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Teoria Sociológica I - resumos, comentários e anotações de aula

Profª Jacqueline Sinhoretto

Aula 1 - Jeffrey Alexander e Raewyn Collins

Texto 1 - “A importância dos clássicos” (Alexander)


Resumo (visão geral e principais pontos):

Relação entre ciência social e os clássicos; relação entre ciências sociais e ciências
naturais; clássico como status privilegiado; exegese e reinterpretação dos clássicos
(corrente disciplinar);

“O desafio do empirismo à importância dos clássicos”: não há clássicos nas ciências


naturais; visão positivista de continuidades científicas entre o social e o natural; Merton e a
separação entre sistemática e história da teoria sociológica; posição da sociologia entre
ciência e humanidades; mistura indesejada de sistemática história; alternativas de
isolamento entre sistemática e história;
Desafio empírico à importância dos clássicos: não há clássicos nas ciências naturais,
portanto, ciências sociais e naturais são a mesma coisa (Merton por Alexander); para
Merton não há limitação paradigmática nas ciências sociais, são organizadas por
especialidade empírica; terminologia da ciência progressiva (pré-descoberta, antecipação,
acumulação);
Tese de Merton contra a importância dos clássicos: o significado de textos antigos e
notáveis estaria aberto a todos;

“A visão pós-positivista da ciência”: o fato de uma disciplina possuir clássicos não depende
do empirismo, e sim do consenso disciplinar sobre coisas não-empíricas; quatro postulados
da persuasão positivista nas ciências sociais: 1) ruptura epistemológica entre observações
empíricas: a) específicas e concretas; e b) gerais e abstratas; 2) preocupações gerais
exigem significado fundamental para uma prática disciplinar empírica; 3) questões gerais só
podem ser qualificadas em relação a observações empíricas; 4) o desenvolvimento científico
é progressivo, linear e acumulativo; diferenciação no campo científico como produto da
especialização em domínios empíricos;
Estes postulados foram duramente questionados pela nova onda na filosofia, história e
sociologia pós-positivista;
A postura pós-positivista reabilita a teoria: 1) a distinção fato-teoria é analítica, observações
são moldadas pela teoria vigente; 2) empreendimentos científicos não se baseiam só em
observações empíricas; 3) a elaboração teórica geral é dogmática e não progressiva, por
exemplo frente a evidências contraditórias; 4) mudanças na crença científica ocorrem
quando alterações empíricas são acompanhadas por alternativas teóricas;
Negação das premissas do desafio empírico de Merton; explicação não-empírica de porque
as ciências naturais não possuem clássicos;

“Porque não existem clássicos nas ciências naturais: uma visão pós-positivista”: a
epistemologia da ciência não determina temas particulares para as atividades de cada
disciplina científica; depende de um “sentir” empírico; o enfoque explícito em questões
empíricas seria o que distingue as ciências naturais das sociais; o que é importante em cada
campo depende das preocupações profissionais; o consenso é o que diferencia atividades
científicas e não-científicas (Habermas);
A ausência de clássicos se deve à centralidade das dimensões empíricas nas ciências
naturais, as dimensões não-empíricas estão apenas camufladas;*
No lugar dos clássicos as ciências naturais utilizam modelos, padrões específicos de
explicação do mundo (Kuhn), papel apriorístico semelhante aos “clássicos”; cientistas
sociais absorvem tanto clássicos quanto modelos;

“As razões pós-positivistas em prol dos clássicos”: a aplicação social da ciência gera muito
mais discordância; é possível acumular conhecimento a partir de diversos pontos de vista;
um consenso sobre a natureza do conhecimento empírico é improvável nas ciências sociais;
Razões cognitivas e valorativas para as diferenças de consenso em ciência social: 1) os
referentes empíricos de objetos científicos dependem da comunicação interpessoal,
possibilidade de confusão entre estados mentais na produção de conhecimento; 2) natureza
estimativa das ciências sociais, implicações ideológicas, relação entre valores políticos e
sistemas de pensamento (Mannheim); 3) se não há consenso sobre referentes empíricos,
quiçá sobre abstrações baseadas nos mesmos; 4) toda percepção empírica se torna tema
de debate, diferenciação por tradições e escolas, alicerces culturais da discordância
científica;
O discurso é um traço destacado do campo da ciência social, ênfase no processo racional,
busca de persuasão por meio de argumentos;
Foucault, sociologia como campo discursivo, há inúmeros discursos, que procuram a
verdade;
Habermas, comunicação não-distorcida, conceituação de aspirações racionais;
A polivalência da teoria na ciência social se deve à importância do discurso; positivistas
tentam excluir a teoria em favor da explicação estrita;
Stinchcombe: Marx, Durkheim e Weber como analistas empíricos, métodos teóricos;
A predominância do discurso na ciência social gera sua superdeterminação em teoria e sua
subdeterminação de fato;*
Exemplos de subdeterminação empírica: Blau, teoria estrutural, teorema do tamanho,
proporção entre tamanho de grupos e relações externas, desvinculação entre dados
empíricos e teoria; Lieberson, relação entre a herança da escravidão e a falta de
oportunidades, correlações que não conseguem comprovar a teoria proposta;
Exemplos de superdeterminação teórica: Weber em A Ética Protestante, contestação da
aproximação do espírito capitalista com os empresários ingleses do século XVI, amostra
restrita, coleta de dados tendenciosa; Smelser, Mudança social na era industrial, distância
entre indicadores empíricos e teoria, dados de arquivo sobre estrutura familiar; Skocpol,
uma perspectiva impessoal e não-subjetiva sobre a revolução, determinismo institucional;
Na verdade, a subdeterminação empírica e a superdeterminação teórica andam juntas*:
A ciência social é sempre sujeita a contestações, e toda proposição exige justificação à luz
dos princípios gerais; Blau, Lieberson, Smelser e Skocpol erram, antes, na montagem de
seu enfoque teórico;
O discurso não implica abandonar a pretensão de verdade, mas todo discurso supra-
empírico implica a absorção de critérios de verdade distintos (racionalização das
complexidades da análise social); as disputas vistas em campo são mais do que discussão
empírica, refletem a articulação de “critérios de verdade”;
A aprovação ou reprovação contida na resposta disciplinar a uma obra coloca em questão
os critérios de verdade utilizados, às vezes mais do que os referentes empíricos;
A discordância endêmica na ciência social torna os pressupostos fundamentais mais
explícitos, por isso o papel dos clássicos se torna mais proeminente;*
Razões para a importância dos clássicos acompanhar a importância do discurso: deve haver
base para os relacionamentos culturais; a importância dos clássicos surge da necessidade
de integrar o campo do discurso teórico; formação de limites disciplinares; o reconhecimento
consensual dos clássicos implica um ponto de referência comum;
Razões funcionais: 1) simplifica e condensa as discussões; uso dos clássicos para
tipificação e comparação; 2) possibilidade de discussões gerais sem ter que explicitar
critérios; função concretizante dos clássicos; 3) pode-se assumir um discurso geral (ou
esquecer dele) por trás do instrumento de comunicação (corpo teórico) que se assume,
devido à assimilação incontestada dos clássicos; 4) razões estratégicas de legitimação;
Razões intelectuais: quanto mais generalizada for a discussão científica menos cumulativa
será; avaliações gerais são amparadas menos por qualidade do que por preferência; o
discurso geral apela para qualidades pessoais, que não são progressivas;

Três maneiras de distinguir o conhecimento pessoal:


“Pela interpretação dos estados mentais”: qualquer generalização sobre fenômenos sociais
depende de uma concepção, de motivos; os clássicos permitem compreender inclinações
subjetivas da humanidade; Durkheim, Goffman, suas obras são clássicas pois é preciso
voltar a elas;
“Pela reconstrução do mundo empírico”: importância do talento de seleção e reconstrução
do cientista, capacidade criativa para representação, uma capacidade mental; foram
necessárias gerações para recapitular o que Marx ou Weber escreveram; nos aspectos mais
importantes não ultrapassamos seu conhecimento;
“Pela formulação de avaliações morais e ideológicas”: quanto mais geral uma assertiva
científico-social mais deverá gerar auto-reflexão sobre o significado da vida social;
declarações ideológicas também podem alcançar status clássico; relevância dos clássicos
para a prática da ciência social; tornar uma obra clássica é torná-la chave para a discussão;
Merton errou ao patologizar a mescla entre história e sistemática da teoria sociológica; sua
mescla e separação são endêmicas; razões para a divergência entre ciências naturais e
sociais: disciplina empírica que se alimenta de forma discursiva; os sociólogos devem sim
ser capazes de escrever a “história da teoria”;

“Ingenuidade fenomenológica: por que desconstruir os debates clássicos”: O hiato entre


sistemática não existe e nem pode existir, ele só é real na mente do cientista; examinar os
clássicos “como são” (falta de autoconsciência); discussões interpretativas, Parsons, a
descoberta de valores pelos clássicos se converte em seus dados empíricos, devido a uma
intenção interpretativa encoberta;
O cientista social deve adotar uma atitude ingênua (Husserl) em relação aos clássicos;*
Os cientistas não percebem que são eles mesmos que transformam textos em clássicos;
É por exprimir ambições sistemáticas em discussões históricas que os cientistas sociais
precisam dos clássicos; a intenção científica cria a realidade dos clássicos;
A objetividade da vida social depende da capacidade do agente de tornar a criação
intencional de objetividade invisível para a própria consciência (Husserl);*
A intencionalidade surge entre “parênteses fenomenológicos”; prática científica de ocultar a
objetividade dos clássicos;
Clássicos são projeções de interesses teóricos e interpretativos*;
Todo texto é uma construção intencional (Derrida); a ausência ou presença de
intencionalidade define a natureza de um texto; uma descrição produz sempre presenças e
ausências; desconstrução de textos fundados na ausência; desconstruir discussões
científico-sociais sobre os clássicos como forma de demonstrar a importância dos mesmos;

“Interpretação dos clássicos como argumento teórico: Talcott Parsons e seus críticos do
período pós-guerra”: forma coerente da teoria social no período pós-guerra; teoria estrutural-
funcionalista; objeções já na década de 50; um novo campo teórico surge nos anos 70;
moldagem de argumentos de longo alcance através dos clássicos; deslocamento teórico da
europa para os estados unidos; Parsons e o estrutural-funcionalismo surgem a partir de uma
oposição a tradições que surgiam no contexto da guerra, como a Escola de Chicago; razões
extra-científicas para a aceitação de suas obras; invocação dos clássicos;
Pragmatismo, evolucionismo e institucionalismo (tradição americana)*;
Seu livro A estrutura da ação social compilava os grandes achados da geração anterior;
Marshall, Pareto, Durkheim e Weber; a qualidade da prática interpretativa de Parsons é que
lhe gerou reconhecimento na discussão dos clássicos*; seletividade na organização da
discussão clássica, de acordo com sua tese estrutural-funcionalista; leitura apressada sobre
Durkheim, enviesamento interpretativo; ignorou aspectos chave da sociologia política de
Weber;
Após a segunda guerra mundial a interpretação de Parsons sobre os clássicos passou a ser
aceita; a teoria funcionalista seria um resultado lógico do caminho aberto pelos clássicos;
além de negligenciar Marx como clássico, ocorreu o mesmo em relação à Freud;
Movimento teórico e empírico contra o funcionalismo, década de 50; interesses teóricos e
estratégias interpretativas também permeiam tal movimento; Hinkle, Coser e Levine
criticaram a orientação problemática da interpretação de Parsons;
Decisão de Parsons em eliminar um capítulo sobre Simmel de A estrutura da ação social;
Parsons excluiu Simmel pois sua inclusão significaria a disseminação de influência anti-
funcionalista;* acusação de omissão;
A desconstrução da escola parsoniana permitiu a ascensão de Marx como clássico, mas
ainda sob o disfarce da teoria do conflito; posteriormente procurou-se orientar a teoria social
para o poder e a economia; Gouldner e Giddens tentaram desfazer algumas das
interpretações equivocadas de Parsons sobre Durkheim; Martindale e Bendix agiram no
mesmo sentido em relação a Weber; contestação das traduções idealistas de Parsons;
Herrschaft como coordenação imperativa, ao invés de dominação; Roth e Mitzman
revisaram o Weber de Parsons; Wrong revisou o Freud de Parsons;
Combate à hegemonia teórica funcionalista, desenvolvimento de escolas teóricas capazes
de fornecer uma alternativa sistemática; essas escolas definiram seus próprios clássicos,
em oposição à Parsons; antifuncionalismo e a dupla tarefa de encontrar novos clássicos e
livrar-se de Parsons como clássico contemporâneo; Parsons e os antigos clássicos tinham
que ser separados; “desparsonização” dos clássicos (Pope);
Teoria do conflito: Rex, Dahrendorf e Coser, definição de uma teoria sistemática em
oposição a Parsons; pontos fracos da obra do “neoclássico”; a destruição de Parsons
simbioticamente ligada à construção de Weber e Marx; Coser elege Simmel e Freud como
mestres teóricos do conflito;
Teoria da troca: Homans, reinterpretação de Parsons, “ação anti-humana”, raíz da teoria da
troca na economia política de Adam Smith;
Etnometodologia: axiomas de Garfinkel como paráfrases de obras fenomenológicas
anteriores; tentativa de introduzir Schutz como clássico; intenção de criar uma escola;
simpatia por Schutz encoberta pela ênfase nos valores sociais de Weber; corrente de
estudos empíricos; para Parsons, os agentes eram “dopados culturais” (Garfinkel),
surgimento de um tipo “antiparsoniano”;
Interacionismo simbólico: oposição de Blumer à teoria parsoniana, Mead como patrono;
Sociologia radical: Friedrichs e Goldner, ao invés de defenderem Marx, insurgiram-se contra
Parsons, concebendo-o como um idealista do Estado burocrático; Goldner tentou tornar
Marx clássico, mas sua perspectiva mudou, em termos liberais;
Demolição da interpretação parsoniana dos clássicos, ele não repeliu preocupações teóricas
em favor de um relato histórico; falha na reconstrução parsoniana da tradição sociológica
clássica; clássicos titulares foram reapresentados, e aqueles deixados de lado ressurgiram;
a ameaça à Parsons fez com que Marx despontasse; a ênfase em suas obras anteriores ou
posteriores gerou determinado enfoque empírico;
Surgimento dos Estudos Culturais: relação dos símbolos com os conflitos sociais, clássicos
marxistas e a leitura de Williams sobre os aparelhos ideológicos do Estado, em Althusser;
Movimento americano de análise cultural: Bellah, diferente dos Estudos Culturais, derivam
de Parsons e Durkheim, portanto havia divergências fundamentais;
Desclassicização de Parsons: em As novas regras do método sociológico, Giddens afirmou
que as interpretações de Parsons sobre os clássicos se tornaram um obstáculo ao
desenvolvimento da disciplina;
De modo pendular, outros teóricos tentaram resgatar e preservar o legado de Parsons e sua
interpretação dos clássicos;
Questionamento da definição da teoria americana como uma alternativa individualista ao
coletivismo dos clássicos europeus;*
Para Alexander, seria possível um neofuncionalismo baseado na releitura de Parsons;
Exame parcial do debate sobre clássicos no período pós-guerra; a releitura dos clássicos
gera novos clássicos; a aceitação dos clássicos, entretanto, é funcional, pois permite
planificar os termos da discussão;

“O humanismo e os clássicos: por que o desafio historicista está errado”: defesa dos
clássicos, da relação inextricável entre interesses teóricos contemporâneos e pesquisas
sobre o significado de textos históricos (posição do autor)*; defesa dessa posição contra
críticas;
Penetração da abordagem historicista na discussão sociológica; as humanidades
tradicionalmente defendem a importância dos clássicos (Merton);
Por trás da injunção empírica contra os clássicos há uma negação da relevância da
interpretação textual para as ciências sociais;*
Skinner oferece a história intelectual que Merton não conseguiu encontrar, de qualidade
abstrata e antiempírica; convicção de que o círculo hermenêutico pode ser rompido, de que
o mundo real se revela àquele que sabe como e para onde olhar (Skinner); historicismo e a
ênfase no contexto e na intenção, como se textos antigos pudessem ser lidos fora da
percepção contemporânea;
Defender a autonomia dos clássicos frente à intenção e ao contexto é defender a própria
prática interpretativa*; devido à importância da interpretação é que se deve proceder à
mistura entre sistemática e história;
Crítica das conclusões em que se baseia o historicismo:
“Contexto singular versus contexto infinito”: as convenções linguísticas de dado período
poderiam revelar o universo intelectual de uma obra; questionamento da capacidade da
história em espelhar a sociedade, seria mais realista reconhecer que as generalizações são
seletivas; a seleção exige comparação com precedentes;
“Intenção transparente versus intenção opaca”: levar em conta a vontade autoral; confiança
empírica na transparência do mundo social, acredita-se que as intenções do autor revelam
as convenções do texto; para Skinner basta observar o que o autor quis dizer; a psicanálise
nos ajuda a demonstrar o ocultamento inconsciente das intenções mesmo para os próprios
sujeitos; ceticismo em relação à autocompreensão racional; não esquecer da autonomia do
texto; o estruturalismo e a semiótica chegaram à mesma conclusão; o que o texto diz
importa muito mais do que o autor quis dizer (Ricoeur); a coincidência entre a intenção do
autor e o significado do texto é irrelevante, pois o historiador não conseguiria apreendê-la
(Gadamer); os textos só se revelam em contexto histórico graças à interlocução;
“Textos explícitos versus textos polivalentes”: o historicismo descarta o estudo do significado
do texto em si; teoria pragmática e anti-semiótica do significado; é preciso admitir a
autonomia do texto, a intenção só pode ser descoberta no texto; crença na natureza oculta
da intenção; excesso de significado (Ricoeur), superdeterminação simbólica (Freud); os
textos facultam o processo de comunicação pois derivam de regras socialmente construídas
e transmitidas; a argumentação cultural está fadada a ser relativa;

Texto 2 - “O império e a criação de uma Ciência Social” (Collins)


Resumo: visão geral e principais pontos:

Criação do cânone da sociologia nos Estados Unidos, como um esforço de reconstrução do


primeiro projeto sociológico euro-americano; compreensão no cenário da história global,
imperialismo;

“Histórias de origem”: citar Marx, Durkheim e Weber é um padrão, um programa de estudos


que narra a sociologia como resposta a grandes mudanças na Europa (revolução industrial,
conflitos de classe, secularização, alienação, Estado Moderno); idéia de que tais autores
permanecem no núcleo da sociologia moderna; a ideia de teoria clássica inclui um cânone
(conjunto privilegiado de textos cuja interpretação define um campo);
Os sociólogos do período clássico não tinham essa história de origem, não havia uma lista
de textos clássicos*; na última década do século XIX a sociologia despontou como ciência,
lista elaborada por Lester Ward; surgiam revistas, cursos, sociedades de sociologia; “a lista
de notáveis” se tornou comum em compêndios; “Bíblia verde” da Escola de Chicago; nos
anos 20 não havia a percepção de certos textos como “clássicos”;
Há fortes razões para duvidar do retrato convencional da criação da sociologia, história da
sociologia como um produto coletivo;

“A diferença global e o império”: “A sociologia como uma disciplina acadêmica e um discurso


público foi construída durante as duas décadas finais do século XIX e a primeira década do
século XX em grandes cidades e vilas universitárias da França, Estados Unidos, Inglaterra,
Alemanha e, um pouco depois, da Rússia”; tentativas de interpretar a modernização
industrial; entretanto, não se enquadra com o que os sociólogos da época escreveram,
pouco sobre modernização nos compêndios; Durkheim e o L’Année Sociologique, doze
edições, 2400 resenhas, 30% dos textos da Europa ocidental/setentrional e Estados Unidos;
o estudos da sociedade industrial e de sociedades mais recentes disputavam espaço com o
predominante estudo de sociedades antigas;
A ideia definidora para o domínio da sociologia nesse período foi a diferença entre a
civilização da metrópole e outras culturas cuja característica principal era seu primitivismo
(diferença global); esse conceito acompanha uma discussão sobre “origens”; evolucionismo,
Herbert Spencer, Princípios de sociologia, um arranjo evolutivo do social, sobretudo, a partir
das instituições; fórmula do desenvolvimento da origem primitiva para uma forma avançada
(pensamento vitoriano); aplicação sociológica de uma lógica familiar ao público (exemplo de
Da divisão social do trabalho); a ideia de origem não era tomada como questão histórica
concreta, no pensamento sociológico o tempo funcionou como sinal da diferença global;
falta de distinção entre os exemplos de hebreus e da Cabília, na Argélia, usados por
Durkheim; o autor sabia da Cabília pois a França inicia uma dominação colonial sobre a
Argélia no início do século XIX; vida social dos colonizados e dos colonizadores; a Argélia
não foi caso isolado (Tunísia, Indochina, Laos, Camboja); Tratado de Berlim de 1885
(Europa e Império Otomano, “regras coloniais”); enquanto Durkheim escreveu suas
principais obras as forças armadas coloniais francesas travaram guerra com regimes
muçulmanos no interior norte oeste da África; houve um novo dinamismo no império
britânico a partir das colônias dos Estados Unidos (expansão territorial ao oeste);
colonização russa, expansão da Prússia (tema de pesquisa de Weber);
A primeira guerra mundial levou o poder ocidental para uma escala global*;
A sociologia foi criada nos centros urbanos e culturais dos poderes imperiais, e os
intelectuais eram conscientes disso; impactos que a expansão global do poder do Atlântico
norte teve sobre a cultura popular e a vida intelectual; parte do significado da sociologia
envolve sua criação dentro da cultura do imperialismo;

“O conteúdo e o método da sociologia”: ideia de que contribuições sociológicas deveriam ser


aproveitáveis em uma teoria do progresso (Arthur Todd); Stuart Mill foi um dos únicos que
se precaveram, Spencer e os melhoramentos morais; descobrir e expor leis do progresso
foram o núcleo da sociologia por décadas; O livro Princípios de sociologia de Spencer
construía histórias evolutivas a partir de escritos de viajantes, missionários e colonizadores;
na época de institucionalização da sociologia a principal prova do progresso era o contraste
entre sociedades metropolitanas e colonizadas; a preocupação com o progresso era
inseparável da ciência, e constitutivo do conhecimento sociológico; uma explicação do
progresso que a sociologia espalhou para além da metrópole;
Uma ciência social baseada em relações sociais do império e preocupada com o progresso
evolutivo necessariamente se relaciona com raça, gênero e sexualidade; Du Bois e a linha
de cor; a sociologia refletiu e reflete as relações sociais do imperialismo; percepção baseada
no conceito de progresso a integrar a sociologia; racismo antissemita contra Durkheim;
conflito entre Comte e Mill acerca da sujeição das mulheres; Spencer e as questões de
gênero em sua discussão sobre o status das mulheres (menstruação, prostituição, sodomia,
etc.); influências do feminismo da primeira onda;
No contexto imperial as questões raciais e de gênero não estavam separadas*; medo da
miscigenação; abstração corajosa caracteriza o método sociológico; no sentido de “leis”, a
exemplo de Durkheim; o método comparativo pretendia agrupar espécies sociais; tal método
depende da capacidade de se deslocar e examinar diferentes sociedades, característica das
relações coloniais de dominação; o olhar imperial presente em Spencer, ao buscar uma
base estatística para demonstrar a evolução social através de estudos comparativos; ideia
de grande etnografia, um estilo baseado na ideia de diferença global, uma descrição
holística, universalizante de sociedades na origem e no final do progresso; Da divisão do
trabalho social seria a mais rigorosa grande etnografia, distinção de leis primitivas e
modernas; a grande etnografia foi um clímax da sociologia comteana;

“A sociologia na cultura política do império”: mobilização de trabalhadores e de mulheres,


europa e américa; Harriet Martineau como primeira mulher socióloga (anacronismo); a
modernidade a partir do ponto de vista dos colonizados; escritores de diversos locais, do
oriente médio à China; racionalização de interesses sociais particulares através da “ciência
da sociedade” (Bakunin); importante considerar a localização em que se desenvolve a
sociologia, entre homens da burguesia metropolitana liberal; apesar disso sociólogos não
eram apenas ricos ou apologistas; Weber e Durkheim eram críticos da aristocracia, ainda
sim se beneficiavam das hierarquias;
Surgimento da Associação para a Promoção das Ciências Sociais em Londres, 1857,
copiado em Boston, o currículo acadêmico estadunidense era fortemente moralizado;
sociologia e promoção de melhoramento moral (Mill); os cursos e departamentos de
sociologia começam a surgir em 1890, nos Estados Unidos, enquanto isso as associações e
periódicos se disseminavam mais facilmente na Europa; construção de conexões
internacionais, base prática para o desenvolvimento da sociologia como um arranjo cultural
internacional; ambições de universalização; best-sellers sociológicos, Benjamin Kidd; o
pensamento sociológicos surge primeiro como literatura elevada; a relação dos escritores
com o público se torna mais profissional; uma ciência politicamente carregada; expectativa
de ensinamentos morais sobre cientistas sociais; questão liberal da tensão entre o princípio
reformador e o privilégio material; lutas liberais contra o Antigo Regime; crenças
culturalmente poderosas; o projeto universalizante da cultura burguesa alcançou seu limite
no colonialismo (Ranajit Guha); liberdade, direitos e independência, princípios invioláveis
cuja violação era condição do exercício colonial de poder; apagamento intelectual do
colonialismo a partir da grande etnografia e do método comparativo; ficção da evolução
social, diferença global; substituição da religião missionária pela ideia de superioridade
evolutiva dos colonizadores como justificativa do império; Spencer se opunha à conquista
imperial mas via os colonizados como raças inferiores, propensos a perder a competição
evolutiva; aproximação entre naturalizar o progresso e justificar o império; trabalho
ideológico da sociologia em favor do imperialismo; leis legítimas do progresso em favor da
evolução e da colonização; combinação entre problemas do império e problemas da
metrópole;

“A crise e o refazer da sociologia”: escassez de atrocidades na modernidade como prova do


progresso (Ward); grande guerra e crise no imperialismo; anos 40, segunda crise do
imperialismo; onda de disputas por libertação; a centralidade geopolítica dos Estados
Unidos após a Segunda Guerra Mundial gerou como consequência para a sociologia uma
separação intelectual no Atlântico Norte; a guerra e a violência colonial impactaram a crença
na evolução social; a visão de mundo da sociologia metropolitana foi rompida; o otimismo
barato foi proibido pela história; endurecimento disciplinar realista; o projeto sociológico
poderia ter desaparecido ou se dissolvido; O declínio do ocidente, obra de Oswald Spengler,
expansão européia como assassina de outras culturas; síntese da psicanálise com
sociologia estrutural para explicar o fascismo (Mannheim); Du Bois, indo da sociologia ao
ativismo conectou questões raciais com movimentos no mundo colonial; movimentos
revolucionários também criaram alternativas, mas nenhuma substituiu o quadro da velha
sociologia; a germinação da sociologia junto ao novo poder mundial nos Estados Unidos
representou uma ruptura epistemológica (1920-1950); diferença e desordem social dentro
da metrópole como novo objeto da sociologia; proeminência da Escola de Chicago;
enquanto a velha sociologia enfatizava diferença entre a metrópole e a colônia a nova
sociologia destacou diferença dentro da metrópole; uso de técnicas estatísticas; pesquisa
empírica nos centros urbanos; financiamento corporativo e governamental, desenvolvimento
disciplinar rápido; especialização e a visão organizacional; o cientificismo empírico da nova
sociologia estadunidense falhou em conquistar legitimidade ao substituir a velha sociologia
européia;

“O novo conceito de sociologia e a nova história de origem”: após o colapso do


evolucionismo o cânone clássico começou a se formar (Hinkle); bem-estar social acumulado
nos Estados Unidos, sistema de educação superior de massa; expansão de programas de
pós-graduação; Talcott Parsons chamou atenção para a desintegração do projeto disciplinar
da sociologia, colapso da pauta comteana, diferença e desordem como novo centro teórico
da disciplina; ideia de um sistema social; método de pensar a metrópole como sociedade
circunscrita em si mesma; surge um modelo de ação social; disputa entre narrativas para
estabelecer uma visão canônica; Parsons adquiriu aliados; Wright Mills e o analista social
clássico (sociologia clássica como estilo de trabalho); o surgimento da literatura de
comentário acompanha a tradução de textos importantes para o inglês (1930-1950);
influências complexas por trás da escolha dos fundadores; mesmo como força cultural
global o marxismo permaneceu fora dos compêndios até os anos 1940; influência chave nas
políticas africanas de descolonização; Marx só se tornaria de fato um fundador a partir de
1960, com a sociologia radical;
Trindade Marx, Durkheim e Weber como desenvolvimento tardio, outros candidatos caíram,
um esforço interpretativo particular da sociologia teórica consolidou tal formação nos anos
1970; a disciplina também se espalhou pela importação de intelectual da metrópole,
exemplo da USP;

“Reflexão”: o cânone clássico surge nos Estados Unidos, esforço de reconstrução após o
colapso do projeto euro-americano; compreensão a partir da história global, imperialismo;
poder simbólica da sociologia clássica; uma história internalista desvia a atenção sociológica
de análises sociais com origem intelectual fora da metrópole; acionamento de perspectivas
internacionalistas; diálogos sobre modernidade e colonialismo; Du Bois, Sol Plaatje, Jomo
Kenyatta;

Comentários da aula 1 (vídeo): porque estudar os clássicos, a importância dos clássicos,


porque alguns foram incluídos em teoria sociológica I, enquanto que outros não;
Livro Teoria Social Hoje, publicado em 1987; um debate dos anos 1980; no Brasil chegou
em 1999, Jeffrey Alexander, autor estadunidense, referência de teoria social nos Estados
Unidos, discussão com autores de língua inglesa;
Jaque se formou na vertente francesa; divisão feita por Raymond Aron, autor francês,
diferentes configurações do debate sobre teoria social; há também uma vertente alemã
vindo de Marx e Weber; Escola de Frankfurt, vinculação com a filosofia alemã, mas se forma
no Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Nova Iorque; o texto de Alexander, traz
uma leitura não exclusiva, há muitas outras; entretanto suas considerações gerais sobre os
clássicos e sobre teoria social são pertinentes;
Raewyn Connell, autora australiana; ISA (International Sociology Association), se situa 30
anos na frente na discussão, em relação a Alexander;
Não podemos perder de vista que o enquadramento intelectual do PPGS se situa no interior
discussões da sociologia brasileira, Connell chega a tocar em temas de campos paralelos,
na chave da discussão sobre modernidade e colonialismo; a abordagem em teoria
sociológica I se volta a pensadores e pensadoras mais gerais, globais, e a sociologia
brasileira se mostra predominante em optativas e nas linhas de pesquisa; a proposta na
disciplina é a discussão global em torno da sociologia;
Não há objeto sem teoria*; consenso na epistemologia da ciência; aspectos apriorísticos do
conhecimento; um objeto só é sociológico à medida que passa pelo enquadramento de uma
teoria propriamente sociológica; a distinção do objeto depende do enquadramento teórico;
apesar de haver muitas possibilidades de intersecção entre teorias, psicanálise, economia,
etc.; impossível discutir um objeto de modo sociológico antes de um enquadramento teórico
propriamente sociológico; formulação de problemas de pesquisa de acordo com as teorias
estabelecidas a priori; a observação empírica depende do a priori teórico; a teoria permite a
enunciação do objeto no discurso; na medida em que estabelecemos nossos fundamentos a
priori nos aproximamos de um tipo de neutralidade adequada na produção de
conhecimento, e passamos a explicitar nossos pressupostos com mais clareza;
Jeffrey Alexander: discussão do estatuto da Ciência Social, empírica e teórica ao mesmo
tempo; corrente do empirismo lógico na teoria da ciência, proposta de que as abordagens
teóricas devem ser evitadas; minimização da importância da interpretação; ideia positivista;
o dado não seria resultado de interpretação? as teorias contemporâneas dizem que os
dados são construídos; as ciências naturais seriam mais científicas, mas a teoria e as
camadas interpretativas estão apenas camufladas; não há observação sem interpretação
(consenso); questão da tradução da percepção, do uso de diferentes instrumentos de
análise; a ideia de que a empiria e a interpretação pertencem respectivamente às ciências
naturais e sociais já foi superada; Alexander recupera Merton, sobre o porquê dos clássicos;
para Merton a exegese com clássicos seria insípida, paralisia histórica; não haveria validade
dos textos clássicos? os clássicos fixam critérios básicos de um campo e acompanham o
conceito de status privilegiado; mas seria importante balancear os contemporâneos; para ler
um clássico não preciso do contemporâneo, mas para ler um contemporâneo preciso do
clássico; três partes do texto de Alexander: 1) refutação de que os clássicos não teriam
importância (contra o empirismo lógico); 2) descrição do uso dos clássicos pelas novas
escolas; 3) refutação da ideia de que seria possível não interpretar (contra o historicismo);
para Merton o acúmulo empírico de conhecimento é a base do avanço científico (progresso
linear); ideia de que não seria necessário estudar os trabalhos antigos; questionamento das
premissas de Merton: nas ciências naturais não haveria clássicos, uma ciência seria sempre
empírica e cumulativa, e as ciências sociais e naturais fariam parte da mesma forma de
conhecer; invocação da perspectiva pós-positivista de ciência para criticar Merton; Kuhn e
os paradigmas, há revoluções epistemológicas, o conhecimento não é necessariamente
linear, a refutação que causa revolução nem sempre consiste em uma derivação empírica,
também pode ser teórica; nesse sentido o empírico não manda nem nas ciências sociais
nem nas ciências naturais; positivistas reduziriam a teoria aos fatos; questões não empíricas
surgem quando há discordâncias; os a prioris das ciências naturais consistem em modelos,
exemplo de trabalhos empíricos bem-sucedidos; cientistas sociais absorvem tanto modelos
quanto clássicos; os postulados básicos nunca ficam ocultos nas ciências sociais, pois
sempre são discutidos, nunca são definidos por completo; a crise paradigmática é rotineira
nas ciências sociais; a divergência é sempre mais provável; quatro razões pra diferenciação
teórica no campo social: a própria ciência é interpessoal e interpretativa; simbiose entre
descrição e avaliação, implicações ideológicas; mesmo os esforços de matematização
geram modelos particulares; as tradições e escolas diferenciam a ciência social; alicerces
culturais da discordância são inevitáveis; ciência social se trata de discurso; discurso como
modo de argumentação, persuasão, coerência lógica, visão interpretativa; todo texto produz
ausência e presença, a ideia de discurso implica que seus conteúdos não sejam
controláveis; leitura apressada de Foucault, crítica sobre a vinculação dos discursos à
legitimação do poder; contraponto com Habermas; o discurso também não é sempre
racional; o discurso científico estaria entre as lutas de poder e a racionalização; os próprios
indicadores são fruto de uma leitura teórica sobre os dados; exemplos de pesquisas que
apresentam distanciamento entre dados e teoria; mesmo nos trabalhos clássicos suas
conclusões não são consensuais, aprende-se para muito além do consenso, em método,
conceituação, etc; o acúmulo não é suficiente para o avanço científico, pois é possível
discordar! não é possível dissociar a construção histórica e a sistemática teórica da
disciplina, pois o surgimento de contemporâneos implica uma reinterpretação constante do
contexto passado, social e textual; exemplo de Parsons, utilizando os antigos clássicos para
eleger novos, incluindo a si mesmo; a resenha significa escolher, dar relevo, assim como
silenciar; leitura parsoniana de Durkheim como conservador e idealista; segundo ele o foco
durkheimiano seria o problema da ordem; arbitrariedade com que foram construídos os
clássicos; Durkheim já foi lido de formas totalmente diferentes, e utilizado mesmo no sentido
oposto ao pretendido por Parsons, cada autor e cada leitura resulta em escolas diversas;
debate sobre antissemitismo do ponto de vista republicano (Durkheim se considerava um
socialista); a leitura e o posicionamento permitem o ensino e a prática sociológica;
O ponto de encerramento de Alexander é também o ponto de partida de Collins; reação à
hegemonia estabelecida por Parsons; estabelecimento de outras perspectivas a partir de
oposições; crítica estereotipada de Randall Collins sobre Simmel, leitura de Coser sobre
Simmel traria uma perspectiva de conflito conservadora, enquanto a preocupação
revolucionário estaria na chave do próprio Collins; tanto Collins quanto Alexander
concebem Weber como continuador do trabalho de Marx;
Raewyn Connell: relação entre a narrativa da sociologia e a narrativa imperial; estudos
culturais, pensamento pós-colonial, Said, construção da ciência ocidental como continuação
da hegemonia fundada no colonialismo, os europeus podem falar sobre o mundo todo pois
estão no mundo todo; relação saber-poder e o privilégio da mobilidade global e de visão de
mundo cosmopolita; pensar pesquisa e teoria como origem de provas da evolução no início
da sociologia; Comte e Spencer como fundadores; Durkheim como interventor tardio; falha
do primeiro projeto com o rompimento da aliança imperial, principalmente durante a
segunda grande guerra; perseguição de autores judeus, a sociologia sofre um vácuo teórico,
Parsons tenta reorganizar o projeto sociológico e propõe uma leitura dos clássicos; os
movimentos estudantis trazem Marx para o panteão clássico depois; vinculação do cânone
com o imperialismo americano; sempre houve perspectivas de oposição; o novo cânone
passa a incluir a Escola de Chicago, tentativa de redefinição do modelo teórico; discussões
sobre diferenças internas na metrópole; importância para o projeto de descolonização, ainda
sim Connell centraliza o imperialismo estadunidense; o texto é crítico mas acaba repondo
um simbolismo imperial ao destacar essa genealogia? é preciso entrar no quebra-cabeça
pra desmontá-lo;
Relações com Avtar Brah?

Questões:
Reação empirista aos clássicos (Merton); posição pós-positivismo como resposta
(Alexander); relação do pós-positivismo (reconhecimento da centralidade da interpretação
na ciência social) com o neofuncionalismo (resgate de um viés parsoniano)?
Conferência de Berlim (tratado) como baliza histórica, e a Conferência de Bandung? Vida
social e relações sociais pós-coloniais, Cabília (Argélia) e a quebra da concepção imperial
de uma evolução social a partir da violência colonial; incômodos direto da colônia; relação
entre o material e o simbólico
Grande etnografia e a diferença global, vínculos com a perspectiva decolonial, da
epistemologia às práticas profissionais, surgimento de periódicos, associações e sociedades
de sociologia; como isso surge no Brasil? Institucionalização e os dois projetos sociológicos;
ficamos com um pouco dos dois?
Ingenuidade fenomenológica e a tendência a naturalizar a objetivação dos clássicos (a
objetivação depende da capacidade do sujeito de ocultar a intenção de objetivação) - de fato
procedemos desse modo, clássicos como uma justificativa lógica do caminho da disciplina;
talvez uma leitura jpa enviesada por Parsons;
Discussão sobre o significado aberto de qualquer texto (Derrida), muito comum em
Sociologia da arte, aspectos indecifráveis da intencionalidade;
Bastidores teóricos muito interessantes: a exclusão de Simmel de A estrutura da ação
social, a fim de impedir a disseminação de influências anti-funcionalistas;
Ir contra os clássicos é ir contra a importância da interpretação na ciência social;
É preciso duvidar da história de origem contada, pois ela surge muito tempo após os
clássicos;
Relação necessária entre uma ciência social baseada em relações coloniais e questões de
raça, gênero e sexualidade (olhar imperial); limites globais do projeto colonial;

Durkheim, o socialista; leitura parsoniana de Durkheim como conservador;


Exploração da relação entre material e simbólico (grande tema do curso); leitura alternada
entre autores antigos e suas releituras contemporâneas;
Formato reduzido de 10 semanas; o curso ficou parecido com a perspectiva de Randall
Collins, as quatro tradições sociológicas;
Avaliações: trabalho final (1 tema, 3 correntes, 5 autores); seminários (texto por aula), opção
de estudos dirigidos (em textos mais complexos); frequência (75%); entrega do trabalho final
até julho (atrasos curtos serão compreendidos);
Alexander destaca a relação entre teoria e empiria, ciência social como simultaneamente
teórica e empírica; discussão da teoria da observação (é preciso uma teoria para perceber
um objeto); um texto pós-positivista; sempre temos teoria a priori; até o racismo nasce com
estatuto teórico; compreender a construção genética das teoria, para não reproduzir
desigualdades e preconceitos estruturais;
Não há problema em gostar de um texto ou autor com tanto que a preferência teórica seja
defensável ou compreensível;
Octavio Ianni - modernidade, cultura e globalização;
Outro texto da Connell publicado na contemporânea;

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