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História Antiga Ocidental

Aula 4 - A História da História: discutindo a


Antiguidade
INTRODUÇÃO

Nesta aula, conheceremos os principais elementos da cultura grega. Essa civilização milenar, sobrevive não apenas
nos manuais de História, mas também em nosso cotidiano. Seu legado se manifesta em atividades prosaicas tais
como: uma ida ao teatro para nos divertirmos, uma lição de matemática a nossos filhos e irmãos, ou ainda, quando nos
questionamos sobre o sentido da existência humana.

A importância de sua produção cultural já fora percebida pelos povos com quem conviveram. Esses se preocuparam
em preservar, enriquecer e difundir o chamado Helenismo. Mesmo a Igreja Católica, (instituição que você conhecerá
melhor em outra disciplina), embora tenha “selecionado” o que deveria ou não ser preservado durante a Idade Média, se
rendeu à grandiosidade de sua produção.
OBJETIVOS

Identificar a importância da produção cultural grega para a formação do universo mental de diversos povos antigos.

Enumerar as principais áreas de conhecimento desenvolvidas no mundo grego.

Determinar os principais componentes da religiosidade no mundo grego.

Apontar as diversas finalidades do teatro para o homem grego.

Relacionar a origem da filosofia e das ciências no mundo grego às suas tentativas de compreensão do universo em
que viviam.

Explicar por que os elementos da cultura grega foram absorvidos pelos povos que os subjugaram.

Detectar as permanências da cultura grega no mundo contemporâneo.


CONTRIBUIÇÕES CULTURAIS
Todas as sociedades antigas nos legaram contribuições culturais. No entanto, os gregos são sempre citados pois,
certamente, nenhuma dessas sociedades apresentou a diversidade por eles experimentada. Enquanto nos lembramos
dos egípcios por suas pirâmides e monumentos, podemos associar aos gregos conhecimentos de vários matizes.

A eles atribuímos a criação da filosofia, do teatro, da história, além de descobertas no âmbito da matemática, das artes
plásticas, da literatura.

Fonte: Anastasios71 / Shutterstock, Kozlik / Shutterstock, Dr Project / Shutterstock e Ekaphon maneechot / Shutterstock

Para não sermos injustos, devemos considerar a problemática da conservação e difusão cultural. Isso significa que
não sabemos muito sobre outros povos da Antiguidade porque, provavelmente, muita coisa se perdeu ao longo dos
séculos. No entanto, os gregos também passaram pelas intempéries temporais. Então, por que sabemos tanto sobre
sua cultura?

Bem, esse é o primeiro conceito com que você deve se familiarizar; conhecemos tanto sobre eles graças ao
HELENISMO.

, MAS O QUE É O HELENISMO?


Vejamos...
Alexandre, o grande, rei da Macedônia, conquistou vários territórios,
dentre eles, a Grécia. Por admirar profundamente a cultura grega,
em cada território dominado, criava centros de irradiação cultural
que promoviam a divulgação do saber científico e das formas
artísticas e literárias do mundo grego. Houve, é claro, uma
mistura com os valores culturais desses outros povos.
O resultado é o HELENISMO.
Curioso / Shutterstock

A Grécia era conhecida pelo nome de Hélade, ou seja, terra dos helenos. Seria uma referência a um personagem
mítico, Heleno, cujos filhos seriam os primeiros ocupantes do território. A Macedônia de Alexandre era um território
imediatamente acima da Grécia, portanto, tinha traços culturais semelhantes. Por conta disso, o período de dominação
macedônia sobre os gregos, que durou de 336 a. C até a conquista romana, em 146 a. C é chamado de Período
Helenístico. Alexandre, que havia sido educado pelo filósofo Aristóteles, como vimos, cuidou da difusão desse
conhecimento. Dessa forma, a religiosidade, os costumes, a literatura e a língua grega se transformaram no padrão
para as pessoas cultas de então).

Ao longo dos séculos, muitos componentes da cultura grega ainda serviram de referência. Nos séculos XIV-XV, por
exemplo, houve uma retomada dos padrões clássicos durante o Renascimento.

Renascimento foi um movimento cultural dos séculos XIV - XV e XVI, cujo berço foi a Itália, e que produziu nomes
como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, entre outros. Um dos princípios seguidos pelos artistas era o chamado
Classicismo, ou seja, valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético. Vamos
conhecer então essa cultura maravilhosa a partir de seus tópicos principais.
RELIGIOSIDADE

Fonte: Patrick Poendl / Shutterstock

A religiosidade grega era baseada na MITOLOGIA.

Conjunto de narrativas dos antigos gregos sobre seus deuses e heróis, através dos quais eram explicados fatos do
cotidiano, ritos e até a criação do mundo. Essas narrativas, que durante séculos foram transmitidas oralmente,
apresentam variações e serviram de material para a as peças teatrais.

Politeísmo é a crença em vários deuses. Os deuses gregos eram homens superlativizados, ou seja, possuíam os
mesmos defeitos e qualidades dos humanos, no entanto, se distinguiam deles por serem ATHANATOI (imortais) e
poderosos. Devemos observar que sua definição é menos automática do que parece.

Temos exemplos que nos permitem notar o conceito de politeísmo associado ao monoteísmo de grupo, existem
muitos deuses, mas somente um nos representa. O politeísmo aparece bastante em estruturas sociais com múltiplas
origens, constituindo panteões específicos.

Exemplos
,
O Panteão grego era formado por uma grande variedade de deuses, dentre os quais podemos citar:, ,
Zeus – Senhor do Olimpo. (Nome latino: Júpiter);, ,
Hera – esposa e irmã de Zeus, deusa da família e do matrimônio. (Nome latino: Juno);, ,
Ares – deus da guerra. (Nome latino: Marte);, ,
Afrodite – deusa do amor. (Nome latino: Vênus);, ,
Atená – deusa da sabedoria. (Nome latino: Minerva);, ,
Deméter – deusa da fertilidade. (Nome latino: Ceres);, ,
Hermes – mensageiro dos deuses. (Nome latino: Mercúrio);, ,
Artémis – deusa da caça. (Nome latino: Diana);, ,
Hefaistos ou Hefestos: deus da metalurgia. (Nome latino: Vulcano);, ,
Hades – deus do mundo subterrâneo. (Nome latino: Plutão).
Além dos deuses, os gregos também acreditavam nos heróis ou semideuses, filhos de deuses e deusas com humanos,
tais como: Herácles ou Hércules, Odysseus, Aquiles, Teseu e em entidades como faunos, musas e ninfas.
Fonte: Derek Corbett / Shutterstock, smoxx / Shutterstock e I Wei Huang / Shutterstock

A religiosidade dos gregos era vivenciada em público, ou seja, através de festivais, procissões. A base do
relacionamento entre homens e deuses era a permuta, ou seja, o mortal reconhece seu poder e consegue, por isso, ser
agraciado.

O templo era a morada dos deuses, não lugar de reunião entre os crentes. Em geral, possuíam em seu interior uma
imagem do deus ali adorado ou algo que o simbolizasse. A adoração aos deuses era processada no exterior do templo,
ao leste. Essa é uma das razões para o exterior dos templos ser o lugar das decorações arquitetônicas mais
elaboradas - homenagem aos deuses.

wewawehan / Shutterstock

Na religiosidade grega, não havia culto estabelecido com rígidas regras, não havia verdade revelada, nem livro sagrado.
Os sacerdotes eram sorteados anualmente entre os cidadãos. Quando desejavam conhecer a vontade dos deuses, os
cidadãos iam a um vidente (Mânthis) ou aos oráculos. O mais famoso deles foi o Oráculo de Delfos.
A ideia de culpa, pecado, bem como a preocupação com a vida após a morte eram totalmente desconhecidos pelos
gregos. Apenas alguns grupos minoritários as utilizavam, tal como o Orfismo.

Fonte: Patrick Poendl / Shutterstock

Orfismo era uma crença criada a partir dos séculos VII e V a.C.

Seu fundador teria sido o poeta Orfeu que desceu ao Hades e retornou.
Os mistérios órficos prometiam uma vida melhor após a morte.
Quando morriam, os gregos acreditavam que os indivíduos passavam
a habitar o mundo subterrâneo, denominado Hades, cuja entrada era
protegida pelo cão Cérbero. A entrada era separada do interior pelo rio Estige,
cuja travessia era feita pelo barqueiro Caronte.
Os recém chegados tinham que pagar para fazer a travessia, por isso,
os mortos eram enterrados ou cremados com moedas sobre os olhos
para que tivessem com que pagar o barqueiro.
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Para agradar aos deuses, os gregos faziam sacrifícios, geralmente, os primeiros frutos de uma colheita ou uma novilha.

Oferecendo-se o melhor aos deuses, eles acreditavam que estabeleciam uma relação de reciprocidade e assim,
esperavam receber também o melhor.

Os festivais aumentaram em número e grandiosidade no século V a.C. Ocupavam grande parte do ano cívico de cada
pólis.

Fonte: leoks / Shutterstock

Embora fosse prática cada comunidade ter seu deus protetor, eles costumavam homenagear outros deuses também.
O Teatro, que veremos à frente, surgiu desses festivais, ou seja, tinham uma função religiosa. Em geral, participavam
dos festivais todos os habitantes da pólis, mesmo os escravos e estrangeiros (metecos).

Em todas as sociedades, os indivíduos narram histórias, seja verídicas ou ficcionais. Os gregos não eram diferentes e,
no início de sua civilização, as transmitiam uns aos outros oralmente.

Os autores dessas narrativas eram chamados de rapsodos e, um dos mais conhecidos era HOMERO.

Homero é um personagem controverso. Alguns historiadores questionam,


inclusive se existiu de fato. Como em seu tempo as obras
eram transmitidas oralmente, muitos acreditam que os versos a ele atribuídos,
na verdade, foram a condensação de contribuições de diferentes indivíduos).
Homero teria escrito duas obras que nos ajudam a remontar períodos
bem remotos da História grega. O gênero literário por ele desenvolvido era
chamado de EPOPÉIA.
Gênero narrativo em que são descritas as aventuras de heróis; poema épico
em que são mesclados fatos históricos entrelaços com lendas)
e as duas mais conhecidas foram a ILÍADA e a ODISSÉIA.
Ambas descreviam fatos ligados à Guerra de Tróia.
Markus Gann / Shutterstock

A partir do século VIII a.C, os gregos desenvolveram seu próprio sistema de escrita, o primeiro totalmente fonético, ou
seja, com símbolos que representavam as consoantes e vogais. Isso facilitou significativamente a materialização das
histórias anteriormente cantadas.

Outro autor digno de nota desse período é Hesíodo. Através de suas obras conhecemos um pouco mais sobre o
período arcaico.

Três poemas são, em geral a ele atribuídos:


A TEOGONIA, O TRABALHO E OS DIAS e O ESCUDO DE HÉRCULES.

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TEATRO
Nos festivais cômicos, eram apresentadas cinco peças de cinco autores distintos. Nos festivais trágicos, três autores
encenavam quatro peças cada: três tragédias e um drama satírico. Os autores competiam nesses festivais.

Fonte: Radmila / Shutterstock

Nas comédias, o principal nome é Aristófanes que, em suas peças, fazia críticas à sociedade, indivíduos e política
ateniense. As encenações eram custeadas por homens abastados e os atores eram sempre homens, que
representavam vários papéis na mesma peça. Eles usavam máscaras que cobriam seus rostos e indicavam se
estavam felizes ou tristes. O público sabia o sexo do personagem pelas roupas e perucas que portavam. As peças, a
partir do século IV a.C passaram a ser repetidas, sobretudo, após o domínio macedônio.

MATEMÁTICA
Pitágoras (525 a.C), para escapar da tirania em sua terra, migrou para o sul da Itália, onde fundou uma escola em que
ensinava um novo mundo, um novo modo de vida. Lá, ele fez uma série de descobertas sobre a relação da natureza
com o mundo. Os pitagóricos sugeriram que o número está no centro da realidade. Uma das grandes contribuições de
Pitágoras foi seu teorema, que todos estudamos na escola até hoje: a soma do quadrado dos catetos é igual ao
quadrado da hipotenusa.

Claudio Divizia / Shutterstock

Os gregos eram seduzidos pela Matemática por sua precisão e também eram fascinados pelo problema do infinito. Um
outro matemático, Zenão de Eleia (490 a.C) afirmou que se cortássemos uma linha ao meio, isso poderia ser feito
indefinidamente. Outros estudiosos que podem ser citados: Tales de Mileto e Parmênides.

MEDICINA
Até onde sabemos, os gregos foram os primeiros a transformar a medicina em algo mais sistematizado.

O principal defensor dessa medicina racional foi Hipócrates. Ele fundou uma “escola” de medicina e escreveu alguns
tratados como SOBRE A DOENÇA SAGRADA. Seu juramento é proferido até hoje pelos formados em medicina.
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HISTÓRIA
Os gregos consideravam o próprio passado e passaram a repensá-lo inventando a História (significa pesquisa,
indagação). Quando os gregos passaram a colonizar outras regiões, houve a necessidade de criar uma espécie de guia
para os colonos onde eram informados os costumes locais, a descrição da geografia, enfim, narrativas sobre aquele
povo.

Assim, nasceu a História. Heródoto, que descreveu os fatos das guerras médicas, era considerado o Pai da História.

Seu método de narrativa era totalmente inusitado. Ele introduziu perguntas:

Como? Por quê?

Em relação aos eventos sobre os quais dissertava. Além disso, integrou em sua obra os costumes, a cultura dos povos
que haviam entrado em contato com os gregos.

Ao introduzir esses elementos, ele estabeleceu uma “postura” histórica: os indícios devem ser, na medida do possível,
verificados por indagações e pesquisas.

Outro nome digno de menção é o de Tucídides, que narrou em sua História da Guerra do Peloponeso, todos os fatos
que cercaram essa luta fratricida.

Nessa obra, ele excluiu o “romance”, as conversas e priorizou os aspectos militares e políticos da guerra. Iniciou uma
tradição analítica, pois considerou as mudanças ano a ano do conflito.

FILOSOFIA
A palavra Filosofia significa amor à sabedoria. Muitos homens, desde os primórdios da História grega, passaram a
refletir sobre a natureza humana, o universo e fizeram descobertas que permanecem até os nossos dias.

Fonte: NeydtStock / Shutterstock

A Filosofia surgiu no período arcaico com a Escola de Mileto.

Para os seguidores dessa escola, todos os elementos da natureza vinham de um elemento básico (a água, o ar ou a
matéria). Nessa escola destacaram-se Anaxímenes e Anaximandro. Tales de Mileto e Pitágoras, já citados, eram
filósofos matemáticos.

No século V a.C surgiram os sofistas, que se dedicavam ao ensino da retórica e os outros assuntos aos jovens
atenienses abastados. Muito os viam com maus olhos, mas o fato é que eles estiveram à frente de um movimento que
considerava o homem e não o mundo físico como centro do debate intelectual.
Um dos grandes nomes do sofismo era Protágoras que afirmava: “O homem é a medida de todas as coisas”. Eles não
acreditavam em verdades absolutas e defendiam que havia diferentes visões sobre o mundo e as coisas.

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Glossário

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