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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS (ICHS)


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCILINA: HISTÓRIA MODERNA
ALUNA: ARIANA OLIVEIRA GONÇALVES – 19.1.398
PROFESSORA: MARCO ANTÔNIO SILVEIRA

Enunciado: Com base nos textos de Ellen Wood, Jean Delumeau e René Remond,
aponte algumas das características das sociedades de Antigo Regime constituídas na
Europa durante a Idade Moderna.

R: René Remond pretendeu com seu texto nos dar uma visão geral da Europa nos anos
que antecederam a Revolução Francesa, período que foi denominado como Antigo
Regime. Segundo o autor, é difícil definir características que englobam toda a sociedade
europeia do Antigo Regime, uma vez que, cada sociedade se desenvolvia de uma forma
singular, e possuíam suas próprias características, que eram distintas entre os grupos
sociais da Europa naquele período, assim como ainda o é hoje em dia, já que não
podemos estabelecer uma característica única para a sociedade do século XXI.
No Oeste da Europa, principalmente França, a servidão havia praticamente
desaparecido, com pouco menos de um milhão de servos. A redução no número de
servos e com o abrandamento dos direitos feudais, os camponeses passam a se sentir
donos de si e de propriedades de terras, fato que segundo o autor foi acelerado pela
Revolução Francesa.
Por outro lado, na Europa central, a escravidão é algo normal e permanecerá em vigor
até o século XIX.
Nesse mesmo sentido, a historiadora Ellen Wood, aborda sobre o surgimento do
capitalismo na Europa, o qual ela entende não ser algo natural, mas sim consequência de
escolhas políticas, sociais e econômicas que levaram os proprietários de terras a dar
ênfase na produção e não na distribuição, como se fazia anteriormente.
A teoria da autora diz que o capitalismo não surgiu nas cidades como se imagina mas
surgiu no campo
Segundo a autora, no século XVII, já havia uma intensa atividade comercial na Europa,
porém essa atividade estava livre de pressupostos capitalistas como a ideia de
competitividade. Nesse momento o comércio que se tinha era de utensílios de luxo
destinados a famílias mais abastadas e de classes dominantes, não havendo nesse
período o mercado voltado para as massas. Esse mercado não tinha, portanto, os
impulsos de alta produtividade, uma vez que o foco era na circulação dos produtos, ou
seja, comprar em uma região e venderem por valor mais alto.
A autora traz a experiência francesa do século XVIII no tocante ao comércio, para
ilustrar melhor o cenário do período a respeito do mercado. Para Ellen Wood, os
camponeses tinham acesso à terra e, portanto, possuíam acesso aos meios de produção
sem precisar vender sua força de trabalho como mercadoria, já a classe dominante,
possuía acesso a cargos no Estado Central, o que os possibilitava extrair o excedente
produtivo dos camponeses em forma de imposto, assim como os grandes latifundiários
também o faziam, sendo assim, essa sociedade dependia pouco do mercado para ter
acesso a bens para a reprodução de status.
Na Inglaterra, por outro lado, já no século XVI se torna um país unificado com redes de
estrada e água o que favorece o desenvolvimento do mercado nacional. A agricultura
era a base da economia, porém, se distinguia das demais uma vez que a posse de terra se
encontrava nas mãos dos latifundiários ingleses, que poderiam usá-las de várias
maneiras, principalmente, em favorecimento de seu desenvolvimento econômico. Uma
das formas de lucrar com a terra nesse momento é arrendando as terras para
trabalhadores, o que dava a esses latifundiários grandes poderes de extorsão, forçando
os arrendatários a aumentar a produção pelo risco de despejo, pois dependia na
capacidade de pagar aluguel tornando-os dependentes do mercado para ter acesso à
Terra. Essa atividade, segundo a autora, define o capitalismo como imperativo.
Jean Delumeau nos apresenta outra forma de analisar a sociedade do período do antigo
Regime. O Renascimento foi um movimento artístico, cultural e científico que surge na
Itália, e se espalha pela Europa de formas diferentes. Segundo o autor, o movimento se
propõe a resgatar a antiguidade clássica, afim de superar o período da Idade Média, o
qual é definido por Petrarca como idade das trevas.
Segundo o autor é possível perceber que a Idade Média não havia esquecido o seu
passado clássico a partir das obras de arte, nas quais, segundo o autor, “os escultores
Romanos inspiraram-se em estátuas, baixos relevos, estalas e sarcófagos abandonados
pela antiguidade durante o refluxo” (DELUMEAU, 1984, p.88), outro exemplo que o
autor nos traz é a própria Divina Comédia na qual Dante é guiado por Virgílio, poeta
romano que escreve Eneida.
Nesse período, a igreja também tinha muita força na sociedade, mesmo com as vertentes
humanistas crescentes, os pensadores não tinham intenção de tirar o poder
representativo da igreja, pelo contrário, ela se apropria das correntes filosóficas que,
retomando Platão e Aristóteles, explicavam o mundo, diante de pensamentos
metafísicos, a própria Igreja passa a então possuir essas respostas.

REFERÊNCIAS
DELUMEAU, Jean. “Renascimento e Antiguidade”; “O Renascimento como reforma
da Igreja”. In: A civilização do Renascimento. Trad. Lisboa: Estampa, 1984, p. 85-147.
REMOND, René. “A organização social do Antigo Regime”. In: O Antigo Regime e a
Revolução, 1750-1815. Trad. São Paulo: Cultrix, 1986, p. 39-59.
WOOD, Ellen Meiksins. “A origem do capitalismo”. In: A origem do capitalismo. Trad.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 75-123.

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