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HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA

1) Em um trabalho sobre a escravidão no mundo greco-romano, Lauffer


escreveu que a palavra Sklave, esclave, schiavo, originada na Idade Média, e
que a princípio designava os cativos da guerra eslava na Europa oriental, só
pode ser transferida para a Antiguidade de um modo anacrônico, o que suscita
equívocos. Além do mais, essa palavra lembra a escravidão negra na América
do Norte e das regiões coloniais dos séculos mais recentes, que dificulta ainda
mais a sua aplicação nas relações da antiguidade. Poucos ou nenhum dos
historiadores da antiguidade que participaram da discussão do trabalho de
Lauffer viram com bons olhos essa sugestão radical de abandonar a palavra
“escravo”.
FINLEY, M. Uso e abuso da História. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Considerando a reflexão suscitada pelo texto e o estuda da escravidão da


Antiguidade, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. No campo da História, a conexão que se estabelece entre o presente e o
passado pode suscitar anacronismo, o que torna possível a ocorrência de
equívocos interpretativos.
PORQUE
II. Escolhas teórico-metodológicas realizadas sem reflexão crítica podem
repercutir em completa desfiguração do passado ou da sua relação com o
presente.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.


a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

GABARITO A

2) Tornou-se lugar-comum dizer que entramos numa “civilização da imagem”,


esquecendo que a cultura Ocidental, por suas ligações com as civilizações
antigas e mais ainda com o cristianismo medieval, há muito tempo situa as
imagens no centro de seu modo de pensar e de agir.
SCHMITT, J. C. O corpo das imagens: ensaios sobre cultura visual na Idade Média.
São Paulo: Edusc, 2007, p.11.

Atualmente, o uso de imagens vem sendo considerado um importante recurso


para os professores de história que necessitam trabalhar conteúdos referentes
à Idade Média, isso porque a iconografia exprime e comunica sentidos que
muito revelam sobre aquela sociedade. Contudo, apesar deste instrumento
pedagógico ser atrativo e enriquecedor no processo de ensino aprendizagem,
para ser eficaz, deve ser aplicado adequadamente.
Considerando o método de análise iconográfica e a sua utilização em sala de
aula, as imagens
a) Devem ser usadas pelo docente por apresentarem de forma objetiva a
época medieval.
b) Devem ser compreendidas e relacionadas à sua função, ao seu tempo
histórico e lugar de produção.
c) Podem ser utilizadas isoladamente como apêndice do conteúdo, desde que
o professor seja responsável pela descrição daquilo que está representado.
d) Podem ser utilizadas pelo professor para tratar de uma determinada
realidade histórica, como forma de ilustrar valores da época medieval.
e) Podem prejudicar a interpretação de acontecimentos históricos, quando
correlacionadas a outra fonte primárias, como a documental.

GABARITO B

3) O romantismo do século XIX valorizou significativamente a época medieval.


Como fruto dessa inspiração, diferentes obras foram produzidas com materiais
provenientes da cultura desse período. Entre elas, podemos destacar Fausto,
de Goethe, O corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, as óperas Tristão e
Parsifal, de Wagner.
Considerando a interpretação do romantismo oitocentista sobre a Idade Média,
avalie as afirmações seguintes.
I. Os românticos consideravam a Idade Média como o momento de origem das
nacionalidades europeias, que então buscavam sua autoafirmação.
II. Os românticos basearam-se em coleções de documentos de textos
medievais, publicados durante o século XIX por intelectuais interessados em
valorizar os traços culturais peculiares de cada povo.
III. Em suas obras, os românticos ressaltaram, sobretudo, os aspectos
religiosos, no intuito de valorizar o período fundacional do cristianismo na
Europa.

É correto o que se afirma em


a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

GABARITO C

4) As reflexões sobre o tempo histórico, após a Escola dos Annales,


promoveram uma revolução na abordagem historiográfica e, no que que tange
à temporalidade, atribuíram à longa duração um papel de destaque. A
influência dessa historiografia francesa levou à compreensão da Idade Média
como
a) Uma época entre a queda do Império Romano do Oriente e o fim do
Renascimento, na qual se identifica o progresso e a aceleração do tempo.
b) Um período intermediário entre o início da Antiguidade Tardia e o movimento
iluminista francês, que denuncia o obscurantismo medieval.
c) Uma época que se estende entre o final do Império Romano do Ocidente e a
Revolução Francesa, cujos ideais de liberdade acabam com o Feudalismo.
d) Um período cronológico, entre a Antiguidade e a Idade Moderna, cuja
história é atravessada por rupturas e continuidades que se estendem a outras
épocas.
e) Um período médio entre o início da Antiguidade Tardia e o processo de
tomada de Constantinopla pelos turcos, com fortes influências orientais sobre a
percepção do tempo cristão.

GABARITO D

5) Procurando definir o quadro das estruturas do sistema feudal, na Idade


Média europeia, Hilário Franco Junior descreveu o período que vai do século IV
ao século X como marcado por uma pequena produtividade agrícola e
artesanal, consequentemente uma baixa disponibilidade de bens de consumo e
a correspondente retração do comércio e, portanto, da economia monetária. Já
para o período entre os séculos XI e XIII, a Idade Média Central conheceu
importantes mudanças nos elementos que tinham caracterizado a fase anterior.
Em primeiro lugar, a passagem da agricultura dominial para a senhorial. (...)
Uma segunda transformação importante ocorrida nos séculos XI-XIII foi
possibilitada pela existência de um excedente agrícola, o revigoramento do
comércio. Este passou a desempenhar papel central na vida do Ocidente, com
repercussão muito além da esfera econômica. [Para terceira transformação]
Seu ponto de partida foi o crescimento demográfico e comercial, fomentador do
desenvolvimento urbano.
FRANCO JÚNIOR, H. A Idade Média, nascimento do Ocidente. 2.ed. Brasiliense,
2006, p. 36- 41

Apresentamos abaixo uma ilustração relacionada às explicações do autor.

A partir das explicações das estruturas do sistema feudal, avalie as afirmações


a seguir.
I. O mansus era a menor unidade produtiva e fiscal do domínio. Dele uma
família camponesa tirava sua subsistência e, por ter recebido tal concessão,
devia certas prestações ao senhor.
II. A terra indominicata era explorada diretamente pelo senhor. Ali estavam sua
casa, celeiros, estábulos, moinhos, oficinas artesanais, pastos, bosques e terra
cultivável.
III. O mansus serviles era trabalho gratuito, geralmente realizado três dias por
semana, fosse para o cultivo da reserva, fosse para serviços de construção,
manutenção e transporte.
IV. As banalidades se referiam à albergagem, ou requisição de alojamento;
taxa pelo uso dos bosques, anteriormente direito camponês; multas e taxas
judiciárias diversas.
V. Corveia era o conjunto de pequenas explorações camponesas, cada uma
delas designada pelos textos a partir do século VII por mansus, ocupados por
escravos.
É correto apenas o que se afirma em
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) I, III e V.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.

GABARITO B

6)

A topografia das cidades medievais revela diversos aspectos sobre a vida das
sociedades que as habitavam, tais como organização corporativa, devoção
religiosa e estratificação social. O detalhe da pintura ao lado retrata a cidade de
San Gimignano nos braços de seu protetor, o bispo homônimo da cidade.
Naquela época, o centro urbano contava com setenta e duas torres, das quais
permanecem quinze hoje em dia. A forma como o documento retrata a
organização do espaço urbano explicita que
a) as torres exaltam o poder das ordens mendicantes que se afirmam nos
centros urbanos na Baixa Idade Média.
b) as muralhas e os observatórios móveis de vigília glorificam o prestígio do
patriciado urbano.
c) as torres intra-muros exercem uma função militar, permitindo a defesa da
nobreza que se transfere para a cidade.
d) a muralha, como construção monumental, tinha também a função de
transmitir a supremacia do poder urbano sobre o poder senhorial e eclesiástico.
e) a cidade medieval, com suas torres e catedrais, ergue-se para o alto num
impulso em direção a Deus.

GABARITO E

7) Considere os documentos a seguir.


(...) foi nos arredores das cidades em crescimento, no século XII, que a miséria
apareceu. Repentinamente. Como uma coisa intolerável. Isso era
consequência da migração dos camponeses para a cidade. Na periferia, onde
chegavam esses migrantes desenraizados, a solidariedade primitiva estava
destruída. (...) É nesse momento, ao fim do século XII, que aparece Francisco
de Assis, o homem que encarna uma transformação radical do cristianismo.
DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. São Paulo: Unesp
1998, pp. 32-33.
Os documentos estabelecem relações entre a experiência franciscana e a
condição da pobreza na Baixa Idade Média, podendo-se concluir que:
I - os documentos relacionam pobreza, ordens mendicantes e novas maneiras
de viver o cristianismo, denunciando a desigualdade social;
II - a pobreza, no texto, é um efeito de transformações socioeconômicas; na
imagem, é um meio para realizar a imitação de Cristo, sendo fruto de uma
opção voluntária;
III - os documentos apresentam os pobres como os despossuídos de bens
materiais: camponeses sem terra e sem trabalho e clérigos que renunciaram à
riqueza terrena;
IV- a espiritualidade franciscana, no texto, é relacionada às transformações
urbanas; na imagem, ela é positivada como virtude ao lado do branco da
Castidade e do vermelho da Obediência.

São corretas APENAS as conclusões:


a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, III e IV
e) II, III e IV

GABARITO E

8) Um dos aspectos que caracteriza as Cruzadas e a jihad islâmica como


guerra santa é uma visão radicalmente espiritual do mundo, em que a alma é
mais importante que o corpo, e a vida eterna, com Deus, melhor que a vida
terrena. Qual das frases explicita esse aspecto?
a) “É horrendo, irmãos, que vocês estendam a mão rapace contra outros
cristãos. Mas é um bem singular vibrar a espada contra os sarracenos!” (Papa
Urbano II, Concílio de Clermont, 1905)
b) “Ó crentes, que sucedeu quando vos foi dito para partirdes para o combate
pela causa de Allah, e vós ficastes apegados à terra? Acaso, preferíeis a vida
terrena à Outra?” (Corão, sura 9, 38-39)
c) “Os esforços devem ser concentrados para destruir, combater e matar o
inimigo até que, por graça de Deus, será completamente derrotado.” (Osama
bin Laden, Declaração de guerra contra os americanos, 1996)
d) “Essa ordem foi instituída (...) como milícia contra os inimigos da Cruz e da
Fé, para expulsar dos confins da Cristandade os espantalhos noturnos das
trevas dos infiéis.”. (Estatutos dos Cavaleiros Teutônicos, 1199)
e) “Foi-me ordenado combater os homens até que eles testemunhem que não
há outro Deus que não Allah e que Maomé é o mensageiro de Deus.” (Preceito
de Maomé, Sunna, século IX).

GABARITO B

9) “A diferença entre o Renascimento e a Idade Média não foi uma diferença


produzida por adição, mas por subtração. O Renascimento, tal qual nos foi
descrito, não foi a Idade Média mais o homem, mas a Idade Média menos
Deus, e o que houve aí de trágico, foi que, ao perder Deus, o Renascimento
perdeu o próprio homem.”

(Etienne Gilson, em 1932)


A frase revela que o autor pretende
a) recuperar a visão romântica do século XIX sobre a Idade Média, a primeira a
formular a ideia de uma ruptura entre os dois períodos.
b) reabilitar a Idade Média, a expensas do Renascimento, mostrando uma
superioridade espiritual da primeira sobre o segundo.
c) repudiar a visão dominante, segundo a qual a Idade Média não havia sido
capaz de produzir uma filosofia própria.
d) retomar a concepção Iluminista do século XVIII, quando, pela primeira vez, a
Idade Média passa a ser vista em pé de igualdade com o Renascimento.
e) reavaliar as duas épocas históricas, numa perspectiva que nega a tradicional
ruptura entre ambas.

GABARITO B

10) Um escritor saxão, Aelferic, o Gramático, no seu Colloquium, deixa-nos


entrever um pouco da vida do servo:
— Que dizes tu, lavrador, como fazes o teu trabalho? — pergunta o professor.
— Eu, senhor, trabalho arduamente. De madrugada vou levar os bois para o
campo e os atrelo ao arado; por mais rigoroso que seja o inverno, não me
atrevo a ficar em casa, com receio do meu senhor; e depois de amarrar a relha
e a sega ao arado, tenho de lavrar um acre de terra ou mais diariamente.
— E que fazes mais durante o dia?
— Muita coisa mais: encher os cochos, dar água aos bois e levar o esterco
fora.
— É trabalho pesado?
— É, sim, é pesado porque não sou livre.
(MORTON. In: AQUINO et al., 1980, p. 390).

O papel do servo, na sociedade medieval, descrito no texto, diferia do papel do


homem livre, o vilão, porque este tinha direito

a) a ingressar nas categorias mais baixas da cavalaria.


b) à propriedade da terra dentro do feudo, pagando a corveia ao senhor.
c) a ascender aos altos escalões da Igreja, assumindo papéis de mando.
d) à posse do produto da terra para comercializá-lo fora do território feudal.
e) à liberdade de trabalhar na terra para seu próprio benefício, pagando
apenas algumas obrigações.

GABARITO E

11) A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre
o crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente
para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As
pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas em
fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias, cavavam-
se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos (...) E
morreram tantos que todos achavam que era ofim do mundo."
Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: William M. Bowsky. The
Black Death: a turning point in history? New York: HRW, 1971.

O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da Peste Negra, que


assolou a Europa durante parte do século XIV, sugere que
a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos tempos.
b) a Igreja buscou conter o medo da morte, disseminando o saber médico.
c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão forte, porque as
vítimas eram poucas e identificáveis.
d) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à
Peste.
e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres
não serem enterrados.

GABARITO A

12) Nesses textos do século X, percebem-se visões distintas sobre os livros e


as bibliotecas em uma sociedade marcada pela

TEXTO 1

É da maior utilidade saber falar de modo a persuadir e conter o


arrebatamento dos espíritos desviados pela doçura da sua eloquência. Foi com
este fim que me apliquei a forma a uma biblioteca. Desde há muito tempo em
Roma, em toda a Itália, na Germânia e na Bélgica, gastei muito dinheiro para
pagar a copistas e livros, ajudando em cada província pela boa vontade e
solicitude dos meus amigos.
GEBERTO DE AURILLAC. Lettres. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G.
História da Idade Média: textos e testemunhos. São Paulo: Unesp, 2000.

TEXTO II

Eu não sou doutor e nem sequer sei do que trata esse livro: mas, como
a gente tem que se acomodar às exigências da boa sociedade de Córdova,
preciso ter uma biblioteca. Nas minhas prateleiras tenho um buraco
exatamente do tamanho desse livro e como vejo que tem uma letra e
encadernação muito bonitas, gostei dele e quis comprá-lo. Por outro lado,
reparei no preço. Graça a Deus sobra-me dinheiro para essas coisas.
AL HADRAMI. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. A Península Ibérica
entre o Oriente e o Ocidente: cristãos, judeus e mulçumanos. São Paulo: Atual,
2002.
a) difusão da cultura favorecida pelas atividades urbanas.
b) laicização do saber, que era facilitada pela educação nobre.
c) ampliação da escolaridade realizada pelas corporações de ofício.
d) evolução da ciência que era provocada pelos intelectuais bizantinos.
e) publicização das escrituras, que era promovida pelos sábios religiosos.

GABARITO D

13) Considere o fragmento abaixo:

Durante a Idade Média, a figura feminina revestiu-se dos piores atributos


imagináveis. Para os teólogos, além de infantil e inconstante, a mulher era mãe
de todo pecado: Thomas Murner chamava-a de “Diabo doméstico”, enquanto
Tomás de Aquino reservava-lhe a pecha de “macho deficiente”. Essas
características levaram-na a ser o elo fraco das sociedades cristãs, a janela
pela qual Satã adentrava territórios sacramentados. Sendo fraca de vontade e
caráter, a mulher ficava à mercê das tentações demoníacas, tornando-se
facilmente discípula e amante do Diabo.
SOUZA, Aníbal. Missionários e Feiticeiros. História: Questões e Debates, Curitiba, v.
13. jul./dez., 1996. p. 118.

Em relação ao imaginário na Idade Média, é correto afirmar que vigorava uma


forte influência:
a) cristã protestante e alto poder do clero, com grande perseguição contra os
considerados heréticos.
b) cristã protestante e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e
grande perseguição contra os considerados vassalos.
c) católica e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande
perseguição contra os considerados heréticos.
d) católica e alto poder dos nobres, além de grande mobilidade social e
perseguição contra protestantes, considerados heréticos.
e) católica e alto poder do clero, além de grande mobilidade social e
perseguição contra os considerados vassalos.

GABARITO C

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