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16/09/2022
Tradição greco-latina
Pilares da cultura europeia (filosofia; desejo de
saber; heroica, épico, trágico)
Tradição judaico-cristã
Avaliação: 2 testes
Diagnóstico: relatório 1-2 páginas
Historicidade da Guerra de Troia -> relato mítico que nos diz acerca do Homem e do
mundo
Achava-se que os deuses eram figuras representativas de Homero.
Heinrich Schliemann (séc. XIX) – defensor da realidade histórica dos topónimos
mencionados nas obras de Homero e importante descobridor de sítios arqueológicos
micénicos, como Troia e Micenas.
A guerra de Troia pode ter realmente acontecido (sendo então o primeiro grande choque
entre Oriente e Ocidente).
1ª noção de cultura -> tornar-se sempre algo melhor; a educação torna o Homem
melhor.
Abria-se uma escola fechava-se uma prisão.
Positivismo do séc. XIX
2ª Grande Guerra – ferida na educação, enquanto que a 1ª provou a queda da razão
21/09/2022
TESTES: 28 outubro e 16 dezembro
Aqueus=gregos
Hades é o deus dos mortos e o seu reino é o lugar dos mesmos, que é obscuro e o Sol
não entra.
O que é uma alma para o grego homérico?
Imagem; ídolo;
Exatamente igual ao que era o corpo em vida do guerreiro falecido (que
depois emigra para o mundo de Hades).
ALMA:
Género de sombra;
Sem substância;
Mero sopro/fumo;
Sem consistência.
Poemas épicos: seres que habitam estes poemas são seres extraordinários do ponto de
vista físico e psíquico.
Eneias (personagem de Ilíada) lançou uma pedra que nem 3 homens
conseguiriam lançar. – Isto demonstra uma capacidade extraordinária; verifica-se uma
beleza da figura, bem como a sua estatura, sendo que esta beleza é tanto física como
psíquica, nesta última podemos enquadrar a coragem, valentia, feitos extraordinários.
Quando o herói morre, o ídolo evoca-se, a alma sai do corpo e emigra para o reino de
Hades, onde se tem uma vida miserável, obscura.
23/09/2022
28/09/2022
7 outubro ficha sobre ilíada
CANTO 16
Patrocleia é o tema deste canto e no fundo trata o conjunto de feitos de Pátroclo.
Pátroclo + cleo (glória)
A Patrocleia é importante porque vai mudar o sentido da ação.
Comentário: O discurso de Zeus deixa claro para o leitor que uma conclusão
predestinada aguarda os Aqueus e os Troianos, assim, ele é capaz de, de forma
resumida, nos revelar o destino de Troia antes dos eventos ocorrerem.
Este senso de predestinação aponta para uma diferença importante entre a ficção
antiga e moderna, pois grande parte da ficção moderna cria uma sensação de tensão
dramática, mantendo o leitor imaginando como a história terminará. Sendo que várias
vezes, o rumo da história depende de personagens individuais e das suas escolhas ao
longo da trama, feitas de acordo com as suas personalidades.
Em contraste, as narrativas antigas muitas vezes baseando-se na tradição mitológica,
os antigos ouviriam a história já ciente do seu desfecho. A tensão neste cenário não
surge da questão de como a mentalidade de um personagem afetará os eventos da
história, mas sim da questão de como os eventos da história afetarão a mentalidade de
um personagem.
Por exemplo, o poema cria um sentido dramático ao retirar Heitor, que continua
a lutar por Troia, embora saiba no seu coração – como diz a sua esposa
Andrómaca no Canto 6 – que está condenado a morrer e Troia está predestinada
a cair. Da mesma forma, o melhor dos Aqueus, eventualmente volta à batalha,
apesar de saber que a glória da luta lhe custará a vida.
A emoção não provém da espera pelo fim da história, mas sim de esperar como
responderão os personagens a um fim já previsto, determinado e tecido pelas Moiras,
impossível de escapar. Aquiles enfrenta o dilema de entrar na batalha e salvar os seus
companheiros ou encher-se de cólera e deixá-los a sofrer. Estas lutas internas de uma
personagem individual criam não apenas uma sensação dramática, mas também quase
que uma ironia. Afinal no canto I, Aquiles pede a Zeus, por via da sua mãe Tétis, que
puna os Aqueus pela insolência de Agamémnon em roubar-lhe o seu saque de guerra,
mas agora Zeus que continua a cumprir a prece de Aquiles de pés ligeiros, ao ajudar os
Troianos acaba por causar a morte do companheiro mais precioso para Aquiles,
Pátroclo.
A fama e a glória de Pátroclo, que termina na morte, resulta na alteração total do
sentido da ação. Porquê? Pátroclo é, de resto, o herói delicado por natureza da Ilíada. O
herói gentil e frágil, que não deixa passar em branco a derrota que os gregos vão sofrer
com as mãos troianas, justamente, porque Aquiles abandonou a guerra.
É por essa razão que Pátroclo, suplica a Aquiles que o deixe partir para ajudar os
gregos, Aquiles concede recomendando que nunca se afaste das naus. Sujeito ao
entusiasmo guerreiro que parece levar os guerreiros até ao máximo da embriaguez
guerreira.
Perante a fama e as primeiras vitórias, Pátroclo afasta-se das naus e acaba por
cair às mãos de Hector.
A morte de Pátroclo marca uma mudança radical:
Por um lado, suscita em Aquiles uma desumana dor que a partir daí a vingança
de Aquiles torna-se obsessiva. Totalmente dominado pelo desejo de vingança.
Marca também a presença obsessiva da morte do canto 16 até ao canto 24. Está
em causa a ideia de violência, a partir do canto 16, a ideia de violência cresce à
margem do ideal homérico prescrito pelos cantos anteriores. Luta entre Pátroclo
e Heitor – demonstra isso. Pátroclo tem a ambição de matar e mutilar Heitor.
A morte de Heitor implica a derrota de Troia.
Heitor, mais civilizado dos heróis gregos e troianos, sofre do delírio da guerra.
Procura e tenta arrastar Pátroclo, decapita-lo and put it on a spike on the trojan gates.
30/09/2022
CANTO 16
v. 433-438
Mostra que o destino para Pátroclo para Sarpédon está decidido
O problema é o da relações entre o poder dos deuses e o poder do destino, o poder dos
deuses é imenso (interferem na vida dos heróis e dos mortais), mas além dos deuses há
um outro poder sobre o qual o homem também está dependente que é o do destino. O
destino em Homero diz-se, sobretudo, pelo termo “moira”. O que é o destino? De
acordo com a compreensão mítica do homem em Homero, as “moira” são as deusas que
fiam e determinam o destino, ao nascer, são 3, há uma que fia o destino que o puxa
outra e que o corta com uma tesoura, sendo assim as responsáveis pelo destino – é
aquilo que é tecido à nascença e que cabe a cada herói, o que cabe em sorte a cada um,
sendo o resultado do trabalho das tais “moira”.
Zeus têm a possibilidade de libertar Sarpédon da morte, mas não o faz, por razões de
carácter cósmico. Zeus é então pressionado a aceitar as ordens do destino. Zeus tem essa
necessidade do mundo com ordem, pois os próprios deuses apenas são deuses deste
mundo ordenado. Os deuses não conhecem a história como nós a conhecemos.
A alteração do destino pode levar, por completo, à desordenação do mundo, o regresso a
um caos, onde o destino não é respeitado, grande gravidade esta situação.
Houve um conflito entre:
Grone e Geia;
Grono e Reia;
Zeus e Hera.
Teogonia
Teos -> deus
Gonia -> génese
Os deuses não estão interessados nessa desordem porque o regresso a um estado
anterior do universo era aceitar a sua própria derrota num estado em que tinham sido
vencedores.
12/10/2022
Canto XXIII – a razão de este episódio ser fundamental:
É feita uma descrição rigorosa das condições e expectativas pos-mortem do
homem homérico,
O termo “alma”, para nós, é algo muito ambíguo, mas na obra é algo específico,
escreve-se com uns sinais gregos Ψυχή (psiche), no fundo é a imagem do homem
exatamente igual àquilo que era em vida.
É esta alma que entra no reino de Hades.
Enquanto as honras fúnebres não forem realizadas o corpo (alma) não vai para o reino
de Hades.
A separação dos deuses, vivos e mortos é uma separação espacial, aos deuses compete o
Olimpo, aos vivos a Terra e aos mortos o Reino de Hades.
Se as almas forem impedidas de entrar no reino de Hades ficam como “almas penadas”
que ainda não foram libertadas para o seu novo reino.
Pátroclo critica que Aquiles ainda não o tenha sepultado, no fundo diz-lhe que a
obsessão de Aquiles para vingar a morte de Pátroclo sobrepõem-se à sepultação do
amigo, que é o que permite a entrada no novo reino (Hades).
Aquiles cede face à acusação do amigo e realiza as respetivas honras fúnebres.
Conseguimos com este episodio desenhar com rigor as conceções pos-mortem dos
gregos homéricos.
14/10/2022
Odisseia – semelhanças entre a Ilíada (mesma cultura: deuses, desejo de gloria, questão
heroica), mas há diferenças: na Ilíada o que está em causa é a guerra, enquanto na
Odisseia
Ainda que os deuses sejam os mesmos, os deuses da Odisseia parecem já pertencer a
uma fase do pensamento posterior, deixam de viver no Olimpo (monte coberto de neve),
passando a viver numa morada etérea
Quando Afrodite é ferida por Diomedes não
se escorre sangue, mas sim icor. Pois não se
alimentam de coisas térreas dos mortais,
alimentam-se de néctar e ambrósia.
os deuses já não são feridos em combate como na Ilíada, há um afastamento progressivo
da ideia de divindade que culminará na ideia de transcendência. A morada deixa de ser
algo real, e passa a ser etéreo. O modo de representação da divindade é mais conceptual,
não tão empírico.
Caracterização da Odisseia – 3 núcleos fundamentais:
Canto I ao IV – telemaquia: educação de Telémaco, da sua luta para encontrar o
pai e a sua pretensão de afirmação no palácio
Canto V ao XIII – conjunto de aventuras pelas quais Ulisses tem de passar para
conseguir o seu regresso à pátria (são muitas)
Canto XIV atá ao fim – vingança de Ulisses sobre os pretendentes (chega
disfarçado de mendigo, dirige-se ao palácio e vinga-se de todos os pretendentes,
matando-os, à exceção do Aedro (quem canta/declama os cantos-/poemas
épicos, aquele que eterniza a fama)
Ulisses na Ilíada é o “pés velozes”, a tónica está no encontro do homem com a morte,
enquanto na Odisseia Ulisses tenta escapar, com tudo o que pode, à morte, há uma fuga
da mesma. O epíteto dele é aquele que ultrapassa as diversas dificuldades, devido à sua
astúcia.
Há a certeza de Ulisses regressará, tal como havia na Ilíada, onde Aquiles tinha decidido
o seu fim, caminhava para a morte.
O mar que Ulisses tem de atravessar é o horizonte cheio de perigos, é o mar nunca antes
vindimado, misterioso, é, pois, não um elemento atrativo, mas sim de perigo.
Diversos perigos por que Ulisses passa:
Naufrágio e das tempestades – 1º perigo;
Os lestrígones – disforme;
Ciclope – disforme (1 olho na testa), é medonho porque é antropófago e não tem
vida política, sentido de comunidade que se verifica na pólis, mostrando o
caráter monstruoso deste ser; para o grego não é possível conceber a existência
individual, se não estiver integrada na pólis, na cidade e na comunidade, sendo a
assembleia um lugar privilegiado para o encontro dessa comunidade;
Monstros (Cilas e Caripdes (?))
As sereias (metade aves metade mulheres, corpo e cabeça de mulheres e o resto
de aves) – representam um perigo do “heros”; têm vozes divinas, fazendo com
que o canto delas seja irresistível para os homens, atraindo-os; quando os
marinheiros se aproximam da ilha elas atacam-nos e matam-nos -> para Ulisses
atravessar a ilha das sereias ele mandou pôr cera nos ouvidos de todos os
marinheiros, incluindo nos dele, e, assim, conseguiriam passar aos cantos das
sereias, à sedução através da sabedoria;
Circe: metamorfose – alteração da forma; plano superior da existência;
transformação dos homens em porcos; Ulisses não deixou que isso lhe
acontecesse, pois quando foi convidado para ir ao palácio, chamado por Circe, o
mesmo recusou, sobrepondo-se, assim, a Circe;
Calipso - ;
Esquecer a família;
21/10/2022
Teia de Penélope
O texto da odisseia valoriza muito a figura de Penélope. Enquanto ulisses é retratado
como um herói que passa por muitas tormentas, o professor acha que Penélope é
igualmente heroica.
Amor bem conseguido entre eles. A etimologia do termo Penélope liga-se uma uma raça
de pathos, que são muito fieis, derivado daí o seu nome.
Para alguns o comportamento de Penélope está longe de ser um comportamento de fiel,
onde dizem que ela era amante de todos os pretendentes.
Estratagema e o porquê de se dar o nome teia de Penélope
A guerra de troia durou 10 anos, para regressar a casa ulisses demorou 10 anos, quando
partiu o seu filho era ainda muito pequeno. O porque de usar um estratagema – porque
os pretendentes, e de modo greal o senso comum, acham que ulisses já esta morto,
forçando Penélope a escolher um pretendente para casar. Enquanto a escolha não é feita
os pretendentes estão no seu palácio, incomodando os anfitrioes, nestas circunstancias
Penélope arma um estratagema. Precisa de tecer uma mortalha para o herói laertes, pai
de ulisses, para quando morrer ter um lençol digno para ser envolvido, e só após o
término da colcha escolheria um pretendente. Durante o dia tecia e à noite desfazia o
que tinha tecido, adiando, assim, a escolha do pretendente. Enganou os pretendentes
durante muitos anos, porém uma das suas criadas disse a um dos pretendentes qual o
estratagema que ela estava a usar, sendo que os mesmos a obrigam a acabar de tecer a
colcha.
Aparecem 3 vezes:
Contada por Antínoo (pretendente), no canto II v. 85 a 128 – quer Ulisses quer
Penélope são muito astuciosos
Contada por Penélope
Contada por Agamémnon, já no reino de Hades, no canto XXIV -
Com este estratagema mostra inteligência de Penélope – a todos da esperança, manda
recados, mas na verdade não se resolve. É a única atitude que tem para permanecer à
espera de Ulisses, contra todas as expetativas, ate já Telémaco pondera que o pai esteja
morto.
Se não escolher o pretendente sujeita-se à violência que estes podem exercer sobre
ela/revolta dos pretendentes.
Se ela não mais esperar é estar a garantir e concordar que Ulisses morreu, deixando de
ser a esposa de Ulisses para ser a esposa de outro pretendente, ratificando e
confirmando a morte do marido.
Consegue suspender o tempo, não sendo obrigada nem a escolher nem a sofrer às mãos
dos pretendentes.
Esta astucia de Penélope está bem representada pela suspensão do tempo
Antínoo diz que Penélope, que é a governanta da casa, está a governar mal a casa.
“Por ordem de Atena Penélope montou um grande tear no quarto” – a deusa é a
protetora dos lavoures. Penélope ao se autointitular de moreia/parcas é algo estranho e
contraditório, pois quem pratica essa arte de tecelagem normalmente são jovens virgens,
algo que ela não é. Mete-se sobre a proteção de Atena não como uma jovem virgem,
mas como uma espécie de viúva virgem, estatuto este que não permite que ela possa ser
incomodada pelos pretendentes.
Assim que Penélope deixou de tecer a colcha é o momento que Ulisses
As mãos que tecem a teia de Penélope não são tanto as de Penélope, mas a das parcas
que tecem o destino, ora há uma proximidade de Ulisses à pátria como um afastamento.
A imagem tecida na mortalha é especialmente interessante
No terminar da mortalha de laertes tem vários significados:
Metafórico – significa que ulisses era decla
26/10/2022
Teste:
1 pergunta de grande desenvolvimento
3/ 4 de resposta mais breve
Será sobretudo sobre as leituras e o que tem sido discutido em aula
02/11/2022
Questão da matéria trágica - parte da cultura grega clássica
https://arteref.com/teatro/teatro-grego/
O que é a tragédia e o trágico.
Sentido etimológico, provem de tragos + ode
Seria “canto do bode” – O que é isso?
Conjunto de textos dramatizamos representamos na grafia antiga,
nomeadamente Atenas.
O âmbito da tragédia é muito difícil de delimitar.
09/11/2022
O Rei Édipo – análise
O Rei Édipo trata-se dos dois textos mais falados na cultura europeia.
A partir do séc. XX, fruto da psicanálise que Freud fez sobre este texto, o Rei Édipo
é a melhor representação da cultura europeia.
Complexo de Édipo – todos os infantes masculinos num dado momento da sua
infância sonham casar com a mãe e matar o seu pai. Freud vai buscar a Sófocles aquilo
que era a sua própria teoria.
Tragédia e problemas que estão associados à obra
O título Rei Édipo não corresponde ao título original da tragédia grega, pois o
mesmo, traduzido à letra seria Édipo Tirano. Mas não traduzimos à letra, pois
considera-se que há uma ressonância completamente diferente para o termo “tirano” na
nossa cultura, que é equivalente a algo que é cruel, violenta.
Tirano na Grécia pode ser excelente, é assim o título original por Édipo ter chegado
ao trono de forma ilegítima. Daí não se traduzir assim, mas sim como Édipo Rei pois a
obra trata o período em que Édipo era Rei de Tebas. Ainda assim não se traduz Édipo
Rei por uma questão de sonoridade, por parecer um verbo que pode ser conjugado, daí
se traduzir como Rei Édipo.
A tragédia começa da seguinte forma, na cidade de tebas um conjunto de cidadãos,
liderados por um sacerdote, dirige-se ao rei, em suplica, porque a cidade esta devastada
por uma peste, que esteriliza o campo, colocando os cidadãos de Tebas, nas mais
terríveis circunstâncias.
Édipo, preocupado, decide enviar Creonte, seu cunhado, ao Oráculo. Este quando
volta diz que a peste só será resolvida quando se matar o assassino de Laio. perante esta
resposta de Creonte, Édipo proclama que não descansara enquanto não castigar os
assassinos de airo. Decide chamar Tirésias, que é o adivinho, instando a dizer o que ele
sabe sobre o assassino de Laio. –> https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$jocasta
Tirésias começa a recusar falar, furta-se a responder a Édipo, recomenda a Édipo
que esqueça esse assunto, resultando por se revoltar contra Creonte, obrigando Tirésias
a revelar o que sabe. Tirésias diz que o assassino é Édipo, o rei não tem reação à
acusação e não a percebe. Édipo acha que Tirésias está numa onda de conspiração,
juntamente com Creonte, para culpar Édipo.
Jocasta tem conhecimento daquilo que Tirésias lhe disse, tenta apaziguar Édipo,
dizendo que Laio morreu de determinada forma, que só o Oráculo sabe, logo Tirésias
não tem conhecimento da situação. Jocasta diz-lhe que Laio morreu numa briga.
Quando Jocasta lhe começa a explicar a morte de Laio, Édipo está um pouco confuso,
porém quando puxa pela memoria lembra-se que uma vez numa briga, com um
desconhecido, acabou por matar o adversário, que neste caso seria seu pai, Laio, mas
sem que Édipo soubesse.
Passado um tempo vêm dizer que o Rei de Corinto tinha morrido. Édipo vivia em
Corinto, mas um dia, num banquete, ouviu dizer que não era filho de Corinto, fazendo
com que Édipo vá ao Oráculo, que lhe diz que matará o pai e casará com a mãe. No
caminho de regresso vai por para Tebas em vez de ir (?), e é aí que se dá a briga com o
tal homem.
Dá-se o encontro com a esfinge, que fazem uma pergunta decisiva aos caminhantes,
se o caminhante respondesse acertadamente a esfinge atiravam-se dum precipício se
errasse era o próprio caminhante que se atirava.
A esfinge colocou então a seguinte questão: “qual é o ser que primeiro caminha
sobre 4 membros, depois sobre 2 e por fim sobre 3”. Acontece que Édipo respondeu ao
enigma da esfinge, que é um enigma sobre quem é o homem. É justamente esse homem
que resolve o enigma que vai matar o pai. A esfinge morre.
Quando chega a Tebas é felicitado pela morte de esfinge e elevado a Rei,
posteriormente casando com a mãe, mas é alertado que não matou o pai, pois não era
filho dele.
A morte do Rei de Corinto foi anunciada por um pastor, mas diz a Édipo para não se
preocupar porque não era filho do mesmo. Édipo pede para que explique a situação. O
pastor diz que os seus pais o deixaram no Monte Citéron e a família real de Corinto
acolheu-o. Fica a questão de quem eram então os pais biológicos.
A tragédia é mesmo esta, embora fazendo tudo para evitar matar o pai e casar com a
mãe, tal como o Oráculo previu, essa constante tentativa acaba por culminar naquilo que
tentava combater.
Édipo acaba por casar com a mãe e depois cega-se.
A questão da liberdade – até que ponto um homem livre pode decidir o seu destino.
Édipo está sujeito a uma ananke (necessidade), aquilo que não pode deixar de ser de
outro modo daquele que é. O destino de Édipo está marcado, ao qual Édipo não pode
fugir.
Problema da ausência/presença da liberdade em Édipo – se Édipo tem mão ou não
no seu destino. O que está em causa é a procura de um horizonte de atuação próprio do
homem, ou seja, a sua liberdade, de acordo com o qual possa inscrever a sua história.
Édipo não é considerado igual aos deuses, é sim considerado por ser o Primeiro dos
Homens, ou seja, como um homem excecional tanto na forma como lida com a
riqueza(?) bem como com os deuses (?). -> versos 32 ou 34 (?)
É um ser profundamente interessado pela sorte dos seus cidadãos e pela (?). Esta
caracterização é importante pois há algumas leituras que dizem que o seu destino é uma
consequência da falta de carácter, tratando-se de uma interpretação de teor moralista, de
acordo com a qual se deriva da sua falta de moral, considerando que é um homem
primário (?). O prof não concorda com esta interpretação, aludindo à caracterização de
Édipo feita no prólogo da obra.
Essa interpretação que faz do destino de Édipo uma consequência ou da falta
carácter ou de um erro cometido por Édipo, faz com que seja uma interpretação
moralista da tragédia, pois a mesma é a consequência da prática imoral dos atos, se
Édipo não tivesse agido de tal forma não haveria tragedia.
A falha de carácter de Édipo é definida pelo suposto caracter irascível de Édipo, por
exemplo, quando encontra aquele velho na encruzilhada dos caminhos, para o prof esta
interpretação é completamente errada pois a tragédia é apenas a consequência dos atos
imorais, e o prof diz que isto leva a esvaziamento da tragédia, pois o homem pela
fragilidade da sua condição (finito e mortal) está sempre sujeito que lhe caia o fardo da
mortalidade. A tragédia passaria apenas a ser uma coisa adjacente que derivava de um
erro, não tocaria os homens que agem bem.
Tragédia como moralidade VS tragédia como acompanhante da fatalidade humana
A teimosia de Édipo é o que vai fazer com que ele posteriormente seja considerado
um herói trágico. Esta teimosia verifica-se quando insiste para que lhe digam do destino
(eu quero saber/ eu vou saber), recusa de todo o comodismo, por um lado pode ser uma
falha, mas por outro pode ser uma característica que o vai revestir de heroicidade.
Jocasta é o símbolo de comodidade, adaptando à situação, ao dizer a Édipo para deixar
passar a situação da culpabilidade da morte do rei Corinto.
Isto, para o prof, significa que a tragédia não deriva de erros dos atos, mas sim da
fragilidade da condição humana. A tragédia implica um momento de consciência
daquilo que ocorreu no passado.
Profilaxia – não há nenhuma possibilidade de o evitar/combater, quando ela surge,
surge, nem a virtude é suficiente para a evitar, o homem está preso na armadilha.
Há no trágico alguma coisa de imerecimento, que não é merecido, pois se aquilo que
ocorresse a Édipo pudesse ser justificado pela prática dos atos, haveria uma justiça
poética, mas assim não havia tragédia, haveria apenas essa tal justiça. Contrariamente, a
tragédia, implica o imerecimento, que significa que o homem que sofre a tragédia sobre
de uma forma desmedida, sendo a piedade e (?) dois elementos essenciais à tragédia.
O imerecimento manifesta-se quando Édipo não sabia que estava a matar o pai nem
sabia que estava a casar com a mãe, não tinha consciência. Quando Édipo se encontra
na encruzilhada dos três caminhos, o mesmo, segundo x analise, só responde a uma
ameaça.
O carácter finito faz com que o humano não tenha conhecimento de todas as
consequências de determinada ação, assim, Édipo, ao responder à esfinge não saberia
que consequentemente casaria com a mãe. Justamente o homem realiza um ato para
atingir um determinado fim, mas acaba por fazer o contrário, demonstrando a condição
da fragilidade humana.
Ironia trágica – situação iminentemente irónica, porque se vem reparar quando
Édipo recebe a instrução de Creonte que o assassino de Laio tem de ser castigado e o rei
decide que fará de tudo para castigar o assassino, quando o assassino era ele mesmo,
não tendo consciência de tal facto. A ironia trágica tem justamente a ver com o
equívoco do juízo/conhecimento.
Questiona-se também o porque de Édipo não ter ficado em Corinto e ter fugido de
lá, evitando assim o seu destino. Aí entra a funidade (?)
Versos 708 e ss – fundamenta-se a leitura do rei Édipo como tragedia da fatalidade
11/11/2022
Isto é, dir-se-ia que sobre Édipo pende uma necessidade - de casar com a mãe e matar o
pai – e independentemente das suas ações, esta fatalidade irá acontecer.
Um passo da tragédia que coloca esta questão como premente.
Aquilo que dizemos, por conhecimento genérico, dizemo-lo por parecer ser a lógica.
Temos de encontrar fundamento no texto para o podermos defender.
O autor da obra não é necessariamente o seu melhor interprete.
Com certeza saberá os motivos da criação do texto; a partir do momento que o texto é
acessível aos leitores eu posso fazer uma melhor interpretação.
A legitimidade de uma interpretação baseia-se num suporte lógico.
As pessoas têm tendência de confundir autor literário com autor físico/humano que ali
esta.
Eu enquanto leitor posso interpretar um texto de formas que nem nunca ocorreu ao atual
autor.
A interpretação que Freud fez de rei Édipo noa estava de modo nenhum na cabeça de
Sófocles - que nem pouco mais ou menos conhecia a psicanálise.
Não há uma melhor interpretação,
É a lógica e a densidade da interpretação que estão sempre em causa
Temos de encontrar no texto um elemento solido no qual possamos fundamentar a nossa
interpretação;
Diálogo entre Jocasta e Édipo Página 35 do pdf
Pai de Édipo, antigo rei – Laio
Porque é que este texto é o texto chave da interpretação?
A justificações que Jocasta apresenta são desmontáveis pelo seguimento da tragédia;
É morto por Édipo que decide não ir Corinto, mas para Tebas – para não matar o pai e
não casar com a mãe.
Édipo significa pés inchados
A criança foi deixada no monte
Ideia de uma necessidade que tudo domina está bem expressa neste texto.
Complexidade do texto:
Não é costume que uma criança tenha um destino marcado antes do nascimento;
O que o texto diz é que uma criança matara o pai e casara com a mãe – se esse
filho nascer; aplicar destino / moira a alguém que ainda não nasceu;
Em lado nenhum do texto é dada a razão para Laio ter morrido desta forma; diz
que Laio há-de ser comido. Mas porquê?
(Outra interpretação) Se eventualmente, não de modo prescritivo, se tiverem, eu
sei que isso vai acontecer, não sou eu que estou a impor;
Então, que sentido trágico é reforçado? O do engano, o do adiamento, ignorância
congénita,
Se apagarmos um pouco o que o oráculo diz como algo garantido /
predestinação, então qual será a matéria trágica?
Foi para Tebas para não casar com a mãe e para não matar o pai – enganou-se
Não por ter mau caráter, etc – homem é um ser limitado, não está nas suas mãos
a questão do destino;
o Estas duas interpretações não são disjuntivas - não se opõem
Tragédia da fatalidade / tragédia do adiamento humano - estas
duas interpretações são convergentes;
1º - dar razão à interpretação de que a 1º imagem deste texto é a tragédia da fatalidade,
além disso pode haver a interpretação da tragédia do equívoco;
2º - Vivência do aqui e o agora;
Escravos de forças que não dominamos - a liberdade é ilusória
16/11/2022
Relação entre tragédia e consciência – só há tragédia no momento de consciência, na
inconsciência não a há; se Édipo tivesse tido exatamente o mesmo destino, ainda que
inconscientemente, teria na mesma sido rei de Tebas (?).
Tendo consciência como a podemos perder? Se a jarra se quebra e a vimos partida,
como é que podemos voltar ao estado inicial da jarra?
A tragédia coloca-nos a necessidade de consciência e a questão da possibilidade de fugir
à fatalidade da mesma.
Brecht, escreveu uma obra teórica em forma de teatro anti aristotélica
Poética aristotélica (resultado de conjunto de fragmentos das aulas que Aristóteles deu):
Obra de Aristóteles na qual se procura desenhar aquilo que é uma tragédia e
aquilo que significa uma elaboração perfeita da tragédia; uma tragédia implica
sempre uma ação, por isso é sempre uma poesia dramática, essa ação implica um
processo (não há um momento trágico, mas sim um processo trágico), que, por
sua vez, implica uma mudança (da felicidade para a infelicidade (ocorrem na
tragédia) e da infelicidade para a felicidade (comédia)), para Aristóteles ás vezes
nem é preciso que isso seja consumado, apenas a possibilidade de isso acontecer
já é mudança. 2 tipos de tragédia:
o Tragédias simples – a mudança vai-se anunciando lentamente até ao
momento em que ocorre, não há nenhuma surpresa, é apenas uma
tragédia que efetivamente altera a situação, mas sem sobressalto, um
caminho levemente inclinado que culminará na queda, mas não há uma
alteração do sentido da ação;
o Tragédias complexas (a do Édipo p.e.) – com peripécia (mudança na
ação, súbita, que acarreta uma completa alteração do sentido da ação) e
reconhecimento (momento de consciência; não há tragédia sem a
consciência).
Ironia trágica – enredo, ação do protagonista que se orienta naquele sentido revelar-se
no sentido contrário (quando Édipo diz que perseguirá o assassino de Laio, que, devido
à sua inconsciência da situação, é ele mesmo).
Como é possível mudar o sentido da ação? (Aristóteles diz):
Pela intervenção de um Deus, intervenção de uma pessoa fora do “plot”.
Aristóteles diz que não é a melhor forma de criar uma tragédia, pois a mesma, para o
mesmo, deve estar sustentada em dois pilares essenciais (verossemelhança e a
necessidade).
Alguém que cometeu um ato, sem disso ter consciência, e mais tarde, por qualquer coisa
que deriva internamente da ação, vem a tê-la, demonstrando que o sentido não é esse e é
completamente o contrário.
Segundo Aristóteles a designação do ato que é feito pelo homem sem consciência de tal
e depois vem a tê-la – “hamartia”.
Esse homem não é nem muito bom nem muito mau, não pode ser muito mau pois
aquando da consequência iria gerar no público a justiça poética, se fosse muito bom ia
gerar repugnância. Tem então de ser um homem nem muito bom nem muito mau para
ter a possibilidade de praticar a “hamartia”.
“hamartia” – a melhor tradução é “erro” (etimologicamente designa sobretudo atirar
uma seta e falhar o alvo, sair ao lado), o homem pratica um erro e depois mais tarde vai
ter consciência de o ter praticado.
No passado ocidental traduziu-se “hamartia” como pecado, mas na verdade o que
estaria em causa é a interpretação moralizada da tragédia, de acordo com a qual a
tragédia só ocorre quando alguém age mal.
Se for traduzido como “erro intelectual” facilmente se podia afirma que a tragédia é
inerente a condição finita do homem, e que o mesmo não lhe pode escapar.
Radical oposição entre Platão e Aristóteles:
Platão – o homem sábio nunca pode sofrer a tragédia.
Aristóteles – o homem devido à sua fatalidade está sujeito à tragédia.
Aquando da tradução de “hamartia” como pecado, há uma influência histórica, a obra
de Aristóteles, contrariamente aos textos platónicos, que tiveram uma espécie de
continuidade aquando da sua transmissão, foi-nos transmitida de forma escrita, quem a
transmitiu foram os árabes, mas quando o fizeram o termo “hamartia” já estava
traduzido por pecado, estamos aqui perante um erro de cálculo.
Um homem erra nos seus cálculos porque erra nas suas previsões, que, por sua vez, o
faz devido à finitude de que está revestido, nesse sentido comete “hamartia” (engana-se;
erra).
18/11/2022
Hybris - crime de orgulho de acordo com o qual um homem julga ter um estatuto de
tudo o que o ultrapassa, nomeadamente um deus (uma comparação desmedida)
Ler Antígona
Pode existir 2 tipos de hybris, no caso de o querermos forçar:
De Antígona
De Creonte
No caso de Antígona, é muito fácil tomar partido de Creonte (no sentido político), pois
este pode ser interpretado como o tirano, enquanto que Antígona é vista como muito
inocente. A atitude de Creonte é então possível de tomar como hybris.
A dimensão de Creonte e Antígona: o que esta em causa é um conflito profundo entre a
dimensão privada, familiar e religiosa e uma outra dimensão política e coletiva;
Rei Édipo pode ser interpretado como obra anti-hybris;
O que é a arethé?
Finalidade da paideia
Processo de formação para a melhor educação. Em Homero, na Ilíada e na Odisseia, a
arethé aparece pela primeira vez de uma forma bastante explicita. Em ambos os casos, a
arethé não é algo que seja dado, mas sim conquistado e conscientemente procurado. No
entanto, se bem que o ideal homérico de homem - o herói - seja definido pela arethé, o
modo de a conceber nas duas grandes obras de Homero não é igual. A arethé é uma
superioridade ou excelência própria da nobreza, um conjunto de qualidades físicas,
espirituais e morais tais como bravura, coragem, força, destreza.
23/11/2022
Se a obrigação de sacrifício de uma filha, ou qualquer outra desgraça que eventualmente
possa acontecer, o que é que é mais assustador? Que isso possa ocorrer pois as
circunstâncias existenciais do homem façam com que seja impossível saber as
consequências existenciais dos atos, ou se as consequências apenas advêm quando
alguém age mal? Prof diz que é claramente a primeira. Na interpretação de carácter
moralista (último dito) há uma profilaxia.
Deriva das contingências existenciais que o homem não domina (ananke), da sua
condição.
Profilaxia – medicamente é o conjunto das precauções higiénicas que devem tomar-se
para evitar uma doença ou um contágio, ou seja, aqui pode ser entendida como uma
prevenção relativamente a algo.
O medo é uma emoção de carácter negativo provocada mediante um juízo de alguma
coisa que acontecerá em breve.
A piedade é a consciência de que o que acontece aos outros pode, analogamente,
acontecer comigo.
A tragédia reveste-se de medo e piedade.
Porquê de o Rei Édipo suscitar terror e piedade – compreendemos que nos nossos juízos
também nos podemos equivocar, cometendo atos terríveis que depois nos possamos vir
a arrepender. Ou também pelo facto da inutilidade dos variados esforços que possamos
fazer para algo que não estará nas nossas mãos.
25/11/2022
Não é uma tragédia da hamartia, antes conflituosa – nem todas as oposições são trágicas
(existem algumas em que o resultado parece ser mais perfeito).
Há oposições parecem apontar para uma unidade superior a uma das partes, são
oposições conciliáveis.
O conflito de (?) mostra-nos uma oposição de dois princípios, estes que são
irreconciliáveis. Pode haver uma dialética de exclusão ou de conciliação, entre os dois
polos.
Além de serem irreconciliáveis, é necessário que ambos os polos apresentem princípios
que tenham legitimidade idêntica, pois aquele que tenha uma legitimidade superior
rapidamente se sobrepõe. É também necessário que tenham intensidades semelhantes.
Na Antígona, a tragédia é sobretudo de conflito entre os dois princípios que se
apresentam de forma irreconciliável. A tragédia do conflito é algo mais contemporâneo.
Ver anotações no próprio texto.
A tragédia começa com o diálogo entre Antígona e Ismena, no qual “discutem”. Surge o
decreto de Creonte que proíbe a sepultura de Polinices, algo que Antígona discorda.
Episódio que marca logo no prologo, pois mostra logo a oposição entre o caráter de
antigo e Ismena.
Oposição entre a consanguinidade e o poder político, de um lado a ideia e o respeito
prioritário pela consanguinidade e em oposição o poder político, da cidade, da polis e a
primazia que é dada a este. A oposição entre uma e outra começa agora a ser clara.
Acima da consanguinidade está a legitimidade da polis.
Do ponto de vista de Antígona, quando diz que “se agirmos contra a lei” (v. 59)
significa lei da consanguinidade.
A posição de Ismena é muito clara, ainda que com todas as desgraças ela obedece ao
poder político, ao édito de Creonte.
A posição das mulheres na polis – não é aqui o problema central, mas verifica-se. Nós
nascemos mulheres e, por isso, temos de obedecer ao poder político. É este o lugar da
mulher na sociedade grega.
Creonte põe acima de tudo a sua pátria, e todos os que não tiverem a sua pátria como
primeira preocupação ele não respeita. As regras que enuncia são bem-intencionadas
para a polis, e afirma que a primazia é dada à polis, dentro da qual as amizades são
criadas.
Édito gémeo destes princípios (legítimos e que dizem respeito à vontade do bom
governador) para os filhos de Édipo, que proclama que, enquanto que Etéocles terá
honras fúnebres e será respeitado por querer proteger a cidade, e Polinices não terá o
mesmo direito, sendo até dado aos cães e às aves de rapina
Creonte entende que aquele que defendeu a cidade deve ter honras fúnebres e o que não
a defendeu não as deve ter. Desenha-se já aqui um conflito entre Creonte e Antígona,
que representa a oposição entre duas legitimidades entre duas leis – leis da polis
(Creonte) e leis religiosas (Antígona). É esta oposição que está em causa.
Hegel pensa que Antígona ilumina um conflito essencial entre o direito de estado e o
direito familiar ou religioso, que neste momento se apresentam sem qualquer
possibilidade de interaçao.
Um guarda vem anunciar a Creonte que o corpo de Polinices estava coberto. O guarda
diz que não sabem como isso aconteceu, que foi algo que ninguém sabe como
aconteceu. Mostra isto um ato de clara desobediência. (v. 280)
O coro manifesta o receio do caráter excessivo do comportamento de Creonte.
Creonte está completamente cego perante aquilo que não seja as suas razoes – defesa da
cidade e o direito do estado. Propensão para a cólera. Tudo o que ele vê tem uma
ligação direta à ordem política.
Além desta cegueira, de acordo com a qual não há outra legitimidade sem ser o direito
político, ele vê esta desobediência como também uma ordem política.
Creonte ordena que seja descoberto quem cobriu o corpo de Polinices.
2º episódio
Um guarda vem dizer que viram a silhueta de uma pessoa que atirava terra para o
v. 442
30/11/2022
A Antígona deu sepultura contra as ordens de Creonte.
1º junto de Ismena
2º junto de Creonte
Pretende agradar mais aos que estão no Hades
Obedecer às leis não escritas dos deuses do que às dos homens.
V. 474 e ss.
Começa-se a desenhar a obstinação de Creonte.
v. 485 –> o papel do homem e da mulher na pólis: ao homem a vida
política e à mulher o gineceu da obediência às ordens masculinas. Há
aqui uma oposição.
V. 486-489 – modo como esta oposição se vai
desencadeando/aprofundando. Pólis VS família, Creonte VS Antígona,
há um confronto.
A partir do v. 508 até ao 530 entra-se na esticomitia – mantêm-se as
intransigências tanto de Antígona como de Creonte. Há um horizonte de
referência que é completamente diferente, as falas de Antígona partilham
sempre a ideia dos laços de sangue, enquanto as de Creonte as ideias de
pólis. O conflito aprofundar-se-á mais, bem como da obstinação de
ambos.
A partir do v.535 – a fraqueza de Ismena é clara (não tem ideias fixas);
há uma certa de hybris por parte de Antígona, que corresponde ao ato de
radicalização da sua posição. O diálogo entre Creonte e Antígona e
Antígona e Ismena poderiam continuar infinitamente, nunca haveria uma
conciliação.
07/12/2022
O MODELO CRISTÃO - https://www.bibliaon.com/exodo/
O Modelo Cristão enquanto oposição ao Modelo Épico e Trágico; o sentido da História
A tradição cristã é incompreensível sem a tradição judaica. A Bíblia contém 2
partes distintas: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Novo Testamento diz
respeito ao que podemos designar como a Nova Aliança, que é conseguida mediante
Jesus Cristo, filho de Deus. O Antigo Testamento funda-se na eleição do povo judaico
de Israel até ao nascimento de Cristo, que vem renovar a aliança com Deus. No
fundamento dessa religiosidade judaica, está a ideia de Aliança. A ideia de revelação e a
ideia de aliança estão associadas: o Antigo Testamento funda-se numa aliança que se
baseia na revelação de Deus ao povo judaico. Esta revelação acarreta consigo a ideia de
uma primeira aliança – uma relação pessoal entre Deus e o povo de Israel. Esta é a velha
aliança, que será renovada na nova aliança, que é a relação entre Cristo, filho de Deus, e
os homens.
A tradição judaico-cristã apenas é compreendida no seio da História, sendo esta
(a História) uma característica particular da tradição. Durante muito tempo, o Homem
não conhecia a História, e mesmo os Gregos, não tiveram esta compreensão do sentido
da História. Durante muito tempo, o Homem viveu numa concessão de tempo não
histórica, mas mítica, e a concessão mítica do tempo é uma concessão circular, no
sentido em que o mito decorre num tempo mítico, que corresponde ao momento da
criação do cosmos. O tempo mítico remete para o momento inicial em que as coisas
foram harmonizadas. Nas sociedades primitivas, toda a sociedade está organizada de tal
forma que todos os gestos repetem o gesto original, o que depois faz repetir o momento
original da ordenação do cosmos. No rito, o que se procura é repetir e tornar presente o
momento primeiro da criação, e ao fazê-lo, estamos a apagar o tempo histórico.
Não é fácil dizer o que é a História, mas é sabido que esta tem 2 vetores centrais:
o Homem e o tempo. O tempo é linear, ou seja, a História procura compreender e
justificar como é que uma dada cultura conseguiu permanecer num dado contexto;
implica uma ideia prospetiva do tempo. Na mentalidade mítica que presidiu às
sociedades míticas, não encontramos esta concessão linear de tempo. A que
encontramos é circular porque a narrativa mítica diz-nos alguns acontecimentos
primordiais que ocorreram naquele tempo (mítico, porque não está submetido à
dimensão linear) e aí, o ato do Homem e os ritos apenas copiam o ato primordial. O
objetivo desse rito é voltar ao momento primordial e repetir esse movimento circular. A
consequência fundamental desta concessão é a destruição do tempo histórico, pois não
há desenvolvimento, não há novidade. No rito, dá-se uma anulação do tempo histórico;
este representou a ordem depois da confusão.
Segundo George Gesdorf, na mentalidade mítica, a verdade empírica do
acontecimento está dada no mito antes de estar dada na verificação empírica do facto.
Ou seja, só existe empiricamente aquilo que já existia no mito. Tudo o que sai fora da
perspetiva mítica não é sequer real. Isto significa que há a primazia do mito sobre tudo,
nada lhe escapa, e é efetivamente o mito que estrutura toda a realidade.
A concessão cíclica do tempo durou milhares de anos e, relativamente a ela, o
judeu-cristianismo traz uma novidade: em vez de um tempo circular que apenas repete
aquilo que foi feito, introduz uma concessão de tempo linear, dirigindo-se para um fim,
de acordo com o qual um acontecimento ocorre apenas uma vez e é irrepetível. Como
mencionado, na Bíblia há a ideia fundamental da aliança, que se dá quando Deus se
revela aos homens. Revelou-se no tempo, e poderíamos dizer que se revelou mediante
os profetas, que são a boca de Deus na História. Segundo a teologia, existem 2 tipos de
revelação: a revelação natural, apenas tem a ver com a criação; e a revelação especial,
em que Deus especificamente na História, se revela ao povo de Israel. Deus, ele próprio,
não está sujeito ao tempo ou à História, por não estar sujeito à mudança. Ele apenas se
revela na mesma. Há uma dimensão supra-histórica que se revela no próprio tempo e na
História.
Se o tempo é então visto como uma continuidade, uma sucessão de momentos
únicos e irrepetíveis, qual é o problema que se levanta? O problema fundamental, que
está relacionado com a esperança, é a noção do sentido da História (” para que serve
tudo isto?”). Problema da teleologia – saber acerca do fim. O que está em causa é, para
onde é que a História se dirige? Disso depende o problema do sentido, não apenas o
sentido da nossa vida, mas sim de tudo o que a História engloba. A sucessão dos
acontecimentos estará sempre dirigida para um final, um momento culminante na
História. Esse sentido, na compreensão judaico-cristã na História, está relacionado com
Deus e a aliança estabelecida. Até a História, segundo o cristianismo, tem um limite,
que acabará com essa aliança.
O cristianismo tem uma dimensão muito mais complexa do que aquilo que
consideramos como o cristianismo no nosso quotidiano.
Para um cristão, o reino de Deus não está alienado apenas para o último
momento, mas sim uma promessa contínua.
07/12/2022
A revelação é a ideia de que Deus se manifesta e se dá a conhecer aos Homens (“que ele
o faz por amor”), sendo que é uma ideia tipicamente judaico-cristã. A forma
privilegiada dessa revelação é estabelecer com o Homem uma aliança, que constitui a 1ª
ideia teológica da posição judaico-cristã. Deus revela-se em Israel ao seu povo, é isso
que no Antigo Testamento se chama a velha aliança. Significa isto que entre deus e o
seu povo há um vínculo privilegiado que os protege da guerra, dos perigos, etc., é esta a
ideia de aliança, que ratifica o modo de relação dos Homens com os Deuses. Temos
acesso a esta revelação de deus através dos textos sagrados e os profetas
Revelação natural VS revelação especial
Somente pelo ato de criação Deus dá-se a manifestar, no sentido em que todas as coisas
finitas do mundo, a própria harmonia do mundo, apontam para a transcendência, é isto a
teologia/revelação natural, a mesma não se opõe, nem exclui, a revelação especial.
A revelação especial é a revelação que consiste nessa específica manifestação de Deus,
que se começa por revelar ao povo eleito, o povo de Israel, começa aqui a história (?)
(cena do ressuscitamento)
Deus torna-se Homem, em carne, de forma a dar-se a conhecer, sentir e presenciar o
povo de Israel.
Quando no momento final Deus for tudo com todos, quando se der o momento de
unidade total no fim dos tempos, culminando na teleologia (finalidade última).
Até ao momento de escolha do povo eleito chama-se revelação especial, a partir daí é a
revelação natural.
A história é a sucessão de acontecimentos que culminará na história da salvação, que
culminará na plenitude de conjugação com Deus.
Como é essa aliança de Deus? É uma aliança constante, em que varia a relação de
fidelidade que os Homens têm com esse Deus.
Num certo momento do Êxodo o povo de Israel mostra-se em oposição com o seu Deus,
em prol do Hau(?).
A história da salvação é uma história em espiral, a relação com deus não está sempre
salvaguardada e pode estar cheia de falhas/pecados dos Homens. Mas a fidelidade de
Deus é sempre constante e infinita, os Homens é que podem ser mais ou menos fiéis à
mesma.
A ideia de aliança precede a ideia de criação.
O caráter da eleição do povo judeus, de Israel, sofre no cristianismo uma mutilação pois
(qqr cena da mensagem que passam aos crentes)
Nova aliança – aliança entre Deus e os Homens, mas neste caso mediante o seu filho
Jesus Cristo, que é simultaneamente Homem e Deus, há uma encarnação (“feito carne”).
Esta nova aliança tem como base o Novo Testamento, acrescenta-se esta aliança à
antiga, esta última não é anulada.
O cristão não pode deixar de estar à espera, pois a mesma significa desde logo um modo
de enraizamento no tempo, de acordo com o qual há uma prospeção para o futuro. Essa
espera baseia-se na convicção inultrapassável de que o projeto outorgado por Deus aos
Homens culminará na união mística entre deus e os homens. A história no cristianismo
não pode ser desligada dessa expectante.
Para um cristão há sempre uma tensão entre o momento que se vive e o momento do
fim pleno. No evangelho de S. João diz-se “Vós estais no Mundo, mas não sois do
Mundo”, quer isto dizer que o facto de estar no mundo do ponto de vista existencial não
invalida a vida após a morte, há um desejo de absoluto que é uma forma de ligar a esse
absoluto ainda que seja ausente.
O reino de Deus, da plenitude, de ligação entre Homens e Deus, está simultaneamente
presente e simultaneamente o futuro último.
S. Paulo – “apenas consigo ver como num espelho fosco”. O momento final é o
momento de união entre Homem e Deus de forma plena
Nova aliança e velha aliança e esse elemento místico final
09/12/2022
No teste vai sair alguma coisa que tem a ver com as nossas próprias leituras da
bibliografia.
Texto sobre a conceção cristã da história.