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Pessoal,

Deixo aqui, logo na primeira aula de Filosofia Antiga, um resumo de todo o período.
A ideia é que vocês complementem este arquivo com as próprias anotações conforme assistem às aulas e estudam os materiais de apoio.

Bom proveito!
Mateus

FILOSOFIA ANTIGA

1. MITOLOGIA E PRÉ-SOCRÁTICOS

1. Mitologia
. o mito é um tipo de saber; são histórias passadas de forma oral por várias gerações;
. há as cosmogonias (nascimento do mundo) e as teogonia (nascimento dos deuses);
. quem conta tem autoridade (Homero e Hesíodo);
. três funções (segundo Lévi-Strauss): explicativa, organizativa e compensatória: os povos que possuem mitos não são atrasados ou selvagens;
. ficção ou verdade? Para as sociedades arcaicas e para certas tribos hoje isoladas na Amazônia são histórias verdadeiras; mito não é representação, símbolo, mas
invocação daquilo que ela nomeia e no ato de nomear, sejam deuses ou heróis, eles estão presentes (significa sair dos fenômenos naturais e entrar na experiência
do sagrado);
. os gregos inventaram a palavra mito depois do período arcaico e, com os pré-socráticos, começaram a desmistificação (daí os termos: ficção e fábula);
. Mircea Eliade (“Mito e realidade”): para as sociedades arcaicas, mito era uma narrativa VERDADEIRA (Zeus criou o cosmos e pra provar isso era só olhar
para o cosmo; do caos surge o cosmo), SAGRADA (narrativas que ocorrem no tempo da criação e são transmitida pelos próprios entes sobrenaturais; para a
tradição judaico-cristã, há a “Bíblia” – ex.: os 10 Mandamentos recebidos por Moisés diretamente do Verbo; outro exemplo é a “Teogonia”, de Hesíodo: toda a
história, do surgimento do mundo e do homem é relatada não por ele, mas pelas deusas musas) e de CONTEÚDO EXEMPLAR (ouvindo o relato, o canto do
aedo – compõe os próprios poemas e os canta, acompanhado de um instrumento e o rapsodo é o contador de histórias que ia de cidade a cidade recitar
epopeias –, do poeta, os homens ao atualizarem o mito, estão repetindo não como conteúdo simbólico, mas como uma experiência vivencial);
. o mito atribui significado e valor a existência, sendo modelo para as atividades humanas (ele sempre tem uma função prática e útil à vida). Até podemos
expressar o mito, como na tradição grega, por meio de um vaso, uma estátua, mas o seu suporte é a palavra (“mythós”, do grego, é palavra);
. mas há também “Logos” (que também é palavra e é nesse sentido que entendemos hoje);
. mito é concreto; logos é abstrato (discurso da filosofia e da ciência, que operam por conceitos e ideias, e da literatura, que é uma forma de conhecimento
simbólica e, portanto, que mais se aproxima do mito);
. a experiência do mito se perdeu na civilização ocidental e o logos se tornou a experiência universal da palavra, do discurso humano; depois da desmistificação
dos gregos, há, no séc. XIX, a antropologia positivista que vai seguir a mesma linha deles: entender o mito como ficção, fantasia, lenda, história inventada e isso
persiste na nossa experiência cotidiana;
. mas os estudiosos do mito no séc. XX, como o historiador da religião Eliade e o antropólogo Levi-Strauss, rejeitaram a ideia de que o mito não é verdade e
procuraram entender o mito no seu contexto (tem sentido e função na cultura que o gerou);
. logos e mythós não se excluem. O mito é uma história verdadeira para quem vive o mito vivo. Mas esta fama que o mito tem de história falsa é tão forte que a
tradição judaico-cristã, por exemplo, se recusa de chamar de mito o Gênesis (na Torá) e a Paixão de Cristo (no Evangelho), pois para eles esses são eventos
verídicos;
. Homero foi o poeta-rapsodo a quem costumeiramente se atribui a autoria de dois poemas épicos (epopeias): Ilíada, que trata da guerra de Tróia e Odisseia, que
relata o retorno de Ulisses a Ítaca, após a guerra de Tróia.

2. Tragédias
. período transitório entre mito e filosofia; Sófocles (Édipo rei; Antígona), Ésquilo (Orestéia; Prometeu acorrentado) e Eurípedes (Medeia); destaque para a ideia do
destino.
. Prometeu acorrentado (Ésquilo: V a.C.):
- Era um titã; os titãs enfrentaram Zeus e os demais deuses olímpicos na sua ascensão ao poder. Outros oponentes foram os gigantes, Tifão e Órion.
Originalmente, os titãs eram filhos de Urano e Gaia: ex.: Oceano, Cronos, Jápeto (esposo da oceânide Clímene e pai de Prometeu, Atlas, Epimeteu e Menoécio).
- Prometeu, que era próximo de Zeus, percebe que este oprimia os humanos, escondendo destes o fogo necessário para o cozimento dos seus alimentos.
Comovido com a situação, ludibria Zeus e entrega um pouco de fogo aos humanos. Isso não passará desapercebido por Zeus e como castigo eterno, Prometeu
foi acorrentado a uma rocha no Cáucaso e todos os dias seu fígado era devorado por uma águia e, depois, logo em seguida, era reconstituído para, no dia
seguinte, ser devorado de novo e, assim, sucessivamente. Prometeu se torna o benfeitor da humanidade, enquanto todos os personagens da tragédia (com
exceção de Hermes) denunciam Zeus como um tirano cruel e perverso.
- A partir disso, inicia-se a tragédia Prometeu Acorrentado. No centro da tragédia estão as consequências do roubo do fogo cometido por Prometeu e sua
subsequente punição, por Zeus. Nosso herói lamenta-se da intolerância e irredutibilidade de Zeus, mas não se arrepende do ato que praticou. A dor de
Prometeu é central e ela torna-se o sinal característico do gênero humano. Nós possuímos dor e sofrimento; os deuses não. Todos se sentem acorrentados ao
rochedo e frequentemente participam no grito do seu ódio impotente. Prometeu é o inventor da Humanidade, é o espírito criador da cultura. Ele não apenas
roubou um pouco do fogo dos deuses para dar aos humanos, mas deu luz à humanidade. A cultura, portanto, é o fogo dos deuses que ilumina o homem e o
ajuda a transformar o mundo. Há aqui a ligação entre dor e conhecimento.

3. O que é filosofia?
. não é um conjunto de perguntas profundas e respostas absolutas; é jogar pra cima todo o sabido; mas há diversas filosofias no ocidente (Platão, Kant e
Deleuze) e entre culturas (oriente, muçulmano, africano...)
. filosofar é refletir e questionar; pensar por si mesmo (Sócrates);
. pensar é um prazer antecedido por um incômodo;
. é a capacidade de se surpreender;
. objeto: conceitos abstratos; método: crítico-reflexivo;
. as ciências são dogmáticas; a filosofia é antidogmática;
. é a crítica de nossas crenças acríticas, que dirige as nossas vidas (duplipensar, de Orwell);
. utilidade do inútil: um relógio quebrado acerta duas vezes por dia; hoje só o que dá lucro é lucro: um martelo vale mais que uma sinfonia;
. Walace: dos peixes jovens estão nadando e um peixe mais velho se aproxima e pergunta: “como está a água hoje?” Os dois continuam a nadar durante algum
tempo, depois um deles olha para o outro e pergunta: “que diabo é a água”?
. que horas são? e o que é o tempo? (duas perguntas diferentes: somente a segunda é filosófica);
. a filosofia é o mais útil de todos os saberes; ela serve para entristecer (Deleuze), para desbanalizar o banal;
. Harari: a filosofia é a profissão do futuro;
. Uma razão importante para estudar filosofia é o fato de esta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A maior parte das pessoas,
num ou noutro momento da sua vida, já se interrogou a respeito de questões filosóficas. Por que razão estamos aqui? Há alguma demonstração da existência de
Deus? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz que certas ações sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a
lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim
por diante. A maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada um de nós examine estas questões. Algumas até defendem que não vale a
pena viver a vida sem a examinar;
. Estudar filosofia tem por obrigação ser emocionante e talvez um pouco perturbador. EMOCIONANTE porque pode abrir novas perspectivas sobre o mundo
e nós mesmos e fornecer instrumentos poderosos para pensar claramente num vasto domínio de contextos. PERTURBADOR, talvez, porque quando é levada
a sério a filosofia toma muito pouco por garantido. Podemos descobrir que a filosofia põe em causa aquilo em que sempre acreditamos;
. A filosofia pode até pôr em causa as nossas crenças perceptivas. Como sabe o leitor que está de fato com este livro nas mãos e não, por exemplo, dormindo na
cama, sonhando que tem este livro nas mãos? Ou ligado a um tipo qualquer de máquina de experiências, como acontece no filme The Matrix?
. Contudo, se deseja desenvolver a sua capacidade para pensar de forma independente sobre várias questões enigmáticas, mas muito importantes, e estudar e
contactar com o pensamento de alguns dos maiores pensadores do mundo, A FILOSOFIA PODE SER UMA DISCIPLINA ENRIQUECEDORA E
INTELECTUALMENTE LIBERTADORA.

4. Pré-socráticos
. os orientais (Egito, Babilônia) eram práticos; os gregos especulativos;
. a base para o surgimento da filosofia é a poesia (Homero e Hesíodo), a religião (pública de Homero e Hesíodo; órfica) e certas condições socioeconômicas e
políticas;
. pré-socráticos: phisis, arché/objetivismo, cosmologia; pré-socrático é um nome pejorativo e hoje entendido como equivocado;
. há a busca pelo saber absoluto, pelo indubitável (sofia, logos, aletéia, episteme), pela verdade e pela totalidade das coisas; portanto, o mito é a não-verdade;
. Monistas: Tales (água; não a que bebemos); Anaximandro (ápeiron: infinito, ilimitado; no ápeiron divino há a unidade dos opostos, mas no mundo do devir
quando há um polo não há o outro e isso é uma injustiça; o mundo deriva por separação dos contrários – daí a injustiça); Anaxímenes (tentando entender o que
é o ápeiron, ele disse que o ar é o sujeito do predicado ápeiron e o mundo deriva por condensação e rarefação, mas buscando um universal ele permaneceu num
“particular”); Pitágoras (não é um simples número matemático, mas são os elementos dos números: o limite e o ilimitado; o par e o ímpar geram todos os
números que geram todas as coisas; os pitagóricos derivaram do orfismo a metempsicose – transmissão da alma em mais corpos – e a expiação/purificação);
Heráclito (devir/fogo/dialética/identidade dos opostos, o ápeiron é o não ser o outro de si);
. Ontologia: Parmênides (1. o ser é, o não-ser não é: esfera eterna/imóvel/homogênea/perfeita/uno/não-gerado, incorruptível; tudo o que dizemos e pensamos é,
o não-ser/nada é impensável e indizível; muitos dizem que aí está o princípio da não-contradição: impossibilidade de dois contrários existirem; o caminho da
verdade é a razão; 2. caminho do erro são os sentidos, pois por eles observamos o devir/múltiplo; é um erro achar que o não-ser existe, que ser e não-ser
existem juntos e que há a passagem do ser para o não-ser; 3. Mas como fica aquilo que vemos e sentimos, as aparências, os fenômenos? Os opostos estão
incluídos na unidade superior do ser, ambos os opostos são ser, ex.: luz e noite (e todos os demais opostos) – ambas são ser; assim tudo é idêntico, sem
diferenciação qualitativa e quantitativa. Em suma, Parmênides salva o ser e não salva os fenômenos. Obs.: ele não nega que os entes (cadeira, pessoas, animais,
rios...) mudam, nasçam, morram; ele nega que há devir no ser); Zenão de Eleia (não há movimento/Aquiles e flecha) e Melisso (o ser é infinito espacialmente e
cronologicamente);
. Pluralistas: Empédocles (4 elementos que possuem as características do ser dos eleáticos: incorruptível, homogêneo, eterno, inalterável; o amor agrega e ódio
desagrega; não há nascer e perecer); Anaxágoras (também herda dos eleáticos a convicção de que nascimento e morte não implicam passagem do não-ser ao ser
e do ser ao não-ser, mas derivam do agregar-se e do desagregar-se das homeomerias/sementes: tudo está em tudo, que são produzidas por uma Inteligência
cósmica); Leucipo e Demócrito (átomo e vazio/atomismo/materialismo/mecanicismo, teoria dos eflúvios: conhecemos quando os átomos semelhantes fora de
nós impressionam os átomos semelhantes em nós). Há também: Xenófanes: critica o antropomorfismo (a concepção humana de Deus).

2. SOFISTAS, SÓCRATES E PLATÃO

1. Paidéia
. Paidéia (Jaeger): cultura e educação grega (surge na Arcaica e se cristaliza na Clássica: da physis ao ser humano/período humanista).

2. Sofistas
. Sofistas: homens que viajavam entre as póleis para vender o seu conhecimento; de sábio (sophos) a impostor (Platão);
. são os mestres da nova aretê política e o seu instrumento é a habilidade retórica e o poder da argumentação;
. discutem o problema do conhecimento: do logos à técnica da linguagem;
. eles desenvolveram o que no medieval será chamado de trivium e quadrivium;
. há 4 grupos: 1) primeira geração (Protágoras – relativismo, o homem é a medida de todas as coisas, ex.: aborto; Górgias – ceticismo, o ser não existe, não
poderíamos conhecê-lo, nem comunicá-lo, cético/dogmático/falibilista; Pródico – técnica da sinonímia/sinônimos para debates públicos); 2) Erísticos (briga de
palavras); 3) Sofistas Políticos (Crítias e Trasímaco: conquista do poder pela retórica); 4) Naturalistas (Hípias e Antifonte: tratam da diferença entre lei natural e
positiva).

3. Sócrates
. Sócrates: conhecido por causa de Xenofante e Platão; filho de um escultor e de uma parteira; oponente dos sofistas; conhece-te a ti mesmo/sei que nada sei;
. diálogo: 1) ironia (perguntar, do grego) e 2) maiêutica (dar à luz); o que é/essência x? e não investigar o sensível; condenado à morte por corromper a
juventude e introduzir falsos deuses (Deus é Inteligência que coordena tudo, é atividade ordenadora e Providência);
. Socráticos menores: 1) cínicos (Antístenes); 2) cirenaicos (Aristipo); 3) megáricos (Euclides); 4) Escola Élida (Fédon).

4. Platão
. 1) Alegoria da Caverna: sombra, ilusão – objetos sensíveis, crença / objetos matemáticos, conhecimento matemático, pensamento discursivo, hipotético –
ideias, conceitos, pensamento intuitivo, conceitual, dialético; doxa, sensível / episteme, inteligível; análise educativa e política;
. 2) Ontologia (segunda navegação): O que é o grande? No sensível, a verdade oscila; pedra/grande/ser; 3 causas da existência do sensível (o sensível se cria
porque participa do inteligível): 1) ideia/idea/eidos (conteúdo do conceito; os entes sensíveis são mutáveis; a ideia é o ser por excelência; é como as coisas se
apresentam ao olhar, mas ao olhar não dos olhos e sim conceitual); 2) demiurgo (faz com que a ideia se encontre presente no mundo sensível); 3) receptáculo
informe (é aquilo que vai receber o inteligível, o espaço); a ideia Bem é o supremo vértice do ser;
. 3) Pirâmide: Sofista: não-ser oposto ao ser: não-ser absoluto, nada absoluto, impossibilidade de ser e pensar / não-ser diferente ao ser: não-ser relativo, árvore;
ser: mesmo/repouso/uno, outro/movimento/díade; dialética ascendente e descendente, teoria e prática pelo grau de generalidade (Smolin da física, Beinhocker
da economia e Bertalanffy da biologia); sonho dedutivista;
. 4) Dialética: jogo de opostos; Analítica: análise de proposição e sistema silogístico de argumentação; De Heráclito e Platão temos a dialética. Esse projeto passa,
por exemplo, por Plotino, Proclo, Santo Agostinho, John Scotus Eriúgena, pela Escola de Chartres, Nicolau de Cusa, Ficino, G. Bruno, Spinoza, Schelling,
Hegel, Marx, Lamarck, Darwin, Dawkins, Stephen Jay Gould, os físicos da teoria do Big Bang, Stephen Hawking e tantos outros; de Parmênides e Aristóteles
temos a analítica. Esse projeto passa, por exemplo, por Alberto Magno, Tomás de Aquino, Duns Scotus, Guilherme de Occam, Descartes, Leibniz, Kant, Frege,
Wittgenstein, pela Filosofia Analítica, pela lógica atual e grandes físicos como Galileu, Copérnico, Newton e Einstein são analíticos;
. 5) Obras: i) conhecimento: Mênon (reminiscência e inatismo), Teeteto (conhecimento enquanto crença verdadeira justificada), Górgias (crítica à retórica); ii)
julgamento, condenação e morte de Sócrates: Apologia (discurso de defesa), Críton (Críton propõe salvá-lo) e Fédon (imortalidade da alma – 1. intelectual:
governantes; 2. irracional: 2.1 irascível/coragem: guardas e 2.2 apetitiva/desejo: artesãos, conduz à opinião e à decadência moral); iii) amor: O banquete (é eros:
desejo, falta – philia e ágape; mito de Aristófanes em que a humanidade é apresentada a partir dos homens duplos, das mulheres duplas e dos andrógenos e Zeus
os cortou em dois, assim amar é desejo da parte perdida); Fedro (o amor é o belo; a alma é representada a partir da atrelagem alada com o intelecto e as paixões
irracionais); iv) justiça: Alcibíades I e II (conhece-te a ti mesmo é um saber necessário para um bom governante); A República (1. filósofo rei: aristocracia da
inteligência e crítica a democracia, que pode levar a demagogia e a tirania; 2. três imagens do bem: 2.1 analogia do bem como sol; 2.2 a imagem da linha entre o
sensível e o inteligível; 2.3 alegoria da caverna; 3. Anel de Giges).
. Doutrinas não escritas de Platão (esotérica: dentro das paredes) são teorias metafísicas dos dois princípios fundamentais dos quais deriva o restante do sistema.
I) Evidências: i) passagens na Metafísica e na Física de Aristóteles; ii) relato de Aristóxenes, um estudante de Aristóteles, sobre a palestra pública de Platão “Sobre
o Bem”; iii) Platão, em seus diálogos (Fedro), critica o texto escrito e defende o oral; iv) Na “Sétima Carta” (autenticidade contestada) diz que seu ensinamento só
pode ser comunicado oralmente; v) “doutrina de reserva”: em vários diálogos o tema é introduzido, mas depois não é discutido; II) Conteúdo: i) há conexão
entre a doutrina não escrita com a escrita; ii) há dois princípios: o Um (princípio da unidade que torna as coisas definidas e determinadas) e a Díade Indefinida (é
indefinida, pois não é a definida, ou seja, o número dois e, assim, ela está acima da matemática; o princípio da indeterminação/ilimitação). O Um e a Díade
Indefinida são a base última de tudo porque o domínio das Formas de Platão e a totalidade da realidade derivam de sua interação. Todo o múltiplo de
fenômenos sensoriais repousa no final em apenas dois fatores; III) Críticos (Schleiermacher) e defensores (Escola de Tübingen, Vittorio Hösle, Giovanni Reale);
IV) Monismo: a oposição entre o Uno e a Díade Indeterminada é fundada sobre um único princípio mais fundamental, um “meta-Um”; dualismo: se a díade
indefinida é, no entanto, entendida como um princípio independente distinto de qualquer tipo de unidade, então as doutrinas não escritas de Platão são, no final,
dualistas.

3. ARISTÓTELES

. exotéricos (leigos; perdeu-se) e esotéricos (discípulos);


. Platão (matemática; âmbito transcendente; dialética; diálogo) & Aristóteles (empíricas; imanente; analítica; sistematização dissertativa);

1. Lógica
. informal, formal (Aristóteles), simbólica (proposicional e de predicados) e matemática;
. lógica: propedêutica; dedutiva (alcançamos o geral pela indução e pela intuição, que é a captação pura dos princípios primeiros pelo intelecto);
. verdade e validade, princípios axiomáticos (I, TP, NC, 3E) e quadrado lógico (contrários: FF/VV; contraditórios: VF; subalternas: VV/F-V ou F).

2. Ciências teoréticas/especulativas
. 1) metafísica:
- etiologia (causas: formal, material, eficiente e final);
- ontologia (1. “ser em si” são as 10 categorias: substância, qualidade, quantidade, relação, ação ou agir, paixão ou sofrer, onde ou lugar, quando ou tempo, ter e
jazer; 2. como “ato e potência”; 3. como “acidente”; 4. como “verdadeiro”);
- ousiologia (substância: a forma informa a matéria e funda o sínolo, que é o conjunto, o todo. A substância ou essência e a forma é inalterável e a matéria e o
acidente é alterável);
- teologia (Deus: tempo, movimento e mundo são eternos. Da causa eterna deriva tudo: motor imóvel, pensamento de pensamento, ato puro; não é causalidade
do tipo eficiente, mas do tipo final);
. 2) física (movimento das realidades sublunares por causa dos 4 elementos: 1. substância - geração/corrupção; 2. qualidade - alteração; 3. quantidade - aumento/
diminuição; 4. lugar – translação; supralunares por causa do éter - circular. Movimento está ligado ao espaço, ao lugar e ao tempo e se dá pela passagem de
potência para ato);
. 3) psicologia (alma é enteléquia; 2 grupos: 2.1 irracional – vegetativa: reprodução/crescimento e sensitiva/perceptiva: sensação; 2.2 racional/intelectiva – saber agir e
saber pensar);
. 4) matemática: características da realidade sensível.

3. Ciências práticas
. 1) Ética: fim último e bem supremo é a Eudaimonia (felicidade não é uma emoção, mas está mais para um estado de plenitude, uma forma de viver plena,
voltada para o bem, para o saber, para a justiça, no aperfeiçoamento constante do caráter); vida dos prazeres, das virtudes e contemplativa; virtude/aretê: 1.
intelectuais/dianoéticas teóricas (inteligência, sabedoria e ciência); 2. intelectual prática (phronesis); 3. éticas (coragem etc.); Justiça: a justiça é teleológica;
particular: distributiva, corretiva (comutativa e reparativa) e reciprocidade; equidade; igualdade/balança;
. 2) Política (continuação da ética): animal político (animal ou deus; não todos os homens; escravidão natural); 158 constituições: bom
(monarquia/aristocracia/república) e ruim (tirania/oligarquia/democracia-demagogia). Platão: República (aristocracia dos filósofos x
timocracia/oligarquia/tirania/democracia-demagogia).

4. Ciências poiéticas/produtivas
. arquitetura, economia, medicina, pintura, escultura, arte da guerra, da caça, da navegação:
. 1) Retórica: metodologia do persuadir; análoga com a dialética (conhecimento do provável); entimema: a retórica extrai a conclusão rapidamente das premissas;
. 2) Poética: mimese e catarse. Gêneros literários: épico (Homero e Hesíodo, Dante, Camões – epopéias, romances, contos e novelas), lírico (ilha de Lesbos,
Alceu e Safo; poesias) e dramático (tragédias: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes; comédias: Aristófanes e drama) (e crônicas). Aristóteles defende a epopeia e a
tragédia. Por que ler os clássicos (Ítalo Calvino): atemporal.

5. Você age de modo akrático?


. Fraqueza da vontade, ou na sua tradução para o latim, incontinência.
. 1) Sócrates (diálogo Protágoras): 1°) equivalência entre erro moral e ignorância: a falta moral é fruto de ignorância do agente e o acerto moral encontra-se na
sabedoria do agente; 2°) fazer uma correção moral consiste em fornecer as crenças corretas com base nas quais o agente deve agir bem; 3°) não é possível a
akrasia;
. 2) Platão (Livro IV de A República): Platão, agora mais velho e com uma reflexão filosófica mais madura, atribui a Sócrates uma compreensão diferente de
akrasia, o que provavelmente reflete seu próprio entendimento do conceito. Ex.: o que uma pessoa com sede deseja fazer é beber água; contudo, pode-se
observar casos em que alguém com sede se recusa a beber água, quando, por exemplo, a água que está próxima da pessoa com sede não é boa para se beber, por
estar suja. O outro exemplo narra a história de um certo Leôncio, filho de Agláion. Nesta história, Leôncio, ao saber que havia cadáveres perto de um carrasco,
desejou vê-los, mesmo lhe sendo insuportável tal visão. Por fim, após passar algum tempo lutando consigo mesmo quanto a esse desejo, Leôncio foi olhar os
cadáveres. E também na República, ele nos apresenta a sua teoria da tripartição da alma e nessa teoria há a possibilidade do conflito entre razão e emoção/desejo.
Há três faculdades/potências/função distintas: 1°) parte racional (classe dos filósofos) – discerne o que é real e não apenas aparente, julga o que é verdadeiro e o
que é falso e sabiamente toma decisões justas de acordo com seu amor pelo bem; 2°) parte irascível (classe dos soldados) – é a parte da alma pela qual estamos
irados ou ficamos temperamentais; 3°) parte apetitiva (classe dos produtores) – é a parte da alma pela qual experimentamos o amor carnal, a fome, a sede e, em
geral, os desejos opostos à razão. Essas três partes ou funções, num vocabulário moderno, não estão desconectadas, mas elas são distintas. A razão dá ordens e a
irascível costuma obedecer, mas não necessariamente obedece e a parte apetitiva se mostrará resistente ao que ordena a razão. Portanto, há sim akrasia, mas pelo
menos para a classe dos filósofos ainda vale a tese de Sócrates. A razão não está mais sozinha, como estava soberana com Sócrates. A razão agora precisa
domesticar/domar as duas potências da alma: a parte irascível (que tende a concorda com a alma racional, mas mesmo assim é distinta da razão) e a parte
apetitiva, que tende a discordar da razão;
. 3) Aristóteles (Livro VII de Ética a Nicômaco): a akrasia pode ser evidentemente observada no comportamento humano. E é possível ensinar a virtude moral?
Isso vai depender de como entendemos a virtude moral. Se a considerarmos um saber, obviamente ela poderá ser ensinada. Sócrates: Sim, porque a virtude é um
saber. Platão: em Mênon: para os filósofos, a virtude é uma ciência e poderá ser ensinada; para os demais, ela é hábito, prática e exercício e é assim que eles
adquirem as virtudes. Aristóteles: a virtude moral é unicamente adquirida pelo hábito e pela prática. Ex.: agindo com atitudes de tolerância eu adquiro a virtude
da tolerância; agindo com atos generosos, eu adquiro a virtude da generosidade.

4. PERÍODO HELENÍSTICO

. Com o declínio da importância da participação do cidadão na pólis, pois Atenas perdeu sua hegemonia para a Macedônia, a reflexão política é abandonada e
surgem as filosofias da era helenística. Agora temos os grandes impérios: de Alexandre (IV) e depois dos romanos. Em suma, da helênica à helenística, do ideal
da pólis para o ideal cosmopolita (o mundo é uma grande pólis), do homem citadino ao homem-indivíduo.
. Todos buscam a ataraxia (ausência de preocupação) (termo que surge com Demócrito), mas por caminhos diferentes: 1. Cínicos (autarquia); 2. Epicuristas
(prazer = ausência de dor – na alma, ataraxia e no corpo, aponia (ausência de dor); 3. Estoicos: apatia (ausência de paixões); 4. Céticos (afasia = não falar /
epoché).

1. Cinismo
. Antístenes (socrático; V/IV) e Diógenes de Sinope/kynicos/cão (IV): o ideal é a autarquia, o bastar-se a si mesmo e o tornar-se independente dos outros.
Tudo o que é natural deveria ser feito aos olhos de todos. A riqueza, a fama, o poder e as honras são coisas tolas. A vida cínica se concretiza em conduta
inteiramente livre, sem regras, sem metas. O cínico é anticulturalista e ele defende a fadiga. Diógenes andava de dia com uma lanterna acesa: “procuro o
homem”, barril, túnica, bebia com as mãos, pediu o sol para o Alexandre, rato correndo de lá pra cá; casal Crates de Tebas e Hipárquia.

2. Epicurismo
. Epicuro de Samos (IV/III) parte do atomismo de Leucipo e Demócrito, da arte de viver de Sócrates e do hedonismo da escola cirenaica (cidade de Sirene:
hedonismo geral);
. Lógica/cânon: atingimos o ser pela sensação, que é objetiva, pois é garantida pela estrutura atômica da realidade, passiva, verdadeira, infalível; de tudo emanam
complexos de átomos que constituem imagens/simulacros = representação e as representações são produzidas pela penetração desses simulacros em nós; da
sensação temos: 1) prolepses ou antecipação, pré-noções: nomes, que são expressões naturais das prolepses; e opiniões, que somente serão verdadeiras se
confirmadas pelas sensações); 2) sentimento (dor ou prazer): nascem da ressonância interna das sensações;
. Física: tudo o que existe é composto de corpos (até mesmo a alma e Deus, que são átomos especiais) (provados pelos sentidos) e de vazio (provado pelo
movimento); há corpos 1) simples: átomos, que são caracterizados por peso, figura e grandeza, não tendo qualidades como cor e odor; são infinitos em número,
mas finitos nos tipos e formam infinitos mundos que se reformam infinitas vezes; e 2) compostos. O nascimento e a morte se dão por agregação ou
desagregação de átomos. Inovando o atomismo dos antigos, ele cria o conceito declinação, que forma o cosmo e permite uma mínima liberdade (base para a sua
moral);
. Ética: o bem é o prazer, mas diferentemente dos cirenaicos, que não aceitavam que a ausência de dor fosse um prazer, para Epicuro o sumo bem é ausência de
dor (na alma: ataraxia e no corpo: aponia) e os prazeres da alma são superiores aos do corpo. Há três tipos de prazer: 1) naturais necessários: comer/beber o
suficiente para matar a fome/sede; precisamos; 2) naturais não necessários: comida/bebida refinada; precisamos de vez em quando; 3) não naturais e não
necessários: voltados à riqueza, honras e poder; devemos nos afastar desses. Devemos também nos afastar dos cargos políticos e precisamos de amigos, vida
bem-analisada e autossuficiência. Quadrifármaco: 1) não temer os deuses; 2) não temer a morte; 3) é fácil encontrar o prazer; 4) O mal e a morte não são
obstáculos: o mal físico é facilmente suportável e se for insuportável ele levará à morte e a morte (que é o nada) só existe quando não existimos. Tito Lucrécio
Caro (I a. C): Da natureza das coisas: física atomista, crítica ao finalismo, psicologia materialista (até a alma é material).

3. Estoicismo (stoá: pórtico)


1) antiga: Zenão de Cítio (V), Cleanto (IV/III) e Crisipo (III);
. Lógica (sensação, representação, logos examina a representação, cataléptica ou acataléptica. ideias inatas: prolepses);
. Física (Mundo/corpo: matéria/princípio passivo e logos/princípio ativo: fogo/pneuma-natureza-Deus/panteísmo (inédito), que penetra toda a realidade,
aquecendo-a, dando vida a ela. A matéria penetra a matéria, pois há a infinita divisibilidade dos corpos. O logos gera tudo, pois ele é a semente/razão seminal de
todas as coisas. Tudo é Deus, o todo são corpos/materialismo e tudo tende ao seu melhor, pois tudo é dirigido por Deus. A vontade do homem não é livre; a
liberdade é querer o que o destino quer;
. Ética: princípio de conservação (instinto primário: oikéiosis): quando se aplica ao logos (bem: virtudes, mal: vício, que nasce das paixões – apatheia: ausência de
paixões) e quando se aplica ao corpo (prejudica: indiferente rejeitadas; beneficia: indiferente preferíveis); o homem não é um animal político/pólis (Aristóteles),
mas um ser comunitário/humanidade; crítica a questão da escravidão em Aristóteles, mas isso não significa que eles defendem a empatia/solidariedade, pois
esses sentimentos são paixões;
. 2) média (II/I a.C.): Panécio e Possidônio;
. 3) nova (romano/elementos éticos/fusão do estoicismo com o platonismo):
. 3.1 Sêneca (I): exilado por Calígula, chamado de volta por Agripino para educar Nero, mas com os excessos de Nero, ele se retira da vida política e é neste
período que ele escreve Cartas a Lucílio (teses: liberdade diante das inconstâncias da vida; preparar-se para a fortuna; autarquia; tornar-se senhor de sua vida; não
separar-se do mundo; não temer a morte, pois cada dia morremos e a maioria das pessoas não se preocupa em viver bem, mas viver bastante; transformar a
vontade em estado constante, em ato, pois somente a vontade não basta); anos depois, acusado de complô ele recebe ordens de se suicidar e o faz. Ele oscilou
entre o naturalismo do estoicismo e o dualismo platônico; âmbito teológico: sua visão de Deus oscila entre panteísmo e personalismo; antropológico: a alma é
superior ao corpo, mas ela é feita com a mesma substância do corpo; ético: introduz dois novos conceitos: consciência e vontade (faculdade diferente da razão),
dando um passo em direção a uma moral interior;
. 3.2 Epicteto (I/II): ex-escravo liberto, influenciou até mesmo imperadores (Adriano e Marco Aurélio); não devemos teorizar a filosofia estoica, mas colocá-la
em prática; Manual: o que depende de nós: atos voluntários, nossos julgamentos, uso correto das representações, nossa maneira de abordar e de viver o nosso
papel; o que não depende de nós: nosso corpo, nossas posses, nossa reputação, ou seja, todas as coisas que não são atividades nossas; não são as coisas que
perturbam os seres humanos, mas são as avaliações; uma vida bem-sucedida é aquela em que desempenhamos bem o nosso papel;
. 3.3 Marco Aurélio (II): com 40 anos, ele sucedeu Antonino na frente do Império Romano, ameaçado por revoltas e invasões e aí ele escreve Meditações: o sábio
deve viver segundo sua natureza; controlar o seu discurso interior; alegrar-se com o que nos acontece; não desejar mudar a ordem do mundo; só fazer o que
presta serviço à comunidade humana (cidade dom mundo).

4. Ceticismo e Ecletismo
. 1. Ceticismo: sofista Górgias; i. Pirro (IV/III): não criou uma escola (como Stoá e Jardim) nem escreveu (como Sócrates); as coisas são indeterminadas,
incomensuráveis, indiscrimináveis e indiferenciáveis, não tendo em si uma essência estável, sendo pura aparência. O divino é estável; as coisas, provisórias.
Atitude do sábio: afasia (abstenção consciente de qualquer juízo originada pelo reconhecimento da ignorância) e epoché (não dizer nada, não expressar qualquer
tipo de julgamento definitivo) e isso o levará a ataraxia (imperturbabilidade). Não existe verdade certa: sem inclinação, indiferente/sem opinião/sem julgamento-
afasia: ataraxia; ii. Tímon: redator dos ensinamentos de Pirro; iii. na academia platônica: a. Arcesilau (IV/III): razoabilidade; b. Carnéades (III/II a.C.):
probabilismo negativo;
. 2. Ecletismo: na academia platônica: Fílon de Larrisa (probabilismo positivo) e Antíoco (II/I) na Grécia; Cícero (II/I) em Roma; 3. Neoceticismo: Enesidemo
(heraclitismo; 10 tropos) e Sexto Empírico (ataraxia/fenomenismo; 17 tropos – os 10 primeiros são de Enesidemo, 5 são de Agripa e os outros dois são de
outros filósofos céticos).

5. Ciência, neo-aristotelismo, médio-platonismo, neopitagorismo e neoplatonismo


. 1) Ciência: com as expedições de Alexandre (IV) para o Oriente há o deslocamento de Atenas para Alexandria. O Egito é dado para Ptolomeu. Ele e seus
sucessores conservaram a cultura milenar do Egito, mas com uma exceção: Alexandria (Museu e Biblioteca). Com Ptolomeu II, haviam 500 mil livros e ocorreu
o desenvolvimento das ciências por um século e meio: geometria (Euclides e Apolônio), mecânica (Arquimedes e Heron), astronomia (Eudóxio, Calipo, Hiparco
e Aristarco), medicina e geografia (Eratóstenes). Mas no ano 145 a.C. (primeira crise), houve o desentendimento de Ptolomeu com intelectuais gregos e ele
abandonou Alexandria; 47 a.C. (segunda crise): durante a campanha de César no Egito, a biblioteca foi incendiada (tinha 700 mil livros e muitos se perderam); 30
a.C. (terceira crise): Otaviano conquista Alexandria e o Egito se torna uma província do Império Romano (centro do mundo), com interesses apenas práticos.
Há, assim, a crise da ciência, com exceção da astronomia (Ptolomeu) e da medicina (Galeno);
. 2) Neo-aristotelismo: Andrônico de Rodes (tradutor, I) e Alexandre de Afrodísia (comentador);
. 3) médio-platonismo: com a destruição da academia, em 86 a.C., o platonismo cessava suas atividades em Atenas, mas ressurgia em Alexandria. Eudoro (I a.C.);
Trasilo, Plutarco, Gaio, Albino, Apuleio, Téon e Ático (I e II d.C.);
. 4) neopitagorismo (I e II d.C.): Moderato, Nicômaco e Numênio;
. 5) Neoplatonismo: fundador: Amônio Sacas; Ptotino (III): de Alexandria; Enéadas: Há 3 hipóstases: processão é o movimento pelo qual os seres emanam do
uno e isso opõe-se a criação que implica reflexão, temporalidade e divisão: 1) Uno-bem: único, imóvel, eterno, infinito, ilimitado e sem forma; tudo o que existe
é ser, mas acima do ser há o uno; o uno não pode ser (e aqui há uma crítica a Parmênides que diz que o uno é); todo ente é tal por causa de sua unidade; o uno
se autocria e, portanto, é livre; o nosso raciocínio não consegue captar aquilo que extrapola a finitude, aquilo que vai além do ser e da linguagem; podemos,
assim, falar do uno apenas pela via negativa (aquilo que ele não é) ou por meio de analogias (sol, fonte): se o uno é o pensamento, ele é o super-pensamento, se
ele for a vida, ele é a super-vida; 2) Nous (intelecto ou espírito): introduz a dualidade pensamento/pensado e a multiplicidade das ideias; o nous é
pensamento/ser/vida por excelência; o uno torna-se nous para poder pensar; 3) Alma: sua atividade é criar o mundo; é a última deusa, isto é, a última realidade
inteligível; em sentido horizontal, ela é uma-e-muitas, enquanto se divide nos vários corpos; em sentido vertical, ela divide-se em alma suprema/universal (que
permanece em união com o espírito), alma do todo (que cria o cosmo físico) e almas particulares (que nascem para animar os corpos); o uno torna-se alma para
poder criar; não há oposição entre forma-matéria e espírito-corpo, porque tudo participa do uno, em diversos graus de afastamento e cada grau da realidade se
explica pelo grau superior; Proclo.

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