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Servidão e escravidão
Porque esta é uma dúvida muito comum. Na escravidão moderna, os escravos eram
trazidos da África, contra sua vontade, para trabalhar, sobretudo, nas lavouras das
colônias americanas, certo? Nessa realidade, o escravo é uma mercadoria, ele pode
ser comprado e vendido, é uma propriedade. Como exemplo deste processo cruel,
podemos citar os inventários dos senhores de escravos no Brasil Colonial. Quando um
senhor morria e seus bens eram inventariados, os escravos faziam parte dos bens,
como móveis utensílios e animais.
Os servos não tinham o status de mercadoria. Seus direitos e deveres eram diferentes
daqueles atribuídos aos escravos e ele era a princípio, livre, ainda que tivesse ligado à
terra e devesse obrigações ao senhor feudal.
Podemos imaginar cada feudo como um pequeno país. Isso quer dizer que neste
contexto, o poder é fragmentado, ou seja, pertence a diversos senhores feudais. Não
existe a ideia de estado ou identidade nacional. Somente com a crise do feudalismo,
na Baixa Idade Média, essa estrutura ira se alterar.
Na Baixa Idade Média ocorre a crise do século XIV, que acelera a decadência do
feudalismo. Vários fatores agregados explicam essa crise, tais como a peste negra, os
períodos de fome e a Guerra dos Cem Anos.
Para entendermos como ocorreu essa crise, é preciso avaliar mais atentamente alguns
fatores. É comum, quando estudamos a Idade Média, nos concentrarmos na questão
rural, afinal, o fundamento do feudalismo está no campo, onde se localizam os
feudos. As cidades são raramente mencionadas neste contexto. De fato, as cidades
nunca deixaram de existir. Quando falamos sobre antiguidade clássica, em especial as
civilizações grega e romana, as cidades aparecem com destaque. Cidades-estados,
Atenas, Esparta, Roma. Mas na Idade Média, é como se essas cidades tivessem
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“desaparecido”. Contudo, as cidades mais que desapareceram. Elas simplesmente
perderam a importância política e econômica que tinham na antiguidade.
Isto posto, algumas cidades como Gênova e Veneza vão, progressivamente, adquirindo
enorme poder político e econômico, à medida que passam a realizar um intenso
comércio com o Oriente. Mas não são só mercadorias que chegam aos portos
europeus. Diversas doenças também navegam a bordo dessas embarcações. Este foi o
caso da peste negra, que, estima-se, tenha vindo do Oriente. A população europeia,
mal nutrida e vivendo em péssimas condições de higiene, tornou-se vítima da doença,
que infectava os ratos, e acabou por dizimar boa parte da população europeia.
A peste provocou uma crise de braços na lavoura. Além disso, não havia técnicas de
cultivo como as que conhecemos hoje e os períodos de estio eram frequentes. Soma-
se a isso a Guerra dos Cem Anos, que começou em 1337 e envolveu França e Inglaterra
em um longo conflito.
Lembra que falamos sobre processo histórico? Esse é um exemplo de como os diversos
eventos estão interligados.
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Sabemos que a Igreja católica era uma das grandes forças politicas da Idade Média. No
século XI, os muçulmanos dominam Jerusalém. Para retomar a Terra Santa, o papa
Urbano II dá início ao movimento cruzadista. As Cruzadas eram expedições religiosas e
militares que tinham como objetivo recuperar Jerusalém dos muçulmanos.
Entretanto, essas expedições acabaram por abrir caminho para o comércio com o
Oriente, que se tornaria não apenas lucrativo, mas um dos principais motores da
economia europeia na Idade Moderna.
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É preciso lembrar que os reis continuaram existindo durante a Idade Média.
Entretanto tinham os mesmos poderes dos senhores feudais. Com a decadência do
feudalismo, os reis se fortalecem através da aliança com a burguesia e tem inicio o
processo de centralização de poder.
Embora esse processo ocorra em quase toda a Europa – as exceções serão a Alemanha
e a Itália, que se unificarão somente no século XIX – cada estado terá sua própria
dinâmica. Portugal e Espanha se unificam antes, o que favorece seu desenvolvimento
político e é uma das razoes para o pioneirismo nas grandes navegações que veremos
mais tarde. Inglaterra e França, devido a guerras constantes e a lutas religiosas, se
unificarão tardiamente.
No caso espanhol, a unificação ocorre através da união, por casamento, dos dois
reinos mais importantes: Aragão e Castela. Entretanto, um dos reinos espanhóis,
Granada, era muçulmano e a unificação só seria possível após a expulsão deles do
território espanhol, o que só ocorre no século XV.