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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

RESUMO E QUESTÕES SOBRE O CAPITULO 12 DO LIVRO DE SAES E SAES

Disciplina: História Econômica Geral – 1° Período


Professor: Emerson Costa
Acadêmicos: Gabriel Pereira, Samuel Ruilde, Vitor Correa e Ygor Rocha

Montes Claros
2021
SAES, Flávio Azevedo Marques; SAES, Alexandre Macchione. Imperialismo e a
Primeira Guerra Mundial. – 1.ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. P. 307 – 326
Do ano 1914 a 1918, ocorre no mundo um marco histórico extremamente
importante: A Primeira Guerra Mundial. Um evento que representou um divisor entre
os séculos XIX e XX. Uma vez que as mudanças posteriores ao ano de 1918 (em
alguns casos, decorrentes da guerra) fizeram do século XX uma época histórica
totalmente diferente do século anterior. Enquanto, o século XIX foi um período
marcado pelo retorno da expansão territorial, que em junção com o neocolonialismo,
movimento de conquista e criação de colônias pelo mundo no final do século, deu
origem ao Imperialismo: a dominação que um Estado exercia sobre outro.

No início, a ideia de Imperialismo era associada à criação de Impérios Colônias,


porém, mais tarde, passou a ter um sentido mais amplo e polêmico, pois relacionou
o estimulo para a expansão das grandes potências com as características de sua
economia e sociedade. Isso levou a conflitos entre as potências europeias que
finalmente levaram na Primeira Guerra Mundial.

Imperialismo, termo que é conhecido desde antes da idade média, mas foi somente
em meados do século XIX que esse termo ganhou notoriedade, sendo usado para
descrever quem defendia os ideais napoleônicos e mais tarde usado principalmente
para se referir a políticas de expansões coloniais, cunhando um termo que podemos
entender como o poder que uma nação exerce sobre a outra quando ela é
colonizada pela primeira (sendo praticado principalmente pelas grandes potências
europeias). Por ter começado ainda no contexto do mercantilismo, o colonialismo
perdeu força, principalmente quando essas nações conquistaram a independência
das suas respectivas metrópoles.

Apesar disso, alguns países ainda praticavam esse tipo de domínio, como é o caso
da Grã-Bretanha, que mesmo após o mercantilismo colonizou partes da Oceania,
Ásia e África; com a esse último tendo 90% do seu território dominado. Outras
nações como Portugal e Espanha também praticavam esse tipo de dominação,
conquistando boa parte do território africano.
Muitos desses países justificavam o seu ímpeto Imperialista como uma “missão
civilizatória”, pois aqueles povos dominados não eram avançados e deviam se
submeter a soberania do povo europeu, que acreditava que era o mais apto tanto
fisicamente quanto intelectualmente. Razões religiosas também eram discutidas,
sendo usadas como pretexto para que os povos europeus levassem o evangelho e
pregassem para ‘’os povos menos desenvolvidos’’. Termos como ‘’Imperialismo
Social’’ também eram usados para promover tais atos, o Estado defendia que ao
conquistar essas nações, ele traria riqueza e melhorias para seu próprio país,
satisfazendo assim as massas.

Em adição a isso, podemos citar também que o contexto da Revolução Industrial


fomentou essa expansão, tanto pelo fato da utilização em massa dos maquinários
quanto pelo crescimento das populações industriais que gerou uma grande
demanda por matérias primas, alimento e trabalho. Um grande exemplo disso são as
colônias da África do Sul, que foi explorada para se obter metais e alimentos como
cereais, açúcar, chá e café.

Ademais, vale citar que a colonização também tinha um viés de monopolizar e


defender as rotas comerciais desses países, como é o caso das dominações
britânicas da África que visava principalmente a conquista fluvial.

Por fim, fica evidente que o neocolonialismo dava um grande retorno para suas
respectivas metrópoles, mas devemos levar em conta que essas nações não
dependiam exclusivamente de atividades coloniais, tendo como exemplo a Inglaterra
que com investimentos em países da América do Norte e América do Sul arrecadava
quase 40% de sua renda. Essas ações geram polêmicas e precisam ser analisados
a fundo, pois o Imperialismo não se limita ao colonialismo.

As metrópoles justificavam o colonialismo como a transmissão das conquistas da


civilização europeia, da superioridade da raça branca e da difusão do cristianismo. O
“Imperialismo Social” também foi uma justificativa para as conquistas coloniais.
Entretanto, estas justificativas não foram capazes de explicar completamente as
finalidades da expansão colonial, sobrando para as razões de ordem econômica que
sofreram diversas críticas da intelectualidade da época.
John A. Hobson, jornalista e economista inglês, é o autor de uma das primeiras
obras com postura crítica ao Imperialismo: Imperialismo, um estudo. Hobson
procurou as raízes da expansão colonial britânica e entendeu como sendo uma
consequência da concentração de renda por parte das classes proprietárias que se
encontravam na Grã-Bretanha. Ele também afirmava que a concentração originava
um excedente de capital, porém, a classe proprietária não conseguia investir este
capital no território britânico. A sua explicação era de que os ricos não consumiam
suas rendas, enquanto os pobres mesmo acumulando toda sua renda, não seria o
suficiente para aumentar os investimentos locais. Assim, ele concluiu que o intuito da
criação de colônias era encontrar maneiras de investir o excedente de capital de
modo que aumentasse os ganhos no território britânico.

A crítica feita por Hobson ao imperialismo, no qual se situava em condições


econômicas e sociais, não era considerada uma necessidade inerente ao
capitalismo. Dessa forma, ele acreditava que uma reforma social, por meio da
redistribuição de renda, acabaria com a expansão imperialista Britânica.
Assim, o economista buscou entender a razão para o sustento do imperialismo.
Então, ele compreendeu que as políticas expansionistas eram constantemente
revisadas por conta das pressões exercidas pelos pequenos grupos que se
beneficiavam da expansão colonial. Dessa maneira, pode-se concluir que os
interesses das nações não eram atendidos pelo Imperialismo, mas, na verdade,
apenas os interesses de determinados grupos sociais eram correspondidos. O mais
importante grupo eram aqueles formados pelos agentes das finanças internacionais,
estes mobilizavam recursos para garantir seu investimento no exterior.

Hobson também criticou a forma como as colônias eram estabelecidas, pois ele
identificou, de maneira clara, uma exploração das “raças inferiores”. Dessa maneira,
como um parasita, segundo o economista Hobson, as potências europeias
passaram a dominar os países periféricos. Apossando-se da mão-de-obra dos
nativos, terras mais férteis e recursos minerais. Os europeus importavam apenas
com seus objetivos na colônia, desprezando totalmente os interesses do país e da
população. Hobson conclui esta crítica afirmando: “Eles são uma espécie de parasita
que se alimenta do cadáver de seus anfitriões e aparecem somente para extrair
riquezas do país estrangeiro”.
Adotando uma perspectiva diferente da adotada por Hobson, os autores marxistas
viam o Imperialismo como consequência natural e inerente ao capitalismo, dessa
forma, seria inútil tentar atenuar esse ímpeto por reformas socias.

Rosa Luxemburgo, por exemplo, escreveu o seu livro A Acumulação de Capital,


visando explanar como a expansão capitalista dependia da sua entrada em
mercados pré-capitalistas, ou seja, dependia do acesso a economias que ainda não
se industrializaram: sua tese principal tratava de como uma economia capitalista,
visando aumentar seus ganhos, tendia a aumentar sua produção, para que isso
fosse possibilitado deveria haver um aumento dos bens de produção, dessa forma,
recursos que antes seriam destinados a produção de bens de consumo para
abastecer a população, agora seriam gastos para aumentar a capacidade produtiva
do capitalista. No entanto, a demanda da população por bens de consumo continua
a mesma, tornando essa empreitada contraditória. Portanto, para haver a expansão
da capacidade produtiva e, consequentemente, dos ganhos capitalistas, ele
precisaria do acesso a mercados externos pré-capitalistas, tendo em vista a alta
demanda por bens de produção existente nessas regiões.

Assim, a partir desse argumento, ela explicava o desejo das potências europeias na
aquisição de colônias tradicionalmente organizadas em bases pré-capitalistas
(naturais/camponesas) e como a transformação dessas colônias em economias
capitalistas a fim de, simultaneamente, faze-las absorver as mercadorias excedidas
e fornecer as matérias primas necessárias a metrópole; levaria essas colônias
inevitavelmente ao desequilíbrio inicial proposto por Rosa, impossibilitando o seu
papel primário: servir como demanda para o aumento dos bens de produção.

Desse modo, Rosa Luxemburgo conclui que: quando as áreas pré-capitalistas forem
todas exploradas, não será mais possível a acumulação de capital, portanto,
acabando com uma de suas bases, o fim do capitalismo seria algo próximo e natural.
Assim como Rosa, o marxista Lênin também escreveu sobre o Imperialismo, no
entanto, propôs outro tipo de visão sobre o tema. Para ele o Imperialismo poderia
ser tratado como a “a fase monopolista do capitalismo” (LÊNIN, 1986, p.641). Essa
definição englobava tanto os grandes bancos monopolistas quanto a aquisição de
territórios na forma de colônias.
Dessa maneira, ele caracterizava o Imperialismo da seguinte forma: forte tendência
à centralização da produção em trustes e em cartéis, que resultam em grandes
monopólios, desempenhando um papel decisivo na vida econômica; a fusão do
capital bancário e do capital industrial, que cria, baseado neste capital financeiro,
uma burguesia financeira, juntamente com a exportação de capitais que ganha uma
função decisiva; essas características, por fim, levariam a formação de companhias
internacionais capitalistas que resultaria em uma divisão do mundo entre as
principiais potenciais capitalistas.

Mesmo Rosa e Lênin tratando a causa do Imperialismo como algo ligado a


economia, ambos têm analises divergentes: a primeira propondo que o capitalismo é
incapaz de se expandir por si mesmo, dependendo da existência e do acesso a
mercados externos. Enquanto Lênin trata o imperialismo como uma fase do
capitalismo, onde os investimentos estão mais restritos e o capital mais acumulado,
dessa forma, buscando no exterior uma fonte de lucros maior.
Em conclusão, embora a defesa do Imperialismo o tratasse como uma “missão
civilizatória”, as ideias dos críticos dele eram totalmente contrarias a essa afirmação,
tendo em vista sua natureza violenta e parasitaria contra as populações periféricas.
Finalmente, essas polêmicas sobre o Imperialismo e sua natureza refletem um
momento crítico da história do capitalismo e da situação econômica e política
europeia no início do século XX. Cenário esse que foi um fator decisivo na formação
e eclosão do maior conflito bélico até então: a Primeira Guerra Mundial.

A necessidade de expansão no Imperialismo, além de econômica, é política, ou seja,


era uma forma de se obter o status de Potência Mundial, dessa forma, com a
“corrida” e territorialização de áreas da África, Asia e Oceania, principiou o
neocolonialismo. Essa tendência expansionista entre as potencias favoreceu um
cenário preexistente na Europa, onde características como o nacionalismo e o
revanchismo entre as nações tornava possível a ocorrência de um conflito bélico no
continente.

Por conseguinte, sob o pretexto do assassinato do arquiduque Francisco


Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, cometido por um estudante sérvio, o
governo austríaco declara guerra contra a Servia. Porém, diferentemente de outros
conflitos localizados, nesse o Imperialismo e um forte sistema de alianças se fizeram
presentes, dividindo a Europa em dois blocos militares: a Tríplice Aliança (Áustria-
Hungria, Alemanha e Itália) e a Tríplice Entente (França, Rússia e o Reino Unido).
Dessa forma, um pequeno conflito nos Bálcãs, levou a guerra mais sanguinária até
aquele momento.

Para entendermos a formação desses dois blocos precisamos voltar a sua origem:
surgem de um contexto de grande rivalidade entre a Alemanha recém unificada,
ligada Áustria-Hungria, e a França, aliada da Rússia e, portanto, da Servia. Por fim,
o Reino Unido sai da neutralidade e entra, como faz a Itália tardiamente, na Tríplice
Entente com a intenção de parar o avanço econômico e político do próspero Império
Alemão.

Consequentemente, com a eclosão da guerra, milhares de homens foram recrutados


com facilidade, pois, como afirmou Hobsbawm: “As massas seguiram as bandeiras
de seus respectivos Estados e abandonaram os líderes que se opuseram à guerra.”
(HOBSBAWM, 1988, p.450). No entanto, o aparente entusiasmo inicial foi
substituído pelas perdas e dores geradas ao longo da guerra que vitimou 8,5
milhões de pessoas e incapacitou 7 milhões, desqualificados para trabalhar no pós-
guerra. Em adição as perdas humanas, a Primeira Guerra Mundial trouxe um grande
esgotamento econômico para os países envolvidos; pois, além da força de trabalho
e capacidade produtiva perdidas, nenhum deles estava preparado para financiar
uma guerra longa.

Assim, os custos (matérias e humanos) da guerra foram estimados em U$10 Milhões


a hora, podendo ser custeado das seguintes maneiras: força, tributação e a criação
de moeda. Esse tipo de “economia de guerra”, deixou saldos pesados para o pós-
guerra, como enormes dívidas, contas públicas em desequilíbrio, inflação; com todos
esses fatores culminando no fim do padrão ouro.

Em conclusão, esse cenário do pós-guerra foi marcado pelas terríveis heranças da


Grande Guerra e pela reconstrução econômica e diplomática dos países
participantes, contando tanto pela implantação de novas instituições quanto pela
conservação de outras.
QUESTÕES
1. Quais foram as justificativas usadas pelos países Imperialistas para
colonizarem outras nações?
2. Explique as características do Imperialismo segundo John A. Hobson, Rosa
Luxemburgo e Lênin?
3. Quais foram as consequências econômicas da Primeira Guerra Mundial?

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