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O Saber Mítico

Me. Evandro Roque


Afresco de Rafael (Raffaelo Sanzio, 1483/1520) e discípulos. Teto da Loggia di Psiche, Vila Farnesina, Itália.
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Mito
A palavra vem do grego “mythós” e significa
narrativa, lenda.
Trata-se de narrativas fantasiosas que apelam
ao mistério sobrenatural para explicar a
origem do universo, o funcionamento da
natureza e a origem dos valores morais do
próprio povo.
Mitologia
A palavra “mitologia” vem da junção de
duas palavras gregas; mythós, que
significa “narrativa”, e logia,
“conhecimento”.
Trata-se do estudo ou interpretação dos
mitos.
Mitologias
Quase todas as culturas humanas desenvolveram uma mitologia
própria para explicar suas origens e entender os fenômenos
naturais.
• Grécia Antiga
• Roma Antiga
• Norte da Europa
• Ásia
• As Américas
• Egito Antigo e África
• Oceania
Grécia Antiga – A origem do
universo, os deuses olímpicos, a
guerra entre os deuses e titãs etc.
Roma Antiga – A fundação de
Roma, Numa engana Júpiter, Vesta
e Príapo etc.
Norte da Europa – A criação
do universo, Odin e Yggdrasil, a
guerra dos deuses etc.
Ásia – A descida de Inanna,
Marduk e Tiamat, A epopeia de
Gilgamesh etc.
As Américas – A criação cherokee,
Yebá Büró: a Avó da Terra, As
aventuras dos gêmeos Sol e Lua etc.
Egito Antigo e África – A criação e
os primeiros deuses, a barca da noite
de Rá, O nome secreto de Rá etc.
Oceania - Dreaming, A
morte de Luma-Luma, Os
démas etc.
Os mitos geralmente falam sobre a criação do
mundo, preveem seu fim; explicam como os
animais foram feitos; como a Terra se formou;
fazem uma ponte ligando o mundo dos humanos
como o mundo dos espíritos ou deuses; tentam
impor uma ordem no caos e confrontar os
mistérios da morte.
Em muitos casos, os mitos estão na base de
algumas religiões. Muitos mitos definem culturas e
codificam seus valores morais.
Em vários casos, os mitos eram absorvidos e
reorganizados por culturas subsequentes. As batalhas
entre nações eram batalhas dos deuses. Aqueles que
venciam, venciam os deuses dos oponentes. Assim,
muitos deuses e mitologias foram reorganizados e
renomeados.
Normalmente os governantes eram tidos como sendo
guiados pelos deuses, cuja vontade cheia de caprichos,
era interpretada por sacerdotes.
Eram os sacerdotes que dominavam as adorações aos
deuses que sempre desejavam ser glorificados e
aplacados.
Os mitos eram fundamentais para a organização social de
muitas civilizações. No Egito antigo, o Faraó era tido
como divino e digno de ser servido. Isso fundamentava
sua dominação sobre os súditos.
Na Grécia antiga (formada por mais de mil cidades-
estado), cada cidade tinha um mito fundador e uma
divindade protetora. Eram o mito e a divindade que
definiam a cidadania. Esses mitos eram complexos e, as
vezes, contraditórios. Daí a necessidade das obras de
Homero e Hesíodo para a compreensão dessas
narrativas.
Como a maioria das narrativas mais antigas, os
mitos também vieram de uma era anterior à
própria escrita. Muitos desses mitos foram
preservados, outros, porém, se perderam.
Muitos povos ainda preservam as narrativas
míticas. Destes, muitos mitos foram transcritos,
outros, porém, permanecem na oralidade. Muitos
mitos permanecem secretos. Os mitos que
chegaram até a atualidade servem para
compreender um pouco da expressão cultural
daquele povo. Os mitos são emblemas culturais e
morais dos povos mais antigos.
A Mitologia Grega
Os gregos primitivos entraram no território da
Grécia por volta de 2000 a.C. na época em que o
Egito ainda era uma potência. Esses povos talvez
viessem da Rússia ou Ásia central e se
estabeleceram na região montanhosa do
Peloponeso. Em 1600 a cidade mais importante da
Grécia era Mecenas. Descrita por Homero como a
“cidade do ouro”.
A sociedade micênica chegou ao fim em 1100 a.C. e por
volta de 800 a.C. surgiram as primeiras cidades-estado
separadas. As mais importantes foram Atenas, Esparta e
Corinto. Estas três cidades eram unidas pela mesma
língua e adoração. Contudo, a religião grega não era
padronizada. Sua mitologia já havia sido emprestada de
povos mais antigos.
A era clássica grega começo com a queda do império
persa em 479 a.C. Ao derrotar o império persa, Esparta e
Atenas entraram em guerra pelo domínio da Grécia. Por
ser uma potência na guerra, Atenas deu origem ao mais
diversos mitos.
A era do domínio grego chegou a fim no século IV
a.C. quando Alexandre Magno construiu sem
império. Por meio das conquistas de Alexandre, a
cultura e mitologia grega alcançaram a Ásia Menor,
o Egito, Israel, a Mesopotâmia e a Índia.
Homero e
Hesíodo
Foram Homero e Hesíodo
que estabeleceram uma
ordem sobre a miríade de
deuses e crenças herdadas
dos primeiros tempos.
A poesia de Homero, herdada da tradição oral, foi escrita por
volta de 800 a.C. após as migrações devido à ruína da cultura
micênica. Seus dois poemas épicos (Ilíada e Odisseia)
proporcionaram aos gregos uma história, um panteão e as linhas
mestras sobre sua conduta de vida.
Pouco a pouco os doze principais deuses do Olimpo foram
substituindo as crenças mais antigas. Pelo fato de os poemas
épicos terem sido escritos numa sociedade feudal que precedeu a
democracia do século V a.C., seus deuses se comportavam como
chefes tribais.
Os gregos, assim como outros povos tribais, se organizavam em
torno da região e identificavam montes, vales e rios com
diferentes divindades. Assim, muitos mitos explicavam aspectos
da vida agrária (O Rapto de Perséfone por ex. era empregado
para explicar os ciclos das estações e colheitas).
Silly Sinphony - A Deusa da Primavera (Português-PT) (1934)
A Ascensão do Rito
No final do século V a.C. surgiram diversos ritos
misteriosos no mundo grego. Ritos como os Elêusis
(eleusinos) que, praticavam cultos da fertilidade em
honra a Deméter e Perséfone que prometia o paraíso aos
mortos.
O culto a Dionísio (deus do vinho e das colheitas que os
romanos chamaram Baco) envolvia danças frenéticas,
orgias, bebedeiras e arrebatamento dos sentidos.
Diferentemente da adoração pública dos deuses, esses
cultos consistiam em ritos e doutrinas secretos e
restritos.
Atualidade
do Mito
Me. Evandro Roque
Crença Mítica
Também chamam-se “mitos” aquelas crenças não-
justificadas, comumente aceitas e que, no entanto, podem
e devem ser questionadas do ponto de vista filosófico.
Ex.
O mito da neutralidade científica.
O mito do bom selvagem.
O mito da superioridade da raça branca etc.
A crítica aos mitos, nesse sentido, produziria uma
desmistificação dessas crenças.
Relação Mito
e Filosofia

Me. Evandro Roque


Mito e Filosofia
O surgimento do pensamento filosófico-científico na
Grécia Antiga (séc. VI a. C.) é visto como uma
ruptura com o pensamento mítico, já que a
realidade passa a ser explicada a partir da
consideração da natureza pela própria natureza, a
qual pode ser conhecida racionalmente pelo
homem, podendo essa explicação ser objeto de
crítica e reformulação; daí a oposição tradicional
entre mito e logos.
Discurso Alegórico
O mito também serve à Filosofia como discurso alegórico.
Trata-se de um tipo de ilustração. O uso do mito como
ilustração (discurso alegórico) visa transmitir uma
doutrina através de uma representação simbólica.
Ex.
• O mito (alegoria) da Caverna de Platão.
• O mito do Sol (Platão).
• O mito do Carro e os dois cavalos (Platão).
Considerações Finais
O mito, antigo ou moderno, é uma narrativa
fictícia. Na filosofia o mito é empregado como
alegoria ilustrativa e serve para apresentar
uma doutrina de forma mais visual.
Referências
• JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. – 4.
Ed. Atual. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
• WILKINSON, Philip. O livro da mitologia; tradução de Bruno Alexander. – 1ª Ed.
– São Paulo: Globo Livros, 2018.
Exercício
Você conhece algum mito moderno? Os mitos
modernos são crenças não-justificadas. São
basicamente informações falsas muitas vezes
difundidas entre os mais leigos e acabam sendo aceitas
como verdadeiras.
Pesquise um mito moderno e transcreva-o abaixo.
(Anexo:58 Mitos Modernos)
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/08/estilo/1431097551_315644.
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