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Cultura Clássica

2022/2023
Poemas Homéricos: Ilíada
Odisseia
Apesar de se chamarem, poemas homéricos, não se sabe se Homero sequer existiu.
Pisístrato (antigo Tirano de Atenas) mandou passar em escrita os poemas homéricos (provável que fossem
recitados).
São as obras mais antigas das civilizações ocidentais. (A obra mais antiga da Humanidade é a epopeia de
Gilgamesh).
Dois poemas distintos.
Ilíada
História bélica, que relata a guerra de Tróia contra as cidades-estado gregas. Ocorre devido ao rapto da
princesa Helena de Esparta (esposa do rei Menelau), pelo príncipe Páris de Tróia.
Como consequência, forma-se uma coligação entre as cidades-estado gregas para resgatar Helena. Expedição
ser comandada por Agamémnon, rei de Micenas (foi quem contribui com o maior número de soldados).
Também participa, o maior herói grego, Aquiles e a sua tropa de elite, os Mirmidões. Ao longo da obra,
também os deuses lutam nesta guerra (escolhem diferentes lados).
A obra começa: “Cólera de Aquiles” – exprime a raiva e a fúria do herói.
Esta guerra dura 10 anos. Com Aquiles, os gregos têm vantagem no conflito. Porém, Aquiles desentende-se
com Agamémnon.
Esta discussão surge após uma doença estar a afetar muitos dos soldados gregos. Especula-se, que esta praga
é a punição do deus Apolo, por Agamémnon ter ficado com a filha de um sacerdote de Apolo ( Criseida ).
Aquiles convence Agamémnon a libertar Criseida. No entanto Agamémnon, irritado por perder o seu espólio
de guerra, fica com a escrava de Aquiles, Briseida.
Aquiles, ofendido e revoltado por este ato, decide então, retirar-se da guerra de Troia (a honra era um valor
bastante importante!).
Com a retirada de Aquiles, os gregos começam a perder. Desesperados, tentam convencer Aquiles a voltar à
batalha, mas este recusa.
Pátroclo (amigo de infância de Aquiles), veste-se com as roupas de Aquiles e vai lutar no campo de batalha.
Enfrenta Heitor, príncipe de Troia, e morre.
Aquiles quando descobre a morte do seu amigo, fica possesso: 2ª Cólera de Aquiles. Aquiles regressa ao
campo de batalha, luta contra Heitor e mata-o. Aquiles vai maltratar o corpo de Heitor (arrasta-o no carro de
guerra e dá voltas pela muralha de Troia). O corpo de Heitor, que não tem qualquer tipo de cerimónia funerária,
fica numa espécie de limbo, visto que os mortos não têm descanso se não tiverem a cerimónia apropriada.
Príamo, pai de Heitor, dirige-se de noite, à tenda de Aquiles e suplica-lhe pelo corpo do filho. A súplica é um
ritual de grande importância, que envolve os deuses, portanto Aquiles aceita a súplica do pai de Heitor e
devolve-lhe o corpo.
A Ilíada termina com os discursos das mulheres a Heitor (mãe, mulher, Helena) e a cerimónia fúnebre feita ao
mesmo. Único momento de tréguas.
Odisseia

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A Odisseia passa-se após o final da Guerra de Troia. Os gregos regressam a casa, porém muitos deles vão ser
castigados pelos excessos que cometeram durante o período de guerra. Ulisses, o protagonista desta obra, é
castigado- demora 10 anos a regressar a casa.
A Odisseia, começa com a palavra: “Homem”. Uma história que vai celebrar o Homem, de como este supera
os obstáculos e como se supera a si mesmo.
A história começa in media-res, onde Ulisses e a sua tripulação estão presos na ilha da Ninfa Calipso, que se
apaixonou por Ulisses e não o deixa sair. Constroem uma jangada e conseguem escapar. Naufragam e ficam
presos em outra ilha, onde vivem os Feaces que os recebem de uma forma amigável. Após ouvir uma música
sobre si mesmo, emociona-se e acaba por revelar quem é, e o porquê de ter ficado longe de casa por tanto
tempo.
Fala sobre as suas aventuras, como: o episódio dos ciclopes, as sereias, a ilha de Circe, descida ao reino de
Hades e mais.
Após contar as suas aventuras, os feaces transportam Ulisses de volta a Ítaca. Porém, quando lá chega depara-
se com a sua casa repleta de pretendentes a casar com Penélope.
Penélope diz que irá escolher um dos pretendentes após acabar um bordado (tece-o de dia, e desmancha-o de
noite). Uma das suas aias vê e denuncia-a.
Penélope encontra-se com um mendigo (Ulisses disfarçado) e conta-lhe o plano que ela tem para não se casar.
Os pretendentes são proibidos de usar armas e Ulisses mata-os todos, reclamando o trono de Ítaca.
Tópicos importantes de estudo:
• Deuses
• Homem (Código Heróico, Normas Sociais)
Deuses clássicos: São deuses antropomórficos, são projetados a partir dos humanos. São mais altos, mais
belos, mais poderosos, mais perfeitos. Têm um maior timê (honra) e um maior aretê (excelência). Não são
teriomórficos (não têm características animais).
Panteão Grego:
➢ Zeus – Pai dos Deuses
➢ Poseidon- Deus do Mar
➢ Hades- Deus do Submundo
➢ Hera- Deusa da Maternidade
➢ Perséfone- Deusa da Agricultura/Rainha do Submundo
➢ Deméter- Deusa da Colheita/Ciclo de vida
➢ Ares- Deus da Guerra
➢ Afrodite- Deusa do Amor
➢ Apolo- Deus do Sol
➢ Atenas- Deusa da Sabedoria
➢ Hermes- Mensageiro dos Deuses
➢ Artémis- Deusa da Caça
➢ Dionísio- Deus do Vinho
Os deuses são distintos na Ilíada e na Odisseia. Apresentam vários comportamentos característicos dos
humanos: mentem, lutam uns contra os outros, lutam lado a lado.
Durante a Ilíada, não se respeitam, Zeus não consegue manter a sua hierarquia.
A Moral e a Religião são dois conceitos que estão presentes nesta obra. Apesar de estarem relacionados um
com o outro, são conceitos um pouco diferentes.(os deuses não têm a mesma moral que os humanos).

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Os deuses gregos são seres imortais, mas não são eternos, pois eles nasceram num momento específico. (Não
são eternos, como por exemplo, o Caos)
Durante a Ilíada, o conceito de justiça enquanto um valor, não nasce. É algo latente (oculto). Esta “justiça” é
notória em dois momentos. Zeus vai castigar crimes contra os homens que mentem e os crimes contra a
hospitalidade (norma social mais importante).
Na Odisseia, os deuses têm características diferentes daqueles na Ilíada. Os deuses já não descem á Terra, e
quando o fazem usam disfarces. Descem à Terra para verificarem se as cidades são justas - se respeitam os
deuses e se têm leis. Os deuses, nesta obra já não são desordeiros e respeitam a hierarquia.
Na Odisseia, são figuras mais abstratas. Estas diferenças, fortalecem a teoria de que é pouco provável que
estes poemas tenham sido escritos pelo mesmo autor.
Aspeto em comum - poemas dedicados às elites, nomeadamente, os heróis, os reis, entre outros. As pessoas
comuns são na maior parte das vezes coletivizadas. O único momento onde se individualiza alguém, é na
morte. (importante na cultura grega).
Homem está dividido em:
• Soma (Aspeto físico/somático/corpo físico);
• Psíquico.
Os homéricos identificavam as funções intelectuais como sendo órgãos específicos. Por exemplo, o coração
era um órgão literalmente e figurativamente do amor.
Palavras/conceitos que aparecem nas obras homéricas:
Thymos- vontade/vida
Psyche- Palavra utilizada por Homero na morte. É uma realidade física. Tem uma forma humana, mas é
transparente. Sai do corpo, na hora da morte.
Hades- Designa o Deus, mas também o submundo. Local para onde vão os mortos que têm honras fúnebres.
Atê- Quando alguém se irrita de uma forma bastante espontânea. Sentimento momentâneo enviado por Zeus.
O Homem ainda não se encontra definido, em contraste com o Homem da Época Clássica. A separação entre
o que é físico e psicológico é pouco claro.
O Homem na Ilíada é individualista. Os valores mais importantes são:
• Timê- Honra, valor prestado em público. (Quando Agamémnon tira a escrava a Aquiles, esta ação fere
o timê de Aquiles. Ação tão grave que faz com que Aquiles se retire de batalha.)
• Arête- A excelência e a superioridade. (principalmente num contexto bélico)
Valores de uma sociedade organizada para a guerra. A cultura heroica é individualista, a principal preocupação
do herói é a sua imagem. (Na Odisseia o herói muda. Heitor, na Ilíada já é um herói próximo dos modelos
clássicos)
O herói não tem medo de morrer. O objetivo do herói é morrer com honra, em combate. Preferem morrer a
lutar, do que fugir e sobreviver. Grande medo em sentirem vergonha. (Aidós- Traz desgraça para si e para a
sua família)
A cultura homérica é uma cultura baseada na vergonha (aceita sofrer e morrer, ao invés de passar por esta
vergonha). O heroísmo é um valor superior ao valor da vida.
Um herói tem maior arête, quantos mais atos heroicos o mesmo tiver. A imortalidade obtêm-se através da
realização destes feitos heroicos. (mortalidade do nome/fama)

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Destino e a vida para além da morte
A vida é determinista – já se sabe o início e o fim. Estes limites eram colocados pelas Moiras. Destino estava
traçado. Zeus, num episódio têm a hipótese de, supostamente conseguir alterar o destino, no entanto, não fica
explícito. Zeus não o faz pois perderia o respeito dos deuses.
Em outro episódio, Ulisses desce ao inferno em busca de respostas, para como voltar a casa. Já no inferno,
encontra Aquiles, triste. Ulisses, pergunta-lhe a razão para o qual este se sente infeliz, considerando que é o
maior herói grego de sempre. Aquiles responde, que preferia ser um escravo na Terra, que um rei do
Submundo (no mundo Homérico, ser escravo significa perder a humanidade).
Esta passagem, demonstra que o conceito de felicidade/recompensa pós-vida não existe.
Conclusão: O mundo Homérico reflete a elite guerreira, os heróis e o código heróico. O homem/herói é um
ser individual que luta pela sua honra e glória. A única exceção, é Heitor na Ilíada.

Heitor é o príncipe de Troia. Este é um herói, que se aproxima dos moldes clássico. Herói mais coletivo, que
apesar de lutar por si, luta para proteger aqueles que ama, a sua cidade e a sua família. Sacrificado por Homero
na Ilíada, pois o código heroico é mais valorizado.
Existe um favorecimento da ação individual à da sociedade (sociedade não consegue resolver conflitos).
Só existe uma regra social que é superior á individualidade: a hospitalidade.
Hospitalidade- relação entre o hóspede e o hospedeiro. Vínculo de honra e de respeito. Passado de geração
em geração. Algo tão importante que:
Antes de dois guerreiros combaterem, estes devem apresentar-se um ao outro (nenhum guerreiro combate
outro que seja inferior a ele). Só lutam contra iguais. Se existirem combatentes que reconhecem o outro,
devido a este vínculo, o combate termina logo.
Todos os homens são iguais em dois momentos: na morte e na condição de estrangeiro (terra desconhecida,
desprotegido).
Por esta razão é que Zeus vai castigar: homens que mentem e crimes contra a hospitalidade (Zeus Xénios).
Duas condições da fragilidade humana: morte e a hospitalidade.
Homem na Odisseia
A nível físico, o homem continua igual. Vão ter os “mesmos” heróis. Todos os guerreiros que combateram na
Guerra de Troia, vão ser castigados pelos excessos que cometeram.
O protagonista desta história, Ulisses também recebe o seu castigo: demora 10 anos a chegar a casa.
Na Odisseia, o valor da arête também existe, no entanto, neste caso tem um significado diferente. Este arête
refere-se á inteligência/superioridade/excelência, a nível psicológico.
Na Odisseia, são elogiadas as capacidades humanas: inteligência, superação, autossuperação, astúcia.
Valoriza-se o intelecto de Ulisses e de Penélope.
Metis- Tipo de inteligência que se refere à astúcia. Este tipo de inteligência faz com que se atinja:
Kleos- Glória/reconhecimento/fama (parecido ao Timê da Ilíada).
Hybris- Desafio aos deuses, provocados pelos excessos que os homens cometem. Os deuses não permitem
que os homens cometam excessos (felicidade,riqueza,egoísmo,etc.).
Na Odisseia, a família já é um valor importante. (Na Ilíada, apenas Heitor é que demonstrava esta
preocupação)

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As preocupações heroicas são mais abrangentes e menos egoístas. Preocupação familiar. Preocupação com o
Oikos.
Lealdade é um valor muito importante. Se for quebrado é castigado.
Hospitalidade na Odisseia (dois contrastes):
• Ilha dos Ciclopes;
• Ilha dos Feaces.
Ilíada: Poema bélico. Fala sobre a guerra. Código diferente (código heroico; busca pela honra). Herói
individualista. Promove-se a honra. Heroísmo guerreiro que promove o combate entre homens. Mortes
heroicas.
Odisseia: Heroísmo aventuroso. Homem contra monstro. Preserva-se a vida, mesmo que se tenha de fugir de
combate ou até ser humilhado. Uma aventura, com o objetivo de regressar a casa. Valoriza-se aspetos da
natureza (flora, fauna). Descrição da forma como as sociedades estão organizadas. Descrição da vida do
quotidiano.
23/2/2023 e 28/2/2023-Resumo das obras, a partir de um dos textos no moodle.

Odisseia
O homem é multifacetado, o mundo é mais aberto. Valorizam-se novas experiências (episódio das sereias).
Comércio já é comum. (existência do âmbar, produto originário do norte da Europa).
As Pólis evoluem. Vigoram diferentes regimes em diferentes pólis: alguns são poderes absolutos como
Esparta. Outros são mais “democráticos” como Ítaca. Cada pólis é totalmente distinta de outra.
Heródoto, foi quem criou a disciplina da História. Já tinham existido, crónicas ou histórias que falavam do
passado de uma certa cidade ou região. Heródoto vai utilizar narrativas locais e cria uma narrativa mais ampla
sobre o passado, e como este conhecimento pode ser importante para se perceber os acontecimentos do
presente.
Usa a etnografia, faz registo dos costumes e das tradições dos povos, com os quais contacta. Utiliza, algumas
crónicas que descreviam o que ocorria nas cidades. Heródoto viaja por quase todo o mundo conhecido. Viaja
pelo Oriente Médio, pelo Mediterrâneo e pelo Egipto. Procura ordenar tudo por ordem cronológica. Através
da genealogia, tenta ordenar as pessoas por ordem cronológica. (Exemplo: O Mito das 5 raças)
Heródoto, surge após Hecateu de Mileto.
Hecateu foi um mitógrafo e geografo grego que nasceu em Mileto (cidade bastante importante do ponto de
vista intelectual). Divide o espaço mitológico do espaço histórico (separa o mito da realidade). Hecateu cria
o primeiro mapa-mundo. Formou-se em Mileto, esta que foi a cidade-berço da racionalidade e do pensamento
grego (localiza-se na Ásia Menor na atual Turquia). Estudou na escola Jónica/Mileto, que formou pensadores
notáveis como: Hecateu, Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes de Mileto,etc.
Uma das principais questões que vai ser colocada, nesta escola, é a causa, ou seja, o que levou à criação. Esta
questão é fundamental para a criação do pensamento racional, pois vai-se retirar a parte mítica, utilizando
apenas os factos históricos. Os deuses e a religião, não são uma explicação válida. A imagem dos deuses são
projeções humanas.
Hecateu é o primeiro autor que indica o seu nome. Hecateu, vai procurar racionalizar o mito. Na obra de
Hecateu, Genealogias , Hecateu diz: “grafo”. Isto quer dizer, “escrevo”.
Hecateu, busca também a aletheia: isto é, tudo o que não é mentira. Para Hecateu, a verdade é:
• O oposto da mentira;
• Mimesis;
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• Verosímil.
O historiador é alguém que trabalha com material já existente. Não cria a história. Hecateu filtra os mitos.
Retira apenas aspetos que considera serem verdadeiros. Pretende estabelecer a verdade.
Heródoto. Nasce, após as guerras medo-persas. Heródoto viaja por todo o mundo grego e por todo o mundo
bárbaro conhecido. Heródoto pretende imortalizar, não só os feitos dos gregos, mas também os feitos dos
bárbaros. Heródoto preocupa-se também, em usar fontes credíveis (poucas fontes escritas, maioria eram
fontes orais). Apesar de os historiadores, procurarem a verdade, muitos deles davam a sua própria opinião.
Heródoto é denominado de pai da História, pois criou métodos e formas de reter a memória, que vão ser
utilizadas pelos historiadores que aparecem após ele.
Resumindo:
• Hecateu- Obra mitológica. Diferencia aquilo que é verdade daquilo que não é.
• Heródoto- Similar a Hecateu. Declara o seu ofício. Tenciona deixar memória. Conta a história/ponto
de vista de todos- História universal. Cria métodos de observação, de leitura, de audição e de
julgamento.
Heródoto fala dos motivos que levaram à guerra entre os gregos e os persas. O lado mitológico, fala sobre
os raptos das mulheres, no caso. Heródoto coloca este lado de parte. O que lhe interessa, é a história real, dos
Estados e das Nações.
Esta sua obra, não é apenas histórica, funciona como uma espécie de enciclopédia, visto que Heródoto regista
tudo.
Para os Persas, o que levou a estas guerras foi a destruição da cidade de Troia, pelos Gregos.
Para Heródoto, o responsável foi Creso da Lídia. Primeiro estrangeiro que teve contacto com os Gregos.
Imperador da Lídia e o homem mais rico do mundo. Heródoto, escreve sobre o suposto encontro entre Solon
(legislador grego) e Creso. Neste encontro, Creso mostra-lhe todas as suas riquezas. Acabam por falar sobre
o que é a felicidade. Creso, então, pergunta a Solon, quem é que ele considera o homem mais feliz do mundo.
Solon, responde-lhe que é Teles, que morreu de forma gloriosa. Diz que o segundo mais feliz, foram os
irmãos: Cléobis e Biton – morrem no templo dos Deuses.
Esta conversa entre ambos, mostra uma clara diferença de mentalidades entre ambos os povos. Para os
gregos, só se sabia se uma pessoa era feliz na morte. Gregos valorizavam a religião e a pátria, enquanto Creso
valorizava mais a riqueza.
Creso é um exemplo de hybris – excesso/insolência. Para os gregos, TODOS os excessos deviam ser evitados.
A moderação era um valor forte dos gregos. Quem comete excessos é punidos pelos deuses.
Tal acontece com Creso. O filho morre. Ataca o Império Persa, com confiança que seria capaz de vencer.
Derrotado pelo Imperador Ciro da Pérsia, perde o Império (anexado pela Pérsia). Esta derrota, leva a que o
Império Persa se torne numa superpotência (políticas expansionistas).
Resumindo, para Heródoto, a guerra entre a Pérsia tem origem com Creso, que devido à sua hybris, vai
perder a Lídia para a Pérsia. Heródoto vai mais longe. Atribui esta origem, a 5 gerações antes de Creso-
Giges.
Giges assassina Candaules. (outras versões desta história - Anel de Giges) Heródoto, diz que Candaules tinha
um grande orgulho na beleza da sua mulher. Encoraja Giges a ver a sua mulher nua. É apanhado pela rainha
e esta força-o a tomar uma escolha: ou morre, ou mata o rei e casa-se com ela. Giges mata o rei, tornando-se
no novo rei.
Esta história , mostra que a família/descendentes de Giges, por causa de um erro torna-se numa família
maldita. Vai ser Creso, 5 gerações depois que paga por este crime.

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Heródoto critica as políticas expansionistas do Império Persa (também critica a Atenas expansionista- do seu
tempo).
Dois Imperadores Persas: Dario e Xerxes (pai e filho, vão atacar a Grécia):
• Dario: A Pérsia encontrava-se já em expansão. Vai atacar a Grécia, na batalha de Maratona, onde
apesar de terem um número de forças bastante superior, vão ser derrotados;
• Xerxes: 10 anos após esta derrota, Xerxes envia de novo um grande contingente de soldados. Travam-
se várias batalhas. Batalha de Termópilas (onde um exército pequeno de espartanos liderado por
Leónidas, tentou travar o avanço persa.). Após esta derrota, ocorreu a batalha de Salamina (batalha
naval, que ocorre perto de Atenas. Os Gregos, que eram uma potência naval, impõem uma derrota às
forças persas.) Batalha de Plateias (nova vitória dos gregos. Vitória terrestre devido à superioridade
do armamento grego.) Batalha de Micale (Derrota pesada para os Persas na Jónia. Voltam à aliança
helénica. Nas próximas décadas, ocorrem algumas batalhas, no entanto, a Grécia continental,
mantêm-se forte e fora de perigo. Eventualmente um tratado de paz é assinado entre estas duas
civilizações.)
Os Persas de Ésquilo
A Rainha, mulher de Dario e mãe de Xerxes, tem um sonho. Vê duas mulheres. Uma persa e a outra grega.
Estão a discutir uma com a outra, enquanto Xerxes tenta acalmar ambas, ao mesmo tempo que lhes tentava
colocar um jugo (peça de madeira que une os bois). Meter um jugo, neste caso significa submissão. A mulher
persa, reage de forma dócil, submetendo-se a Xerxes. Por outro lado, a mulher grega revolta-se, empinando-
se, derrubando Xerxes.
A rainha, pergunta a um mensageiro, sobre os Gregos e a Grécia. Grandes diferenças entre ambos os povos
(riqueza, geografia, armas,etc.). Apesar dos gregos serem pobres, nunca deixam de lutar, pela nómos(leis) e
pela sua liberdade. Os gregos são livres, não têm senhores. Cada cidade tem a sua própria forma de governo.
O nómos é um elemento que regula os homens, consagra os valores da isonomia, isocracia e a isegoria. (todos
são iguais perante a lei; igualdade de acesso aos cargos políticos; igualdade na liberdade de manifestação nos
órgãos administrativos)
O facto de lutarem, pela sua liberdade é uma das causas pelas quais, os gregos vão conseguir vencer a guerra.
Um dado curioso, é que apesar de Heródoto ser grego e escrever sobre eles, ele não os considera superior
aos outros povos. Exemplifica, que por exemplo, os gregos inspiraram-se em outros povos (trajes, escudos,
entre outros).
Heródoto diz que cada sociedade se desenvolve de forma diferente. Autodeterminação/diversidade de
escolha, importante para as sociedades gregas.
Alguns defeitos dos Persas, que os levam a perder a guerra, são:
• Domínio mundial/expansão territorial (prejudica o princípio da diversidade).
• Tenta ligar os dois continentes (atual fronteira entre a Grécia e a Turquia). Tenta submeter elementos
opostos (continentes bastante diferentes). Tenta submeter o mar, desrespeitando a natureza e Poseidon
(hybris). Mais uma vez, prejudica o equilíbrio do mundo.
• Xerxes é demasiado jovem. Deixa-se influenciar por maus conselheiros (Mardónio). Os bons
conselheiros são “despedidos”.
Tucídides
Cidadão ateniense, que escreve sobre a Guerra do Peloponeso. Esta foi uma guerra que opôs cidades-estado
gregas umas contra as outras. Corresponde a uma mudança de mentalidades (antes eram conservadoras). O
mundo intelectual sofre uma grande alteração- aparecimento dos Sofistas.
Liga do Peloponeso (liderada por Esparta) contra a Liga de Delos (liderada por Atenas). O relato desta guerra
é a matriz, de todas as futuras coberturas de guerras.
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Princípio de Tucídides: Quando duas potências chocam uma com a outra, e todos os esforços diplomáticos
foram esgotados, uma guerra é eminente.
Após o fim da guerra contra os persas, Atenas vai formar uma Liga- Liga de Delos.
Esta tem como objetivo formar uma aliança entre várias cidades-estado gregas para se protegerem de um
eventual ataque Persa. Atenas encontrava-se devastada após o ataque que destruiu a cidade. Vai pedir tributos
às outras cidades, para reconstruir a cidade e a sua frota naval. – Período Imperial Ateniense
Esparta recusa juntar-se à Liga de Delos, pois acredita que Atenas, apenas quer manipular as outras cidades
desta Liga. Atenas começa a provocar a zona de influência espartana. Tem o objetivo de bloquear as ligações
entre Esparta e as outras cidades.
Esparta responde com a criação da sua própria Liga- Liga do Peloponeso. Após todos estes desentendimentos,
vai começar a guerra. Apesar de Tucídides ser ateniense, ele acusa a mesma de ser a responsável por começar
grande parte do conflito
Atenas, confiante das suas capacidades navais, invade a zona do Peloponeso, porém é neste momento que
uma peste surge em Atenas, o que vitima grande parte da sua população.
Atenas vai ficar dividida em duas fações:
• Nícias- Guerra defensiva.
• Cléon- Guerra ofensiva.
Esparta procura tréguas contra Atenas, mas esta recusa. A guerra ofensiva não resulta e em 423 a.C Atenas
aceita as tréguas.
A guerra continua a decorrer, ao mesmo tempo que Tucídides, descreve a guerra. Inaugura uma nova
historiografia:
• Contemporâneo da guerra. Ele vive num período de guerra. Pretende escrever com objetividade;
• Não pretende escrever para memorizar. É pragmático. Analisa os factos na obra, para que as gerações
futuras não cometam os mesmos erros. Difere de Heródoto que pretende memorizar. Assim. Tucídides
abandona todas as mitologias;
• Não há uma preocupação literária, apresenta os factos apenas em busca da verdade.
Tucídides é considerado o “pai” do pragmatismo histórico- isto é a história como uma forma de
aprendizagem (racionalidade e imparcialidade). Afirma que os homens não devem cometer os mesmos erros
que os seus antepassados cometeram. Para Tucídides, a história é a apresentação dos dados de forma simples
e verdadeira. A sua obra engloba discursos (logoi) e narrativas (erga).
Pretende transmitir a verdade e deixa um legado da história pragmática. É importante, pois vai tornar a história,
numa disciplina imparcial. Vai abandonar os testemunhos orais e a metodologia de Heródoto. O que lhe
interessa é a verdade e as causas profundas.
Sofistas
Conjunto de professores/pensadores/filósofos, que mudaram o modo de pensar na Grécia com a introdução de
novos conceitos:
• Relativismo;
• Ceticismo (não há verdades absolutas);
• A argumentação é dos melhores instrumentos para o meio social.
A introdução destes conceitos, leva à colocação de novas questões, à desmitologização.
Objetivo da historiografia:
1. Heródoto- Salvaguardar a memória de grandes homens.

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2. Tucídides- Para que as pessoas percebam os erros que foram cometidos e que não os voltem a cometer.
Construção do legado: Explicação dos mecanismos de como agir, perante uma guerra; Explicação das razões,
que dão origem a uma guerra.
Destaca a arrogância das grandes potências da época- imparcialidade na descrição dos factos. Tem noção de
que os acontecimentos históricos têm causas profundas e superficiais. Tucídides, foca-se nas causas
profundas- procura a raiz do acontecimento
Fundamentos da democracia ateniense: Isonomia, Isocracia; Isegoria
Péricles- Estadista ateniense que acreditava que a democracia ateniense, deveria ser expandida- nasce um
espírito imperialista.
Classificação dos géneros historiográficos:
Genealogia/Mitologia: Estuda as questões relacionadas à origem e à transmissão dos mitos. Hecateu de Mileto
diz que os mitos gregos são absurdos, pois havia uma falta de ordenação cronológica (falta de racionalidade).
Etnografia: Obras que nos dão a conhecer tradições, hábitos e vivências das sociedades.
Horografia: História local, sobre as cidades.
Cronografia: Relatos semelhantes aos das Horografias, exceto que seguem uma realidade cronológica.
Na Grécia Antiga, o sistema cronológico, baseava-se nas Olimpíadas (de 4 em 4 anos).

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