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O TEATRO GREGO – REI ÉDIPO DE SÓFOCLES

ÍNDICE

Introdução 1

Localização e características de um teatro da Grécia Antiga1

A Tragédia Grega e a sua função formativa 1

Vida e obra de Sófocles 2

A obra Rei Édipo2

Palavras de origem grega/expressões existentes na língua portuguesa 4

Conclusão 4

Bibliografia 3
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I. INTRODUÇÃO

Os objetivos a alcançar com o estudo deste tema traduzem-se no aprofundamento dos conhecimentos referentes à
importância da cultura helénica na época contemporânea e explicitar as vozes da tragédia grega, sobretudo, na obra de
Sófocles e sua importante conceção de homem no período arcaico, além da função formativa desta.
Para além destes objetivos, pretende-se também adquirir e melhorar competências necessárias à elaboração de um
trabalho escrito, bem como desenvolver a capacidade de reflexão.

II. LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DE UM TEATRO DA GRÉCIA ANTIGA

A visualização do espetáculo e a acústica são as duas preocupações fulcrais dos edifícios teatrais gregos.
Os espaços teatrais () na Grécia Antiga, de 1100 a.C. a 146 a.C., localizavam-se na praça pública de
Atenas, a Ágora, no local sagrado apelidado de choros. Para os gregos o teatro foi um importante instrumento educacional,
na medida em que disseminava o conhecimento e representava o único prazer literário disponível, sendo a maior força
unificadora e educacional no mundo ático.
O edifício teatral grego é constituído pelo theatron, a plateia, esculpido na colina e formado por degraus em hemiciclo
estendendo-se por mais de 180º, podendo receber até vinte mil espetadores. É constituído por bancadas em madeira,
desmontadas no final de cada espetáculo, pela orchestra, espaço circular, com vinte a trinta metros de diâmetro, munido de
um altar no centro no qual atuam os atores e o coro, e pela skéne, com trinta a quarenta metros de comprimento por quatro
a sete metros de largura, localizada atrás da orchestra, servindo como pano de fundo para o espetáculo e sendo o local
onde são armazenados os figurinos e os cenários (skenai). A plateia beneficia de uma acústica natural considerada perfeita
e de uma boa visibilidade, duas das preocupações essenciais do teatro grego. (pode sair)
Tem de se falar de um teatro em específico: Teatro dionisio
O teatro de Dionísio, situado em uma das ladeiras da Acrópole (fig. 6) revela a importância que o teatro tinha na vida
dos atenienses. O primeiro anfiteatro foi construído no século VI a.C. Posteriormente, entre os anos 342 e 326 a.C. foi
reformado em pedra e mármore por ordem de Licurgo. Das 64 fileiras de arquibancadas que existiam naquela época
conservam-se ainda perto de 20.

III. A TRAGÉDIA GREGA E A SUA FUNÇÃO FORMATIVA

Em relação à génese da tragédia, existe um certo consenso de que estaria ligada aos ditirambos, isto é, aos cantos e
danças fervorosas em honra ao deus Dionísio, dispondo de uma parte narrativa e de outra coral. A tragédia, enquanto
género literário, está intrinsecamente ligada, pela sua origem, ao caráter religioso grego. No contexto estrutural torna-se
necessário pontuar, a respeito do herói trágico, enquanto personagem principal de uma tragédia, que ele é, consciente ou
não, aquele que, de certo modo, transgride o poder superior do elemento objetivo, quer sejam as leis dos homens, dos
deuses, ou, por fim, as imposições do destino. Na Poética de Aristóteles, esse herói trágico é descrito como nobre, de
princípios elevados, forte e que se vê vítima das alterações implacáveis e impostas pelo destino, pois a tragédia revela-se
na inexorabilidade deste. Outro aspeto a considerar é o coro, pois este guarda em si duas possibilidades: a primeira refere-
se ao personagem e a segunda alude à função estrutural de aproximar o espetador da representação trágica.
A tragédia grega é a voz que ecoa e, de certo modo, desafia o destino. Ela é a forma que o tragediógrafo escolhe para
contar a história e a vida de seu povo e na qual ele mesmo se vê representado com os seus conflitos e contradições. Não
se limita em obras destinadas simplesmente à contemplação dos espectadores, mas visa à descrição do homem trágico.
As conceções de homem, de sociedade e de educação passaram por profundas mudanças, reflexo inerente ao
processo de transformação política, social e cultural pelo qual transitou a Grécia entre os séculos VIII e V a.C.. Após o

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período áureo das representações trágicas – no contexto das festas em honra a Dionísio – a Grécia deixa de ser rural e
surge a Pólis, e com ela uma nova organização social, outrora hierárquica, doméstica e gentílica, contextualizando assim a
tragédia neste cenário peculiar grego de uma sociedade que se refazia e se dissociava aos poucos das normas religiosas e
das leis ditadas pelo Estado. Nesse contexto, a tragédia passou a descrever o processo de transformação pelo qual
passava o povo grego, além de acompanhar esse processo de transição e possibilitar uma reflexão acerca dos conflitos
desse novo tempo, na expectativa de uma nova ordem.

IV. VIDA E OBRA DE SÓFOCLES

A tríade dos poetas trágicos do período arcaico são Ésquilo (525-456 a.C – anexo ) Sófocles (495-405 a.C – anexo ) e
Eurípedes (480-406 a.C – anexo ). Nesse contexto e dentre estes, salienta-se o poeta Sófocles, que, na sua descrição da
condição trágica do homem, foi, nas palavras do helenista Werner Jaeger, o primeiro a enaltecer uma autêntica
humanidade e afirma ser a capacidade criativa que atesta a superioridade do homem ante as demais espécies.
Sófocles, nasceu em Colono, perto de Atenas, na época do governo de Péricles, o apogeu da cultura helénica.
Produziu cerca de cento e vinte obras, porém, hoje em dia, podemos apenas ler sete tragédias completas. Entre as suas
obras mais notáveis contam-se Ajax (445 a.C.), Antígona (442 a.C.), As Traquínias (430 a.C.), Rei Édipo (427 a.C.) e
Electra (c. 410 a.C.). Foi o dramaturgo mais galardoado nos concursos dramáticos que se realizavam durante as Festas
Dionísias na cidade de Atenas.
O tema principal da obra de Sófocles prende-se com o destino humano. Representa o destino do herói que sofre e é
destruído. As suas tragédias são marcadas por dois tipos de sofrimento: aquele que provém de um excesso de paixão e
aquele que nasce de um acidente. O mal produzido pelo homem é formado no molde fixo do caráter humano e o acidente
decorre da natureza do universo. Embora Sófocles aceite, oficialmente, os deuses gregos, estes não afetam a sua filosofia.
A peça mais antiga de Sófocles, Ájax, ainda apresenta influências de Ésquilo e a sua estrutura dramática é bastante
simples. Nas obras seguintes vai gradualmente tomando um rumo oposto, adotando uma forma excessivamente lacónica e
abrupta para finalmente encontrar o meio-termo entre os dois estilos, atingindo o método apaixonado e, no entanto, contido
que caracteriza todas as suas últimas peças, as únicas que chegaram até nós. Entre as obras de Sófocles, que merecem
destaque, conta-se Antígona, a tragédia da mulher que enfrenta as leis e o governo para respeitar os mandamentos divinos
e morais, mas acaba massacrada pelo Estado. A sua obra-prima, contudo, é Rei Édipo (na verdade, o título da tragédia
seria Édipo, o Tirano, mas, devido a uma série de traduções incorretas, o título Rei Édipo acabou por prevalecer
popularmente), a tragédia do homem perseguido pela fatalidade do destino.
Sófocles esforçou-se por mostrar aspetos moralizantes nas suas peças, ao destacar uma preocupação com a
formação do caráter do homem, pois ele apontava a necessidade da busca das virtudes elevadas, na tentativa de se atingir
a manutenção de um certo ordenamento para a polis. Ao mesmo tempo, o autor apresentava também a punição, a queda
trágica, para aqueles que, segundo ele, não evitavam os vícios e cometiam erros de conduta, ou se deixam guiar pelas
limitações humanas. Isso pôde ser entendido como uma maneira sua de expressar um modelo negativo, um tipo de homem
indesejável para a sociedade, ou ainda, um homem que precisava ser formado para superar as suas fraquezas.

V. A OBRA REI ÉDIPO

A ação tem lugar em Tebas, quando uma praga atinge esta cidade. Os súbditos, em desespero, dirigem-se ao seu rei,
Édipo, para que, uma vez mais, salve a cidade. Anteriormente, Édipo já o fizera ao livrar Tebas da terrível Esfinge,
decifrando o seu enigma. Como recompensa, é-lhe dada a mão de Jocasta, rainha viúva de Tebas, e com ela o trono desta
cidade. Perante esta nova praga Édipo envia o seu cunhado, Creonte (irmão de Jocasta), a Píton para consultar o Oráculo

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de Apolo, na tentativa de obter resposta divina. Ao retornar, Creonte informa-o que a praga se deve ao facto de os
assassinos de Laio, anterior rei de Tebas, se encontrarem ilesos. Este é o ponto de partida da busca da verdade que Édipo
enceta e que, no fim da peça, se revela fatídica.
Decide, então, consultar Tirésias, o vidente, o profeta de Apolo, para que este o ajude a desvendar este mistério;
contudo, este último mostra-se relutante em revelar-lhe o que quer que seja. Perante tal relutância, e após alguma
insistência, Édipo revela-se agressivo, chegando mesmo a incriminá-lo de conspirar com Creonte para lhe roubarem o
trono; ao que Tirésias acaba por retribuir o tom, acabando por acusá-lo de ser a causa desta praga e que o seu destino
sofrerá grande reviravolta, culminando na sua expulsão de Tebas por parte de Édipo.
Jocasta aborda Édipo, dizendo-lhe não só que Laio estaria destinado a ser morto por um filho que fora deixado a
morrer de tornozelos atados, logo após o nascimento, mas também que fora assassinado numa encruzilhada de três
caminhos. É neste ponto que se dá uma reviravolta na perspetiva que Édipo: ao invés de surtir o efeito calmante, Édipo é
aturdido por um vislumbre de culpabilidade (sua), pois recorda-se da luta que tivera anos antes numa encruzilhada de três
caminhos e na qual matara os adversários.
Édipo narra o seu passado a Jocasta. Começa por lhe contar o que o levou a deixar Corinto (donde era originário, ou
assim pensava…): Um homem, num banquete, depois de ter bebido em excesso, chama-me – dominado pelo vinho – filho
adotivo de meu pai, o que lança a semente da suspeita no seu ser. Embora tenha prontamente falado com os pais e estes
se tenham mostrado ultrajados e o tenham acalmado, tal não lhe foi suficiente. Em segredo, partiu para Píton para aí se
esclarecer junto do oráculo de Apolo que o sentencia, de modo deveras conhecido, a matar seu pai e a unir-se a sua mãe,
tendo filhos com ela.
Perante tal predição decide fugir para sempre de Corinto e dos seus pais, Pólibo e Mérope, para uma outra qualquer
direção, numa tentativa de impedir o cumprimento da profecia. Durante este deambular – que culminará em Tebas –
depara-se com um arauto e um homem, vindos na sua direção e eis que o tentam empurrar à força para fora da estrada;
Édipo defende-se, irado, e a luta culmina com a morte dos seus adversários.
No entanto, mantém a esperança no relato do servo, que sobreviveu e tudo presenciou, insistindo junto de Jocasta
para que este seja chamado para novamente depor.
Jocasta, algo preocupada com o estado de espírito do seu marido, decide encaminhar-se ao templo para aí rezar aos
deuses. Eis que chega um estrangeiro, um mensageiro em busca de Édipo, dirigindo-se primeiro a Jocasta para lhe
transmitir as novas: Pólibo faleceu e Édipo, como seu único descendente, irá ser proclamado rei de Corinto. Exultante,
manda chamar Édipo para, com tal novidade, o poder aliviar do oráculo que ele tanto temia. Édipo fica espantado, a início,
mas acaba também ele por rejubilar, para depois se acabrunhar novamente face à outra parte do oráculo: ter relações com
a sua mãe.
O mensageiro, ávido de uma recompensa, insiste para que Édipo retorne a Corinto pois nada há lá que o faça temer:
ele não era filho de Pólibo nem de Mérope, mas sim adotado; o Mensageiro recebera-o, pouco depois de ele ter nascido e
de tornozelos atados/feridos, de um outro pastor, súbdito de Laio, e uma vez que Pólibo não tinha filhos decidira entregar-
lhe Édipo.
Qual ironia do destino, ao indagar sobre o paradeiro deste mesmo pastor, Édipo descobre que ele é simultaneamente a
testemunha do homicídio de Laio, a quem ele tinha requisitado anteriormente a presença.
De notar que, por esta altura, a própria Jocasta já conseguira vislumbrar o quadro todo e descobrira-se mãe do homem
que desposou e, simultaneamente, mãe e avó dos seus próprios filhos.
Aquando da sua chegada, e perante as perguntas de Édipo, o Pastor revela-se algo relutante. Mas perante o tom de
voz ameaçador e as crescentes ameaças de Édipo o Pastor cede: admite não só conhecer o Mensageiro (de quem
afirmava não se lembrar, inicialmente) bem como ter-lhe entregue uma criança que, por sua vez, havia recebido de outrem,

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mais especificamente, da própria mãe, Jocasta, para que a deixasse morrer, uma vez que um oráculo havia previsto que
ela haveria de matar os seus pais. Eis que para Édipo tudo, então, se torna claro e, embriagado pela dor desta tremenda
descoberta, se retira para o palácio real. Um mensageiro do palácio vem narrar aos súbditos o que se passara entre as
quatro paredes do palácio após Édipo lá ter entrado: Édipo entrara furioso pelo palácio dirigindo-se de espada erguida,
procurando Jocasta (possivelmente para a matar) encontrando-a enforcada após ter derrubado a porta do quarto onde ela
se encontrava. Tal visão despoleta um surto de dor imensa, impossível de conter, e, depois de a depor no leito, agarra nos
broches que prendiam os cabelos de Jocasta para com eles perfurar continuamente os seus olhos, para não mais
contemplar os males que causara.
Por fim, Édipo sai do palácio, qual visão de puro assombro, decidido a não mais voltar, tornando-se, assim, mendigo
errante afastado de qualquer contacto humano para poder expiar os seus pecados.

VI. PALAVRAS DE ORIGEM GREGA/EXPRESSÕES EXISTENTES NA LÍNGUA PORTUGUESA


RELACIONADAS COM O TEATRO

 Tragédia () – “peça ou poema com final infeliz”. Aparentemente deriva de tragos, “bode”,
mais oidea, “canção” (tal viria do drama satírico, onde os atores se vestiam de sátiros, com suas pernas
cabeludas e chifres de bode).
 Drama – () – “peça, ação, feito” (especialmente relativo a algum grande feito, fosse positivo ou
negativo), de dran, “fazer, realizar, representar”.
 Plateia – () - “largo e plano”. Inicialmente designava o lugar onde ficavam os músicos e estendeu-se
depois, em prédios diferentes dos teatros gregos, à parte, onde tomam assento os espectadores.
 Cena – () - originalmente “tenda, cabana”, relacionado a skia, “sombra”, pela noção de “algo que
protege contra o sol”.
 Proscénio – () - é a parte anterior do palco, que se projeta para fora da cortina, de pro-, “à
frente”, mais scaena.

VII. CONCLUSÃO

Sem sombra de dúvida, o desenvolvimento cultural e/ou educacional passa pela poesia, pela tragédia, pela comédia.
Só Ésquilo, Sófocles e Eurípides escreveram, juntos, cerca de 300 peças. O poder de formação dos homens por meio
dessa arte só pode ser dimensionado pela importância dada ao teatro, pelo fato do poeta ser conhecido como herdeiro das
musas que tinham como função presidir ao pensamento sob todas as formas possíveis: sabedoria eloquência, persuasão,
história, matemática, astronomia.
Verifica-se que a tragédia grega, em especial as peças de Sófocles, apesar de terem sido representadas à mais de
2.500 anos, serviu como fonte de reflexão para as sociedades de todos os tempos, e serve, ainda, nos dias atuais, com
destaque para a área da literatura e da história da educação.
Sófocles esforçou-se em mostrar aspetos moralizantes nas suas peças ao destacar a preocupação com a
formação do caráter do homem, pois ele apontava a necessidade de se buscar as virtudes elevadas na tentativa de
se atingir a manutenção de um certo ordenamento para a polis. Ao mesmo tempo o autor apresentava também a
punição, a queda trágica, para aqueles que, segundo ele, não evitavam os vícios e cometiam erros de conduta, ou
se deixam guiar pelas limitações humanas (se der mais um pouco).

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VIII. BIBLIOGRAFIA

 Resende, Maria Luísa de Oliveira: Sófocles, Ájax: tradução, introdução e notas. Tese de mestrado, Estudos
Clássicos, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2013.
 URL://http://hdl.handle.net/10451/10107.
 Fialho, Maria do Céu Zambujo: Luz e trevas no teatro de Sófocles. Instituto Nacional de Investigação
Científica; Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra.
 URI://http://hdl.handle.net/10316.2/2357.
 Google imagens.

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ANEXOS

Anexo 1 – Teatro Grego

Anexo 2 – Sófocles

Anexo 3 – Tragédia Grega Rei Édipo de Sófocles


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Escola
Secundária
Camilo Castelo
Branco
Beatriz Vaz Ferreira,
Nº5, 12ºG

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