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Desejo de glória;
Perda de alguém;
Desejo da imortalidade;
A Ilíada e a Odisseia tornaram-se obras tão centrais da cultura helénica que nas
Panateneias (onde celebrava a Deusa Atena na Acrópole) retira tiranos patrocinavam todos
os anos, a leitura integral destas 2 obras.
Do ponto de vista cristão não tem moral, só está focado em si e em alcançar a aretê
(não há grande barreira entre o bem e o mal);
A mentalidade do herói vai ao encontro dos valores agónicos gregos (competição,
luta, combate);
Aretê (glória) era alcançada na Assembleia e no combate;
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2 - Desmonta clichés e artifícios narrativos comuns (transgride os próprios cânones)
Aquiles, o grande herói da obra aparece no primeiro canto e do 17º em diante (em
23 cantos), ou seja, na narrativa, existe um grande "buraco" onde a protagonista
nem sequer está presente na ação.
O mesmo acontece com Heitor.
Nesta obra, por vezes, são os mais virtuosos que morrem, por exemplo, Heitor é
melhor homem que Agamémnon e Aquiles, mas morre.
o Isso é uma grande injustiça - este livro relata a guerra e na guerra não dá
para escolher quem morre e quem se salva.
o A guerra é injusta e cruel por natureza.
o A injustiça cria comoção:
Morte de Heitor;
Despedida de Heitor e Andrómaca;
3 - A Ilíada é uma história sobre a humanidade
Este é o grande poema da condição humana. Neste período, histórias são o que substitui a
ciência, a sociologia e outras ciências humanas:
Ou seja, gregos criam histórias (mitos) e deuses para tentar explicar a natureza
humana;
Por isso é que a maioria dos mitos são tão densos e obscuros, carregando um forte
factor de subjetividade, ligada a esta questão da natureza humana;
Precedentes do imaginário mitológico
Muito do que é aludido na Ilíada, não é narrado. São mitos com que a cultura grega já
estava familiarizada uma vez que os helénicos já comungavam de um imaginário coletivo
que dispensava essa narração.
Exemplos de episódios centrais à narrativa que não são narrados:
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Não conseguindo resolver este conflito de interesses, entre elas pedem a Zeus (pai dos
deuses) para decidir. Este revela-se um problema diplomático para Zeus, que evita a decisão
remetendo-a para Páris, um pastor troiano no Monte Ida, que é filho de Príamo (rei de
Tróia) e Hécuba.
Para o persuadir cada deusa promete algo a Páris:
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O que leva a indicar que é a Tróia da Ilíada:
A datação de Tróia VI
Tabuinhas de linear B, vestígios de cavalos, espadas e armaduras e cerâmicas
micénicas – o que indica um contacto entre micénicos e troianos
Tróia VI apresentava muralhas muito bem defendidas e reforçadas
A cidade parecia ter aguentado um longo cerco devido às precauções tomadas para
preservar alimentos.
Foi na altura desta cidade que se atinge a domesticação do cavalo (característica
que na Ilíada lhes dá o título de "domadores de cavalos")
O fundo mítico dos Poemas Homéricos
Ulisses tinha um escudo de ferro sendo que os micénicos ainda não tinham
descoberto esse minério;
Não se fala de uma sociedade estratificada com muitos escravos como a micénica;
Micénicos tratavam os mortos de maneira diferente da retratada na Ilíada;
Elementos arquitetónicos do palácio de Ulisses posteriores à época micénica;
Outros indícios:
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A composição dos Poemas Homéricos
Existe a presença nos Poemas Homéricos de várias ferramentas de estilo e de construção
frásica:
Fórmulas:
o ‘Em resposta, declarou-lhe Aquiles de pés velozes’;
o ‘Em resposta, declarou-lhe o poderoso Agamémnon’;
Epítetos específicos e genéricos: são utilizados para atribuir características aos
personagens e situá-las emocionalmente
o ‘Aquiles de pés velozes’;
o ‘Briseida de rosto formoso’;
o ‘Atena de olhos glaucos’;
Patronímicos: ex. Pelida = filho de Peleu; Atrida = filho de Atreu;
Símiles: comparações longas de tema muito diverso;
Cenas típicas: ex. Ritual da hospitalidade; Sacrifícios; Armar do guerreiro...;
Composição em catálogo: longas enumerações; ex. catálogo das naus do canto II
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Milman Parry em 1928, propõe a tese oralista: 1/3 da obra tem fórmulas repetitivas,
epítetos e vários versos repetidos sendo este um ponto de apoio para a narração oral que
dá tempo para pensar no verso seguinte enquanto se vai cantando anterior. Ou seja, os
poemas homéricos baseiam-se na tradição oral.
Em suma, assistimos, nos poemas homéricos, a uma sociedade de sobreposição que
recolhe características de várias épocas, como é da natureza de uma poesia oral: à medida
que ela se transmite, vai se povoando de novos dados e adaptando às estruturas sociais e
políticas dessas épocas. A sociedade homérica pode ser vista, portanto, como uma
amálgama de elementos que se cruzaram e a moldaram uns aos outros ao longo dos anos.
A Ilíada começa com a invocação e proposição (Canto I, versos 1 a 7)
Invocação:
Invoca os deuses a quem pede inspiração para escrever os feitos e a história – neste
caso invoca uma deusa;
A invocação está inerentemente ligada ao caráter religioso do livro;
o Naquela altura, arte e religião são indissociáveis
Proposição:
Aqueus Troianos
o Nestos o Príamo
o Diomedes o Páris
o Agamémnon o Eneias
o Aquiles o Heitor
o Ájax Deuses do lado dos Troianos
o Menelau o Afrodite
o Pátroclo o Ares (deus da guerra, por
o Ulisses afinidade a Afrodite)
Deusas do lado dos Aqueus
o Hera
o Atena
Existem muitas intrigas entre os deuses que vão marcar este conflito. Zeus, uma figura
central da narrativa não tem uma preferência neste conflito, por assim dizer. Apesar de
inicialmente funcionar apenas como juíz ou árbitro imparcial, vai começar a apoiar
Aquiles, favorecendo-o.