A Escola de Chicago desenvolveu o pragmatismo americano com John Dewey, George H. Mead e William James. Eles aplicaram o método pragmático de Charles Sanders Peirce para entender conceitos filosóficos com base em suas consequências práticas e aplicações à conduta humana. James estendeu ainda mais o método para questões como a natureza da verdade e o direito de crer.
Descrição original:
Título original
Teoria Sociológica I - Aula 9 , Escola de Chicago (Dewey, Mead, Strauss, Coulon, Becker)
A Escola de Chicago desenvolveu o pragmatismo americano com John Dewey, George H. Mead e William James. Eles aplicaram o método pragmático de Charles Sanders Peirce para entender conceitos filosóficos com base em suas consequências práticas e aplicações à conduta humana. James estendeu ainda mais o método para questões como a natureza da verdade e o direito de crer.
A Escola de Chicago desenvolveu o pragmatismo americano com John Dewey, George H. Mead e William James. Eles aplicaram o método pragmático de Charles Sanders Peirce para entender conceitos filosóficos com base em suas consequências práticas e aplicações à conduta humana. James estendeu ainda mais o método para questões como a natureza da verdade e o direito de crer.
Teoria Sociológica I - resumos, comentários e anotações de aula
Profª Jacqueline Sinhoretto
Aula 9 - Escola de Chicago (John Dewey, Howard Becker, George H. Mead, Anselm Strauss e Alain Coulon);
Texto 1: John Dewey - O desenvolvimento do pragmatismo americano
Pragmatismo, instrumentalismo ou experimentalismo, desenvolvimentos históricos, Charles Sanders Peirce, moderna lógica simbólica das relações, método pragmático; Após William James ter estendido o escopo do método, Peirce escreveu uma exposição, é dessa exposição que retiramos as passagens a seguir, termo “pragmático”, estudo de Immanuel Kant; A metafísica da moral, distinção entre pragmática e prática, Peirce, método pragmático, arte de clarificar conceitos ou de construir definições adequadas e efetivas de acordo com o espírito do método científico, reconhecimento de uma conexão indissolúvel entre cognição racional e propósito racional, um experimentalista como sendo um homem cuja inteligência é formada no laboratório, teoria de que o propósito racional de uma palavra ou de outra expressão repousa exclusivamente em relações concebíveis com a conduta de vida, definir acuradamente todos os fenômenos experimentais, definição completa do conceito; Como tornar nossas idéias claras, doutrina kantiana, das inúmeras formas nas quais uma proposição pode ser traduzida, qual delas pode ser chamada de seu próprio significado? De acordo com o pragmatista, é aquela forma em que a proposição torna-se aplicável à conduta humana, diretamente aplicável ao autocontrole sob todas as circunstâncias e para todos os propósitos; Usualmente se diz que o pragmatismo faz da ação a finalidade da vida que o pragmatismo subordina o pensamento e a atividade racional a fins de interesse e ganho particulares; Mas o papel da ação é aquele de um intermediário; Para estar apto a atribuir significado aos conceitos deve-se poder aplicá-los à existência; Ora, é por meio da ação que essa aplicação se torna possível; E a modificação da existência que resulta dessa aplicação constitui o verdadeiro significado dos conceitos, diversidade de significados, a teoria de Peirce se opõe a toda restrição do significado de um conceito em razão de resultados de um fim particular, à idéia de que a razão ou o pensamento devessem ser reduzidos, o pragmatismo desaprova aqueles aspectos da vida americana que fazem da ação um fim em si mesmo, considerar um sistema filosófico em suas relações com fatores nacionais; O trabalho começado por Peirce foi continuado por William James, que estreitou a aplicação do método pragmático de Peirce, mas ao mesmo tempo ele o estendeu; Em 1898, James inaugurou o novo movimento pragmático em uma palestra intitulada “Concepções filosóficas e resultados práticos”; Peirce, “as crenças são realmente regras de ação e toda a função do pensar não é nada mais do que um passo na produção dos hábitos de ação”, James, o significado efetivo de uma proposição filosófica pode ser colocado em termos de conseqüências particulares em nossa experiência prática futura, seja ativa ou passiva, ele estendeu o escopo do princípio ao substituir, pelas conseqüências particulares, a regra ou método geral aplicável à experiência futura, James era muito mais nominalista do que Peirce, uso de um método na determinação do significado da verdade, James, aplicação do método na determinação do significado de problemas e questões filosóficas; Peirce era acima de tudo um lógico; enquanto James era um educador e um humanista que desejava forçar o grande público a reconhecer que certos problemas, certos debates filosóficos, tinham importância real para a humanidade, controvérsia entre o teísmo e o materialismo; Se o curso do mundo for considerado como finalizado, segue-se do princípio pragmático que é igualmente legítimo afirmar que ou Deus ou a matéria é sua causa; Mas é completamente diferente se levamos o futuro em consideração; E nossa vida toma uma direção diferente quando adotamos uma ou outra dessas alternativas, crítica ao problema filosófico do uno e do múltiplo, monismo, um universo rígido, o imprevisível não têm lugar na experiência, pluralismo, espaço para a contingência, liberdade para o método empírico e pragmático, que pode ser indefinidamente estendido, aplicação do método pragmático, descoberta de implicações, na vida humana, das concepções filosóficas freqüentemente tratadas como destituídas de importância, James, as fórmulas de mundo já se encontram dadas, resta apenas definir as conseqüências que se refletem na vida a partir da aceitação da verdade de uma ou outra dessas fórmulas; Peirce, objeto da filosofia, dar um significado fixo ao universo por meio de fórmulas que correspondam a nossas atitudes, generalidade, aplicabilidade dessas fórmulas a eventos específicos no futuro, a diferença entre o materialismo e o teísmo seria equivalente à diferença nos hábitos requeridos para enfrentar todos os fatos detalhados do universo; Peirce escrevia como um lógico e James como um humanista, James, direito de crer; James leva em consideração aqueles motivos de simpatia instintiva mais do que os motivos que alimentam o raciocínio formal, causa da sinceridade filosófica, James afirma o direito das pessoas escolherem suas crenças não somente em presença de provas e fatos concludentes, mas também na ausência de todas essas provas; direito de assumir os riscos da fé, teoria da vontade de crer; O significado da verdade, James estendeu o uso do método pragmático ao problema da natureza da verdade, James, o pragmatismo é simplesmente um empirismo levado às suas conclusões legítimas, a atitude pragmática consiste em olhar para as últimas coisas, para os frutos, conseqüências e fatos, que direção deve tomar um filósofo empírico que deseja chegar a uma definição da verdade por meio de um método empírico? Aplicação do método empírico, encontrar casos particulares a partir dos quais generalizar, submissão das concepções ao controle da experiência, combinar essa concepção de método empírico com a teoria do pragmatismo; Se, ao colocar em prática a noção, chegamos aos fatos implicados ou que ela exige, então essa noção é verdadeira; Uma teoria corresponde aos fatos quando leva aos fatos que são seus conseqüentes, por intermediação da experiência; Toda proposição a respeito da verdade é realmente, em última análise, provisória, logicamente, a verdade absoluta é um ideal que não se pode realizar, o pragmatismo se apresenta como uma extensão do empirismo histórico, mas com uma diferença fundamental, não insiste sobre os fenômenos antecedentes, mas sobre os fenômenos conseqüentes; possibilidades de ação, ponto de vista do pragmatismo, as idéias gerais são a base para a organização das observações e das experiências futuras, concepções de razão têm somente um interesse secundário em comparação com a realidade dos fatos; O pragmatismo tem uma implicação metafísica, tomar em consideração o futuro nos faz conceber um universo cuja evolução não está acabada, que ainda está “se fazendo”,um universo ainda plástico; o pensamento, em seu sentido mais geral, possui uma função real, criativa e construtiva, o mundo será diferente daquilo que teria sido se o pensamento não tivesse intervido, a razão tem uma função criativa, limitada porque específica, que auxilia a fazer o mundo de maneira diversa, filosofia de James, uma revisão do empirismo inglês que substitui o valor da experiência passada pelo futuro, movimento chamado instrumentalismo, teorias como instrumentos que podem servir para a constituição de fatos futuros, idealismo moral, como o pensamento funciona na determinação experimental de suas conseqüências futuras; o instrumentalismo tenta estabelecer distinções universalmente reconhecidas e regras de lógica, derivando-as da função reconstrutiva ou mediativa atribuída à razão; uma teoria das formas gerais de concepção e de raciocínio, antecedentes históricos, verificação experimental, crítica da teoria do conhecimento e da lógica, idealismo neokantiano, última década do século xix, tendências psicológicas, John Watson, behaviorismo, concepção de que o cérebro é um órgão de coordenação de estímulos sensoriais com o propósito de efetivar respostas motoras adequadas; Studies in logical theory, declaração dos instrumentalistas, crenças numa estreita união dos princípios “normativos” da lógica com os processos reais de pensamento, uma psicologia objetiva ou biológica, e não por uma psicologia introspectiva dos estados da consciência; Principles of psychology, duas teses, reinterpretação da psicologia introspectiva, “fluxo da consciência”, relações como uma parte imediata do campo da consciência, tendo o mesmo status que as qualidades; O outro aspecto de seu Princípios de psicologia é de natureza biológica, busca por fins futuros e a escolha de meios para alcançá-los, critério da presença de mentalidade em um fenômeno; para James, o único significado de essência é teleológico, a classificação é uma arma teleológica da mente; não é a origem de um conceito, é sua aplicação que se torna o critério de seu valor; e aqui se encontra todo o pragmatismo em estágio embrionário; As adaptações feitas pelos organismos inferiores tornam-se teleológicas no ser humano e, por conseguinte, ocasionam o pensamento; A reflexão é uma resposta indireta ao ambiente e o elemento não-diretivo tem sua origem no comportamento adaptativo biológico, função da inteligência, levar em consideração a maneira pela qual possam ser estabelecidas relações mais efetivas e mais proveitosas com esses objetos no futuro, a afirmação e a negação são intrinsecamente a- lógicas: elas são atos; pontos de semelhança e diferença entre essa fase do pragmatismo e a lógica do idealismo neo-hegeliano resulta uma dialética que permite que cada tipo inferior e parcial de juízo se torne uma forma mais completa, até ao ponto em que finalmente chegamos ao juízo total, onde o pensamento é um todo orgânico de distinções mentais interrelacionadas, instrumentalismo, reconstituir o estágio presente das coisas ao invés de simplesmente conhecê-lo, não pode haver graus intrínsecos ou uma hierarquia de formas de juízo, elemento ideal acentuado pela inclusão progressiva de fatores sociais no ambiente humano acima de qualquer fator natural; o pensamento americano dá continuação ao pensamento europeu; Importamos da Europa e adaptamos às novas condições de nossa vida; Por muitos anos, nosso pensamento filosófico foi simplesmente um eco do pensamento europeu, movimento pragmático, raízes no pensamento britânico, idéia de que a ação e a oportunidade justificam a si mesmas somente até o grau em que fazem com que a vida seja mais razoável e aumentem seu valor, instrumentalismo, a ação deveria ser inteligente e reflexiva, a inteligência é considerada como a única fonte e garantia de um futuro feliz e desejável, uma filosofia que considera o mundo como algo em formação, onde ainda há espaço para o indeterminismo, para o novo e para um futuro real, idéia de que o mundo está recomeçando; O futuro assim como o passado podem ser fontes de interesse e consolação, e dão sentido ao presente; O pragmatismo e o experimentalismo instrumental destacam a importância do indivíduo, o pensamento criativo tem uma função prática mais do que epistemológica, individualismo ativo, o indivíduo que o pensamento americano idealiza desenvolve-se em um ambiente natural e humano, um indivíduo que pode ser educado, paralelo histórico, filosofia francesa do iluminismo, formação de uma fé na inteligência, como a única e indispensável crença necessária à moral e à vida social, valor intrínseco, imediato e estético do pensamento e da ciência quanto mais se toma consciência de que a própria inteligência acrescenta alegria e dignidade à vida, tanto mais se sente pesar frente à situação em que o exercício e a alegria da razão encontram-se limitados a um grupo social restrito, fazer todos os homens participantes deste inestimável bem;
Texto 2: George H. Mead - A brincadeira, o jogo e o outro generalizado
Este texto é um extrato da Parte III (The self) do livro Mind, self, and society, de George Herbert Mead, um dos fundadores do pragmatismo, Psicologia Social, mente e self se formam nos processos sociais, atuação do jogo e da brincadeira, outro generalizado, condições sociais sob as quais o self aparece como um objeto, linguagem, brincadeira, jogo; A diferença fundamental entre o jogo e a brincadeira é que, no fim, no jogo, a criança deve ter uma atitude igual a de todos os outros envolvidos, essa organização controla a resposta do indivíduo, cerimônias, atitudes de todos afetam a própria resposta particular da pessoa, processo de interpretação de tais rituais, comunidade organizada ou grupo social que dá ao individual a unidade de self, “o outro generalizado”, brincadeiras são transformadas em um conjunto com uma estrutura ou relacionamentos precisos; Se um dado indivíduo humano vai desenvolver um self, atitude que eles têm para com as forças que são importantes para eles: as da natureza, adoção do papel do outro no brincar de serem deuses e heróis, ele deve, da mesma forma que adota as atitudes dos outros indivíduos para com ele próprio, representações, adotar, também, as suas atitudes para com as várias fases ou aspectos da atividade social comum ou do conjunto de compromissos sociais nos quais, situações semelhantes àquelas nas quais as crianças pequenas brincam de ser pai, de ser professor, tais personalidades controlam o desenvolvimento da personalidade da criança, jardim da infância, todos estão engajados; agir no sentido de realizar os diferentes projetos sociais; Apenas adotando a atitude do outro generalizado para consigo é que o sujeito pode pensar, as diversas fases maiores do processo social geral que constitui a vida do grupo, existência de um universo de discurso, entendido como sistema de significações sociais; O indivíduo humano autoconsciente, quando o indivíduo adota as atitudes do grupo social organizado ao qual pertence assume as atitudes sociais organizadas de um determinado grupo, problemas sociais de várias espécies, ele desenvolve um self completo, processos institucionais complexos são possíveis, também, apenas se cada indivíduo envolvido neles; Em política o indivíduo se identifica com um partido, adota as atitudes gerais, reage em termos das atitudes organizadas (formas de outro generalizado), forma do outro generalizado, da mesma forma, ele entra em vários outros conjuntos especiais de relações sociais, controle sobre a conduta dos membros individuais; a comunidade entra como fator determinante no pensamento do indivíduo; Nas comunidades sociais humanas essas diferentes classes funcionais ou subgrupos de indivíduos a que todo indivíduo pertence são de dois tipos, concretos, unidades sociais funcionais reais, abstratos, possibilidades ilimitadas de ampliação, enriquecimento das relações sociais; A filiação de um dado indivíduos a; O jogo tem uma lógica que torna possível a organização do self: há uma finalidade precisa a ser obtida; as ações dos diferentes indivíduos são todas relacionadas, subgrupos abstratos torna possível que ele entre em relações sociais com um número quase infinito de outros indivíduos, linhas funcionais de demarcação; Se alguém tem a atitude de pessoa lançando a bola, pode também ter a resposta de apanhar a bola, uma unidade introduzida na organização dos outros selves, universo do discurso lógico, diferente da situação de brincadeira, na qual há uma sucessão simples de papéis, interação comunicativa de indivíduos, há duas etapas gerais no desenvolvimento completo do self; 1) o jogo ilustra a situação em que surge uma personalidade organizada, organização de atitudes particulares dos sujeitos consigo mesmos e com os outros; 2) organização de atitudes sociais do outro generalizado ou do grupo social como um todo, ao qual o indivíduo pertence; A importância do jogo é que ele se situa inteiramente na própria experiência da criança, tipo moderno de educação, o self atinge seu pleno desenvolvimento através da organização dessas atitudes individuais dos outros em atitudes grupais ou organizadas socialmente; No jogo encontra-se um outro organizado, encontrado na própria natureza da criança, criança controlando a resposta particular, indivíduo que responde a um estímulo que o afeta como se o estímulo estivesse afetando a uma outra pessoa, unidade que constrói seu self; O que ocorre no jogo ocorre, a toda hora, na vida da criança; Primeiro, ela apreende o funcionamento do processo de uma forma abstrata, noção de propriedade, uma atitude organizada com referência à propriedade, comum a todos os membros da comunidade, a moral do jogo pode ter um domínio maior sobre ela do que a da família; Essas atitudes (conjuntos organizados de respostas) devem ser compartilhadas por todos de forma a que, se desperta em cada um a resposta dos outros, respostas comuns como um tipo de jogo social, “fazer parte” e entra em organizações, quanto mais ampla a sociedade, mais amplos esses objetos, desenvolvimento da moral da criança, processo através do qual a personalidade surge, a criança assume o papel do outro através do uso da linguagem, aperfeiçoamento do self por meio do gesto; O que vai formar o self organizado é a organização das atitudes que são comuns ao grupo, fase final, comunidade como um meio para ter a sua personalidade, situações nas quais, em brincadeiras, a criança adota diferentes papéis, ter a atitude dos membros da comunidade; A estrutura, então, na qual o self é construído é a resposta que é comum a todos, pois na brincadeira, a criança, definitivamente, interpreta o papel que ela despertou nela mesma, se tem que ser membro de uma comunidade para se ser um self; Selves só podem existir nos relacionamentos precisos com outros selves, lugar do outro generalizado que representa as respostas organizadas de todos os membros do grupo, ter caráter, em um sentido moral; É a estrutura de atitudes que forma o self como algo diferente de um agrupamento de hábitos (reprodução de comportamentos comuns em termos de disposições pessoais), hábitos de expressão vocal, de expressão emocional, hábitos como esses que não são parte de um self consciente, mas que ajudam a formar o que é chamado de self inconsciente; Consciência, refere-se simplesmente ao campo da experiência, mas autoconsciência se refere à habilidade de estimular em nós próprios um conjunto de respostas precisas que pertencem aos outros do grupo, quadro de referência do self;
Texto 3: Howard Becker - A Escola de Chicago
Conferência em visita ao Brasil, Becker, a história da sociologia, como história das idéias e teorias, começou em algum momento do século XIX, Escola de Chicago, duas outras histórias da sociologia, história da prática da sociologia, dos métodos de pesquisa e das pesquisas realizadas, terceira história da sociologia é a das instituições e organizações, dos locais onde o trabalho sociológico foi realizado, uma pequena história dentro de uma história mais ampla da sociologia; Começarei pela história das organizações, Universidade de Chicago, 1895, doação de Rockefeller, influenciado pela idéia que tinham do que precisava ser feito, dos problemas com os quais a sociedade se defrontava, Standard Oil, pobreza e a imigração, Albion Small, questão da eugenia, primeiro professor de sociologia e chefe do primeiro Departamento de Sociologia dos Estados Unidos, intenção de formar alunos segundo o modelo alemão, produzindo doutores e criando um grupo de professores que saísse pelos Estados Unidos ensinando essa ciência, a fazer pesquisa – quase sempre na cidade de Chicago, revista, literatura sociológica européia, primeira revista de sociologia, obras de Georg Simmel, American Journal of Sociology, dificuldades para encontrar um número suficiente de artigos de sociólogos americanos, Small era pastor protestante, do tipo interessado na reforma social, traduções, William I. Thomas, estudantes, muitos deles pastores, “se um homem define uma situação como real, ela se torna real em suas conseqüências”; A palavra escola gera muita confusão, conceito de “definição de situação”, Samuel Guillemard, início a um programa de pesquisas, comunidades de imigrantes e a pobreza, escola de pensamento, grupo de pessoas que consideram seu pensamento semelhante; The Polish Peasant in Europe and America, alguém, geralmente muitos anos mais tarde, decide que essas pessoas estavam fazendo a mesma coisa; O Departamento cresceu sob a direção de Thomas, uma escola de atividade, por outro lado, consiste em um grupo de pessoas que trabalham em conjunto, a despeito de compartilhar teorias; Columbia, Los Angeles, Seattle, Washington, programas de pesquisa e ensino para sociólogos, profissionais dessa área começaram a ocupar o país, Robert E. Park; Ele e Thomas, membros mais influentes e autorizados, foi para Heidelberg, onde estudou com Simmel, Park escreveu um ensaio sobre a cidade como um laboratório para a investigação da vida social, Park parece não ter gostado muito da vida acadêmica, ingressando, então, no jornalismo, se estudarmos as cidades, poderemos compreender o que se passa no mundo, ghost writer de líderes negros como Booker T. Washington, chamou a atenção de Thomas, sugeriu que ele talvez se interessasse em ensinar sociologia na Universidade de Chicago, na cidade, todos os tipos de trabalho tendem a se tornar uma profissão, mendicância como uma forma de trabalho muito organizada nas cidades, pesquisas em São Paulo, pensamento de Durkheim, Da Divisão do Trabalho Social, sob a orientação de Park, duas ou três gerações de cientistas sociais se formaram, Wirth, teoria do urbanismo, historiadores das sociedades urbanas, cientistas políticos, delinqüência juvenil, filhos dos grupos de imigrantes de Chicago, economistas, pequenos delitos, antropólogos de sua geração receberam sua influência, um problema de reforma social: o que vamos fazer com essas crianças? Robert Redfield, um problema de teoria sociológica, University of Chicago Press, uma editora que, sob a direção de Park, publicou uma série de estudos na área, Frederic Thrascher, um livro intitulado The Gang, Clifford Shaw e Henry MacKay, Donald Pierson, relações raciais no Brasil, pesquisas sobre a delinqüência juvenil; Uma das características do pensamento de Park – e isso se aplica à Escola de Chicago como um todo – era não ser puramente qualitativo ou quantitativo, ocupação sucessiva de determinadas áreas por diferentes grupos étnicos, ecletismo em termos de método, primeiro vieram os imigrantes irlandeses, depois os suecos, os alemães e os judeus, idéia de que o espaço físico espelhava o espaço social, ecologia social, dados censitários, as características de uma determinada área da cidade mudavam de ano para ano, competição pelo espaço, Robert Farisson e Warren, Danum, localização da doença mental na cidade, modo como distintos grupos se localizavam na cidade de Chicago, confecção de mapas, onde se situavam os diferentes tipos de população, grupos étnicos, raças, espécies de atividades: pesquisas de natureza quase antropológica, noções como a de região moral, a área da cidade onde uma população se separava das demais, Chicago passou a ser a cidade mais pesquisada do mundo (discussão sobre representações arquetípicas da urbanidade em Italo Calvino), estudar sociologia nos Estados Unidos era estudar a cidade de Chicago; Blumer é um autor de quem é mais correto se dizer que se tratava de um teórico, Wright Mills, Universidade do Texas, conhecimento de sociologia de Mills, também esteve no Brasil, estudos sobre Chicago, outra vertente explorada em Chicago foi a de psicologia social, George Herbert Mead, filósofo, Everett Hughes, relação entre a mente, o self e a sociedade, aluno mais importante de Mead, Herbert Blumer, Hughes foi para a Universidade, jogador profissional de futebol, desenvolveu as concepções de Park a respeito das profissões, estrutura econômica e a distribuição ocupacional dos franceses e ingleses, Québec, história da nova geração da Escola de Chicago, trabalhos sobre o processo de industrialização, a Universidade de Chicago era, de longe, a instituição mais importante da época, na área de sociologia, essa situação causava ressentimentos nos outros programas, Hughes foi para o Canadá, elaborou um esquema de pesquisas que ainda está sendo desenvolvido, Park estava fazendo uma pesquisa com jovens prostitutas, Park estava entrevistando uma dessas moças dentro de um quarto de hotel quando a polícia o descobriu, French Canada and Transition, pessoas de classe baixa, Departamento de Sociologia, duzentos alunos, Park aposentou-se e se transferiu para a Fisk University em Nashville, que era uma universidade para negros, acabávamos ensinando uns aos outros, na minha geração, muita gente se tornou famosa, geração de alunos de Park, Erving Goffman, Hughes, Blumer, Wirth e Redfield; Depois da Segunda Guerra, eles formaram uma outra geração, Lloyd Warner, pessoas de fora, entre elas William Ogburn, pesquisar, de uma perspectiva antropológica, as sociedades modernas (surgimento da sociologia urbana); Newburyport, impressões acerca da vida intelectual na Universidade de Chicago, após a guerra homens que tinham estado no Exército puderam frequentar a Universidade, uma vez que o governo pagava seus estudos, ao contrário, uma das idéias mais importantes era a de que a organização social consiste apenas em pessoas que fazem as mesmas coisas juntas, de maneira muito semelhante, durante muito tempo, uma obra intitulada Yankee City, para nós a unidade básica de estudo era a interação social, estudos de comunidade em Natchez, no Mississipi, onde as relações entre negros e brancos eram as piores de todo o país, Deep South, comunidade negra de Chicago, St. Clair Drake e Horace Cayton, Black Metropolis, o que nos interessava eram os modos de interação, especialmente as interações repetitivas, esses modos de agir se alteram substancialmente, ecletismo em relação a métodos, noção de interação simbólica, era preciso fazer entrevistas, coletar dados estatísticos, ir atrás de dados históricos, oposição a noções como as de organização social e estrutura social, comuns entre os alunos de Robert Merton, Talcott Parsons, era fundamental compreender o contexto em que se davam os fatos estudados, o Departamento de Sociologia publicava o que se chamava de Local Community Fact Book, comunidades da cidade de Chicago, quando se estudava uma área em particular, bastava pegar o livro, terminada a Segunda Guerra Mundial, a Escola de Chicago, de certo modo, deixou Chicago; o próprio Departamento voltou-se, como instituição, para uma perspectiva mais ligada ao survey e à pesquisa quantitativa, tornando-se menos aberto a estudos com abordagem antropológica, base para conferir uma dimensão histórica ao nosso trabalho, saímos para outros centros no país e começamos a ensinar, sociologia industrial, Michael Burawoy, a Escola de Chicago é um modo de pensar, uma maneira de abordar problemas de pesquisa, tornou-se uma espécie de perspectiva ou opinião global, descrevi minha linhagem na seguinte ordem: Simmel, Park, Hughes, Becker;
Texto 4: Alain Coulon - A Escola de Chicago
Introdução: Escola de Chicago, trabalhos de pesquisa sociológica realizados entre 1915 e 1940, Universidade de Chicago, Luther Bernard, grande unidade, um lugar particular e distinto na sociologia americana, pesquisa empírica, insistência em produzir conhecimentos úteis para a solução de problemas sociais concretos, a Escola de Chicago é uma sociologia urbana, problema social da imigração e da assimilação, desenvolvimento de métodos originais de investigação, sociologia qualitativa, a partir da Segunda Guerra Mundial, sociologia quantitativa; As origens: outono de 1892, Universidade de Chicago, segunda metade do século XIX, com migrantes rurais do Middle West e imigrantes estrangeiros, Chicago tornou-se uma cidade industrial de cultura influenciada pela religião protestante, a Universidade nasceu em 1890, doação de John Rockfeller confiada a William Harper, um ex- pastor batista, Harper criou imediatamente uma Graduate School dedicada à pesquisa e à formação de estudantes de doutorado, abrir a universidade para a vida social exterior, a organização dos estudos iria permitir explicitamente que estudantes de pós-graduação combinassem uma vida profissional com uma vida de pesquisador, departamento de sociologia e antropologia, principal centro de estudos e investigação sociológica dos Estados Unidos, editora da Universidade de Chicago; O papel decisivo de Albion Small: Albion Small fundou e dirigiu o departamento de antropologia e sociologia, estudou com Georg Simmel em Leipzig, professor de história, sociologia principalmente alemã; da primeira para a segunda geração dos sociólogos de Chicago, passa-se de um projeto de conhecimento científico da sociedade à construção de uma teoria que permitisse estudar essa sociedade em particular, Small só é lido como sociológo nos Estados Unidos, influência na conduta empírica da sociologia, importância do habitat para as relações sociais, Albion propôs aos colegas utilizar a cidade de Chicago como objeto e campo de pesquisas, necessária objetividade para a qual deveriam tender as investigações sociológicas, pesquisas empíricas, cientificidade da sociologia, Thomas, Burgess, Park, influência de Small na ordem institucional, Harper funda em 1895 o American Journal of Sociology, primeira revista sociológica do mundo, fundação da American Sociological Society em 1905 (posteriormente modificada para Association, em 1935); As influências intelectuais e filosóficas: outras disciplinas ativas, filosofia, primeira a fundar uma “escola”, a do pragmatismo, John Dewey, George H. Mead, fundação do interacionismo simbólico; Pragmatismo, considerar a atividade humana sob três dimensões: biológica, psicológica e ética; filosofia como referência teórica que permitiria a solução de problemas sociais, utilização de métodos científicos de pensamento aplicados à educação e à ciência, ações sociais com finalidade de transformação social, Andrew Reck, pragmatismo como filosofia social da democracia, uma filosofia da ação, da intervenção social, segundo Mead a consciência dos indivíduos se elabora por meio das interações e dos processos sociais, Dewey, relações entre o desenvolvimento da educação e a democracia, “escola primária experimental”, modificação radical dos currículos, educação do cidadão; Interacionismo simbólico: raízes filosóficas no pragmatismo de John Dewey; natureza simbólica da vida social: as significações sociais devem ser consideradas como produzidas pelas atividade interativas dos agentes (Blumer); o interacionismo simbólico vai na direção inversa da concepção durkheimiana do agente, é a concepção que os agentes têm do mundo social que constitui o objeto essencial da investigação sociológica, Mead como inspirador do interacionismo simbólico, mas a expressão só foi usada por Blumer, em 1937; o agente aprende a construir seu “si” e o dos demais graças à sua interação com estes, analisar os processos pelos quais os agentes determinam suas condutas, com base em suas interpretações do mundo; segundo Arnold Rose, o interacionsimo simbólico se caracteriza por cinco hipóteses: 1) construímos as significações do mundo e de nossas ações através de símbolos; 2) graças a esses símbolos temos a capacidade de tomar o lugar do outro; 3) temos um comum uma cultura, um conjunto de valores compartilhados que nos permite prever comportamentos; 4) o indivíduo define o seu “papel” segundo os grupos sociais com que interage, seu “eu” é a percepção que tem de si mesmo; 5) o pensamento é o processo pelo qual soluções são pensadas e decisões são tomadas, ato como interação contínua do indivíduo, que resulta na cristalização de comportamentos; Implicações metodológicas: priorizar o agente social como intérprete do mundo, métodos que priorizam a perspectiva dos agentes, estudar a ação em relação à realidade social em que se vive, preservar o mundo social para estudá-lo; Outras influências: influência de Darwin sobre Park, de Einstein sobre Mead, orientação deliberadamente cristão nos primórdios da Escola de Chicago, os fundadores do departamento de sociologia eram pastores, laços com o protestantismo, inclinação para o trabalho social, reformas sociais matizadas de caridade cristã, as tendências reformadores deram o impulso, à sociologia, de se voltar para o trabalho de campo, para o conhecimento da cidade e a resolução de problemas sociais, uma sociologia da ação; Thomas, Park e Burgess, transição do primeiro período de uma sociologia humanista, para uma segunda fase, marcada por uma sociologia mais científica, orientação deliberadamente multidisciplinar da sociologia de Chicago, nuances de antropologia, ciência política, psicologia e filosofia; liderança de Chicago na sociologia americana, outros centros incluíam Yale, Wisconsin, Michigan e Columbia; A rebelião de 1935, grupo de oponentes ao domínio exercido por Chicago, American Journal of Sociology, foi criada outra revista, a American Sociological Review, revolução de palácio, dois tipos de sociologia, um quantitativo e positivista, e o outro qualitativo e humanista, uma tomada de poder político, “os conjurados”, liderados por L. Bernard, sociólogos de Chicago contaram com o apoio de alguns quantitativistas, conflito de personalidades, cientificidade da sociologia, a partir dessa rebelião se pode observar o declínio da Escola de Chicago, início de um realinhamento na sociologia americana, preocupação com os métodos de investigação, cuja conceitualização teórica se volta mais à sociologia européia, modelagem formal do ofício de sociólogo, Talcott Parsons publica A estrutura da ação social, uma nova orientação teórica, diversa da sociologia empírica de Chicago, um novo paradigma, baseado na união de teoria e pesquisa quantitativa;
Texto 5: Anselm Strauss - Espelhos e máscaras a busca de identidade
Identidade e sua relação com as avaliações decisivas feitas por nós mesmos e pelos outros, as máscaras que exibimos nas interações são moldadas de acordo com a previsibilidade desses julgamentos, um termos ambíguo e difuso, explorar novas trilhas do pensamento, problemas de psicologia social, implicações da abordagem simbólica ou pragmática das interações, papel da linguagem no comportamento humano, a interação é guiada por regras, normas, injunções, nem sempre seus resultados são determináveis de antemão, tentativa de justapor e fundir uma perspectiva interacionista simbólica e uma perspectiva organizacional- social em uma psicologia social, texto com forma de ensaio, no primeiro capítulo destaca-se a importância da linguagem para a ação e a identidade humanas, “nomear” como um ato de classificação do eu e dos outros, nestas colocações estão implícitas as avaliações das pessoas e de seus atos, discussão sobre retórica, disputas legítimas e incompreensíveis sobre a classificação “adequada”; o texto não possui uma definição de identidade em lugar nenhum, sugestão de meios para teorizar, fazer pesquisa sobre processos sociais do quais a identidade emerge, alicerces simbólicos e culturais, modo pelo qual as pessoas se tornam implicadas com outras pessoas e são afetadas, afetam-se mutuamente, crítica da identidade-ego, ênfase sobre a construção cultural da identidade; Linguagem e identidade: qualquer discussão sobre identidade tem como ponto central a linguagem, nome como denominação distintitva pela qual se conhece uma pessoa, nomes dizem milhares de coisas, nomes dos filhos, todo nome é um recipiente, como as pessoas reagem à tentativa de fixar sua identidade por antecipação? Da rejeição à aceitação, a reação do sujeito a seu próprio nome define, de certo modo, a identidade construída por ele em torno do nome, vínculo indissolúvel entre o nome e a auto-imagem, a mudança de nomes marca um rito de passagem (designação de apelidos), a pessoa deseja ter o tipo de nome que, a seu ver, a representa como pessoa, a noiva assume o sobrenome do marido, nova condição social, a conversão religiosa é marcada por uma mudança completa de nome (ou do significado do nome), nomes qualificativos como títulos de distinção ou função também modificam as condições sociais do nome, seu significado (exemplo dos senadores), segundo Dewey e Bentley, nomear é conhecer, a medida do conhecer depende da medida do nomear, nomeação como ato central da cognição humana, nomear é identificar um objeto de acordo com uma tipologia, tal identificação requer a classificação em categorias, relações sistemáticas entre categorias; definir uma classe ou categoria significa relacioná-la com classes ou categorias em termos de sistema, definir ou determinar uma coisa é marcar suas fronteiras, o nomear coloca-se em um contexto de classes relacionadas, podemos escolher concebê-la dentro de contextos diferentes para outros propósitos igualmente legítimos, a nomeação sempre parte de um ponto de vista ou perspectiva, diferentes perspectivas podem classificar os mesmos objetos de formas totalmente diferentes, perspectivas de classificação, perspectivas de classificador; qualquer grupo de pessoas que permanece por algum tempo em algum lugar desenvolve uma linguagem especial, um dialeto ou jargão, os garçons classificam tipos de fregueses, o mesmo fazem os criminosos, organização de atividades de modo ordenado e sensível; para Anselm Strauss, já que o conflito entre grupos e suas diferentes concepções seria inevitável, não faria sentido tentar erradicar a tendência da mente humana de estereotipar, designar apressadamente e supersimplificar; necessidade terminológica dos indivíduos e dos grupos, a direção das atividades depende das maneiras de classificação dos objetos, a renomeação de um objeto equivale a uma reavaliação de nossa relação com ele, nosso comportamento muda de acordo com nossa reavaliação, a nomeação de um objeto fornece uma diretriz para a ação, como se a relação com o objeto implicasse um tratamento coerente com seu significado pré-estabelecido, a nomeação estabelece a energia para realizar a ação, o ato de classificação dirige uma ação aberta e desperta um conjunto de expectativas com relação ao objeto assim classificado, quando classificamos nossas expectativas se defrontam com o passado e o futuro, relações de consequência ou lembranças de experiências passadas entre nós mesmos e o objeto, cada objeto ou representação já experienciado evoca um conjunto de memórias que definem sua significação, exemplo da arbitrariedade cultural ou mobilidade simbólica entre contextos sociais na significação do tofu como elemento culinário em determinados pratos, o espectro de nossa experiência com x objeto se baseia no que sabemos dele e no modo como o avaliamos, o conhecimento de um objeto é proporcional ao espectro de experiência com o mesmo, o valor atribuído aos objetos não está nos objetos, é um elemento que implica uma relação entre o objeto e a pessoa que tem experiências com o objeto, valor como relação, como avaliação sobre um objeto, para fazer suas próprias avaliações as pessoas devem ter suas próprias experiências, o que não inviabiliza o ensinamento anterior de uma experiência, terminologias novas são assimiladas de acordo com experiências possivelmente análogas, as experiências das pessoas mudam suas avaliações, mesmo sem uma experiência nova e direta podemos aprender algo novo sobre um objeto, enquanto perdurar o aprendizado, persistirá a revisão dos conceitos, a nomeação ou identificação é uma questão contínua, nunca se completa, adiamento ou rasura do significado; retórica, um debate terminológico: necessidade contínua de reavaliação, se as expectativas fossem sempre satisfeitas a ação seria ritualística e as concepções seriam estáticas, a inovação repousaria na ambiguidade e na imprevisibilidade, zonas de ambiguidade, onde a transformação é possível, a disputa por prêmios terminológicos não é mera contenda em torno de palavras, uma vez que palavras são injunções para a ação, uma decisão classificatória pode envolver uma questão de vida ou morte, em áreas relativamente estabilizadas de comportamento as jurisdições são razoavelmente claras e não existem disputas, o surgimento de novos grupos resulta de brigas jurisdicionais, cinismo e rancor, batalhas de retórica, em disputa, as pessoas sempre tem convicção de que os argumentos de seu oponente são pautados por interesse pessoal, retórica como região da disputa, do insulto e da injúria (Kenneth Burke), questão de saber o que acontece quando pessoas de boas intenções mas de perspectivas divergentes não conseguem entrar em acordo, “feliz é o jogo que conta com um árbitro”, diferentes lados apresentam suas perspectivas a serem consideradas por um público selecionado, círculos argumentativos como símbolos das diferentes perspectivas colocadas em disputa discursiva, classificações por parte de especialistas; “será a universidade um repositório e transmissor de conhecimento comprovado ou o incentivador da pura controvérsia?”, reflexos das batalhas retóricas na experiência individual; a linguagem é central para o estudo da ação e da identidade humanas, discussão sobre as implicações dessa premissa básica, caráter inacabado ou nunca concluído das vidas individuais, perda de auto-determinação, as continuidades da experiência pessoal estão relacionadas sistematicamente com as fornecidas pela estrutura social, mas não são asseguradas pela estrutura social, possibilidade contingentes de criação na descontinuidade;
Aula em vídeo: Escola de Chicago
Individualismo metodológico e a Escola de Chicago, um enfoque ou abordagem preocupado em desenvolver métodos objetivos de estudo das interações e de como as mesmas se desenvolvem em espaços de intersubjetividade, formação do sujeito e socialização dos indivíduos, internalização dos processos de socialização pelas crianças, a brincadeira e o jogo, preocupação com os processos de socialização primária e de ressocialização (processo de migração), adaptação a diferentes estruturas sociais, elucidação da produção da intersubjetividade, o enfoque de Chicago considera os espaços de intersubjetividade como resultado dos processos de socialização, por privilegiar a dimensão do indivíduo a Escola de Chicago traria poucas utopias de transformação, talvez o pragmatismo não se dê na prática, além da idealização de projetos futuros; expressão “individualismo metodológico” (e epistemológico), o que existe como realidade social a ser observada são os indivíduos, a produção da realidade social deriva dos indivíduos através de operações de classificação simbólica que geram definições de situação; racionalizações da atitude, avaliações e a importância da dimensão classificatória, disposição para o agir (atitude), um evento de natureza moral, assim como a definição de situação, racionalização em função dos objetivos, decodificação da realidade em função da situação, vínculos da primeira geração com a psicologia behaviorista, mas principalmente com a psicologia social, a cognição levaria à consideração das possibilidade de ação frente a determinada situação, a serem realizadas de acordo com o contexto de interações (ou espaço de intersubjetividade); a Escola de Chicago não implica uma teoria social conservadora, Simmel como inspirador da Escola não é visto como relacionado a uma perspectiva progressita, Becker e Coulon destacam que a recepção de Chicago tem sensibilidade social mas estão envolvidos com o protestantismo (luterano, não calvinista), Parks, Burgess e outros eram contemporâneos de Weber, primeira geração de sociólogos nos Estados Unidos; intelectuais ligados à teologia originaram as discussões sociológicas, questões sobre problemas sociais e migração na sociedade americana; transformações posteriores ao fim do regime escravista, construção de novas formas de sociabilidade; construção histórica do objeto urbano da sociologia de Chicago: contexto de racismo de Estado na Europa, reivindicações de homogeneidade cultural, expulsão de judeus, ciganos e grupos étnicos minoritários, forçados a migrar para os Estados Unidos, produzindo novas camadas de tensão racial e novas formas de sociabilidade, migração interna dos negros do sul para o norte (Chigago, Boston, Detroit), as tensões raciais se transformam a partir de sociabilidades migrantes e imigrantes, preocupação com o processo de recriação das relações sociais, porosidade derivada da presença massiva de imigrantes; mesmo que seja difícil pensar a transformação social a partir do individualismo metodológico não necessariamente tal corrente é conservadora, o pragmatismo colado ao ideal da reforma social de influência protestante resulta em perspectivas preocupadas com a transformação do quadro de desigualdades sociais; a Escola de Chicago não leva nem à transformação social e nem ao conservadorismo; preocupação com a condição dos individuos ao transitar entre diferentes contextos, integração social e reestruturação subjetiva, reformulação constante de máscaras sociais a partir de novos espelhos, a transformação social está ligada ao desenraizamento social dos indivíduos, estudos sobre sociabilidade infantil (Mead), reprodução geracional da formação identitária, preocupação com a democracia na sociedade americana, elaboração de mecanismos de controle social mais eficazes do que os da Europa, olhar comparativo, os estados do Norte apresentam tendências ligadas à transformação social, atitudes frente a desgualdade social, vínculos ideológicos, ideário emancipatório favorável às liberdades individuais, classe média branca indo às universidades, a Escola de Chicago não supervaloriza perspectivas européias, nem revolucionárias, liderança política da “América”, elites políticas com fundamento democrático, como descrito por Tocqueville (construção de baixo pra cima), John Dewey pensa uma filosofia relacionada ao individualismo, à construção social do indivíduo e voltada à ação; visão experimental de uma filosofia apegada ao desenvolvimento de um pensamento prático voltado a resolução de problemas sociais; qualificação interna do individualismo, crítica individualista do programa socialista, passagem obrigatória pela dimensão individual, indivíduo como única realidade do conhecimento, sede da experiência da existência, âmbito de experimentação instrumental do pragmatismo, instrumentalismo como perspectiva que considera a filosofia útil para aperfeiçoar a vida individual e social, ênfase do pragmatismo sobre o indivíduo como portador do pensamento criativo, aproximações com o marxismo (já pensamos a realidade, devemos pensar como transformá-la), colocar o sujeito no centro da teoria social, função prática do pensamento (desenvolver o comentário em termos das tendências progressistas de Chicago), inspiração européia e marxista, mente como órgão de modificação das instituições e das tradições, surgimento de um individualismo ativo a partir da filosofia pragmatista (a fonte de transformação é o pensamento, a mente individual) - se e como esse individualismo ativo se diferencia do individualismo de inspiração liberal (desenvolver o comentário em termos das tendências conservadoras de Chicago); programa de ação do pragmatismo relacionada à perspectiva individualista liberal; outro lado da Escola de Chicago parte da crítica das estruturas de desigualdade e das consequências subjetivas e intersubjetivas, compreensão crítica do contexto de conflitos entre diferentes perspectivas sociais, também precisamos pensar o processo que constrói conflitos, o racismo, a discriminação, as desigualdades são produtos do contexto relacional entre indivíduos, mecanismos de controle da ação dos indivíduos, modelação dos processos criativos; Anselm Strauss e a construção do self, da identidade, questão também presente em George H. Mead; a brincadeira e o jogo estão ligados ao individualismo ativo, modelação da ação do indivíduo por parte do grupo, interrelação entre as ações de diversos indivíduos articulados em uma interação; não há indivíduo que jogue (ou viva) sem se sujeitar às regras ou normas vigentes em dado contexto, estudos sobre o contexto de reforma das interações sociais, novas visões sobre família, controle social, liberdade da mulher, pensar a transformação social a partir da teoria sociológica, distribuição urbana das mazelas sociais, loucura, pobreza, racismo, etc.; criação de mecanismos institucionais de transformação social, reformadores sociais, visão reformista liberal, reformulação de condições sociais em favor de uma construção moral das individualidades, ênfase sobre a formação da identidade, abordagem de resolução de conflitos, distanciamento do pensamento conservador, uma teoria reformadora, mas não revolucionária, a Escola de Chicago é contemporânea de Gramsci, de Lenin, da geração marxista que pensa a luta e a revolução, nos Estados Unidos são pensados processos de transformação progressiva para permitir o surgimento de julgamentos individuais liberais e progressistas, orientados por um programa de inclusão moral voltado a produzir indivíduos adequados à democracia idealizada na sociedade americana, programas de ação social; caráter conservador dos pastores, apesar de certos pastores terem se envolvido em escândalos sexuais, cerceamento moral de contextos de desprivilégio social (prostituição, uso de drogas, pobreza, etc.); Chicago era importante no contexto da lei seca, pois muito álcool era produzido no Canadá; terras indígenas fora da jurisdição dos estados nacionais, distrito de destilaria em Toronto; construção iconográfica de Chicago, arquétipo de Gotham City, tipificação urbana, discussão de Ítalo Calvino em “As cidades invisíveis”, espaços de representação que marcam o imaginário coletivo; geração de programas de ação social adequados aos espaços em que estão os indivíduos marginalizados; crítica ao enfoque da sociologia urbana, em termos da relação equivocada entre pobreza e criminalidade, perspectiva foucaultiana, a questão sobre o crime não está em disposições individuais, mas na construção social de determinadas mentalidades (relação entre a microfísica e a macrofísica, das instituições aos modos de pensamento); triunfo da Escola de Chicago em desenvolver métodos de observação microssocial e desenvolvimento de ferramentas adequadas de análise, reenquadramento do self e dos processos de identificação, Becker e a crítica de que não se pode resolver tudo na dimensão da interação, há processos mais amplos, perspectiva de Strauss sobre o papel da linguagem na formação de identidades; o interacionismo simbólico nos permite compreender como a linguagem atua na produção da ação dos indivíduos; localização da sociologia urbana, cidade como locus, importância para o PPGS, estabelecimento de uma sociologia rural por oposição, superação do contraponto essencialista entre urbano e rural, estudos de Maria Aparecida de Moraes, o rural também é um local de industrialização, importância do agronegócio no Brasil, pensar também questões ambientais, ecologia urbana, territórios, fluxos e circuitos, a intervenção sobre o espaço pode modificar o teor e o sentido das interações sociais; surgimento de visões conservadoras relacionadas à noção de ecologia humana, perspectiva de tipos humanos, variabilidade, compreensão biologizante, esteio para estudos de matriz conservadora, pragmatismo não desvincula a capacidade de analisar da capacidade de propor soluções; visão de que as diferenças seriam irredutíveis devido ao vínculo à ecologia social, apesar de construídas socialmente; uma ontologia constantemente reconstruída, sujeitos morais cindidos moralmente; Alain Coulon e a importância do conceito de marginalidade, de homem marginal, posição estrutural que permite a crítica, estudos da Escola de Chicago sobre organização e reorganização social, migração e aculturação, conexões com Herskovits e a discussão sobre assimilação e “sobrevivências” culturais, discussão da antropologia cultural americana (Franz Boas); a construção das escolas e das perspectivas teóricas é sempre repensada, a exemplo da discussão sobre assimilação cultural, antes vista como processo que se completa; estudo da criação de hierarquias de diferença, da marginalização social, falar dos processos de inclusão e de exclusão, processos de estereotipação levam à marginalização (longe de uma perspectiva pessimista); recepção dessas leituras no Brasil; Donald Pierson e Florestan Fernandes (também haviam influências da antropologia cultural americana sobre a formação de Pierson e portanto de Florestan), “As trocinhas do bom-retiro” (Monografia de Florestan), relações entre o marxismo e a perspectiva americana sobre o uso social das brincadeiras, vivência da desigualdade na infância, demarcação da experiência de desigualdade nas brincadeiras; estudos sobre a desorganização social nas sociedades indígenas, “A função social da guerra na sociedade dos Tupinambás”, “Tiago Marques Aipobureu: um Bororo marginal”, resultados da socialização acadêmica de Florestan junto a Donald Pierson, influência a partir da tradição da USP; Gilberto Velho também trouxe influências da Escola de Chicago para o Brasil (UFRJ); aspectos estruturais na construção social de identidades de consumo, reflexões sobre a possibilidade de gerar transformação social a partir do nível individual, veganismo, a mudança de hábitos de consumo não é suficiente para a transformação social.
Questões:
1) Argumento central: Escola de Chicago - pesquisa empírica, produção de conhecimentos
úteis para a solução de problemas sociais (pobreza, imigração, integração), sociologia urbana; preocupação em desenvolver métodos objetivos de estudo das interações, de espaços de intersubjetividade, de processos de socialização primária e de ressocialização; “individualismo metodológico” (e epistemológico): os indivíduos produzem a realidade social através de operações de classificação simbólica que geram definições de situação;
2) Se o curso do mundo é considerado finalizado, podemos legitimar qualquer causa eficiente;
Mas é diferente se levamos o futuro em consideração (via materialista); O pragmatismo tem uma implicação metafísica, tomar em consideração o futuro nos faz conceber um universo inacabado, aberto à incerteza e à transformação (utopia como elemento comum com o marxismo); usos prospectivos ou especulativos da filosofia pragmatista, adequados ao modelo de subjetividade pretendido (adiamento contínuo da realização do desejo);
3) Há aproximações da Escola de Chicago com o marxismo (não basta pensar a realidade, é
preciso transformá-la), sujeito no centro da teoria social, como portador do pensamento criativo, função prática do pensamento (tendências mais progressistas); mas, também há um individualismo ativo por trás da filosofia pragmatista (a fonte de transformação é o pensamento, a mente individual) - diferenças do individualismo ativo em relação ao individualismo de inspiração neoliberal (tendências mais conservadoras);
4) Além do modelo de pesquisa da sociologia urbana de Chicago, a cidade também se torna
proeminente em termos dos regimes de representação cultural; Construção iconográfica de Chicago como representação urbana duradoura que marca o imaginário coletivo, arquétipo de Gotham City, HQ’s, tipificação urbana, discussão de Ítalo Calvino em “As cidades invisíveis”, cidades imaginadas, trabalhar o simbolismo da ideia de cidade em geral (diálogo entre Kublai Khan e Marco Polo); cidades retrabalhadas desde os soap opera (Nova Iorque) até a ficção científica (Detroit);
5) Pragmatismo: considerar suas relações com fatores nacionais; importância do indivíduo, o
pensamento criativo tem uma função prática mais do que epistemológica, individualismo ativo, o indivíduo que o pensamento americano idealiza desenvolve-se em um ambiente natural e humano, um indivíduo que pode ser educado como cidadão;
6) Interacionismo simbólico: natureza simbólica da vida social, significações sociais são
produzidas pelas atividades interativas dos agentes (Blumer); a concepção que os agentes têm do mundo social é o objeto da investigação sociológica; compreender como a linguagem atua na produção da ação individual;
John Dewey julga positivamente o individualismo, no sentido da construção histórica do
mundo por parte dos sujeitos, coerência interna do individualismo metodológico; o individualismo ativo estaria ligado ao pensamento criativo, perspectiva pragmatista, o individualismo ativo e sua relação com a educação cidadã, seria diferente do individualismo egoísta; a sociologia estaria relacionada à produção simbólica da realidade através da cognição, conexões entre diferentes áreas do campo científico; pontos de contato entre diferentes projetos sociológicos (interacionismo, marxismo, funcionalismo, etc.); ambição de explicar a formação da ação a partir do indivíduo (espaços de intersubjetividade); é trabalhada uma teoria construtivista do indivíduo, do sujeito, estudos tanto sobre processos subjetivos quanto intersubjetivos, por isso é uma sociologia e não uma psicologia social; momentos da análise: percepção subjetiva sobre a realidade, percepção intersubjetiva que leva à disposição individual de agir; função da sociologia é explicar a construção do pensamento abstrato a partir do aparato cognitivo humano; a intersubjetividade é subjetiva e social simultaneamente; o cérebro como órgão de estrutura material e fonte do pensamento simbólico simultaneamente, conversa ou jogo como modelo de interação; interacionismo simbólico como como teoria empiricamente fluida, em constante transformação; diferenciação entre individualismo epistemológico e individualismo metodológico, do comprometimento teórico à instrumentalização prática; inspirações interacionistas em Bourdieu; discussão sobre etnografia e a reformulação da percepção sobre experiências marginais na etnografia da Escola de Chicago, agora parte integrante de um mesmo cotidiano na urbanidade;
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)