clique para ler. (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
CLIQUE AQUI.
II
36
para o penhasco.
— Quem sois vós, senhora tão gentil; quem sois, que logo me cativastes?
— Sou de tão alta linhagem como tu; porque venho do semel de reis, como
tu, senhor de Biscaia.
— Se já sabeis quem eu seja, ofereço-vos a minha mão, e com ela as minhas
terras e vassalos.
— Guarda as tuas terras, D. Diogo Lopes, que poucas são para seguires tuas
montarias; para o desporto e folgança de bom cavaleiro que és. Guarda os
teus vassalos, senhor de Biscaia, que poucos são eles para te baterem a
caça.
— Que dote, pois, gentil dama, vos posso eu oferecer digno de vós e de
mim; que se a vossa beleza é divina, eu sou em toda a Espanha o rico-
homem
mais abastado?
— Rico-homem, rico-homem, o que eu te aceitara em arras cousa é de
pouca valia; mas, apesar disso, não creio que mo concedas; porque é um
legado de tua mãe, a rica-dona de Biscaia.
— E se eu te amasse mais que a minha mãe, porque não te cederia qualquer
dos seus muitos legados?
— Então, se queres ver-me sempre ao pé de ti, não jures que farás o que
dizes, mas dá-me isso a tua palavra.
— A la fé de cavaleiro, não darei uma; darei milhentas palavras.
— Pois sabe que para eu ser tua é preciso esqueceres-te de uma cousa que a
boa rica-dona te ensinava em pequenino e que, estando para morrer, ainda
te recordava.
— De quê, de quê, donzela? – acudiu o cavaleiro com os olhos chamejantes.
– De nunca dar tréguas à mouríssima, nem perdoar aos cães de
Mafamede? Sou bom cristão. Guiai de ti e de mim, se és dessa raça danada!
— Não é isso, dom cavaleiro – interrompeu a donzela a rir. – O de que eu
quero que te esqueças é do sinal-da-cruz: o que eu quero que me prometas
é que nunca mais hás-de persignar-te.
— Isso agora é outra cousa – replicou D. Diogo, que nos folgares e
devassidões perdera o caminho do Céu. E pôs-se um pouco a cismar.
E, cismando, dizia consigo: “De quem servem benzeduras? Matarei mais
duzentos mouros e darei uma herdade a Santiago. Ela por ela. Um presente
ao apóstolo e duzentas cabeças de cães de Mafamede valem bem um grosso
pecado”.
E, erguendo os olhos para a dama, que sorria com ternura, exclamou:
— Seja assim: está dito. Vá, com seiscentos diabos.
E, levando a bela dama nos braços, cavalgou na mula em que viera
montado.
Só quando, à noite, no seu castelo, pôde considerar miudamente as formas
nuas da airosa dama, notou que tinha os pés forcados como os de cabra.
LEITURA COMPLEMENTAR
OBRAS DE ALEXANDRE HERCULANO NO MATERIAL DE APOIO
37
online para realizar download deste arquivo.), Arras por foro de Espanha
(arras.pdf) (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), O
bispo negro (bisponegro.pdf) (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.), A dama pé de cabra (dama.pdf) (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.), Lendas e narrativas (lendas.pdf) (Visite
a aula online para realizar download deste arquivo.), A morte do lidador
(lidador.pdf) (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.),
O bobo (obobo.pdf) (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.).
Antônio Feliciano de Castilho (Lisboa, 1800 - 1875) foi uma dos mais
prestigiados nomes da literatura portuguesa do século XIX. O fato de ter
ficado cego na infância (contraíra sarampo) criou verdadeira mítica e
veneração em torno desse romântico. Dos autores do primeiro momento do
Romantismo de Portugal, foi ele o mais formalista, ainda apegado ao verso
Fonte [28] clássico. Seus primeiros versos são neoclássicos, destacando-se as
homenagens a D. Maria I, por ocasião da morte desta, e a D. João VI, o então
herdeiro da coroa. Formou-se em Cânones na Universidade de Coimbra,
onde participou de discussões árcades, mostrando-se partidário de Bocage.
Praticou uma poesia nacionalista, em que é recorrente o medievalismo.
Dirigiu de 1841 a 1848 a Revista Universal Lisbonense. Foi autor de livros
pedagógicos, sendo o criador de um método de alfabetização. Traduziu tanto
autores da antiguidade clássica (Anacreonte, Virgílio, Ovídio) como clássicos
estrangeiros (Shakespeare, Molière e Goethe). O posfácio ao livro POEMA DA
MOCIDADE, de Pinheiro Chagas, acabou por deflagrar a chamada Questão
Coimbrã (1865), polêmica iniciada pela resposta de Antero de Quental a
Castilho, que acusava a nova geração de fazer má poesia, alastrou-se entre os
intelectuais portugueses e até mesmo a brasileiros. O prestígio de Castilho
tem caído, ao longo do tempo. É o que entende Massaud Moisés, que chega a
afirmar: “A história de Castilho é a dum grande mal-entendido: graças à
cegueira, que lhe dava um falso brilho de gênio à Milton, mais do que à sua
poesia, alcançou injustamente ser venerado como mestre pelos românticos
menores ou epigonais.” (A LITERATURA PORTUGUESA. 33.ed. São Paulo:
Cultrix, 2005, p. 142.)
OLHANDO DE PERTO
Há uma biografia sobre Castilho no Dicionário Histórico Portugal
[29].
LEITURA COMPLEMENTAR
OBRAS DE CASTILHO.
38
DA MONTANHA (1846, http://purl.pt/132 [33]).
Jornalismo: OS TRÊS ÚLTIMOS DIAS DE UM SENTENCIADO ( 1842),
CÁRCERE PRIVADO ( 1844), SEGUNDO FOGO DA MADALENA (1844).
Ensaio: Conversação preambular ( 1862), Crítica Literária . Carta ao
Editor [Posfácio a POEMA DA MOCIDADE, de Pinheiro Chagas, texto que
deflagrou a Questão Coimbrã, ponto final do Romantismo português].
Didática: Felicidade pela Agricultura (1849, http://purl.pt/22 [34]),
Felicidade pela Instrução (1854, http://purl.pt/22 [35]).
Outras obras: EPISTOLA AO USURPADOR EX-INFANTE MIGUEL
MARIA DO PATROCINIO NA SUA SAIDA DE PORTUGAL (1834,
http://purl.pt/49 [36]), ECO DA VOZ PORTUGUESA POR TERRAS DE
SANTA CRUZ (1847, http://purl.pt/4 [37])
A TOMADA DE COIMBRA.
(Xácara)
– D. Fernando, D. Fernando,
novas de consolação!
cavaleiros não nos oiçam;
manda sair quantos são.
Deus te nos manda dizer
que tens Coimbra na mão.
39
quando nos vêm de Coimbra
a montear em Lorvão.
..........................
40
salva sempre os Leoneses,
e a gente de Portugal.»
Clique aqui para ler. (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Leia os contos "A dama pé de cabra" e "A morte do lidador", de
Alexandre Herculano (disponíveis no solar) e depois enumere, em tópicos
comparativos, os aspectos em comum destes contos de temática medieval
e da peça Frei Luís de Sousa de Garrett; estes tópicos devem citar as
semelhanças e diferenças em relação ao modo como cada autor apresenta
os ideais medievais de honra, religiosidade, nacionalismo e amor.
42
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 02: ROMANTISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
OBRAS DE CAMILO CASTELO BRANCO
43
BRASILEIRO (1869), A MULHER FATAL (1870), O REGICIDA (1874), A
FILHA DO REGICIDA (1875), A CAVEIRA DO MÁRTIR (1875), EUSÉBIO
MACÁRIO (1879), A CORJA (1880), A BRASILEIRA DE PRAZINS (1883)
INTRODUÇÃO
Clique aqui para ler (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
44
LEITURA COMPLEMENTAR
A PROSA DE CAMILO CASTELO BRANCO NO MATERIAL DE APOIO
CURIOSIDADES
Indicamos como leitura complementar o ensaio “A morte como
transcendência em AMOR DE PERDIÇÃO, de Camilo Castelo Branco”, de
Rosana Cássia Kamita, disponível em
http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_7418/artigo_sobre_a_morte_com_transc
[7].
JOÃO DE LEMOS
SOARES DE PASSOS
PARADA OBRIGATÓRIA
Clique para ler:
45
FÓRUM
MUITO ROMÂNTICO
46
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 02: ROMANTISMO
JÚLIO DINIS
Fonte [7]
LEITURA COMPLEMENTAR
A PROSA DE JÚLIO DINIS NO MATERIAL DE APOIO
CURIOSIDADE
A obra de Júlio Dinis tem sido adaptada para o cinema e para a
televisão. Adaptações
Adaptações Cinematográficas:
47
◾ 1921 - OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA - Realizado por Georges Pallu
◾ 1924 – AS PUPILAS DO SENHOR REITOR – Realizado por Maurice
Mauriad – com Eduardo Brazão, Augusto Melo, Duarte Silva, Maria de
Oliveira, Maria Helena e Arthur Duarte.
◾ 1935 – AS PUPILAS DO SENHOR REITOR – Realizado por Leitão de
Barros – com Maria Paula, Paiva Raposo, Lino Ferreira, Maria Matos e
Leonor D'Eça.
◾ 1938 - OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA - Realizado por Arthur Duarte
◾ 1949 - A MORGADINHA DOS CANAVIAIS - Realizado por Caeltano
Bonucci e Amadeu Ferrari - com Eunice Muñoz
◾ * 1961 – AS PUPILAS DO SENHOR REITOR – Realizado por Perdigão
Queiroga – com Anselmo Duarte, Mansa Prado, Isabel de Castro, Raúl
Solnado e António Silva.
Adaptações Televisivas
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Dinis)
JOÃO DE DEUS
CAMPO DE FLORES
Fonte [10]
A VIDA
Foi-se-me pouco a pouco amortecendo
a luz que nesta vida me guiava,
olhos fitos na qual até contava
ir os degraus do túmulo descendo.
48
despontava ela apenas, despontava
logo em minha alma a luz que ia perdendo.
......................................................
AROMA E AVE
Eu digo, quando assoma
o astro criador:
– Deus me fizesse aroma
de alguma pobre flor!
Aroma da janela
me evaporava eu,
me respirava ela
e me elevava ao céu!
49
E quem, se eu fosse uma ave,
me havia de privar
a mim da luz suave
daquele seu olhar?
ADORAÇÃO
Vi o teu rosto lindo,
esse rosto sem par;
contemplei-o de longe, mudo e quedo,
como quem volta de áspero degredo
e vê ao ar subindo
o fumo do seu lar!
ESTRELA
Estrela que me nasceste
quando a vista mal te alcança
nessa abóbada celeste,
50
onde a nossa alma descansa
a sua última esperança...
Estrela que me nasceste
quando a vista mal te alcança!
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
FORMAS DE AMOR
OBSERVAÇÃO
Para facilitar a leitura de seu documento, salve-o preferencialmente
em pdf. Outros formatos: odt (OpenOffice), rtf e doc (Word até 2007).
REFERÊNCIAS
CASTELO BRANCO, Camilo Ferreira Botelho. OS BRILHANTES DO
BRASILEIRO. São Paulo : Saraiva, 1966.
51
______ . O ARCO DE SANTANA. São Paulo : W. M. Jackson, [s.d.].
52
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 03: A GERAÇÃO DE 70 E A POESIA REALISTA
PARADA OBRIGATÓRIA
Leia o excerto abaixo, que traz passagens da resposta de Antero de
Quental. Observe, especialmente, os dois últimos parágrafos, em que o
jovem, num habilidoso jogo de palavras, rebate a crítica e põe em dúvida o
prestígio do velho Castilho: Clique aqui (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.).
53
Fonte [3]
Em 1868, organiza-se em Lisboa o Cenáculo, formados por Antero de
Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, dentre outros,
reunidos na casa de Jaime Batalha dos Reis. O grupo discutia os temas de
seu tempo e, sem que soubessem, preparavam o futuro da cultura de
Portugal. Em 1871, sai do Cenáculo a ideia de abrir um debate com a
sociedade. Para tanto, alugaram o Cassino Lisbonense, onde realizaram, nos
meses de maio e junho de 1871, conferências de profundo conteúdo
reformista, até sofrerem censura. Contra o policiamento do direito de
expressão pronunciaram-se solidariamente nomes de vulto, destacando-se o
de Alexandre Herculano, quebrando assim seu voluntário exílio em Val-de-
Lobos.
54
reunia nomes como o de Oliveira Martins e de Guerra Junqueiro, formou-se
entre 1887 e 1888. Conforme o nome sugere, já não existe nesse contexto o
mesmo ímpeto dos primeiros debates, mas uma espécie de constatação
amadurecida de conquistas relativas, acolhidas com bom humor e
resignação. O Ultimato Britânico de 1890 e o suicídio de Antero de Quental,
ocorrido em 1891, seriam golpes sobre o espírito dos realistas. Se para uns
tudo resultou em derrotismo e humilhação, para outros o desaguadouro
desses eventos seria o fim do regime monárquico. A história deu razão aos
segundos.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para saber mais sobre essa importante geração, veja, no Material de
Apoio, o texto A Geração de 70 – uma revolução cultural e
literária (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), de
Álvaro Manuel Machado.
55
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 03: A GERAÇÃO DE 70 E A POESIA REALISTA
ANTERO DE QUENTAL
LEIA MAIS:
Na página do Instituto Camões, você pode ler uma biografia de Antero
de Quental escrita por Ana Maria Almeida Martins, que fecha seu texto
com uma significativa bibliografia sobre o poeta.
http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/figuras-da-
cultura-portuguesa/1281-antero-de-quental.html [2]
56
Fonte [7]
TEÓFILO BRAGA
57
Antologia: CANCIONEIRO POPULAR (1867), CONTOS TRADICIONAIS
DO POVO PORTUGÊS (1883).
LEIA MAIS:
Na página do Instituto Camões, há uma biografia de Teófilo Braga
comentada em http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/rep7.html [9].
A UM CRUCIFIXO
Pregado em uma cruz de ébano expira
O alvor do corpo de marfim deslumbra
A vista que divaga na penumbra
Dentro de uma cela aonde a alma suspira.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Dos poemas de Antero de Quental disponíveis na aula, escolha dois
para interpretar. Você deve fazer sua interpretação em relação aos
preceitos estéticos propostos pelo poeta e sua geração, como também
justificar sua recepção destes conceitos nos poemas. (mínimo 25 linhas).
58
8. http://4.bp.blogspot.com/_4qdG9wOtm7A/SOD5Rp1XFrI/AAAAAAAA
FgU/qhjVOD0d1Js/s400/Retrato_de_Teofilo_Braga_1917.jpg
9. http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/rep7.html
10. http://www.denso-wave.com/en/
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LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 03: A GERAÇÃO DE 70 E A POESIA REALISTA
GUERRA JUNQUEIRO
Fonte [1]
Foto da época da Seca Grande, a pior já sofrida pelos cearenses.
60
A Velhice do Pader Eterno
CLIQUE AQUI
CLIQUE AQUI
CLIQUE AQUI
61
.........................................................................
O semideus que está, como um farol de glória,
No topo da montanha escalvada da história,
Contemplando o infinito e iluminando a terra,
Essa alma que a flor da alma humana encerra.
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nessa imensidade? Um ser pensante que habitasse uma estrela na Via
Láctea não lhe deve homenagem idêntica à do ente pensante desta
esferazinha em que habitamos? Se a luz é uniforme para o astro de Sírio e
para nós, a moral deve ser uniforme. Se um animal sensível e pensante em
Sírio nasceu do pai e mãe que se empenharam na sua felicidade, deve-lhes
tanto amor como nós aqui devemos a nossos pais. Se alguém na Via Láctea
encontra um indigente, e, podendo valer-lhe, o não socorre, delinquiu
perante todos os globos.»
DEO
EREXIT
VOLTAIRE
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punhados de límpidos diamantes sem as jaças da ironia, do ódio ou do
sarcasmo. O grande artista, por vezes, esqueceu-se da sua tarefa de
demolidor.
Fonte [6]
DE OS SIMPLES
REGRESSO AO LAR
Fonte [7]
Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
Canta-me cantigas para me eu lembrar!...
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Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
DE PÁTRIA
PORTUGAL
Fonte [8]
Maior do que nós, simples mortais, este gigante
foi da glória dum povo o semideus radiante.
Cavaleiro e pastor, lavrador e soldado,
seu torrão dilatou, inóspito montado,
numa pátria... E que pátria! A mais formosa e linda
que ondas do mar e luz do luar viram ainda!
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e entre a harmonia virgiliana um povo rude,
um povo montanhês e heróico à beira-mar,
sob a graça de Deus a cantar e a lavrar!
Pátria feita lavrando e batalhando: aldeias
conchegadinhas sempre ao torreão de ameias.
Cada vila um castelo. As cidades defesas
por muralhas, bastiões, barbacãs, fortalezas;
e, a dar fé, a dar vigor, a dar o alento,
grimpas de catedrais, zimbórios de convento,
campanários de igreja humilde, erguendo à luz,
num abraço infinito, os dois braços da cruz!
E ele, o herói imortal duma empresa tamanha,
em seu tuguriozinho alegre na montanha
simples vivia – paz grandiosa, augusta e mansa! -,
sob o burel o arnês, junto do arado a lança.
Ao pálido esplendor do ocaso na arribana,
di-lo-íeis, sentado à porta da choupana,
ermitão misterioso, extático vidente,
olhos no mar, a olhar sonambolicamente...
«Águas sem fim! Ondas sem fim! Que mundos novos
de estranhas plantas e animais, de estranhos povos,
ilhas verdes além... para além dessa bruma,
diademadas de aurora, embaladas de espuma!
Oh, quem fora, através de ventos e procelas,
numa barca ligeira, ao vento abrindo as velas,
a demandar as ilhas de oiro fulgurantes,
onde sonham anões, onde vivem gigantes,
onde há topázios e esmeraldas a granel,
noites de Olimpo e beijos de âmbar e de mel!»
E cismava, e cismava... As nuvens eram frotas,
navegando em silêncio a paragens ignotas...
– «Ir com elas...Fugir...Fugir!...» Ûa manhã,
louco, machado em punho, a golpes de titã,
abateu, impiedoso, o roble familiar,
há mil anos guardando o colmo do seu lar.
Fez do tronco num dia uma barca veleira,
um anjo à proa, a cruz de Cristo na bandeira...
Manhã de heróis... levantou ferro... e, visionário,
sobre as águas de Deus foi cumprir seu fadário.
Multidões acudindo ululavam de espanto.
Velhos de barbas centenárias, rosto em pranto,
braços hirtos de dor, chamavam-no... Jamais!
Não voltaria mais! Oh! Jamais! Nunca mais!
E a barquinha, galgando a vastidão imensa,
ia como encantada e levada suspensa
para a quimera astral, a músicas de Orfeus:
o seu rumo era a luz; seu piloto era Deus!
Anos depois, volvia à mesma praia enfim
uma galera de oiro e ébano e marfim,
67
atulhando, a estoirar, o profundo porão
diamantes de Golconda e rubins de Ceilão!
DE POESIAS DISPERSAS
ADORAÇÃO
Fonte [9]
Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.
Carta A F.
Fonte [10]
Desde aquela dor tamanha
Do momento em que parti
Um só prazer me acompanha,
Filha, o de pensar em ti:
(Clique aqui) (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
LEIA MAIS:
Aprofunde sua leitura da poética de Guerra Junqueiro. No Material de
Apoio, você encontrará a versão eletrônica de A velhice do Padre Eterno
(velhice_padreeterno.pdf) (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.).
69
11. http://www.denso-wave.com/en/
70
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 03: A GERAÇÃO DE 70 E A POESIA REALISTA
CESÁRIO VERDE
O POETA-PINTOR
O SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL
I AVE MARIA
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
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E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
II NOITE FECHADA
Toca-se às grades, nas cadeias. Som
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!
O Aljube, em que hoje estão velhinhas e criancas,
Bem raramente encerra uma mulher de "dom"!
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Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,
E os sinos dum tanger monástico e devoto.
III AO GÁS
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.
As burguesinhas do Catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
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E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
IV HORAS MORTAS
O tecto fundo de oxigénio, de ar,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
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Esqueço-me a prever castíssimas esposas,
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia mais...
75
LEIA MAIS:
No Material de Apoio, está disponível para sua leitura a edição
eletrônica de O livro de Cesário Verde (livrodecesarioverde.pdf) (Visite a
aula online para realizar download deste arquivo.).
FÓRUM
Após a leitura dos poemas de Cesário Verde disponíveis na aula, você
devem preparar um comentário para postar no fórum apontando as
características realistas e impressionistas que perceberam nesse poemas.
Aproveitem para discutir suas impressões sobre a poesia realista, tanto a
tendência filosófica revolucionário de Antero de Quental, quanto a
abordagem do cotidiano de Cesário Verde.
REFERÊNCIAS
JUNQUEIRO, Guerra. A VELHICE DO PADRE ETERNO. São Paulo:
Martim Claret,
76
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 04: A PROSA REALISTA
• o Evolucionismo,
• o Determinismo,
• o Positivismo e
MATERIALISMO E IDEALISMO
Contra o idealismo, levanta-se o conceito de que as construções
abstratas têm como base a realidade material. Assim, o idealismo romântico
dá lugar a uma estética baseada na observação atenta da realidade. Na
pintura, foi o pintor francês Gustave Courbet que primeiro colocou em
prática a estética realista, em quadros que chocaram o público e a crítica de
arte pelo fato de não se dedicar a representação de cenas históricas ou
alegóricas. Nas telas de Courbet, o prosaísmo do trabalho do dia-a-dia é
destacado, como no quadro Os quebradores de pedra (159x259 cm), de
1849:
GUSTAVE COURBET
Fonte [2]
Fonte [3]
77
Gustave Courbet, Os quebradores de pedra, 159x259 cm, 1849.
Fonte [4]
ZOLA
Fonte:
78
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia mais...
79
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 04: A PROSA REALISTA
Fonte [2]
OBRAS
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LEITURA COMPLEMENTAR
Eis aqui o resumo de texto acadêmico que recupera reflexões de
Antonio Candido sobre a obra de Eça de Queirós:
RESUMO
http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/73/49
81
O CRIME DO PADRE AMARO
PONTOS A OBSERVAR:
• humor;
O Crime do Padre Amaro (Clique aqui para ler) (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)
O PRIMO BASÍLIO
PONTOS A OBSERVAR:
• hereditariedade;
Fonte [4]
• contraste de caracteres;
• oposição ao Romantismo;
O primo Basílio (Clique aqui para ler) (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
CURIOSIDADE
MACHADO DE ASSIS POLEMIZOU COM EÇA DE QUEIRÓS
• decadência hereditária;
• restauração do nacionalismo;
82
• construção de uma narrativa interna.
A ilustre casa de Ramires (Clique aqui para ler) (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)
• falência do casamento;
• adultério feminino;
• ironia.
Fonte
Alves & Cia (Clique aqui para ler) (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
LEIA MAIS:
No Material de Apoio, você encontrará as versões eletrônicas dos
seguintes trabalhos de Eça de Queirós: O crime do padre Amaro
(crime_do_padre_amaro.pdf) (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.), O primo Basílio (primo_basilio.pdf) (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.), O mandarim ( mandarim.pdf)
(Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), A relíquia
(reliquia.pdf) (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.),
A ilustre Casa de Ramires (casa_ramires.pdf) (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.), Os Maias (maias.pdf) (Visite a aula
online para realizar download deste arquivo.), A cidade e as serras
(cidadeserras.pdf) (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.) e Alves & Cia. (alvesecia.pdf) (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.).
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Para fazer esta atividade você deverá baixar o arquivo da obra O
primo Basílio e ler o segundo capítulo, no qual o narrador apresenta o
círculo personagens que comporão a história. Depois redija um
comentário crítico (duas páginas) em que discuta os seguintes aspectos
apontados na obra: a hereditariedade, a crítica aos valores burgueses, a
crítica ao romantismo, a ironia desmistificadora da idealização dos
personagens.
83
3. http://2.bp.blogspot.com/_Sr7RKXDfxU8/SPN1CTsbcUI/AAAAAAAAA
oc/I256R7DGYrQ/s400/crimeamaro.jpg
4. http://www.mensagenscomamor.com/images/livros/img/e/eca_de_qu
eiros-o_primo_basilio.jpg
5. http://mlb-s1-p.mlstatic.com/livro-a-ilustre-casa-de-ramires-eca-de-
queiros-11894-MLB20051329495_022014-O.jpg
6. http://www.denso-wave.com/en/
84
LITERATURA PORTUGUESA II
AULA 04: A PROSA REALISTA
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia aqui o texto Ninho das Águias. (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
FÓRUM
O conto de Fialho de Almeida - O cancro, após ler o conto Ninho de
águia, leia também o conto "O cancro", de Fialho de Almeida (...). Acesse o
link para o texto no material de apoio da disciplina (abrir o link para o
texto) (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.).
REFERÊNCIAS
JUNQUEIRO, Guerra. A VELHICE DO PADRE ETERNO. Porto: Lello,
2000.
85
______. A MORTE DE D. JOÃO. 14. ed. Porto: Lello, 19--.
______. A MUSA EM FÉRIAS: idílios e sátiras. 10. ed. Porto Alegre:
Lello & Irmão, 1949.
______. ANTOLOGIA PARA A JUVENTUDE. Porto: Lello, 1958.
______. HORAS DE LUTA. Porto: Lello & Irmão, 1965.
______. OS SIMPLES. Lisboa: Mem Martins; Europa-América, 19--.
______. PÁTRIA. 8. ed. Porto: Lello & Irmão, 1950.
______. POESIAS DISPERSAS. 5. ed. Porto: Lello & Irmão, 193--.
______. PROMETEU LIBERTADO. Porto: Chardron, 1926.
______. VIBRAÇÕES LÍRICAS. Porto: Lello & Irmão, 1945.
QUEIRÓS, Eça de. A CAPITAL. 8. ed. Porto: Lello & Irmão, 1957.
______. A CIDADE E AS SERRAS. Porto Alegre: L&PM, 1998.
______. A CORRESPONDÊNCIA DE FRADIQUE MENDES. Porto
Alegre: L & PM, 1997.
______. A ILUSTRE CASA DE RAMIRES. Lisboa: Livros do Brasil,
2005.
______. A RELÍQUIA. Porto: Lello & Irmão, 196?.
______. A TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES. Lisboa: J. Hetzel, 1980.
______. ALVES & C.A. 8. ed. Porto: Lello & Irmão, 1952.
______. CARTAS FAMILIARES E BILHETES DE PARIS: 1893-1896.
Porto: Lello & Irmão, 1945.
______. CARTAS INÉDITAS DE FRADIQUE MENDES E MAIS
PÁGINAS ESQUECIDAS. 3. ed. Porto: Lello & Irmão, 1945.
______. CONTOS. Porto: Anagrama, s.d.
______. CORRESPONDÊNCIA. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, 1983.
______. NOTAS CONTEMPORÂNEAS. Porto: Lello & Irmão, 1945.
______. O CONDE D'ABRANHOS. 8. ed. Porto: Lello & Irmão, 1945.
______. O CRIME DO PADRE AMARO. Lisboa: Livros do Brasil,
2005.
______. O EGITO. 5. ed. Porto: Lello & Irmão, 1946.
______. O MANDARIM. Porto: Lello & Irmão, 1945.
______. O PRIMO BASÍLIO. Lisboa: Livros do Brasil, s.d.
______. OBRAS DE EÇA DE QUEIRÓS. Porto: Lello & Irmão, s.d.
______. OS MAIAS; CARTAS DE INGLATERRA; ÚLTIMAS PÁGINAS;
86
AS MINAS DE SALOMÃO; CORRESPONDÊNCIA DE FRADIQUE
MENDES; ECOS DE PARIS; CARTAS FAMILIARES E BILHETES DE
PARIS; NOTAS CONTEMPORÂNEAS. Porto: Lello & Irmão, 19??.
______. OS MAIAS. Porto: Lello & Irmão, 1966.
______. PROSAS BÁRBARAS. Porto: Lello & Irmão, 1945.
______. SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA. São Paulo:
Global, 1986.
______. A CIDADE E AS SERRAS. Porto: Lello & Irmão, 1901.
87