Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Montes Claros
2021
SAES, Flávio Azevedo Marques; SAES, Alexandre Macchione. Imperialismo e a
Primeira Guerra Mundial. – 1.ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. P. 307 – 326
Do ano 1914 a 1918, ocorre no mundo um marco histórico extremamente
importante: A Primeira Guerra Mundial. Um evento que representou um divisor entre
os séculos XIX e XX. Uma vez que as mudanças posteriores ao ano de 1918 (em
alguns casos, decorrentes da guerra) fizeram do século XX uma época histórica
totalmente diferente do século anterior. Enquanto, o século XIX foi um período
marcado pelo retorno da expansão territorial, que em junção com o neocolonialismo,
movimento de conquista e criação de colônias pelo mundo no final do século, deu
origem ao Imperialismo: a dominação que um Estado exercia sobre outro.
Imperialismo, termo que é conhecido desde antes da idade média, mas foi somente
em meados do século XIX que esse termo ganhou notoriedade, sendo usado para
descrever quem defendia os ideais napoleônicos e mais tarde usado principalmente
para se referir a políticas de expansões coloniais, cunhando um termo que podemos
entender como o poder que uma nação exerce sobre a outra quando ela é
colonizada pela primeira (sendo praticado principalmente pelas grandes potências
europeias). Por ter começado ainda no contexto do mercantilismo, o colonialismo
perdeu força, principalmente quando essas nações conquistaram a independência
das suas respectivas metrópoles.
Apesar disso, alguns países ainda praticavam esse tipo de domínio, como é o caso
da Grã-Bretanha, que mesmo após o mercantilismo colonizou partes da Oceania,
Ásia e África; com a esse último tendo 90% do seu território dominado. Outras
nações como Portugal e Espanha também praticavam esse tipo de dominação,
conquistando boa parte do território africano.
Muitos desses países justificavam o seu ímpeto Imperialista como uma “missão
civilizatória”, pois aqueles povos dominados não eram avançados e deviam se
submeter a soberania do povo europeu, que acreditava que era o mais apto tanto
fisicamente quanto intelectualmente. Razões religiosas também eram discutidas,
sendo usadas como pretexto para que os povos europeus levassem o evangelho e
pregassem para ‘’os povos menos desenvolvidos’’. Termos como ‘’Imperialismo
Social’’ também eram usados para promover tais atos, o Estado defendia que ao
conquistar essas nações, ele traria riqueza e melhorias para seu próprio país,
satisfazendo assim as massas.
Por fim, fica evidente que o neocolonialismo dava um grande retorno para suas
respectivas metrópoles, mas devemos levar em conta que essas nações não
dependiam exclusivamente de atividades coloniais, tendo como exemplo a Inglaterra
que com investimentos em países da América do Norte e América do Sul arrecadava
quase 40% de sua renda. Essas ações geram polêmicas e precisam ser analisados
a fundo, pois o Imperialismo não se limita ao colonialismo.
Hobson também criticou a forma como as colônias eram estabelecidas, pois ele
identificou, de maneira clara, uma exploração das “raças inferiores”. Dessa maneira,
como um parasita, segundo o economista Hobson, as potências europeias
passaram a dominar os países periféricos. Apossando-se da mão-de-obra dos
nativos, terras mais férteis e recursos minerais. Os europeus importavam apenas
com seus objetivos na colônia, desprezando totalmente os interesses do país e da
população. Hobson conclui esta crítica afirmando: “Eles são uma espécie de parasita
que se alimenta do cadáver de seus anfitriões e aparecem somente para extrair
riquezas do país estrangeiro”.
Adotando uma perspectiva diferente da adotada por Hobson, os autores marxistas
viam o Imperialismo como consequência natural e inerente ao capitalismo, dessa
forma, seria inútil tentar atenuar esse ímpeto por reformas socias.
Assim, a partir desse argumento, ela explicava o desejo das potências europeias na
aquisição de colônias tradicionalmente organizadas em bases pré-capitalistas
(naturais/camponesas) e como a transformação dessas colônias em economias
capitalistas a fim de, simultaneamente, faze-las absorver as mercadorias excedidas
e fornecer as matérias primas necessárias a metrópole; levaria essas colônias
inevitavelmente ao desequilíbrio inicial proposto por Rosa, impossibilitando o seu
papel primário: servir como demanda para o aumento dos bens de produção.
Desse modo, Rosa Luxemburgo conclui que: quando as áreas pré-capitalistas forem
todas exploradas, não será mais possível a acumulação de capital, portanto,
acabando com uma de suas bases, o fim do capitalismo seria algo próximo e natural.
Assim como Rosa, o marxista Lênin também escreveu sobre o Imperialismo, no
entanto, propôs outro tipo de visão sobre o tema. Para ele o Imperialismo poderia
ser tratado como a “a fase monopolista do capitalismo” (LÊNIN, 1986, p.641). Essa
definição englobava tanto os grandes bancos monopolistas quanto a aquisição de
territórios na forma de colônias.
Dessa maneira, ele caracterizava o Imperialismo da seguinte forma: forte tendência
à centralização da produção em trustes e em cartéis, que resultam em grandes
monopólios, desempenhando um papel decisivo na vida econômica; a fusão do
capital bancário e do capital industrial, que cria, baseado neste capital financeiro,
uma burguesia financeira, juntamente com a exportação de capitais que ganha uma
função decisiva; essas características, por fim, levariam a formação de companhias
internacionais capitalistas que resultaria em uma divisão do mundo entre as
principiais potenciais capitalistas.
Para entendermos a formação desses dois blocos precisamos voltar a sua origem:
surgem de um contexto de grande rivalidade entre a Alemanha recém unificada,
ligada Áustria-Hungria, e a França, aliada da Rússia e, portanto, da Servia. Por fim,
o Reino Unido sai da neutralidade e entra, como faz a Itália tardiamente, na Tríplice
Entente com a intenção de parar o avanço econômico e político do próspero Império
Alemão.