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Professora Nathália Martins

Filosofia e outras
formas de pensar
Mitologia
Colocando o problema
Como vimos no capítulo anterior, para sobreviver em
um mundo repleto de perigos e ameaças, o ser
humano precisou desenvolver ferramentas – tanto os
utensílios que o auxiliavam em suas tarefas quanto seu
próprio intelecto. A filosofia, fruto desse
desenvolvimento humano, formou-se no século VI a.C.,
na Grécia, e também foi motivada pela insegurança
de habitar um mundo desconhecido e por
necessidade e vontade de compreender o seu
funcionamento. A intenção dos primeiros filósofos era
encontrar explicações racionais para todos aqueles
fenômenos que eles observavam no mundo natural.
Entretanto, mesmo antes da filosofia, o ser humano já
se preocupava em fornecer respostas para os fatos
do mundo e da existência. Nas sociedades antigas,
por exemplo, essas explicações foram realizadas por
meio dos mitos.
Há ainda outras formas de pensar o mundo em que
vivemos além do mito e da filosofia. O que há de
específico em cada uma delas? Uma forma de
pensar exclui as demais, ou elas podem coexistir?
Como a filosofia se relaciona com elas?
Mitologia
Somos senhores de nossa vida ou somos controlados por
forças que estão além do nosso entendimento? Há um
destino traçado previamente para cada um, ou somos
nós que fazemos nossa vida?
Édipo Rei
A tragédia de Édipo mostra que o destino, tal como concebido
pelos gregos do período clássico, é implacável. Não importa o
que façamos para nos desviar ou fugir dele, o destino sempre nos
alcança.
Mitos como o de Édipo foram criados em épocas
muito antigas e não têm autoria definida. São
narrativas transmitidas oralmente de uma
geração para outra ao longo dos séculos, até
que passaram a ser registradas na forma escrita.
O mito, portanto, é uma narrativa fictícia e
imaginada, cujo objetivo é explicar alguma coisa
ou algum acontecimento.
A tradição mitológica não é exclusividade dos
gregos. Povos orientais contam com uma variada
gama de narrativas mitológicas (mitologia
chinesa, japonesa, coreana), assim como há
diversas mitologias provenientes dos povos
africanos e indígenas. Também podemos falar
em mitologia nórdica, celta, egípcia, etc.
No mundo ocidental costuma-se dar ênfase à
mitologia greco-romana porque gregos e romanos
deram uma contribuição decisiva para o
conhecimento e a formação dos valores culturais
ocidentais. Isso não diminui a importância das demais
tradições mitológicas nem tampouco a influência que
elas têm sobre a cultura de outros povos. No Brasil,
podemos observar como as tradições africanas e
indígenas se fazem presentes. Um ponto, entretanto,
é fundamental a todo tipo de mitologia: a criação de
um universo sobrenatural que serve de base para
explicar a vida terrena e o mundo natural dos seres
humanos.
A mitologia também pode ser relacionada à
religião na medida em que narra as ações
dos deuses cultuados pelos antigos. Voltando
ao exemplo grego, cada cidade tinha seus
deuses preferidos, aos quais dedicavam seus
templos. Havia até mesmo deuses cultuados
em uma única cidade e desconhecidos pelas
demais. Isso porque as cidades gregas eram
autônomas e a cultura grega era ampla e
aberta.
A mitologia grega, portanto, não constituía
uma religião sistemática e
institucionalizada, mas uma espécie de
religiosidade aberta que se transformou
ao longo do tempo, de acordo com novas
influências culturais recebidas. Chegou a
incorporar ideias contraditórias entre si e
até versões muito diferentes da mesma
história.
No século VIII a.C. as principais narrativas mitológicas
foram reunidas em poemas épicos por dois autores:
Homero e Hesíodo. As duas principais obras de
Homero são a Ilíada, poema que relata a história da
guerra dos gregos contra Troia, e a Odisseia, narrativa
sobre o retorno de um dos generais gregos, Odisseu
(ou Ulisses), de Troia para a ilha de Ítaca.
Hesíodo, um pequeno agricultor, teria vivido por volta
de cinquenta anos depois de Homero e escreveu ao
menos dois poemas épicos que chegaram até os
nossos dias: a Teogonia, narrativa sobre a origem dos
deuses e do Universo, e Os trabalhos e os dias, poema
que relata a criação dos seres humanos, bem como
seus afazeres cotidianos, como a agricultura e o
comércio marítimo.
Homero
Alguns pesquisadores contestam se Homero
de fato existiu. Porém, há referências a ele
em algumas obras antigas, como na de
Heródoto, historiador grego do século V
a.C. Diz-se que era cego e que costumava
cantar suas histórias. Outros pesquisadores
acreditam que ele não foi o único autor da
Ilíada e da Odisseia, pois, assim como a
Bíblia, esses livros teriam sido feitos com a
contribuição de diversas pessoas ao longo
de anos.

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